osteoporose.doc
TRANSCRIPT
Doença silenciosa, osteoporose é vilã da qualidade de vida do idosoA osteoporose é uma doença silenciosa que costuma se revelar após a primeira fratura. Provocada pela perda de massa óssea, atinge idosos de ambos os sexos, mas principalmente mulheres no período pós-menopausa, quando seus corpos perdem densidade óssea com a redução dos níveis do hormônio estrógeno.
Sem cura, mas com tratamento acessível para diminuir os riscos de lesões, a doença tem como primeiro sintoma as fraturas de fêmur, quadril, vértebras e pulso. Em especial no caso dos idosos, quando isso acontece o reflexo é direto na perda de qualidade de vida, alteração da rotina familiar e enormes custos aos cofres públicos. De acordo com a Fundação Internacional de Osteoporose, uma em cada três mulheres e um em cada cinco homens acima de 50 anos sofrerão uma fratura decorrente de osteoporose até o fim da vida.
Em 2011, o Governo Federal gastou com internações por fraturas de idosos quase R$ 80 milhões, quantia que cresce ano a ano. No Brasil, 10 milhões de pessoas sofrem com a doença, mas somente uma em cada três é diagnosticada e, dessas, uma em cada cinco recebe algum tipo de tratamento. Os tombos e as consequências da doença para os mais velhos no país têm assumido dimensão de epidemia, atesta o Ministério da Saúde.
Até os 30 anos, o organismo consegue manter sozinho o equilíbrio do processo de renovação. A partir daí, a perda óssea aumenta com parte do processo natural de envelhecimento e é preciso fornecer cálcio para ajudar o organismo nessa batalha.
Governo e iniciativa privada tentam melhorar a saúde óssea dos brasileiros e reverter o cenário traçado na esteira do aumento da expectativa de vida. Para lutar contra a osteoporose basta adotar medidas simples: dieta rica em cálcio (derivados de leite), exercícios físicos, tomar sol e evitar o fumo e consumo de bebidas alcoólicas. Apesar de atingir principalmente os idosos, a prevenção deve começar na infância.
Canarinho Press Especial para o Terra
Informação
A osteoporose, que significa osso poroso, é uma doença que provoca a perda de
massa óssea e a desorganização da microarquitetura dos ossos, tornando-os frágeis e
desgastados e, assim, mais suscetíveis a fraturas. Idosos de ambos os sexos estão no
grupo de risco, mas as mulheres são as maiores vítimas no período pós-menopausa
porque perdem densidade óssea mais rapidamente à medida que seus níveis de
estrógeno caem nos anos seguintes à menopausa.
A percepção das mulheres e da população em geral sobre a doença foi avaliada em
uma pesquisa inédita encomendada pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e
Osteometabolismo (Abrasso) ao Ibope. O resultado demonstra muita falta de
informação. No universo das mulheres com mais de 45 anos entrevistadas, só 22%
citaram a doença como causa de fraturas. A desinformação mobiliza a iniciativa
privada e o Governo em campanhas, como awww.sejafirmeforte.com.br promovida
pela Abrasso e outras entidades do setor.
Como é feito o diagnóstico?
O exame mais indicado atualmente é a densitometria óssea. Esta análise rápida e
indolor – uma espécie de radiografia da coluna e do fêmur – consegue quantificar a
perda de massa óssea. Até 10% de perda de massa óssea na comparação com um
osso saudável, o resultado é considerado normal. Percentuais entre 10% e 25% de
perda de massa óssea colocam o paciente na fase da osteopenia, estágio inicial da
doença. Acima de 25% de perda de massa óssea é diagnosticada a osteoporose.
Na mesma pesquisa feita pelo Ibope, 60% das mulheres com mais de 45 anos
disseram nunca ter feito um exame para detectar a doença.
Osteoporose cresce no País; com ela aumentam as fraturas
Uma em cada três mulheres com mais de 50 anos tem osteoporose. O dado faz parte
de uma pesquisa da Fundação Internacional da Osteoporose (IOF, na sigla em inglês)
elaborada com dados disponíveis em 14 países da América Latina.
No Brasil, o estudo calcula em 3 milhões as mulheres acima dos 50 anos que vivem
com fraturas vertebrais, a maioria sequer possui o diagnóstico de osteoporose. O
relatório aponta que nas próximas décadas haverá uma explosão de fraturas por
fragilidade em consequência dessa doença. Atualmente, em torno de 20% da
população brasileira tem 50 anos ou mais e 4,3% está acima de 70 anos.
Cristina Hoffmann, coordenadora da Área Técnica de Saúde do Idoso, do Ministério da
Saúde, estima em 10 milhões as pessoas com osteoporose no país. O mais
preocupante, entretanto, é que somente uma em cada três com osteoporose é
diagnosticada e, dessas, apenas uma em cada cinco recebe algum tipo de tratamento.
Conheça os tipos de osteoporose
Duas são as formas de osteoporose: a fisiológica ou primária e a secundária,
geralmente desenvolvida em consequência de outras doenças.
A primária é causada pelo próprio processo natural de envelhecimento. No caso das
mulheres, ocorre em decorrência da menopausa. A osteoporose pós-menopausa está
associada à diminuição da produção de estrógeno pelo corpo. Esse tipo de
osteoporose é a de maior incidência.
A primária ocorre principalmente por alterações hormonais, mas pode estar associada
ao sedentarismo, tabagismo, etilismo, histórico familiar e dieta inadequada. A soma de
diversos fatores faz com que o indivíduo desenvolva a doença.
Já a forma secundária pode se desenvolver por doenças que diminuem a massa
óssea: doenças do sistema endócrino, genéticas, inflamatórias crônicas intestinais,
renais, difusas do tecido conectivo e hematológicas (do sangue). Pode ser ainda
devido à síndrome da má absorção, baixa ingestão de cálcio, distúrbios alimentares,
câncer ou por cirurgias gástricas e do sistema digestivo.
Perda da massa óssea começa mais cedo do que você pensa
Até os 30 anos, o organismo sozinho consegue manter o equilíbrio entre os processos
de destruição (reabsorção) e formação. O osso velho é destruído por células
chamadas osteoclastos e restituído por células reconstrutoras: os osteoblastos.
A partir daí, a perda óssea aumenta gradativamente como parte do processo natural
de envelhecimento, mas o processo de formação não consegue acompanhar. Por
isso, é preciso fornecer cálcio ao organismo. Quem pratica atividade física
regularmente tem ossos saudáveis e mais fortes porque os exercícios ajudam na
recomposição óssea.
Causas da osteoporose
A osteoporose é consequência do envelhecimento e afeta principalmente as mulheres
nos anos seguintes à menopausa, quando o corpo perde a densidade óssea com a
queda dos níveis de estrógeno. Diversas doenças que causam a perda de massa
óssea são capazes de contribuir para o desenvolvimento, assim como a falta de
exercício físico, o fumo, o consumo de bebida alcoólica, a má alimentação e o histórico
familiar.
A doença é causada pelo desequilíbrio entre as células que produzem a substância
óssea e as células que destroem a substância óssea, afetando o ciclo normal de
renovação. A perda de substância óssea torna-se tão acentuada que mesmo as
atividades cotidianas de esforço mínimo podem provocar fraturas.
Foto: Getty images
Mulheres são as maiores vítimas
Elas são maioria no grupo de risco da osteoporose. Estudos apontam que no Brasil
cerca de 30% das mulheres têm a doença no período pós-menopausa. Nesse período
da vida, os níveis de estrógenos – hormônio produzido no ovário e responsável pela
fixação do cálcio – caem muito e essa baixa hormonal contribui para a evolução da
doença.
Diante desse cenário, os médicos recomendam às mulheres a partir dos 45 anos
fazerem exames de densitometria óssea para avaliar a saúde óssea.
Apesar da alta incidência após a menopausa, o desconhecimento entre as mulheres
preocupa, como mostra a pesquisa do Ibope encomendada pela Abrasso. A
menopausa é mencionada apenas como quinto fator que pode desenvolver a doença,
por 11% das mulheres com mais de 45 anos. Nesta faixa etária, 20% não sabem o
que leva a desenvolver a doença.
Confira a tabela: O que leva a desenvolver a osteoporose
Quem mais faz parte do grupo de risco
Além dos idosos acima dos 70 anos, as pessoas com baixo peso, de raça branca e
com histórico de doença na família são mais suscetíveis a desenvolver o problema.
Fumo, ingestão de bebida alcoólica, falta de atividade física, dieta pobre em cálcio e
pouca exposição à luz solar contribuem para o maior risco.
“A combinação de fumo, álcool e sedentarismo aumenta o risco de fratura. Pior do que
fumar para desenvolver a osteoporose, só se a mãe do paciente também teve a
doença”, afirma o médico Bruno Muzzi Camargos, presidente da Associação Brasileira
de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
Medicações por tempo prolongado podem desencadear osteoporose
O uso contínuo de alguns medicamentos pode agravar ou acelerar a perda de massa
óssea, levando ao desenvolvimento da osteoporose. Entre estes estão a heparina,
corticosteróides, retinóides, extratos tireoideanos, lítio, cádmio, metotrexate,
hidantoinatos e gardenal. Nesses casos, o próprio médico que prescreve essa
medicação deve entrar com tratamento para contornar a perda de massa óssea.
Foto: Getty images
Foto: Getty images
Crianças podem desenvolver osteoporose
Comum em adultos mais velhos e idosos, a osteoporose pode afetar também crianças
e adultos jovens em situações adversas, com portadores de doenças crônicas ou
aqueles submetidos a tratamentos prolongados durante a fase de crescimento.
A osteoporose juvenil pode ser consequência de uma série de doenças que causam
perda de massa óssea, sejam elas genéticas ou não. O estilo de vida também pode
desencadear o problema, como a inatividade excessiva, a desnutrição e o excesso de
exercício físico que pode levar à amenorreia, como é chamada a ausência regular de
menstruação. Durante os 12 meses do ano, é considerado normal a mulher ter até três
ciclos com atrasos, superior a isso é bom procurar o médico.
Em crianças, a osteoporose pode causar dor nas costas, nos quadris e nos pés e às
vezes até dificuldade para caminhar. Dor no joelho, tornozelo e fraturas das
extremidades inferiores são possíveis. Mas assim como nos idosos, o diagnóstico na
infância normalmente é feito apenas quando a criança tem um osso fraturado.
Os riscos dessa doença silenciosa
Em qualquer de suas formas, a osteoporose se desenvolve sem apresentar sintomas
por longos períodos. As primeiras manifestações clínicas costumam ocorrer quando a
perda de massa óssea já superou níveis de 30%, 40%, normalmente quando uma
queda boba se traduz em fratura. A ausência de sintomas torna fundamental a
prevenção e o tratamento precoce.
Levando em conta que o número de mulheres em risco de desenvolver osteoporose
após a menopausa aumenta à medida que a população vai envelhecendo, é
fundamental identificar com antecedência quais as que se encontram em risco de
sofrer fraturas. Das entrevistas com mais de 45 anos pelo Ibope, 13% confirmaram ter
sofrido fraturas após os 40 anos. Após esse incidente, 36% delas disseram que a
qualidade de vida piorou um pouco e 26% piorou muito.
Primeira fratura pode ser primeiro sintoma
Na maior parte dos casos, as fraturas em pessoas com ossos enfraquecidos ocorrem
após uma simples queda ou uma batida durante uma atividade cotidiana.
Depois da fratura acaba vindo o diagnóstico da osteoporose e o paciente é obrigado a
conviver com a dor crônica, a incapacidade e a piora da qualidade de vida. No caso
das fraturas de quadril, o paciente quase sempre precisa de hospitalização e cirurgias
de grande porte. Esses casos estão associados ao maior risco de morte.
Risco de fraturas cresce acima dos 50 anos
De acordo com a Fundação Internacional de Osteoporose, uma em cada três
mulheres e um em cada cinco homens acima de 50 anos sofrerão uma fratura
decorrente de osteoporose até o fim de sua vida. Em todo o mundo, estima-se que
uma fratura causada pela osteoporose ocorra a cada três segundos, e uma fratura
vertebral a cada 22 segundos.
Corcunda pode ser sinal de coluna com microfraturas
Dores nas costas normalmente são associadas a problemas posturais. Mas esse
desconforto já pode ser um sinal do corpo de que o osso está microfraturado em
consequência da osteoporose. Estudo divulgado pela Fundação Internacional de
Osteoporose (IOF, na sigla em inglês) revela os preocupantes números de fratura de
coluna. Atualmente 27,5% das mulheres e 31,8% dos homens com mais de 65 anos
apresentam problemas nesta área do corpo, sinais que costumam aparecer na forma
das populares corcundas. Em um universo de 21 milhões de brasileiras com mais de
50 anos, a estimativa é de que 3 milhões vivam com este tipo de fratura sem saber. As
microfraturas causam dor, incapacidade de realizar atividades diárias e podem
diminuir a altura do paciente em até seis centímetros.
Após o diagnóstico, hora de avaliar os riscos
Diagnosticada a osteoporose, cabe ao médico avaliar os fatores de risco que possam
levar a uma fratura. Além da densitometria óssea, os especialistas têm a disposição
uma ferramenta desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde que ajuda calcular
a probabilidade de uma pessoa sofrer uma fratura nos próximos dez anos.
Ela combina a densidade mineral a oito fatores e revela o risco absoluto de fraturas de
fêmur, quadril, vértebras e pulso. Essa conta é importante porque ajuda a montar um
tratamento que garanta melhoria na qualidade de vida dos pacientes.
O que é osteopenia?
A osteopenia é o estágio intermediário de perda de massa óssea entre uma pessoa
saudável e uma com osteoporose. Essa fase é a ideal para começar o tratamento.
Mesmo assim, as pessoas com essa doença apresentam riscos aumentados de
fraturas e devem ser acompanhadas por especialistas. Nem todas as pessoas
diagnosticadas com osteopenia, entretanto, desenvolverão osteoporose.
Quais médicos podem fazer o diagnóstico?
A osteoporose caracteriza-ser por ser uma doença multidisciplinar que pode ser
tratada por inúmeros especialistas. Ginecologistas acompanham as transformações
hormonais da mulher. Os reumatologistas por causa das doenças reumáticas que
podem levar à osteoporose. Os endocrinologistas em consequência das doenças
endócrinas. Os ortopedistas no caso das fraturas. Os geriatras por tratarem dos
idosos. E os oncologistas por prescreverem medicamentos que afetam a massa
óssea.
A pesquisa da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo
(Abrasso) encomendada ao Ibope, no entanto, aponta que o clínico geral é o médico
que primeiro toca no assunto com os pacientes
SUS oferece os exames
O exame de densitometria óssea (o que pode constatar a osteoporose) é oferecido
pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quando um médico do sistema público identifica
fatores de risco em um paciente. Por ser um exame complexo, está disponível pelo
SUS apenas em cidades maiores.
Como são formados os ossos?
O osso é um tecido vivo em constante atividade. É formado por colágeno (proteína),
cálcio e minerais. Cada osso é composto por uma camada externa de osso cortical e
uma interna de trabecular, conhecido como esponjoso pela sua aparência. Depois dos
30 anos a capacidade de regeneração diminui. Esse processo atinge com maior
frequência os ossos trabeculares aos corticais, por causa da sua composição
esponjosa (como nas vértebras e nos punhos). Bem mais tarde, os ossos de
composição mais cortical começam a fraturar (como o quadril). Presidente da
Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), Bruno
Muzzi Camargos, detalha que 80% da massa óssea é herança genética, se parece
com os dos antepassados. Apenas os 20% restantes são reflexos do ambiente em que
cada indivíduo vive.
Osteoporose afeta toda família
A osteoporose pode aumentar a incidência de quedas na terceira idade. Os tombos e
as consequências da doença para os idosos no Brasil têm assumido dimensão de
epidemia, atesta o Ministério da Saúde. Os custos para o idoso que cai e acaba se
fraturando são grandes e repercutem em toda a família.
Para o sistema de saúde, as despesas para atender esses pacientes são elevadas e
crescentes. Em 2011, o Governo Federal gastou quase R$ 80 milhões com
internações de idosos que sofreram fraturas.
Tratamento e prevenção da osteoporose
Eu tenho osteoporose, e agora?Se o diagnóstico apontou que você tem osteoporose, ou seja, a sua perda de massa
óssea supera os 25% de uma pessoa normal, o tratamento começa agora. A maior
parte depende de você. Alimentação rica em cálcio e vitamina D associada a
exercícios físicos e medicamentos. O mais importante é o acompanhamento médico.
O professor de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jamil
Natour, afirma que o objetivo principal é a redução do número de fraturas, porque a
doença deixa o osso frágil. “De um lado é preciso melhorar a qualidade da massa
óssea e de outro diminuir o risco de quedas”, detalha.
Canarinho Press
Especial para o Terra
Foto: Getty Images
Como é o tratamento com medicação?
O médico reumatologista Thiago Bitar Barros, consultor do portal Reumatoguia, criado
para desmistificar as doenças reumáticas e orientar os pacientes que convivem com o
problema, ressalta que o tratamento é individualizado.
Entre os diversos medicamentos disponíveis, ele destaca os bisfosfanatos -
moduladores seletivos dos receptores de estrogênio -, o hormônio da paratireoide
(PTH), o ranelato de estrôncio e mais recentemente o primeiro remédio biológico
específico para osteoporose (Denosumabe).
Os medicamentos podem ser divididos em duas categorias: antirreabsortivos (ou
anticatabólicos), que agem inibindo a perda óssea, e os anabólicos, que estimulam a
formação óssea.
Os antirreabsortivos - que incluem estrogênio, os bisfosfanatos e os anticorpos
monoclonais humanos - reduzem a destruição dos ossos levando ao aumento da
densidade mineral óssea.
Já os anabólicos, que incluem o hormônio da paratireoide (não disponível no Brasil) e
a teriparatida estimulam diretamente o processo de formação óssea, aumentando a
densidade mineral óssea e diminuindo o risco de fraturas por fragilidade.
Ranelato de estrôncio é outro medicamento que reduz o risco de fratura. Ele produz
efeitos menos intensos sobre a remodelação óssea e, provavelmente, melhora a força
dos ossos.
Medicamentos para osteoporose estão disponíveis na Farmácia Popular
O tratamento de osteoporose é garantido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) com
base em uma portaria de julho de 2002. Estão disponíveis duas dosagens de
bisfosfanatos, considerado o principal medicamento para o tratamento da doença. Os
medicamentos são os seguintes: Alendronato em cápsulas de 10 mg e 70 mg
Tratamento pode ser mais rápido do que você pensa
Nem sempre o tratamento medicamentoso para o osteoporose é para a vida toda. Em
média, a medicação para controlar a doença dura de quatro a cinco anos. O paciente
é tratado e, quando responde ao tratamento, recebe alta. A mudança de hábito, que
incluiu exercícios físicos e alimentação rica em cálcio, essa sim é para vida toda.
Conforme a pesquisa inédita que avaliou a percepção das mulheres e da população
em geral sobre a doença encomendada pela Associação Brasileira de Avaliação
Óssea e Osteometabolismo (Abrasso) ao Ibope, 69% das mulheres com mais de 45
anos entrevistadas fazem uso de medicação para osteoporose. Desse percentual de
mulheres em tratamento, 19% está há menos de um ano, 23% entre um e dois anos,
35% entre dois e cinco anos e 22% há mais de cinco anos.
Três ações fundamentais para prevenir osteoporose
Segundo a Fundação Internacional de Osteoporose (IOF, na sigla em inglês), a
prevenção é formada por um tripé:
- dieta balanceada, com verduras, legumes e frutas, rica em cálcio, vitamina D e
proteínas;
- prática regular de exercícios físicos para o fortalecimento muscular e dos ossos;
- realização de exames para o diagnóstico precoce da doença, a densitometria óssea.
As mulheres na pós-menopausa devem fazer o exame a cada dois anos.
Como melhorar a massa óssea
Para melhorar a massa óssea, os médicos associam medicação à atividade física. Se
o osso não for submetido a uma carga de compressão (exercícios de impacto) e
tração (fortalecimento), ele tende a se desmineralizar, ou seja, perde massa. Os ossos
param de perder massa com a medicação e os exercícios ajudam a melhorar a
qualidade do osso.
A atividade física é importante, pois aumenta a força do músculo exercitado e do osso.
Como o músculo está ligado ao osso por tendões, estes farão uma pressão maior no
osso na hora da atividade. Para que esse osso aguente a pressão, ele também irá se
adaptar e se fortalecer aumentando a massa óssea com maior absorção de minerais
(cálcio e fósforo).
Exercício físico, um aliado na prevenção e no tratamento
Fazer exercícios físicos como caminhada, corrida, ginástica, musculação e dança são
importantes em todas as fases da vida. Eles auxiliam no processo de formação da
massa óssea nos jovens, mantêm a densidade do osso nos adultos e retardam a
perda de massa óssea nos idosos.
Pensando nisso, a Comissão de Doenças Osteometabólicas e Osteoporose elaborou
uma série de exercícios para os pacientes com osteoporose, incluindo esses de
alongamento que estão disponíveis no site www.sejafirmeforte.com.br.
1. Pescoço – incline a cabeça em direção ao ombro para o lado direito e esquerdo,
para cima e para baixo.
2. Tríceps – coloque a mão atrás da cabeça e com a mão contralateral puxe o cotovelo
para baixo.
3. Músculo peitoral – cruze as mãos atrás da cabeça e empurre os cotovelos para trás
abrindo o peito (estimule a respiração profunda).
4. Músculos paravertebrais e glúteos – aperte com as mãos os joelhos e, ao mesmo
tempo, force as coxas e os joelhos em direção ao tórax. Conte até dez, devagar, e
depois solte. Certifique-se de que os ombros e o pescoço estão relaxados.
5. Panturrilha – empurre a parede (alterne os pés). Coloque as mãos contra a parede
com uma perna atrás da outra. Mantenha a perna que está reta e os dedos olhando na
direção da parede. Incline o corpo para frente, devagar, dobrando a perna que está à
frente. Você deve sentir alongar a panturrilha, sem tirar o calcanhar do chão. Segure
nesta posição contando até 10 devagar.
6. Ísquios tibiais (musculatura posterior da coxa) – com as pernas apoiadas na parede,
force os dedos dos pés na direção do seu corpo. Conte até 10, devagar, e descanse.
7. Músculo quadríceps – Apoie uma mão na parede, dobre o joelho para trás elevando
o pé e puxe-o com a mão em direção ao glúteo.
Foto: Shutterstock
Pessoas com osteoporose resistem aos exercícios
Se inserir o exercício físico na rotina de uma pessoa saudável já é difícil, no dia a dia
de uma pessoa com osteoporose pode ser ainda mais complicado. Isso faz da
atividade física a principal causa de rejeição e desistência no tratamento de
osteoporose, revela o médico e professor de Reumatologia pela Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp), Jamil Natour.
O contraditório é que o grupo de risco tem consciência da importância da atividade
física para o tratamento. A prática de exercícios físicos regulares aparece em segundo
lugar dentre as medidas conhecidas para prevenir osteoporose pelas mulheres acima
de 45 anos entrevistadas pelo Ibope. O instituto de pesquisa avaliou recentemente a
percepção das mulheres e da população em geral sobre osteoporose a pedido da
Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
Quedas são frequentes na velhice
São muitos os fatores que contribuem para o aumento de quedas na terceira idade.
Independentemente da causa, se a pessoa tem osteoporose e sofre uma queda a
consequência fatalmente será uma fratura.
Por isso, cabe ao médico avaliar a rotina do idoso para descobrir quais os motivos que
normalmente causam suas quedas e tentar minimizar ao máximo esses riscos.
Problemas de equilíbrio são normais nos idosos, normalmente associados ao
processo natural de envelhecimento. Algumas medicações de uso frequente para o
tratamento de outras doenças também podem levar ao desequilíbrio.
Pequenas mudanças dentro de casa
Medidas simples precisam ser adotadas pela família que tem um paciente com
osteoporose confirmada para evitar quedas e, consequentemente, as fraturas. Apesar
de incluir a retirada de alguns objetos e a realocação ou substituição de outros, essas
alterações no cotidiano familiar causam grande resistência e até desistência do
tratamento de osteoporose, revela Jamil Natour, professor de Reumatologia da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Entre os itens que geram maior contrariedade, Natour aponta a retirada dos tapetes.
Segundo ele, muitos idosos são reticentes com essas pequenas interferências, por
mais banais que possam parecer. E a justificativa é sempre a mesma: “mas eu nunca
caí”. O problema é justamente esse, sempre pode haver a primeira vez e o tapete
pode ser o vilão do escorregão.
Animais de estimação podem provocar quedas
Se por um lado os animais de estimação cumprem um papel importante na vida do
idoso, eles também podem ser causas de acidentes domésticos. O professor de
Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Jamil Natour, diz que
essa conversa é sempre difícil.
“O idoso que tem um animal de estimação não quer nem saber da possibilidade de
abrir mão do bichinho. Mas muitas vezes, principalmente se for um cão pequeno ou
um gato, o animalzinho pode passar pelo meio das pernas do idoso e causar uma
queda”, exemplifica Natour.
Adaptação da casa para a maior segurança do idoso
Nem sempre a simples retirada de alguns objetos ou uma nova disposição dos móveis
é suficiente para garantir a segurança do idoso com osteoporose confirmada.
Se o médico considerar necessário, ele pode sugerir pequenas interferências dentro
da casa para o melhor conforto. Isso pode incluir a colocação de corrimões, a remoção
de móveis baixos e até mesmo a adaptação do banheiro do dormitório, com barras e
corrimões.
Tabagismo e alcoolismo não combinam com tratamento
Segundo o professor em Reumatologia pela Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), Jamil Natour, não está esclarecido o que causa especificamente a perda de
massa óssea no caso do fumo e do consumo de álcool, mas está comprovado que as
duas substâncias são tóxicas para os ossos.
Está comprovado cientificamente também que o consumo de sal e cafeína deve ser
evitado. Eles podem acarretar a perda de cálcio no organismo, especialmente se a
ingestão de cálcio for inadequada.
Exposição solar é fundamental no tratamento
A importância de se expor à luz solar no tratamento de osteoporose está ligada a
produção de vitamina D pelo corpo. O tempo ideal de exposição sem filtro solar
recomendado varia de um especialista para outro. Mas considera-se que até 15
minutos por dia, ao menos três vezes por semana, são suficientes.
Em contato com os raios solares, o corpo fabrica a vitamina D, que serve como uma
proteção aos ossos. Porém, a exposição solar correta requer alguns cuidados. O ideal
é aproveitar 15 minutos do sol da manhã (das 8h às 10h) ou da tarde (depois das
16h), quando a radiação é mais branda e o indivíduo pode fazer uma atividade física –
corrida, caminhada, de maneira segura e saudável. E, sem protetor solar, uma vez que
o bloqueio da radiação ultravioleta (UVB) reduz a conversão significativamente.
Ministério da Saúde recomenda avaliação médica a partir dos 60 anos
Como detalha Cristina Hoffmann, coordenadora da Área Técnica de Saúde do Idoso, a
recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres e homens, ao entrarem na
menopausa e andropausa, ou chegarem aos 60 anos, procurem uma unidade de
saúde para avaliação médica. “Nos casos indicados, poderão ser realizados o exame
de densitometria óssea. O Sistema Único de Saúde (SUS) garante o tratamento, que
pode ser feito desde as unidades básicas de saúde até os hospitais de maior
complexidade.
Prevenção à doença deve começar na infância
É na infância que o corpo ganha estatura, fortifica o esqueleto e adquire o máximo de
massa óssea possível, por isso a importância de a prevenção ser iniciada ainda nessa
fase. O Ministério da Saúde enumera três fatores como essenciais para atingir essa
meta: alimentação saudável rica em cálcio, a exposição ao sol por 15 minutos antes
das 10h e depois das 16h e a prática de atividade física.
O ginecologista Bruno Muzzi Camargos, presidente da Associação Brasileira de
Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso), exemplifica a importância da
atividade física. “Não adianta a criança tomar quatro copos de leite e ficar o dia
sentada olhando TV. Só o leite não adianta. É preciso oferta de cálcio, vitamina C com
a exposição solar e exercício físico”, ressalta.
Cuidados durante a gestação
O cálcio é importante para o desenvolvimento dos ossos e dentes do bebê, mas
também é responsável por garantir um coração saudável, bons nervos e músculos. O
feto precisa desse mineral durante a gestação para equilibrar os batimentos cardíacos
e a capacidade de coagulação do sangue. Se a gestante ingere pouco cálcio durante a
gravidez, o bebê acaba roubando parte dele dos ossos da mãe, o que pode trazer
consequências ruins para ela.
Suplementação de vitamina D, quando é necessária?
Cabe ao seu médico decidir se você precisa de suplementação de vitamina D. A
exposição ao sol é responsável por 90% da absorção de vitamina D que o organismo
precisa. Para saber se seu corpo é deficiente dessa substância basta fazer um
hemograma, exame de sangue.
A suplementação de vitamina D pode ser manipulada em comprimidos ou gotas, de
acordo com a necessidade do paciente. O médico também pode indicar cápsulas de
cálcio com vitamina D.
Alimentação rica em cálcio é fundamental no tratamento
A alimentação é parte importante para a boa saúde dos ossos. Algumas medidas
simples e práticas na hora de comer podem ajudar a enriquecer o cardápio com cálcio.
Seja café da manhã, almoço ou jantar, não importa: a atenção deve estar sempre
voltada para o aumento da quantidade de cálcio ingerido. O site
www.sejafirmeforte.com.br tem dicas simples de inserir cálcio nas refeições.
- Um copo de leite é sempre um bom acompanhamento em qualquer refeição
- Consuma sopas ricas em cálcio: caldo verde, sopa de espinafre e de agrião
- Nos molhos para as saladas, opte por iogurte natural, simples ou misturado com
maionese light, aumentando, assim a quantidade de cálcio do cardápio
- Faça pratos de carne, peixe ou vegetais com molho branco (use leite para preparar o
molho)
- Costuma ter fome no intervalo entre as refeições? Experimente comer frutas secas
(nozes, figos), um pedaço de queijo ou um copo de iogurte. Eles alimentam e são
muito nutritivos
- Se você tiver intolerância aos lácteos, prefira aqueles livres de lactose e consulte o
seu médico ou nutricionista sobre a possibilidade de suplementação como alternativa
de garantir uma boa saúde óssea
Medidas de prevenção fazem parte da rotina do grupo de risco
A pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e
Osteometabolismo (Abrasso) ao Ibope que avaliou a percepção das mulheres e da
população em geral sobre a osteoporose identificou bons hábitos entre o grupo de
risco.
Cerca de 70% das mulheres com mais de 45 anos disseram que fazem atividade física
por tempo superior a 30 minutos e mais de três vezes por semana. O consumo diário
de leite e seus derivados atinge um nível bem aproximado: 67% das pesquisadas
acima dos 45 anos consome esses produtos.
Quando perguntadas sobre o ideal a ser consumido diariamente de leite e derivados
para manter o corpo saudável, as opiniões divergem. Veja gráfico:
Confira o gráfico consumo de leite e derivados (%)
Hábitos e alimentos amigos da osteoporose
Amamentação é o primeiro contato do recém-nascido com o cálcioPoucas horas após o nascimento, o bebê já tem o primeiro contato com a ingestão de cálcio através do leite materno. O leite deve ser transformado em hábito ao longo da vida para que o adulto tenha ossos saudáveis.
Mães que por algum motivo não conseguem amamentar não precisam ficar preocupadas. Com relação à absorção de cálcio, não faz diferença a origem do leite, o importante é o bebê receber leite, seja o materno ou industrializado. Patrícia Genaro, professora doutora de Nutrição da Universidade do Vale do Paraíba (Univap), defende que existe alguma composição especial no leite que o torna diferente das demais fontes de cálcio.
“Há uma substância dentro do leite, ainda não descoberta pela ciência, que o torna o melhor produto a ser fornecido ao corpo como fonte de cálcio”, afirma.
Canarinho Press Especial para o Terra
Leite e derivados devem fazer parte da dieta em toda vida
Da infância à velhice, o leite e seus derivados devem estar presentes nas refeições,
assim como as demais fontes de cálcio. A principal diferença do leite e seus derivados
para as outras fontes de cálcio - como peixes, alguns legumes, vegetais, grãos e
sementes - é a quantidade do mineral concentrado e a mais fácil absorção pelo
organismo.
“O homem aproveita melhor o cálcio do leite e seus derivados porque é mamífero. O
nosso trato digestivo foi criado para funcionar bem com o leite e derivados”, explica a
reumatologista Elaine de Azevedo, diretora de Comunicação da Associação Brasileira
de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
Ela compara a absorção de cálcio em um litro de leite e um maço de brócolis.
Segundo ela, o organismo consegue aproveitar 1000 miligramas de cálcio de um litro
de leite, mas apenas 120 miligramas de um maço de brócolis, apesar de 100 gramas
de brócolis ter cerca de 400 miligramas de cálcio.
Exemplos de derivados do leite:
- 1 potinho de iogurte natural (220 gramas): 275 mg
- 1 xícara de ricota: 509 mg
- 1 xícara de sorvete de chocolate: 144 mg
- 1 xícara de leite semidesnatado: 293 mg
- 2 fatias de queijo tipo provolone: 214 mg
- 100g de requeijão: 80 mg
- 100g de qualhada: 490 mg
Há diferença entre leite integral e desnatado?
Sim, existem variações nas quantidades de cálcio dependendo do tipo de leite.
Conforme a nutricionista Lígia Araújo Martini, doutora e professora do Departamento
de Nutrição da Universidade de São Paulo (USP), o leite desnatado tem maior
concentração de cálcio do que o semidesnatado e o integral. Por ser desnatado,
praticamente toda a gordura foi retirada. Na comparação com os outros, há menos
gordura no mesmo volume e, consequentemente, mais cálcio. Já o semidesnatado
concentra mais cálcio do que o integral, porém menos que o desnatado. Sendo assim,
o integral tem menos cálcio do que os demais tipos de leite.
Leite em pó também contém cálcio?
Sim, contém cálcio. A única diferença para o leite longa vida é que, no caso do leite
em pó, toda a água é retirada no processo industrial. Apesar da quantidade de cálcio
estar determinada na embalagem do produto, o percentual de cálcio em cada copo de
leite depende do quanto de água for colocado na hora do preparo. “Quanto menos
água, maior a concentração de cálcio”, ensina a nutricionista Lígia Araújo Martini,
doutora e professora do Departamento de Nutrição da Universidade de São Paulo
(USP).
Peixes são boas fontes de cálcio
Os peixes como sardinha, pescada, atum, corvina, cavalinha e badejo são fontes de
cálcio, afirma a nutricionista Karen Levy Delmaschio, do Rio de Janeiro. Entre as
espécies citadas, o atum está entre os mais ricos em cálcio: em 100 gramas há 738
mg do mineral.
No Brasil, o consumo do peixe aumentou quase 40% em sete anos, segundo o
Ministério da Pesca. Em 2009, os brasileiros colocaram no prato em média nove quilos
de pescado por pessoa, contra seis quilos em 2003. Apesar do crescimento, a
quantidade ainda é metade do consumo de peixe do mundo medido pela Organização
das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), que contabilizou média
de 17 quilos por pessoa em 2010.
Na Análise do Consumo Alimentar Pessoal do Brasil, feita pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), as médias de consumo diário de peixe fresco per
capita foram maiores na área rural do que na área urbana (53,5g contra 17,5g). O
estudo faz parte da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 do IBGE em
parceria com o Ministério da Saúde.
Confira outras espécies e suas quantidades de cálcio (miligramas) em 100 gramas:
Pescada: 564
Cavalinha: 438
Sardinha: 402
Corvina: 330
Badejo: 190
Fonte: nutricionista Karen Levy Delmaschio
Mais cálcio até os 30 gera reserva para velhice
O pico da formação da massa óssea é por volta dos 30 anos, resultado do cálcio
ingerido associado à alimentação balanceada e ao exercício físico de impacto,
combinação importante para ter ossos fortes.
Cada pessoa está predisposta a ter uma massa óssea desde o dia do seu nascimento,
uma herança passada pelos antepassados. Ou seja, se os pais tiveram doenças nos
ossos, os filhos terão grandes chances de desenvolver as mesmas. A relação é a
mesma para os filhos de pais com ossos saudáveis.
Se até os 30 anos, entretanto, a ingestão de alimentos ricos em cálcio for acima da
média, esse adulto poderá ter uma reserva para a idade em que a regeneração dos
ossos diminui.
“Ele vai ter uma poupança maior quando estiver velhinho, tem mais como gastar e não
vai sofrer tanto”, revela a reumatologista Elaine Azevedo, diretora de comunicação da
Abrasso.
Prevenção na infância é fundamental
Prevenir desde cedo é o que ajuda a ter ossos melhores. A criança deve fazer
atividades de impacto, como correr, saltar e pular. Qualquer brincadeira ou jogo que
inclua essas ações é importante para a formação de ossos saudáveis, porque o
exercício de impacto auxilia na produção de massa óssea.
Estudos feitos com crianças identificaram as atividades que são benéficas para o
desenvolvimento infantil. Andar de bicicleta, por exemplo, não gera benefícios diretos
para a formação óssea, porque não tem impacto, assim como a natação. O tênis até
tem um pouco de impacto, mas menos se comparado a outros exercícios. A densidade
maior está restrita ao braço que o jogador segura a raquete. O melhor é correr, saltar,
pular corda. Vôlei, basquete e futebol são jogos que incluem saltos e corrida. É isso
que estimula a massa óssea.
Da infância à vida adulta, prefira exercícios com impacto
A reumatologista Elaine Azevedo, diretora de Comunicação da Abrasso, compara a
natação ao futebol. Ela afirma que se fosse medir a massa óssea de dois atletas
brasileiros de ponta, a do nadador medalhista olímpico Cesar Cielo e a do atacante
Robinho do Milan, Robinho teria melhores resultados.
“Com certeza, Robinho vai ter massa óssea melhor porque pratica atividade de
impacto”, garante Elaine, apesar de aparentemente Cielo parecer mais forte, pela
estatura e estrutura corporal.
Exercícios na água podem ser opção
Com a osteoporose diagnosticada, muitas vezes o paciente não pode mais fazer
exercícios de impacto, porque isso poderia elevar o risco de fratura. O objetivo passa a
ser melhorar o equilíbrio, a força do paciente. Nesse cenário, são indicadas atividades
para fortalecer a musculatura, como caminhada, natação, hidroginástica e até mesmo
fisioterapia.
Cálcio e vitamina D: os grandes amigos do osso
O osso é o grande depósito de cálcio do corpo humano. É pra ele que são
direcionadas as partículas de cálcio absorvidas pelo organismo através dos alimentos,
principalmente os ricos nessa substância, como leite e derivados. A vitamina D tem um
papel relevante nesse processo porque ajuda na absorção de cálcio pelos ossos.
Sardinha e gema de ovo são fontes dessa vitamina, mas a principal porta de entrada
desse nutriente no nosso corpo é por meio da exposição solar, no início da manhã e
no fim da tarde.
Depois da combinação cálcio + vitamina D, os minerais magnésio e fósforo são os
próximos da lista de importância para os ossos.
“Para garantir uma boa saúde óssea, o ideal é ingerir ao menos três porções de leite e
derivados por dia: um copo de leite, um pote de iogurte e uma fatia grossa de queijo
branco”, ensina Patrícia Genaro, professora doutora de Nutrição da Universidade do
Vale do Paraíba (Univap), lembrando a importância também de pegar um pouquinho
de sol.
Menos sal nas refeições é bom para massa óssea
A batalha dos organismos de saúde para diminuir o consumo de sal (sódio) nas
refeições é antiga, porque o excesso pode desencadear uma série de doenças, entre
estas a osteoporose. A maior dificuldade se deve ao fato de o sal ser a principal fonte
de sódio, estar presente em praticamente todos os produtos industrializados e ainda
ser acrescentado diariamente nas refeições no cozimento dos alimentos.
Esse mineral dificulta a absorção de cálcio pelos ossos, podendo causar a
osteoporose, doença que deixa os ossos frágeis e mais suscetíveis a fraturas.
O Ministério da Saúde orienta a evitar o sal. O recado é destinado principalmente às
mulheres na menopausa. A recomendação é de seis gramas de sódio por dia, mas a
média de consumo dos brasileiros é de 18 gramas por dia.
A diferença entre alimentos ricos em cálcio e enriquecidos em cálcio
Como o nome já diz, os alimentos ricos em cálcio têm o mineral em sua composição,
como o leite e seus derivados. Já os fortificados ou enriquecidos passam por um
processo na indústria que acrescenta uma fórmula química enriquecida em cálcio aos
alimentos.
A quantidade do enriquecimento é pequena e determinada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa). Bebidas de soja e biscoitos são exemplos de alimentos
fortificados.
Com consultório no Rio de Janeiro, a nutricionista Karen Levy Delmaschio explica que
além da diferença técnica, os alimentos ricos em cálcio são melhores absorvidos pelo
organismo, enquanto que com os fortificados esse processo é mais difícil. No entanto,
para pessoas que tem alergia à lactose, essa acaba sendo uma alternativa.
A população em geral, no entanto, desconhece essa diferença. Isso ficou claro na
pesquisa inédita encomendada pela Associação Brasileira de Avaliação Óssea e
Osteometabolismo (Abrasso) ao Ibope. No estudo foi perguntado aos entrevistados se
costumam ingerir alimentos enriquecidos com cálcio: 61% responderam que sim, 31%
que não e 8% não souberam.
Brócolis, couve-flor e couve são ricos em cálcio
As folhas escuras como brócolis, couve-flor e couve são ricas em cálcio, mas são de
difícil absorção pela presença de uma substância em sua composição: o fitato.
A nutricionista Patrícia Genaro, professora doutora de Nutrição da Universidade do
Vale do Paraíba (Univap) detalha que esse ácido não deixa o cálcio ser absorvido pelo
organismo, apesar das grandes quantidades de cálcio presentes nesses alimentos.
Apesar dessa disputa interna do corpo, recomenda-se comer esses alimentos também
ricos em cálcio, porque ajuda a ter uma dieta balanceada, o que é importante para o
organismo.
Consumo de cálcio e vitamina D é baixo no Brasil
Em todos os grupos etários da população, o consumo diário de cálcio e de vitamina D,
importante combinação para ossos saudáveis, estão abaixo do recomendado,
constatou o IBGE na Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009, dado mais
recente sobre o assunto.
A maior distorção de consumo de cálcio é na faixa dos 10 aos 13 anos, quando 96,4%
dos adolescentes do sexo masculino e 97,2% do sexo feminino ingeriram quantidades
abaixo do valor mínimo diário recomendável (1.100mg).
Com relação à vitamina D, os piores resultados foram encontrados no grupo dos 19
aos 59 anos. Segundo o IBGE, 99,6% dos homens e 99,2% das mulheres tiveram
consumo diário inferior a 10 microgramas, o valor de referência.
Os dados fazem parte da Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, pesquisa
feita pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde.
Equilíbrio alimentar é o segredo
Uma vida saudável inclui uma alimentação variada e equilibrada. Isso significa colocar
no prato alimentos de todos os grupos: pães, cereais, massa, arroz, vegetais, frutas,
laticínios, carne, ovos, legumes crus e gorduras.
As quantidades variam de acordo com os alimentos e, principalmente no caso dos
carboidratos (pães, cereais, massa e arroz), dependem da idade e da quantidade e
regularidade da prática de exercícios.
No prato, as carnes vermelhas devem entrar em menor quantidade do que as brancas
e o peixe, isto é, apenas algumas vezes por mês. Confira a pirâmide alimentar Walter
Willett disponível no site www.sejafirmeforte.com.br, um portal organizado por
entidades de apoio ao habitos-alimentos à osteoporose.
Consuma esporadicamente
- Manteiga, carnes vermelhas
- Açúcares, doces, cereais refinados, batata e refrigerante
Consuma com moderação
- Álcool (prefira o vinho tinto)
Consuma de 1 a 2 vezes ao dia
- Laticínios ou suplementação de cálcio
Consuma até 2 vezes ao dia
- Peixes, ovos, aves e mariscos
Consuma de 1 a 3 vezes ao dia
- Legumes e oleaginosas
Consuma de 2 a 3 vezes ao dia
- Frutas como laranja, kiwi, banana, maça e morango (sempre que possível com
casca)
Consuma em abundância
- Vegetais como pimentão, tomate e alface, ao menos três variedades por refeição
Consuma na maioria das refeições
- Cereais integrais como pão, arroz, massa
- Azeite, óleos vegetais
Hábitos saudáveis afastam a osteoporose
Investir em hábitos saudáveis na juventude é a garantia de uma saúde equilibrada na
velhice, afirma o Ministério da Saúde. Dentre esses bons costumes está alimentação
saudável e rica em cálcio e atividade física, que ajuda na prevenção de doenças como
a osteoporose.
Com as mulheres como maiores vítimas por causa das alterações hormonais após a
menopausa, o mapa da osteoporose no mundo é pior para elas. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde (OMS), de 13% a 18% das mulheres e de 3% a 6%
dos homens com mais de 50 anos têm osteoporose em todo o mundo.
No Brasil, o Ministério da Saúde aposta em ações de prevenção à doença desde a
infância para garantir uma poupança óssea. Isso inclui motivar as crianças a trocarem
o computador e a televisão por atividades ao ar livre, como praticar exercícios físicos.
A meta é estimular uma dieta saudável (rica em verduras, legumes, frutas, leite e
derivados) e diminuir o consumo de refrigerantes.