os150

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Ano VIII Edição 150 De 15 a 28/05/2003 Contribuição R$ 2,00 REFORMA É ATRASO! PÁGINAS 8-9 NOS DIAS 14 E 15 DE MAIO, SERVIDORES FARÃO PARALISAÇÃO DE 48 HORAS E TOMARÃO AS RUAS CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA REFORMA É ATRASO! DIGA NÃO! ESQUERDA PT CONGRESSOS ESTADUAIS DA CUT PÁGINA 14 ELEIÇÕES NA ARGENTINA ESQUERDA UNIDA DERROTA ARTICULAÇÃO EM MINAS EM SANTA CATARINA, NINGUÉM DEFENDE REFORMA. RIO E SÃO PAULO TERÃO PLENÁRIAS DA ESQUERDA CONGRESSOS ESTADUAIS DA CUT PÁGINAS 12-13 PÁGINA 3 AONDE VAI A ARGENTINA? VOTO BRONCA NÃO SE EXPRESSOU NAS ELEIÇÕES, MAS KIRCHNER TERÁ DE ENFRENTAR LUTAS PARA APLICAR PLANOS DO FMI VOTO BRONCA NÃO SE EXPRESSOU NAS ELEIÇÕES, MAS KIRCHNER TERÁ DE ENFRENTAR LUTAS PARA APLICAR PLANOS DO FMI

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NOS DIAS 14 E 15 DE MAIO, SERVIDORES FARÃO PARALISAÇÃO DE 48 HORAS E TOMARÃO AS RUAS CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA VOTO BRONCA NÃO SE EXPRESSOU NAS ELEIÇÕES, MAS KIRCHNER TERÁ DE ENFRENTAR LUTAS PARA APLICAR PLANOS DO FMI VOTO BRONCA NÃO SE EXPRESSOU NAS ELEIÇÕES, MAS KIRCHNER TERÁ DE ENFRENTAR LUTAS PARA APLICAR PLANOS DO FMI EM SANTA CATARINA, NINGUÉM DEFENDE REFORMA. RIO E SÃO PAULO TERÃO PLENÁRIAS DA ESQUERDA PÁGINAS 12-13 PÁGINA 14 PÁGINAS 8-9 PÁGINA 3

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Page 1: os150

Ano VIII Edição 150De 15 a 28/05/2003Contribuição R$ 2,00

REFORMAÉ ATRASO!

PÁGINAS 8-9

NOS DIAS 14 E 15 DE MAIO, SERVIDORES FARÃOPARALISAÇÃO DE 48 HORAS E TOMARÃO ASRUAS CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA

REFORMAÉ ATRASO!

DIGA NÃO!

ESQUERDA PT

CONGRESSOS ESTADUAIS DA CUT

PÁGINA 14

ELEIÇÕES NA ARGENTINA

ESQUERDA UNIDA DERROTAARTICULAÇÃO EM MINASEM SANTA CATARINA, NINGUÉM DEFENDE REFORMA.RIO E SÃO PAULO TERÃO PLENÁRIAS DA ESQUERDA

CONGRESSOS ESTADUAIS DA CUT

PÁGINAS 12-13

PÁGINA 3

AONDE VAIA ARGENTINA?VOTO BRONCA NÃO SEEXPRESSOU NAS ELEIÇÕES,MAS KIRCHNER TERÁ DEENFRENTAR LUTAS PARAAPLICAR PLANOS DO FMI

VOTO BRONCA NÃO SE EXPRESSOUNAS ELEIÇÕES, MAS KIRCHNERTERÁ DE ENFRENTAR LUTAS PARAAPLICAR PLANOS DO FMI

Page 2: os150

2 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

“O PT COMO INSTRUMENTO DE MOBILIZAÇÃO,INFELIZMENTE MORREU”

CAROS LEITORES

SEDE NACIONALR. Loefgreen, 909Vila Clementino São Paulo - SP(11) [email protected]

AQUI VOCÊ ENCONTRA O PSTU

Ricardo Pereira, o Ricardinho, dirigente do DCE da Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em depoimentoao OS, explica os motivos que o levaram a romper com aDemocracia Socialista (DS) e o Partido dos Trabalhadores.

“O Governo Lula nesses três meses colocou em pauta medidas queaprofundam a política de FHC, acordos com FMI, arrocho salariale reformas, como a da Previdência, que atacam direitos dostrabalhadores. Infelizmente a esquerda, em especial a DS, vemcapitulando a essa política. Os exemplos são contundentes: navotação da PEC-53, na indicação de Sarney para a presidênciado Senado e na tentativa de fazer composições com o PCdoB e aArticulação na UNE e na CUT para transformar essas entidadesem correia de transmissão do governo(...).

O PT, como instrumento de mobilização por projeto anti-capita-lista e anti-imperialista, infelizmente morreu. Por isso, depois de14 anos de militância, me desligo da DS e do PT, e entro no PSTUpara construir uma alternativa revolucionária que una os seto-res de esquerda do país.”

ALAGOAS MACEIÓR. Pedro Paulino, 258 - Poço(82) 336.7798 [email protected]

AMAPÁ MACAPÁRua Prof. Tostes, 914 - Santa Rita(96) 9963.0775 [email protected]

AMAZONAS MANAUSR. Emílio Moreira, 801- Altos - 14de Janeiro - (92)[email protected]

BAHIA SALVADORR.Coqueiro de Piedade, 80 - Barris(71)328-6729 [email protected]

ALAGOINHASR. Alex Alencar, 16 -Terezópolis [email protected]

MUCURIR. Jovita Fontes, 430 - Centro(73)206.1482

CEARÁ [email protected]

CENTROAv. Carapinima, 1700 - Benfica

BARRARua Tulipa, 250 - Jardim Iracema

DISTRITO FEDERAL BRASÍLIASetor Comercial Sul - Quadra 2 -Ed. Jockey Club - Sala [email protected]

ESPÍRITO SANTO VITÓRIAAv. Princesa Isabel, 15 - Ed.Martim de Freitas, 1304 -Centro

SÃO PAULO SÃO [email protected]

CENTROR. Nicolau de Souza Queiroz,189 - (11)5904.2322

ZONA LESTEAv. São Miguel, 9697Pça do Forró - São Miguel(11) 6297.1955

ZONA OESTEAv. Corifeu de AzevedoMarques, 3483Butantã - (11)3735.8052

ZONA NOROESTER. Filomeno Bochi Pilli, 140/5 -Freguesia de Ó (11)3978.2239

ZONA SULSANTO AMAROR. Cel. Luis Barroso, 415 -(11)5524-5293

CAMPO LIMPOR. Dr. Abelardo C. Lobo, 301 -piso superior

BAURUR. Cel. José Figueiredo, 125 -Centro - (14)[email protected]

CAMPINASR. Marechal Deodoro, 786(19)[email protected]

CAMPOS DO JORDÃOAv. Frei Orestes Girard, 371sala 6 - Bairro Abernéssia(12)3664.2998

DIADEMAR. dos Rubis, 359 - Centro(11)[email protected]

EMBU DAS ARTESAv. Rotary, 2917 sobrelojaPq. Pirajuçara (11) 4149.5631

FRANCO DA ROCHAR. Washington Luiz,43 -Centro

GOIÁS GOIÂNIAR. 242, Nº 638, Qda. 40, LT 11,Setor Leste Universitário -(62)202-4905 [email protected]

MARANHÃO SÃO LUÍS(98)276.5366 / 9965-5409 [email protected]

MINAS GERAIS BELO HORIZONTERua Tabaiares, 31 - Floresta(Estação Central do metrô)(31)3222.3716 - [email protected]

CONTAGEMRua França, 532/202 - Eldorado

JUIZ DE FORAAv. Barão do Rio Branco,3008 - bloco C - ap. 301(32) 9965.1240 9966.1136

UBERABAR. Tristão de Castro, 127 -(34)[email protected]

PARÁ BELÉ[email protected]

SÃO BRÁSAv. Gentil Bittencourt, 2089 -(91)259.1485 -

ICOARACIConjunto da COHAB, Trav. S1, nº111- (91) 9993.5650 / 227.8869

CAMETÁR. Cel. Raimundo Leão, 925 Centro

PARAÍBA JOÃO PESSOAR. Almeida Barreto, 391 -1º andar - Centro - (83)241-2368- [email protected]

PARANÁ CURITIBAR. Alfredo Buffren, 29/4, Centro

PERNAMBUCO RECIFE

R. Leão Coroado, 20 - 1º andar -Boa Vista - (81)3222.2549 [email protected]

PIAUÍ

TERESINAR. Quintino Bocaiúva, 778

RIO DE JANEIRO

RIO DE [email protected]

PRAÇA DA BANDEIRATv. Dr. Araújo, 45 -(21)2293.9689

CAMPO GRANDEEstrada de Monteiro, 538/Casa 2

DUQUE DE CAXIASR. das Pedras, 66/01, Centro

NITERÓIR. Dr. Borman, 14/301 - Centro(21)2717.2984 [email protected]

NOVA IGUAÇUR. Cel. Carlos de Matos, 45 Centro

VOLTA REDONDARua Peri, 131/2 - Eucaliptol

RIO GRANDE DO NORTE NATALR. Dr. Heitor Carrilho, 70Cidade Alta - (84)201.1558

RIO GRANDE DO SUL PORTO ALEGRER. General Portinho, 243(51)3286.3607 [email protected]

CAXIAS DO SULRua do Guia Lopes, 383, sl 01(54)9974-4307

PASSO FUNDOXV Novembro, 1175 - Centro -(54)9982-0004

PELOTAS(53)9104-0804 [email protected]

RIO GRANDE(53)9977.0097

SANTA MARIA(55)9989.0220 [email protected]

SÃO LEOPOLDOR. São Caetano, 53

SANTA CATARINA FLORIANÓPOLISRua Nestor Passos, 104 Centro(48)225.6831 [email protected]

SERGIPE

ARACAJUPça. Promotor MarquesGuimarães, 66 A, cjto. AugustoFranco - Fonolâ[email protected]

GUARULHOSR. Miguel Romano, 17 - Centro(11) 6441.0253

JACAREÍR. Luiz Simon,386 - Centro(12) 3953.6122

LORENAPça Mal Mallet, 23/1 - Centro

OSASCOR. São João Batista, 125

RIBEIRÃO PRETOR. Saldanha Marinho, 87Centro - (16) [email protected]

SANTO ANDRÉR. Adolfo Bastos, 571Vila Bastos - (11)4427-4374www.pstunoabc.hpg.com.br

SÃO BERNARDO DO CAMPOR. Mal. Deodoro, 2261 - Centro(11)4339-7186 e [email protected]

SÃO JOSÉ DOS [email protected]

VILA MARIAR. Mário Galvão, 189(12)3941.2845

ZONA SULRua Brumado, 169 Vale do Sol

SOROCABARua Prof. Maria de Almeida,498- Vila Carvalho

SUZANOAv. Mogi das Cruzes,91 - Centro(11) 4742-9553

TAUBATÉRua D. Chiquinha de Mattos,142/ sala 113 - Centro

www.pstu.org.br

www.litci.org

NA INTERNET

Opinião Socialista é uma publicação quinzenal doPartido Socialista dos Trabalhadores Unificado

CNPJ 73.282.907/0001-64 Atividade principal 91.92-8-00

CORRESPONDÊNCIARua Loefgreen, 909 - Vila Clementino

São Paulo - SP- CEP 04040-030e-mail: [email protected] Fax: (11) 5575-6093

JORNALISTA RESPONSÁVELMariúcha Fontana (MTB 14555)

CONSELHO EDITORIALEduardo Almeida, Euclides de Agrela, Júnia Gouveia,

José Maria de Almeida e Valério Arcary

EDIÇÃOEuclides de Agrela

REDAÇÃOAndré Valuche, Fernando Silva, João Ricardo Soares,

Luiza Castelli, Mariúcha Fontana

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOGustavo Sixel

COLABORARAM NESTA EDIÇÃOAlícia Sagra, Américo Gomes, Cacau, Gabriel Massa,

Hermano Rocha, Joaninha, Jonas Potyguar, José Miguel BendraoSaldanha, Rogério Marzolla, Sara Granemann

IMPRESSÃOGazetaSP - Fone: (11) 6954-6218

EDITORIAL/FALA ZÉ MARIA 3

FUNDOS DE PENSÃO 4-5

FUNCIONALISMO 6

ENCARTE PREVIDÊNCIA 7-10

JUVENTUDE 11

CECUT’S 12-13

ARGENTIN A 14

PARAGUAI 15

CAMPANHA CONTRA A ALCA 16

E X P E D I E N T E

S U M Á R I O

Envie cheque nominal ao PSTU no valor da assinatura totalou parcelada para R. Loefgreen, 909 - Vila Clementino -São Paulo - SP - CEP 04040-030

NOME

ENDEREÇO

CIDADE ESTADO

CEP TELEFONE

E-MAIL

48 EXEMPLARES

� 1x R$ 96,00� 2x R$ 48,00� 3x R$ 32,00� Solidária R$ .........

24 EXEMPLARES

� 1x R$ 48,00� 2x R$ 24,00� 3x R$ 16,00� Solidária R$ .........

A S S I N AT U R A

NOTAS

O 13 de Maio/Núcleo de Educação Popularestá lançando o Realidade Econômica, umaanálise da realidade econômica sem menti-ras e disfarces. A publicação seguirá a linhaeditorial do boletim Crítica Semanal da Eco-nomia, com textos adaptados às dimensõesde espaço dos jornais ou revistas sindicaise com uma linguagem mais simples.

A redação será coordenada pelo economistaJosé Martins, doutor pela Universidade deParis, professor da FGV e com uma longahistória de contribuição teórica na luta sin-dical e movimentos sociais. De saída, Reali-dade terá artigos sobre o Banco Central e asreformas tributária e previdenciária.

Realidade Econômica já está sendo distribu-ída para diversos jornais sindicais.

Mais infomações ligue (11) 9132-6635 ou es-creva para [email protected]

IMPRENSA SINDICAL CONTA COMBOLETIM REALIDADE ECONÔMICA Morreu no dia 11 de maio, vítima de um acidente de carro na

rodovia Bauru/Marília, o companheiro Eurides Pereira Pinto,diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais deBauru e Região.

Eurides estava cumprindo o seu segundo mandato. Membroativo da diretoria, participou de várias mobilizações dosservidores municipais e também na luta pela cassação dosvereadores e do prefeito Izzo Filho. Foi militante do PSTU,tendo que se afastar por motivos particulares, mas semprecontinuou próximo ao partido levando a nossa política nasfrentes de luta da classe trabalhadora.

Semanas antes, um outro trágico acidente provocou a mortede Marta Gomes, de 21 anos, e de outros três estudantes deHistória do Rio de Janeiro que iam para um encontro. Faltavamduas horas para o ônibus que levava estudantes de váriasfaculdades chegar a Linhares (ES), quando foi atingido por umbloco de concreto de cerca de duas toneladas, que soltou-se deuma carreta. Marta, que era do Centro Acadêmico na Uerj deSão Gonçalo (RJ), usava o adesivo do Movimento Ruptura

Socialista quando faleceu. Outros 24 estudantes ficaram feri-dos. A todos estes companheiros, a homenagem do PSTU.

MILITANTES MORREM EM ACIDENTES EM ESTRADAS

OPINIÃO SOCIALISTA COMPLETA 150 EDIÇÕESNo dia 31 de maio de 1996, saía o primeiro número do OpiniãoSocialista. Na capa, o chamado à Greve Geral contra FHC e adenúncia do latifúndio. De lá para cá foram muitas reportagense artigos que o mantiveram como um dos principais jornais daesquerda. Para comemorar, estamos fazendo uma promoção.Mande uma carta ou um e-mail para [email protected], até 30de maio, dizendo o que você acha de mais importante no

jornal, e concorra ao livro Aonde vai a França, de Trotstky.

Page 3: os150

3Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

EDITORIAL

o dia 12, a ExecutivaNacional do PT deuinício a um processoque pode levar à ex-pulsão da senadora

Heloísa Helena e dos deputadosfederais Babá e Luciana Genropor se recusarem a votar a refor-ma da Previdência.

Nós, do PSTU, nos solidari-zamos com esses companheiros,que estão sendo perseguidos porse recusarem a apoiar a Reformada Previdência do FMI que Lulae o PT estão defendendo. E tam-bém felicitamos estes compa-nheiros pela decisão política dehonrar suas trajetórias de luta,negando-se a se comprometerem votar contra os trabalhadores.

No debate aberto pela ameaçade expulsão, a cúpula do PT evários deputados petistas, alémde toda a mídia, estão discutindoa possível expulsão dos compa-nheiros como se esse assuntofosse apenas um problema dedisciplina partidária.

Inclusive os que se posicionamcontra uma eventual expulsão echegam a definir a posição daExecutiva como um “ataque pre-ventivo”, comparando-a com apolítica da “guerra preventiva”de Bush - como Chico Alencar eIvan Valente – limitam-se a umadefesa democrática . “Como nãohá crime, não pode haver puni-ção”, dizem eles, na medida emque o Congresso Nacional aindanão votou a reforma e a bancadado partido ainda não “fechouquestão” sobre a votação da re-forma da Previdência.

Mas, além do ato autoritário,truculento e antidemocrático quea ameaça de “expulsão preventi-va” significa, seria um profundoerro não tirar a conclusão políticamais importante destes aconteci-mentos: o PT morreu como um

instrumento de mobilização so-

cial por um projeto anti-imperi-

alista e anti-capitalista.

A DEFESA DOSINTERESSES DOSTRABALHADORES ÉINCOMPATÍVEL COM ESSEGOVERNO

O governo Lula estáaprofundando o modeloneoliberal iniciado por Collor eFHC. E esta não é uma conclu-são apenas do PSTU. É o quepensam uma boa parte do funci-onalismo público e parcelas cadavez maiores da classe trabalha-dora.

O corte no orçamento e osuperávit histórico conseguidonas contas do governo não estão

N

È HORA DE UNIR A ESQUERDANUM NOVO PARTIDO

a serviço de promover investi-mentos na saúde, educação e cri-ação de empregos. Estão indo parao pagamento da dívida externa.

O governo, enquanto “estendea mão” para as grandes empresasque sonegam a Previdência, la-drões que deveriam estar na ca-deia e ter seus bens confiscadospelo Estado, ataca conquistas dostrabalhadores. O governo Lula eo PT fizeram uma opção políticade governar para os grandes capi-talistas e por colocar-se ao serviçodo imperialismo

As reformas do governo Lulasão exigências do FMI que pre-param a entrada do Brasil na Alca,se estabelecem no marco das ne-gociações com os EUA e apare-cem como iniciativa do governo,mas na verdade foram cozinhadasem Washington. Por isso, depoisda reforma da Previdência virá areforma trabalhista exigida peloFMI e que FHC não conseguiurealizar até o final.

A reforma da Previdência sig-nifica um retrocesso histórico paraos trabalhadores e é parte de umprojeto de governo que mantémintactos os interesses da burguesiae aprofunda a dominação imperi-alista sobre o Brasil.

Nestas circunstâncias todos sa-bemos que a vida do povo traba-lhador vai piorar sob o governodo PT e de Lula. Os que nãoquerem for-mar parte des-te estelionatoeleitoral e de-fendem umprojeto detransforma-ção social quegaranta umavida dignapara o povotrabalhadornão têm ou-tro caminho anão ser a rup-tura conscien-te com o PT e com o governo.

O método da “punição pre-ventiva” inaugurado pela execu-tiva do PT é a expressão do que arealidade há muito tempo ditava:a impossibilidade de mudar o PTpor dentro e, por conseqüência,os rumos do governo Lula.

Se antes da conquista do go-verno os companheiros que com-põe a esquerda do PT alimenta-vam esta possibilidade, devemagora tirar conclusões. Não estãoenfrentando a direção do um par-tido com uma política equivoca-da. Estão diante de um partidoque é parte da máquina de umEstado voltado a garantir os inte-resses dos poderosos e que não

QUEREMOS FAZER UMCHAMADO A VOCÊS E ATODOS OS MILITANTES

PETISTAS QUE SEMANTÊM NA DEFESA

DOS INTERESSES DOSTRABALHADORES: ROM-PAM COM O PT E COM O

GOVERNO LULA.

titubeará em demostrar aos gran-des empresários e ao FMI a seri-edade de seus compromissos.

Diante desta constatação nem o

governo Lula nem o PT estão em

disputa. Não há qualquer possi-bilidade de que a pressão interna

demovao gover-no doprojetoque foiconstruídocom seusparceirosdo gran-de capi-tal. Nãohá a maisr e m o t ac h a n c ede cons-truir uma

“nova maioria” ou de mudar oPT. A rigor, não é possível hojemanter-se socialista e fiel aos in-teresses da classe trabalhadora pordentro do PT.

Por isso tudo, é chegada a horade romper definitivamente como governo, com o PT e construirum novo partido. Na verdade, jácomeçamos a passar da hora deunir a esquerda socialista e osmovimentos sociais num novopartido.

UM CHAMADO AOSCOMPANHEIROS BABÁ,HELOÍSA E LUCIANA

A falência do PT exige e colo-ca cada vez mais na ordem do dia

a necessidade imperiosa de unir aesquerda socialista em um proje-to revolucionário, pois esta ne-cessidade brota da incapacidademesma do sistema de acabar coma fome e garantir emprego, saúde,moradia e terra; enfim, uma vidadigna para o povo trabalhador.

O que demostrou suainviabilidade é a conciliação dosinteresses dos trabalhadores comos da burguesia. No final, acaba-ram prevalecendo os interesses daburguesia.

Por isso, queremos dizer aoscompanheiros Babá, Luciana eHeloísa Helena que podem con-tar conosco na luta contra essaReforma do FMI e com a nossasolidariedade contra a persegui-ção que estão sofrendo. Temoscerteza de que se mantiverem fir-mes, terão também o apoio detodos os lutadores, que estarãonas ruas para derrotar esse projetodo FMI.

Mas queremos também fazerum chamado a vocês e a todos osmilitantes petistas que se mantêmde forma intransigente na defesados direitos e interesses dos traba-lhadores: rompam com o PT ecom o governo Lula.

Vamos lutar juntos para cons-truir um novo partido, que unatodos os socialistas, lutadores eativistas dos movimentos sociais ese constitua como oposição deesquerda a esse governo. Umnovo partido de luta, de classe, demassas, revolucionários e socia-lista.

Page 4: os150

4 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

A

SARA GRANEMANN E JOSÉMIGUEL BENDRAO SALDANHA,Especial para o Opinião Socialista

POLÊMICA

Previdência Social e as propostasde “contra-reforma” apresentadaspelo Governo Lula não se constitu-em em propostas originais. Dife-renciamos reforma de contra-re-

forma porque a primeira pode operar demodo progressista ao aumentar e estenderdireitos de uma dada categoria para a totalida-de dos trabalhadores, enquanto a segundapersegue a meta contrária: reduzir direitospela via da regressão das relações sociais entrecapital e trabalho a momentos já superados dodesenvolvimento do capitalismo.

As sucessivas propostas de “contra-refor-ma” da Previdência Social seguem rigorosa-mente as recomendações do Banco Mundial,sintetizadas no documento “Prevenir a crisedo envelhecimento: políticas para proteger aspessoas idosas e promover o crescimento”, de1994. O documento orientador das contra-reformas garante a abertura de um enorme erazoavelmente novo espaço de acumulaçãocapitalista, ao desarticular os sistemas públicosde Seguridade Social1 em geral, e de Previ-dência Social em particular, para dar à Previ-dência Complementar (privada) espaços decrescimento que não poderiam existir, senãopela redução dos valores dos benefícios dosistema público e por solidariedade.

A Previdência Complementar funciona pormeio de duas modalidades: a Aberta (osplanos oferecidos pelos Bancos e pelas Segu-radoras) e a Fechada (planos de uma categoriaprofissional, de uma empresa ou conjunto deempresas, chamado Fundo de Pensão).

O espaço para o crescimento da previdên-cia complementar se faz pelo rebaixamentodo teto dos benefícios da previdênciapública.Quanto menor for este teto, e meno-res os benefícios para a população, maior seráo número de trabalhadores que terá de recor-rer aos planos de previdência privada, naarriscada tentativa de complementação de suasaposentadorias.

O diagnóstico e areceita do BancoMundial

O Banco Mundial apresenta as propostasde contra-reforma e seu diagnóstico sobre ainviabilidade de sistemas previdenciários pú-blicos, universais e por repartição, a partir detrês pontos:

1) “Um grave problema demográfico”O Banco vê com “muita preocupação” a

queda da taxa de natalidade e o crescimento dapopulação idosa – acima de 60 anos – nomundo. Sua previsão toma o ano de 2030como o ano da “catástrofe”: o mundo terácerca de 1 bilhão e 400 milhões de idosos. Para

ele, os recursos dos assalariados devem sub-vencionar as necessidades dos idosos e comoo número de assalariados é cada vez menor, aalternativa sugerida é o corte de direitos.

Problemas no argumento do Banco Mun-dial: A longevidade humana não pode sercompreendida como um problema. Poderviver mais do que há alguns séculos atrás é

uma conquista. Ademais, a produção deriquezas jamais foi tão intensa e monumentalcomo o é em nossa época. A proteçãoprevidenciária só está em questão porque alucratividade do capital, produzida pelos tra-balhadores, não é dividida entre os própriostrabalhadores.

2) Falência de numerosos sistemas públicosde aposentadorias

O documento do Banco toma como exem-plo para constatar a inviabilidade dos sistemaspúblicos as falências dos sistemas da Zâmbia eVenezuela.

Problemas no argumento do Banco Mun-dial: O Banco deveria indicar aos seus leitoresas contribuições dadas por ele mesmo paraque as economias destes países desenvolves-sem os graves problemas que apresentam. Deigual modo, poderia mencionar países como

o Chile e Argentina que, ao seguirem suareceita e realizarem as contra-reformas nossistemas de pensão, tiveram como resultadograves crises econômicas e sociais. Não deve-ria omitir também a catástrofe do sistema deaposentadorias por capitalização.

3) Os regimes públicos “favorecem os ricosem detrimento dos pobres”

O Banco diz que existem distorções nopagamento dos benefícios previdenciáriosporque os trabalhadores mais pobres susten-tam as aposentadorias dos “trabalhadores maisricos” na previdência pública.

Problemas no argumento do Banco Mun-dial: Por quê, diante dessa tal situação deinjustiça, o Banco não propõe em seus docu-mentos a elevação dos pisos mínimos debenefícios previdenciários? A saída para ajustiça social nunca poderá ser a de reduzir aaposentadoria de todos os trabalhadores aopiso mínimo e a um teto absolutamente rebai-xado como é o caso dos valores em vigênciano Regime Geral da Previdência Social. Aoconjunto dos trabalhadores, somente podeinteressar uma reforma na qual os direitosconquistados por algumas categorias – como a

PROFESSORES DA UFRJ ANALISAM A “CONTRA-REFORMA” DA PREVIDÊNCIASOCIAL DE LULA, QUE SEGUE AS ORIENTAÇÕES DO BANCO MUNDIAL

dos servidores públicos – sejam estendidospara todos os trabalhadores do país. Com acontra-reforma, o que se busca não é a reso-lução de uma injustiça, mas opor trabalhado-res da iniciativa privada aos trabalhadores doserviço público para mais uma vez cassardireitos e impedir a unidade de todos na lutacontra o capitalismo.

Tais propostas têm dois objetivos: 1) esten-der a situação de injustiça previdenciária paratodos os trabalhadores e taxar os do serviçopúblico (ativos, aposentados e pensionistas)de ‘privilegiados’para os distanciar dos demais2) Ao fomentar este clima contra os trabalha-dores do serviço público, apresenta-se a “so-lução” para os problemas previdenciários: aPrevidência Complementar.

O segredo dos ataques à Previdência Soci-al e aos servidores públicos, revela-se nanecessidade do modo capitalista de produçãode encontrar novos montantes de capital parao financiamento de sua acumulação em maisum de seus momentos de crise.

A privatização viaFundos de Pensão

A privatização da Previdência reveste-se deconteúdo e interesse diferenciados das de-mais privatizações. Os recursos previdenciáriosmobilizados pelos fundos de pensão se for-mam com surpreendente rapidez e são contí-nua e crescentemente renovados.

Com a privatização da Previdência estima-se que o mercado financeiro se apropriará decerca de R$ 670 bilhões até 2.010.

O regime de capitalização é uma poupançaindividual, cuja aplicação do dinheiro é con-trolada pelo sistema financeiro, através decorretoras ligadas aos bancos que operam nomercado de capitais. Ela é praticamente todainvestida no mercado de ações (Bolsa deValores) ou em títulos do governo. Esta, porexemplo, é a situação atual da PREVI (Fundode Pensão do Banco do Brasil) que tem 58%de seus ativos investido em ações. Em 2002 osBancos Bilbao Viscaya e Santander controla-vam cerca de 60% do mercado de fundosprivados na América Latina.

A Previdência Social, Pública e Solidárianão tem risco de quebrar. Pois tudo o que éarrecadado é imediatamente distribuído (re-gime de repartição simples) para as aposenta-dorias da geração que já trabalhou (solidarie-dade entre gerações).

Já as aposentadorias contratadas com Fun-dos de Pensão ficarão sempre ao sabor do queocorra no mercado financeiro, dominado pelaespeculação.

No Chile mais de 70% de tais Fundosfaliram. Nos EUA e Inglaterra muitos delesestão em quebra e empresas como a Enron nosdão forte exemplo: a previdência dos trabalha-dores não deve estar presa aos rodopios dasbolsas de valores. Só nos EUA 470 mil traba-lhadores já perderam suas aposentadorias.

OS FUNDOS DE PENSÃOE A ACUMULAÇÃO

CAPITALISTA

1

O Artigo 194 da

Constituição

define que “a

Seguridade Social

compreende um

conjunto

integrado de

ações de

iniciativa dos

Poderes Públicos

e da sociedade,

destinadas a

assegurar os

direitos relativos à

saúde, à

previdência e à

assistência

social”.

O ESPAÇO PARA O CRESCIMEN-TO DA PREVIDÊNCIA COMPLE-

MENTAR SE FAZ PELO REBAIXA-MENTO DO TETO DOS BENEFÍCI-OS DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA

ESTIMA-SE QUE OMERCADO FINANCEIRO

SE APROPRIARÁ DE CERCA DER$ 670 BILHÕES ATÉ 2010

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5Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

ILUSTRAÇÃO GUSTAVO SIXEL

Fundos operama serviço daexploração

Mas além de operarem prioritariamentecomo capitais especulativos, os fundos depensão aprofundam dramaticamente aalienação do trabalho quando querem ossindicatos (e os sindicalistas) empenha-dos na gestão deste negócio capitalista.

Ao contrário de “gerar empregos” e“crescimento econômico”, estes Fundosoperam no sentido da superexploraçãodo trabalho. Sua rentabilidade está ligadaà valorização das ações e, portanto, àmaior lucratividade das empresas. Porisso, os Fundos que ajudaram nas privati-zações e tornaram-se sócios de empresascomo a Embraer, Usiminas, Vale do RioDoce e outras apoiaram o arrocho salariale as demissões ali ocorridas, como fez aPrevi na Embraer. Eles querem tambémque seus segurados trabalhem mais tem-po e ganhem menos quando se aposen-tarem. Por isso buscam trocar o regimede benefício definido pelo de contribui-ção definida, um sistema no qual o traba-lhador não sabe com quanto vai se apo-sentar e vai depender das condições demercado na época da aposentadoria.

A possibilidade de os sindicatosinstituírem fundos de pensão, já legal-mente aprovada no Brasil, indica oenraizamento de idéias capitalistas noseio das organizações dos trabalhadorese entre seus dirigentes.

Para os trabalhadores, a Previdência eas demais políticas sociais integrantes daSeguridade Social não podem ser trocadaspor formas de previdência privada e se-guros individuais.

Os argumentos para justificar asuperexploração do trabalho têm sidoalardeados como a salvação da economiabrasileira: a formação da poupança inter-na. Ao denominarmos poupança os capi-tais formados pelos fundos de pensão,também devemos indicar que ela se pres-tará às exigências do capital e, sobretudo,às do capital especulativo.

As propostas do governo Lula apro-fundam a contra-reforma da Previdênciainiciada por FHC. E, numa evidentemanobra para tentar diminuir as críticasdos servidores ao seu projeto, o governopropõe que estes fundos de pensão se-jam administrados em parceria pelos ser-vidores e pelos governos.

Sara é professora da Escola de Serviço Social da UFRJ e José Miguel é professor da Escola de Engenharia da UFRJ.Ambos são membros dos Grupos de Trabalho em Seguridade Social da Adufrj-SSind e do Andes-SN.

FUNDOS DE PENSÃO PÚBLICOS,UMA CONTRADIÇÃO NOS TERMOS

om assombro, para dizer o mínimo, temos assistido a apresentação de “alternativas” queaparecem no debate propondo a construção de um “fundo de pensão público”. Aentrega de capitais estatais ou a renúncia de atuação em espaços outrora consideradostípicos do Estado são formas diversas de um mesmo processo: o de redução do Estadoe de privatização dos recursos públicos que alguns estudiosos chamam de projeto

neoliberal. A instituição de Previdência Complementar ajusta-se com perfeição à lógica docapital de apropriar-se de novos espaços da vida social e das relações humanas e transformá-losem mercadorias. Os fundos de pensão pretendem substituir os princípios de solidariedade,consciência e pertencimento de classe por aplicações rentáveis ao capital especulativo. O atualestágio de desenvolvimento capitalista apresenta uma particularidade nova, na qual o capital-dinheiro mobilizado pelos fundos de pensão é articulado como ‘saída’ para enfrentar a crise docapitalismo e como mecanismo privilegiado da acumulação capitalista. Tal particularidade temsido chamada “capitalismo dos fundos de pensão”. Essa lógica não pode ser confundida comouma alternativa ao desmonte da Previdência Social, por algumas razões:

1) No uso corrente da língua portuguesa o adjetivo público apresenta alguns esclarecimentos:“a) - Do, ou relativo, ou pertencente ou destinado ao povo, à coletividade. b) – Que é do uso detodos; comum. c) – Aberto a quaisquer pessoas”. Então, não pode ser público aquilo que se referea uma categoria profissional. Uma categoria não pode ser confun-dida com o povo todo. Dizer que um fundo de pensão de umacategoria pode ser público é, no mínimo, expressar umacontradição nos termos.

2) O que torna pública a previdência são, sobretudo, oprincípio de inclusão no qual ela se referencia e o sistema queregula a distribuição de seus benefícios. Ao operar por repar-tição, as políticas previdenciárias resgatam a noção de solidarie-dade de classe e a compreensão de que toda a riqueza do paísé gerada pelos trabalhadores. A capitalização rompe com estesprincípios e entrega os recursos construídos pelo trabalho paraa utilização do capital que, somente pela exploração dos trabalha-dores poderá fazer estes recursos multiplicarem-se.

3) O que torna público um recurso não é a sua administração,mas a sua constituição, a sua natureza. Não poderá ser públicoum recurso que se forma pela especulação com os títulos públicos.Os recursos oriundos das aplicações dos fundos de pensão terãomaior lucratividade se o endividamento público pagar taxas dejuros mais elevadas e se as ações privadas alcançarem maior lucratividade.Aprendemos com Marx que o que define um capitalista é como ele ganhao seu capital e não como ele o gasta. A mesma lógica se aplica aos fundosde pensão: pagar aposentadorias e tê-las sob o gerenciamento doEstado ou de sindicalistas não as fará públicas se os seus ganhosforem obtidos na estrita observação das regras do capital, porqueassim esta riqueza somente poderá formar-se pela extração demais-valia e por potencializar a exploração do trabalho.

Também neste caso não se pode servir a dois senho-res; isto é, a previdência dos servidores públicos dopaís não poderá ser pública e privada simultane-amente, ou pública na administração e pri-vada na formação de capitais. Tambémaqui os arranjos nominativos ex-pressam o desejo de uns de mi-nar a resistência de outros,através da reposição dovelho sob a aparên-cia do novo

C

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6 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

o último dia 9, a Plená-ria Nacional dos Servi-dores Públicos Fede-rais (SPFs) contou com315 delegados e 43

observadores. Muito representa-tiva e radicalizada, a plenária trans-pirava revolta com a proposta dereforma da Previdência do go-verno Lula. O sentimento de in-dignação e o clima de luta levarama base a questionar os setores va-cilantes da direção e a aprovarresoluções que apontam para apossibilidade de que se construa amaior mobilização nacional dofuncionalismo.

RADICALIZAÇÃO NA BASEE SETORES VACILANTESNA DIREÇÃO

Se a indignação é geral, no quetoca à ação e mobilização, aindahá desigualdades, em função, so-bretudo, do papel que cumpremcertos setores dirigentes. As cate-gorias mais mobilizadas são as daEducação: professores e funcio-nários das universidades e escolastécnicas (Andes, Fasubra eSinasefe).

Estas desigualdades na mobili-zação poderão ser superadas coma campanha ganhando as ruas ecom o calendário unificado. Em-bora setores da direção nacionaldo funcionalismo atuem comoum obstáculo.

Várias plenárias setoriais – rea-lizadas antes da nacional – expres-saram tanto a desigualdade comoessa contradição entre a direção ea base. A da Fasubra, por exem-plo, foi muito representativa, com94 delegados e 37 entidades. Alémdisso, aprovou todo o calendárioque posteriormente seria votadona plenária nacional e a instalaçãodo comando nacional de mobili-zação, composto pela base, no dia08 de junho, um dia após o térmi-no do CONCUT. A data de 15de junho, limite para que o MECencaminhe ao Congresso Nacio-nal o plano de carreira da Fasubra,foi aprovada como indicativo paradeflagração da greve.

Tais resoluções foram possí-veis devido ao recuo da correntemajoritária na direção da entida-de. A Tribo foi obrigada a realizartrês plenárias internas, por en-contrar-se dividida. Um setorconcordava com as propostas deluta do MTS (Movimento por

ROGÉRIO MARZOLLA,da Direção Nacional da Fasubra

N

FUNCIONALISMO

PLENÁRIA VOTACALENDÁRIO DE LUTAE APONTA A GREVEDO FUNCIONALISMO

A PLENÁRIA NACIONAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAISDECLAROU GUERRA À REFORMA E VOTOU UM CALENDÁRIO QUE DEVE

UNIR AS TRÊS ESFERAS DO FUNCIONALISMO NESSA LUTA

A Executiva Nacional dosBancários deu a partida naCampanha Salarial de Emer-gência, exigindo uma re-posição de 15% nos salári-os. O índice é para recu-perar as perdas com a in-flação acumuladas no pe-ríodo de setembro de 2002a abril de 2003.

Essa campanha é impor-tante porque os saláriosdos bancários vêm sendocorroídos pelo aumentodos gastos com alimenta-ção, educação, transpor-te, entre outros.

Se os bancários estão vi-vendo com dificuldades,os banqueiros estão na-dando na grana. Neste tri-mestre, os bancos priva-dos tiveram lucros astro-nômicos. O Itaú, por exem-plo, lucrou R$ 714 milhões.E ainda falam em aumentara jornada de trabalho dosbancários. Caras de pau!!!

Vamos colocar a nossa cam-panha na rua! 15% já!

(Wilson Aparecido)

uma Tendência Socialista), outrotentava alentar ilusões nas “nego-ciações” e impor uma postura quenão fosse de confronto com ogoverno. Ao final, a Tribo chegoudividida à plenária, e o setordesmobilizador a todo instantefazia um discurso e apresentavaargumentos em favor da divisãoe desmobilização do funcionalis-mo, do tipo “tem setores que játiveram aumento e estamos lutan-do por eles” ou “tem gente namesa de negociações pelo movi-mento que ganha até R$ 7 mil”.Apesar disso, preferiu recuar eaceitou o calendário proposto peloMTS.

Na Seguridade, o ritmo estámais lento. Mesmo aprovando ocalendário, a plenária da Fenaspsfoi menor que a da Fasubra emuitos estados não debateram aparalisação de 14 e 15.

A Unafisco (entidade nacio-nal dos fiscais da Receita) estarárealizando paralisações ao lon-go do mês. Mas a direção nacio-nal da entidade – ligada à Articu-lação - tem uma posição recuada,de construir emendas a essa re-forma. Lúcia Reis, da Articulaçãoe da Executiva da CUT, tam-bém defendeu na reunião doCNESF que se construíssememendas à reforma. Mas na Ple-nária Nacional não ousaramdefender tal coisa. O MTS, detodo modo, apontou o graveerro que seria essa linha deemendar a reforma do FMI.

No calendário, destacam-sea manutenção da paralisação de14 e 15 de maio, o indicativo degreve nacional para a segundaquinzena de junho e a marchasobre Brasília contra esta refor-ma para 11/6, com a CNTE.

AS POLÊMICASNa plenária unificada houve

polêmica em dois temas. O pri-meiro foi se, nos dias 14 e 15,todos os federais parariam ou seapenas Seguridade e Educação.A direção da Condsef e a daFenajufe defenderam greve sópara estes setores e perderam.

A segunda polêmica foi so-bre a proposta da realização deuma plenária nacional e de umato durante o CONCUT, emSão Paulo. A Articulação foi con-tra, argumentando “plena-rismo”. Na verdade, sua posi-ção era de que não houvesse atono CONCUT e sim uma reu-nião com a direção da CUT.Agnaldo Fernandes, do MTS edo PSTU, defendeu o ato, argu-mentando que o funcionalismotem uma tarefa a cumprir noCONCUT: “Temos que mudar osrumos da central, que não pode sergovernista e precisa se colocar efetiva-mente contra a reforma, e não apoiá-la, como vem fazendo a Articulação”.O representante da corrente OTrabalho ficou histérico com oataque de Agnaldo à Articulação,pediu novas defesas e tentouimpedir a votação. O grau desubmissão foi patético e abriuuma crise tremenda na tese “For-talecer a CUT”. A plenária e oato foram aprovados.

Campanhasalarial deemergênciaexige 15%de reposição

MOVIMENTO

BANCÁRIOS

Na manifestação do 1º deMaio em Belém, os agen-tes de saúde expressarama sua insatisfação contra oprefeito Edmilson Rodri-gues (PT), que cortou deforma arbitrária a gratifi-cação dos trabalhadores.E como resposta, eles fo-ram reprimidos por mili-tantes do PT.

As agressões começaramlogo no início da manifes-tação. Quando os traba-lhadores estenderam suafaixa com os dizeres “Pre-feito que papelão, retirarna ‘força’ nossa produ-ção”, sofreram uma tenta-tiva de agressão por partede militantes da correnteForça Socialista. E no fi-nal do ato, quando o PSTUfoi se solidarizar com ostrabalhadores, esses mili-tantes da Força tentaramagredir e expulsar o parti-do da manifestação.

Nós do PSTU repudiamosessa agressão e pedimossolidariedade a todas asorganizações do movimen-to operário, popular e es-tudantil, no sentido degarantir o direito à mani-festação de todas as cor-rentes de nossa classe.Além disso, compreende-mos que se trata de garan-tir o direito de um setorda classe trabalhadora dese manifestar publicamen-te contra o governo, aindaque seja um governo doPT. (Concha)

Prefeitura deBelém agridetrabalhadoresno 1º de Maio

PARÁ14 E 15 DE MAIO

Paralisação dos servidoresfederais por 48h, com atos.

DE 23 A 29 DE MAIO

Atos em PE, MG e RS.

03 DE JUNHO

Ato dos servidores públicos noCONCUT, em São Paulo, ePlenária Nacional dosServidores Federais.

11 DE JUNHO

Marcha a Brasília e AtoNacional Contra a Reforma.(Aprovada também pelaConfederação Nacional dosTrabalhadores em Educação).

10 A 13 DE JUNHO

Caravana e acampamento emBrasília, promovido pelaCondsef, com apoio dasdemais entidades.

12 DE JUNHO

Indicativo para seminário dastrês esferas sobre reforma daPrevidência, em Brasília.

13 DE JUNHO

Plenárias setoriais.

14 DE JUNHO

Plenária Nacional dosServidores Federais.

SEGUNDA QUINZENA DE

JUNHO

Indicativo de greve nacionaldos servidores federais.

CALENDÁRIO

A plenária aprovou umacampanha contra a reforma,com uma cartilha e um jornal.Quase todas as entidadesestão propondo umacontribuição extra dacategoria de 1% (o miserável1% que o governo deu dereposição) para umacampanha de mídia contráriaà do governo.

CAMPANHA

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7Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

proposta de “Reforma da Previdên-cia” apresentada pelo governo Lulapara ser votada no Congresso Nacio-nal, se aprovada, significará a privati-zação da Previdência Social pública

e a maior transferência de recursos públicosda história do país para o sistema financeiro.

Essa “reforma”, igual à de FHC, baseia-senuma receita do Banco Mundial e é umaexigência do acordo com o FMI. Visa garantirmais dinheiro para o pagamento dos juros dadívida externa e interna e instituir uma Pre-vidência privada: um “mercado previdenciá-rio” a ser explorado pelos bancos, que devechegar a R$ 670 bilhões em 2010 e de imedi-ato transferirá a eles mais de R$ 50 bi.

Os verdadeiros privilegiados deste país –banqueiros e grandes empresários (sonega-dores e ladrões da Previdência) – serão osgrandes beneficiários desta reforma. Os pre-judicados serão os trabalhadores.

Ao contrário do que diz o governo e amídia, tal reforma não é “progressista” e me-nos ainda um ato de justiça social em busca demaior igualdade. Na verdade, se insere naofensiva mundial dos capitalistas para retiraros direitos conquistados pela classe trabalha-dora em mais de um século de lutas.

Uma reforma que estendesse e ampliassedireitos para todos os trabalhadores seria bemvinda. Mas esta faz o oposto. Ao invés dedireitos para todos os trabalhadores, o lemado FMI é todos sem direitos.

Uma conquista demais de umséculo de lutas

A história da Previdência Social se con-funde com a história de luta da classe traba-

A

MARIÚCHA FONTANA,da redação

PARTE INTEGRANTE DO OS 150, PUBLICAÇÃO DO PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO

RETROCESSO HISTÓRICO

FOTO LUNCH

ON ASKYSCRAPER,DE 1932.

lhadora em nível mundial. Como a jornada de8 horas e outros direitos, a Previdência foiuma conquista histórica, arrancada com muitaluta, suor e sangue da classe trabalhadora.

A fúria do FMI, do Banco Mundial e detodos os capitalistas para acabar com a Previ-dência pública, em regime de repartição esolidária, visa fazer retroceder as condições devida da classe trabalhadora aos patamares deexploração do século XIX. Como diz o livro“Em Defesa de nossa Previdência”, de SergeGoulart: “As origens históricas dos regimes de

Seguridade Social são as Caixas coletivas dos operários,dos primeiros sindicatos. Ela existe, hoje, porque a classetrabalhadora lutou por sua própria preservação comoclasse por mais de um século e meio. A coleta feita parasalvar a vida de um, para mitigar o sofrimento de umaviúva e seus filhos, para garantir a comida e o teto paraaquele que não tinha mais forças, esta é a origem daSeguridade Social.Com os sindicatos organizados estaação solidária de classe se estendeu, com os grandespartidos da classe trabalhadora ela se transformou emreivindicação social e política. E finalmente foi inscritaa ferro e fogo nas leis. A sua marca é a marca da luta daclasse trabalhadora que para se defender só pode faze-locoletivamente, e que defendendo a própria existênciadefende, de fato, a existência de toda a civilizaçãohumana.”

No início do capitalismo, os trabalhadorescumpriam jornadas de trabalho de até 18 horas,não possuiam qualquer forma de proteção aodesemprego, aos acidentes de trabalho, à saúdee à aposentadoria. Os patrões recomendavamque cada trabalhador individualmente guar-dasse parte dos seus míseros salários para o casode acidentes, doenças, desemprego e para quan-

AO CONTRÁRIO DO QUE DIZ OGOVERNO E A MÍDIA, TAL RE-

FORMA NÃO É “PROGRESSISTA”

do já não pudesse trabalhar. A classe trabalha-dora foi percebendo com o passar do tempoque era absolutamente impossível resolver in-dividualmente os enormes problemas que asprecárias condições de vida e de trabalho im-punham a todos os trabalhadores. Foi assimque os operários tomaram consciência da im-portância de construir organizações para lutarcontra a exploração dos capitalistas.

Em 1871, na França, aconteceu um grandemovimento dos trabalhadores chamado“Comuna de Paris”. Os trabalhadores toma-ram o poder e governaram por dois meses acapital. Apesar de derrotada, essa luta tornou-se um referencial para os trabalhadores daEuropa e de todo o mundo.

Foi devido a essa luta, que , na Alemanha,na década seguinte – mais ou menos em 1880-, o governo tratou de elaborar as primeirasiniciativas de proteção ao trabalho, para que ostrabalhadores alemães não se rebelassem, comoos da França. Foi aí, na Alemanha de Bismark,que surgiram as primeiras iniciativas deSeguridade Social: aposentadoria, seguro saúdee proteção aos acidentes de trabalho.

De volta aoséculo XIX

Na TV, a propaganda do governo comparaessa contra-reforma à libertação dos escravose diz que quem se opõe a ela é “conservador”,como aqueles que se opunham à abolição daescravatura.

Nada mais falso. Conservadora e reacioná-ria é a proposta do FMI e dos banqueiros queo governo Lula e o PT passaram a defender.

É uma ironia da história que, na aurora doséculo XXI, seja um partido que nasceu doseio da classe trabalhadora a pilotar um pro-jeto do imperialismo e da burguesia, que visafazer a classe trabalhadora retroceder ao sé-culo XIX em termos de direitos sociais etrabalhistas.

PROPOSTA DE REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DE LULA É IGUAL À

DE FHC: SEGUE O MODELO DO BANCO MUNDIAL E É EXIGÊNCIA DO FMI

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8 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

com base em um salário de R$ 3 mil

DESCONTO PREVIDÊNCIAR$171,77 R$ 330

CRÉDITO NO FGTSR$ 240 R$ 0

CONTRIBUIÇÃO DOEMPREGADOR

R$ 660 R$ 0

SETORPRIVADO

(CLT)

SERVIDORPÚBLICO(RJU)

proposta de reforma apresen-tada pelo governo Lula, via oProjeto de Emenda Constitu-cional 40/03 (PEC 40/03), tratade privatizar a previdência pú-

blica, acabando com a aposentadoria in-tegral dos servidores públicos, para forçá-los a aderirem a um plano de Previdênciacomplementar privada.

Com isso querem acabar com a Previ-dência Estatal, por repartição, solidária euniversal, para instituir uma Previdênciapor capitalização e individual.

A Previdência sempre foi concebidacomo uma política social que integra(com a saúde e a assistên-cia social) a SeguridadeSocial. Ela se fundamen-ta na solidariedade declasse e entre gerações.As gerações presentespagam a aposentadoriados que se aposentaram,as contribuições previdenciárias e as ver-bas da Seguridade (bancadas pelo em-pregador, na proporção de 2x1 para oempregado, mais impostos voltados paraSeguridade) devem ser pagas de acordocom as possibilidades de cada um, quempode mais, paga mais; e repartidas paratodos (universalização). É este princípioque garante, por exemplo, que novemilhões de trabalhadores rurais tenhamdireito à aposentadoria, apesar de nãoterem podido contribuir sempre para aPrevidência.

Com a Previdência privada, a lógica é“pagou, tem direito” e – como no merca-do – exclui-se quem não pode pagar.

Ao transferir e empurrar para os ban-cos e seguradoras os trabalhadores que

A

A VERDADE SOBE 10 MOTIVOS P

ganham um salário um pouco melhor, ogoverno vai rebaixar ainda mais a apo-sentadoria do INSS e jogar mais traba-lhadores na informalidade.

A quem interessa acabar com o mode-lo de solidariedade, para instituir o mo-delo capitalista, senão aos banqueiros egrandes capitalistas? A quem interessaque a Previdência deixe de ser uma po-lítica e conquista social para se converternum negócio?

A “reforma” tem sido diariamente tra-tada nos noticiários e na propaganda dogoverno como a solução para os males daeconomia do país, e a Previdência é

apresentada como a grandevilã das contas do governo. Apopulação tem sido bombar-deada com números menti-rosos, que apregoam um “dé-ficit” monumental na Previ-dência e a iminência de fa-lência do sistema, quando, na

verdade, a Previdência é superavitária.Os trabalhadores do serviço público,

por sua vez, têm sido chamados de “pri-vilegiados”, com o evidente intuito dedividir os trabalhadores brasileiros, jo-gando os do setor privado contra os dosetor público. Por que tanta mentira?

É que o FMI, o Banco Mundial e ogoverno Lula querem privatizar a Previ-dência a toque de caixa, sem nenhumadiscussão. Quando era oposição, Lula e oPT ajudaram a derrotar essa mesma re-forma que estão defendendo hoje. Naépoca, eles diziam que uma mudançadesse porte na Constituição exigia umaAssembléia Constituinte.

Hoje, copiam FHC na proposta dereforma e na total falta de democracia.

ESTÃO MENTINDO PRA VOCÊ.QUE DEMOCRACIA É ESSA?

O GOVERNOVAI REBAIXARAINDA MAIS A

APOSENTADORIADO INSS

6 7

8

1

A FARSA DO ‘DÉFICIT’O governo e a mídiamanipulam os númerose dizem que a Previ-dência está à beira dafalência. A verdade é

que a Seguridade Social ésuperavitária.

Acontece que eles contabilizam to-das as despesas da Seguridade Soci-al, porém não incluem nas suas con-tas todas as receitas que, constitu-cionalmente, deveriam ser destina-das à Seguridade. Isso porque elesvêm desviando todos os anos cercade R$ 30 bilhões destas verbas parapagar juros aos banqueiros.

CONSIDERANDO O GASTO COM A APOSENTADORIADOS SERVIDORES, O SUPERÁVIT É DE R$ 22 BI

2

3

ATAQUE À APOSENTADORIA ESPECIAL DOS PROFESSORESA reforma eleva a idade mínima para a aposentadoria. Essa medida atinge todos,mas especialmente professores (as) do ensino médio e fundamental que tinhamdireito à aposentadoria especial por tempo de contribuição: 25 anos (mulheres);30 (homens). FHC, em 1998, acabou com a aposentadoria por tempo de serviço einstituiu por tempo de contribuição, impôs uma regra de transição para quem tinha

ingressado no serviço público até 1998. Definia um pedágio de 20% sobre o tempo que restassepara a aposentadoria por tempo de serviço, desde que completados 48 anos (mulheres) e 53(homens). Assim, uma professora que começou a trabalhar aos 20 anos e poderia aposentar-seaos 45, com FHC foi obrigada a trabalhar mais 3 anos. Agora, acaba-se com essa “transição” eveda-se a aposentadoria por tempo de serviço antes que completados 55 anos (mulheres) e 60(homens). Essa mesma professora, com Lula, terá que trabalhar mais 7 anos.

levando oà aposencursos, inresponsáv

rias”, dreformamarajás

foram i

APOSENTADORIA INTEGRALNÃO É PRIVILÉGIOA reforma acaba com o direito à aposentadoria integrafuncionalismo e institui o teto do INSS. O governo alega

esta é um “privilégio”. Mas poder aposentar-se com o salário da ativa direito que todos os trabalhadores deveriam ter. A injustiça não estdireito à aposentadoria integral do funcionalismo, está na não existêdesse direito para os demaistrabalhadores. É um absurdoque os idosos e aposentados –depois de toda uma vida detrabalho, quando senecessita de mais cui-dados, de remédiosetc – sejam relegadosa uma vida indigna. Ogoverno alega quepara garantir esse di-reito dos servidores,ele estaria tirando ver-bas dos mais pobres. Averdade é que os ser-vidores pagam muitocaro por esse direito.

A ARMADILHA DO TETOO governo elevou o teto do INSS para R$2.400 (10 salários mínimos). FHC tambémfez isso em 1998: instituiu um teto nominal

de 10 mínimos e deixou a inflação fazer o resto: emapenas 4 anos o teto já estava em 6,5 mínimos. Otrabalhador não terá nenhum benefício imediato, masdesembolsará mais dinheiro para o governo. Um tetomaior seria bom, se um indexador garantisse seu valorreal duranteos anos. Mas épreciso au-mentar o pisoe também ga-rantir seu va-lor real. A ver-dade é que em1994 poucomais de 30%dos aposenta-dos recebiamum salário mí-nimo, e hojequase 70% re-cebem apenasesse valor.

9

10

IMPACTO DO TETO PARA

CONTRIBUINTES DO INSS

R$171,77

R$264

DESCONTO

ATUAL

54%

O NOVO TETO AUMENTARÁA CONTRIBUIÇÃO DAINICIATIVA PRIVADA.

COM O AUMENTO DOTETO DE R$ 1.561PARA R$ 2.400,

A CONTRIBUIÇÃO TERÁ UMAUMENTO DE

DESCONTO

NOVO TETO

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9Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

BRE A REFORMAPARA DIZER NÃO

A dívidapública

A dívida pública (externa einterna), que não pára de cres-cer, já passou do R$ 1 trilhãoe 200 bilhões! Os juros e par-celas desta dívida consomemmais de 60% do Orçamentodo governo. O governo tiraverbas do social e também daPrevidência para pagar jurosaos banqueiros e essa reformavisa garantir ainda mais di-nheiro para eles: por isso éaplaudida pelos bancos.

OS VERDADEIROS VILÕES EPRIVILEGIADOS DESTE PAÍS

Enquanto procuram dividir os trabalhadores, taxando uns de “privilegiados”, osverdadeiros privilegiados desse país são poupados e serão os beneficiados com a reforma.Os causadores do rombo nas contas públicas, que também arrombam os cofres daPrevidência, são os banqueiros e grandes empresários.

Banqueiros não pagam impostos

Os sonegadores e ladrõesA dívida de bancos e grandes empresas com a Previdência está na casa dos R$ 180

bilhões. 84% dessa dívida são de responsabilidade de 6% dos devedores, que devemmais de R$ 1 milhão.

SONEGADORES E SUAS DÍVIDAS

Falam muito que o Estado nãotem dinheiro, mas ao mesmo tem-po os trabalhadores e a classe médiapagam a cada dia mais impostos enão recebem os serviços públicosque precisam e merecem. Os servi-dores públicos estão há oito anossem aumento de salário, o governoLula quer dar 1% de reajuste nesteano e confiscar suas aposentadori-as. Mas a questão é: quem temfinanciado e quem tem se benefi-ciado do Estado? Os bancos têmrecebido cada vez mais juros e pagocada vez menos impostos.

INTEGRANTES DO CONSELHO DO LULA

CIA VALE DO RIO DOCE R$ 392.077.243

BANCO ITAU R$ 380.550.916

TELEFÔNICA R$ 291.053.234

SANTANDER/BANESPA R$ 162.060.653

BANCO BRADESCO R$ 103.572.302

CIA SUZANO DE PAPEL R$ 23.784.068

BANCO REAL R$ 15.871.101

SUCOCÍTRICO CUTRALE R$ 13.649.176

ALCOA R$ 10.433.577

MINISTRO DE DESENVOLVIMENTO

SADIA R$ 71.853.412(Ministro do Desenvolvimento, Luiz Furlan)

EMPRESAS DE COMUNICAÇÃO

ZERO HORA R$ 14.881.798

GLOBO COMUNICACOES EPARTICIPACOES R$ 12.690.470

INFOGLOBO R$ 12.043.562

EDITORA TRÊS R$ 95.619.996

NET RIO R$ 16.992.991

OUTRAS EMPRESAS

MENDES JUNIOR R$ 355.213.686

UNIBANCO R$ 321.581.755

VOLKSWAGEM DO BRASIL R$147.710.660

CONSTRUTORA ANDRADEGUTIERREZ R$ 144.566.454

MERCEDES BENZ DO BRASILR$ 139.997.302

Lista completa dos devedores nosite do PSTU (www.pstu.org.br)

4

5

ATAQUE À UNIVERSIDADE PÚBLICA E ÀPRODUÇÃO CIENTÍFICAEsse roubo ao direito à aposentadoria dos servidores está

os professores universitários em idade de se aposentar a uma corridantadoria, provocando à uma evasão de cérebros da Universidade. Hánclusive, parados por falta de professores. A Universidade Pública ével por 90% de toda pesquisa existente no Brasil.

TAXAÇÃO DOS APOSENTADOSOs aposentados serão taxados em 11% sobre a parte do salário queultrapassar R$ 1.058,00.

TRABALHADOR DO SERVIÇO PÚBLICONÃO É MARAJÁDesde Colllor que os governos falam das “aposentadorias milioná-

de mais de R$ 50 mil, para atacar professores, enfermeiros etc. Aa vai atingir seis milhões de servidores e não acabará com os 1% des. Para cassá-los bastaria regulamentar o teto do serviço público.

PREVIDÊNCIA PRIVADAQuem quiser receber mais do que o teto, terá que aderir àPrevidência privada, aos fundos de pensão. No final, quando forse aposentar o trabalhador pode acabar sem receber, pois, onde

instituídos, a maioria dos tais fundos faliram e deram calote.

DIMINUI O VALOR DOSBENEFÍCIOS PARA OS QUESE APOSENTAREM ANTESDA NOVA IDADE MÍNIMA

Se um servidor não tiver completado a nova idade mínimaestipulada, mas tiver atingido o tempo de contribuição (30anos para mulheres e 35 anos para os homens), ele podeaposentar-se, mas terá um redutor de 5% sobre os proventospor cada ano que falte para a idade mínima até o limite de 35%

TEMPO NA INICIATIVA PRIVA-DA DIMINUIRÁ APOSENTADO-RIA DO SERVIDOR PÚBLICOO servidor não se aposentará mais pelo salário do

serviço público se tiver trabalhado durante algum período nainiciativa privada. O valor da sua aposentadoria será proporcio-nal, levando em conta o tempo no INSS e no setor público.Mesmo no setor privado, a regra para a aposentadoria leva emconta os últimos oito anos de trabalho do segurado e não todaa sua vida laboral.

al doa queé umtá noência

0

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10 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

reforma de lula e doFMI precisa ser derro-tada. Pois, a reformaque interessa aos traba-lhadores é aquela que

estenda e amplie direitos para to-dos e não esta Reforma do FMI,que deixa todos sem direitos.

Uma reforma em favor dostrabalhadores, teria que começarpela revogação da Reforma deFHC e de sua Emenda Constitu-cional 20/98.

Ou seja, os trabalhadores doINSS – com o apoio dos servido-res públicos e de todos os explo-rados – devem exigir a volta daaposentadoria especial e propor-cional para trabalho insalubre oupenoso; o fim do fatorprevidenciário e a volta da apo-sentadoria por tempo de serviço.

Devemos defender um siste-ma único nivelado por cima, queestenda para todos o que for demais positivo nos dois sistemas.

. aumento expressivo (100%)dopiso da aposentadoria e tambémdo salário mínimo, rumo ao dodieese e um indexador que ga-ranta seu poder de compra.

Aposentadoria integral paratodos, por tempo de serviço, man-

Atendo-se os 35 anos para a apo-sentadoria integral e 30 para aespecial.

. Aposentadoria especial paraos professores e também para otrabalho penoso ou insalubre

.Valorização dos servidores edo serviço público, com salários econdições de trabalho dignos paraos funcionários, estímulo e condi-ções para que se preste um serviçopúblico de qualidade para o povo.

. Cobrança da dívida e puniçãorigorosa para os sonegadores eladrões da Previdência. Cadeia econfisco dos bens de mega-em-presários e banqueiros que de-vem à Previdência.

Taxar a movimentação finan-ceira, o lucro e o patrimônio dosgrandes empresários e acabar comas isenções fiscais para empresári-os e supostas “entidades filantró-picas”, como escolas e universi-dades privadas, que de filantrópi-cas não t~em nada.

. Fim dos desvios de verbas daSeguridade para pagamento dadívida externa e interna.

. Suspensão do pagamento dadívida, auditoria e ruptura doacordo com o FMI

.Por uma Previdência por re-

partição, baseada no princípio dasolidariedade entre todos os tra-balhadores das diferentes gera-ções, de modo que toda a força detrabalho – empregada ou não –tenha acesso à Seguridade e àriqueza construida pelostrablhadores.

TRABALHADOR UNIDO,JAMAIS SERÁ VENCIDO!

Todos os trabalhadores devemse unir contra essa reforma doFMI. Essa é uma luta de todos. Osservidores públicos precisam con-tar com a solidariedade e apoio detoda classe trabalhadora na lutaque vão travar em defesa de seusdireitos.

Muitos podem pensar que essaluta não lhes diz respeito, que éproblema do funcionalismo.Quem pensa assim está enganado.Se derrotarem o funcionalismo,ficará mais difícil estender direitospara os demais trabalhadores. Pior,vão atacar em seguida as conquis-tas dos demais trabalhadores.

No acordo com o FMI em queconsta essa “Reforma”, consta tam-bém a exigência de reforma tra-balhista: e o ministro do Traba-lho, Jacques Wagner, declarou na

a terça-feira, 13 de maio, mais deum milhão de trabalhadores foramàs ruas em mais de 117 cidades daFrança, em um dia de greve geralcontra a reforma da Previdência

apresentada pelo governo direitista de PierreZaffarin.

A reforma pretende elevar o tempo decontribuição necessário para que funcionáriospúblicos possam seaposentar com omesmo salário daativa dos atuais 37,5para 40 anos. Tam-bém a idade míni-ma exigida pela leipara aposentadoriaé de 60 anos.

UM PRESENTE AOS FUNDOS DEPENSÃO

Na verdade, o grande objetivo da reformaé substituir um sistema baseado na solidarie-dade operária entre gerações, uma conquistadas lutas do movimento dos trabalhadoresfranceses, por um sistema de “capitalização”baseado na poupança individual controladapelos sistemas de seguros e fundos de pensão.

UNIDADE DOS TRABALHADORESPÚBLICOS E PRIVADOS

A greve convocada pelos sindicatos foirespondida de forma massiva pelos traba-lhadores do setor público e privado. Jun-tos, pararam e foram às ruas os operáriosdas empresas automobilísticas, bancários,trabalhadores da construção e químicos,além de funcionários públicos dos Cor-

reios, hospitais etrabalhadores dasestatais.

Em Paris todo otransporte públicoficou paralisado emesmo assim a pas-seata contou com250 mil trabalhado-

res, que gritavam: “Capitalização não, repar-tição sim!”. Aos trabalhadores se juntaramaposentados e jovens, com a mesma pala-vra-de-ordem de 1995: “Todos juntos”.

Esta foi a maior mobilização realizadadesde a greve geral de 1995, o que levouo primeiro-ministro Zaffarin a dizer que“não são as ruas que governam”. Mas é precisolembrar que, em 1995, a greve geral der-rotou os planos do governo.

A REFORMA QUE INTERESSAAOS TRABALHADORES É OUTRA

semana que passou, que podeacabar com o 13º salário.

A classe trabalhadora, para der-rotar o projeto de exploração doFMI e da ALCA e conquistaremprego, salário, terra e direitos,precisa estar unida. Devemos se-guir o exemplo dos trabalhadoresfranceses.

E devemos todos exigir daCUT, que deixe de ser uma Cen-tral chapa branca, e convoque to-dos os trabalhadores à luta paraderrotar a reforma do FMI.

A CUT, nesse momento, de-veria estar exigindo que o gover-no retirasse a PEC-40/03 do Con-gresso, convocando assembléiasem todos os sindicatos e propon-do a preparação de uma GreveGeral para botar abaixo essa Re-forma do FMI.

Todos os ativistas e lutadoresdesse país, devem entrar em cam-panha contra essa Reforma, reali-zando palestras nos seus locais detrabalho, estudo ou moradia; dis-tribuindo os materiais de esclare-cimento à população que os ser-vidores estarão produzindo, sesomando aos atos e manifestaçõese apoiando de forma ativa a lutados servidores das 3 esferas.

GREVE GERAL NA FRANÇA CONTRAREFORMA DA PREVIDÊNCIA

N

SAIBA MAIS SOBRE A REFORMA DA PREVIDÊNCIAEste suplemento foi produzido a partir de vários documentos, ensaios, livros e cartilhas : “Mentiras e Verdades sobre a Reforma da

Previdência”; documento de Maria Lúcia Fatorelli (auditora fiscal da Receita Federal); “Reforma da previdência – A verdade Nua e Crua”,texto da Unafisco Sindical; “Reforma da Previdência, a quem interessa essa reforma”, Cartilha do MTS; “Mentiras e verdades” (artigo) e “Emdefesa de nossa Previdência” (livro), de Serge Goulart e diversos artigos internacionais.

Você pode encontrar vários destes materiais nos sites: www.unafiscobh.com.br, www.andes.org.br e também no site do PSTU

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11Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

UJS APROFUNDA ALINHAMENTODA UEE-SP COM O GOVERNO

direção majoritária daUEE-SP - a UJS, ligadaao PC do B - defendeuquase que incondi-cionalmente o gover-

no, afirmando que este era o “go-verno das mudanças”, que iria “satisfa-zer as reivindicações dos estudantes”. Paraela, se há algo de errado é resulta-do da “pressão de setores conservadores”.As resoluções aprovadas refletemesta concepção e deixam a entida-de ainda mais desarmada diantedos ataques, por estar totalmentealinhada ao governo.

A tese Ruptura, composta peloMovimento Ruptura Socialista e estu-dantes independentes, fez umbalanço bastante crítico dos pri-meiros meses do governo. “Emvez de atender as expectativas de mudan-ças de milhões de estudantes e trabalhado-res que votaram em Lula, o governo vemmantendo os pilares da política econômi-ca de FHC: mantendo o acor-do e o ajuste fiscal do FMI,aumentando o mon-tante de dinheiro quevai para os ban-queiros atravésda dívidaexterna e

HERMANO ROCHA DE MELO,

primeiro-secretário da UNE

A

JUVENTUDE

FOTO D

E V

ALÉRIO

PAIVA

do aumento do superávit e avançandonas negociações da Alca. Sem a rupturacom esse modelo, não haverá mudan-ças”, afirma José Erinaldo Jr., di-retor da UEE.

O PRINCIPAL DEBATE DO CONGRESSO DA UEE-SP, QUE OCORREU DE 1º A 4 DE MAIO EM SÃOCARLOS, FOI A POSIÇÃO DOS QUASE MIL DELEGADOS DIANTE DO GOVERNO LULA: SUA POLÍTICAECONÔMICA, EDUCACIONAL E SUA RELAÇÃO COM AS ENTIDADES E O MOVIMENTO ESTUDANTIL

A reforma da Previdência tam-bém tem conseqüências para asuniversidades, como alerta Thaís,da USP: “Como a reforma vai retirardireitos de professores e funcionários,

muitos estão se aposentando este ano evários cursos podem fechar”. SirleneMaciel, da Unicsul, concorda quea Educação sofrerá com a políticade Lula: “Para manter o acordo com oFMI, o governo cortou R$ 341 milhõesda Educação e declarou que não vai com-bater o crescimento do ensino privado,vai apenas ‘regulamenta-lo’. O que que-remos é o investimento de pelo menos10% do PIB em Educação e a revogaçãoda reforma educacional de FHC, como aLei de Mensalidades e o Provão”.

Outra polêmica foi sobre a pre-sença da UNE no Conselho deDesenvolvimento Econômico eSocial: “As entidades estudantis têm queoptar entre defender a luta dos estudantesou o governo. O caminho que a UJSescolheu é o de se calar frente à políticaeconômica, a reforma da Previdência e oscortes de verbas, por isso integra um Con-selho que só serve aos banqueiros. Acha-mos que a UNE deve sair já e denunciareste pacto social com a burguesia”, disseAndré Pluskat, da FATEC-SP

Desde a eleição de Lula, a esquerda petista vem abandonandoa defesa de um bloco de esquerda, de luta e socialista na UNE,em troca do pragmatismo das alianças com a direita para ganhara entidade. No Congresso da União Catarinense dos Estudan-tes, optou por uma chapa com PPS, MR-8 e PFL, o que levouà vitória deste “novo campo”, com o PFL na tesouraria, e que vailevar a entidade a mais paralisia e burocratização.

Na UEE-SP a história quase se repete. Durante todo ocongresso, a esquerda do PT tentou construir uma “aliançaampla”, que permitisse a vitória sobre a UJS. Aliou-se à Articulação,que assina embaixo de toda a política econômica e das reformasdo governo, e fez um acordo com o MR-8, representante doquercismo e cujos militantes atuam como gângsters no movimen-to estudantil. Como se não bastasse, tentou até o último minutouma aliança com o PPS, que acabou fechando com a UJS em trocade cargos e aparato. Os aliados que os companheiros estãoprocurando se vendem a quem oferece mais.

Para evitar críticas a esta aliança tão “eclética”, para dizer omínimo, os companheiros escolheram ficar fora do congresso,sem participar dos grupos de discussão.

“Nós da tese Ruptura batalhamos durante o congresso para garantiruma unidade da esquerda, em base a um programa comum, mas infelizmen-te o que vem predominando na maioria das correntes petistas é o pragmatismodo vale tudo. Sabemos que essa lógica se mantém para o congresso da UNE,mas vamos continuar dando a batalha por uma nova direção, com aquelesque estão dispostos a lutar contra uma UNE governista e as alianças com adireita”, concluiu Sérgio Augusto, diretor de pagas da UEE

Esquerda do PT fecha aliançacom Articulação e MR-8 e não

participa dos debates

Acelerar a tirada de delegados ao CONUNE!congresso da UEE-SP reafirmou a ava-liação de que a lutapor uma UNE in-dependente, demo-

crática e de luta está sendoconstruída pela tese Ruptura.Devemos manter o chamadoaos DCEs, CAs, executivas decurso e estudantes indepen-

dentes, a que lutem conosco porum bloco de esquerda na UNE,chamando os companheiros daesquerda do PT a mudarem suapolítica de alianças com a direita.

Para isso é importante debatera nossa tese e o “Manifesto poruma UNE independente, demo-crática e de luta” com todos osestudantes e também com os mi-

litantes petistas. Faltando poucassemanas para o credenciamento,devemos agora garantir uma gran-de bancada no congresso, para daresta batalha política. As reuniõessemanais da tese, além de debateros temas polêmicos do congresso,não podem deixar de avaliar eplanejar as eleições de delegados,elegendo companheiros que fi-

Oquem responsáveis por acom-panhar cada votação. Para queestejamos todos em Goiânia, agarantia das finanças e dos ôni-bus para a viagem não pode seresquecida ou adiada. É precisogarantir desde já com reitorias esindicatos e impulsionar ativi-dades de arrecadação financei-ra, como pedágios e festas.

567 votos

PCdoB, PSDB, PPS, PSB, PDT, PV

RESULTADO

272 votos

Esquerda PT, Articulação, MR-8*

* Não integrou, mas votou na chapa

81 votosRUPTURA

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12 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

a abertura do congres-so, no dia 2 de maio,montou-se uma mesacom os representan-tes do PT, PSTU e

PCdoB e autoridades petistas in-cluindo José Fritsch, secretárioNacional de Pesca, e a senadoraIdeli Salvati (PT-SC). O PSTU

foi a primeiro a fazer uso da pala-vra, denunciando o caráter de clas-se do governo Lula, a políticaeconômica, as reformas, entre elasa da Previdência, e fazendo nofinal um chamado ao PT e a Lulapara romperem com a burguesia egovernarem para os trabalhado-res. Fritsch defendeu a políticaeconômica de Lula e a nefastareforma da Previdência, pela qualfoi criticado e recebeu dos servi-dores federais uma moção de re-púdio.

Em seguida, houve um debatesobre conjuntura. João Flávio,

N

JOANINHA,

de Florianópolis (SC)

CECUTs

militante do PSTU e servidor daJustiça do Trabalho, defendeucom muita ênfase as posições doBloco de Esquerda.

Nos grupos, o grau de descon-tentamento com o governo Lulaera grande e todas as emendaspropostas pelo Bloco foram apro-vadas para irem ao plenário geral.No plenário, com 298 delegados,foi priorizado o debate de estraté-gia e a reforma daP r e v i d ê n c i a .Ninguém defen-deu em plenáriaa reforma do go-verno. Além dasforças políticas,falaram muitoscompanheiros petistas indepen-dentes e todos foram contunden-tes em afirmar que essa reforma éa mesma de Fernando Henrique edo FMI.

Após o debate foram aprova-das, com apenas três abstenções,as resoluções contra a reforma daPrevidência (quadro ao lado).

O 8º CECUT-SC FOI MARCADO PELA VITÓRIA POLÍTICA DO BLOCO DE ESQUERDA, QUE CONSEGUIUAPROVAR RESOLUÇÕES CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA DE LULA. O LAMENTÁVEL FICOU PORCONTA DA ESQUERDA DO PT, QUE TENTOU IMPEDIR A FORMAÇÃO DO BLOCO, CALUNIANDO O PSTU

SANTA CATARINA DIZ NÃOÀ REFORMA DE LULA

DISPUTA DA DIREÇÃOApesar do acordo na maioria

das resoluções entre toda a es-querda, as correntes organizadasda esquerda petista se negaram aconformar uma chapa unificada.

Cumprindo um papel divisio-nista, as correntes O Trabalho, ForçaSocialista, Articulação de Esquerda eCDS tentaram isolar o MTS, di-zendo nos corredores do con-

gresso que o PSTU

defende o “Fora Lula”e que, portanto, nãoera possível fazer achapa. Porém, tiveramum surpresa: o MTS,independentes de vá-rios sindicatos,

prestistas e a Oposição Alternativados professores conseguiram con-formar um Bloco de Esquerda,encabeçado por Valmir Braz, daPrevidência.

Na defesa das chapas, o Blocode Esquerda chamou a esquerdapetista a não repetir no CONCUTo que foi feito em Florianópolis

os congressos estadu-ais, de forma contra-ditória e muitas ve-zes incoerente, en-contramos três gran-

des blocos. No primeiro está aArticulação Sindical, que defendeuma política governista que, detão adesista gera mal-estar in-clusive em setores de sua pró-pria corrente.

O segundo inclui a CorrenteSindical Classista e as correntesda esquerda do PT, que reagi-

N

ram de maneira distinta em cadaestado, motivados por disputas deaparatos, acordos regionais,radicalização de quadros e polari-zação do debate político.

O terceiro bloco, claramentedelimitado pela defesa dos direi-tos dos trabalhadores e da inde-pendência e autonomia da CUTfrente ao governo Lula, é com-posto de militantes do MTS, An-des-SN, grupos regionais esetoriais importantes, como aOpção Socialista da Apeoesp, o gru-po da Previdência do Rio de Ja-neiro, bem como setores maiscoerentes da esquerda petista.

FOTO MANOEL

PEREIRA

Bancada do

Bloco de

Esquerda no

Cecut -SP

APESAR DAS RESOLU-ÇÕES, A ESQUERDA

PETISTA SE NEGOU ACONFORMAR UMACHAPA UNIFICADA

Contra a reforma daPrevidência do governo Lula

Retirada imediata do projetodo Congresso Nacional

Campanha de luta eesclarecimento sobre o tema

Indicativo de greve geral noserviço público contra areforma

RESOLUÇÕES

CONSTRUIR UM BLOCO DE ESQUERDA NO CONCUTPor uma CUT autônoma e independente do governo

A pressão da direção majoritáriada central é para isolar ou esmagaraqueles que estão na oposição ouque simplesmente tenham críticasao atual governo. Sua postura noCONCUT pode ser montar umachapa única onde os descontentessejam beneficiados com cargos naexecutiva nacional, ao preço deficarem de boca fechada; ou a ex-clusão da direção.

Contra isso é fundamental umBloco de Esquerda da CUT uni-do politicamente em cima de re-soluções que defendam os inte-resses de nossa classe contra osataques governistas, como a re-forma da Previdência.

Algumas iniciativas já estãosendo tomadas. Em São Paulo,no dia 16 de maio, os compa-nheiros debaterão e estarãopreparando a reunião nacionaldeste bloco. No Rio de Janei-ro haverá uma plenária, no dia21 de maio às 19 h, no Sindica-to dos Bancários, que lançará oMovimento Esquerda Cutista,a partir da chapa do CECUT.

AMÉRICO GOMES,de São Paulo (SP)

Reproduzimos o extrato da resolução de Conjuntura e oGoverno Lula, apresentada pelo Bloco no CECUT RJ

“Eleger Lula foi uma vitória dos trabalhadores e do povo pois derrota-mos, nas urnas, o candidato de FHC, dos banqueiros, latifundiários e doImperialismo: o Serra. Estamos em melhores condições para derrotar omodelo neoliberal. Após 100 dias as medidas do governo de coalizão PT/PL, não apontam as mudanças com o modelo do governo anterior pelasquais votaram mais de 50 milhões de brasileiros. O compromisso com oFMI de manter o superávit primário até 2006, que já materializa-se nanova LDO; nas reformas propostas, com destaque para a Previdênciaretirando conquistas históricas de nossa classe; na CLT que se prepara nomesmo sentido. (...) É necessário que Lula governe com e para os traba-lhadores, com as entidades do movimento operário e popular abandonandoseus novos parceiros e aliados. Precisamos de um plano econômico deemergência e não da continuidade do modelo de FHC/FMI(...).”

PLENÁRIA NACIONAL PELACONSTRUÇÃO DE UM BLOCODE ESQUERDA NA CUT

01/06, 14hApeoesp, São Paulo

154 votos - 62%

Articulação e CSC

RESULTADO SC

45 votos - 18,36%

MTS, Oposição Alternativaprofessores, prestistas,

independentes

46 votos - 18,37%

OT, FS, AE e CDS do PT

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13Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

oitavo Congresso Estadual da CUTMinas Gerais aconteceu em BeloHorizonte, entre os dias 8 e 10 demaio, e reuniu 400 delegados.

A Articulação pressionou as demais forçaspolíticas com o objetivo de formar uma chapaúnica. O argumento principal era o dereunificar a CUT em Minas, já que o últimocongresso não havia se realizado devido àsinúmeras fraudes, todas de responsabilidadeda Articulação. Outro motivo importante eraisolar o MTS – Movimento por uma Tendên-cia Socialista – que vinha defendendo anecessidade de conformação de um bloco deesquerda na CUT.

DEBATE SOBRE O GOVERNOPOLARIZA JÁ NA ABERTURA

O atual delegado regional do Trabalho eex-presidente da CUT Minas, CarlosCalazans, fez uma defesa apaixonada de todaa política do governo Lula e da necessidade deapoio à reforma da Previdência para atacar os“privilégios de alguns setores e categorias”.

Já o representante do MST (Movimentodos Trabalhadores Rurais Sem Terra), AdemarSchultz, comparou os setores que compõemo governo Lula a dois animais. De um lado, osetor representado pelos “gambás”, compos-to pela direita “fedorenta”, entre eles repre-sentantes do latifúndio, como o ministroRoberto Rodrigues e o presidente do BancoCentral, Henrique Meirelles. De outro, osetor representado pelos “cordeiros”, quenão enfrenta a direita, se acovarda e corta asverbas sociais do Orçamento para alimentar opagamento da dívida externa, o que faz comque a reforma agrária não saia do papel.

Ainda que reivindicando o governo, orepresentante do MST fez uma defesa enfá-tica da necessidade da ruptura com a Alca,contra a autonomia do Banco Central e contraa utilização dos transgênicos.

BLOCO DE ESQUERDA GARANTEENVIO DE POSIÇÕES AO CONCUT

Mesmo com todas as limitações impostaspelo regimento, pela péssima data escolhidapara a realização do congresso, sem grupos dediscussão, o debate ocorreu em plenário.

E o destaque foi a conformação de umbloco de esquerda que lutou contra as posi-ções políticas da Articulação. Mesmo com tesesdiferenciadas, os vários setores da esquerdavotaram juntos em diversas polêmicas ou seabstiveram, quando não havia acordo globalcom o texto. Isso garantiu o envio das posi-ções críticas ao CONCUT.

O

ARTICULAÇÃO É DERROTADA ETENTA GOLPEAR O CONGRESSO

Desse acordo, surgiu a chapa “Construir aCUT de luta, classista, democrática e inde-pendente dos governos”, composta pelo MTS,Corrente Sindical Classista, CSD, TM Sindical,pela tese “Fortalecer a CUT” (O Trabalho esindicalistas do serviço público federal) e,ainda, pelos delegados do PCO.

A chapa foi encabeçada pelo sindicalistaJosé Antônio de Lacerda, o Jota, operáriográfico da CSC. Os pontos centrais defendi-dos pela chapa foram: a defesa da autonomiae independência da CUT frente ao governo;a luta contra todas as reformas que retiremdireitos dos trabalhadores e o engajamento naluta contra a reforma previdenciária; a defesada democracia na central e o compromisso dedemocratização da gestão da CUT em Minas;contra a participação da CUT no pacto social;contra a entrada do Brasil na Alca e participa-ção na campanha do plebiscito oficial e contraa autonomia do Banco Central.

A conformação desta chapa significou umaenorme derrota da Articulação.

Lamentavelmente, mais uma vez, os diri-gentes da Articulação colocaram em risco a uni-dade da CUT no estado. Da votação para aescolha da diretoria participaram 390 delega-dos. No entanto, apenas 389 votos foramapurados, faltando, portanto, um voto de acor-do com a lista. A Chapa 1, da Articulação, obteve190 votos, enquanto a Chapa 2, do Bloco deEsquerda, obteve 189 votos. Os outros 10votos se dividiram entre nulos e brancos.

Antes que a conferência final dos votosfosse realizada, um representante da Articula-ção tomou o microfone para anunciar o “resul-tado”, dando vitória à sua chapa. Só que, além

de faltar um voto a ser apurado, a chapa doBloco de Esquerda havia apresentado umrecurso para que um dos votos anulados fossedado a sua chapa, porque no voto era clara aintenção de votar na oposição, apesar de tersido escrito no lugar errado.

Um grande tumulto se instaurou. Os re-presentantes do Bloco de Esquerda pedirama recontagem dos votos, o que foi negadopela Articulação, apesar dos três dirigentes daExecutiva Nacional da CUT no plenário.

Quando fechávamos esta edição, a DireçãoNacional da CUT e a Comissão Organizadorado Congresso realizaram a recontagem dosvotos. O voto que faltava foi para a Chapa 2.E o que foi indevidamente anulado, apesar daArticulação não querer reconhecer, é tambémda oposição. Com isso a chapa vencedora é aChapa 2, do Bloco de Esquerda.

Para Boaventura Mendes, militante doPSTU e representante do MTS na Execu-tiva da CUT Minas Gerais, “o caminho apon-tado no congresso de Minas deve ser seguido noCONCUT. A esquerda precisa se unificar numbloco, que se contraponha à política do setor majori-tário e recoloque a CUT na luta em defesa dos direitosdos trabalhadores.”

CACAU,de Belo Horizonte (MG)

ARTICULAÇÃO É DERROTADANO CONGRESSO DE MINAS

70, 86%

CSC, CSD e FS

RESULTADO PB

7, 3%

Movimento CUT

1 7, 8%

Articulação

3%

MTS

65, 65%

CSC, TM, OT,CSD, MTS

RESULTADO CE

34, 35%

Articulação

70, 02%

Articulação, CSC e CSD

RESULTADO PE

5, 75%

MTS

OT, ASS, AE

100 votos

Unidade na Luta(Articulação)

RESULTADO DF

19 votos

Chapa Marcos Pato(Articulação)

82 votos

Articulação

CSC, MTS e PCO19 votos

OUTROS RESULTADOS

24, 22%

191 votos

Construir a CUT de luta,classista, democrática e

independente dos governos(MTS, CSC, CSD, TM, OT, PCO)

RESULTADO MG*

190 votos

Articulação

*A partir de recontagem na CUT Nacional

A bancada

do MTS no

congresso

de MInas

Gerais, que

conformou

o Bloco de

Esquerda

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14 OOOOOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃOPINIÃO S S S S SOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTAOCIALISTA

NO PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES ARGENTINAS, APESAR DA APATIA,PREVALECEU O VOTO ÚTIL E NÃO O “VOTO BRONCA” E O “QUE SE VAYANTODOS” DE 2001. O QUE ACONTECEU? LEIA A AVALIAÇÃO DO FOS (FRENTEOBRERA E SOCIALISTA), ORGANIZAÇÃO FILIADA À LIT NO PAÍS

PARA ONDE VAI

A ARGENTINA?

a Argentina, háum ano nenhumdos 17 que secandidataram apresidente podia

andar nas ruas. Hoje, tive-ram cerca de 70% dos vo-tos. Em outubro de 2001houve uma avalanche de“voto bronca” e uma vota-ção expressiva na esquer-da. Agora estes votos nãose expressaram. O que re-fletiu o resultado eleitoralna Argentina?

Não há dúvidas de queestas eleições se deram emuma conjuntura difícil. Emnível internacional ocor-reu a ocupação imperialis-ta do Iraque. Em nossopaís vivemos um refluxonas lutas, que foi aprovei-tado pelo governo paraatacar os pontos mais avan-çados da revolução: as fá-bricas ocupadas e a UTD(União dos Trabalhado-res Desocupados) de Ge-neral Mosconi.

A aparente recuperaçãoeconômica, a abertura do“corralito” e a distribuiçãode grandes quantidades decomida; a devolução de13% nos salários dos fun-cionários públicos e apo-sentados e o aumento sa-larial aos trabalhadores -tudo isso feito com di-nheiro do Banco Mundial- serviram para reduzir osprotestos sociais.

Além disso o governotambém contou e contacom a colaboração e a tré-gua dos dirigentes da CGT(Confederação Geral dosTrabalhadores), CTA(Central dos Trabalhado-res Argentinos) e CCC

(Corrente Sindical Clas-sista e Combativa).

Mas, apesar de que to-dos estes fatores têm peso,não são eles que explicamo resultado do processoeleitoral.

A POSSIBILIDADE DEUMA NOVA DIREÇÃOE O RESULTADOFRUSTRADO

Em outubro de 2001houve um rechaço massivoaos políticos tradicionais euma busca por uma saída àesquerda. A partir da in-surreição de dezembro,parecia que esta busca iriater resultados. Centenas demilhares foram às ruas companelas, realizando os“cacerolazos”. Dezenas demilhares se encontravamnas assembléias popularese na Assembléia Nacional

N

ARGENTINA

ALICIA SAGRA E

GABRIEL MASSA,

da direção do FOS

Piqueteira. Foram apro-vados programas revolu-cionários, que antes sóeram defendidos pelasorganizações revolucioná-rias. Nas assembléias po-pulares e no movimentopiqueteiro os partidos deesquerda ganhavam pesodirigente.

A expectativa de setoresde massa na esquerda cres-cia como parte da forma-ção de uma nova direção.Esta referência de esquer-da aparecia inclusive den-tro das fábricas.

A revolução deu à es-querda revolucionáriauma oportunidade histó-rica de construir uma al-ternativa de direção demassas, ainda queminoritária. Mas os prin-cipais partidos e dirigen-tes, como Zamora, PO e

o MST rifaram esta possi-bilidade.

Estes partidos se culpammutuamente pela falta deuma alternativa unificadada esquerda. Nenhumdeles assume sua respon-sabilidade e não conse-guem abandonar sua lógi-ca eleitoral. Porque o pro-blema não é que não hou-ve uma “alternativaunificada da esquerda”para as eleições. O queaconteceu foi muito maisgrave. Esteve colocada apossibilidade de avançarna construção de uma novadireção e havia novos or-ganismos que permitiambuscar esta mudança porfora das eleições. E estapossibilidade se frustrouporque não se avançou naunificação do novo quesurgia - Assembléias Po-

pulares, Movimento Pi-queteiro, fábricas ocupa-das. A partir dos novosmovimentos que surgiamnão se teve uma políticade golpear a burocracia sin-dical que mantém o con-trole da maioria dos traba-lhadores.

Não prevaleceu a lógi-ca da luta que impõe aunidade. Nas eleições, senegaram a chamar orechaço ao processo, comoapontavam as organizaçõesdo movimento e chama-vam o “voto positivo”priorizando a lógica elei-toral. A falta de unidadeda esquerda nas eleiçõesfoi o reflexo das disputasburocráticas, que se ex-pressavam na luta pelamelhor localização das fai-xas nas passeatas até a lutaintestina dentro dos novosorganismos para convertê-los em seus próprios“corralitos”.

A PERSPECTIVA

PARA OS

TRABALHADORES

Mas seria um erro acre-ditar que depois da ressacae instalado o novo presi-dente, o imperialismo eseus sócios locais vão tertudo resolvido. Por maisque o “voto bronca” nãotenha prevalecido, o novogoverno encontrará o FMIinstalado em BuenosAires, exigindo o paga-mento da dívida externa ecom um movimento demassas que não está derro-tado e segue exigindo tra-balho, salário, educação esaúde.

Por isso o FOS seguepropondo unidade paralutar e democracia operá-ria nos nossos organismos.

A repressão a Brukmanconseguiu nos unir. A qua-se totalidade das organiza-ções piqueteiras, as assem-bléias populares, a oposi-ção da CTA, os partidosde esquerda, todos nosunimos no primeiro deMaio para exigir a saída doimperialismo do Iraque,apoiar os trabalhadores daBrukman e exigir a liber-dade de nossos presos.Esta unidade é a que de-vemos seguir e aprofun-dar, para organizar a lutacontra o novo governo.

Para avançar neste ob-jetivo é importante enca-rar o debate sobre o sig-nificado do processo elei-toral na Argentina.

FOTOS

INDYMEDIA

ARGENTINA

A repressão na

fábrica ocupada

Brukman

conseguiu unir

todas as

organizações da

Argentina em

um forte ato de

1 de Maio

Quando fechávamos esta edição, foinoticiada a renúncia do candidatoMenem à disputa das eleições. Pela leieleitoral da Argentina, Kirchner deveráassumir a Presidência do país, sem rea-lização de segundo turno.

A campanha de Kirchner, candidatoapoiado pelo atual presidente Duhalde,foi feita com base em promessas dedefender a “estabilidade” e combater acorrupção. Mas, como seu antecessor,vai continuar aplicando os “ajustes” or-denados pelo FMI e, para isso, terá de recorrer à repressão contra quem seatrever a defender seus direitos. Se ainda restam dúvidas sobre isso na Argentina,cabe lembrar que Kirchner já disse com toda clareza que seguirá com a mesmapolítica do atual governo. Já se reuniu com o FMI, comprometendo-se a reduziros gastos públicos e alcançar um superávit de 3% do orçamento para pagar adívida externa, além de privatizar o Banco Nación (Banco Central) e o BancoProvíncia e aumentar as tarifas. Ou seja, mais arrocho salarial e mais miséria.

UNIDADE PARA ENFRENTAR KIRCHNER-DUHALDE

É possível e necessário unir a esquerda, os piqueteiros e as organizaçõespopulares e de trabalhadores. Este é o melhor caminho para enfrentar o novogoverno e apontar uma saída dos trabalhadores e do povo. (Da redação)

Nenhuma confiança em Kirchner!

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15Edição 150 - Ano VIII - De 15 a 28 de maio de 2003

PARAGUAI

EM MEIO À CRISE, O PARTIDOCOLORADO VENCE AS ELEIÇÕES

CRISE DO REGIME BURGUÊS NÃO FOI REVERTIDA COM O PROCESSO ELEITORAL

E SEU RESULTADO PROMETE NOVOS ENFRENTAMENTOS NA LUTA DE CLASSES

o dia 27 de abril se re-alizaram eleições geraisem todo o país. O Par-tido Colorado, que estáno poder desde 1947,

ganhou as eleições, mas isso nãogarante o fim da crise no país. Asmassas continuam questionando oregime e suas instituições, como oCongresso Nacional, que teve umparlamentar flagrado com 300 kgde maconha. O atual presidente éum bêbado, que anda com veículode luxo roubado e que depositou16 milhões de dólares na conta desua esposa nos EUA.

Seu candidato a presidente, ojornalista Nicanor Duarte foi elei-to com 37% dos votos (573.562votos), que representam somente25% dos eleitores inscritos(2.405.000 pessoas).

Foi a pior votação da sua histó-ria, ainda que tenha apresentadoseu melhor candidato de todos ostempos. O Partido Colorado nãoé mais que uma sombra do que

foi: um partido que tinha no seuinterior todas as frações burgue-sas, um domínio completo do apa-rato do Estado e de seu Exército.Mantém hoje somente os símbo-los deste passado “glorioso”. Pro-va disso é que nas primeiras elei-ções pós-queda da ditadura, em1989, o candidato do coloradismoobteve 77% dos votos.

Em segundo lugar, com 23%,ficou o Partido Li-beral Radical Au-têntico (PLRA), tra-dicional opositor.Foi o grandeperdedor, pois nãoconseguiu atrair osentimento de opo-sição que prevaleceu no povo.

Uma fração burguesa (Movi-mento Pátria Querida), cujo candi-dato a presidente é dono de umafinanceira, galvanizou uma partedesse voto oposicionista e “éti-co”. Ele tinha o apoio de setoresburgueses importantes e da cú-pula da Igreja católica, já que éum “empresário cristão”. Essemovimento, que é novo, alcan-

çou 21% dos votos. Ganhou nacapital Assunção e ficou em se-gundo lugar, quase empatado comNicanor, no Departamento Cen-tral, estado que concentra o gros-so da população urbana doParaguai.

Outra fração burguesa -golpistae narcotraficante - ligada a Oviedo,general que tentou um golpe em1999, teve 13% dos votos. Um

resultado importan-te, já que Oviedoestá exilado no Bra-sil e esses são osvotos que ele pôdetransferir a seu can-didato. Não sepode subestimar

essa fração burguesa, pois é umaalternativa de mudança golpistaque o imperialismo guarda na man-ga.

Apesar da crise, as eleições nãoexpressaram uma ruptura de mas-sas com os partidos burgueses tra-dicionais em direção a uma saídaclassista e de esquerda. Isso deter-minou que os votos da IzquierdaUnida (IU) e particularmente para

N

JONAS POTYGUAR,

de Assunção (Paraguai)

participação de IU no processoeleitoral foi uma conquista im-portante ainda que não tenhaconseguido eleger nenhumparlamentar, porque ofereceu

uma alternativa de esquerda no processoeleitoral dominado pelos partidos bur-gueses e acumulou forças para os próxi-mos embates da luta de classes.

A participação do PT no processo elei-toral foi extremamente vitoriosa. O obje-tivo fundamental do partido era construiruma alternativa de esquerda no processoeleitoral que demarcasse um programaanti-imperialista e anti-capitalista para for-talecer uma saída revolucionária para acrise do Paraguai. Como resultado, o PTquadruplicou suas forças militantes nossetores sociais mais importantes do país.

O RESULTADO ELEITORAL DO IU

O IU apresentou mais de 500 candida-tos em todo o país, na sua ampla maioria,dirigentes sociais, camponeses, operáriose populares. Participaram de IU o PartidoPátria Livre, o Partido dos Trabalhadores,seção da LIT, a Corrente Gremial Cam-ponesa, organização camponesa que reú-ne 29 agremiações, uma organização in-dígena do Chaco paraguaio, entre outras.O programa de IU sintetizava-se em Terra,Trabalho e Soberania e seu slogan foi: 6 es lalista, el resto es capitalista.

A chapa presidencial encabeçada porTomás teve 4.549 votos (0,31%), comíndice máximo de 1,4% em Concepção,estado do norte do país, ficando em sextolugar entre nove candidatos a presidente.

A chapa de governadores (que se apresen-taram em 10 dos 17 estados) obteve 7.885votos com média de 0,92%, cujo índice máxi-mo foi de 1,78% em Concepção.

A chapa para o Senado encabeçada por JuanArrom, do Partido Pátria Livre, alcançou16.074 votos e índice de 1,04%. Para elegernecessitava de 2% dos votos, aproximada-mente 30 mil votos. A de deputados alcançounacionalmente 16.123 votos com uma médiade 1,14% dos votos, com um índice mais altoem Concepção com 2,55% dos votos.

Tomás Zayas fossem de vanguar-da e programáticos, pela rupturacom o FMI, pela expropriação dolatifúndio, pela nacionalização dasgrandes empresas estratégicas, umvoto anti-imperialista, classista esocialista.

A abstenção teve um peso im-portante, principalmente na ju-ventude urbana, expressando odesgaste do regime democrático-burguês colonial e das eleiçõescomo alternativa de mudança.

O novo governo sai desse pro-cesso eleitoral com problemas.Tem pela frente um país estagna-do (e nos últimos anos, em reces-são) e a obrigação de negociarcom as frações burguesas oposi-toras. O FMI espera que seusplanos sejam aplicados integral-mente. Contra isso há oposiçãoem toda a população, que jábarrou a privatização da estataltelefônica com uma mobilizaçãode massas. A temperatura das lutasvai aumentar, de acordo com ograu de ataque que o imperialis-mo ianque venha a desferir atra-vés do novo governo

APESAR DA CRISE, ASELEIÇÕES NÃO FO-RAM UMA RUPTURACOM OS PARTIDOS

BURGUESES

Para as juntasdepartamentais(deputado esta-dual no Brasil)foram 10.274 vo-tos com média de1,09%. Foram2,57% em Con-cepção, e por pou-co o candidato doPT da região nãofoi eleito

A campanha da Izquierda Unida (IU) e do PT

A

A campanha de

Tomas Zayas

presente nos

atos contra a

guerra

ao Iraque

FOTO PT PARAGUAI

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No dia 1º de maio um grupo depersonalidades entregou ao pre-sidente um manifesto pedindoum Plebiscito Oficial sobre aAlca e sobre a autonomia do BC.“Em nosso entender, tanto aAlca quanto a autonomia doBanco Central são questõesinegociáveis, posto que impli-cam na intocabilidade da pró-pria soberania da Nação. De-cisão de tamanha magnitudedeve ser tomada pelo detentordessa soberania: o povo brasi-leiro. Assim, cada brasileiro ebrasileira deveriam ser chama-dos a se pronunciar sobre ambasquestões em um plebiscito”,diz um trecho.

Avançar na mobilização contraa Alca, entretanto, é decisivo.Pois o governo Lula segue nasnegociações, contrariando avontade dos mais de 10 mi-lhões que participaram do ple-biscito organizado pelos mo-vimentos sociais em 2002.Pior, toda a política econô-mica do governo e as “refor-mas” de FHC e do FMI nosconduzem à Alca. E esta – senão for derrotada – transfor-mará o Brasil numa colônia.

Por isso, nas lutas contra areforma da Previdência, porsalário, emprego, terra, edu-cação e saúde, nas escolas,bairros, paróquias, cada luta-dor deve levar adiante a cam-panha pela exigência de queseja convocado um Plebisci-to Oficial, no máximo até oinício de 2004.

Entre nessa luta! Recorteou reproduza o abaixo assi-nado ao lado, colete assina-turas, monte um comitê ouenvolva sua entidade nessacampanha.

Caso você nãoqueira recortar este

jornal, pegue o modelodo abaixo-assinado emnossa página na internet(www.pstu.org.br)