os quilombolas do maranhão

17

Upload: maryanne-monteiro

Post on 12-Apr-2017

465 views

Category:

Education


0 download

TRANSCRIPT

O Maranhão no início do século XIX contava com maior percentual de escravos na sua população total, isto é, mais da metade (ASSUNÇÃO, 1996). Isso se deu em função de

uma maior dinamização da economia do Estado e da sua inserção definitiva no contexto agroexportador português, que ocorrera a partir da segunda metade do século XVIII,

favorecidas pelos incentivos trazidos pela Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão,

Cherliane

o que concorreu, portanto, para a

intensificação do tráfico de negros africanos para a região

a fim de alimentar de mão-de-obra escrava

as lavouras de algodão, arroz, cana-de-açúcar, assim como as demais atividades na Província.

Especialmente a partir da metade do século XIX, quando se desenvolveu nessa região a produção açucareira, formaram-se muitos quilombos, instrumento de resistência à rigidez do trabalho escravo.Cherliane

Com o declínio da lavoura, seguido da abolição da escravidão, os ex-escravos que permaneceram na região constituíram as localidades chamadas “terras de preto”(FARIAS FILHO, 2012), muitas delas hoje reconhecidas como comunidades remanescentes de quilombos.

Christilene

A Baixada Ocidental Maranhense que no passado concentrou muitos quilombos, sobretudo, na segunda metade do século XIX, representa hoje uma das regiões do Estado com maior número de comunidades remanescente de quilombos, embora nem todas estejam certificadas pela Fundação Cultural Palmares ou pela Associação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas do Maranhão (ACONERUQ), e muito menos tituladas, situação essa que representa o grande desafio para essas comunidades no Brasil inteiro.

Christilene

A luta pela legalização dos territórios das comunidades negras rurais no Maranhão antecede a Constituição de 1988, tendo início por volta de 1979, através da ação do Centro de Cultura Negra do Maranhão, o qual, diante de informações da existência de conflitos envolvendo proprietários rurais e moradores dessas comunidades, inicia um trabalho de visita às mesmas a fim de tomar conhecimento da real dimensão desses conflitos.

Ecila

Outra importante aliada à luta das comunidades negras rurais maranhenses pela posse da terra foi a Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos, através do Projeto Vida de Negro, desenvolvido por uma equipe multidisciplinar, auxiliando, inclusive no processo de reconhecimento de muitas delas como comunidades remanescentes de quilombos.

Ecila

O quilombo representou, como afirma Moura (1981, p. 87), “a unidade básica de resistência do escravo. Pequeno ou grande, estável ou de vida precária, em qualquer região em que existia a escravidão, lá se encontrava ele como elemento de desgaste do regime servil”. O quilombo no passado e as comunidades remanescentes de quilombos no presente aproximam-se, sobretudo, por um detalhe: a resistência.

Marineide

Consultando os relatórios maranhenses do século XIX, percebemos que as fugas de escravos e sua organização em quilombos, por vezes em aliança com outros elementos desfavorecidos da sociedade local, foram vistas como um problema de primeira grandeza pelas autoridades daquela província ao longo do período monárquico.

Os primeiros passos do movimento quilombola no Maranhão foram dados no final da década de 1970. É um movimento envolvendo as comunidades negras rurais formadas a partir do período pós-abolição (FIABANI, 2008), cujo objetivo maior é defender a posse dos territórios ocupados.

Marineide

A entrada crescente de escravos africanos no Maranhão culminou com a chegada de 41 mil pessoas entre 1812 e 1820. Como resultado, às vésperas da Independência, 55% dos habitantes do Maranhão eram escravos. Tal número correspondia à mais alta porcentagem de população escrava do Império. Ela concentrava-se nas fazendas situadas na baixada ocidental e nos vales dos Rios Itapecuru, Mearim e Pindaré. Sabe-se da existência de quilombos no Maranhão desde o início do século XVIII.

Leticia

Lucyenne

O município de Alcântara, fundado em 1648, teve sua economia fundamentada na cultura de algodão, no século XVIII; e na da cana-de-açúcar, no século XIX, com base no trabalho escravo. Com a falência desse modelo econômico, em dois momentos distintos, os fazendeiros abandonaram suas propriedades, onde escravos e alforriados se estabeleceram num modelo de campesinato de agricultura de subsistência, caracterizado pelo uso comum das terras. Posteriormente, passaram a produzir farinha e arroz, chegando a fornecer para toda a região. Vivendo próximos ao mar e a rios, em terras férteis, praticavam a agricultura, a pesca, a caça e o extrativismo. 

Lucyenne

A população negra que se instalou nas antigas fazendas manteve relações de parentesco, compadrio e vizinhança sob uma série de normas construídas ao longo das décadas, sem interferência oficial. A denúncia de violação de direitos sofrida pelos quilombolas fez com que o Ministério Público Federal (MPF) iniciasse inquéritos e impetrasse ações civis públicas para resguardar os direitos garantidos constitucionalmente e apurar o ocorrido.

Maryanne

Os quilombolas de Alcântara trabalham para

  manter o que os antepassados conquistaram — a posse da terra e do direito de viver uma forma de vida própria, autônoma, caracterizada por intensas relações de troca de produtos agrícolas, extrativos e artesanais; por relações de parentesco entre membros de diferentes comunidades, pelas tradições religiosas e festivas e pelo uso comum dos recursos naturais. (PROJETO..., 2007, p.5).

Maryanne

 Quilombo de Itamatatiua – Artesã trabalhando.

Fotografias de Itamatatiua, na sede da Associação de Mulheres, durante produção artesanal de cerâmica. Autoria das imagens: Raquel Noronha, 2007

Cleia

QUILOMBO SANTO ANTÔNIO DOS PRETOS

Localizado no Município de Codó na zona fisiografica dos Cocais Maranhenses, Santo Antônio dos Pretos é um povoado negro que dista cerca de 60k ms da sede. No ano de 1944 foi visitado pelo antropólogo paulista Octávio da Costa Eduardo.

Cleia

ALMEIDA, MARIA DA CONCEIÇÃO PINHEIRO. O MOVIMENTO QUILOMBOLA NA BAIXADA OCIDENTAL MARANHENSE: história, memória e identidade de comunidades remanescentes de quilombos em Pinheiro.

www.museuafro.ufma.br . Acesso em 24/09/2014. Blog: gustavoacmoreira.blogspot.com.br. Acesso em

17/09/2014.