os três filhos do rei (texto)

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OS TRÊS FILHOS DO REI (no Castelo de Marvão) PERSONAGENS: Rei Afonso Dinis, filho maior Manuel, filho do meio João, filho menor Conselheiro Criado Narrador (Rei sentado nos seu trono. O Rei está em camisa, é velho e cansado e tosse muitas vezes. Tocam à porta) Rei Avance, avance. (Entra o conselheiro) Conselheiro Como passou a noite, sua majestade? Rei Mal, mal, meu bom conselheiro. Ia-te chamar e alegro-me de te ver. Estou preocupado. Conselheiro Qual é o problema, Majestade?

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OS TRÊS FILHOS DO REI (no Castelo de Marvão)

PERSONAGENS:

Rei Afonso

Dinis, filho maior

Manuel, filho do meio

João, filho menor

Conselheiro

Criado

Narrador

(Rei sentado nos seu trono. O Rei está em camisa, é velho e cansado e tosse muitas vezes. Tocam à porta)

Rei

Avance, avance.

(Entra o conselheiro)

Conselheiro

Como passou a noite, sua majestade?

Rei

Mal, mal, meu bom conselheiro. Ia-te chamar e alegro-me de te ver. Estou preocupado.

Conselheiro

Qual é o problema, Majestade?

Rei

Acordo cada dia mais cansado. Acho que chegou a altura de um dos meus filhos ficar a governar no meu lugar.

Conselheiro (pensativo)

Qualquer um dos seus três filhos dará um bom rei. São inteligentes, saudáveis e valentes.

Rei

É esse o meu problema. Qual dos três governará melhor? (anda de um lado para o outro pensativo)

Conselheiro

Tenho uma ideia, uma boa ideia, Majestade!

(os dois conversam em segredo e parecem satisfeitos)

Rei

Criado, por favor chama-me o meu filho Dinis, o mais velho, para que me venha ajudar a vestir.

(o criado faz uma reverência e sai para buscar Dinis. Passado algum tempo este entra a correr)

Dinis

Desculpa, pai, pelo meu atraso.

Rei

Não faz mal, preciso que me ajudes a vestir.

Dinis

Claro que ajudo (e grita) – Criado!!!!

Anda, traz depressa a roupa do meu pai.

Criado

Sim, príncipe, mas qual fato?

Dinis

Que fato queres vestir hoje, pai?

Rei

O fato….

(o criado traz o fato)

Rei

Ai, filho, este fato vai demorar muito tempo a vestir. Terás que ir tu à vila. Pede um bom cavalo e quando regressares, vens contar-me o que viste. O rei vai descansar.

Dinis

Assim farei, pai. (e sai de cena)

(para dar ideia que passou um dia, o narrador passa diante de cena levando um sol na mão e diz:

Ao fim do dia…

(Tocam à campainha)

Rei

Entre.

(entra Dinis muito cansado)

Dinis

Bom dia meu pai, venho tão cansado…

Rei

Diz-me: como correu? O que viste? O que ouviste?

Dinis

Sabes, pai, diverti-me tanto… Por onde passava toda a gente gritava: Que viva o filho do nosso rei. Os músicos tocaram e os nobres do reino ofereceram-me um grande banquete.

Rei

Não me digas, filho. Bem, então deves estar muito cansado de tanta festa. Vai descansar que eu também preciso.

Dinis

Espero que descanses, querido pai. (e retira-se com uma vénia)

Rei

Ah, mas antes chama o teu irmão Manuel para que venha ajudar-me a vestir.

(o rei encosta-se e dorme, de repente entra Manuel a correr na sala)

Manuel

Desculpa a demora, pai. Esta noite não dormi bem e custou-me a levantar.

Rei

Está bem, está bem, ajuda-me então a vestir.

Manuel (grita)

Criado, anda depressa e traz a roupa do Rei.

Criado

Sim, príncipe, mas qual fato?

Manuel

Que fato queres vestir hoje, pai?

Rei

O fato….

(o criado traz o fato)

Rei

Ai, filho, este fato vai demorar muito tempo a vestir. Terás que ir tu à vila. Pede um bom cavalo e quando regressares, vens contar-me o que viste. O rei vai descansar.

Manuel

Assim farei, pai. (faz uma reverência e sai)

(para dar ideia que passou um dia, o narrador passa diante de cena levando um sol na mão e diz:

Ao fim do dia…

(Tocam à campainha)

Rei

Entre.

(entra Manuel muito cansado)

Manuel

Bom dia meu pai, venho tão cansado…

Rei

Diz-me: como correu? O que viste? O que ouviste?

Manuel

Os nobres do reino levaram-me a ver as muralhas que rodeiam a vila. Depois fomos ao mercado e todos me ofereceram belas prendas para trazer para ti e para os meus irmãos.

Rei

Não me digas, filho, então deves vir contente e cansado. Vai descansar, mas antes avisa o teu irmão João para que venha amanhã logo cedo ajudar-me a vestir.

(o rei encosta-se e dorme)

(entra João, o filho menor do rei, pé ante pé. Senta-se junto ao pai que não tarda em acordar)

Rei

Vejo que madrugaste, querido João. Assim vieste acordar-me.

João

Em que posso ajudar-te, querido pai?

Rei

Estou tão velho e cansado que preciso de ajuda para me vestir.

João

Terei muito gosto em ajudar-te, e que roupa queres vestir hoje? (tira um papel e lápis para apontar todas as ordens)

Rei

Hoje gostaria de vestir o fato…

João

E que coroa queres? E que espada? E já pensaste que cavalo levar para ir à vila?

Rei

A coroa de diamantes e a espada que era do teu avô. O cavalo pode ser o lusitano.

(João chama o criado)

Tem a amabilidade de trazer tudo ao meu pai conforme está escrito no papel para que não haja enganos.

(o criado traz a roupa e João ajuda o pai a vestir-se)

Rei

Ai João, decidi que irás tu em meu lugar visitar a vila. Eu estou cansado e ficarei no castelo.

João

Assim farei, pai. (faz uma reverência e sai)

(para dar ideia que passou um dia, o narrador passa diante de cena levando um sol na mão e diz:

Ao fim do dia…

(Tocam à campainha)

Rei

Entre.

(entra João muito cansado e triste)

Rei

Vejo-te muito cansado João…conta-me o teu dia

João

Estou cansado de tanto andar.

Rei

Então, não levaste o cavalo?

João

Não, quis ir a pé para que não me conhecessem. Abri os olhos e os ouvidos, assim pude falar com todos… e estou muito triste.

Rei

Porquê, João?

João

Estou triste porque o nosso reino é menos feliz do que parece: o que mais trabalha é o que menos tem. E vi gente sem trabalho a mendigar pelas ruas.

Soube que os nobres acumulam riquezas enquanto os camponeses passam fome.

Rei

Basta, filho, basta. Eu sei disso tudo. Mas estou demasiado velho para conseguir alterar as coisas. Tu és jovem e saberás governar porque estás disposto a servir.

Tu serás o meu sucessor. O novo Rei João. Reinarás a partir de amanhã para que eu possa finalmente descansar.

(abraçam-se)

João

Então a minha primeira ordem como rei é que se distribua o tesouro do castelo por todos os meninos e meninas. Vamos descobrir onde está o tesouro do Castelo!

(crianças procuram na sala a arca do tesouro que estará cheia de rebuçados)

FIM