os solos de acordo com o novo sistema brasileiro de classificação e a sustentabilidade (1)

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FÁVERO, C. Os Solos de Acordo com o Novo Sistema Brasileiro de Classificação e a Sustentabilidade. Viçosa: UFV, 2000. 25p. (Prova de Qualificação de Doutorado) UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE SOLOS OS SOLOS DE ACORDO COM O NOVO SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO E A SUSTENTABILIDADE Prova elaborada para o exame de qualificação Doutorando: Claudenir Favero Orientador: Prof. Ivo Jucksch Examinador: Prof. João Luiz Lani Viçosa – MG Abril/2000

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FÁVERO, C. Os Solos de Acordo com o Novo Sistema Brasileiro de Classificação e a Sustentabilidade. Viçosa: UFV, 2000. 25p. (Prova de Qualificação de Doutorado)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE SOLOS �

OS SOLOS DE ACORDO COM O NOVO SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO E A SUSTENTABILIDADE

Prova elaborada para o exame de qualificação

Doutorando: Claudenir Favero Orientador: Prof. Ivo Jucksch Examinador: Prof. João Luiz Lani

Viçosa – MG Abril/2000

1

ÍNDICE

Página 1. INTRODUÇÃO 2 2. SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS 3

2.1. ALISSOLOS 3 2.2. ARGISSOLOS 4 2.3. CAMBISSOLOS 5 2.4. CHERNOSSOLOS 5 2.5. ESPODOSSOLOS 6 2.6. GLEISSOLOS 6 2.7. LATOSSOLOS 7 2.8. LUVISSOLOS 8 2.9. NEOSSOLOS 8 2.10. NITOSSOLOS 9 2.11. ORGANOSSOLOS 9 2.12. PLANOSSOLOS 10 2.13. PLINTOSSOLOS 11 2.14. VERTISSOLOS 11

3. POTENCIALIDADE AGRÍCOLA DOS SOLOS 12 4. OCORRÊNCIA E USO DOS SOLOS 14 5. REFLEXÕES SOBRE O USO DOS SOLOS E A (IN)SUSTENTABILIDADE 20 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25

2

1. INTRODUÇÃO

A designação “sustentável” passou a ser amplamente utilizada à partir da

publicação em 1987 do relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, Nosso Futuro Comum – mais conhecido como Relatório

Brundtland – que institui um conceito de desenvolvimento sustentável:

“O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades

do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras

atenderem a suas próprias necessidade”. (CMMAD, 1988: 46)

Apesar da ambigüidade do conceito, o termo sustentabilidade passou a ser um

grande “guarda-chuva” sob o qual se abrigam diferentes concepções e “correntes de

pensamento”. Ninguém é contra uma idéia de sustentação já que a

insustentabilidade é algo indesejado, que ameaça e afeta a todos.

A palavra sustentabilidade tem sua origem do Latim sus-tenere (Ehlers, 1996),

que significa suportar ou manter. O conceito de Sustentabilidade, relacionado com o

futuro da humanidade, foi usado pela primeira vez em 1972, no livro Blueprint for

Survival (Kidd, 1992). No final dos anos 70, o termo incorporou dimensões

econômicas e sociais em seu significado, passando a ser globalmente utilizado

(Ehlers, 1996).

De acordo com Kidd (1992), existem diferentes “correntes de pensamento”

que deram origem ao conceito de sustentabilidade. Todas elas envolvem a interação

entre: crescimento populacional, uso de recursos e pressão sobre o meio ambiente.

Fazem parte destas correntes de pensamento: a corrente ecológica, a da crítica à

tecnologia, o eco-desenvolvimento, e as correntes de pensamento que pregavam o

“não crescimento” ou redução do crescimento econômico. Todas essas linhas de

pensamento já se encontravam completamente desenvolvidas antes do termo

sustentabilidade ser primeiramente utilizado em 1972.

Sustentabilidade é um conceito em disputa, abrigando diferentes, muitas vezes

conflitantes, concepções a respeito de como a agricultura, a industria, o comercio,

devem desenvolver-se, e de como os recursos naturais devem ser utilizados. Desde

aquelas que propõem simples ajustes no presente modelo de desenvolvimento, até

3

aquelas que demandam mudanças mais radicais/estruturais nos padrões de produção

e de consumo da sociedade como um todo (Ehlers, 1996).

Para Altieri (1989), a sustentabilidade de um agroecossistema pressupõe o

atendimento aos seguintes princípios básicos: conservação dos recursos renováveis,

adaptação da agricultura ao ambiente e manutenção de um nível alto, porém estável

de produtividade.

O solo, por ser uma interface entre as outras esferas (biosfera, atmosfera,

hidrosfera e litosfera), exerce papel fundamental em qualquer ecossistema terrestre.

Sua qualidade e a sustentabilidade dos ecossistemas agrícolas estão intimamente

vinculadas (Lal e Pirce, 1991, citados por Mielniczuk, 1999). No entanto, o solo não

pode ser visto como um fator isolado no agroecossistema. A compreensão do solo

enquanto um dos vértices do tetraedro agroecológico, em que nos outros três

vértices estão, o clima, os organismos e os fatores sócio-econômicos, e as inter-

relações que se estabelecem entre todos os vértices do tetraedro, conforme proposto

por Resende et al. (1995), é fundamental para o estudo e a busca da

sustentabilidade.

2. SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS

O Sistema Brasileiro de Classificação de Solos, publicado pelo Centro

Nacional de Pesquisa de Solos, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,

classifica os solos em quatorze classes, admitindo seis níveis categóricos. À

seguir, serão relacionadas, sucintamente, as principais características diferenciais, as

potencialidades e as limitações para o uso agrícola dos solos enquadrados em cada

classe, conforme Embrapa (1999) e adaptações de Oliveira et al. (1992).

2.1. ALISSOLOS

Características

Solos que apresentam argila de atividade maior ou igual a 20 Cmolc/kg de

argila; saturação por cátions básicos trocáveis1 (V%) menor que 50% e; conteúdo de

alumínio extraível (Al3+) maior ou igual a 4 Cmolc/kg de solo, conjugado com

1 Em relação a capacidade de troca de cátions (CTC) determinada a pH 7.

4

saturação por alumínio maior ou igual a 50%. Podem apresentar horizonte B

textural2 (Bt) ou B nítico3.

Potencialidades

Alguns solos enquadrados nessa classe apresentam teores de matéria orgânica

relativamente elevados na parte superficial, favorecendo a boa estruturação e a

consistência friável.

Limitações

Problemas de toxicidade com alumínio, devidos ao elevado teor de Al3+

trocável e a reserva desse elemento; pobreza em nutrientes e; alta pegajosidade/

plasticidade e baixa permeabilidade dos horizontes subsuperficiais em decorrência

dos altos teores de argila com alta atividade.

2.2. ARGISSOLOS

Características

Solos com argila de atividade baixa4 (Tb) e horizonte B textural (Bt), podendo

ser alumínico5, distrófico6 ou eutrófico7. No segundo nível categórico, os solos

dessa classe são classificados, conforme a cor, em: ARGISSOLOS

ACINZENTADOS (matiz mais amarelo que 5YR e valor 5 ou maior e croma < 4),

ARGISSOLOS AMARELOS (matiz mais amarelo que 5YR), ARGISSOLOS

VERMELHO-AMARELOS (matiz 5YR ou mais vermelho e mais amarelo que

2,5YR) e ARGISSOLOS VERMELHOS (matiz 2,5YR ou mais vermelho).

Potencialidades

Os solos dessa classe são muito variáveis quanto ao potencial de uso agrícola,

encontrando-se desde solos ácidos, com altos teores de Al3+, pobres em nutrientes,

até solos muito ricos em nutrientes.

2 Horizonte B onde houve incremento de argila resultante de acumulação ou concentração decorrente de processos de iluviaçãoe/ou formação in situ e/ou por destruição ou perda de argila no horizonte A. 3 Horizonte B com estrutura em blocos subangulares, angulares ou prismática moderada ou forte e apresentando cerosidade moderada ou forte. Assemelha-se ao Bt, porém, sem gradiente textural. 4 Atividade inferior a 27 Cmolc/kg de argila. 5 Al3+ ≥ 4 Cmolc/kg de solo; saturação por alumínio ≥ 50% e V% < 50%. 6 V% ≥ 50%. 7 V% < 50%.

5

Limitações

Em função do gradiente textural do horizonte A para o B, os solos dessa classe,

podem apresentar baixa permeabilidade tornando-os muito suscetíveis à erosão,

principalmente, nas regiões mais acidentadas.

2.3. CAMBISSOLOS

Características

Solos com horizonte B incipiente8 (Bi) apresentando um ou mais dos seguintes

requisitos: CTC ≥ 17 Cmolc/kg de argila; 4% ou mais de minerais primários

alteráveis (ou 6% ou mais de muscovita); relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki) maior

que 2,2; relação silte/argila ≥ 0.7 (ou ≥ 0,6 quando for textura argilosa); espessura

menor que 50cm e; 5% ou mais do volume do solo apresentando estrutura da rocha.

Os solos dessa classe podem ser alumínicos, distróficos ou eutróficos.

Potencialidades

A riqueza em nutrientes e as possibilidades de uso agrícola dos solos dessa

classe é muito variável em função do material de origem e das condições de relevo.

Limitações

Os solos dessa classe podem apresentar-se pouco espessos, com problemas de

drenagem, ou situados em relevo muito movimentado.

2.4. CHERNOSSOLOS

Características

Solos com V% maior que 50%; argila da atividade alta9 (Ta) e; horizonte A

chernozêmico10 sobrejacente a um horizonte B textural, B nítico, B incipiente,

horizonte C cálcico ou carbonático11, ou diretamente sobre a rocha.

8 Horizonte B que sofreu alteração física e química em grau não muito avançado. 9 Atividade maior ou igual a 27 Cmolc/kg de argila. 10 Horizonte superficial que atenda às seguintes características: estrutura suficientemente desenvolvida para que o horizonte não seja simultaneamente maciço e, de consistência quando seco, duro ou mais coeso; cor de croma igual ou inferior a 3 quando úmido, e valores iguais ou mais escuros que 3 quando úmido e que 5 quando seco; saturação por cátions básicos trocáveis maior ou igual a 65%, com predomínio do íon cálcio e/ou magnésio e; conteúdo de carbono orgânico de 0,6% ou mais em todo o horizonte. 11 Contendo 15% ou mais de carbonato de cálcio equivalente (% por peso).

6

Potencialidades

Solos muito ricos em nutrientes, com V% geralmente superior a 70%, e com

predomínio de cálcio ou cálcio e magnésio entre os cátions trocáveis.

Limitações

Alta plasticidade e pegajosidade e baixa permeabilidade; em relevos

movimentados são muito sujeitos a erosão e; podem apresentar deficiência de água

em períodos secos.

2.5. ESPODOSSOLOS

Características

Solos com horizonte B espódico12, podendo ser hidromórfico. Geralmente são

alumínicos ou distróficos.

Potencialidades

Devido às suas características os solos dessa classe, praticamente, não

apresentam potencial de uso agrícola.

Limitações

São solos ácidos, normalmente pobres em nutrientes, e quando hidromórficos,

apresentam problemas de drenagem.

2.6. GLEISSOLOS

Características

Solos hidromórficos, que apresentam horizonte glei13, podendo ser precedido

por horizonte B incipiente, B textural ou C com presença de mosqueados

abundantes com cores de redução.

Potencialidades

Os solos dessa classe são, normalmente, formados em sedimentos recentes em

materiais colúvio-aluviais. Dependendo da origem desses materiais, os solos podem

ser ricos em nutrientes.

12 Horizonte B que apresenta acumulação iluvial de matéria orgânica e compostos de alumínio, com presença ou não de ferro iluvial. 13 Horizonte mineral, com espessura de 15cm ou mais, caracterizado por redução do ferro e prevalência do estado reduzido, no todo ou em parte. Pode ser um horizonte A, E, B ou C. O horizonte é saturado com água por influência do lençol freático durante algum período ou o ano todo, a não ser que tenha sido artificialmente drenado.

7

Limitações

Sujeitos a inundações ou alagamentos freqüentes; quando o nível do lençol

freático é elevado, a drenagem é de difícil execução; podem apresentar-se plásticos

e pegajosos e; alguns solos dessa classe apresentam horizonte sulfúrico, sendo

extremamente ácidos e de difícil correção.

2.7. LATOSSOLOS

Características

Solos com B latossólico14, podendo ser ácrico15, alumínico, distrófico ou

eutrofico. No segundo nível categórico, os solos dessa classe são classificados,

conforme a cor, em: LATOSSOLOS BRUNOS (matiz mais amarelo que 2,5YR e:

horizonte A com mais de 30 cm de espessura e carbono orgânico acima de 1%,

textura argilosa ou muito argilosa e, fendilhamento acentuado em cortes de

barranco); LATOSSOLOS AMARELOS (matiz mais amarelo que 5YR);

LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS (matiz 5YR ou mais vermelho e mais

amarelo que 2,5YR) e; LATOSSOLOS VERMELHOS (matiz 2,5YR ou mais

vermelho).

Potencialidades

Os Latossolos, em geral, são solos profundos, bem drenados e ocupam, regiões

com relevo pouco movimentado, favorecendo a mecanização. Em regiões com

estação seca pronunciada, ou que apresentam rochas básicas, são encontrados

Latossolos ricos em nutrientes.

Limitações

A maioria dos Latossolos brasileiros são ácidos e pobres em nutrientes; alguns

solos dessa classe apresentam adensamento em horizontes subsuperficais

(Latossolos coesos dos Tabuleiros Costeiros e da Amazônia), com restrições a

permeabilidade.

14 Horizonte B evidenciando avançado estágio de intemperização; alteração quase completa dos minerais primários menos resistentes; intensa dessilicificação; lixiviação de bases e; concentração residual de sesquióxidos, argila 1:1 e minerais primários resistentes ao intemperismo. 15 Apresentando quantidades iguais ou menores que 1,5 Cmolc/kg de argila de cátions básicos trocáveis mais Al3+ extraível por KCl 1N, com pH em KCl 1N igual ou superior a 5,0 ou ∆pH positivo ou nulo.

8

2.8. LUVISSOLOS

Características

Solos com argila de atividade alta (Ta); horizonte B textural ou B nítico e; alta

saturação por cátions básicos trocáveis.

Potencialidades

Apresentam altas quantidades de nutrientes disponíveis às plantas e, em alguns

casos, minerais primários intemperizáveis ricos em bases trocáveis.

Limitações

Os solos dessa classe podem apresentar: mudança textural abrupta do horizonte

A para o B, presença de calhaus e matacões espalhados na superfície, consistência

muito a extremamente dura, plasticidade e pegajosidade, refletindo-se em

problemas de permeabilidade, maior suscetibilidade à erosão e déficit hídrico.

2.9. NEOSSOLOS

Características

Solos constituídos por material mineral ou por material orgânico com menos

de 30cm de espessura, não apresentando qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.

No segundo nível categórico, os solos dessa classe são classificados em:

NEOSSOLOS LITÓLICOS (horizonte A ou O hístico16 com menos de 40cm de

espessura, assente sobre a rocha ou sobre horizonte C, Cr ou material constituído

por fragmentos de rocha em 90% ou mais do volume, com contato lítico dentro de

50cm da superfície do solo); NEOSSOLOS REGOLÍTICOS (horizonte A

sobrejacente a horizonte C ou Cr com 4 % ou mais de minerais primários alteráveis

e/ou 5 % ou mais do volume apresentando fragmentos de rocha semi-intemperizada,

saprólito ou fragmentos formados por restos da estrutura orientada da rocha que deu

origem ao solo e, contato lítico a uma profundidade maior que 50 cm);

NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS (horizonte A sobrejacente a horizonte C

apresentando textura areia ou areia franca até, no mínimo, a profundidade de 150

cm a partir da superfície do solo, tendo na fração areia 95 % ou mais de quartzo,

calcedônia e opala e, praticamente, ausência de minerais primários alteráveis) e;

9

NEOSSOLOS FLÚVICOS (derivados de sedimentos aluviais com horizonte A

assente sobre horizonte C constituído de camadas estratificadas sem relação

pedogenética entre si).

Potencialidades

Alguns solos dessa classe, dependendo do material de origem, são ricos em

nutrientes, ocorrendo em áreas planas (os Flúvicos, principalmente).

Limitações

Em função da pequena profundidade (Litólicos) ou da textura arenosa

(Regolíticos e Quartzarênicos) muitos solos dessa classe apresentam baixa

capacidade de retenção e armazenamento de água e alta suscetibilidade a erosão,

especialmente quando o relevo é mais declivoso. Os Neossolos Litólicos

apresentam também, dificuldades à penetração do sistema radicular das plantas e

impedimento à percolação de água.

2.10. NITOSSOLOS

Características

Solos com horizonte B nítico e argila de atividade baixa, podendo ser

alumínico, distrófico ou eutrófico.

Potencialidades

Os solos dessa classe são muito variáveis quanto ao potencial de uso agrícola,

encontrando-se desde solos ácidos, com altos teores de Al3+, pobres em nutrientes,

até solos muito ricos em nutrientes.

Limitações

Alguns solos dessa classe, além da acidez e pobreza em nutrientes, ocorrem em

relevo ondulado a forte ondulado e têm permeabilidade restrita, tornando-os muito

suscetíveis à erosão.

2.11. ORGANOSSOLOS

Características

16 Horizonte de constituição orgânica, resultante de acumulações de resíduos vegetais depositados superficialmente.

10

Solos constituídos por material orgânico17 proveniente de acumulações de

restos vegetais em grau variável de decomposição, acumulados em ambientes mal

drenados ou em ambientes úmidos de altitude elevada.

Potencialidades

Alguns solos dessa classe podem ser ricos em nutrientes. Outros, embora

pobres em nutrientes, localizam-se em relevo plano e com farto provimento de

água.

Limitações

Na maioria dos solos dessa classe o lençol freático é elevado podendo estar

temporariamente submersos. Quando drenados podem sofrer diminuição na

espessura, dificuldade de reidratação e acidificação. A acidificação é mais

acentuada nos organossolos formados em regiões costeiras, devido a presença de

sais solúveis, principalmente, sulfetos.

2.12. PLANOSSOLOS

Características

Solos imperfeitamente ou mal drenados, com horizonte superficial ou

subsuperficial eluvial, de textura mais leve, que contrasta abruptamente com o

horizonte B plânico18.

Potencialidades

Os solos dessa classe apresentam altos valores de soma de cátions básicos

trocáveis, apreciáveis quantidades de minerais primários facilmente intemperizáveis

e ocorrem em relevo plano ou suave ondulado.

Limitações

O horizonte B dos solos dessa classe, devido ao estado de adensamento, é

extremamente duro e muito firme, limitando a drenagem e determinando condições

redutoras; dificultando o aprofundamento do sistema radicular das plantas e;

aumentando a suscetibilidade à erosão. Em alguns casos, os solos dessa classe são

muito plástico e muito pegajoso.

17 Material com percentagem de carbono orgânico (expressa em peso) maior ou igual a 8 + (0,067 x % argila) 18 Tipo especial de horizonte B textural, subjacente a horizonte A ou E e precedido por uma mudança textural abrupta.

11

2.13. PLINTOSSOLOS

Características

Solos formados sob condições de restrição a percolação de água, apresentando

expressiva plintitização com ou sem petroplintita19 ou horizonte litoplíntico20.

Potencialidades

Alguns solos dessa classe podem apresentar riqueza em nutrientes e,

geralmente, são encontrados em condições de relevo plano.

Limitações

Dependendo do grau de plintitização e da profundidade de sua ocorrência, os

solos dessa classe podem apresentar sérias restrições a permeabilidade de água e ao

enraizamento das plantas.

2.14. VERTISSOLOS

Características

Solos com horizonte vértico21, apresentando pronunciadas mudanças de

volume com o aumento do teor de umidade do solo, fendas profundas na época seca

e evidências de movimentação da massa do solo, devido à presença de argilas

expansivas ou mistura destas com outros tipos de argilominerais.

Potencialidades

Apresentam altos valores de soma de cátions básicos trocáveis e alta CTC,

associados à presença freqüente de apreciáveis quantidades de minerais primários

facilmente intemperizáveis.

Limites

São solos muito duros, firmes, plásticos e pegajosos, com teor muito estreito

entre os níveis ótimo e ruim para o preparo do solo. A baixa permeabilidade tornam

os vertissolos muito suscetíveis à erosão.

19 Concreção ferruginosa que sofreu consolidação irreversível. 20 Camada de concreção ferruginosa consolidada com 10cm ou mais de espessura. 21 Horizonte mineral subsuperficial que, devido à expansão e contração das argilas, apresenta feições pedológicas típicas conhecidas como superfície de fricção “slickensides”.

12

3. POTENCIALIDADE AGRÍCOLA DOS SOLOS

Os solos podem ser classificados, de acordo com a potencialidade agrícola, em

oito classes, segundo Souza (1993): a) Boa, b) Boa a Regular, c) Regular a Boa,

d) Regular, e) Regular a Restrita, f) Restrita, g) Restrita a Desfavorável e

h) Desaconselhável à utilização agrícola. Na Tabela 1 estão descritas as

características dessas classes.

Uma tentativa de enquadrar as classes de solos do sistema brasileiro de

classificação nas classes de potencialidade agrícola é apresentada na Tabela 2.

Conforme pode ser observado na Tabela 2, poucos solos brasileiros

apresentam-se sem limitações para se enquadrarem na classe de boa potencialidade

agrícola, de acordo com Souza (1993), restringindo-se aos Latossolos eutróficos.

Praticamente todos os demais solos apresentam alguma limitação ao uso agrícola.

A maioria das classes de solos, de acordo com o sistema brasileiro de

classificação, devido as suas limitações, se enquadram nas classes regular a boa e

regular a restrita de potencialidade agrícola.

Essas limitações são definidas em função de um uso que preconiza a utilização

da mecanização agrícola, portanto, válidas para a agricultura empresarial. Para a

agricultura familiar, de pequeno porte, essa classificação não é valida, uma vez que

para este segmento, a fertilidade natural e as características físicas que determinam

a disponibilidade de água nos solos são mais importantes.

Um Luvissolo pode apresentar restrições a agricultura empresarial devido a

impossibilidade de mecanização e da implementação de grandes projetos de

irrigação, tipo pivô central, mas representa um grande potencial para a agricultura

familiar artesanal, com implantação de pequenos projetos de irrigação.

Outro aspecto a ser considerado, é que os limites impostos pelos solos à

mecanização intensiva pode ser indicativo de sua fragilidade frente a

sustentabilidade. Mobilizar intensamente um solo com horizonte B textural,

transição abrupta, argila expansiva, em relevo ondulado ou suave ondulado,

certamente, levará a sua degradação muito mais rapidamente que um solo com B

latossólico, predominância de Óxidos de Fe e Al e caulinita, em relevo plano.

13

Tabela 1 - Classes de potencialidade agrícola dos solos e suas características

Classe de

Potencialidade

Agrícola

Características

Fertilidade Natural

Características Físicas

Topografia Principais Limitações*

Boa Alta a média Favoráveis Plana e suave ondulada

Praticamente sem limitações

Boa a regular Média Favoráveis Plana e suave ondulada

Média a baixa disponibilidade de nutrientes

Regular a boa Baixa a alta Desfavoráveis Plana e suave ondulada

Riscos de inundações; deficiência de drenagem; baixa a média disponibilidade de nutrientes

Regular Baixa Favoráveis Plana e suave ondulada

Baixa disponibilidade de nutrientes; teores elevados de alumínio; excesso de água

Regular a restrita Baixa a alta Desfavoráveis Plana a ondulada

Baixa disponibilidade de nutrientes; teores elevados de alumínio; textura arenosa; pequena profundidade; fortes declives; pedregosidade; deficiência de drenagem

Restrita Baixa a alta Desfavoráveis Ondulada e forte ondulada

Fortes declives; suscetibilidade à erosão; deficiência de drenagem; baixa disponibilidade de nutrientes; teores elevados de alumínio; pequena profundidade; pedregosidade

Restrita a desfavorável

Baixa Desfavoráveis Plana e suave ondulada

Teores elevados de sódio trocável; deficiência de drenagem; riscos de inundações

Desaconselháveis à utilização agrícola

Muito baixa a alta

Acentuadamente desfavoráveis

Plana a escarpada

Tores elevados de sais solúveis; solos rasos; pedregosidade; rochosidade; textura arenosa; riscos de inundações; deficiência de drenagem; fortes declives; disponibilidade de nutrientes muito baixa

Fonte: IBGE, citado por Souza (1993).

* Poderão estar presente uma ou mais das limitações citadas.

14

Tabela 2 - Classes de solos segundo o sistema brasileiro de classificação e classes de potencialidade agrícola correspondentes

Classes do Sistema

Brasileiro de

Classificação

Classes de Potencialidade Agrícola

Boa Boa a

regular Regular

a boa Regular Regular

a restrita Restrita Restrita a

desfavorável Desaconselhável

ALISSOLOS X

ARGISSOLOS X

CAMBISSOLOS X X

CHERNOSSOLOS X

ESPODOSSOLOS X

GLEISSOLOS X

LATOSSOLOS X X X

LUVISSOLOS X

NEOSSOLOS X X

NITOSSOLOS X X

ORGANOSSOLOS X

PLANOSSOLOS X X

PLINTOSSOLOS X X

VERTISSOLOS X

4. OCORRÊNCIA E USO DOS SOLOS

Em se tratando da sustentabilidade do uso agrícola dos solos, o mais adequado

é verificar as limitações ou fragilidades que cada solo apresenta no contexto

ambiental no qual está inserido, e o grau de intervenção ou pressão de uso em que

está submetido.

Na Tabela 3 estão apresentados, de forma generalizada, a ocorrência e o uso

dos solos brasileiros, de acordo com o novo sistema brasileiro de classificação, com

adaptações de Resende et al. (1988) e Oliveira et al. (1992).

15

Tabela 3 - Ocorrência e uso dos solos de acordo com o novo sistema brasileiro de classificação

Classe de solo Ocorrência Uso

ALISSOLOS A maioria dos Alissolos, com coloração do horizonte B brunada e topo escurecido, ou avermelhada forte, são encontrados em relevos suave ondulado a ondulado, em clima subtropical, na região Sul. Alguns poucos Alissolos, com cores vermelhas a amarelas no horizonte B, podem ocorrer em ambientes de clima úmido na bacia amazônica e ao longo da região costeira.

Devido a necessidade de grandes quantidades de corretivos e fertilizantes para eliminar a toxicidade pelo alumínio e suprir as plantas em nutrientes, os Alissolos são pouco utilizados, podendo ser encontrados com pastagens ou frutíferas de clima temperado.

ARGISSOLOS Os Argissolos ocupam o segundo lugar em ocorrência no território brasileiro, sendo menor apenas, que os Latossolos. Os Argissolos Acinzentados podem ocorrer em regiões serranas do Sul, em clima úmido e ameno, ou em áreas planas ou suave onduladas dos tabuleiros sedimentares do grupo barreiras nos estados do Maranhão, Ceará, Piauí, Alagoas e Bahia. Os Argissolos Amarelos são encontrados associados aos Latossolos Amarelos nos tabuleiros da zona úmida costeira do litoral oriental do Nordeste, Espírito Santo e Rio de Janeiro e nos baixos platôs da Região Amazônica. Os Argissolos Vermelho-Amarelos ocorrem em todo o território brasileiro, ocupando, geralmente, terrenos de relevos mais dissecados. Os Argissolos Vermelhos são encontrados nos planaltos basálticos que se estendem desde São Paulo até o Rio Grande do Sul e associados a rochas calcárias ou metamórficas de caráter intermediário entre básico e ácido na região central do Brasil.

Os Argissolos recebem variados tipos de uso: intensa produção de grãos (Argissolos Vermelhos em relevo menos movimentado), culturas perenes, como o café e frutas tropicais (Argissolos Vermelho-Amarelo em São Paulo e Minas Gerais), cana-de-açúcar e eucalipto (Argissolos Amarelos e Acinzentados dos tabuleiros) e pastagens em geral.

CAMBISSOLOS Em áreas de pequena extensão, os Cambissolos são encontrados em todo o Brasil. Ocorrem em áreas de maior expressão na parte oriental dos planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, nas serras do Mar e da Mantiqueira e, em regiões interioranas de Minas Gerais. Merecem destaque, também, os Cambissolos eutróficos encontrados em terraços aluviais do Ribeira de Iguape em São Paulo e os da região de Irecê na Bahia.

De acordo com o grau de fertilidade, os Cambissolos são encontrados sob diversos usos, predominando, as pastagens e campos nativos. Nos terraços aluviais do Ribeira de Iguape - SP, são intensamente cultivados com banana. Em Irecê - BA são cultivados com feijão, milho e algodão, principalmente.

CHERNOSSOLOS Os Chernossolos ocorrem em extensas áreas na Campanha Gaúcha, Rio Grande do Sul, em condições climáticas de baixas temperaturas médias no inverno e significativo período seco durante o verão e a primavera. Podem ser encontrados em outra regiões do Brasil, suprajacentes a rochas básicas ou calcárias e, normalmente, sob condição de climas com estação seca acentuada.

No Rio Grande do Sul são muito utilizados com pastagens de gramíneas e leguminosas nativas ou com culturas de trigo, feijão, milho, soja e arroz irrigado. Na Chapada do Apodi - RN, tem sido utilizados intensamente com lavouras irrigadas, com destaque para o melão.

16

Tabela 3 - Contin...

Classe de solo Ocorrência Uso

ESPODOSSOLOS As áreas mais expressivas de ocorrência dos Espodossolos localizam-se nos estados do Amazonas e Roraima, onde são encontrados associados aos Neossolos Quartzarênicos. São encontrados, com certa expressividade, também, nas restingas da costa leste brasileira e nas baixadas arenosas do Rio Grande do Sul.

Os Espodossolos, praticamente não recebem uso agrícola.

GLEISSOLOS Os Gleissolos ocorrem em várzeas e planícies alagadas ou alagáveis, indiscriminadamente, em todo o território brasileiro, com destaque especial para as várzeas da planície amazônica.

Os principais usos dados aos Gleissolos são pastagens nativas e arroz irrigado, podendo ser encontrados, convenientemente drenados, com culturas anuais diversas, cana-de-açúcar, banana e olerícolas. Os Gleissolos com horizonte sulfúrico não se prestam ao uso agrícola.

LATOSSOLOS Os Latossolos são os solos de maior ocorrência no território brasileiro. Ocorrem nos chapadões, em áreas acidentadas com pouco ou nenhum afloramento de rochas e nas terras baixas da Amazônia e dos tabuleiros costeiros. Os Latossolos Brunos ocorrem em áreas elevadas dos planaltos dos estados sulinos (RS, SC e PR), portanto, em condições de clima frio e úmido. Os Latossolos Amarelos ocupam áreas de grande extensão no baixo Amazonas e nas zonas úmidas costeiras do Nordeste, Espírito Santo e Rio de Janeiro. Os Latossolos Vermelho-Amarelos são encontrados, com maior expressão, nas chapadas do planalto central e do Nordeste, nas áreas do domínio Amazônico e no domínio do “Mar de Morros” ao longo da faixa Atlântica. Os Latossolos Vermelhos estão localizados nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil, desde o Sudoeste de Goiás e os estados do Mato Grosso e Mato grosso do Sul, passando pelo Triângulo Mineiro e o Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais, estendendo-se à todos os outros estados ao Sul, em sua maioria, suprajacentes a rochas básicas.

Os Latossolos são os solos mais utilizados pela agricultura empresarial mecanizada. Os Latossolos Vermelhos, com exceção daqueles que ocorrem no Quadrilátero Ferrífero - MG, e os Vermelho-Amarelos do planalto central são intensamente cultivados com soja, milho, cana-de-açúcar, frutas tropicais e café. Os Latossolos Vermelho-Amarelos do “Mar de Morros” são, expressivamente, utilizados com café. Os Latossolos Amarelos são encontrados, na Amazônia, com culturas perenes regionais, mandioca e outras culturas de subsistência e, nas zonas úmidas costeiras, com cana-de-açúcar, fruticultura, culturas de subsistência e eucalipto. Os Latossolos Brunos são utilizados com fruteiras de clima temperado. Em todas as regiões do Brasil são encontrados extensas áreas de Latossolos com pastagens.

LUVISSOLOS Os Luvissolos ocorrem, principalmente, na zona semi-árida do Nordeste, com elevada restrição hídrica e em áreas de pequena expressão nas regiões Sudeste e Sul do Brasil.

O principal uso dos Luvissolos tem sido com pecuária extensiva, sendo encontrados também, com culturas regionais do Nordeste como sisal, algodão-mocó e palma forrageira e culturas anuais como milho e feijão.

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Tabela 3 - Contin...

Classe de solo Ocorrência Uso

NEOSSOLOS Os Neossolos ocorrem em todo o território brasileiro ocupando ambientes e paisagens diversos. Os Neossolos Litólicos, normalmente, estão associados a muitos afloramentos de rocha, ocupando as cristas e partes mais instáveis da paisagem. Algumas áreas com maior expressão estão localizadas nos planaltos sulinos, no Centro-Sul do Pará e na zona das caatingas e chapada Diamantina no Nordeste. Os Neossolos Regolíticos ocorrem em terrenos de relevo plano ou suave ondulado, formados por deposições sedimentares de materiais bastante arenosos, com grande expressão no semi-árido nordestino. Destacam-se os Neossolos Regolíticos do agreste Pernambucano. Os Neossolos Quartzarênicos estão relacionados com os depósitos arenosos de cobertura, concentrando-se em extensas áreas em diversos estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste (SP, MG, MS, MT, PA, MA, PI, PE, e BA). Os Neossolos Quartzarênicos com influência marinha ocorrem em toda a faixa litorânea, já, os hidromórficos, são pouco expressivos, ocorrendo em bordas de veredas e cursos d’água. Os Neossolos Flúvicos são provenientes de depósitos aluviais, ocorrendo às margens de curso d’água, lagoas e planícies costeiras. Suas maiores expressividades encontram-se na planície Amazônica e nas planícies do rio Paraguai, no extremo Oeste Mato-grossense e no delta dos rios Paraíba do Sul, Doce e São Francisco.

Os Neossolos recebem usos diversos, nas diferentes regiões do território brasileiro. Os Litólicos são pouco utilizados, sendo, nos estados sulinos, aproveitados com viticultura e culturas anuais. Os Regolíticos são intensamente cultivados no semi-árido nordestino com algodão-mocó, sisal, abacaxi e culturas de subsistência. Os Quartzarênicos tem sido cultivados no estado de São Paulo e no Nordeste com cana-de-açúcar e frutíferas tropicais. Os Flúvicos são intensamente cultivados em todo o Brasil, notadamente, com culturas anuais de subsistência, pois, geralmente, são os mais férteis da paisagem. Recentemente, áreas extensas de Neossolos Flúvicos das margens do Rio São Francisco tornaram-se cultivadas através de grandes projetos de irrigação. Os Neossolos são encontrados também, ocupados por pastagens em todo o território nacional.

NITOSSOLOS Os Nitossolos ocorrem em todo o território brasileiro, associados aos Argissolos Acinzentados, Vermelho-Amarelos ou Vermelhos.

Os Nitossolos recebem usos diversos: produção de grãos, culturas perenes, notadamente, fruteiras de clima temperado e pastagens.

ORGANOSSOLOS Os Organossolos são encontrados nas posições mais baixas e mal drenadas das várzeas, geralmente, associados aos Gleissolos, ou em ambientes úmidos de altitude elevada. Organossolos com altas concentrações de sulfetos são encontrados em áreas da zona úmida da orla marítima, restritas a banhados, pântanos e terrenos logo a montante dos mangues.

A maioria dos Organossolos apresentam séria restrição ao uso agrícola devido à presença de lençol freático elevado. Próximos a grandes centros consumidores, os Neossolos são encontrados, convenientemente drenados e sendo utilizados com olericultura.

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Tabela 3 - Contin...

Classe de solo Ocorrência Uso

PLANOSSOLOS As áreas mais expressivas de Planossolos são encontradas no Nordeste (desde o Norte da Bahia até o Ceará), no pantanal Mato-grossense e no Rio Grande do Sul.

No Rio Grande do Sul, são utilizados com arroz irrigado e pastagens. No semi-árido nordestino e no pantanal Mato-grossense, são aproveitados com pecuária extensiva às expensas da vegetação natural.

PLINTOSSOLOS Os Plintossolos são encontrados em situações de alagamento temporário ou de trânsito subsuperficial de água no solo (devida à presença de camada de permeabilidade lenta no interior do perfil ou do próprio substrato rochoso), portanto, em áreas deprimidas, planícies aluvionais e terços inferiores das encostas. Ocorrem em maiores extensões, na região Amazônica, algumas áreas no Nordeste (MA e PI), Centro-Oeste (TO, GO, Ilha do Bananal) e no pantanal Mato-grossense.

Os Plintossolos são utilizados em algumas áreas com cultivo de arroz, sendo mais freqüente, o uso com pastagens.

VERTISSOLOS A ocorrência de Vertissolos está relacionada a presença de material de origem calcária, sedimentos argilosos ricos em Cálcio e Magnésio e rochas básicas, aliados à condições climáticas e/ou de relevo que impeçam a remoção pronunciada desses cátions do perfil do solo. São encontrados, com maior expressão, no semi-árido nordestino e no pantanal Mato-grossense e, com menor expressão, na Campanha Rio Grandense e no Recôncavo Baiano.

O principal uso dos Vertissolos, que se tem registro, é com pastagens. No semi-árido nordestino, onde as precipitações pluviométricas não são muito baixas (Agreste), são utilizados com culturas de sequeiro como milho, sorgo, feijão e sisal.

Como pode ser observado na Tabela 3, os solos mais velhos, profundos,

intensamente intemperizados e, geralmente, pobres em nutrientes (LATOSSOLOS),

estão localizados nas áreas planas e elevadas, ou em áreas acidentadas com manto

de intemperismo muito profundo, ocorrendo, predominantemente, nos domínios da

Amazônia, do Cerrado e dos Mares de Morros florestados22.

Solos jovens, sem horizonte B, com horizonte B em formação, ou com

horizonte B sem grandes impedimentos a percolação da água (NEOSSOLOS,

CAMBISSOLOS, NITOSSOLOS e ARGISSOLOS) são encontrados em todo o

território brasileiro, em áreas acidentadas, ou planas de depósitos mais recentes.

22 Domínios morfoclimáticos segundo Ab'saber (1970).

19

Solos com alta saturação por cátions básicos trocáveis, significativa presença

de argilas expansivas e impedimentos a percolação da água (CHERNOSSOLOS,

LUVISSOLOS, PLANOSSOLOS e VERTISSOLOS), são encontrados com maior

expressividade em condições de clima subtropical ou semi-árido, ou seja, Sul do

Brasil ou semi-árido nordestino.

Solos formados em condições de alagamento, ou com sérios problemas de

drenagem, com ou sem acumulação de matéria orgânica na superfície

(GLEISSOLOS, ORGANOSSOLOS e PLINTOSSOLOS), ocorrem em áreas

deprimidas, planícies aluvionais, ou várzeas, por todo o território nacional, com

maior expressão na Amazônia e Pantanal.

Não se constitui em demasiado exagero afirmar que o território brasileiro é

uma imensa pastagem entremeada e extremada ao Norte por remanescentes da

cobertura vegetal original e, entremeada e extremada ao Sul e na costa litorânea por

cultivos anuais e perenes.

A pecuária extensiva foi o grande elemento de ocupação do território brasileiro

(Rezende e Resende, 1996). Ela ocupou os solos férteis de regiões de clima úmido e

temperaturas elevadas, capazes de permitir o manejo de pastagens com o uso do

fogo (por exemplo, Latossolos e Argissolos eutróficos do Triângulo Mineiro e Vale

do Rio Doce - MG, respectivamente); áreas campestres do Sul do Brasil, dos

Cerrados, do Pantanal e da Amazônia (em diferentes solos, com diferentes níveis de

fertilidade); áreas semi-áridas do Nordeste (também, em diferentes tipos de solos) e;

até mesmo, os solos pobres, porém, em relevos planos e conservadores de

nutrientes, dos platôs litorâneos e Amazônicos (Argissolos e Latossolos).

A agricultura empresarial mecanizada, produtora de soja, trigo, milho, cana-de-

açúcar, citrus e, mais recentemente, café, começou pelos solos férteis e/ou planos do

Sul-Sudeste, avançou e se intensificou nos solos planos do Centro-Oeste, chegando

agora, aos solos, também planos, da Amazônia (sempre sobre Latossolos e

Argissolos, preferencialmente).

A agricultura familiar, de caráter mais artesanal, e produtora de café, algodão,

hortifrutigranjeiros, animais de pequeno porte e culturas de subsistência como arroz,

feijão, milho e mandioca, ficou confinada a regiões com relevos mais

20

movimentados, concentrando-se23, no domínio dos Mares de Morros florestados, no

domínio do Planalto das Araucárias24 e no semi-árido nordestino, notadamente, no

Agreste de Pernambuco e Paraíba (em solos os mais diversos).

5. REFLEXÕES SOBRE O USO DOS SOLOS E A

(IN)SUSTENTABILIDADE

Isolando-se o solo dos outros fatores que são determinantes na

sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola, pode-se afirmar que o uso

sustentado do solo é aquele que mantenha ou melhore suas características, ou

propriedades químicas, físicas e biológicas.

Um “passeio” pelo território brasileiro leva a constatação de que o grau de

intervenção e a pressão de uso sobre os solos, na maioria das situações, desprezam

suas limitações e/ou fragilidades, degradando suas características/propriedades,

comprometendo a sustentabilidade da produção agrícola e dos próprios

ecossistemas.

Os Latossolos e Argissolos da Amazônia, apesar da exuberante floresta sobre

eles, são pobres em nutrientes que estão concentrados na biomassa. No sistema de

agricultura itinerante, as colheitas decrescem em níveis não compensadores a partir

do terceiro ano de cultivo, obrigando o agricultor à mudar de área (Resende et al.,

1995). Nesse caso, o pousio permite a recomposição da floresta e uma certa

recuperação do solo. Pior situação é a das pastagens extensivas, que aproveitam a

riqueza inicial de nutrientes disponibilizados com a queimada da floresta para se

instalar e, nos anos sucessivos, constituem-se num constante dreno de nutrientes do

solo. Até quando os solos irão suportar essa exportação continuada de nutrientes?

Algumas regiões com pastagens degradadas no estado do Pará mostram que não

será por muito tempo. Sistemas agroflorestais, com a exploração do potencial das

frutíferas regionais, tem se mostrado as melhores opções para os solos pobres da

Amazônia.

23 Existem agricultores familiares esparsos em todas as regiões do Brasil. Na região Amazônica, inclusive, verifica-se com grande expressividade a modalidade de agricultura itinerante e a exploração agroextrativista. 24 Domínios morfoclimáticos segundo Ab'saber (1970).

21

O uso intensivo dos Latossolos do cerrado pela agricultura empresarial

mecanizada, com alta utilização de insumos externos, tem proporcionado melhoria

na disponibilidade de nutrientes desses solos pobres, no entanto, provoca

degradação das caraterísticas físicas como, pulverização demasiada da camada

trabalhada, encrostamento, quebra das estruturas, redução do número de

macroporos, compactação e erosão (Costa e Jucksch, 1992). O próprio bioma

cerrado está ameaçado com a agressividade da agricultura empresarial. O uso de

agrotóxicos contamina os lençóis freáticos; a menor infiltração e maior

escorrimento superficial de água acarretam em diminuição e assoreamento dos

cursos d’água; o represamento dos cursos d’água e a intensa utilização para

irrigação, do tipo pivô central, podem trazer drásticas conseqüências à

disponibilidade de água num futuro próximo. O cerrado, dito como a “caixa d’água

do Brasil” está esvaziando. Até quando os Latossolos do cerrado irão suportar essa

agressividade? Até quando haverão fontes solúveis de nutrientes (especialmente

fósforo) para manter as altas produtividades obtidas? Além da sua importância

estratégica para o Brasil, o cerrado apresenta um grande potencial em termos de

exploração de plantas frutíferas e medicinais. Algumas comunidades de agricultores

familiares no Norte de Minas Gerais estão aproveitando este potencial e convivendo

de maneira mais sustentada com este ambiente.

Os Latossolos dos Mares de Morros ocupados com café e pastagens

encontram-se extremamente empobrecidos, em função dos longos períodos de

exportação de nutrientes. Características interessantes dos Mares de Morros são a

grande disponibilidade de água e a ocorrência, associada aos Latossolos, de diversos

tipos de solos como Cambissolos, Argissolos, Cambissolos-Argissólicos, Neossolos

Flúvicos e Gleissolos, numa diversidade de ambientes que propiciam

aproveitamentos e usos diferenciados. Certamente, existe uma relação direta entre

diversidade e sustentabilidade.

Os Latossolos e Argissolos dos tabuleiros costeiros apresentam, em muitas

situações, uma camada coesa entre o horizonte A e o horizonte B, que pode ser vista

como uma vantagem, pela possibilidade de maior conservação de nutrientes. Por

outro lado, pela dificuldade de penetração do sistema radicular, constitui-se numa

22

limitação e uma fragilidade, pois o uso de mecanização pode intensificar a coesão

ou aumentar a camada coesa. A utilização de plantas que consigam romper a

camada coesa (guandu, leucena, etc.) e de espécies que se adaptam a essa condição,

são medidas que podem levar a um uso mais sustentável desses solos.

Os Argissolos ocorrentes em áreas com relevo mais movimentado e utilizados

com pastagem e uso constante de fogo constituem-se em ambientes com alta

fragilidade. É o caso dos Argissolos do Vale do Rio Doce em Minas Gerais. O

horizonte B mais adensado que o horizonte A dos Argissolos, aliado ao pisoteio

constante de animais diminuem, drasticamente, a infiltração de água, aumentando o

escorrimento superficial e provocando a erosão. A eliminação da cobertura vegetal

pelo fogo antes da estação chuvosa, agrava o problema. Em função da riqueza

natural dos Argissolos e do clima tropical do Vale do Rio Doce - MG, esta região

apresenta um grande potencial para o uso mais sustentável dos solos com

fruticultura.

No domínio do planalto das araucárias, e outras áreas no Sul do Brasil,

Argissolos, Cambissolos, Latossolos e Nitossolos são cultivados, pela agricultura

empresarial e pela agricultura familiar de maior porte, com a utilização intensa de

mecanização e insumos externos, devido à riqueza natural dos solos e/ou ocorrência

em áreas de relevo menos movimentado. Apesar de todos os esforços despendidos

pelos governos estaduais em programas de conservação dos solos, são amplamente

conhecidos a degradação dos solos e a contaminação e assoreamento dos cursos

d’água naquela região. Nos últimos anos têm-se propalado pelos quatro cantos do

país a tecnologia do plantio direto, que teve aquela região como “berço”, como a

grande saída para a recuperação dos solos e a implementação de sistemas de

produção sustentáveis. É notável a melhoria que o sistema de plantio direto

proporcionou nas características/propriedades químicas, físicas e biológicas dos

solos em determinadas condições de clima e relevo25, entretanto, continua a

dependência, em grande escala, de insumos externos e os impactos que estes podem

causar aos lençóis freáticos, cursos d’água e ao próprio solo.

25 Notadamente, nas condições de clima mais ameno e relevo mais plano

23

Os Chernossolos, Luvissolos, Planossolos e Vertissolos, ocorrentes na

campanha gaúcha e no semi-árido nordestino, ricos em nutrientes e

predominantemente ocupados com pastagens, constituem-se, à primeira impressão,

em recursos pouco, ou mal utilizados. Em razão da dificuldade de infiltração de

água e dos impedimentos à mecanização apresentam limites e/ou fragilidades que

dificultam o uso agrícola. Mesmo no semi-árido nordestino, com baixas

precipitações pluviométricas anuais, esses solos, quando em condições de relevo um

pouco mais movimentado, são facilmente erodidos. Sob o efeito do pisoteio de

animais e sem medidas de conservação, o problema se agrava. Na campanha

gaúcha, o impacto do pisoteio e do pastoreio intensivo dos animais na degradação

dos solos é agravado pela criação mista de ovinos com bovinos. A forma de pastejo

dos ovinos é mais prejudicial ao solo que a dos bovinos. Os ovinos tem a faculdade

de cortar a forragem praticamente junto ao solo, atingindo, muitas vezes, os pontos

de crescimento das plantas, reduzindo a população das mesmas e expondo mais o

solo (Stammel, 1996). Esses solos poderiam ser melhor aproveitados. O potencial

de manutenção de produções agrícolas, assentadas, exclusivamente, na

disponibilidade e ciclagem de nutrientes é muito grande. Pequenos projetos de

irrigação para o cultivo de frutíferas e culturas de subsistência em geral, poderiam

ser implementados. Evidentemente, esses projetos dependem de incentivos

governamentais e da disponibilidade de água nas regiões. Outro aspecto

importantíssimo, é a necessidade de monitoramento continuado dos solos em

projetos dessa natureza, devido a facilidade de salinização.

Os Gleissolos e, em um grau mais intenso, os Neossolos Flúvicos, são

utilizados em todo o Brasil, devido a riqueza em nutrientes que apresentam e/ou as

posições mais planas do relevo que ocupam. No domínio dos mares de morros, são

os solos mais utilizados pelos agricultores familiares para o cultivo de culturas de

subsistência, frutíferas, olerícolas e capineiras. Embora, geralmente, sejam os solos

mais ricos da paisagem, com o uso intensivo, essa riqueza diminui ao longo do

tempo. Na busca da sustentabilidade, rotações de culturas, pousio, adubação verde,

dentre outras, são medidas estratégicas a serem adotadas.

24

Os Plintossolos que ocorrem na Amazônia e no Pantanal, apresentam uma

propriedade interessante do ponto de vista da sustentabilidade, que é a possibilidade

de ser um ambiente mais conservador de nutrientes. Por outro lado, a facilidade com

que esses solos são alagados é uma fragilidade difícil de ser contornada naqueles

ambientes.

A principal fragilidade dos Organossolos, quando são incorporados ao uso

agrícola é a possibilidade de perderem, justamente, o que os tornam atrativos, a

matéria orgânica acumulada em condições anaeróbicas.

Alguns solos como os Argissolos, os Espodossolos, os Neossolos

Quartzarênicos e os Litólicos em áreas mais acidentadas, apresentam limitações

e/ou fragilidades tão sérias que o mais adequado é que sejam destinados à ocuparem

ambientes de preservação da fauna e da flora.

Analisar a sustentabilidade do uso agrícola dos solos requer, necessariamente,

que seja considerado o contexto ambiental em que ocorrem e os condicionantes

sócio-econômicos e culturais que determinam o uso. Um sistema de classificação

dos solos, como o novo Sistema Brasileiro, possibilita que sejam feitas inferências

generalizadas e extrapolações sobre as potencialidades e os limites, ou fragilidades,

que os solos de cada classe apresentam e o grau de intervenção e pressão de uso que

podem suportar.

Numa propriedade, ou microbacia, ocorrem diversos tipos de solos que podem

receber usos diferenciados, de acordo com as potencialidades, limitações,

fragilidades, interesses sócio-econômicos, tradição cultural, etc. Estratificar os

ambientes e dar a cada solo o uso mais adequado e de forma integradora é o melhor

caminho para a sustentabilidade.

25

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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