osteoporose em homens

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OSTEOPOROSE EM HOMENS 1. Introdução Apesar de a maioria dos estudos sobre osteoporose ser entre mulheres, esse é um tema importante também no homem. Novos estudos tentem definir fatores que levam à aquisição da osteoporose em homens, manutenção e perda óssea em homens; causas, patogênese e tratamento. Apesar dos esforços, a osteoporose em homens é poucas vezes reconhecida e tratada, mesmo depois de ter ocorrido fratura. 2. Epidemiologia PREVALÊNCIA DA OSTEOPOROSE EM HOMENS O número de homens com osteoporose é desconhecido. Os critérios densitométricos para o diagnóstico da osteoporose em homens não são padronizados como nas mulheres. Muitos estudos atuais sobre o tema avaliam a validade do uso da DMO para a predisão do risco de osteoporose em homens. No entanto, a Sociedade Internacional de Densitometria Cínica (SIDC) ainda recomenda que os dados de referência em homens sejam usados e que o T-score < -2,5 seja o ponto de corte para a definição de osteoporose em homens. Com base nesse ponto, estima-se 1 a 2 milhões de homens com osteoporose e 8 a 13 com osteopenia. INCIDÊNCIA DE FRATURAS EM HOMENS O aumento exponencial do risco de fratura em homens ocorre aproximadamente uma década depois que em mulheres. Mas esse risco também é importante nos homens, inclusive o risco de ter fratura osteoporótica é maior que o de ter CA de próstata. Os homens estão sob risco de fratura de quadril (morbimortalidade da fratura de quadril é mais alta em homens) e de vértebras (que podem ser assintomáticas ou clínicas com dor aguda nas costas). Porém, fratura de antebraço é muito rara em homens.

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Page 1: Osteoporose Em Homens

OSTEOPOROSE EM HOMENS

1. Introdução

Apesar de a maioria dos estudos sobre osteoporose ser entre mulheres, esse é um tema importante também no homem. Novos estudos tentem definir fatores que levam à aquisição da osteoporose em homens, manutenção e perda óssea em homens; causas, patogênese e tratamento. Apesar dos esforços, a osteoporose em homens é poucas vezes reconhecida e tratada, mesmo depois de ter ocorrido fratura.

2. Epidemiologia

PREVALÊNCIA DA OSTEOPOROSE EM HOMENS

O número de homens com osteoporose é desconhecido. Os critérios densitométricos para o diagnóstico da osteoporose em homens não são padronizados como nas mulheres. Muitos estudos atuais sobre o tema avaliam a validade do uso da DMO para a predisão do risco de osteoporose em homens. No entanto, a Sociedade Internacional de Densitometria Cínica (SIDC) ainda recomenda que os dados de referência em homens sejam usados e que o T-score < -2,5 seja o ponto de corte para a definição de osteoporose em homens. Com base nesse ponto, estima-se 1 a 2 milhões de homens com osteoporose e 8 a 13 com osteopenia.

INCIDÊNCIA DE FRATURAS EM HOMENS

O aumento exponencial do risco de fratura em homens ocorre aproximadamente uma década depois que em mulheres. Mas esse risco também é importante nos homens, inclusive o risco de ter fratura osteoporótica é maior que o de ter CA de próstata. Os homens estão sob risco de fratura de quadril (morbimortalidade da fratura de quadril é mais alta em homens) e de vértebras (que podem ser assintomáticas ou clínicas com dor aguda nas costas). Porém, fratura de antebraço é muito rara em homens.

3. Causas de osteoporose em homens:

Em homens além da meia-idade a perda óssea ocorre lentamente, numa forma independente da idade. As diferenças microarquitetônicas nos esqueletos masculino e feminino são evidentes no envelhecimento. Em homens a perda óssea associa-se ao afinamento trabecular, taxa de formação óssea reduzida, não absorção aumentada no início do processo. A perfuração trabecular (característica do esqueleto pós-menopausa) é subsequente, o que protege o esqueleto masculino. O alto pico de massa óssea também é fator de proteção. Além disso, a grande DMO absoluta

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masculina (provavelmente conferida pelos androgênios de aumento da área óssea) confere vantagem.

Principais etiologias secundárias: Hipogonadismo, uso abusivo de álcool e excesso de glicocorticóides

PRIMÁRIA50% dos casos

Senil >70 anos, sem outra etiologia

Idiopática - < 70 anos, sem outra etiologia- Padrão histomorfométrico se diferencia da osteoporose relacionada à idade- Fenótipos clínicos distintos na literatura: reabsorção óssea normal ou aumentada, disfunção osteoblástica...- Fatores genéticos influenciam: genes IGF-1, LRP5 e CYP19. O efeito do gene é gênero-específico e sítio esquelético-específico. Com o envelhecimento, o estrógeno (esteróide regulador da saúde do osso do homem também) é proveniente de aromatização periférica. Estudos mostram que mutação no gene aromatase CYP19 reduz a massa óssea e a relação estradiol/testoterona- Fatores raciais influenciam: americanos e africanos apresentam maior DMO e menor risco de fraturas em relação a caucasianos.

SECUNDÁRIAS (50%)DEFICIÊNCIAS ENDÓCRINAS

Hipogonadismo Causa importanteDeclínio lento e progressivo depois dos 50-60 anos de estrógeno e andrógeno (esteroides que regulam a saúde do osso), apesar de não haver menopausaObs.: Papel do estrógeno no homem: ação no andrógeno para o estirão, fusão da placa de crescimento, cresc. longitudinal do osso. Andrógeno: aumento de massa muscular e óssea, expansão de osso periosteal.Obs.: Variabilidade dos níveis hormonais em idoso é um fator adicional à osteoporose senil.

Deficiência de GH

Declínio de GH é comum com o avançar da idade e contribui para a redução da formação óssea e na justaposição periosteal no homem.

Def. IFG-1 Declínio de IFG-1 é comum com o avançar da idade. Redução está relacionada a diminuição da DMO em espinha e antebraço.

Def. Vit. DEXCESSO DE GLICOCORTICÓIDES

Medicamentoso Mais comumCushing endógeno

CAUSAS MENOS COMUNSHipertireoidismo DPOC Mieloma múltiplo

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Distúrbios gastrointestinais Parkinson Outros fármacos

4. Diagnóstico e avaliação clínica da osteoporose em homens:a. Clínica:

Deve conter história familiar e pessoal de fraturas; avaliação de ingesta de cálcio; medicações; alcoolismo; tabagismo.

b. DMO

O diagnóstico de osteoporose em homens: T-score < 2,5.

As diretrizes da ISCD é a única diretriz sobre critério de indicação de DMO em homens. Segunda a ISCD, Indica-se DMO em homens:

DMO de rotina em homens > 70 anos, mesmo assintomáticos; Em caso de sintomatologia inicial mais comum da osteoporose masculina:

perda de altura ou cifose, fratura ou dor nas costas;

Há também outras indicações menos formais:

Fratura por traumatismo leve; Radiografias com baixa massa óssea; História de tabagismo; História de baixo peso.

Obs.: A medição periférica da densidade óssea por USG de calcâneo pode ser utilizada como screening em populações de risco.

c. Laboratório:

Dosagens de Ca e P séricos e urinários; atividade de fosfatase alcalina; hemograma; eletroforese de proteína sérica; funções hepática, adrenal, hipofisária e tireoidiana.

d. Testes do eixo calciotrópico:

Os testes devem incluir: 25- hidroxivitamina D e níveis de PTH.

e. Esteróides sexuais:

São essenciais: testosterona e SHBG. Podem ser dosados: estrona e estradiol.

f. Marcadores específicos de formação e reabsorção óssea:

Formação: atividade da fosfatase alcalina ósseo-específica sérica ou Osteocalcina

Reabsorção: ligações cruzadas do colágeno urinário, C e N-telopeptídeos ou C-telopeptídeo sérico.

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g. Biopsia óssea percutânea:

Melhor avaliação da histomorfometria.

5. Tratamento

Prevenção: 1.200 a 1.500mg de cálcio na dieta; ingesta de vitamina D de pelo menos 400 a 600UI/dia. (600 a 800 se maiores de 70 anos); prática de exercícios; moderação no álcool; cessação de tabagismo.

Tratamento:

a. Tratamento de etiologia conhecida

Ex.: Hipogonadismo: reposição de testosterona, IM (repercussão sobre a saúde da próstata ainda desconhecida)

b. Terapia com bifosfonados. ALENDRONATO 70mg semanal OU 10mg diário. Estudos mostraram grandes

benefícios: melhora da DMO, redução da perda de altura, redução das fraturas, resposta em osteoporose primária ou secundária.

RISEDRONATO: aprovado para osteoporose induzida por glicocorticoide.

c. Agente anabólico teriparatida (PTH [1-34]): caro, usado apenas em pacientes de muito alto risco. Exerce efeitos anabólicos no osso, não há evidência de redução de fraturas (estudo interrompido). Por 18 a 24 meses; não deve ser usado junto com bisfosfonados; quando finalizado o PTH, fazer bisfosfonado para realçar a massa óssea.