ouro · ouro fevereiro 2004 ... pedras menores e colocadas desordenamente e outro com pedras...
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Fichas de InventárioVolume I
Ouro
Fevereiro 2004
PPrroojjeettoo IInnvveennttáárriioo ddee BBeennss CCuullttuurraaiiss IImmóóvveeiiss
DDeesseennvvoollvviimmeennttoo TTeerrrriittoorriiaall ddooss CCaammiinnhhoossSSiinngguullaarreess ddoo EEssttaaddoo ddoo RRiioo ddee JJaanneeiirroo
InepacInstituto Estadual do Patrimônio Cultural
GOVERNADORA
Rosinha Garotinho
VICE- GOVERNADOR
Luiz Paulo Fernandez Conde
SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA
Arnaldo Niskier
SUBSECRETÁRIAS DE CULTURA
Vânia Bonelli
Cecília Conde
Maria Eugênia Stein
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO
CULTURAL – INEPAC
Marcus Monteiro, Diretor Geral
DEPARTAMENTO DE PATRIMÔNIO CULTURAL
E NATURAL
Maria Regina Pontin de Mattos, Diretora
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO
Amauri Lopes Junior, Diretor
DEPARTAMENTO DE APOIO A PROJETOS DE
PRESERVAÇÃO CULTURAL
Augusto Vargas, Diretor
PRESIDENTE DO CONSELHO DELIBERATIVO
ESTADUAL
Paulo Alcântara Gomes
DIRETOR SUPERINTENDENTE
Paulo Maurício Castelo Branco
DIRETORES
Celina Vargas do Amaral Peixoto
Evandro Peçanha Alves
GERENTES
Juarez de Paula / UDL - NA
Heliana Marinho / UDL - RJ
Coordenação Técnica Geral do Projeto / INEPAC
Arquiteta Dina Lerner
Apoio do Departamento do Patrimônio Cultural e Natural / INEPAC
Supervisão Geral de Projeto
Dalva Lazaroni
Coordenação da Equipe Técnica dos Caminhos do Ouro
Arquiteta Flávia Brito
Arquitetos assistentes
Luiz Henrique de Paula
Verônica Natividade
Pesquisa Histórica
Simone Silva
Consultores
Padre José Luís Montezano
Arquiteta Patricia Leão
Agradecimentos
Carlos Cinqüenta
Coronel Antônio Eugênio Toulouis
Coronel Mário Michel
Isabelle Cury
João Bee
Ligia Rodrigues
Marcos e Rachel Ribas
Maria Auxiliadora da Silva
Mario Larrubia
Nielson Bezerra
Regina Pádua
e
Equipe técnica do Departamento de Pesquisa e Documentação / INEPAC
Laura Bahia e Luciano Jesus de Souza, apoio aos trabalhos de programação visual
Lia Motta e equipe do Departamento de Identificação e Documentação do IPHAN
Fevereiro 2004
QUADRO SINÓPTICO DOS BENS INVENTARIADOS
CAMINHOS DO OURO
Município/ Código ficha deinventário
Denominação do Bem Imóvel Fotosatuais
Fotosantigas
Desenhose plantas
Mapas
1. “Caminho Velho do Ouro”ParatyPAR-CO-001 Caminho Velho do Ouro 252 0 0 1
PAR-CO-002 Núcleo urbano Paraty 27 6 0 3
PAR-CO-003 Cais do Porto 10 0 0 0
PAR-CO-004 Igreja Matriz N.S. dos Remédios 15 2 2 0
PAR-CO-005 Igreja N.S. do Rosário 15 1 3 0
PAR-CO-006 Igreja de Santa Rita 29 1 4 0
PAR-CO-007 Igreja de N.S. das Dores 15 1 3 0
PAR-CO-008 Santa Casa de Misericórdia 13 0 6
PAR-CO-009 Chafariz da Pedreira 6 1 0 0
PAR-CO-010 Forte do Defensor Perpétuo 47 0 6 0
PAR-CO-011 Cadeia 28 1 3 0
PAR-CO-012 Portão da Cidade e Poço 33 0 4 1
PAR-CO-013 Casa da Provedoria 14 0 4 0
2. “Caminho Novo do Ouro” - Caminho de Garcia Paes
Duque de CaxiasCAX-CO-014 Igreja N.S. do Pilar 23 2 4 0
CAX-CO-015 Casa e Capela da Fazenda São Bento 57 0 2 0
Nova IguaçuIGU-CO-016 Conjunto Urbano da extinta Vila de Iguaçu 45 0 1 1
IGU-CO-017 Igreja de N.S. da Piedade do Iguaçu 10 1 0 0
3. “Variante do Caminho Novo” - Caminho do Proença
MagéMAG-CO-018 Variante do caminho Novo 93 0 0 1
MAG-CO-019 Núcleo urbano de Magé 9 6 0 0
MAG-CO-020 Igreja da Matriz ou N.S. da Piedade de Magé 3 1 0 0
MAG-CO-021 Fazenda de Magepe Mirim 16 0 0 0
MAG-CO-022 Fazenda Suruí 14 0 0 0
MAG-CO-023 Igreja de São Nicolau do Suruí 39 0 2 0
MAG-CO-024 Igreja de São Francisco de Croará 30 1 4 0
MAG-CO-025 Igreja de N.S. dos Remédios 18 0 2 0
MAG-CO-026 Estação Ferroviária da Guia de Pacobaíba 24 0 6 1
MAG-CO-027 Igreja de N. S. da Guia de Pacobaíba 27 0 4 0
MAG-CO-028 Vila de Estrela 44 0 1 0
MAG-CO-029 Capela de N.S. da Estrela 39 2 1 0
MAG-CO-030 Paiol da Estrela 22 2 1 0
MAG-CO-031 Estrada Normal da Estrela 24 1 0 0
MAG-CO-032 Igreja de N.S. da Piedade do Inhomirim 39 2 1 0
MAG-CO-033 Sede Social da IMBEL 18 1 1 0
MAG-CO-034 Fazenda da Cordoaria 18 0 2 0
MAG-CO-035 Fazenda da Mandioca 34 1 1 0
MAG-CO-036 Chafariz de Raiz da Serra 3 0 0 0
PetrópolisPET-CO-037 Núcleo Urbano de Petrópolis 22 0 0 2
PET-CO-038 Fazenda do Padre Correia 58 0 6 0
PET-CO-039 Fazenda Samambaia 53 0 0 0
PET-CO-040 Fazenda Santo Antônio 0 3 0 0
PET-CO-041 Núcleo urbano de Pedro do Rio 40 0 0 1
PET-CO-042 Núcleo urbano de Secretário 4 0 0 1
PET-CO-043 Núcleo urbano de Inconfidência 23 0 0 0
Paraíba do SulPBS-CO-044 Igreja de Santo Antônio da Encruzilhada 7
PBS-CO-045 Núcleo urbano de Paraíba do Sul 51 4 0 2
PBS-CO-046 Ponte Rio Paraíba do Sul 4 1 0 0
PBS-CO-047 Fazenda Cachoeira Alta 5 0 0 0
PBS-CO-048 Fazenda Santa Clara do Paiol 15 0 0 0
Comendador Levy GasparianCLG-CO-049 Antiga Estação de Muda / Museu Rodoviário 27 0 2 0
CLG-CO-050 Ponte Rio Paraibuna 5 1 0 0
Simão PereiraSMP-CO-051 Registro de Paraibuna 17 0 0 0
TOTAL 51 1484 42 35 14
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Caminho Velho do Ouro PAR-CO-001
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Início no bairro dos Penha indo até a divisa do Estado do Rio de Janeiro com SãoPaulo
Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1660
es tado de con se rvação :
satisfatório nos trechos recém-recuperados
us o a tua l :
turístico
us o o r ig i na l :
estrada de tropeiros
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
Proteção que incide sobre o munícipio de Paraty
p rop r iedade :
Diversos
s i tua ção e a mb iênc ia :
O Caminho Velho do Ouro, também conhecido por Caminho da Serra do Facão ou Trilha Goianá, tem váriasambiências uma vez que parte da cidade de Paraty e segue pela Serra do Facão em direção a São Paulo, percorrendodentro do município de Paraty cerca de 13 quilômetros. Do percurso total que parte do Rio de Janeiro, via mar, chegando aParaty e seguindo por terra firme até o objetivo final que eram as minas de ouro, há um pequeno trecho aparente. Este seinicia no bairro dos Penha e vai até o Sítio Histórico e Ecológico do Caminho do Ouro. O trecho inicial dos Penha até o Sh-Eco está em fase de abertura e descobrimento. Após percorrer um trecho mais íngreme, segue por uma região um poucomais plana donde se vê belos trechos da Serra do Facão. Ao longo deste trecho, aberto pouco mais de três quilômetros atéo momento deste levantamento, a vegetação está muito transformada, tendo sofrido com as erosões e com o plantio. Aausência da mata atlântica em grandes segmentos, permite, no entanto, compreender como teria sido o caminho na épocaáurea de seu funcionamento, quando três braças de cada lado da estrada eram limpas. No trecho pouco acima onde está oSh-Eco, aberto à visitação, a paisagem torna-se mais encerrada em si mesma, possibilitando apenas em alguns pontos declareira vistas magníficas da Baía de Paraty. Nos três quilômetros abertos pode-se ver a mata atlântica secundária, e omodo pelo qual o caminho calçado segue por ela. Sem seguir as curvas de nível, o caminho abre-se em alguns momentosem até nove metros de largura em meio à vegetação cerrada, sendo íngreme em boa parte do percurso.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 27 / 11 / 03 revisado: data: / /
IBGE 1/50.000
descrição arquitetônica
O Caminho Velho do Ouro no que se refere a seus elementos construídos, ou seja,
aos trechos calçados apresenta grandes diversidades. Falamos aqui, dos vestígios do
caminho e do que se pode ver hoje, com a ressalva de que os trabalhos histór icos e
arqueológicos estão apenas no início e somente é possível fazer af i rmações general izadas.
A pr imeira questão a se notar é o modo de construir estradas e como ele di fere-se do
que entendemos como estradas de rodagem. Os caminhos eram fei tos para as tropas de
homens e burros que levavam e buscavam as r iquezas e, por tanto, fe i to à pé. Algumas
premissas básicas surgem de imediato: a engenharia da estrada é notamente dist inta. Ela
não segue as curvas de nível do terreno e suas curvas não são propr iamente curvas, mas
encontros de retas. Em cada um destes encontros há uma vala ou canaleta para o
escoamento das águas pluvia is .
A segunda questão a notar é o calçamento. Há basicamente dois t ipos: um com
pedras menores e colocadas desordenamente e outro com pedras maiores e mais l isas
formando um desenho. Este tem nas extremidades pedras ladeadas e no meio a l inha de
pedras chamada capistrana. Entre as duas há pedras maiores encaixadas. Ao que parece o
calçamento menor é mais ant igo, de uma época em que não havia ainda pólvora para
estourar as pedras em loco, e o caminho, portanto, era fei to com pedras de mão. O outro
t ipo de calçamento fe i to com pedras maiores é, talvez, poster ior quando já se t inha o
instrumental para aproveitar as pedras do própr io caminho e i r estourando-as à medida em
que se ia construindo a estrada. Sabe-se que em 1824 é encomendada uma reforma da
estrada, para a real ização dos consertos necessár ios. Em 1840 são real izadas reformas na
estrada.
pesquisa histór ica
A histór ia do que hoje chamamos por Caminho Velho do Ouro in ic ia-se muito antes da
chegada dos portugueses no Brasi l . Ela era ut i l izada pelos índios goianás ou goiamimins
que habi tavam a região para comunicarem-se com uma "aldeia de c ima" no Vale do
Paraíba.
A pr imeira notíc ia da passagem do homem branco pela t r i lha é de Anthony Knivet , no
f inal do século XVI, fe i to pr is ioneiro pelo f i lho do governador do Rio de Janeiro, Mart im
Correa de Sá. O relato do inglês refere-se à expedição do desbravador pela tr i lha da Serra
do Facão, cujos objet ivos não são esclarecidos.
Mas a estrada vi r ia a ser efet ivamente ut i l izada pelos portugueses a part i r de 1660,
quando Salvador de Sá, governador geral das Minas, na busca de ouro e pedras preciosas,
manda abr i r a estrei ta t r i lha dos goianás. Na virada do século XVII para o XVII I a notíc ia
arrasadora da descoberta do ouro nas Minas faz com o que único caminho já aberto e
conhecido ganhasse importância central no contexto colonia l . Ele agora servir ia como
acesso pr incipal das tropas que c irculavam pelo país. Mas a pr imazia durou pouco e em
1698, Garc ia Rodr igues Paes, f i lho de Fernão Dias, recebe a incumbência de abr ir um
caminho mais direto e protegido para as Minas, que evi tasse o incômodo caminho
marí t imo. Isto porque o Caminho Velho de Paraty incluía um trecho via mar até o Rio de
Janeiro, considerado per igoso já que vulnerável a ataques piratas.
Aberto o Caminho Novo de Rodr igues Paes por vol ta de 1700 e com o f luxo de ouro
tomando proporções fora do controle f iscal da Coroa Portuguesa, esta proíbe o uso da
estrada de Paraty. Em 1715 é sol ic i tada pelos vereadores da Vi la a reabertura do caminho,
no que são atendidos. A estrada nova via Duque de Caxias era considerada muito erma,
sem qualquer infra-estrutura, e a de Paraty, já ut i l izada a mais tempo, oferecia maiores
"comodidades" às tropas.
Com a abertura da Var iante do Caminho Novo ou Caminho do Proença, que encurtava
o caminho de Rodr igues Paes em três dias, part indo do Porto Estrela, a estrada de Paraty
ganhou for te concorrente. Mas seu movimento não cessou. O caminho de Paraty
prosseguiu sendo ut i l izado intensamente, sobretudo após as le is para o f im da escravidão,
servindo como caminho c landest ino para os escravos que desembarcavam em Paraty-Mir im
e seguiam para as fazendas de café do Vale do Paraíba.
Com a instalação das estradas de ferro no Vale do Paraíba e com o tráf ico de
escravos escasseando na segunda metade do XIX, in ic ia-se a decadência do Caminho
Velho do Ouro, consol idada em 1925 com a abertura da estrada de rodagem Paraty-Cunha.
registro fotográf ico
Trecho inicial do Caminho VelhoFonte: L. H. de Paula
Trecho do Caminho VelhoFonte: L. H. de Paula
Aspecto da vala de escoamentoFonte: L. H. de Paula
Detalhe do caminho, vendo-se dois tipos decalçamento de épocas distintasFonte: L. H. de Paula
6 / 8Pedra com marca do processo de construção dacalçada, em que se dinamitavam as rochas docaminho.Fonte: L. H. de Paula
Paisagem do Caminho VelhoFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
Bica d’água do percursoFonte: L. H. de Paula
Bica d’água do percursoFonte: L. H. de Paula
Área da bicaFonte: L. H. de Paula
Área da bicaFonte: L. H. de Paula
Trecho de calçada de pedra no Sítio Histórico eArqueológico do Caminho do Ouro/ Museu Abertodo Caminho do OuroFonte: L. H. de Paula
Trecho de calçada de pedra no Sítio Histórico eArqueológico do Caminho do Ouro/ Museu Abertodo Caminho do OuroFonte: L. H. de Paula
in formações complementares / fontes
No momento em se fazia este levantamento um projeto de abertura do Caminho do Ouro
em Paraty, coordenado pelo Sebrae, estava em curso, com previsão de término para 2004.
Fontes:
GURGEL, Hei tor ; AMARAL, Edelweiss. Pararty, caminho do ouro. Rio de Janeiro: L ivrar ia
São José, 1973
RIBAS, Marcos Caetano. A histór ia do caminho do ouro em Paraty. Paraty: Contest
Produções Culturais, 2003.
________. Paraty: Registro do Caminho do Ouro. Paraty: mimeo, 1998.
SANTOS, Márcio. Estradas Reais. Introdução aos caminhos do ouro e do diamante no
Brasi l . Belo Hor izonte: Estrada Real, 2001.
SILVA, Moacir . Ki lômetro zero. Caminhos ant igos, estradas modernas. Rio de Janeiro: São
Benedicto, 1934.
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Núcleo Urbano de Paraty PAR-CO-002
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Centro Histórico Paraty
ép oca d e co n s t ru ção :
1630
es tado de con se rvação :
bom
us o a tua l :
us o o r i g i na l :
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
Erigida monumento nacional Dec. 58077 de 1958
prop r iedade :
Prefeitura de Paraty
s i t ua ção e a mb iênc ia :
O que chamamos aqui de núcleo urbano de Paraty restringe-se ao bairro Centro Histórico, pois é aquele que
estabelece conexões com o período de importância aurífera.
O centro histórico limita-se ao norte pelo rio Perequê-Açu e está defronte à Baía de Ilha Grande e não se pode
pensar a cidade sem levar em consideração as águas que o circundam. Posta sobre área plana e alagadiça, seu traçado
urbano é ortogonal, com sete ruas correndo do nascente para o poente e seis ruas do norte para o sul. As casas do bairro
histórico são voltadas para as ruas de calçadas de paralepípedos. Entre o mar e a cidade em si há um extensa área
alagada que impediu que a cidade crescesse até beira-mar. Os pontos de encontro entre cidade e mar são promovidos
pelo porto. A Serra do Mar ao fundo é visível de alguns pontos, principalmente para quem chega por via marítima,
oferecendo magnífico contraste com a região de planície onde foi implantada a cidade.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
http://www.governo.rj.gov.br/municipios.asp
descrição arquitetônica
O centro histór ico de Paraty oferece ao transeunte uma exper iência singular no que
se refere núcleos urbanos coloniais , por duas razões que não são únicas, mas que
associadas se tornam singulares: estar tota lmente implantada em terreno plano junto ao
mar e ter t raçado cartesiano. Com isto, va i se descobrindo aos poucos, através do
percurso, os pontos e as v isadas de interesse. Não há di ferenças de nível , não sendo
possível dar destaque aos símbolos do poder, como por exemplo as Igrejas, a não ser pela
al tura de suas torres, que vão nos guiando, aos poucos. A leve s inuosidade que as ruas
apresentam decorre provavelmente da necessidade de se distr ibuir equi tat ivamente o sol e
a sombra em todas as edif icações e canal izar os ventos para os pát ios internos das casas.
As esquinas são em quase sua tota l idade em ângulo vivo com três cunhais normalmente
em cantar ia e o quarto em reboco, podendo este ser um símbolo maçônico.
O contato com o mar se faz sut i lmente, num jogo de esconde e aparece o que acaba
por tornar o t raçado ortogonal mais dinâmico e interessante.
No que se refere à arqui tetura, a cidade tem alguns exemplares de destaque como as
quatro Igrejas de época (Santa Ri ta de Cássia, N.S. das Dores, N.S. dos Remédios e N.S.
do Rosár io) e determinados sobrados que se ut i l izam ora de mater iais mais nobres, ora de
elementos de arqui tetura de maior destaque. O valor arqui tetônico, contudo, reside no
conjunto urbano e na unidade que se forma a part i r deste. As casas de porta e janela
caiadas em branco e justapostas pelas laterais nas longas ruas retas fornecem
impactantes visões de conjunto. O r i tmo das fenestrações ora é quebrado pelas al tura de
casas assobradadas, ora pelo surgimento de largo ou praça, ora pelo cruzamento de ruas,
ou ainda, pelo surgimento de muros dos quintais das casas. As casas térreas al ternadas
com os sobrados complexi f icam a paisagem e dão personal idade única à c idade.
O espaço urbano l ivre de edif icação maior e mais s igni f icat ivo é o da Praça da Matr iz ,
bastante arbor izado, rementendo a uma concepção mais romântica de jardins.
Alguns pontos notáveis a serem observados:
Largo de Santa Ri ta, com a igreja de mesmo nome e edi f íc io da Casa de Câmara e
Cadeia, donde observa-se a Baía de Paraty, o cais do porto e o ant igo mercado da cidade,
hoje transformado em pousada.
Rua Dr. Samuel Costa/ Rua do Rosár io, pr incipalmente seu entroncamento com a Rua
do Comércio, onde s i tua-se a Igreja do Rosário coma fachada pr incipal vol tada para as
duas ruas e o edi f íc io da Prefei tura de Paraty.
As Igrejas de Nossa Senhora dos Remédios, do Rosár io, de Santa Rita e a Capel inha
das Dores.
pesquisa histór ica
A região da Baía da I lha Grande foi descoberta em 1502 por Gonçalo Coelho na sua
segunda expedição ao Brasi l , mas começou a ser povoada por vol ta de 1530 quando a
expedição de Mart in Afonso de Souza vem ao Brasi l em direção às Minas.
A região de Paraty era ocupada desde 1600 por paul is tas vindos de São Vicente no
morro acima de onde é hoje o núcleo urbano. A part i r de 1630 com a compra de uma
sesmaria por Mar ia Jácome de Melo, um outro povoado, este que chamamos de Núcleo
Urbano de Paraty, começa a se formar, então conhecido como Nossa Senhora dos
Remédios de Paraty. Mar ia Jácome de Melo doa o trecho de terra junto ao mar, que pouco
a pouco, com a importância do porto, vai suplantando o de São Roque, que exist ia no
morro do Forte, conhecido também como Morro da Vi la Velha. Relata Pizarro que, ao
passar por lá em 1794, foi informado pelos ant igos habi tantes que os pr imeiros povoadores
assentaram vivenda e construíram uma capela sob a tutela de São Roque no al to do morro.
O novo núcleo vai se consol idando entre os r ios Perequê-Açu e Pat i t iba. Em 1644 o
povoado investe-se do t í tu lo de Vi la, tendo no mesmo ano vol tado à jur isdição da I lha
Grande. Finalmente, em 1667, ganha o t í tu lo de Vi la de Nossa Senhora dos Remédios de
Paraty, tendo portanto, já trocado o nome do santo da invocação. Neste momento, também,
constrói uma Igreja matr iz de pau-a-pique.
Com a descoberta de ouro nas Minas a vi la de Paraty tornou-se ponto nevrálg ico da
exportação do produto. Era pelo porto de Paraty que se embarcavam rumo ao Rio de
Janeiro e depois à Europa o preciso metal . Is to porque o único caminho já aberto para o
sertão do país era o ant igo caminho dos índios goianás, o qual fo i aproveitado pelos
tropeiros para a c irculação dos produtos coloniais. Em 1751 Paraty era o segundo porto em
importância do país, não apenas pela c irculação de ouro, mas também de produtos como
sal, escravos, aguardente e um sem número de outros produtos agrícolas, fundamentais
nas trocas comercia is do período. Paraty, como era produtura agrícola, abastecia as vi las
do Vale do Paraíba, as tropas que t inham na vi la um ponto de parada obr igatór io e a
própr ia província.
A região era grande produtora de aguardente, sendo, por isso, a cul tura básica do
municíp io a cana de açúcar. Em 1851 exist iam cerca de 29 engenhos na freguesia.
Com o crescimento comercial do porto e consequentemente do Caminho Velho do
Ouro a Vi la vai também mudando as fe ições. Surgem casas de alvenaria de pedra e cal ,
novas Igrejas são construídas, complementa-se o traçado urbano (mais próximo do que se
conhece hoje como Centro Histór ico), abrem-se novas ruas e é construído o for te.
Esta é a descr ição de Pizarro da vi la de Paraty em f ins do século XVII I : "Contém esta
povoação mais de 400 casas, edi f icadas em paredes de pedra e cal , de pau-a-pique, ou
estuque, entre as quais se contavam 40 de sobrado. Há mais de 20 lojas; as fazendas
molhadas em mais de 14; e as secas em mais de 25 ( . . . ) As ruas são del ineadas com boa
direção e quase todas calçadas."
No século XIX com a escassez do ouro a c idade continuou sendo um posto comercia l
de produtos agrícolas e de escravos. O novo produto que aporta e passa a ser também
cult ivado é o café. Em 1844 a v i la é elevada à categor ia de c idade, com o nome de Paraty.
registro fotográf ico
Vista geral do centro históricoFonte: L. H. de Paula
Aspectos do centro históricoFonte: L. H. de Paula
Praça da Matriz no início do século XXFonte: Estado do Rio de Janeiro, 1922
Vista da cidade de Paraty, onde observa-se a Baía,o Rio Perequê-Açu e a Santa Casa de MisericórdiaFonte: Estado do Rio de Janeiro, 1922
Vista de Paraty, cerca de 1950Fonte: Strauss e Sene, 1997
Rua da Matriz, cerca de 1950Fonte: Strauss e Sene, 1997
registro fotográf ico
Vista aérea do centro histórico, cerca de 1950Fonte: Strauss e Sene, 1997
Ilustração de Debret, 1827Fonte: Strauss e Sene, 1997
registro fotográf ico
Fon te : Es tado do R io de Jane i ro , década 1930.
fontes
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Catálogo do Centenário da Indústria do Brasil. Álbum do Estado do Rio, 1922
MAIA, Tom & MAIA, Thereza. Paraty. São Paulo: Nacional e Edusp, 1975.
MELLO, Diuner. Paraty: roteiro do vis i tante. Paraty: 2002.
SOUZA, Marina de Mel lo. Parat i : a c idade e as festas. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São Paulo:
Estação Liberdade, 1997.
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Cais do Porto PAR-CO-003
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Centro histórico Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1726
es tado de con se rvação :
satisfatório
us o a tua l :
cais
us o o r ig i na l :
cais do porto de Paraty
p ro teç ão e x i s t en te / p ropos ta :
Proteção que incide no município de Paraty
p rop r iedade :
Prefeitura de Paraty
s i t ua ção e a mb iênc ia :
O cais do porto situa-se na região oposta ao rio Perequê-açu, junto à Casa de Câmara e Cadeia e à
Igreja de N.S. de Santa Rita. Voltado para a Baía de Paraty permite visão privilgiada do mar. No lado da terra
firme, a murada aparente de cerca de 90cm enterrada junto ao mar, é o limite do grande vazio que forma o
largo da Igreja de Santa Rita. Este, embora limitado por um meio-fio e pela rua que segue beira-mar,
visualmente abrange uma grande área que termina no cais do porto.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
O cais do porto de Paraty, no que se refere a seus aspectos construt ivos, é uma
murada em pedras, que servia de atracadouro para os navios que aportavam. Em alguns
trechos a murada f ica aparente ao transeunte, mas em quase toda extensão está vol tada
para o mar. Embora tenha grande comprimento, a murada chama mais atenção pelo vazio
urbano que configura do que pelo que sobrou construído. Os canhões junto à murada são o
testemunho da preocupação com a defesa da vi la das invasões e saques às r iquesas do
período aurí fero. Interessante notar os vazios em forma de arco em meio à murada para a
passagem da água no período das cheias.
pesquisa histór ica
O cais do porto de Paraty está estrei tamente v inculado à descoberta do ouro nas
Minas e ao crescimento do movimento no Caminho Velho. A part i r de então, na v irada do
século XVII para o XVII I , a vi la de Paraty cresce signi f icat ivamente em importância e uma
série de medidas são tomadas para organizar a vi la e melhorar o s istema de defesa da
Baía. Dentre estas medidas está a construção do Forte do Defensor Perpétuo, da Casa de
Registro do Ouro e a melhor ia do porto, com a colocação de canhões de defesa.
A importância histór ica do cais do porto é grande, pois era a ponta f inal de conexão
do Caminho do Ouro com o mar e, conseqüentemente, com o Rio de Janeiro. O objet ivo
f inal do caminho que vinha do inter ior , do sertão, era at ingir o l i toral e estabelecer a
conexão comercia l com a Corte. O porto era o começo do caminho para Minas, para
aqueles que levavam as r iquezas como escravos e sal , e era o f im do árduo caminho de
pedras percorr ido com pelas tropas. A part i r do momento em que se at ingia a embarcação
para tomar o caminho marí t imo, a etapa mais dura, no que se refere ao esforço f ís ico dos
tropeiros estava cumprida, muito embora o trecho por mar fosse o mais per igoso, sujei to a
saques piratas.
registro fotográf ico
Abertura para escoamento das águasFonte: L. H. de Paula
Aspecto da ruaFonte: L. H. de Paula
Murada do portoFonte: L. H. de Paula
Pedra de atracadouro de embarcaçõesFonte: L. H. de Paula
Antigos canhõesFonte: L. H. de Paula
fontes
Arquivo Noronha Santos/ IPHAN.
IPHAN. Inventár io Nacional de Bens Imóveis. Sít ios Urbanos Tombados - Pesquisa
histór ica (Parat i , Petrópol is, Praça XV). IPHAN: Depto. de Ident i f icação e Documentação.
Rio de Janeiro: mimeo, 2003.
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Igreja Matriz N.S. dos Remédios PAR-CO-004
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Praça da Matriz/ Praça Monsenhor Hélio Pires - Bairro Histórico, Centro Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1646
es tado de con se rvação :
satisfatório
us o a tua l :
religioso
us o o r ig i na l :
religioso
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
IPHAN (655-T-61 Livro Histórico vol.I, nº336, fl.56) 13/02/62
prop r iedade :
Diocese de Itaguaí
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Voltada para a praça arborizada que leva o nome da Matriz, a Igreja tem sua escala monumental
suavizada pela copa das árvores. A grande praça, maior espaço livre de edificação do centro histórico, acolhe
a escala da matriz e permite ao pedestre boas visadas da mesma. Os sobrados do século XIX acompanham
este movimento e dão suporte ao grande volume, que, caso posto em outro local da cidade, estabeleceria
ainda maiores relações de constraste.
Do lado esquerdo da Igreja há um vazio beira-rio Perequê-Açu que permite bom ângulo da fachada
principal e da lateral.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
A fachada da Igreja representa com just iça o longo processo de construção e
mudanças por que passou até ser completada na 2ª metade do século XIX. Este que é um
fenômeo comum às Igrejas colonias brasi le iras, deve ser entendido como um fator
integrante da própr ia obra, em cuja ideal ização e real ização part ic ipavam não apenas o
autor do r isco or iginal , mas um sem número de trabalhadores, mestres, mecenas de
di ferentes gerações. Por esta razão, com já ressaltou Sandra Alvim, a arqui tetura das
Igrejas é capaz de revelar a sociedade que a or ig inou, bem como seus processos de
mudança.
A Igreja, de planta retangular , com nave central e naves later ia is , é de um período em
que as plantas vão se complexi f icando e anexando aos espaços essenciais (nave, capela e
sacr is t ia) outros espaços secundários, como corredores laterais, consistór io, salas
adimnistrat ivas, entre outros.
Assim como nas Igrejas do Rio de Janeiro, cujo padrão caracter ís t ico é o contraste
entre o branco da caiação e a cantar ia, a Matr iz de N.S. dos Remédios de Paraty pr ima
pelo uso destes elementos. A fachada também revela um padrão t íp ico dos templos do Rio
de Janeiro: um corpo central coroado por f rontão e ladeado por duas torres. A presença de
duas torres indicava r iqueza da paróquia, e, por h ipótese, a não conclusão das torres,
neste caso, decorre de uma impossibi l idade signi f icat iva.
A ut i l ização da cantar ia na arqui tetura rel ig iosa colonial corresponde em Portugal ao
período maneir is ta, quando o gosto pelo uso da cantar ia desenvolve-se largamente. No Rio
de Janeiro, devido aos custos e à fa l ta de mão de obra, ela foi empregada nas guarnições
dos vãos e, quando possível , nos elementos estruturais. A pedra trabalhada transformou-
se num padrão estét ico e protót ipo formal.
A cantar ia da Matr iz sal ta da fachada e revela em seus desenhos, f r isos e formas um
gosto de época, t íp ico da segunda metade do XVII I no Rio de Janeiro, quando a ut i l ização
da pedra aumenta em número em elaboração.
O aspecto monumental e quase " fora de escala" que apresenta a Igreja decorre da
ausência das torres que acirram a hor izonal idade e a impressão de estabi l idade e também
da ausência de equi l íbr io entre os cheios e vazios. Esta relação não é proporcional na
fachada e os cheios, a lém de serem em maiores estão acompanhados por cantar ias.
pesquisa histór ica
A Igreja de N.S. dos Remédios teve sua construção inic iada em 1646, mas paral isada
em 1679 por fa l ta de recursos. A construção deveu-se à in ic iat iva de D. Maria Jácome de
Mel lo, que doou o terreno em 1646 para a construção da Vi la e, logo, de uma nova Igreja
que subst i tuísse a de São Roque. Esta capela de pedra e cal fo i demol ida em 1668, e outra
foi construída, sendo terminada em 1712, mas considerada pequena. Vale lembrar que este
é o período em que a vi la ganha nova posição no cenár io colonia l após a descoberta do
ouro e o conseqüente crescimento do movimento portuár io. Em 1787 deu-se início à obra
que hoje podemos ver, cuja construção fo i terminada em 1873, quase cem anos depois.
Por ter uma escala muito grande a obra da Igreja foi paral isada por diversas vezes e
acabou por custar muito caro à população da c idade. Com a intervenção de Dona Geralda
Maria da Si lva, fornecendo dinheiro e escravos as obras puderam cont inuar. Quando da
inauguração, a Igreja não estava completamente encerrada, fal tando ainda as duas torres
e parte dos fundos por arrematar . A não f inal ização das torres encontra duas just i f icat ivas:
1. a fa l ta de recursos para a construção; 2. um problema estrutural : o f ront ispíc io havia
f icado por demais pesado e a elevação das torres i r ia provocar um perigoso balanço
frontal .
Por ser a matr iz a Igreja fo i freqüentada mormente pela el i te branca da c idade que
contr ibuiu por séculos para sua construção.
A imagem de N.S. dos Remédios de Paraty é obra do século XVII I , provavelmente
or iunda de Portugal (1,40m de al tura de 70cm em seu diâmetro maior) .
registro fotográf ico
Detalhe da fachada principalFonte:L. H. de Paula
Detalhe da fachada principalFonte:L. H. de Paula
Lateral da Igreja MatrizFonte: Strauss & Sene, 1997
Vista da IgrejaFonte: Strauss & Sene, 1997
Fachada lateral direitaFonte: L. H. de Paula
Fachadas posterior e lateral esquerdaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
fontes
ALVIM, Sandra. Arqui tetura re l ig iosa colonial no Rio de Janeiro - p lantas, fachadas e
volumes. Rio de Janeiro: UFRJ/IPHAN/PMCRJ, 1999. (vol .2) .
Arquivo Noronha Santos - Inventár io de Paraty de 1979 (pasta 1579, Cx 411)
CZAJKOWSKI, Jorge (org.) . Guia da arquitetura colonia l , neoclássica e romântica no Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra/PMCRJ, 2000.
Inventár io de bens tur íst icos - Flumitur .
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São Paulo:
Estação Liberdade, 1997.
Detalhe da fachadaFonte:L. H. de Paula
Detalhe da fachadaFonte:L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Igreja de Nossa Senhora do Rosário PAR-CO-005
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Rua Samuel Costa (ao final) Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1756
es tado de con se rvação :
bom
Uso a tu a l :
religioso
us o o r ig i na l :
religioso
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
IPHAN (658-T-61 Livro Histórico vol.I, nº338, fl. 56) 13/02/62
prop r iedade :
Diocese de Itaguaí
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Localizada em meio ao Centro Histórico de Paraty, tem a fachada principal simultaneamente voltada
para duas ruas. A Igreja de N.S. do Rosário insere-se com maestria na malha urbana de Paraty: sua volumetria
não chega a destacar-se com grande contraste das demais construções do entorno, não tendo altura para
competir com os sobrados. Seu destaque maior é estar isolada no tecido, não dividindo parede com nenhuma
outra construção. Não há adro, estando o corpo da Igreja, na fachada principal alinhado com as demais casas.
Na lateral direita o Largo forma um interessante vazio urbano, de formato singular, permite ao transeunte uma
visada dinâmica e inesperada no contexto do renque de casas caiadas.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
Data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
A Igreja tem quase as proporções de uma capela. A fachada é composta por um corpo
retangular l imi tado por cunhais em tom alaranjado, com base, fuste e capi tel . O
entablamento em cantar ia separa o corpo da fachada do frontão tr iangular , também
arrematado em pedra. As colunas laterais encerram-se com pináculos. Na lateral direi ta da
Igreja a torre s ineira única, caiada em branco, não supera os l imi tes em al tura da fachada.
É encerrada por um front ispício tr iangular ladeado por pequenos pináculos. Notar os
lampiões da i luminação públ ica apl icados à fachada.
pesquisa histór ica
Em 1725, Manoel Ferreira dos Santos e seu i rmão Pedro deram iníc io à construção da
Igreja com a ajuda de escravos. Deu-se em 1750, a formação das i rmandades de São
Benedito dos homens pretos e de Nossa Senhora do Rosár io, os quais conservaram a
Igreja até 1757, ano em que fo i tota lmente reedif icada.
Quanto ao cul to a Nossa Senhora do Rosár io, desde o século XVII há referências das
festas de negros em louvor à santa.
registro fotográf ico
Antiga foto da fachada principalFonte: Strauss & Sene, 1997
Fachadas lateral direita e posteriorFonte: L. H. de Paula
Fachada principalFonte: L. H. de Paula
Fachadas posterior e lateral esquerdaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
Fontes
Arquivo Noronha Santos - Inventár io de Paraty de 1979 (Pasta 1581 Cx411)
Inventár io de bens tur íst icos - Flumitur .
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São Paulo:
Estação Liberdade, 1997.
Detalhe de esquadriaFonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachadaFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Igreja de Santa Rita de Cássia PAR-CO-006
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Largo de Santa Rita, s/n Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1722
es tado de con se rvação :
bom
us o a tua l :
religioso/ Museu de Arte Sacra
us o o r ig i na l :
religioso
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :IPHAN 656-T-61Livro Histórico vol.I, nº 339, fl.56 de13/02/62.p rop r iedade :
Diocese de Itaguaí
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Voltada para o largo que leva seu nome e para o grande vazio urbano que é formado pela Igreja, pela
casa de Câmara e Cadeia e pelo antigo mercado da cidade e finalmente pelo cais do porto, a Igreja de Santa
Rita de Cássia localiza-se num dos mais singulares pontos do centro histórico. Isto porque a grande área livre
de edificações permite visadas do conjunto urbano que nenhum outro ponto oferece. A Igreja, embora
implantada relativamente distante do mar, estabelece conexões diretas com o mesmo. Destaca-se também em
face ao conjunto construído do centro histórico à sua esquerda. O conjunto formado pela Igreja e todas as
construções que lhe são adjacentes é capaz de sintetizar a essência da urbanidade de Paraty.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
A arqui tetura da Igreja, basicamente s imples, ganha proporções monumentais
provocadas pelo grande adro frontal . O belo trabalho em cantar ia dos cunhais, c imalhas e
ombreiras e pináculos, destaca-se na composição. O corpo central da Igreja, ladeado por
uma torre à dire i ta, é marcado pela ver t ical idade. No centro da fachada, uma porta em
madeira é encimada por t rês al tas janelas, que correspondem ao coro, com sobrevergas
em trecho de arco, t rabalhadas em cantar ia. O corpo central é encerrado lateralmente por
cunhais em cantar ia e é divid ido do frontão por c imalha em pedra. O frontão em curva dá à
edif icação movimento e quebra as l inhas vert icais da composição, revelando um certo
barroquismo. A torre lateral é const i tuída de duas partes. A pr imeira, l imitada pela
continuação da cimalha do corpo pr inc ipal , tem uma única janela igual às demais do corpo
principal , sendo porém, um pouco mais estre i ta. A parte mais a l ta, com os vãos da torre
sineira, é encerrada por uma cúpula em semi-esfera. Ao lado da torre s ineira, vê-se o
pórt ico de entrada do cemitér io da Igreja, cujo corpo pr incipal é ladeado por cunhais
pintados e encerrado por um frontão tr iangular .
A sua planta segue uma organização comum às Igrejas do século XVII I , nave única e
um corredor lateral que l iga a sacr is t ia e o campanár io, por onde se chega também ao
cemitér io e ao pát io interno.
pesquisa histór ica
Data de 1722 a fundação da Igreja sob a denominação de Menino Deus, Santa Rita e
Santa Quitér ia. A Igreja in ic ia lmente foi construída por l iber tos pardos. Estes, não
conseguindo dar prosseguimento à obra devido aos custos, passaram a mesma para os
homens brancos.Por vol ta de 1746 a Igreja passa por reformas e aumenta em tamanho.
Segundo Márcio Mar iani , baseado na pintura de Debret de 1827, o autor acredi ta que
a fachada frontal provavelmente data do f inal do século XVII I e do iníc io do XIX. Além
disso, a pintura de Debret permite t i rar outras hipóteses: 1. a torre s ineira só fo i construída
depois de 1827; 2. o consistór io foi construído depois da nave; 3. havia uma construção ao
lado do corpo pr incipal que não era nem o cemitér io, nem a torre, e o consistór io era
l igado à torre através de um corredor lateral à nave. Na época da construção do cemitér io
durante o século XIX o corredor lateral fechado desapareceu, dando lugar a um pórt ico. A
part i r de 1800 começaram a surgir cemitér ios atrás ou ao lado das Igrejas. Sendo assim, o
cemitér io de Santa Rita data de depois do iníc io do XIX. Ainda no século XIX Santa Rita
torna-se novamente matr iz , por ocasião da reforma desta, ganha o bat istér io existente lá
até hoje.
Em 1973 fo i f i rmado um convênio para a cr iação do Museu de Arte Sacra dentro da
Igreja.
registro fotográf ico
A Igreja e seu entornoFonte: L. H. de Paula
Vista das fachadas principal e lateralFonte: L. H. de Paula
Vista das fachadas lateral e principalFonte: L. H. de Paula
Vista das fachadas lateral e posteriorFonte: L. H. de Paula
6 / 8Detalhe do piso na entrada da IgrejaFonte: L. H. de Paula
Bica junto ao largo da IgrejaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
fontes
Inventár io de bens tur íst icos - Flumitur .
Arquivo Noronha Santos. Histór ico do Inventár io de Tombamento. (Pasta 2702, Cx 713)
BARIANI, Márcio Santos. Igreja de Santa Ri ta de Cássia em Paraty. Monograf ia
apresentada à FAU-USP. São Paulo: mimeo, 1995.
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São Paulo:
Estação Liberdade, 1997.
Detalhe da fachadaFonte: L. H. de Paula
SinoFonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachadaFonte: L. H. de Paula
Vista do mercado e Igreja de Santa RitaFonte: Strauss e Sene, 1997
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Igreja de Nossa Senhora das Dores PAR-CO-007
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Praça de Santa Rita Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1800
es tado de con se rvação :
satisfatório
us o o r ig i na l / a tua l :
religioso / religioso
ca tego r ia :
arquitetura religiosa
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :Tombamento IPHAN 13/02/62 (657-T-61 Livro Histórico vol I,nº 337, fl.52)p rop r iedade :
Diocese de Itaguaí
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Voltada para a Baía de Paraty, a Igreja de N.S. das Dores tem contato direto com o mar, estando
resguardada de uma região fronteira alagadiça por murada baixa entorno do adro. A Igreja é uma das
construções-limite do antigo núcelo urbano de Paraty, próxima ao rio Perequê-Açu, onde este desemboca no
mar. Sendo a área alagadiça de acesso difícil, a Igreja, cujos fundos voltam-se para a cidade, fica resguardada
da visão do pedestre, a não ser para os vem por via marítima.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
Fachada principal da Igreja de N.S. das DoresFonte: L. H. de Paula
descrição arquitetônica
A Igreja tem proporções del icadas e quase não apresenta elementos decorat ivos na
fachada. O corpo pr incipal é ladeado por cunhais em argamassa de ambos os lados. Do
lado esquerdo div ide o cunhal com a torre s ineira. Esta é encimada por um cúpula bulbosa
e divid ida em duas partes: no térreo, onde havia uma porta, há uma pequena seteira e uma
janela que se al inha às demais janelas da fachada. No segundo andar da torre, separado
do pr imeiro por um cimalha, uma janela ladeada pelos cunhais e encerrados em pináculos.
O frontão em curva forma um só corpo com a Igreja e dá acabamento à composição de uma
porta e duas janelas com ombreiras em pedra.
Na lateral d i rei ta, colada à uma edi f icação residencial , um prenúncio da segunda
torre, porém sem a parte super ior . Nas laterais deste, cunhais em cantar ia.
Internamente, a capela possui adornos em ouro e prata e uma imagem de São
Benedito, além de um lustre de cr is ta l . O teto é de madeira apainelada.
O muro que cerca o adro serve para previn ir a entrada da água das enchentes.
ident i f icação gráf ica
ident i f icação gráf ica
dados histór icos
A capela de Nossa Senhora das Dores, fo i construída em 1800, junto ao mar e é a
mais recente das igrejas de Paraty. Sua construção deveu-se à inic iat iva do Padre Antônio
Xavier da Si lva Braga e de alguns devotos, como Da. Geralda Maria da Si lva. Em 1901 fo i
reformada pelo Padre João César Iera. Era freqüentada exclusivamente por brancos, não
sendo permit ida a entrada de negros e mulatos.
registro fotográf ico
Vista das fachadas principal e lateralFonte: L. H. de Paula
Vista da fachada lateralFonte: L. H. de Paula
Vista da fachada lateralFonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachadaFonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachada lateralFonte: L. H. de Paula
Detalhe da esquadriaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
fontes
Arquivo Noronha Santos. Inventár io de Paraty de 1979 ( Pasta 1578, Cx 410)
Estado do Rio de Janeiro - Paraty. Rio de Janeiro, Flumitur - Cia. de Tur ismo do
Estado do Rio de Janeiro.
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São
Paulo: Estação Liberdade, 1997.
Vista antiga da IgrejaFonte: Strauss e Sene, 1997
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Santa Casa de Misericórdia PAR-CO-008
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Rua São Pedro de Alcântara, esquina com a Rua Nossa Senhora dos Remédios,s/ nº - Centro
Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1822
es tado de con se rvação :
ruim
us o a tua l :
religioso
us o o r ig i na l :
religioso
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
IPHAN (563-T-57, livro Belas Artes vol.I, nº inscrição 441,fl.82 13/02/58. Livro Arqueológico, etnográfico e paisagístico,nº17, fl. 04 de 13/02/58)
p rop r iedade :
Diocese de Itaguaí
s i t ua ção e a mb iênc ia :
A Santa Casa de Misericórdia situa-se naquela que passou a ser a área de expansão da cidade após a descida da vila
de São Roque para a região junto ao mar. Localizada no lado oposto do rio Perequê-Açu de quem vem da cidade de Paraty
rumo à Praia do Pontal, estava originalmente em posição isolada da vila, como tradicionalmente ficavam os estabelecimentos
de saúde. Hoje a região está ocupada por residências, instituições e estabelecimentos turísticos.
A construção perfaz esquina com as ruas D. Pedro de Alcântara e N.S. dos Remédios, donde se avista a Igreja
Matriz, o rio Perequê-Açu e o centro historico. Entre o rio e a Santa Casa há uma grande área descampada beira-rio que
invoca certo abandono.
A situação do hospital configura o edifício em quase que um objeto isolado em meio às edificações de épocas mais
recentes. O esboço de traçado urbano também é perdido, pois ao contrário do centro histórico onde a linearidade do traçado
é reforçada pelas edificações coladas umas nas outras, neste caso, as construções são espaçadas entre si.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
O edif íc io embora tenha t ido sua pedra fundamental lançada em 1822 apresenta
algumas característ icas da arqui tetura c iv i l colonial . Sejam elas: 1. cunhal em cantar ia; 2.
a lvenar ia caiada; 3. te lhado em quatro águas com telhas de capa e canal; 4. proporções
quadradas tanto do volume geral , quanto das envasaduras.
A porta de acesso pr incipal local izada na rua São Pedro de Alcântara tem ombreiras e
verga em arco abat ico em cantar ia e é precedida por uma escada com cinco degraus em
cantar ia de bordas arredondadas. Nesta fachada encontram-se quatorze janelas de
gui lhot ina com caix i lhos com vergas também em arco abatido.
Na fachada vol tada para o centro histór ico, são c inco janelas s imetr icamente
distr ibuídas. Um muro colado nesta fachada conecta o edi f íc io pr inc ipal à capela da
irmandade, que não mais exerce a função de templo rel ig ioso.
pesquisa histór ica
Sua construção foi in ic iada a 13 de outubro de 1822, sendo concluída em 1863. Foi
fundada em 7 de setembro e mais tarde teve por patrono São Pedro, em homenagem a D.
Pedro I .
O conjunto possui uma capela que or ig inalmente era no inter ior da Santa Casa. A
atual capela foi construída 1952, quando o espaço da ant iga foi aprovei tado como centro
cirúrgico. Em 1984, por questão de segurança e para faci l i tar o acesso dos doentes, a
capela fo i t ransfer ida para as dependências internas do hospita l .
registro fotográf ico
fontes
Arquivo Noronha Santos. Inventár io de Tombamento (Pasta 1574 Cx 409)
CZAJKOWSKI, Jorge (org.) . Guia da arquitetura colonia l , neoclássica e romântica no Rio
de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra/PMCRJ, 2000.
Inventár io de bens tur íst icos Flumitur .
Fachada correspondente à vista 1Fonte: L. H. de Paula
Fachada correspondente à vista 2Fonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachada correspondente à vista 1Fonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachadaFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Chafariz do Pedreira PAR-CO-009
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Rua Comendador José Luis Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1851
es tado de con se rvação :
ruim
us o a tua l :
desativado
us o o r ig i na l :
chafariz
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
Proteção que incide sobre o município de Paraty
p rop r iedade :
Prefeitura de Paraty
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Situado em meio à Praça o chafariz da Pedreira, antes um marco limite da área mais urbanizada da Vila,
é hoje pouco visível ao transeunte desavisado. A praça funciona como uma barreira de entrada do Centro
Histórico, já que a rua Com. José Luís, principal acesso à cidade termina junto à mesma. A Praça, bastante
arborizada, é utilizada por moradores da cidade, estudantes da rede pública (em frente há uma escola estadual)
e turistas que fazem do lugar ponto de parada. No lado oposto da Praça situa-se o Centro de Informações
turísticas da cidade.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
O Chafar iz da Pedreira, por t ratar-se de uma obra do século XIX, s i tuado em uma das
áreas de expansão da cidade, fora do núcleo urbano mais adensado, tem caracter ís t icas
claramente dist intas do todo colonial do centro histór ico. É um marco de um momento em
que as praças e os vazios urbanos ganham mais adereços e importância. O chafar iz
decorat ivo, e lemento fundamental do urbanismo romântico, é no caso de Paraty, um dos
úl t imos elementos testemunhos de um período de crescimento na esteira do período
aurí fero.
Em mármore branco, del icado e proporc ionado, possui t rês partes: um embasamento,
onde a água é recolhida, em forma retangular, um corpo central , um pr isma de base
quadrada, de cerca de 1 metro de al tura, tem as incr ições da construção e as torneiras. E,
f inalmente, é encerrado por um vaso decorat ivo.
pesquisa histór ica
O chafar iz da Pedreira fo i construído por ocasião da v is i ta do conselheiro Luiz
Pedreira do Couto Ferraz à c idade de Paraty em fevereiro de 1851.
registro fotográf ico
fontes
Arquivo Noronha Santos/ IPHAN.
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São Paulo:
Estação Liberdade, 1997.
Praça onde está o chafarizFonte: L. H. de Paula
Detalhe do chafarizFonte: L. H. de Paula
Detalhe do chafarizFonte: L. H. de Paula
Vista antiga do chafarizFonte: Strauss e Sene, 1997
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Forte do Defensor Perpétuo PAR-CO-010
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Entre as preias do Pontal e da Jabaquara, a cavaleiro da cidade, no morro Pontaldo Forte
Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1703, reforma 1822
es tado de con se rvação :
bom
us o a tua l :
turístico/ museu
us o o r ig i na l :
forte
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :IPHAN (532-T-55, livro Histórico vol.I, nº318-A, fl.53)09/01/57prop r iedade :
Prefeitura de Paraty
s i t ua ção e a mb iênc ia :
O forte situa-se no morrro da Vila Velha, local onde a cidade de Paraty teve início antes da doação de
terrenos por Maria Jácome de Melo e da consequente descida para a área plana.
A implantação em posição estratégica é evidente. O forte localiza-se na ponta do morro, projetado por
sobre a Baía de Paraty, de onde se vê a vila e o rio Perequê-Açu. Está, entretanto, camuflado pela mata que
cobre o morro, não sendo exatamente visível para os que passam ao longe.
Para se alcançar a fortificação é preciso subir o trecho de morro, progressivamente deixando a cidade ao
longe e adentrando na mata fechada. O percurso traduz a diversidade e a riqueza na natureza na região e
revela com clareza a diferença de implantação entre a primeira vila de São Roque e a definitiva vila de Paraty.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
O Forte do Defensor Perpétuo const i tu i-se de três edi f icações dist intas, todas
fundamentais para o funcionamento do conjunto. A pr imeira edif icação que se vê ao chegar
no local é o alojamento dos soldados, uma construção t íp ica do século XVII I , que traduz
um t ipo residencial . Trata-se de uma construção térrea, com telhado em quatro águas,
janelas de gui lhot ina com caix i lhos e paredes caiadas. Situa-se num platô logo à entrada
do complexo, colocado perpendicularmente à Baía e às tr incheiras.
A segunda for t i f icação, mais di f íc i l de perceber de imediato, é o paiol , local de guarda
da pólvora a ser ut i l izada nos canhões. Si tua-se nos fundos do alo jamento. É composta por
um muro que c ircunda a pequena construção com um avarandado em todos dos lados e o
centro completamente fechado, a não ser pela porta de acesso.
Finalmente, o terceiro elemento é efet ivamente o for te: as tr incheiras com os
canhões. As tr incheiras, t rechos de muralhas que caracter izam uma bater ia, são em pedras
empi lhadas onde se pousam os canhões. Junto às tr incheiras foram descobertos em 1984
trechos de calçamento or ig inal em pedra.
ident i f icação gráf ica
pesquisa histór ica
O for te do Defensor Perpétuo fo i construído em 1703 com a f inal idade de defender a
cidade de ataques piratas. A construção do porto insere-se no contexto de outras obras na
vi la que buscavam controlar e f iscal izar a c irculação do ouro no porto de Paraty, descendo
do Caminho Velho do Ouro, como, por exemplo, a casa de registro e o portão da cidade.
Em 1822 o for te fo i completamente remodelado, recebendo esta denominação. Este
for te é o único que ainda está de pé dentre os sete que foram construídos para guarda do
ouro que vinha das Minas.
Em 1828 fo i desativado e em 1831 considerado ut i l idade públ ica. Em 1971 foi
desapropr iado através de decreto presidencial .
registro fotográf ico
Vista do alojamentoFonte: L. H. de Paula
Vista do alojamentoFonte: L. H. de Paula
Paiol de pólvoraFonte: L. H. de Paula
Vista das trincheirasFonte: L. H. de Paula
Vista da trincheiraFonte: L. H. de Paula
Vista da trincheiraFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
fontes
Inventár io de bens tur íst icos elaborado pela Flumitur .
Detalhe do calçamentoFonte: L. H. de Paula
Varanda do paiolFonte: L. H. de Paula
Detalhe do portãoFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Casa da Cadeia PAR-CO-011
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Largo de Santa Rita, s/n Paraty
ép oca d e co n s t rução :
século XVIII
es tado de con se rvação :
bom
us o a tua l :Sede do Instituto Histórico de Artístico de Paraty. BibliotecaFábio Villaboimus o o r ig i na l :
Casa da Cadeia
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
Proteção que incide sobre o Município de Paraty
p rop r iedade :
ONG Instituto Histórico e Artístico de Paraty
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Voltada para a Baía de Paraty, a construção, atipicamente, é isolada, não tendo paredes divisórias com
nenhuma outra, como seria natural num programa de cadeia. Tal fato permite à edificação uma implantação
singular, pois não se vincula visualmente a nenhum lote. Não há qualquer delimitação de terreno e volume
edificado destaca-se no conjunto, não fosse a presença ainda mais dominante da Igreja de Santa Rita na sua
lateral esquerda, com a qual alinha-se.
A entrada principal ladeada por duas janelas é voltada para a Baía de Paraty e perpendicularmente para
o grande largo de Santa Rita.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 26 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
Descrição arquitetônica
O edif íc io da Casa da Cadeia tem planta retangular com paredes de pedra e cal e
janelas em gui lhot ina com ombreiras em madeira. Remonta à arqui tetura c iv i l colonial do
século XVII I , reveladas também pelo telhado em quatro águas com telhas em capa e canal .
As largas c imalhas externas l igam as paredes ao te lhado. A composição é marcada pelos
cheios das grossas paredes brancas, que dominam as quatro fachadas, tornando-se mais
evidentes no trecho sobre as envasaduras. As grades nas janelas externas e os portões de
ferro internos revelam o propósito in ic ia l da construção.
Ident i f icação gráf ica
pesquisa histór ica
O Quartel da Pat i t iba (1703) faz ia parte de uma das sete for t i f icações que defendiam
a baía de Paraty. Durante um longo período, até 1980, funcionou como Cadeia Públ ica.
Depois de restaurado em 1981, fo i ocupado pela Secretar ia Munic ipal de Turismo e
Cultura. Atualmente abr iga a Bibl ioteca Fábio Vi l laboim e o Inst i tuto Histór ico e Art ís t ico de
Paraty.
registro fotográf ico
fontes
Estado do Rio de Janeiro - Paraty. Rio de Janeiro, Flumitur - Cia. de Tur ismo do Estado do
Rio de Janeiro.
STRAUSS, Dieter & SENE, Maria A. Júl ia Mann: uma vida entre duas cul turas. São Paulo:
Estação Liberdade, 1997.
Vista da fachada lateral e principalFonte: L. H. de Paula
Fachadas lateraisFonte: L. H. de Paula
EntornoFonte: L. H. de Paula
Vista internaFonte: L. H. de Paula
Vista antiga da cadeia e da Igreja de Santa RitaFonte: Strauss e Sene, 1997
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Portão da Cidade e Poço PAR-CO-012
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Rua Comendador José Luis, dentro do Camping Portão de Ferro Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1703
es tado de con se rvação :
ruim
Uso a tu a l :
nenhum
Uso o r i g in a l :
portão da cidade
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
nenhuma
prop r iedade :
Camping Portão de Ferro
s i t ua ção e a mb iênc ia :
O portão de ferro e o poço situam-se dentro do Camping Portão de Ferro, no fundo e à direita de quem
entra, junto a uma construção que serve de churrasqueira.
A conexão que o portão estabelecia com a cidade foi completamente perdida e o vão onde era o portão
está voltado para um grande muro que divide o terreno do camping com o campo de futebol da cidade. Como o
portão foi incorporado ao espaço privado da área de camping ele deixou de ser um elemento urbano, parte
fundamental do funcionamento da cidade. Perdeu-se a função e a possível imagem de pórtico de entrada para
os tropeiros que desciam do Caminho Velho do Ouro. Quanto ao poço está completamente lacrado, igualmente
perdido em meio ao camping.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 27 / 11 / 03 revisado: data: / /
Pref. Paraty
descrição arquitetônica
Os remanescentes do portão de ferro consistem em alguns elementos arqui tetônicos
cujo funcionamento, época de construção e conexão são di f íceis de estabelecer. São três
colunas em alvenar ia de t i jo lo, com fr isos na parte super ior , encerrando a composição.Nas
laterais da coluna são ní t idos os locais em que se assentava o portão. Entre duas das
colunas existe uma janela com ombreiras em cantar ia, encimada numa das laterais por um
trecho curvo de alvenar ia e de outra por uma voluta em argamassa. Os al icerces do portão
em pedra, indicam ser de uma época anter ior a trechos de murada.
ident i f icação gráf ica
pesquisa histór ica
Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais aumenta s igni f icat ivamente o movimento
na vi la de Paraty. Os tropeiros que via javam pelo Caminho Velho do Ouro passavam quase
que obr igator iamente pela v i la, quer para começarem a jornada, quer para embarcarem os
produtos que vinham das Minas rumo ao Rio de Janeiro. Algumas medidas para proteger a
cidade, contro lar a passagem das tropas e, logo, contro lar o pagamento do quinto foram
tomadas. Entre elas, a construção de uma Casa de Registro e de um portão na entrada da
cidade.
O portão era fechado às 18:00hs e reaberto na manhã do dia seguinte às 6:00hs após
um t i ro de canhão. Os tropeiros que não conseguiam chegar a tempo na c idade ou a tempo
de subir a Serra, faziam pouso junto ao portão. Por isso a importância do poço,
fundamental para o abastecimento das tropas e dos burros que al i pernoi tavam em
acampamento.
registro fotográf ico
Vista do portãoFonte: L. H. de Paula
Detalhe do portãoFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
informações complementares / fontes
Junto ao portão existe uma casa que não pudemos precisar época de construção nem
função. Contudo, sua aparência é de uma casa colonial , revelada pelas colunas no
alpendre, pelo te lhado em telhas canal e, f inalmente, pelas janelas de gui lhot ina com as
vergas em segmento de arco.
Fontes:
Inventár io de bens tur íst icos elaborado pela Flumitur .
MELLO, Diuner. Paraty: roteiro do vis i tante. Paraty: 2002.
Vista do poçoFonte: L. H. de Paula
Vista da sede do campingFonte: L. H. de Paula
Detalhe do portãoFonte: L. H. de Paula
Detalhe do portãoFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Casa da Provedoria PAR-CO-013
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Sítio Historico e Ecológico do Caminho do Ouro / Museu Aberto do Caminho doOuro
Paraty
ép oca d e co n s t rução :
1807
es tado de con se rvação :
ruínas
us o o r ig i na l / a tua l :
Casa da Provedoria / Sítio arqueológico
ca tego r ia :
arquitetura civil
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
Sujeito ao Tombamento que incide sobre o município deParaty / Tombamento como sítio arqueológico e Patrimônioda Humanidade
prop r iedade :
Marcos Ribas
s i tua ção e a mb iênc ia :
A implantação da Casa da Provedoria tem razões funcionalmente determinadas. Como se destinava à fiscalização
das tropas e ao recolhimento dos quintos do ouro havia que se situar estrategicamente na estrada que denominamos
Caminho Velho do Ouro. Desta forma, todos que passassem pela estrada eram vistos pelo provedor e escrivão e,
necessariamente, paravam para a fiscalização. Com efeito, a casa situa-se junto à estrada, no ponto em que esta faz um
grande largo, provavelmente para o movimento das tropas enquanto aguardavam a fiscalização.
A mata fechada não permite revelar com justiça a situação e ambiência de época, quando trechos de cada lado da
estrada eram completamente desmatados. Desta forma, o entorno da Casa e do largo da estrada se faziam visíveis a boa
distância. A mata secundária que se pode ver na situação atual, mesclada às ruínas da casa, dão ao local ar circunspeto.
levantado:F. Brito, L. H. de Paula, V.Natividade
data: 28 / 11 / 03 revisado:
data: / /
IBGE 1/50.000
Ruínas da escada de acesso à Casa da ProvedoriaFonte: L. H. de Paula
descrição arquitetônica / ident i f icação gráf ica
A equipe de pesquisa arqueológica organizada pelo Projeto Paraty - Registro do
Caminho do Ouro, revelou importantes hipóteses sobre como poder ia ser a Casa da
Provedoria. Pouco se sabe da arqui tetura deste t ipo de construção, mesmo sequer se
configurou-se em um t ipo. Segundo Patr ic ia Sada, embora não tenha sido possível precisar
a forma e o uso dos espaços, considerou-se que a construção não fugiu aos padrões de
iníc ios do século, quando fo i construída. O perímetro da ruína que hoje existe perfaz uma
área de 44,8m2.
A casa, assentada sobre al icerces de pedra como era comum à epoca, t inha paredes
externas de taipa, internas de pau-a-pique e portas, janelas, frechais e estrutura do
telhado fei to em madeira canela preta ou fedorenta, comuns à região.
Dos três cômodos da casa, um ser ia do provedor, outro do escr ivão e um terceiro que
servia de escr i tór io para ver i f icação da documentação e pagamento dos quintos. Um
pequeno corredor interno conectava a parte de residência com o exter ior . No entorno não
construído e imediamente adjacente à casa estavam si tuadas as áreas dest inadas às
tarefas domést icas e à higiene, o que hoje denominamos cozinha e banheiro,
respect ivamente.
Dois muros corr iam junto à casa, um que del imi tava e protegia a casa da estrada,
indo em paralelo a esta e um outro mais longo que ia perpendicularmente a este.
Algumas hipóteses foram desenvolvidas sobre as feições da casa, todas
apresentando um pavimento. Destas hipóteses elaboradas pela Projeto Paraty - Registro
do Caminho do Ouro, não constam edif icações em sobrado ou mesmo maiores. Estas, no
entanto, não estão descartadas como hipóteses. A casa poder ia ter t ido uma área maior
cujos vestígios foram desaparecendo após anos de abandono.
Fonte: Ribas, 2002
dados histór icos
Importantes aspectos da histór ia da Casa de Registro ou Casa da Provedor ia foram
revelados após a cr iação do Sít io Histór ico e Ecológico do Caminho do Ouro. Para a
instalação e funcionamento do mesmo, fo i empreendido o Projeto Paraty - Registro do
Caminho do Ouro, que consist iu de extensas pesquisas textuais e de campo.
As casas de registro ou dos quintos no Brasi l colônia t inha central papel nas trocas
econômicas, pois era através delas que se recolhiam os quintos, ou seja, imposto de 20%
que incid ia sobre todo ouro extraído das minas. Com a descoberta do ouro, logo fez-se
necessária uma f iscal ização mais contundente da extração das r iquezas da terra, que
"sangravam" a olhos v istos. Através de uma Carta Régia de 9 de maio de 1703 a Coroa
Portuguesa manda instalar casas de Registro em Paraty e em Santos, portos importantes
do período, lembrando que neste momento ainda não estava inaugurado o caminho de
Garcia Rodrigues Paes. Já havia neste momento um registro em Taubaté que se
encarregava de cunhar e fundir o ouro. Este, contudo, jamais conseguiu subir a precár ia
tr i lha da Serra do Facão, não funcionando a contento.
O Registro de Paraty foi insta lado na Serra do Facão para cobrar o pedágio e o
imposto sobre ouro e demais mercador ias e fundir o ouro em barretas. Em 1710 com a
abertura do Caminho Novo, a Coroa manda fechar a estrada de Paraty e
conseqüentemente o registro da v i la. Este cessou de quintar o ouro, mas não de funcionar.
Após cinco anos a Câmara de Paraty pede ao Rei que a estrada fosse reaberta, no que é
atendida.
É preciso esclarecer que havia uma Guarda do Registro (a qual mudou por diversas
vezes de posição ao longo de sua existência), inst i tu ição mi l i tar cuja função era f iscal izar
o movimento da Provedor ia, esta uma inst i tu ição civ i l cedida através de hasta públ ica a
part iculares.
Em 1790 a provedor ia de Paraty acabou f icando abandonada, sem provedor, e as
funções do Provedor sendo exerc idas pelo Comandante da Vi la.
Em 1807, após inspeções a mando do vice-rei da Província, determina-se a
construção de uma nova casa para a Provedoria, ordenando ainda, que escr ivão e
provedor dever iam resid ir no Registro na Serra do Facão e não na c idade. Segundo Marcos
Ribas, ao invés de se construir nova casa, a abandonada provedor ia fo i reformada e
habi tada pelos novos donos. A ocupação da casa neste exato período por uma provedor ia
se comprova através de artefatos arqueológicos.
Esta provedor ia funcionou até 1843/44 quando fo i f inalmente transfer ida, após muitas
sol ic i tações, vale reforçar, para um local de mais fáci l acesso, próximo da vi la, num trecho
junto à estrada conhecido por Bananal e a casa da Serra fo i desmontada.
registro fotográf ico
Vista dos alicerces do corredor e do quarto doescrivãoFonte: L. H. de Paula
Vista dos alicerces do muroFonte: L. H. de Paula
Situação da casa em relação ao Caminho do OuroFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
Fontes
RIBAS, Marcos Caetano. A Histór ia do caminho do ouro em Paraty. Paraty: Contest
Produções Culturais, 2003.
_______. Paraty - Registro do Caminho do Ouro. Paraty: mimeo, 2002.
Hipótese 1: casa com telhado de duas águas, um“puxado”, assobradadaFonte: Ribas, 2001
Hipótese 2: casa com telhado de três águas, um“puxado”, varanda e alpendreFonte: Ribas, 2001
Hipótese 3: casa com telhado de quatro águas edois “puxados”Fonte: Ribas, 2001
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Igreja de Nossa Senhora do Pilar CAX-CO-014
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Praça N.S. do PilarAv. Pres. Kennedy com Av. N.S. do Pilar
Duque de Caxias
ép oca d e co n s t rução :
1696
es tado de con se rvação :
ruim; preservado parcialmente
us o a tua l :
religioso
us o o r ig i na l :
religioso
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :IPHAN (160-T, insc. nº76, Livro das Belas Artes, fls. 14)25/05/38prop r iedade :
Diocese de Duque de Caxias
s i t ua ção e a mb iênc ia :
Situada num grande largo com nome da Igreja, é possível perceber vestígios de imponência, perdidos em meio à
configuração urbana atual. Voltada para o rio Pilar, tornado hoje quase uma vala, está apenas esboçada a implantação
original, perdendo-se quase que por completo a importante relação que se estabelecia com o rio que lhe dá nome. A Av.
Pres. Kennedy, um dos eixos de circulação da Baixada Fluminense, passa pela lateral esquerda da Igreja. A Av. N.S. do
Pilar, que tem início na Av. Pres. Kennedy, era onde o Caminho Novo aberto por Garcia Rodrigues Paes tinha início e seguia
pela Serra do Tinguá, até atingir Minas Gerais. Trata-se hoje de uma rua de paralelepípedos, que leva ao bairro residencial
de Pilar, de casas simples e comércio local. Da entrada da Igreja avista-se bom trecho da paisagem da Baixada Fluminense,
com mangues e, ao longe, as montanhas da Serra do Tinguá.
levantado: F . B r i t o , L . H . dePau la , V . Nat i v idade
data: 20 / 11 / 03 revisado: data: / /
descrição arquitetônica
Externamente é s imples, destacando-se a torre com pequeno carr i lhão encimado por
cúpula octogonal. Const i tuída em pedra e cal , de um corpo só, o presbi tér io segue quase o
mesmo al inhamento das paredes laterais da nave. Possui arco cruzeiro de desenho
simples, sem ornamentos. Cobertura de madeira com t i rantes na nave, em abóbada de
berço, e, no presbi tér io, em gamela. Os al tares, sobretudo o da Virgem do Pi lar , são
bastante ornamentados.
Quanto à fachada, a robustez inspirada em uma vista geral é quebrada pelas volutas
do frontão, que dão ao conjunto certa leveza. A torre lateral encimada por uma cúpula
octogonal , s igni f icat ivamente mais al ta que o corpo pr incipal , confere um caráter de
vert ical idade à composição.
Segundo Dina Lerner, quando se compara esta Igreja com as outras da região,
normalmente menores, com proporções de capela, vemos que esta possui um “porte
maior” , decorrente da dimensão das naves, e também da presença da cantar ia de pedra em
prat icamente todos seus vãos.
pesquisa histór ica
Segundo Mar lúc ia Souza, a Freguesia do Pi lar fo i das mais ant igas e das mais
importantes de todo o período colonial . Era uma das mais bem sucedidas freguesias da
Vi la de Iguaçu, graças a um engenho de açúcar, à produção de aguardente, mi lho, fe i jão e
café. Com a abertura do Caminho Novo de Rodr igues Paes entre 1699-1704, a freguesia de
Pi lar pode prosperar e ganhar maior importância no cenário das trocas coloniais. O Porto
de Pi lar exerce importante função nos pr imeiros anos do escoamento do ouro vindo das
Minas Gerais. Em 1789 o povoado de Pi lar contava com 3.895 habi tantes e uma Casa de
Registro, chamada Guarda do Pi lar . Após a abertura da Var iante do Caminho Novo, ou
Caminho do Proença tendo iníc io no Porto Estrela, o Porto de Pi lar deixa de ter
preponderância no escoamento do ouro, mas cont inua fundamental na rota dos demais
produtos coloniais . Não fo i possível aver iguar precisamente, mas há indícios de que após a
abertura da Var iante do Proença em 1725 a Guarda do Pi lar deixou de funcionar e o trecho
novo era v istor iado por guardas ambulantes, também chamados por patrulheiros.
Em 1612 já exist ia no local da atual uma capela, construída nas terras doadas por
Domingos Nunes Sardinha chamada Capela N.S. das Neves. Tendo esta desabado, outra
foi erguida às margens do r io Pi lar , chamada Igreja N.S. do Pi lar . Segundo Pizarro, um
novo templo em pedra e cal teve iníc io em 1697 e as obras f inal izadas em 1767. A matr iz
do Pi lar possuía como f i l ia is N.S. Rosár io (às margens do Rio Saracuruna) de 1730 e a
Igreja de Santa Ri ta de Cássia.
Esta é a descr ição da Igreja fe i ta por Monsenhor Pizarro: “Al tares tem 5 com o Maior .
Neste está colocada a Imagem de N.S. do Pi lar , Padroeira e o Sacrár io, da parte do
Evangelho. 1º de N.S. do Rosár io; 2º de N.S. da Conceição. Da parte da epístola, 3º de
São Miguel, 4º de S. Ana; todos eles de madeira ta lhada e doirada, menos o de S.Miguel ,
que ainda se conserva por doirar e do gosto ant igo, à exceção do da Conceição. Imagens:
do Santo Cruci f ixo; do Senhor dos Passos; de São Francisco; de São João; da Senhora da
Conceição; do Espír i to Santo; de Santa Ana; de São Joaquim; de São José; do Menino
Deus.
Tombada pelo IPHAN em 1938 passou na ocasião por restaurações, das quais não
sabe detalhes técnicos. Em 1944 é real izada uma grande restauração da Igreja sob a
coordenação do arqui teto Paulo Barreto. O cr i tér io ut i l izado fo i o da ret i rada dos elementos
di tos perturbadores, v isando devolver ao monumento seu aspecto or ig inal . Importantes
“descobertas” foram fei tas durante esta restauração, sendo a mais evidente as volutas do
frontão que estavam completamente escondidas.
Após estas obras todas as demais que se sucederam visaram à manutenção.
Duque de Caxias cresce intensamente nos anos 1960 a part i r do fenômeno de
metropol ização do Rio de Janeiro e a real idade da região transforma-se s igni f icat ivamente,
tornando-se agora, zona de moradia dos trabalhadores urbanos. Com isso, o monumento
foi sendo abandonado até receber em 1978 um ante-projeto de restauração elaborado pela
arquiteta Dina Lerner. Em 1986 a Igreja fo i restaurada com o f inanciamento da Fundação
Roberto Marinho: subst i tuíram-se os te lhados da sacr ist ia e do bat istér io, a lém de terem
sido rest i tuídas a i luminação, o calçamento externo, os pisos, as escadar ias e os
revest imentos. Uma casa fo i construída nos fundos da Igreja para abr igar v igias.
registro fotográf ico
Fachada principal em 1978Fonte: Lerner, 1995
A Igreja e seu entornoFonte: L. H. de Paula
Fachadas correspondentes às vistas 1 e 2Fonte: L. H. de Paula
Fachada principal antes darestauração de 1944 realizada porPaulo BarretoFonte: Lerner, 1995
Fachada lateral correspondente à vista 2Fonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachadaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
fontes
ARQUIVO NORONHA SANTOS / IPHAN.LERNER, Dina. “ Igreja de Nossa Senhora do Pi lar” . In: Informações sobre o patr imôniocul tural dos municípios da Baixada Fluminense e adjacências. Rio de Janeiro: INEPAC/mimeo, 1995.PERES, Gui lherme. Baixada Fluminense – os caminhos do ouro. Duque de Caxias: Gráf icaRegister , 1993.PIZARRO & ARAÚJO, José de Souza Azevedo. Memórias histór icas do Rio de Janeiro. Riode Janeiro: Imprensa Nacional , 1945.FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO. Restauração da Igreja de Nossa Senhora do Pi lar .Volume I / I I .SOUZA, Marlúc ia. Economia e sociedade iguaçuana. Trabalho apresentado ao mestrado emHistór ia na UFF. Niterói : mimeo, 2000.
Portão de acessoFonte: L. H. de Paula
Fachada lateral correspondente à vista 3, vendo-sea sacristiaFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Casa e Capela da Fazenda São Bento CAX-CO-015
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Rua José Pinto, 6 (Virar à direita na Av. Pres. Kennedy, na altura no nº9422,junto à FEUDUC)
Duque de Caxias
ép oca d e co n s t rução :
Casa (1760-1757) Capela (1645)
es tado de con se rvação :
arruinado
us o a tua l :
abandonado
us o o r ig i na l :
Convento dos monges beneditinos e engenho de açúcar
p ro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :IPHAN (564-T, insc. nº439, Livro das Belas Artes, fls. 82)10/07/57prop r iedade :Terras pertencem ao INCRA e edifícios pertencem à Diocesede Duque de Caxias
s i t ua ção e a mb iênc ia :
A capela e a fachada contígua da sede da fazenda voltam-se para uma rua asfaltada de relativo movimento de
carros, estando ambas as fachadas bastante próximas da passagem dos veículos. Com isto, se perde a ambiência rural da
implantação original. A fachada que dá a imagem do conjunto, onde está o grande avarandado, tem a sua visualização
bastante prejudicada pelo muro que se ergueu junto à mesma. Apenas é possível vê-la por completo de dentro da
propriedade, uma instituição religiosa de caridade.
A fachada que seriam os fundos da residência dos monges tem no térreo um corredor aberto e com pilares,
formando um pátio interno. Esta guarda aspectos de claustro religioso, acirrado pelas grandes mangueiras que recolhem o
ambiente e completam visualmente o polígono esboçado pelas demais paredes do conjunto.
levantado:F. Brito, L.H. de Paula, V.Natividade
data: 20 / 11 / 03 revisado: data: / /
IBGE 1/50.000
descrição arquitetônica
Segundo Paulo Santos, nenhum outro t ipo de edi f icação exprimiu tão bem a vida
ínt ima e o caráter regional da arqui tetura dos pr imeiros moradores do que é hoje o Rio de
Janeiro quanto as "casas de chácara" ou "casas de campo". Estas, ao que parece, der ivam
das casas de engenho que se espalharam pelo recôncavo da Guanabara durante o período
colonial . A casa da fazenda São Bento é um dos belos e ainda existente exemplares deste
t ipo arqui tetônico. Não fosse sua importância econômica, pois era dos maiores engenhos
de sua época, bastava como exemplar d idát ico de arqui tetura brasi leira colonial .
Sua característ ica imediatamente ident i f icável é a varanda com telhado em telha vã,
sanca e beira l de te lhados aparentes postos sobre as colunas toscanas. Joaquim Cardoso,
em estudo sobre as casas alpendradas, mostra que este t ipo de casa com varanda no Rio
de Janeiro, teve início por vol ta de 1750, e, sendo esta construída entre 1754 e 1760, é
possível que tenha s ido a pr imeira da sér ie. Neste caso o alpendre não é alcançado por
uma grande escada e sim posto sobre um corredor de extensas arcadas.
A fachada vol tada para a rua de asfal to, a lém do front ispíc io da Igreja tem, em cada
canto, duas janelas-portas de sacada (dois grandes salões), f icando no meio as seis
janelas das respect ivas celas. A disposição obedece, por conseguinte, à construção de
cada lanço do mosteiro de São Bento do Rio.
pesquisa histór ica
Marco in ic ial da colonização do Vale do r io Iguaçu, a fazenda São Bento or ig inou-se
de terras doadas pela Marquesa Ferreira ao Mosteiro de São Bento em 1591, cuja escr i tura
foi passada em 1596. A Marquesa era herdeira de Cr istóvão Monteiro, pr imeiro propr ietár io
de sesmarias oferecidas por Estácio de Sá em 1565.
Com a morte do sesmeiro a Marquesa doa as terras para os monges benedit inos,
embora haja também a versão de que os monges a ter iam comprado. De todo modo,
passam a ocupar a fazenda que ser ia um dos marcos fundamentais da pr imeira ocupação
da Baixada Fluminense. Os engenhos construídos nas freguesias de Iguaçu eram
predominantemente de pequeno e médio porte, mas fundamentais no fornecimento do
produto para o Rio de Janeiro. A Fazenda São Bento f igura-se neste quadro como a maior
e mais importante produtora do período, e mui to s imból ica do t ipo de ocupação
caracter ís t ica da região da Baixada até o século XX. A part i r da 2ª ½ do século XVIII
quando o ouro das minas torna-se def ini t ivamente escasso, a região cont inua produzindo
açúcar e aguardente, sendo escoados pelos portos de Estre la e Pi lar.
Local izada numa das freguesias não muito prósperas da Baixada, a de Santo Antônio
de Jacut inga, se destacava em tamanho e em produtiv idade. A part i r do século XVII , in ic ia-
se o cul t ivo da cana na propr iedade. É quando os monges benedit inos ampl iam seus
l imites, incrementando o plant io e a produção açucareira, a lém de aumentaram a pecuár ia
e a avicul tura, t ransformando-se a fazenda numa das mais importantes fornecedoras de
açúcar da Província. Dentro da fazenda fo i construída uma olar ia que fornecia t i jo los para
as obras internas e até mesmo para as tropas da cidade.
Em 1645 é construída a Capela de N.S. das Candeias que, a part i r do século XVII I
recebe a denominação de N.S. do Rosár io de Iguaçu. A part i r de 1600 foram acrescidas
divisór ias do engenho e construído um sobrado nas proximidades da Capela.
Os monges construíram um sobrado entre 1754 e 1757, nas proximidades da Capela
para impedir que esta desmoronasse, edi f icaram uma olar ia e um engenho de far inha.
Este, que é o atual conjunto arqui tetônico, tem a forma de mosteiro, com pátio e c laustro,
e foi construído pelo Frei Manoel do Espír i to Santo. Sobre o sobrado sabe-se que na parte
de cima foram instalados os quartos dos benedi t inos e um varandão. No pavimento térreo
f icava uma of ic ina, a cozinha com fogão e forno a lenha, um refe i tór io e um depósi to de
mant imentos.
Em 1922 a ant iga propr iedade do Mosteiro de São Bento fo i adquir ida pela Empresa
de Melhoramentos da Baixada Fluminense. Em 1933, com a organização do serviço of ic ia l
do saneamento da baixada, a propriedade fo i incorporada aos própr ios nacionais. Loteados
os terrenos da ant iga fazenda, construíram-se casas dest inadas os colonos.
Tombada em 1957 pelo IPHAN, o conjunto arqui tetônico abr igou o Patronato São
Bento, da Associação Benef icente de Menores, administrado pela Diocese de Petrópol is .
registro fotográf ico
Vista da fachada lateral internaFonte: L. H. de Paula
Vista da fachada da capelaFonte: L. H. de Paula
Vista da fachadaFonte: L. H. de Paula
Detalhe da fachada da capelaFonte: L. H. de Paula
6 / 8Vista da fachadaFonte: L. H. de Paula
Vista da fachadaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
6 / 8Vista da fachada com avarandadoFonte: L. H. de Paula
Vista da fachada lateral da capelaFonte: L. H. de Paula
Pátio internoFonte: L. H. de Paula
Barroteamento do avarandadoFonte: L. H. de Paula
VarandaFonte: L. H. de Paula
Vista interna da capelaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
fontes
CARDOSO, Joaquim. "Um t ipo de casa rural no Distr i to Federal" . In:FAU/USP - IPHAN.
Arquitetura Civi l I I . São Paulo: FAU/USP, 1975.
GÊNESIS, Ney A.; PERES, Gui lherme & TORRES, Rogér io. Curso de Histór ia da Baixada
Fluminense da Comissão de Resgate da Histór ia. 1998.
SANTOS, Noronha. Núcleo Colonial São Bento. Município de Iguassú – Estado do Rio de
Janeiro. Agosto, 1940.
SANTOS, Paulo. Quatro séculos de arquitetura. Rio de Janeiro: IAB, 1981.
NIGRA, Dom Clemente M. da Si lva. “A ant iga fazenda de São Bento em Iguaçu”. Revista do
Serviço do Patr imônio Histór ico e Art ís t ico Nacional , nº7, 1943.
Vista da pia batismal da capelaFonte: L. H. de Paula
Vista da antiga entrada da sede da FazendaFonte: L. H. de Paula
Vista da antiga entrada da sede da Fazenda, hojeedifício administrativo da Faculdade de Duque deCaxias.Fonte: L. H. de Paula
Vista dos fundos da antiga entradaFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Conjunto urbano da extinta Vila de Iguaçu IGU-CO-016
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :Estrada dos Palmares, direção Vila de Cava. Virar à direita na Estrada Velha deMinas
Nova Iguaçu
ép oca d e co n s t rução :
fim XVI
es tado de con se rvação :
arruinado
us o a tua l :
abandonado
us o o r ig i na l :
núcleo urbano
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :Tomb. Prov. INEPAC (E-03/02 453/78) 08/04/83 /Levantamento arquitetônico e prospecção arqueológica.p rop r iedade :
Município de Nova Iguaçú e Diocese de Duque de Caxias.
s i t ua ção e a mb iênc ia :
A vila de Iguaçu situa-se no vale entre pequenos morros e a grande área alagada que restou do rio
Lavapés. Os morros servem de pasto para as pequenas criações de sitiantes da região.
A rua extensa que ligava as extremidades da Vila e lhe dava a configuração urbana está desaparecida
em meio à vegetação que cresce desordenadamente. Ao fundo vê-se a Serra do Tinguá, por onde passavam
os viajantes e de onde vinham os produtos a serem embarcados no porto. Um pequeno trecho de estrada
calçada em pedras denominada Estrada do Comércio é bastante visível e marca o acesso ao porto. Este
situa-se em meio a um grande pasto, com poucos vestígios de água, estando o leito apenas delineado por
uma vala, antes um braço de rio que ligava o rio Iguaçu ao porto de Iguaçu. Um pequeno poço de água junto
ao porto propriamente dito é testemunho dos tempos em que funcionava como tal.
levantado: F. Brito, L.H. de Paula e V.Natividade
data: 20 / 11 / 03 revisado: data: / /
IBGE 1/50.000
descrição arquitetônica
Os elementos urbanos da Vila de Iguaçu que restam como vestígios são o Porto de Iguaçu (um dos
portos existentes na Vila) e a torre da Igreja de N.S. de Iguaçu acompanhada de dois cemitérios.
A Freguesia de Iguaçu, em tempos de funcionamento, englobava 1.305,47km2 e sua
sede, onde hoje está a ext inta Vi la de Iguaçu, era const i tuída por uns poucos arruamentos
e caminhos que abarcavam algumas centenas de edi f íc ios rel ig iosos, comerciais e
residenciais. Sua ar tér ia pr inc ipal era a Rua do Comércio que começava no Largo do
Lavapés e seguia até o Porto de Iguaçu. No centro da vi la, segundo Waldick Pereira, per to
do porto de passageiros encontravam-se os edi f íc ios da câmara, cadeia, fórum, armazéns
e casas comercia is .
Ao longo do r io Iguaçu, em direção à Serra, encontravam-se os portos do Pinto, do
Viana e o do Soares e Melo. Atrás da Igreja de N.S. da Piedade em frente ao cemitér io de
N.S. do Rosár io (conhecido por Cemitér io dos Ricos) a Rua da Igreja se bi furcava: uma ia
para Maxambomba e outra era o Caminho das Palmeiras, a inda ident i f icável .
Segundo Pizarro, em 1795 a região em torno da matr iz revelava um “vis toso arraia l” ,
com residências quase todas cobertas por te lhas, tota l izando 700 fogos e 6.142 habitantes,
2 engenhos, 4 fábr icas de aguardente e algumas olar ias.
Hoje, pouco há o que descrever da Vi la, e é preciso boa dose de abstração espacial
para compreender a conf iguração urbana anter ior . O caminho que l igava o porto de Iguaçu
e a Igreja está del ineado, mas pouco vis ível . O porto s i tua-se num sít io de part iculares,
del imitado, inc lus ive, por cercas de arame farpado. A ausência do r io que conf igurava o
porto di f icul ta a local ização e compreensão do seu esquema de funcionamento, mas atesta,
por outro lado, as grandes obras que se faziam nos tempos coloniais para viabi l izar o
escoamento das r iquezas do Brasi l .
O porto de Iguaçu era o mais importantes dos portos da Vi la, servido por um canal de
01km de extensão até o r io Iguaçu. O porto propr iamente di to é um grande retângulo fe i to
em pedras de vinte e dois metros de comprimento por onze de largura, com paredes auto-
portantes de oi tenta centímetros de largura. Está c i rcundado por áreas alagadas de três
lados e de terra f i rme em outro. Esta que é a entrada do porto é acessada por bela
escadaria em cantar ia através de um trecho calçado em pedras que se l iga à Estrada do
Comércio. Ainda segundo Waldick Pereira, até o pr incípio deste século o porto conservava
a cobertura de te lhas, sustentada por colunas de t i jo los.
A outra extremidade da Vi la onde se local iza a Igreja também apresenta poucos
vestígios dos tempos de funcionamento. Dois cemitér ios nos morros laterais à Igreja
testemunham a conf iguração urbana, juntamente com a Estrada dos Palmares.
O cemitér io dos r icos, of ic ia lmente denominado de Cemitér io de N.S. do Rosár io, tem
um pórt ico de entrada com colunas de pedra e diversas lápides, uma delas de
expressividade arquitetônica. O cemitér io dos pobres apresenta como vestíg io grande
escadaria em t i jo los assentados ao comprido, formando belo acesso, com uma certa
monumental idade incrementada pelo grande abandono que reina no entorno.
ident i f icação gráf ica
Planta da Vi la de Iguaçu em 1837
Fon te : IHGNI/FENIG, 1980.
Porto de Iguaçu – Planta Esquemática
pesquisa histór ica
A Vi la de Iguaçu fo i cons iderada uma das mais impor tantes dos per íodos co lon ia l e imper ia l
bras i le i ro . E la se faz ia presente no cenár io do Rio de Janeiro co lon ia l com a produção agr íco la ,
com os por tos e t rap iches chegando a f igurar como a quar ta ar recadação dent re as f regues ias,
abaixo apenas de Ni teró i , Campos e Macaé. Em 1833 fo i e levada à categor ia de Vi la , abrangendo
as seguintes f regues ias: Iguaçu, Inhomir im, Santo Antôn io de Jacut inga, São João de Mer i t i ,
Marapicu e P i lar . Por questões po l í t icas a v i la fo i ex t in ta em 13 de abr i l de 1835. Em dezembro de
1836 out ro decreto restabeleceu a v i la, porém sem a Freguesia de Inhomir im que passava a
per tencer a Est re la.
A economia de Iguaçu in tegrava-se à da metrópole por tuguesa, impor tando escravos e
fornecendo produtos agr íco las. Abastec ia a c idade do Rio de Janei ro com a l imentos, madei ra ,
lenha e t i jo los. É prec iso lembrar que um dos mais impor tantes engenhos do per íodo, o da Fazenda
São Bento, loca l izava-se nesta f regues ia.
Nas margens de seus pr inc ipa is r ios loca l izavam-se diversos por tos. Isso porque a geograf ia
da reg ião favorec ia o escoamento da produção para o Rio de Janei ro a t ravés de pequenas
embarcações nos por tos. Para se ter uma idé ia , a Freguesia de Mer i t i possuía quatorze por tos, a
de Jacut inga e Pi lar nove por tos cada uma, a de Piedade do Iguaçu dois , boa par te destes
insta lados nas prox imidades dos engenhos. O t ra jeto da produção agr íco la era bas icamente o
seguinte: da fazenda aos pequenos r ios, dos r ios aos por tos e destes para o Rio de Janei ro .
Quanto aos engenhos, aqueles const ru ídos nas Freguesias de Iguaçu eram de pequeno e
médio por te . A Freguesia de Jacut inga era a pr inc ipa l produtora de açúcar . P i lar destacava-se na
produção de far inha e Piedade na produção de ar roz. A lém destes produtos, fabr icava aguardente
e cu l t ivava fe i jão, mi lho e, mais tarde, café.
A par t i r do século XVI I I , com a escassez do ouro nas Minas, a reg ião não ca i em dec l ín io . E la
cont inua produz indo açúcar e aguardente. Mas, mais impor tante, cont inua serv indo como
entreposto para escoamento de produtos agr íco las e cresce em impor tânc ia , agora serv indo como
entreposto para o café.
O dec l ín io da Vi la acontecerá a par t i r de meados do século XIX com o surg imento das
est radas de fer ro e as sucess ivas pestes que se encarregaram de d iz imar boa par te da população.
O t rem a vapor de 1854 deu iníc io à mudança de e ixo econômico e com o t rem de 1848 indo da
Estação Pedro I I até Queimados corrobora quase que em def in i t ivo o novo meio de t ranspor te como
preferenc ia l . O t ranspor te de cargas f luv ia l perde tanto pe lo aspecto tempora l quanto econômico e
Vi la de Iguaçu composta por mui tos armazéns va i pouco a pouco decaindo. Como mostra Segadas
Viana, es te não fo i o ún ico mot ivo que levou à decadência deste por to e de tantos out ros da reg ião
do recôncavo da Guanabara. Antes mesmo do es tabelec imento da era fer rov iár ia no país a
produção agr íco la da reg ião já t inha ent rado em decadência. A concorrênc ia da produção
canavie i ra de Campos, pr inc ipa lmente após a const rução da Usina de Quissamã, já t inha se
tornado insustentáve l , bem como a de café do Vale do Paraíba.
Em 1891 a sede do munic íp io e da comarca fo i t ransfer ida da Vi la de Iguaçu para
Maxambomba e esta e levada no mesmo ano à categor ia de c idade. Neste momento, Iguaçu
compreendia 1.527km2 d is t r ibuídos pe los d is t r i tos de Santo Antôn io de Jacut inga, Marapicu,
Piedade, Mer i t i , Santana das Palmei ras e Pi lar . A est rada de fer ro era agora e le i ta como o ve io de
passagem e a por tadora da urbanização e ocupação do ter r i tór io . V i la de Iguaçu fo i sendo passo a
passo abandonada e esquecida.
registro fotográf ico
Local onde passava o braço de rio do porto IguaçuFonte: L. H. de Paula
Escada do porto IguaçuFonte: L. H. de Paula
Estrada do comércioFonte: L. H. de Paula
Antigo porto IguaçuFonte: L. H. de Paula
Antigo porto IguaçuFonte: L. H. de Paula
Antigo porto Iguaçu, vista internaFonte: L. H. de Paula
registro fotográf ico
informações complementares / fontes
Em 1976, em comemoração ao aniversár io do município de Nova Iguaçu, Ney Barros
e Waldick Pereira procederam uma busca arqueológica na região do Porto de Iguaçu e
encontraram uma fa lua, barcaça de fundo chato ut i l izada na navegação f luvial de então,
enterrada junto ao Porto.
Fontes:
BEZERRA, Nielson Rosa. A Vi la Iguaçu - séc. XIX. Trabalho de Conclusão de Curso
FEUDUC. Duque de Caxias: mimeo, 2000.
IHGNI/FENIG. Vi la de Iguaçu: Iguaçu Velha. Coleção Patr imônio Cul tural , nº2. Nova
Iguaçu:Prefei tura de Nova Iguaçu, 1980
PERES, Gui lherme. Baixada Fluminense – os caminhos do ouro. Duque de Caxias: Gráf ica
Register , 1993.
SOARES, M.T. de Segadas. “Nova Iguaçu. Absorção de uma célula urbana pelo Grande Rio
de Janeiro”. Separata da Revista Brasi le ira de Geograf ia, nº2, ano XXIV, abr/ jun 1962.
Escadaria de acesso ao cemitério dos pobresFonte: L. H. de Paula
Vista de um jazigo do cemitério de N.S. do RosárioFonte: L. H. de Paula
Vista geral da localidade da Vila de IguaçuFonte: L. H. de Paula
Entorno da Vila de IguaçuFonte: L. H. de Paula
InepacInstituto Estadual do Patrimônio CulturalSecretaria de Estado de Cultura – RJ
INVENTÁRIO DE IDENTIFICAÇÃO DE BENS IMÓVEIS
de no minaç ão : có d igo de i de n t i f i ca ção :
Igreja de Nossa Senhora da Piedade do Iguaçu IGU-CO-017
l oca l i zaç ão : mun ic íp io :
Av. dos Palmares, entrada à direita a 1,2mts após a fazenda São Bernardino Nova Iguaçu
ép oca d e co n s t rução :
1699
es tado de con se rvação :
ruínas
us o a tua l :
abandonado
us o o r ig i na l :
religioso
pro teç ão e x i s t en te / p rop os ta :
Tomb. Prov. INEPAC (E-03/02 453/78) 08/04/83
prop r iedade :
Dicocese de Duque de Caxias
S i tuaç ão e a mb iênc ia :
A torre da Igreja, única remanescente do antigo templo religioso, está situada em meio a três morros baixos. Os
dois lateriais, servem como balizadores da área plana que seria o largo e a Igreja propriamente dita. Nestes dois morros
pode-se ainda ver os cemitérios da extinta Vila de Iguaçu. Os morros baixos abrigam o sítio e dão, no que seria a parte
posterior da Igreja, acesso ao restante da Vila. Os morro da frente, maior e mais alto limita a vista de quem está no Largo,
tornando a sensação de isolamento, abandono e desvastação ainda mais intensa. Ademais, ao restringir as visadas e não
permitir maiores vistas da região, os morros do entorno acirram o aspecto circunspecto do local. Difícil é, para o
observador mais desavisado, imaginar que este local foi sede de umas das freguesias mais economicamente ativas do
período colonial brasileiro.
O vestígio da Igreja, a bela torre, pontua a paisagem e marca em definitivo a existência de civilização entre pastos e
gado.
levantado:F. Brito, L.H. de Paula, V.Natividade
data: 20 / 11 / 03 revisado: data: / /
IBGE 1/50.000
descrição arquitetônica
Embora a torre da Igreja de Nossa Senhora da Piedade de Iguaçu seja uma pequena
porção resmanescente da importante Igreja da região, é capaz de revelar informações
sobre o conjunto. A al ta torre tem três quatro partes componentes: a pr imeira, junto ao
chão, é toda fechada, sem fenestrasções a não ser no lado que se vol tava para a Igreja,
por onde se fazia o acesso ao s ino; a segunda, logo acima, é separada desta por um
pequeno fr iso, e na face vol tada para o ant igo espaço aberto ou largo, apresenta um
óculo; a terceira, a l tura em que f icava o s ino, como é comum em outras Igrejas, tem
janelas encerradas por arcos plenos. Finalmente, a quarta e úl t ima parte da torre, o
coroamento, apresenta um fr iso com muitos elementos e encimada por uma cúpula
piramidal .
Reproduzimos a seguir a descr ição que faz Monsenhor Pizarro do inter ior da Igreja:
"Ornam o inter ior desta Igreja, 5 al tares, com o Maior. Neste vê-se colocado o
Sacrár io, e a imagem da Padroeira. Da parte do envangelho estão: 1º - o da senhora do
Rosár io; 2º - o da Senhora da Conceição. Da parte da Epísto la, 3º - de São Miguel. 4º - o
da Senhora do Terço, que ainda estava por concluir , e por isso não se via nele colocada a
Imagem própria. À exceção do Altar Maior , em todos achei toalhas pouco asseadas,
pr incipalmente as infer iores, e a lguns, uma só toalha. No da Sra. do Rosár io, a Cruz não
t inha imagem de Cr isto: no de São Miguel , estava a imagem de Cr isto muito imperfe i ta pela
ant iguidade de sua doiradura. Sobre todas estas necessidades, dei as necessár ias
providências.
Imagens: de Nossa Senhora da Piedade; de Cristo."
pesquisa histór ica
A Igreja de N.S. da Piedade de Iguaçu tem sua or igem na fundação da paróquia em
1699 quando o al feres José Dias de Araújo constrói uma capela dedicada a N.S. da
Piedade. Como era comum no período, a pr imeira Igreja ruiu e o mesmo al feres al iado ao
seu f i lho doam 40 braças de terras para a construção da nova Igreja. Em 1755, a paróquia
passou à condição de perpétua, sendo seu pr imeiro propr ietár io o padre João Furtado de
Mendonça. A Igreja era também conhecida por Nossa Senhora da Piedade do Caminho
Velho.
Até 1963 ainda exist ia, em ruínas, o corpo pr incipal da Igreja.
registro fotográf ico
Vista da torre remanescenteFonte: L. H. de Paula
Detalhe da torre remanescenteFonte: L. H. de Paula
Igreja de N. S. da Piedade de Iguaçu em 1948Fonte: IHGNI/FENIG, 1980 Vista da torre remanescente
Fonte: L. H. de Paula
Detalhe da torre remanescenteFonte: L. H. de Paula