ótimo acordão consumidor defeito do produto responsabilidade solidária

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 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL  DE  JUSTIÇA DO  ESTADO  DE  SÃO PAULO QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO ACÓRDÃO TRIBUNAL  DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA REGISTRADO(A)  SO B  *02400244* RESPONSABILIDADE PELO FATO  DO PRODUTO  Indenização  por  dano moral  Ingestão de água  de  coco industrializada  com  qualidade alterada   Prova pericial indicativa  da  existência  de fungos  e  outros microorganismos, tornando-o inadequado  ao  consumo  Produto  que não  tinha  as qualidades  e a  segurança esperada pelo consumidor  Irrelevância  da  prova documental indicar cuidados na fabricação  do  produto  Fases  de  transporte, distribuição  e  comercialização  que  integram  o  ciclo de consumo  e  geram responsabilidade  da  cadeia  de fornecedores, inclusive  o  fabricante  Dever  de reparar  o  dano  Sentença de procedência mantida  Redução  do  valor indenizatório  a  montante compatível  com o  grau  de  sofrimento  da  vítima  e função preventiva  de  novos incidentes   Recurso  da ré parcialmente provido. Voto n°7.340j Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível n° 428.086-4/7, da Comarca de São Paulo, em que figura como apelante AMACOCO ÁGUA DE COCO DA AMAZÔNIA LTDA. e como apelada REGINA PINESIO CAMILO: ACORDAM, em Quarta Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação

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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ES TA D O DE SÃO PAULO

QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

ACÓRDÃOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICAREGISTRADO(A) SO B N°

*02400244*

RESPONSABILIDADE PELO FATO DO

PRODUTO - Indenização por dano moral - Ingestão

de água de coco industrializada com qualidade

alterada — Prova pericial indicativa da existência de

fungos e outros microorganism os, tornando-oinadequado ao consumo - Produto que não tinha as

qualidades e a segurança esperada pelo consumidor -

Irrelevância da prova documental indicar cuidados

na fabricação do produto - Fases de transporte,

distribuição e comercialização que integram o ciclo

de consumo e geram responsabilidade da cadeia de

fornecedores, inclusive o fabricante - Dever de

reparar o dano - Sentença de procedência mantida -

Redução do valor indenizatório a montante

compatível com o grau de sofrimento da vítima e

função preventiva de novos incidentes — Recurso daré parcialmente provido.

Voto n°7.340j

Vistos, relatados e discutidos estes autos deApelação Cível n° 428.086-4/7, da Comarca de São Paulo, em que

figura como apelante AMACOCO ÁGUA DE COCO DA AMAZÔNIA

LTDA. e como apelada REGINA PINESIO CAMILO:

ACORDAM, em Quarta Câmara de Direito

Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por votação

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T R I B UNAL DE JUST I Ç A DO E ST ADO DE SÃO P A U L O

QUARTA CÂMARA DE DI RE IT O PRI VADO

unânime, dar parcial provimento ao recurso, em conformidade com o

relatório e voto do Relator, que integram o Acórdão.

Regina Pinesio Camilo propôs ação de

indenização por dano moral contra Amacoco Água de Coco da

Amazônia Ltda. Afirmou que, em data determinada, reunida com

amigos em um estabelecimento comercial, ao ingerir o conteúdo de umfrasco com água de coco da marca "Kero Coco" sentiu gosto de algo

podre, como se digerisse substância em estado de putrefação, o que

fez com cuspisse o restante do líquido.

Afirmou ter constatado, na seqüência, que se

cuidava de substância de cor escura e avermelhada, o que foi

igualmente verificado por todos os presentes, além do cheiro

insuportável.

A situação foi levada ao conhecimento da

autoridade policial da região, certo que o resultado dos exames por

parte do Instituto Adolfo Lutz indicou existência de l íquido turvo, com

partículas em suspensão e odor alterado, estando em desacordo com

a legislação emvigor e impróprio ao consumo.

Afirmou ter f icado enojada com o ocorrido,

vomitou seguidas vezes durante a madrugada posterior ao incidente e

que não consegue esquecer o aspecto, coloração, cheiro e gosto

experimentados, enfrentando repulsa e asco por todos os líquidos em

caixa. Pediu, por isso, a condenação da empresa a indenizar o prejuízo

moral, estimando-o emvalor equivalente a 250 salários mínimos.

Apelação Cível n° 428.086 -4/7, de São Paulo - Voto n°7.340j - Página 2 de 13

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QUARTA CÂMARA DE DI REI TO PRIVA DO

A sentença de fls. 241/246 julgou a ação

procedente e condenou a ré a indenizar dano moral em valor

equivalente a cem salários mínimos, por entender que, embora a ré

tenha demonstrado cuidados com a fabricação do produto, certamente

ocorreu rompimento imperceptível da embalagem, que deu causa ao

surgimento de fungos.

A ré apela para modificar a sentença. Argumenta

não admitir a presença de qualquer corpo estranho no produto, tendo

em vista o moderno e seguro sistema de industrialização, desenvolvido

com base em padrões internacionais, com alta tecnologia e que pode

ser constatado por qualquer pessoa que visite as instalações fab ris.

Ressalta que é submetida rotineiramente asevero controle de qualidade, por fiscalização sanitária nas esferas

federal, estadual e municipal, certo que conta com registro expedido

pelo Ministério da Agricultura para o produto "água de coco". Assim , o

processo industrial utilizado é imune a falhas e apenas de maneira

dolosa, com participação ou conivência de pessoas mal intencionadas,

seria possível introduzir algo estranho nas caixas de água de coco

hermeticamente fechadas.

Afirma ainda que não há nexo causai entre o

alegado defeito do produto e supostos danos o sofrido pela apelada,

como indisposição e mal estar. A conclusão do inquérito policial foi no

sentido de que não é possível atribuir responsabilidade criminal a

quem quer que seja. Diz que as demais embalagens do lote estavam

em perfeito estado de conservação e que, em decorrência do processo

Apelação Cível n° 428.086 -4/7, de São Paulo - Voto n°7.340j - Página 3 de 13

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QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

de industrialização, se alguma unidade estivesse irregular,

contaminaria todo o restante, o que não ocorreu.

Sustenta ainda que a autora não descreveu no

que consistiram os afirmados danos morais e sua extensão, limitando-

se a lançar expressões genéricas sobre sentimento de repugnância.

Argumenta que a quantia fixada na sentença, de 100 salários mínimos,não reúne qualquer parâmetro e sua quantificação, além de excessiva,

é aleatória, certo que grande parte da população sobrevive com um

salário mínimo mensal.

No caso, eventual indenização apenas terá o

condão de compensar possível dano, proporcionando à vítima algo que

atenue o sofrimento experimentado, levando-se em conta o critério

objetivo do homem médio, mas jamais pode ser fonte de

enriquecimento, de maneira que há necessidade de moderação no

arbitramento do valor respectivo e que, no caso, se mostrou

exacerbado.

Foram apresentadas contra-razões.

Esse é o relatório.

1. Não resta dúvida da existência de acidente de

consumo, decorrente da ingestão, pela autora, de conteúdo de uma

embalagem de água de coco "Kero Coco".

Tal fato se encontra comprovado pelo auto de

apreensão do produto por parte da autoridade policial, somado aos

Apelação Cível n° 428.086 -4/7, de São Paulo - Voto n°7.340j - Página 4 de 13

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QUARTA CÂMARA DE DI RE IT O PRI VADO

relatos fidedignos da autora, que se encontrava acompanhada de

familiares no momento do incidente.

Note-se que nem a própria ré coloca dúvida

objetiva sobre a ocorrência do evento, ressalvando apenas que

eventual defeito do produto não decorre da fase de criação e de

fabricação, mas eventualmente da fase de transporte ecomercialização.

2. A ré de desincumbiu com razoável proficiência

de demonstrar todos os cuidados que adota no ciclo de fabricação do

produto, evitando por sofisticados processos que qualquer impureza o

contamine.

Exibiu, além de fotos e de detalhada descrição do

processo de fabricação do produto, licenças e atestados dos mais

diversos órgãos, nacionais e internacionais, certificando a boa

qualidade do produto, exportados a diversos países.

Desnecessária, por isso, como já decidiu Acórdão

proferido contra decisão interlocutória, a realização de prova pericial

nas instalações fabris da ré, diante de sua impertinência ao julgamento

da presente ação.

Ainda que se demonstre - e no caso concreto

tanto a sentença como este Acórdão admitem tal fato - que o processo

de fabricação concentra todos os cuidados exigíveis para preservação

do produto, há responsabilidade civil do fabricante, se chegou

deteriorado nas mãos do consumidor.

Apelação Cível n"428.086-4/7, de São Paulo -Voto n°7.340} • Página 5 de 13

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3. Como consta de julgamento dos Embargos

Infringentes no. 414.146.4/6-01 desta Quarta Câmara de Direito

Privado, nos quais funcionei como relator, sabido que um dos pilares

da sociedade industrial e de consumo é a confiança.

Os fornecedores se organizam, na sociedade

capitalista contemporânea, mediante decisões racionais e critérioseconômicos, sempre na busca da maior eficiência. Há elevados níveis

de gestão - hoje governança corporativa -, com controle matemático

de produtividade, riscos e custos (Luciano Benetti Timm, Os

Grandes Modelos de Responsab ilidade Civil no direito Privado: da

culpa ao risco, in Direito do Consumidor, v. 55, p. 164; ver,

também, José Reinaldo Lima Lopes, Responsabilidade Civil do

Fabricante e a Defesa do Consumidor, RT, p. 39 e seguintes).

Unem-se os fornecedores, em decisões racionais

e calculadas na busca da eficiência máxima e derrota da concorrência,

com o objetivo de cativar o consumidor. Figura o produtor - ou

fabricante - como líder nesta cadeia, estabelecendo mecanismos

sofisticados de criação, marketing e distribuição de seus produtos, com

o objetivo de induzir o consumidor a comprá-los.

Numa relação massificada, cria-se verdadeiro

contato social entre o produtor e o adquirente final. O consumidor

compra e paga, induzido pelas mais diversas estratégias,

simplesmente porque confia no próprio produto (a marca vende os

produtos). Disso decorre o estabelecimento de uma relação de

confiança e clientela entre o produtor e o consumidor, geradora de

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efeitos jurídicos. A proeminência do produtor na relação de consumo

faz com que se desvalorize a relação entre o consumidor e o

comerciante retalhista. O papel do comerciante passa a ser de simples

entreposto, ou canal de passagem dos produtos (João Calvão da

Silva, Responsabilidade Civil do Produtor, Almedina, p. 329/330).

Tal posição é muito clara e reconhecida de modotranqüilo pela melhor doutrina. De algum modo, perante o consumidor

o comerciante representa o fabricante, dele recebendo o produto e

repassando-o ao adquirente (Arnaldo Rizzardo, Responsabilidade

Civil, Forense, p. 05).

O fabricante concentra os riscos da produção,

pois é a figura predominante na sociedade de consumo. É ele quemdomina o processo produtivo e determina os meios pelos quais os

produtos chegam às mãos dos distribuidores, varejistas e, a partir

destes, ao consumidor (Antônio Herman Benjamin, Comentários ao

CDC , E d. Juarez de Oliveira, p. 56).

4. Decorre da posição acima exposta o esquema

de responsabilidade civil do fato do produto, disciplinado nos artigos 12a 17 do Código de Defesa do Consumidor.

A responsabilidade primária prevista no artigo 12

recai sobre o fabricante, o produtor, o construtor e o importador, figuras

proeminentes do ciclo produtivo, independentemente de culpa, por

defeito do produto.

Apelação Cível n° 428.086-4/7, de São Paulo - Voto n°7.340J - Página 7 de 13

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QUARTA CÂMARA DE DI RE IT O PRI VADO

O artigo subseqüente - 13 - apenas adiciona a

responsabilidade civil do comerciante, ao dispor ser igualmente

responsável, emcertas circunstâncias. L ogo, eventual ato imputavel ao

comerciante não exclui a responsabilidade do produtor, mas apenas

soma mais um responsável solidário entre os integrantes da cadeia

produtiva.

Na lição maior de Cláudia Lima Marques,

"podemos concluir que, segundo os artigos 12 e 13 do CDC, o

fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o

importador, são responsáveis principais pela reparação dos danos

causados ao consumidor por defeito do produto independentemente de

culpa. O art. 12, em relação ao art. 13, estaria instituindo uma

hierarquia de responsáveis. Por sua vez, em casos especiais, a norma

do art. 13 acrescenta mais um responsável solidário à lista do art. 12, o

fornecedor-final ou comerciante" (Contratos no Código de Defesa do

Consumidor, 4a. Edição RT, p. 1.034).

Não resta dúvida que o produto se encontrava

impróprio ao consumo, como atesta concludente laudo pericial do

Instituto Adolfo Lutz.

O próprio auto de apreensão elaborado pela

autoridade policial momentos depois do acidente de consumo revela a

existência de produto com colocação avermelhada e odor forte,

claramente indicativo de sua inadequação à ingestão por

consumidores.

Apelação Cível n° 428.086-4/7, de São Paulo -Voto n°7.340} - Página 8 de 13

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Q U A R T A C Â M A R A D E D I R E I T O P R I V A D O

O mais provável é que a deterioração do produto

tenha ocorrido em razão de perfuração da embalagem durante o

transporte, armazenamento, ou mesmo nos momentos que

antecederam a comercialização.

A responsabilidade é objetiva, de modo que o

elemento acidental da culpa não se faz presente. Na verdade, aresponsabilidade é do produto, que não tinha as qualidades que dele

se esperava ao ser adquirido pelo consumidor. A perfeição decorrente

do dever de qualidade não se faz presente somente no momento da

alienação do fabricante para o distribuidor, mas sobretudo quando o

consum idor adquire o produto.

Perante o consumidor, o processo de produção edistribuição é uno, e a ausência de qualidade em qualquer de suas

fases contamina o produtor.

5. A excludente de responsabilidade prevista no

artigo 14, parágrafo 3°., II, do Código de Defesa do Consumidor, de

culpa - rectius, ato imputável - exclusiva de terceiro, não abrange o

com erciante ou o retalhista.

A razão é simples. O comerciante, o atacadista, o

transportador, nos termos do artigo antecedente, são responsáveis

solidários quanto praticarem o ato imputável, em acréscimo à

responsabilidade do fabricante.

Os integrantes da cadeia produtiva jamais podem

ser terceiros uns em relação aos outros, para efeito de exclusão de

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QUARTA CÂMARA DE DI REI TO PRIVA DO

responsabilidade, sob pena de quebrar o princípio da solidariedade,

em detrimento do consumidor.

Diz Sérgio Cavalieri Filho, "que o terceiro de que

fala a lei é alguém sem qualquer vínculo com o fornecedor,

completamente estranho à cadeia de consumo. Não será o

comerciante, porque este é escolhido pelo fornecedor para distribuirseus produtos" (Programa de Responsabilidade Civil, 5

a. Edição

Malheiros, p. 488). Repita-se que o comerciante - atacadista ou

varejista - não se considera terceiro no ciclo produtivo, pois é parte

fundamental nas relações de consumo. Cabe ao consumidor escolher

entre acionar o comerciante, o produtor, ou o fabricante do produto, ou

todos solidariamente (Sílvio Luis Ferreira da Rocha,

Responsabilidade Civil do Fornecedor pelo Fato do Produto no

Direito Brasileiro, Editora RT, ps. 83 e 107).

Acrescenta Antônio Herman Benjamin que o

comerciante não é terceiro, em relação ao fabricante, pois é parte

fundamental da relação de consumo. Aplica-se ao comerciante o

disposto no artigo 13 do CDC, sem excluir, no entanto, a

responsabilidade solidária do fabricante (Antônio Herman Benjamin,

Comentários ao CDC , Ed. Juarez de Oliveira, p. 67).

Em caso semelhante ao ora em comento, no qual

houve o estouro de vasilhame em supermercado, entendeu-se não ser

o comerciante terceiro, para o fim de excluir a responsabilidade civil do

fabricante (TJRGS, AC 215.043-1/2, Rei. Des. Antônio Janyr Dali'

agnol Júnior)

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Q U A R T A C Â M A R A D E D I R E I T O P R I V A D O

Isso porque se concebermos o consumidor como

quem merece, por sua condição de inferioridade no jogo de mercado,

especial proteção, deve tornar-se mais rápida e econômica sua

indenização, diminuindo-se o número de responsáveis, concentrando-

se deveres, canalizando a distribuição das perdas para o fabricante

(José Reinaldo Lima Lopes, Responsabilidade Civil do Fabricante

e Defesa do Consu midor, E ditora R T, p. 91).

A venda de produto com prazo de validade

vencido, ou com embalagem rompida e conteúdo contaminado,

constitui fortuito interno, ligado à própria atividade geradora do dano,

ou à pessoa do devedor e, por isso, leva à responsabilidade do

causador do evento. (Agostinho Alvim, Da Inexecução das

Obrigações e suas Conseqüências, Saraiva, 1.949, p. 291).

6. No mais, claro o nexo de causalidade entre a

ingestão de produto impróprio e mal estar subseqüente da

consumidora.

A ingestão de água de coco estragada, que causa

náuseas e vômitos no consumidor gera dano moral, a ser indenizadocom comedimento. É sofrimento intenso, embora momentâneo, mas

que persistiu certamente no íntimo da autora durante algum tempo.

Existiu ofensa com intensidade suficiente para configurar o dano moral

indenizável, não se constituindo mero desconforto típico da vida

cotidiana.

Apelação Cível n° 428.086-4/7, de São Paulo -. Voto n° 7.340} - Página 11 de 13

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QUARTA CÂMARA DE DI RE IT O PRIVADO

Resta a questão da f ixação do valor do dano

moral, que deve levar em conta as funções ressarcitória e punitiva da

indenização.

Na função ressarcitória, olha-se para a vítima,

para a gravidade objetiva do dano que ela padeceu (Antônio Jeová

dos Santos, Dano Moral Indenizável, Lejus Editora, 1.997, p. 62).

Na função punitiva, ou de desestímulo do dano moral, olha-se para o

lesante, de tal modo que a indenização represente advertência, sinal

de que a sociedade não aceita seu comportamento (Carlos Alberto

Bittar, Reparação Civil por Danos Morais, ps. 220/222; Sérgio

Severo, Os Danos E xtrapatrimo niais, ps. 186/190).

Da congruência entre as duas funções é quese extrai o valor da reparação. No caso concreto, revela-se elevado o

montante de 100 (cem) salários m ínimos, fixado pelo MM . Juízo aquo

para a indenização por danos morais, porquanto embora perfeitamente

compreensível a reação da autora no momento em que ingeriu a

bebida e na época posterior dos fatos, o mal que a acometeu foi breve

e não deixou seqüelas.

Atente-se, ainda, à orientação atualmente adotada

pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de ser vedada a

vinculação do salário mínimo ao valor da indenização por danos morais

(REsp 871465/PR, Rei. Min. Jorge Scartezzini; REsp 618554/RS,

Rei. Min. Hélio Quaglia Barbosa; REsp 679248/RJ, Rei. Min. Nancy

Andrighi).

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QUARTA CÂMARA DE DI RE IT O PRI VADO

Tendo em vista tais considerações e

considerando-se que a indenização não deve servir como

enriquecimento para a autora, o recurso da empresa comporta

provimento parcial, para que o quantum indenizatório seja reduzido

para R$ 15.000,00 (quinze mil reais), corrigida a partir desta data pelos

índices da Tabela do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pois

fixada emvalores contemporâneos.

Incidirão juros moratórios na forma estabelecida

na sentença.

As verbas de sucumbência foram bem f ixadas e

não comportam redução, pois os danos morais são meramente

estimativos no pedido inicial.

Pelo exposto, ao recurso foi dado parcial

provimento.

O julgamento teve a participação dos

Desembargadores ÊNIO ZULIANI e MAIA DA CUNHA.

São Paulo, >8j ieHt i fTto/aV2009.

iNCISCO LOUREIRORelator

Apelação Cível n° 428.086-4/7, de São Paulo -Voto n°7.340] - Página 13 de 13

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tífj \ pi» P O D E R J U D I C I Á R I O

%:-Í*Ç- TRIBUNAL DE JUSTIÇA BO ESTADO DE SÃO PAULO

4 a Câmara de Di re i to Pr ivado

DECLARAÇÃO DE VOTO VENCEDOR

Consumidor. Fato do produto. Indenização. Defeitodo produto ingerido pela autora e fabricado pela ré.

Responsabilidade objet iva que emana do art . 12 doCódigo de Defesa do Consumidor. Ingestão doproduto deteriorado que ocasionou grave repulsaao consumidor, inclusive com atendimento médico,que caracteriza dano moral por fugir do simplesdesconforto dos dissabores do cotidiano. Danomoral que deve ser f ixado em R$ 15.000,00 paraajustar-se aos critérios de não enriquecer ouempobrecer os envolvidos e ao mesmo temporeparar a vítima e impelir o ofensor a maior zelopara evitar fatos futuros semelhantes. Recursoparcialmente provido.

A ação é de indenização por dano moral decorrente

da responsabilidade pelo fato do produto que consistiu em ingestão de água de

coco industrial izada, conhecida como "kero coco", que se mostrava inadequada

ao consumo pela presença de fungos e outros microorganismos e, por

conseguinte, pela ausência da segurança e qualidade que é esperada pelo

consumidor.

0 digno Magistrado sentenciante julgou procedente

a ação para condenar a ré ao pagam ento de valor equ ivalente a 100 salários

mínimos, propondo o digno Desembargador relator, acompanhado pelo digno

Desembargador revisor, o provimento parcial do recurso para reduzir o valor

para R$ 15.000,00 corrigidos a partir do v. acórdão.

Pedi vista para melhor exame da matéria de fato.

O meu voto acompanha o dos demais julgadores.

É do proãtrtox ou/do fabricante a responsabil idadeem relação ao produto que chega com defeito ao consumidor por alguma

ocorrência havida na cadeia produtiva integrada peto comerciante que faz a

Apelação n" 428.086-4/7 Sflo Paulo / v o í o ir 18.474 - PAMC /Marcía

\

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P O D E R J U D I C I A R 1 O

TRIBUNAL DE JUSTIÇA D O ESTADO DE SÃO PAU LO

4 a Câmara de Direi to Privado

venda e en t rega f i na l . É do fabr icante a responsa bi l idade p r inc ipa l , v is t o qu el íde r da cade ia p rodu t i va , de quem, pe ran te o consumidor , o comerc ian te é mero

rep resen tan te ou p repos to .

A ação inden iza tó r ia po r fa to do p rod u to tem o r ige m

no defe i to da água de coco inger ida pe la autora e fabr icada pe la ré ape lante , que

o Cód igo de De fesa do Consumidor t ra ta como p rodu to de f i c ien te e capaz de

ocas ionar danos ao consumidor .

A questão d iscut ida nos autos está t ra tada no ar t . 12

do Código de Defesa do Consumidor , por meio do qua l se regu lou aresponsabi l idade do fabr icante em re lação a produtos que acarre tam r iscos à

saúde e segurança do consumidor , e , ao mesmo tempo , de f in iu a ob r igação de

in fo rmar co r re ta e adequadamente ace rca dos r i scos e da mane i ra co r re ta de

manuse io do p rodu to pe r igoso .

O ar t . 12 do Código de Defesa do Consumidor (Le i

n° 8078/90) não de ixa nenhuma dúvida de que a responsabi l idade c iv i l do

fab r i can te é ob je t i va ( i ndependen te de cu lpa ) quando se t ra ta r de de fe i to do

produto ou in formação inadequada e insuf ic iente sobre e a forma de usá- lo e osriscos do seu uso. No § 3 o , inc isos I a I I I , excepciona a responsabi l idade c iv i l do

fab r i can te quando p rova r que não co locou o p rodu to à venda , que não t i nha

defe i to ou que houve cu lpa exc lus iva do consumidor ou de terce i ro .

A p ropós i to , não cus ta des taca r que , em se t ra tando

de responsabi l idade ob je t iva do fabr icante , como se extra i da le tra expressa do

ar t . 12 do Código de Defesa do Consumidor , é per fe i ta l i ção de Sí lv io Luís

Ferreira da Rocha no sentido de que "O Código de Defesa do Consumidor reduziu o

rol dos fatos a serem comp rovados pela vítima. A vítima deve apenas provar o dano e o

nexo de causalidade dentre o dano e o produto defeituoso. Presume-se o defeito do

produto, comp etindo ao fornecedor o ônus de provar sua inexistência, ex vi do disposto

no artigo 12, parágrafo terceiro, II, do citado diploma legal" (Responsabi l idade c iv i l do

fornecedor pe lo fa to do produto no d i re i to bras i le i ro , Ed. RT, 1992, p . 90) .

E não há , no caso , nenhuma exc luden te .

En f im , os fund am entos exp end idos pe lo d igno

Desembargador re la to r , com l i ções dou t r i ná r ias e p receden tes j u r i sp rudenc ia i s

per fe i tamente ap l icáve is ao caso cõnereto , bastam para que não se a longue

desnecessar iamente em pontos que com c lareza e rara prec isão está descr i to

acerca da responsabi l idade da ré \ ape lan te no vo to co nd uto r do d igno

Des emba rgador re la to r . \ 1 / x^ _

Apeiação n" 428,086-4/7 São Fábio -J/MO rf 18.474 - FAMOTviareía

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ig_W £. P O D E R J U D I C I Á R I O

C&újjfci-. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

4 a C â m a r a d e D i r e i t o P r i v a d o

De outro lado, é cer to que a ingestão do produtode fe i tuoso , em espec ia l quando es t ragado ou de te r io rado , ocas iona ,

indub i tave lmen te , sensação repugnan te no consumidor , sendo ace i táve l que ,

du ran te a lguns d ias , o ma l es ta r pe rmaneça . A inda ma is quando se segu iu , a

par t i r da i nges tão , p rob lemas es tomaca is que resu l ta ram inc lus i ve i n te rnação

hosp i ta la r .

A questão a ser ana l isada, em cada caso, é se o

descon fo r to e o d i ssabor exper imen tados a l cançam o dano mora l i nden izáve l .

É ve rdade q ue , em g rand e pa r te dos casos , opadec imen to de ma l -es ta r o r iundo do consumo de p rodu to de te r io rado não é

capaz de ense ja r danos mora is po rque cons t i tu i abo r rec imen to comum e

inerente à v ida em sociedade sempre su je i ta a c i rcunstâncias excepciona is de

desgos to em re lação a de fe i tos de p rodu tos . A con f igu ração do dano mora l

depende de t rans to rnos anorma is e ex t rao rd iná r ios capazes de a ten ta r con t ra os

d i re i tos da personal idade, como a honra, pr ivac idade, va lores é t icos, v ida soc ia l

e sent imentos de repu lsa e ind ignação.

O su rg imen to do dano mora l , po r tan to , depende nãosó da g rave repu lsa sen t ida po r quem exper imen ta a i nges tão de p rodu to

deter iorado, mas também da grav idade da ind isposição f ís ica e ps ico lóg ica que o

consumo do p rodu to ocas ionou .

No caso, fo i bem reconhecida a presença do dano

mora l i nden izáve l , ta l como se reconheceu an te r io rmen te nes ta 4 a Câmara de

Di re i to Pr i vado em ou t ros j u lgamentos , i nc lus i ve de m inha re la to r ia (Ape lação n°

3 9 2 .2 6 7 -4 /8 , e m 1 8 .0 5 .2 0 0 6 , V T 1 1 0 9 5 , c o m p o n d o a tu rm a j u l g a d o ra o s

Desem bargadores Te ixe i ra Le i te e Na tan Ze l i nsch i ; Ape lação n° 55 4 . 19 8- 4 / 2 , em

0 6 .0 3 .2 0 0 8 , V T 1 4 7 3 7 , c o m p o n d o a tu rm a j u l g a d o ra o s De s e m b a rg a d o re s Fá b i o

Quadros e Francisco Loure i ro) .

O va lo r do dano mora l fo i bem a rb i t rado .

A ju r i sp rud ênc ia , a lém de te r evo lu ído pa ra am en iza r

os va lores excess ivos das condenações, inc lus ive por conta de ju lgamentos do

Colendo Super ior Tr ibunal de Just iça , pac i f icou-se no sent ido de que os cr i té r ios*

pa ra o es tabe lec imen to do dano mora l devem pau ta r -se pe lo cu idado de não

enr iquecer e nem em pobrece r l os envo lv idos , devendo se r de m odo ta l que

compense a v í t ima e impeça o o fensor da p rá t i ca de a tos fu tu ros seme lhan tes .

Nesse \ c o n t e x t o ) e-^-veri f icadas as condições da

o fensora e do o fend ido , o va lo r i nden iza tóno no mon tan te de R$ 15 .000 ,00Apelação ir' 428.086-4/7 Sühhuát-- Voto i f 18.474 - PÂMC/Marcía

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í&ífè P O D E R ,1 ir D I C I A RI O

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4 a Câmara de Direito Privado

melhor se ajusta aos parâmetros da jurisprudência no sentido de não promoverao enriquecimento sem causa sem ser pouco para reparar a vítima da ofensa e

impelir a conhecida empresa fabricante a cuidado e zelo ainda maior para evitar

novos fatos semelhantes.

í\Pelo exposto, e para o f im acima me ncionad o, é

que se dá parcial provimento

DA CUNHA

30 JUIZ

Apelação n" 428.086-4/7 São Paulo Voto n° 18.474 - FAMC /Maxcía