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Os primeiros passos numa profissão para a docência Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio apresentado com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de fevereiro). Orientadora: Professora Mestre Patrícia Gomes Catarina Fátima Ramos Gomes Junho 2014

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Os primeiros passos numa profissão para a docência

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio apresentado com vista à

obtenção do 2º ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário

(Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o

Decreto-lei nº 43/2007 de fevereiro).

Orientadora: Professora Mestre Patrícia Gomes

Catarina Fátima Ramos Gomes

Junho 2014

II

Ficha de catalogação

Gomes, C (2014). Estágio Profissional: Os primeiros passos numa

profissão para a docência. Porto: C. Gomes. Relatório de Estágio Profissional

para obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade

do Porto

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; FORMAÇÃO INICIAL; SER

PROFESSOR; MOTIVAÇÃO; REFLEXÃO.

III

Dedicatórias

À minha mãe e irmã, por serem os maiores pilares da minha vida e por

todo o apoio, admiração e sacrifício para que este meu sonho se tornasse

realidade.

V

Agradecimentos

Não poderia deixar de expressar a minha sincera gratidão a todos aqueles

que me incentivaram e apoiaram ao longo desta caminhada. Gostaria assim,

de exprimir o meu agradecimento, em particular:

À minha orientadora, Professora Patrícia Gomes, por toda a

disponibilidade, dedicação, apoio e ainda por ser um exemplo de

profissionalismo, orientando-me numa das experiências mais enriquecedoras

da minha vida;

À Escola Secundária Almeida Garrett, por me acolher e pela experiência

profissional que me proporcionou;

Ao meu Professor Cooperante, Professor Paulo Cunha, pela objetividade e

sinceridade com que guiou todo o meu processo de estágio;

Aos meus colegas de estágio, Ivo Couto e Mara Mata, por todo o

companheirismo, partilha, amizade e diversão proporcionada ao longo deste

ano;

E por fim, aos meus familiares, por compreenderem a minha ausência, pela

paciência, pelo apoio, pelas constantes palavras de incentivo e essencialmente

por nunca duvidarem.

A todos, um muito obrigada!

VII

Índice geral

Dedicatórias ..................................................................................................... III

Agradecimentos ............................................................................................... V

Índice geral ..................................................................................................... VII

Índice de quadros ............................................................................................ XI

Abstract .......................................................................................................... XV

Lista de abreviaturas .................................................................................. XVII

Introdução ......................................................................................................... 1

1. Dimensão pessoal ..................................................................................... 3

1.1. Quem sou eu? ..................................................................................... 5

1.2. Ser Professor: Expetativas e Realidade ............................................ 8

2. Enquadramento da prática profissional ................................................ 15

2.1. Enquadramento conceptual do EP .................................................. 17

2.2. Enquadramento legal e institucional do EP .................................... 19

2.3. Enquadramento funcional do meu EP ............................................. 20

2.3.1. A escola ....................................................................................... 20

2.3.2. Os meus alunos .......................................................................... 22

3. Realização da Prática Profissional ......................................................... 25

3.1. Planeamento e Conceção do Ensino ............................................... 27

3.1.1. Conceção .................................................................................... 27

3.1.2. Planeamento ............................................................................... 28

3.1.3. O planeamento e a sua flexibilidade ......................................... 35

3.1.4. A importância do conhecimento pedagógico do conteúdo .... 35

3.2. Realização ............................................................................................ 37

3.2.1. Controlo da turma .......................................................................... 38

3.2.2. Modelos instrucionais no ensino ................................................. 39

3.2.3. Instrução: Menos por vezes é mais .............................................. 41

3.2.4. Feedback pedagógico ................................................................... 43

3.2.5. Afetividade com os alunos / Clima relacional ............................. 45

3.3. Avaliação: três momentos fundamentais .......................................... 47

3.3.1. O dilema da avaliação: Dificuldades, desafios e estratégias ..... 49

3.4. Participação na Escola e Relação com a Comunidade .................... 53

VIII

3.4.1. Participação e dinamização de atividades .................................. 55

O grupo “Pré-requisito” – Aulas de apoio ................................................ 55

Aulas de substituição ................................................................................. 57

Dia de Garrett .............................................................................................. 58

Formação de Orientação ............................................................................ 59

3.4.2. Desporto Escolar ........................................................................... 61

Corta Mato Escolar ..................................................................................... 62

Torneios Interturmas .................................................................................. 64

3.4.3. Direção de Turma ........................................................................... 65

4. Desenvolvimento Profissional ................................................................ 69

4.1. A reflexão: Alicerce de todo o desenvolvimento profissional ......... 71

4.2. Estudo de Investigação-Ação: Motivação dos alunos para as aulas

de Educação Física (EF). ............................................................................ 74

4.2.1. Introdução.......................................................................................... 74

Fontes da motivação ............................................................................... 76

Estratégias motivacionais ....................................................................... 78

4.2.2. Objetivo .............................................................................................. 79

4.2.3. Metodologias ..................................................................................... 79

Procedimentos de recolha ...................................................................... 79

Participantes ............................................................................................... 79

Instrumento ................................................................................................. 79

Procedimento de análise dos dados ...................................................... 80

Considerações éticas ................................................................................. 80

4.2.4 Resultados ...................................................................................... 80

1º Momento .................................................................................................. 80

2º Momento .................................................................................................. 81

................................................................................................................... 82

4.2.5. Análise e discussão dos resultados ............................................ 82

1º Momento .................................................................................................. 82

2º Momento .................................................................................................. 84

4.2.6. Conclusões .................................................................................... 87

Conclusões e perspetivas para o futuro ...................................................... 89

Bibliografia ...................................................................................................... 91

Anexos .......................................................................................................... XXI

IX

Anexo I - Questionário .............................................................................. XXIII

Anexo II - Autorização dos EE, para o preenchimento do questionário ... XXVI

X

Índice de figuras

Figura II - Ciclo de planificação (Bento, 1987) .................................................. 30

Figura 5 - Não gosto das aulas de EF, quando… (1ª Recolha) ........................ 81

Figura 6 - Participo nas aulas de EF, porque… (2ª Recolha) ........................... 81

Figura 7 - Eu gosto das aulas de EF, quando… (2ª Recolha) .......................... 81

Figura 8 - Não gosto das de aulas EF, quando… (2ª Recolha) ........................ 82

XI

Índice de quadros

Quadro 2 -Estratégias motivacionais (Marante (2008) adaptado de Weinberg &

Gould (2001); Palacios & Marchesi (1996))...................................................... 78

XII

Índice de anexos

Anexo I - Questionário ................................................................................. XXIII

Anexo II - Autorização dos EE, para o preenchimento do questionário ....... XXVI

XIII

Resumo

O presente relatório tem como principal propósito a construção de um

documento centrado na reflexão crítica acerca das minhas experiências de

estágio profissional. Neste documento exponho a forma como apliquei toda a

minha bagagem académica e profissional, em busca da excelência no ensino.

O estágio profissional decorreu numa escola púbica no concelho de Vila Nova

de Gaia, com um grupo de três estudantes estagiários, acompanhado por um

professor cooperante da escola e um professor orientador da faculdade. O

presente documento intitulado Estágio Profissional: Os primeiros passos numa

profissão para a docência, encontra-se organizado em quatro grandes

capítulos: i) Dimensão Pessoal, em que me identifico e relato o meu

entendimento acerca do que é ser professor, revelando o que me conduziu a

esta profissão; ii) Enquadramento da Prática Profissional, em que faço uma

ponte entre as minhas expetativas em relação ao estágio profissional e o

confronto com a realidade; iii) Realização Profissional, em que apresento,

justifico e reflito sobre as minhas estratégias de ensino e refiro as atividades

em que participei e organizei na escola; iv) Desenvolvimento Profissional, em

que apresento um estudo de investigação-ação que analisa os motivos que

levam os alunos a gostarem ou não das aulas de Educação Física. Na

conclusão, o Estágio Profissional é evidenciado como o culminar de toda a

minha formação, na qual tive oportunidade de vivenciar, desenvolver, refletir,

colaborar e relacionar com toda a comunidade educativa, compreendendo

assim, a necessidade de continuar a crescer enquanto profissional.

PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA; FORMAÇÃO INICIAL; SER

PROFESSOR; MOTIVAÇÃO; REFLEXÃO.

XV

Abstract

The present report has as the main purpose to construct a document focused in

a critical and reflective analysis about my professional practicum. In this

document I explain how I applied all my academic and professional knowledge,

in search of excellence in teaching. The practicum took place in a public school

located in Vila Nova de Gaia, with a group of three pre-service teachers,

accompanied by a cooperate teacher of the school and a teacher mentor of the

university. This report entitled Professional Practicum: The first steps for a

teaching career, is organized in four chapters: i) Personal Dimension, where I

introduce myself and report my understanding about that is being a teacher,

describing the main reasons about this choice; ii) Framework of Professional

Practice, where I make a bridge between the my expectations about the

practicum and the real context; iii) Achievement Professional Practicum, which I

present, justify and reflect about my strategies in the teaching and I talk about

the activities that participated and organized at school; iv) Professional

Development; which I present an action-investigation study that analyzes the

reasons which lead the students to like or dislike of Physical Education lessons.

In the conclusion, the practicum is evidenced as the culminate of all my training,

where I had the opportunity to experience, develop, reflect, collaborate and

relate with all the agents of scholar community, understanding a necessity to

continue to grow as professional.

KEY-WORDS: PHYSICAL EDUCATION; INITIAL FORMATION; TO BE A

TEACHER; MOTIVATION; REFLECTION.

XVII

Lista de abreviaturas

AD – Avaliação Diagnóstica

AF – Avaliação Formativa

AS – Avaliação Sumativa

ATL – Atividades de tempos livres

DT – Diretor de turma

EE/s – Estudante/s Estagiário/s

EEFEBS – Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

EF – Educação Física

EP – Estágio profissional

ESAG – Escola Secundária Almeida Garrett

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MEC – Modelo da Estrutura do Conhecimento

PC – Professor Cooperante

PES – Prática de ensino supervisionada

PFI – Projeto de Formação Individual

PO – Professor Orientador

RE – Relatório de estágio

UT/s – Unidade/s temática/s

1

Introdução

O Estágio profissional (EP) encontra-se inserido no plano de estudos da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), no ciclo de

estudos conducentes ao grau mestre em Ensino da Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário (EEFEBS). Neste contexto de formação e no

papel de estudante estagiária (EE), realizei o EP numa escola onde assumi a

responsabilidade de lecionar as aulas de Educação Física (EF) a uma turma

(12ºano) durante o ano letivo. Neste período tive ainda a oportunidade de

lecionar as aulas de EF a uma turma rotativa. Em ambas as condições tive a

oportunidade de vivenciar um conjunto de situações reais inerentes ao

exercício da profissão docente.

Ao longo deste documento irei destacar algumas temáticas relevantes do

meu processo de desenvolvimento pessoal e profissional, na qual destaco a

socialização na escola e a ação reflexiva como componentes indispensáveis a

este crescimento.

Durante este ano de EP, procurei conjugar os saberes teóricos com a

prática, de acordo com as especificidades de cada situação. Neste processo,

foi importante o estudo autónomo e a constante reflexão, pois sentia

necessidade de questionar os conhecimentos adquiridos ao longo da formação

inicial, face às exigências que a prática me colocava.

Deste modo procurei diariamente tornar-me numa profissional, capaz de

promover um ensino de qualidade, com uma atuação assente na capacidade

reflexiva e na capacidade de justificar as minhas decisões.

Assim, a realização deste documento intitulado de “Estágio Profissional: Os

primeiros passos numa profissão para a docência”, tem como principal objetivo

expor através de uma análise crítica e reflexiva os passos dados, as decisões

tomadas e os desafios ultrapassados ao longo deste ano letivo.

Na primeira área, Dimensão Pessoal, pretendo identificar-me e relatar os

motivos as aspirações bem como o que me levou a escolher a profissão

docente. Na segunda área, Enquadramento da Pratica Profissional, faço uma

ponte entre as minhas expectativas e o confronto com a realidade que foi o EP,

2

atendendo ao papel da EF na escola. Na terceira área, a Realização

Profissional, apresento justifico e faço uma reflexão acerca das estratégias que

adotei ao longo do ano de EP, e ainda apresento as atividades que me envolvi

de forma a me integrar na comunidade escolar. Por fim no Desenvolvimento

Profissional, reflito sobre a importância da reflexão no meu desenvolvimento

enquanto professora de EF e apresento o meu estudo de investigação-ação,

que analisa os motivos que levam os alunos a gostar ou não das aulas de EF.

Finalmente, nas Conclusões e Perspetivas para o Futuro, apresento tal

como o próprio nome indica, algumas considerações finais e reflexões sobre o

caminho que percorri ao longo do meu EP, o qual me encaminhou para um

enriquecimento pessoal e profissional, rematando com a exposição das

perspetivas em relação ao futuro.

1. Dimensão pessoal

5

1.1. Quem sou eu?

Ao longo das minhas vivências, fui concebendo algumas imagens acerca

das funções e papéis que um professor assume na escola. Aliás, foram

algumas dessas imagens, de bons e maus exemplos de professores, que me

levaram a tomar algumas decisões e a refletir sobre a profissão que um dia

desejaria assumir. Neste seguimento, perceber quem sou e o meu percurso de

vida parece ser fundamental para compreender o porquê das minhas ações,

das minhas crenças e opções enquanto estudante-estagiária.

Todo o meu percurso de vida, proporcionou grandes descobertas e foram

os inúmeros obstáculos que me tornaram mais forte mais persistente,

contrariando o ar frágil e angelical que muitos dizem ver em mim.

Como confere Ferreira (2013, p. 108), “O terreno ajudou a delinear

caminhos. As inúmeras pedras no meio da estrada fizeram-me tropeçar”. Ao

longo da vida, aprendi a me levantar sempre, independentemente das

circunstâncias e aprendi a ser forte, lutando pelos meus objetivos.

A prática de exercício físico foi-me delegada desde muito cedo pela minha

irmã, despertando em mim o gosto pelo desporto, embora as minhas vivências

desportivas não sejam muito diversificadas. Iniciei a prática desportiva aos 4

anos de idade, na Patinagem Artística e, mais tarde, por volta dos 12 anos, o

clube onde treinava abriu uma nova modalidade de Hóquei Patins feminino.

Decidi experimentar ficando, desde logo, fascinada. Infelizmente, o clube

sustentou a modalidade por pouco tempo e, devido à falta de recursos

financeiros e materiais, o Hóquei feminino acabou por encerrar. Na Patinagem

Artística, a situação não foi muito diferente e, num momento em que muitos

treinadores desistiam das suas funções devido à falta de pagamentos, surgiu

um convite para assumir o papel de treinadora, embora sem renumeração.

Para mim este era um sonho tornado realidade e sem refletir bem sobre o

assunto atirei-me logo de cabeça. Mais tarde, fui convidada pelo presidente do

Club Sport Marítimo, a ser sua atleta do clube e, mais tarde, pela treinadora do

Clube Santacruzense. Aqui, tive a oportunidade de ir muito mais além como

patinadora, mas, infelizmente, por ser muito jovem na altura, a minha mãe não

6

permitiu continuar a ser atleta. Foi neste momento que vi o meu sonho de ser

patinadora profissional ficar cada vez mais distante.

Mesmo assim, mantive o contato com a modalidade através do trabalho

como monitora numa colónia de Atividades de Tempos Livres (ATL) de Verão.

Neste ATL, além da patinagem, tive a oportunidade de contactar com muitas

outras modalidades e de descobrir o gosto de trabalhar com crianças. Por

outras palavras, descobri o gosto de ensinar e de perceber a evolução possível

de estimular no desenvolvimento de qualquer criança e jovem. Foi nesta altura

que decidi ser professora de EF, conseguindo assim, manter-me ligada não só

à prática desportiva, mas simultaneamente, ao ensino e ao desenvolvimento do

ser humano.

Deste modo, o sonho de ingressar no Ensino Superior tornou-se enorme e,

foi com essa vontade, que há 5 anos cheguei ao Porto com malas e bagagem

para ingressar na Escola Superior de Educação do Porto do Instituto

Politécnico do Porto, onde me licenciei em Ciências do Desporto.

Ao longo dos 3 anos de licenciatura, tive a possibilidade de participar em

alguns eventos marcantes e vivenciar novas experiências, proporcionadas por

desportos que nunca imaginei praticar. Um dos eventos que participei como

voluntária foi nos Campeonatos Nacionais Universitários 2010, organizada pelo

Instituto Politécnico do Porto. Aqui, contatei muito perto com diversas

modalidades e assumi algumas responsabilidades nas tarefas de gestão. Ao

longo destes anos houve modalidades que me marcaram muito e, que ainda,

hoje as tenho bem presentes, designadamente o Rugby, que foi um dos

desportos que rapidamente me despertou um gosto muito especial. Por esta

razão, tornei-me jogadora federada de Rugby de Sevens, no Boavista Futebol

Clube. Infelizmente, este gosto tornou-se num pesadelo, pois sofri uma lesão

grave, ficando parada durante cerca de meio ano. No entanto, embora afastada

da competição, não me afastei da modalidade e como dirigente acompanhei

uma equipa de Rugby masculina do Instituto Politécnico do Porto, nos

Campeonatos Nacionais Universitários 2011.

7

Além do Rugby, ganhei uma paixão especial pelos desportos da natureza.

O Canyoning, o Geocashing, o Pedestrianismo, a Orientação, a Escalada e as

manobras com cordas são alguns dos desportos que ainda hoje me cativam. É

o contacto com a natureza, as maravilhosas paisagens e o ar puro, aliado a

este tipo de modalidades, que despertam em mim um prazer e uma

tranquilidade incrível. Até hoje, sempre que possível, aproveito para praticá-los.

Em 2012 ingressei no 2ºCiclo do EEFEBS, na FADEUP. Este era um

objetivo que precisava de alcançar para dar rumo ao meu sonho. Além disso,

entendia que algumas lacunas da minha formação inicial só poderiam ser

colmatadas com a realização deste mestrado.

No meu 1º ano na FADEUP, voltei ao Rugby como atleta, onde com muita

dedicação e trabalho cooperativo, a equipa conseguiu levar o nome da

Universidade do Porto mais longe, conquistando o 3º lugar.

O 1º ano de mestrado foi um ano muito trabalhoso, embora fundamental na

minha decisão de prosseguir com, este sonho. E foi com a chegada do

momento mais desejado, o EP no 2º ano de mestrado, que me senti ansiosa

por descobrir, na prática, como é ser professor.

Esta foi uma etapa extremamente importante na minha formação para a

docência. Aqui, procurei persistentemente novas formas e meios para atingir a

excelência, tornando-me, ao longo do tempo, numa professora melhor.

Procurei dar aos meus alunos o melhor de mim e foi através deles que aprendi

muito. A eles devo muito do que sou atualmente.

Ao longo deste percurso, houve bons e maus momentos, muitos receios,

muitas inseguranças, muita dedicação, muito esforço, muitos momentos de

lutas e conquistas e, principalmente, momentos de persistência. E foi através

estes momentos e experiências que adquiri um amplo leque de aprendizagens,

muito importantes e significativas para mim, porquanto me permitiram ser a

pessoa que hoje sou.

8

1.2. Ser Professor: Expetativas e Realidade

O EP foi o culminar das aprendizagens e conhecimentos adquiridos ao

longo da minha formação inicial, sendo neste espaço formativo, que pode

colocar em prática todos os fundamentos teórico-práticos aprendidos. Identifico

esta etapa, repleta de experiências únicas e pessoais, como uma mudança

“radical” na minha vida, em que passei de estudante a docente e assumi

inúmeras funções e papéis que até então me eram desconhecidos.

O início da prática profissional era algo que ambicionava há muito tempo e,

por isso, as expetativas criadas ao longo dos anos foram se tornando cada vez

maiores. Durante o meu percurso académico, adquiri um conjunto de saberes

relacionados com o ensino e com o papel do professor, que hoje me ajudaram

a perceber o que era e como era ser professor de EF. Durante esta etapa pude

confrontar esses saberes com a realidade prática e descobrir verdadeiramente

o que é ser professor de EF. Entendi, assim, que ser professor é muito mais do

que lecionar aulas, é participar ativamente no desenvolvimento de seres

humanos.

Para mim, o EP foi uma oportunidade única, na qual pude desenvolver a

minha competência profissional e proporcionar um ensino de qualidade nas

várias áreas de desempenho profissional.

As expetativas em relação à escola eram enormes e, por vezes,

questionava: “Como será a escola? Como será o ambiente? Será que irei ter

bons recursos espaciais e materiais? Os professores serão simpáticos e

acessíveis?”

Após imaginar como seria a escola e como seria o EP, houve um confronto

das minhas expetativas com a realidade, ocorrendo um choque. “Esta

expressão pretende traduzir o impacto sofrido no início da profissão e

corresponde a uma curva do desencanto, o que indica o colapso dos ideais

missionários elaborados durante a formação do professorado face à dura e

crua realidade quotidiana” (Braga, s.d., p. 65). No meu caso, não houve um

desencanto pela profissão, apenas apercebi que afinal esta etapa formativa

9

não seria tao fácil e tão cor-de-rosa como pensava, pois precisaria de dar muito

de mim para atingir o topo.

À primeira visita à escola não deixou a melhor impressão, porque me

deparei logo com uma enorme confusão entre uma funcionária e um

encarregado de educação. Devido à aparente desorganização, depois da

entrega dos meus dados na escola, pensei que o contato com o Professor

Cooperante (PC) fosse demorado. Contudo, alguns dias depois tivemos o

primeiro contacto por e-mail, aconselhando a leitura de documentos

gigantescos que deveríamos conhecer antes da primeira reunião. Confesso

que fiquei um pouco assustada. Já a má impressão criada na primeira visita à

escola desvaneceu, após algum tempo, pois percebi que aquele tipo de

confusão não era uma situação habitual, pelo contrário, a escola é muito bem

conceituada e nada problemática.

As expetativas em relação à minha primeira turma de 12ºano foram

imensas, pois segundo o PC, os alunos eram fantásticos e trabalhavam muito

bem.

Com a turma rotativa, também de 12ºano, foi diferente, esta era uma turma

de Artes, composta por 18 alunos e, segundo o PC, era uma turma com muitas

dificuldades motoras e muito difícil de trabalhar. No 1º período aproveitei para

realizar algumas observações da turma e retirar as minhas próprias elações.

Reparei que, realmente, as raparigas tinham muitas dificuldades motoras,

apresentando um baixo nível de aprendizagem, enquanto os rapazes

mostravam estar num nível mais avançado. Além disso, senti que era uma

turma muito descrente, uma vez que, tanto eles como os professores em geral,

não acreditavam no seu potencial. Perante este quadro, o meu objetivo quando

assumi a turma no 2º período, foi trabalhar persistentemente com os alunos, de

modo a que pudéssemos ver melhorias significativas nas suas aprendizagens,

não só ao nível motor, mas essencialmente ao nível psicossocial. No fundo

queria que os alunos mostrassem que tinham o seu valor.

Com esta turma o clima das aulas era fundamental para o empenho dos

alunos, por isso, foi importante criar uma relação de afetiva com todos. Com o

10

passar do tempo comecei a criar uma certa afinidade com os alunos, a criar um

espaço de troca e partilha de experiências, a desenvolver um sentimento de

pertença e de responsabilidade pelos alunos e, para mim, aqueles já não era

simples alunos da escola, eram os MEUS ALUNOS. Assim, como diz Ferreira

(2013, p.123) “tu, deves ser bom professor porque os alunos precisam que tu o

sejas” e, por isso, dia após dia, procurei sempre dar o meu melhor. Procurei dar

o melhor de mim para também poder ter o melhor dos meus alunos.

Ao longo deste ano, procurei promover nos meus alunos o interesse, a

motivação e o gosto pela prática desportiva, procurando sempre incentivar

também à cooperação, ao trabalho em equipa e ao fair-play.

Atualmente, sinto-me privilegiada por ter trabalhado com ambas as turmas,

apesar de cada uma ter as suas particularidades, não posso esquecer que tudo

o que aprendi e sou neste momento, se deve também aos meus alunos.

Sobre o núcleo de estágio, questionava-me: “Será que já os conheço? Será

que vou ficar com alguma amiga? Será que nos vamos dar bem?”

Quando saíram as colocações vi que afinal tinha ficado com alguém que já

conhecia. Tinha ficado com um rapaz que não conhecia e uma colega que era

da minha turma no ano anterior, mas nunca havia mantido contato próximo.

Praticamente ia trabalhar com pessoas desconhecidas e, por isso, sentia algum

receio, pois algum deles podia não gostar de trabalhar em grupo e no meu

entender o ano de EP iria ser um ano de muita partilha, de companheirismo e

essencialmente de cooperação. Com o passar do tempo, todos os receios

desapareceram, pois palavras como união, empenhado, cooperação,

entreajuda, sinceridade e amizade estiveram presentes todos os dias no nosso

núcleo de estágio. Posso afirmar que foi um prazer trabalhar com eles, pois o

nosso dia a dia era sempre preenchido com um sorriso no rosto, com muitas

brincadeiras e asneiradas à mistura, tornando assim, esta trabalhosa etapa

mais leve e divertida. Além disso, aprendemos imenso através das

experiências uns dos outros, e ao partilhar as nossas vivências, conseguimos

promover a troca de ideias e conhecimentos, que tanto contribuiu para o nosso

desenvolvimento. Juntos, conseguimos dar cumprimento a todas as tarefas que

11

nos foram propostas e ainda propor a criação de aulas de apoio para os alunos

com mais dificuldades.

Quanto ao grupo de EF e à restante comunidade educativa da escola,

esperava que os longos anos de experiência, principalmente dos professores,

me pudesse ajudar, ao partilharem comigo novos saberes. Na realidade, o

grupo de EF foi muito mais que isso, além da troca de conhecimento, mostrou-

me que no espaço de trabalho também há espaço para o companheirismo e a

amizade. Neste grupo, os professores são como uma família. Apesar das

divergências de idades e de opiniões, dos diferentes modos de ser e agir,

sempre que possível a “família” unia-se para um convívio. E foi esta família que

nos recebeu de braços abertos e com um grande sorriso no rosto. Este grupo

fez-me sentir em casa e todas as expetativas que criei foram superadas. Tanto

eles como todos os membros da comunidade escolar, de alguma forma, me

ajudaram a crescer enquanto profissional.

Considerei importante manter uma relação muito próxima com a

comunidade educativa e, por isso, procurei estar o máximo tempo na escola.

Além disso, estando presente nas reuniões de direção de turma, nas reuniões

intercalares e de avaliações, procurei sempre perceber como tudo funciona e

perceber todas as tarefas que um professor pode desempenhar na escola.

Para perceber todas estas funções, o PC teve um papel fundamental, pois

segundo Araújo (2007, p. 8) “não pode haver uma boa equipa sem alguém que

a veja jogar, e a faça refletir sobre os erros e lhe dê feedback”. Foi exatamente

este o papel que o PC assumiu ao longo do nosso processo de

desenvolvimento profissional.

Uma pessoa diariamente presente em todo este processo de EP foi o PC,

docente da escola. E outra, não tão presente mas sempre disponível e atenta,

a Professora Orientadora (PO), docente da FADEUP. Deles esperava o

máximo apoio, exigência e persistência, de modo a me prestarem auxilio

sempre que necessário, permitindo.me evoluir como futura profissional.

12

Ao longo desta vivência de EP, recordo que no 2º Período passei por

algumas dificuldades, que me levaram a colocar em causa a continuidade

deste processo formativo e deixar tudo para trás. Além disso, senti alguns

entraves na relação com o meu PC, que me deixavam um pouco desanimada.

O meu PC era uma pessoa muito disponível e sempre se demostrou

interessado em ouvir o nosso ponto de vista e opiniões. Contudo não era

recetivo à aceitação das ideias, criando-me algumas dificuldades quando

pretendia investir um pouco mais nas minhas aulas. Numa fase em que

lecionava duas turmas e sentia uma enorme sobrecarga de trabalho, parecia

que o apoio que tanto precisava nem sempre ocorria. E, por isso, percebi que

alguns constrangimentos na relação estabelecida com o PC me limitavam na

superação de algumas dificuldades. Felizmente, esta tempestade passou e

consegui encontrar algumas respostas para algumas dúvidas, tal como diz

Ferreira (2013, p. 117) “Vai haver coisas que te farão questionar “mas porque é

que eu tenho de fazer isto?”. Quando esses momentos chegarem, em última

instância, mesmo, lembra-te do que o povo diz, “guarda o que não presta,

encontraras o que precisas”. Não digas, depois de leres isto, que eu disse que

há coisas que não prestam, (risos)! Só quero frisar que as coisas têm uma

razão de ser, e tu tens de encontrá-las”.

Esta etapa da minha vida fez-me crescer muito, não só enquanto

profissional, mas também enquanto ser humano. Como refere Ferreira (2013,

p. 116), esta foi uma fase de sobrevivência e muitas descobertas:

“Fases de receio, de insegurança, de luta, de conquista vão-te parecer de

certeza (…) o professor estagiário defronta-se com dois sentimentos: o da

sobrevivência, que se caracteriza pela luta em não desistir da profissão, ao

deparar-se com todas as adversidades; e o da descoberta, que se caracteriza

pelo facto de se sentir um profissional, de se descobrir enquanto profissional”

Chego, agora, à conclusão que não é possível separar o meu “eu” pessoal

do meu “eu” profissional, pois existe sempre uma harmonia entre aquilo que

sou como pessoa e aquilo que sou enquanto professora.

13

Neste ano, procurei descobrir-me, ou melhor, descobrir a minha identidade

profissional e, para tal, “fui recolhendo as pistas, fui observando as pegadas

dos outros” (Ferreira, 2013, p. 108). De facto, penso que é inevitável não nos

guiarmos por alguém que vemos como exemplo e, por vezes, cair no erro da

imitação irrefletida. Contudo, importa que esses erros serviam de

aprendizagem e que as nossas ações, por imitação ou não, sejam ações

ponderadas e refletidas com o intuito de melhorar todo o processo de

desenvolvimento.

Desta etapa, levo comigo muitas aprendizagens e muitas histórias para

contar, com a certeza de que foi um prazer ter estagiado nesta fantástica casa

que foi a “minha escola”. Foi, efetivamente, um privilégio ter toda a comunidade

escolar como uma família, sempre disponível para mim.

2. Enquadramento da prática profissional

17

2.1. Enquadramento conceptual do EP

Na minha perspetiva o EP é uma etapa de extrema importância para o

estudante-estagiário (EE), porquanto lhe permite contactar com o contexto real

de ensino e com orientação específica, descobrir por si mesmo os papéis e

funções inerentes ao exercício da profissão.

O ano de EP tem como objetivo a integração de forma gradual do futuro

professor na docência e todas as tarefas que esta profissão acarreta, através

da Prática de Ensino Supervisionada (PES) em contexto real (Matos, 2013a).

Entende-se, assim, o EP, como “uma atividade curricular de base

pedagógica, que se constitui na experiencia académica-profissional, orientada

para a competência técnica e científica, em ambiente de trabalho real, que

oportuniza o questionamento e a reavaliação curricular, bem como a relação

dinâmica entre a teoria e a pratica, desenvolvidas ao longo das atividades de

ensino” (UFPR, 2005, p. 13). Com efeito, para que o professor tenha uma boa

experiência de formação, torna-se necessário que este adquira um bom

conhecimento científico, mas também prático sobre os conteúdos da disciplina.

Pois, só assim, o EE irá ter bases para tomar as melhores decisões e justificar

as suas opções de acordo com os critérios do profissionalismo docente. Como

refere Bento (1995, p. 51) “A teoria é “uma” prática pensada, imaginada e

refletida, e a prática é “uma teoria” ou conjunto de conhecimentos à vista, uma

prática culminante no horizonte da teoria. (…) Embora distintas, a teoria e a

prática têm dificuldades em dissolver a sua unidade e levar uma vida a solo”.

Também Albuquerque et al. (2005), afirma que os conhecimentos da

profissão docente cruzam-se com a teoria e a prática. Isto é, existe um

cruzamento entre o “saber” e o “saber-fazer. No EP, o EE tem a possibilidade

de vivenciar e aplicar em contexto real, todos os conhecimentos adquiridos ao

longo dos anos de formação e simultaneamente, adquirir, contruir e

(re)construir novos saberes.

Para Matos (2013b), os elementos caraterísticos da atividade do professor

são a constante tomada de decisão, a sua coerência no processo de

comunicação, a relação entre teoria/prática e ainda a sua natureza complexa,

18

derivada das inúmeras situações controversas que afetam o processo

educativo. Neste quadro, torna-se fundamental que o EP promova uma

formação de profissionais crítico-reflexivos, autónomos e responsáveis pelo

seu desenvolvimento profissional. Além disso, é importante que estas

capacidades sobressaiam não apenas nas funções letivas, mas também ao

nível da escola e grupo profissional.

A integração do estudante no contexto de EP é feita de uma forma

progressiva e orientada. A prática pedagógica do estagiário é supervisionada

por um professor experiente, que o acompanha e apoia na tomada de decisões

inerentes a todo o processo de ensino-aprendizagem. Esta etapa da formação

é mais do que uma simples aquisição de técnicas e de conhecimentos,

podendo ser considerada como uma configuração profissional (Albuquerque et

al., 2005). Assim, a multiplicidade de atividades praticadas no momento de

estágio, são cruciais para o desenvolvimento de professores neófitos e

visionários, que podem conferir ganhos, geralmente em atuações de eficácia

progressiva, flexibilidade e espontaneidade, na tomada de decisão e resolução

de problemas (Caires, 2003).

Além disso, a interligação das diferentes áreas e domínios, que devem ser

percorridos no processo de formação, principalmente, no EP, visão retirar o

formalismo e promover as vivências práticas de modo a conduzirem o indivíduo

ao desenvolvimento da sua competência profissional (Caires, 2003).

Para Matos (2013a), a competência profissional assenta no

desenvolvimento de competências pedagógicas, didáticas e científicas,

associadas a um desempenho profissional crítico e reflexivo que se apoia

igualmente numa ética profissional em que se destaca a capacidade para o

trabalho em equipa, o sentido de responsabilidade, a assiduidade, a

pontualidade, a apresentação e a conduta adequada na escola.

É nesta etapa que o EE, futuro professor, constrói uma identidade

profissional, inerente a todo o processo de socialização na escola. Trata-se de

uma identidade que é pessoal e, simultaneamente, uma identidade social

(Gomes et al., 2013).

19

2.2. Enquadramento legal e institucional do EP

Segundo Batista e Queirós (2013) em termos legais o EP, guia-se pelos

princípios presentes na legislação constante do Decreto-lei nº74/2006 de 24 de

Março e o Dereto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro, que tem como princípios a

obtenção de habilitação profissional para a docência, assim como para o grau

de Mestre.

Matos (2013b, p. 2) no artigo nº1 das normas orientadoras do Estágio

refere que “a Iniciação à Prática Profissional do Ciclo de Estudos conducente

ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física da Faculdade de Desporto

da Universidade do Porto (FADEUP) integra o Estágio Profissional – Prática de

Ensino Supervisionada (PES) e o correspondente Relatório de Estágio (RE),

rege-se pelas normas da instituição universitária e pela legislação específica

acerca da Habilitação Profissional para a Docência”.

Efetivamente, o EP é composto por duas componentes. A PES, que é

realizada na escola cooperante que possui um protocolo com a FADEUP, e o

RE, que é orientado pelo professor docente da FADEUP, responsável pela

supervisão do EE no contexto da PES (Matos, 2013b).

No panorama institucional “o estágio profissional é uma unidade curricular

do segundo ciclo de estudos conducente à obtenção do grau de Mestre em

Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, mais

especificamente no segundo ano (…)” (Batista & Queirós, 2013, p. 37).

Ao nível institucional, o EP contempla 3 áreas de desempenho (Matos,

2013a): Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Área 2

– Participação na Escola e relações com a comunidade; Área 3 –

Desenvolvimento Profissional.

Na área 1, da Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem, está

presente a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino,

tendo como objetivo a construção de estratégias de intervenção orientadas por

objetivos pedagógicos que promovam o processo de educação e formação do

20

aluno na aula de EF. A área 2, da Participação na Escola e relações com a

comunidade, é composta por todas as atividades não letivas que visão a

integração do EE na comunidade educativa através de uma intervenção

contextualizada, cooperativa, responsável e inovadora. Nesta área, o EE deve

ser capaz de desenvolver atividades com a comunidade educativa que

ultrapassem a lecionação de aulas. Por fim, na área 3, Desenvolvimento

Profissional, estão presentes vivências importantes que o EE tenha passado ao

longo do ano e que são relevantes para a construção da sua competência

profissional. Nesta área é dado muita ênfase à reflexão, à investigação e à

ação.

2.3. Enquadramento funcional do meu EP

2.3.1. A escola

A escola onde tive a honra de realizar a minha PES, iniciou atividade no

ano letivo 1964/1965, com uma secção feminina e uma secção masculina. A 10

de Outubro de 1966, foi-lhe concedida autonomia, mas somente em 1987 esta

instituição assumiu a atual designação.

A escola situa-se no centro da cidade de Vila Nova de Gaia, e encontra-se

envolvida por um complexo habitacional em expansão permanente. A mesma

está inserida num meio que foi predominantemente agrícola, mas que,

atualmente, é fundamentalmente urbano e com elevada densidade

populacional. A maioria dos alunos que frequentam esta escola reside na

freguesia de Mafamude, contudo ainda existe um número significativo nas

freguesias vizinhas, nomeadamente de Oliveira do Douro, de Santa Marinha e

de Vilar de Andorinho.

A escola sofreu uma requalificação entre o ano de 2009 e 2011, pela

Parque Escola e, atualmente, é constituída por um edifício central (Bloco E e

F), seis setores com salas de aula, dois pavilhões desportivos e um campo

exterior de jogos (Figura I). Os blocos A, B, C e D são compostos

essencialmente por salas de aula, entre estas salas de artes, gabinetes de

informática. O bloco E, integra os gabinetes de trabalho, os serviços

21

administrativos, o gabinete da Direção, o gabinete do Serviço de Psicologia e

Orientação, a loja do aluno, a sala de Diretores de Turma, os gabinetes de

atendimento aos Encarregados de Educação. O bloco F e composto por 5

laboratórios de Física e Química, o bar, a biblioteca, o auditório e a sala de

professores. O bloco G, 4 laboratórios de Biologia e Geologia, a Associação de

Estudantes e a cantina; e finalmente o I e J, é composto por pavilhões

desportivos.

A escola oferece aos alunos, o 3º Ciclo de Ensino Básico e os cursos

cientifico-humanísticos de Ensino Secundário, particularmente de Ciências e

Tecnologias, de Artes Visuais, de Ciências Socioeconómicas e de Línguas e

Humanidades. Além disso, concebe apoio pedagógico personalizado aos

alunos com necessidades educativas especiais de caráter permanente, através

dos projetos elaborados pelo seu corpo docente, dos serviços especializados e

do serviço de Educação Especial.

Esta instituição comporta ainda um conjunto de projetos plurianuais

relevantes para a realização da missão da escola, como é o caso do Desporto

Escolar, o Plano Nacional de Leitura, o Jornal da Escola – Vi@gens, o Eco -

Escolas e o Projeto Educação para a Saúde.

Para a área disciplinar de EF, a escola dispõe de dois pavilhões

gimnodesportivos com os respetivos balneários, gabinetes de apoio dos

professores do Grupo de EF e um polidesportivo descoberto. Além dos

espaços físicos, a escola contém um vasto conjunto de materiais, diversificados

e em ótimo estado, disponíveis para as aulas de EF.

O grupo de EF, pertencente ao Departamento de Expressões e é composto

pelo Coordenador da Área Disciplinar de EF, que é também o PC responsável

pelo núcleo de estágio, por 13 professores de EF (5 do sexo feminino e 8 do

sexo masculino) e por 3 EEs. O núcleo de estágio presente na escola faz parte

unicamente da FADEUP e é constituído por 3 elementos, dois do sexo feminino

e 1 do sexo masculino.

22

Apesar de todos os pontos positivos que a escola dispõe e das boas

infraestruturas e recursos materiais, houve sempre uma necessidade de

adaptação às condições existente e alguns contratempos. Aliás, foram estas

experiências, por vezes, imprevisíveis, que me fizeram refletir sobre cada

decisão, tornando o meu processo de formação progressivo e extremamente

rico.

2.3.2. Os meus alunos

O conhecimento dos alunos, bem como, das suas caraterísticas individuais,

são informações imprescindíveis a qualquer professor. Com efeito, uma das

principais preocupações iniciais foi conhecer os meus alunos. A turma que me

iria acompanhar ao longo deste ano e com quem iria partilhar dia após dia,

várias experiências, vitórias, alegrias e até mesmo dias menos bons.

Na primeira semana de aulas, os alunos preencheram uma ficha de

identificação pessoal, criada pelo núcleo de estágio. Esta ficha continha um

conjunto de questões sobre o aluno, designadamente o estado de saúde, o

histórico desportivo e as expetativas face à disciplina. Com o preenchimento

desta ficha, consegui ter uma visão geral da população com quem iria

trabalhar, bem como das suas diversidades.

O 12º B foi a minha primeira turma, a turma que me acompanhou ao longo

de todo este ano, duas vezes por semana, durante 180 minutos (dois blocos de

90 minutos).

Esta é uma turma do curso de Ciências e Tecnologias, composta por 29

alunos, entre os quais 4 não tinham EF. Dos 25 alunos que frequentaram as

aulas de EF, 13 eram rapazes e 12 raparigas, com idades compreendidas entre

os 17 e 18 anos.

Ao nível da prática desportiva, a turma tem uma maior percentagem de

alunos (56%) sedentários, enquanto os restantes 44% são praticantes de

algum tipo de modalidade desportiva, nomeadamente Natação, Basquetebol,

Dança, Ténis, Remo e Bodybord.

23

Relativamente às preferências dos alunos para as aulas de EF, estas

recaíram essencialmente na opção de Futebol. E, embora, não existisse

nenhum aluno que praticasse Futebol, a maioria dos alunos gostariam de

praticar esta modalidade nas aulas de EF. No entanto, como o Futebol não foi

um dos conteúdos programados para este ano letivo, aproveitei algumas das

aulas livres para a prática desta modalidade, concedendo assim, aos alunos

um pequeno prazer.

Esta era uma turma que apresentava caraterísticas muito particulares,

nomeadamente no que concerne ao comportamento, pois apesar de ser uma

turma muito bem comportada e fácil de trabalhar, tinha alguns alunos com

caraterísticas muito individualistas. Por esta razão, procurei incentivar, ao longo

das aulas, o espírito de cooperação e de entreajuda, de modo a tornar esta

uma turma mais coesa e unida.

O 12ºA foi a turma que trabalhei apenas no 2º período, esta foi uma turma

rotativa, que em cada período era entregue a um EE. O 12ºA era uma turma de

Artes, composta por apenas 18 alunos, entre eles 5 do sexo masculino e 13 do

sexo feminino. De entre estes, uma aluna do sexo feminino esteve todo o ano

de atestado médico e impedida de realizar as aulas de EF, por isso lhe era

solicitado a redação de relatórios diários das aulas.

Esta turma, comporta uma vantagem, devido ao facto de ser pequena, pois

possibilitou um trabalho de forma mais individualizada, desenvolvendo as

potencialidades de cada aluno. Contudo, esta era uma turma bastante

desmotivada para a prática nas aulas de EF, dificultando, por vezes, o

envolvimento dos alunos no próprio processo de aprendizagem. A motivação

foi um aspeto fulcral a desenvolver neste grupo de alunos e este foi,

claramente, um grande desafio para mim.

3. Realização da Prática Profissional

27

3.1. Planeamento e Conceção do Ensino

3.1.1. Conceção

No pensamento de Bento (2003, p. 75) “Todo projeto de planeamento deve

encontrar seu ponto de partida na conceção e conteúdos dos programas ou

normas programáticas de ensino”.

Além disso, durante o meu EP, fui constantemente prevenida para a

necessidade de me adaptar aos contextos reais, concretamente aos recursos

da escola e ao nível dos alunos, tornando-os intervenientes ativos na

construção do seu próprio conhecimento. Na realidade, o processo de ensino-

aprendizagem ocorre num determinado contexto delimitado pelas condições da

escola, pelas relações estabelecidas entre os agentes educativos e pelas

condições gerais do sistema educativo. Daí ser fundamental que a escola

possua a sua própria identidade, tendo a liberdade e capacidade de dar

resposta às suas necessidades individuais.

Perante esta necessidade, no início do meu EP, procurei criar um

documento de caraterização da escola, de modo a conhecer melhor o contexto

onde iria passar um dos anos mais importantes da minha vida. Seguidamente,

surgiu necessidade de realizar uma análise mais pormenorizada ao Programa

de EF para o 12ºano de escolaridade, atendendo também ao projeto educativo

da escola. Neste processo de análise, percebi que a escola defende uma

conceção de EF direcionada para a saúde em que a maioria dos professores

advoga que o tempo da EF deve ser bem aproveitado para que os alunos

tenham um elevado gasto energético, existindo um cuidado elevado para a

promoção de hábitos de vida saudáveis. Pois como refere Graça (2012, p.

103), “A dramatização do sedentarismo e da obesidade em idades infantis

reivindica uma maior centralidade para o exercício orientado para a saúde e um

melhor aproveitamento do tempo da Educação Física para proporcionar maior

dispêndio energético e fomentar hábitos de atividade física e um estilo de vida

saudável”

Nesta perspetiva, a escola onde realizei o meu EP, dá ainda importância à

condição física dos alunos. A condição física é trabalhada em todas as aulas

por todos os professores. Inicialmente, esta visão causava-me um pouco de

28

confusão, pois nas minhas vivências escolares, nunca realizei um trabalho

semelhante a este nas aulas de EF. Atualmente, também reconheço a

importância deste trabalho, mas penso que as aprendizagens dos alunos

nunca devem ser remetidas para segundo plano. Pois tal como qualquer outra

disciplina, a EF tem como principal propósito o ensino das habilidades motoras.

Adicionalmente, no meu entendimento, atendendo à análise do programa

de EF e à minha vivência na escola, considero que o programa apresenta

algum desconhecimento da realidade dos alunos, uma vez que, os conteúdos

são demasiado ambiciosos e não existe preocupação com a disparidade entre

alunos.

Subsiste, assim, um problema constante na EF, que leva ao incumprimento

dos programas tornando estes por consequência cada vez mais desajustados.

Este problema é fruto de UTs demasiado pequenas, com tempos de

exercitação demasiado reduzidos que, consequentemente, levam a um

incumprimento da consolidação dos conteúdos ensinados.

Na escola onde realizei o meu EP, alguns professores optavam por

lecionar em cada período 3 modalidades a ser abordadas o que, por vezes,

podia ser demasiado. Na minha opinião é preferível lecionar apenas 2

modalidades por período para que exista tempo para uma consolidação efetiva

dos conteúdos.

As situações que vou desenvolver seguidamente resultam da experiência

mais concreta de lecionação das aulas.

Seguidamente, são apresentadas algumas reflexões importantes, tendo em

conta o planeamento do ensino.

3.1.2. Planeamento

A planificação do ensino é algo que se encontra sempre presente no dia-a-

dia do professor e tem como função programar e delimitar todos os passos do

processo de ensino-aprendizagem.

“ (…) o planeamento significa uma reflexão pormenorizada acerca da

direção e do controlo do processo de ensino numa determinada disciplina,

29

sendo pois evidente a relação estreita com a metodologia ou didática,

especifica desta, bem como os respetivos programas” (Bento, 1987, p. 10).

Planificar é também um momento de reflexão acerca da teoria e prática de

ensino, que contribuí para um aumento da competência didática-metodológica,

gerando assim, maior segurança na ação do professor. Trata-se, assim, de

pensar no ensino e na formação dos alunos “significa planear as componentes

do processo ensino e aprendizagem nos diferentes níveis da sua realização;

significa apreender, o mais concretamente possível, as estruturas e linhas

básicas e essenciais das tarefas e processos pedagógicos” (Bento, 2003, p.

15).

Todo o processo de planificar o ensino foi uma necessidade que surgiu,

desde cedo, frente aos objetivos que eu pretendia alcançar. Esta é uma tarefa

que nem sempre é fácil para os professores, porquanto exige um constante

ajuste do Programa de EF à realidade da escola e aos alunos, bem como muita

ponderação no momento de decidir.

Planificar é uma tarefa intrínseca às funções do professor e, por isso, é

fundamental que este agente possua uma boa capacidade de análise do

contexto, das caraterísticas dos alunos e das matérias a ensinar, bem como

uma boa capacidade de organização e de seleção dessas matérias. Deste

modo, é fundamental que o professor possua conhecimento sobre a escola, o

aluno, o professor, o ensino, o papel do professor, a educação e outros temas

que dizem respeito à profissão docente e à atuação do professor (Marcon,

2013).

No processo de planeamento do ensino, é fundamental delimitar os pontos

essenciais e a concentração em aspetos que podem ser condicionantes, pois

estes são requisitos indispensáveis em todos os níveis de planeamento (Bento,

1987).

Para Bento (1987), existe um ciclo contínuo de planificação (Figura 1), que

a passo e passo, enriquece a experiência do professor, conferindo a graduação

30

ajustada à dialética, sempre em transformação e evolução, do concreto nos

seus trabalhos de planificação, realização e análise do ensino.

Figura 1 - Ciclo de planificação (Bento, 1987)

A preparação do ensino, de forma progressiva, aponta para a necessidade

de diferentes momentos e níveis de planeamento: o planeamento anual, o

planeamento das diferentes unidades temáticas (UTs) e o plano de aula

(Bento, 1987). Estes três níveis de planeamento não são pensados e

preparados de forma isolada, pelo contrário inter-relacionam-se com a

finalidade de aumentar a qualidade da conceção e promover uma melhoria na

realização do ensino.

O primeiro momento, na qual existiu necessidade de pensar foi na

elaboração do plano anual. Este nível de planeamento reflete uma planificação

a longo prazo, com o objetivo de preparar todas as modalidades e respetivos

conteúdos, possíveis de serem lecionados ao longo do ano letivo.

Este processo foi elaborado em conjunto com os meus colegas de estágio,

com as orientações do Programa Nacional de EF e com o apoio do PC, tendo

em conta o material e os espaços desportivos disponíveis no roulement

(documento criado pelo grupo de EF, onde está patente a distribuição dos

espaços disponíveis e a respetiva rotação pelos professores de EF).

Preparação de aulas

Realização de aulas

Análise e Avaliação

Plano

Plano anual

31

Atendendo às vivências anteriores da turma nas aulas de EF (transmitidas

pelo PC), nesta fase foi necessário decidir as modalidades que seriam

ensinadas, ao longo do ano letivo. Para o efeito, centramo-nos em modalidades

que raramente eram lecionadas na escola, nomeadamente o Andebol, o

Badminton, o Atletismo, a Orientação e a Natação. Estas modalidades foram

distribuídas pelos períodos, criando uma alternância entre duas modalidades,

de aula para aula. No meu ponto de vista, este aspeto organizativo teve

eficácia ao nível do ensino, pois o facto de haver maior variedade nas aulas,

devido às diferenças das modalidades, os alunos mantinham-se sempre

motivados para a prática.

Após a definição das modalidades a ensinar, de modo a haver uma

perspetiva bem clara daquilo que os alunos devem aprender e

dominar/conhecer no final do ano letivo, surgiu a necessidade de pensar nos

objetivos e nos métodos de ensino mais adequados às características da

turma. Como refere Bento (1987, p. 57), “ a elaboração do plano anual não

deve transparecer apenas a preocupação formal de precisar, tanto quanto

possível, o quadro de objetivos, é também necessário, simultaneamente,

esboçar noções acerca da via ou método geral da sua realização, noções

sobre a organização correspondente do ensino, quanto à diferenciação de

metas ou níveis de desenvolvimento (por exemplo, fomento de talentos, apoio

ao alunos “atrasados”) e, consequentemente acerca de linhas didático-

metodológicas fundamentais.”

Na elaboração do planeamento anual, procurei criar um plano o mais

exequível possível, mas ao mesmo tempo rigoroso, para que permitisse o foco

no essencial e atende-se ao contexto real da escola.

Os restantes detalhes do planeamento e as respetivas medidas didático-

metodológicas forão deixadas para os próximos níveis de planeamento, criando

assim, uma sequência lógica no processo de preparação do ensino. Pois,

atendendo que o plano anual incluí diferentes modalidades, surge a

necessidade de planear individualmente cada uma destas modalidades, ou

seja, de planear as UTs.

32

Segundo Bento (1987, p. 65), as UTs “constituem unidades fundamentais e

integrais do processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos,

etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem.”

Este nível de planeamento tem a intenção de organizar o processo de

ensino e aprendizagem, definindo os conteúdos que serão lecionados em cada

modalidade e os respetivos objetivos. Estes objetivos são alcançados, pelos

alunos, de forma gradual, devendo, por isso, existir uma planificação coerente

e progressiva de todo o processo de ensino-aprendizagem.

O professor é quem assume esta responsabilidade, partindo depois das

UTs para o planeamento de cada aula. Importa referir ainda que, estas

unidades não são estanques, ou seja, as UTs estão sujeitas, por vezes, a

constantes reajustes, devido a vários fatores, designadamente o nível dos

alunos, as condições atmosféricas, os recursos materiais e espaciais e a

existência de exames intermédios ou outras atividades que ocupam a hora das

aulas de EF. Estes constrangimentos foram surgindo ao longo do ano de EP,

havendo a necessidade de adaptar/reajustar as UTs, conforme as diferentes

situações.

As UTs constituíram a fase de planeamento que mais trabalho e tempo

exigiram de mim, mas todo este trabalho e dedicação resultaram num

documento objetivo, claro e de fácil acesso, que me guiou e auxiliou em todo o

processo de ensino-aprendizagem, tornando também o planeamento das aulas

mais fácil. Como refere Bento (1987, p. 65)., “é na unidade temática que reside

precisamente o cerne do trabalho criativo do professor. Em torno da unidade

temática decorre a maior parte da atividade de planeamento e de docência do

professor”

Ao longo do estágio, planeei periodicamente as UTs, recorrendo ao Modelo

da Estrutura do Conhecimento (MEC), proposto por Vickers (1990). O MEC é a

apresentação dos conteúdos de uma forma estruturada, tornando-se num

guião que irá ter influencia contante no processo de ensino.

33

Vickers (1990), propôs a divisão do MEC em 8 módulos. Numa primeira

fase, os módulos 1,2 e 3 em que é analisada a modalidade, o envolvimento e

as caraterísticas da turma; nos módulos 4, 5, 6 e 7 o professor deverá ser

capaz de adotar as melhores estratégias e tomar decisões em relação à

extensão e sequência da matéria, aos objetivos, à avaliação e às progressões

de ensino. Numa última fase, o modulo 8, o professor está pronto a aplicar todo

o seu planeamento.

Relativamente ao plano de aula, este resulta da reflexão de todo o

trabalho preparado nos planeamentos anteriores. Contudo, este acrescenta um

nível de especialização mais elevado e apresenta as atividades de uma forma

muito concreta. Isto é, no plano de aula é apresentado o número de alunos, a

duração da aula e de cada tarefa, o espaço utilizado, os objetivos da aula, os

exercícios e as componentes criticas, que no meu caso, eram transformadas

em palavras-chave.

Para Bento (1987), o plano de aula deve apresentar os objetivos e as vias

da sua realização, determinar meios e operações metodológicas, que visam a

estabilização, modificação ou reestruturação da aula, sendo, assim, sempre um

instrumento de ação.

Este nível de planeamento destaca-se pela atenção especial que o

professor deverá dar a outros fatores específicos, no momento da sua

elaboração. Pois, importa considerar fatores como a segurança dos alunos, os

níveis dos alunos e as limitações de espaço e materiais. Embora estes fatores

já sejam tratados na UT, no plano de aula são mais aprofundados, tendo em

conta as situações específicas que são criadas. Neste processo, é necessário

ainda, ter o cuidado de preparar situações de aprendizagem que compreendam

os conteúdos propostos e potencializem os objetivos definidos para os alunos,

para que possa usufruir de um elevado tempo de empenhamento motor e,

principalmente, de um elevado tempo potencial de aprendizagem. Além disso,

importa atender à organização dos exercícios e à sua progressão pedagógica,

bem como ao tempo de exercitação. Todos estes pontos constituíram uma

preocupação diária dos meus planos, uma vez que eram fatores que podiam

34

comprometer a aprendizagem, influenciando diretamente na motivação e

disciplina dos alunos ao longo das aulas.

Na tentativa de evitar muitas paragens e, por conseguinte, evitar

comportamentos desviantes, adotei a estratégia de antecipar os grupos de

trabalho em casa. Deste modo, na aula tudo se tornava mais fácil e rápido,

podendo assim, aproveitar o máximo de tempo para a prática.

De forma a sistematizar toda a informação de Bento (1987), é apresentado

abaixo no Quadro 1, a estrutura as tarefas que devem ser desenvolvidas em

cada nível de planeamento.

Quadro 1 - Níveis de planificação (J O Bento, 1987, p. 54)

Designação e conteúdo do plano Tarefas a desenvolver

Plano anual – Nível 1

Plano para um ano letivo;

Conteúdo do plano:

- Objetivos do ano,

- Quadros sobre o volume de horas e sobre as matérias

(definição da função e conteúdos dos diversos períodos ou

ciclos, determinação acerca de matérias à escolha, etc.).

Determinação de prazos e datas;

(pontos altos, competições, controlos de rendimento).

Trabalhos preparatórios para a planificação:

- Estudo do programa e de outros materiais didáticos e

metodológicos,

- Análise dos resultados do ano anterior,

- Reuniões com os colegas.

Elaboração dos objetivos anuais;

Balanço e distribuição de horas e de matérias;

Trabalhos finais:

- Conferir as indicações do plano,

- Confirmar os objetivos.

Plano de período ou ciclo – Nível II

Plano para um ciclo;

Conteúdo do plano;

- Objetivos do ciclo,

- Sistematização da matéria (lógica da disciplina e dos aspetos

pedagógico-didáticos),

- Sequencia didático-metodológica das aulas (definição da

função e conteúdo das diferentes aulas).

Trabalhos preparatórios:

- Estudo e análise.

Configuração do objetivo do ciclo;

Organização da matéria;

Trabalhos finais:

- Conferir as indicações do plano,

- Garantir emprego de meios de ensino.

Projeto de aula – Nível III

Plano para uma aula;

Conteúdo do plano:

- Objetivos da aula;

- Configuração da matéria, método, organização e das

atividades do professor e dos alunos,

- Planificação do emprego de meios de ensino;

- Estruturação temporal das indicações.

Trabalhos preparatórios:

- Reflexão e análise;

Formulação do objetivo da aula;

Organização da matéria e método na sequência: parte

principal, introdução, final.

- Ordenamento da matéria;

- Dosagem;

- Métodos;

- Formas de organização;

Trabalhos finais:

- Comprovar o projeto

35

3.1.3. O planeamento e a sua flexibilidade

Como referi anteriormente, o planeamento depende de diversos fatores e,

por vezes, nem sempre o que é planeado efetivamente é realizado.

Ao logo do meu EP, ocorreram sempre imprevisibilidades que forçaram

algumas alterações no planeamento, designadamente as condições

atmosféricas, a limitação dos materiais e dos espaços, a resposta dos alunos

às atividades propostas e o ritmo da aprendizagem de cada um. Deste modo,

entendi que o professor deve estar sempre preparado, se possível, com um

conjunto vasto de estratégias para que seja capaz de atuar de uma forma

rápida e ajustada.

Em muitas das minhas reflexões é possível verificar várias situações

imprevisíveis, na qual, por vezes, senti dificuldade em dar resposta,

principalmente, quando exigiam uma resposta sem preparação prévia. A partir

desses momentos, percebi que um planeamento é sempre flexível às respostas

dos alunos e às situações concretas do contexto da aula:

“É fundamental referir que esta UT não se apresenta como imutável e

inflexível, tratado constituindo-se, apenas, como um conjunto de suposições

teóricas capazes de orientar todas as planificações. No entanto, em função da

prestação e evolução dos alunos, poderá sofrer alterações e reajustamentos,

caso assim se justifique” (Reflexão da UT de Badminton).

3.1.4. A importância do conhecimento pedagógico do conteúdo

Desde o início sempre me questionei: “O que necessito saber para

proporcionar aos meus alunos bons momentos de aprendizagem?” e “Como

devo gerir os meus conhecimentos para promover a aprendizagens dos

alunos?”. Como refere Matos (2004, p. 279) “para o “prático” pedagogo do

desporto em formação é importante perceber como é que os campos científicos

do desporto se interligam, de modo a que saiba o que fazer na sua atuação

profissional futura”.

36

Como forma de dar respostas às imprevisibilidades da aula e às

necessidades dos meus alunos durante a própria ação, foi necessário

aprofundar os meus conhecimentos principalmente o conhecimento

pedagógico dos conteúdos que lecionei. Ao longo do tempo consegui dar

resposta às minhas questões percebendo que era fundamental possuir não só

conhecimento do conteúdo (matérias de ensino), mas também, conhecimentos

pedagógicos do conteúdo.

Graça (1997, p. 81) elucida-nos acerca do conhecimento pedagógico do

conteúdo, referindo que “ao professor exige-se-lhe (…) que saiba representar a

matéria para os outros; não basta saber para si (…). É este espaço do saber

para os outros que configura a especificidade do conhecimento do professor”.

A base do conhecimento para o ensino refere-se a um conjunto de

conhecimentos, conceções e disposições, sobre temas ligados à profissão

docente e à atuação do professor. Todos estes conhecimentos são adquiridos

em diferentes momentos, contextos e experiências vividas pelo professor ao

longo da sua trajetória pessoal, académica e profissional (Marcon, 2013).

Entende-se, assim, que a base do conhecimento para o ensino envolve um

conjunto de conhecimentos de diferentes naturezas, que são fundamentais e

indispensáveis para a atuação do professor.

É a interpretação que cada professor faz sobre as suas vivências e

conhecimentos que o levam a defender certas crenças e conceções, revelando

assim, uma identidade própria.

Centrando-nos no conhecimento pedagógico do conteúdo, Marcon (2013,

p. 27), refere que este tipo de conhecimento é “integrado por diferentes formas

de conhecimentos, crenças e valores, todos os quais são essenciais para o

desenvolvimento da experiência profissional.” De modo semelhante, Graça

(1997, p. 51) diz que “as novas aprendizagens constroem-se com base no

conhecimento anterior que o sujeito possui. Esse conhecimento (onde se inclui

também as conceções ingênuas e erros conceituais) dita a sorte da nova

informação”. Assim, é possível constatar que no nosso dia-a-dia estamos

sempre dependentes de um conjunto de conhecimentos que nos guiam para

37

novas aprendizagens. E importa entender que o conhecimento pedagógico do

conteúdo resulta também das experiencias e interpretações individuais. Assim,

enquanto que o conhecimento do conteúdo resulta de um conhecimento

especifico de cada modalidade, o conhecimento pedagógico do conteúdo,

depende também da individualidade de cada professor, das sua experiências e

das suas interpretações.

Este conhecimento pedagógico do conteúdo não se adquire apenas pela

prática das modalidades, mas pela passagem de um ciclo de estudos

específico (formação inicial de professores), na qual o estudo, a

experimentação e a reflexão são condições fundamentais. O conhecimento do

conteúdo, adquirido pela prática e por uma sólida componente teórica,

necessita de ser submetido a um tratamento pedagógico, transformando o

conteúdo num conhecimento acessível para os alunos. Só assim o professor

consegue ensinar. No meu entendimento, é este conhecimento pedagógico do

conteúdo que distingue as práticas de um estudante em formação para a

docência, porquanto concede ao estudante autonomia e capacidade de intervir

nos diferentes contextos de ensino de forma criteriosa, consciente, planeada e,

acima de tudo, pedagógica (Marcon, 2013).

Deste modo, para ser bom professor não basta apenas possuir os diversos

conhecimentos nas diferentes matérias a lecionar, mas também saber

transmitir esses conhecimentos aos seus alunos, de modo a influenciar o aluno

e a proporcionar-lhe novas aprendizagens. Pois, como afirma Marcon, (2013,

p.40) “Embora uma compreensão pessoal da matéria seja necessária, não é

condição suficiente para ser capaz de ensinar”.

3.2. Realização

Para conseguir um ensino eficaz, foi importante atender a alguns conceitos

que tiveram sempre muito presentes no meu dia-a-dia: realidade e reflexão. A

realidade, porque era importante atender ao contexto onde estava inserida, às

condições da escola e aos níveis dos alunos. A reflexão porque todo o

38

processo formativo e educativo do aluno exige ao professor uma atitude crítica

e reflexiva em todos os momentos de intervenção.

Ao longo do processo de ensino-aprendizagem tive sempre presente

algumas preocupações, que exigiam de mim uma constante reflexão e procura

de soluções. Foi a partir destas preocupações que diferentes dimensões da

intervenção pedagógica mereceram destacam na minha reflexão e que,

seguidamente, irei evidenciar.

3.2.1. Controlo da turma

Uma das minhas preocupações iniciais era o controlo da turma, porque

com a turma controlada torna-se mais fácil gerir todas as tarefas da aula,

existindo também, um melhor aproveitamento do processo de ensino-

aprendizagem.

Assim, partindo da necessidade de implementar algumas regras o núcleo

de estágio, criou um documento que foi passado na aula de apresentação de

cada uma das turmas dos estagiários. Este documento contemplava as regras

básicas e fundamentais para o bom funcionamento das aulas e iria funcionar

como um termo de responsabilidade, cuja assinatura dos alunos validava um

compromisso no cumprimento das regras implementadas. Esta ideia surgiu

pelo facto de considerarmos essencial o estabelecimento de regras para

conseguir um melhor controlo da turma, permitindo-nos depois centrar as

nossas preocupações no principal propósito da EF, o ensino.

A imposição de regras foi fundamental, porém não suficiente para que

houvesse um controlo total da minha turma. Deste modo foi também

necessário criar algumas rotinas e alguns métodos de trabalho como

aconteceu na UT de Badminton. Aqui os alunos estavam divididos em dois

grupos distintos e havia uma rotação entre o trabalho de Condição Física e a

exercitação dos conteúdos de Badminton.

Além disso, procurei melhorar a minha postura nas aulas e a circulação

pelos diferentes grupos de trabalho. Assim, os alunos percebiam

39

constantemente a minha presença na aula, e apresentavam um menor número

de comportamentos desviantes.

Nesta fase fiz sentir a minha autoridade na aula. Contudo, nem sempre foi

fácil o controlo da turma, principalmente na UT de Andebol, isto porque

inicialmente não era uma modalidade que me sentia muito à vontade. Por esta

razão, por vezes deixava transparecer alguma insegurança. Além disso, penso

que o facto de o PC intervir durante as minhas aulas, não ajudava os alunos a

reconhecer a minha autoridade enquanto professora. Perante esta situação,

procurei estudar e dominar melhor os conteúdos que estava a lecionar de

modo a evitar a intervenção do PC e a insegurança ao longo da minha

intervenção. Aos poucos comecei a conseguir superar estas dificuldades,

fazendo notar algumas melhorias na minha intervenção e no controlo da turma.

Como referiu a PO referiu numa das idas à escola, “nesta aula nota-se que és

tu a professora”.

No meu ponto de vista, para que exista um ensino efetivo dos conteúdos e

um maior aproveitamento do tempo de aula, é fundamental o professor

conseguir um bom controlo da turma.

3.2.2. Modelos instrucionais no ensino

Durante o ano letivo foram utilizados diferentes modelos de instrução. Por

vezes, uns mais centrados na direção do agente de ensino e outros mais

centrados no aluno, que proporcionavam uma maior abertura, descoberta,

autonomia e iniciativa por parte de cada um. e

Estes modelos de ensino “desempenham um papel crucial, porque

oferecem uma estrutura que permite conjugar o conhecimento do conteúdo

com uma perspetiva pedagógica de propósitos e processos de ensino e

aprendizagem, papéis do professor e praticantes, características das tarefas e

das relações sociais na aula” (Graça & Mesquita, 2011).

Inicialmente, o modelo que utilizei centrava-se na instrução direta. No meu

ponto de vista, este era o modelo que se adequava à minha intervenção e à

40

necessidade que tinha em tomar todas as decisões, controlando e

determinando as regras e rotinas da turma. Com este modelo, tive a

oportunidade de utilizar o tempo de aula de uma forma eficaz, encaminhando o

aluno para o desempenho desejado, de acordo também com as suas

capacidades individuais.

Ao longo do ano de EP, percebi a necessidade de adequar o modelo de

ensino não só às necessidades da turma mas também às características de

cada modalidade. Por exemplo na UT de Badminton, optei por utilizar o modelo

de ensino dos jogos para a compreensão (Teaching Games for Understanding

– TgfU) de Bunker e Thorp (cit. por Graça & Mesquita, 2011). Neste modelo, a

tática apresenta-se como um eixo balizador na construção de experiências de

aprendizagem. E aqui o ensino é realizado através de uma descoberta guiada,

em que é apresentada uma situação ao aluno, estimulando a procura de

soluções.

Já o Modelo da Educação Desportiva (MED) de Siedentop (cit. porGraça &

Mesquita, 2011), foi o modelo que optei por utilizar no Atletismo. Este modelo

vai de encontro às “necessidades de conferir um cunho afetivo e social às

aprendizagens. (…) O modelo define-se como uma forma de educação lúdica e

crítica às abordagens descontextualizadas, procurando estabelecer um

ambiente propiciador de uma experiência desportiva autêntica, conseguida pela

criação de um contexto desportivo significativo para os alunos, o que

pressupõe resolver alguns equívocos e mal-entendidos na relação da escola

com o desporto e a competição” (Mesquita & Graça, 2011, p. 59). Vi neste

modelo a oportunidade ideal, de resolver algumas questões socias que

prevaleciam na minha turma.

Recorri às caraterísticas do MED para conseguir dar cumprimento aos

meus objetivos iniciais, promovendo essencialmente, nas minhas aulas vários

momentos de competição formal em constante clima de festividade entre os

alunos. Para o efeito, apelei ao processo de filiação, através da formação de

equipas heterogéneas e do estímulo ao sentido de pertença a um grupo. Foi

ainda proposto a cada equipa que escolhesse um nome e um grito de guerra,

41

onde fosse notório a união de grupo. Com o passar das aulas o sentimento de

pertença e de partilha foi começando a ser notório, assim como, a motivação

para estas aulas.

Considero que o MED teve um impacto enorme na melhoria das relações

entre os elementos da turma e, ao mesmo tempo, foi para mim uma

experiência gratificante ao perceber o êxito que este modelo teve

Entendendo, assim, que não me devo focar apenas num modelo de ensino,

pois não existem receitas de um modelo perfeito, e por vezes, é a conjugação

das várias características destes modelos que possibilitam ao professor

estabelecer o compromisso entre a matéria de ensino, as experiências, as

motivações e as condições para a prática.

3.2.3. Instrução: Menos por vezes é mais

“A transmissão de informação é uma das competências fundamentais dos

professores e treinadores, sendo evidente a sua importância na aprendizagem”

(Rosado & Mesquita, 2011, p. 70). Deste modo, procurei focar-me e otimizar

este processo de instrução de modo a garantir a eficácia do mesmo.

A comunicação envolve processos de transferências e compreensão de

significados entre os indivíduos, sendo utilizada ao longo das aulas nas

diversas funções desempenhadas pelo professor: informação (instrução);

controlo (da turma); motivação (delimitação de objetivos) e a expressão

emocional (Rosado & Mesquita, 2011).

A comunicação para que seja eficaz é necessário ultrapassar um conjunto

de barreiras, como: “perceção seletiva (vemos e escutamos seletivamente com

base nas nossas necessidades, motivos, etc.), a sobrecarga de informação (os

alunos têm uma capacidade limitada de processar informações), a linguagem

(as palavras têm significados diferentes para diferentes pessoas) e o receio de

comunicar (ansiedade dos alunos ou dos atletas, por exemplo) ” (Rosado &

Mesquita, 2011, p. 71).

42

Frente a este conjunto de barreiras, parece ser compreensível o porquê de

alguns professores terem dificuldade em comunicar com os seus alunos. Pois

são estas barreiras que, por vezes, originam perdas de informação por parte

dos alunos, quer por falta de atenção, quer por falta de compreensão.

Na minha opinião, para combater tais perdas, torna-se fundamental

otimizar os níveis de atenção dos alunos nos momentos de instrução. Rink

(1993) refere que para ajudar a melhorar a atenção na comunicação é

importante a clareza da apresentação da informação e foi isto que procurei na

minha transmissão de informação. Esta otimização deve ser feita, através de

uma transmissão de informação com uma linguagem fácil, focada apenas nos

objetivos fundamentais e no que é pretendido para a aula. Além disso, recorrer

a outros recursos expositivos (imagens, demostração, vídeos, entre outros)

pode ajudar a cativar a atenção dos alunos. Nas minhas aulas procurei

transmitir informação clara e objetiva, guiando-me pelas seguintes linhas-

mestras: orientar o praticante para o objetivo da tarefa; dispor a informação

numa sequência logica; apresentar exemplos corretos e errados; personalizar a

apresentação; repetir assuntos difíceis de compreender; realizar um transfer

das experiencias pessoais; utilizar o questionamento e dinamismo na

apresentação das tarefas (Rink, 1993).

Relativamente à compreensão, penso que este processo de comunicação

pode, por vezes, ser ambíguo. Pois, nem sempre aquilo que o professor

pretende dizer é aquilo que efetivamente diz ou aquilo que os alunos

efetivamente entendem. Reduzir a informação transmitida, pode ajudar o aluno

a reter melhor a informação, mas a compreensão depende também de outras

variáveis: a estrutura, o conteúdo da informação, o número de ideias, a

extensão da informação, a sua densidade, o momento em que é emitida, entre

outras. (Rosado & Mesquita, 2011)

Neste processo de assimilação da informação, o professor pode atender a

diversas estratégias, estando ciente de que “Retemos, por exemplo, melhor o

que vemos do que aquilo que ouvimos; recordamos ainda melhor o que vemos

e ouvimos; recordamos particularmente bem o que dizemos e o que dizemos e

43

fazemos. Recordamos, ainda, com mais facilidade o que foi dito em primeiro

lugar (efeito de primazia) ou mais recentemente (efeito de recência); retemos

melhor as informações fornecidas em enquadramentos negativos do que

positivos e as informações apresentadas com maior vivacidade ou por fontes

mais credíveis, só para nomear alguns exemplos” (Rosado & Mesquita, 2011,

p. 73).

Apesar da comunicação com a turma ser fácil, a instrução foi um dos

obstáculos iniciais para o processo de ensino-aprendizagem. Pois, sentia que

os alunos podiam ir mais além na aprendizagem, se eu conseguisse melhorar

na quantidade e na qualidade de informação transmitida nos momentos de

instrução. Para que os alunos percebessem, não só a tarefa a realizar, mas

principalmente os conteúdos ensinados, era importante tornar a instrução mais

clara e objetiva, centrando-me no essencial.

Numa fase inicial, a minha preocupação incidia, essencialmente, na

eficiência (explicar tudo direitinho, pormenor a pormenor) e não tanto na

eficácia, por isso, o tempo despendido era imenso e nem sempre os alunos

reagiam com prontidão ao que lhes era solicitado. Deste modo, procurei

preparar antecipadamente a minha instrução, escrevendo numa folha os

pontos chaves que devia referir em cada instrução e nada mais além disso.

Com o tempo, fui compreendendo que a capacidade de comunicar é, de

facto um fator imprescindível para que o professor atue eficazmente. Esta

eficácia reflete-se quando o professor apresenta uma tarefa e os seus alunos,

mantendo-se atentos, compreendem a informação e rapidamente iniciam a

tarefa, tal como lhes foi transmitida. Além disso, percebi que era através de

tempos de instrução curtos e claros, que conseguia rentabilizar o tempo

potencial de aprendizagem dos alunos.

3.2.4. Feedback pedagógico

Tal como refere Fishman e Tobey (cit. por Mesquita & Rosado, 2011), o

feedback pedagógico é um comportamento que o professor como reação à

44

resposta motora do aluno, cujo objetivo se centra na motivação dessa mesma

resposta, no sentido da aquisição ou execução de uma habilidade. Entende-se,

assim, que o feedback é um conjunto de informações que são fornecidas ao

aluno sobre o seu desempenho durante ou após a execução de uma tarefa. O

feedback traduz um conteúdo informativo, que pode ser classificado por duas

categorias: conhecimento de performance, que remete para a informação da

execução dos movimentos e o conhecimento do resultado que se refere à

informação relativa ao resultado pretendido (Mesquita & Rosado, 2011).

Segundo Mesquita e Rosado (2011), uma das lacunas na qualificação do

feedback está na dificuldade dos professores diagnosticarem as insuficiências

dos praticantes. Ou seja, os professores observam os alunos, mas nem sempre

conseguem detetar o erro de modo a adequar o feedback. No início deste ano

de EP, foi neste aspeto que senti bastantes dificuldades. Pois, a minha

preocupação, nesta fase inicial, era essencialmente na instrução e na

organização das tarefas. Assim, que dava início à tarefa centrava o meu

pensamento na instrução e na organização da tarefa seguinte e não dava

espaço à observação e à correção dos alunos no decorrer de cada uma das

tarefas. Ao perceber esta minha dificuldade, comecei a equacionar melhor as

componentes críticas de cada exercício, transformando-as em palavras-chave

na preparação do próprio plano de aula. Assim, dando espaço à visualização

do comportamento dos alunos em cada tarefa, tornou-se mais fácil observar e

corrigir os alunos, melhorando todo o processo de ensino-aprendizagem.

Ao longo deste processo, procurava observar atentamente os alunos,

identificar os erros, priorizar a correção, ao incidir apenas num ou dois aspetos

a melhorar, e ainda, decidir quando e como agir (feedback individual ou de

grupo; no decorrer ou no final da execução). Contudo, percebi que nada

mudava se apenas instruísse e não verificasse se os alunos corrigiam ou não o

comportamento. Era necessário, portanto, fechar o ciclo de feedbacks. Esta

era, de facto, uma tarefa difícil para mim. Embora conseguisse, por vezes,

centrar a minha atenção nas correções, nem sempre conseguia fechar o ciclo

de feedback e prosseguia para a correção de outro aluno. Contudo, após muito

esforço e foco nesta tarefa, consegui melhorar este objetivo, notando alguns

45

benefícios na aprendizagem dos meus alunos. E até os alunos reconheciam

mudanças positivas, pois muitas vezes, vinham ter comigo para lhes fornecer

mais feedbacks.

Importa ainda referir que, para ultrapassar esta dificuldade, foi fundamental

o conhecimento aprofundado dos conteúdos a lecionar, tornando-me capaz de

diagnosticar os erros e intervir assertivamente junto dos alunos. Pois, como

refere (Mesquita & Rosado, 2011, p. 85), “É a qualidade deste processo de

diagnóstico que vai determinar, em grande medida, a qualidade da intervenção

de prescrição que lhe segue. (…) A fase de diagnóstico está intimamente

dependente de fatores de âmbito cognitivo, como o conhecimento dos

elementos críticos da tarefa, dos seus erros mais comuns, o conhecimento do

nível dos alunos e dos objetivos de aprendizagem (…)”.

Adicionalmente, para mim era mais difícil emitir feedbacks individuais e, por

isso, tendia a emitir mais feedbacks à turma ou a pequenos grupos de alunos.

Esta dificuldade, interferia com processo de ensino-aprendizagem, uma vez

que tinhas mais dificuldade em individualizar o processo.

3.2.5. Afetividade com os alunos / Clima relacional

Silva (2009) defende que o professor deve possuir um conhecimento

especializado, sendo capaz de transmitir esse conhecimento de forma

ajustada. Mas para que essa transmissão ocorra importa atender à relação que

o professor cria com os seus alunos. Como refere Lopes (1991), é importante

que o professor tenha a capacidade de criar laços de afetividade com os seus

alunos. Pois, a transmissão e o ensino dos conteúdos e habilidades decorrem

pelas interações estabelecidas entre estes agentes (professor-aluno) nas

aulas. De facto, através da vivência do EP, percebi claramente que as

aprendizagens conseguidas pelas minhas turmas, foram possíveis devido

também à relação próxima e afetiva que mantivemos ao longo das aulas. Aliás,

a relação com os meus alunos era de tal modo próxima que os tratava até por

“pessoal”.

46

Deste cedo, procurei criar um bom e agradável relacionamento com a

minha turma, primando pela afetividade. No meu entendimento, a efetividade

contribui fortemente para a envolvência dos alunos na própria aprendizagem,

permitindo cativá-los e motivá-los não só para as aulas, como para as tarefas

propostas ao longo das aulas.

Ribeiro e Jutras (2006) afirmam que a afetividade é um fator

imprescindível, para que se estabeleça uma melhoria na relação educativa

entre professores e alunos e, consequentemente, uma melhoria na

aprendizagem.

Na verdade, este clima não foi fácil de conseguir na minha turma, uma vez

que era constituída por um grupo de alunos pouco afetuosos e que não me

concedia muita confiança, criando uma barreira entre nós. Para conseguir

derrubar essa barreira foi necessário, primeiro, tornar os alunos mais unidos e

mais cooperativos, utilizando para isso algumas estratégias – trabalho em

grupo e a entreajuda. Posteriormente, para conseguir criar um bom clima entre

mim e os alunos, privilegiei o diálogo entre nós, tanto antes, como depois da

aula.

Já na turma rotativa, o clima afetivo entre nós (professor-aluno), foi

rapidamente conquistado. O facto de ter acreditado numa turma que era

habitualmente “desprezada” pelos professores, mostrou-lhes que eu era

diferente dos outros docentes e que podiam ter uma maior proximidade

comigo. Pretendia dar o melhor de mim aos alunos e mostrar-lhes que também

eles tinham algo de bom para me dar. A convivência com esta turma foi curta

(apenas um período), mas foi o tempo suficiente para conseguirmos criar uma

relação de cooperação, respeito e, acima de tudo, de sinceridade.

Ao longo destas interações com as turmas, reconheci que era inevitável

simpatizar mais com uns alunos do que com outros. Contudo, foi importante

tratar todos os alunos por igual, não deixando transparecer qualquer

favoritismo. Os professores devem ser sempre imparciais na relação que

estabelecem com os seus alunos.

47

Importa ainda referir que, este tipo de relação (próxima e afetiva) deve ser

sustentada pelo respeito mútuo, na qual a afetividade, não pode colocar em

causa a liderança e autoridade do professor. Por isso, ao longo do tempo,

tentei que os alunos reconhecessem em mim uma pessoa em quem poderiam

confiar, mas simultaneamente, uma pessoa em quem deveriam reconhecer

“autoridade”.

Este tipo de relação não foi fácil conquistar, mas considero que de forma

gradual consegui alcançar, através de uma relação aula após aula, e ainda,

pelo diálogo em grupo e/ou individual, tanto dentro, como fora da aula.

3.3. Avaliação: três momentos fundamentais

“Como em todas as disciplinas escolares, o objetivo primordial da avaliação

em E.F. é a melhoria do ensino. Este objetivo, de natureza vincadamente

pedagogia, antecede e excede largamente a intenção administrativa que se

traduz na atribuição de uma nota ou classificação escolar” (Sobral & Barreiros,

1980). Com a avaliação é esperado obter uma melhor perceção do nível dos

alunos, numa situação oportuna, tendo em conta os objetivos definidos (Sousa,

1993).

Na minha opinião a avaliação é um dos pontos mais críticos da atividade

docente, devido à necessidade de avaliar e atribuir uma classificação. Esta

pressupõe muita responsabilidade, critério e justiça em todo o seu processo.

Ao longo do processo de ensino-aprendizagem recorri a 3 momentos de

avaliação - avaliação diagnostica (AD), a avaliação formativa (AF), e, por fim, a

avaliação sumativa (AS) (Bento, 2003).

A AD, realizada no início de cada modalidade, teve como objetivo principal

aferir a aptidão de cada um dos meus alunos, em cada modalidade prevista,

bem como o respetivo conhecimento na modalidade. Esta avaliação permitiu-

me definir e planear um processo de ensino-aprendizagem adaptado às

necessidades dos alunos, criando objetivos e métodos didático-metodológicas

realistas.

48

Para Monteiro (2006, pp. 184-187) “a avaliação formativa é a principal

modalidade de avaliação do ensino, assume um caráter contínuo e sistemático

e visa a regulação do ensino e da aprendizagem, recorrendo a uma variedade

de instrumentos de recolha de informação, de acordo com a natureza das

aprendizagens e dos contextos em que ocorrem. Fornece ao professor

informação sobre o desenvolvimento das aprendizagens e competências, de

modo a permitir rever e melhorar os processos de trabalho.”

A AF, realizada durante as modalidades, teve como objetivo verificar o

desenvolvimento gradual dos alunos. Esta foi realizada de forma contínua e foi

informal para os alunos na maioria das modalidades lecionadas. Na UT de

Andebol e Badminton, foram realizados dois momentos de AF formais para a

turma, pelo facto de serem UTs demasiado extensas. Com estas avaliações foi

possível observar o desempenho dos alunos e ajustar, não só os objetivos,

como também a minha intervenção. Esta avaliação possui um papel

preponderante para que o sucesso do processo de ensino-aprendizagem seja

alcançado e não deve ser uma etapa descurada pelo professor, pelo contrário,

deve ser tratada com tudo o cuidado e importância que merece.

Por fim, Monteiro (2006, pp. 184-187) refere que “A avaliação sumativa

consiste na formulação de um juízo globalizante sobre o desenvolvimento das

aprendizagens do aluno e das competências definidas para cada disciplina e

área disciplinar”.

Através da AD e AF foi possível observar e detetar o nível dos alunos,

identificar as principais dificuldades, bem como adaptar o planeamento e as

metodologias de ensino. Foram estas avaliações que permitiram potenciar as

qualidades dos alunos para alcançar bons resultados numa AS. Já a AS

permitiu-me avaliar os meus alunos como um todo e, tendo como ponto de

partida o seu estado inicial, permitiu-me verificar a evolução dos alunos.

Todo este processo avaliativo é constituído por um conjunto de tarefas e

decisões fundamentais, necessárias à intervenção do professor: a definição e

critérios, conforme os objetivos definidos; a escolha e adaptação dos

instrumentos de avaliação; a definição de estratégias que facilitem a

49

observação e recolha de dados; a análise e transformação dos dados

recolhidos, bem como a reflexão pormenorizada acerca desses dados. Pois,

importa ressalvar que, também na avaliação, a reflexão se assume como uma

ação fundamental à intervenção docente. Uma vez que é através da reflexão,

que possíveis reajustes são efetuados, no sentido de melhorar todo o processo

de ensino-aprendizagem.

Durante este processo de avaliação existiram muitas dúvidas, que foram

sendo superadas ao longo de cada momento de avaliação. Seguidamente, são

apresentadas algumas dificuldades no processo de avaliação e algumas

estratégias adquiridas para as superar.

3.3.1. O dilema da avaliação: Dificuldades, desafios e estratégias

Todos os momentos que compõem a avaliação, tornaram-se para mim,

num dos desafios mais difíceis e complexos na vivência do papel de

professora.

Os primeiros momentos de avaliação foram realizados em grupo (núcleo de

estágio), que consistiram na avaliação dos níveis de aptidão física através da

bateria de testes fitnessgram e, mais tarde, na avaliação diagnóstica de

Badminton e Andebol (1º período). Nestes primeiros momentos, tínhamos a

ajuda uns dos outros o que facilitou um pouco todo o processo. Contudo, a

partir do momento em que assumi a minha turma e comparei os dados da AD,

recolhidos separadamente pelos três EE, notei a presença de algumas

diferenças, percebendo que este processo pode ser bastante subjetivo. Ou

seja, apesar dos critérios serem os mesmos, a perceção de cada um

(professor) pode ser diferente.

A minha primeira dificuldade revelou-se logo na AD, concretamente na

dificuldade de avaliar todos os critérios com o devido rigor em apenas uma

aula:

“Relativamente aos conteúdos avaliados, senti algumas dificuldades pois

estes tinham alguns critérios demasiado específicos (...) tive de estar

50

constantemente atenta e apenas observava uma vez cada aluno pois não havia

tempo para mais (...) ” (Reflexão da aula 45 e 46)

No entanto, ao longo do EP, fui adquirindo alguma experiência e

melhorando este processo, ora pela redução de critérios nas grelhas de

avaliação, ora pela melhor organização dos alunos na aula e dos exercícios na

qual seria avaliados. Ou seja, percebi que a capacidade de nos focarmos no

essencial é um aspeto a ter em conta na planificação da avaliação dos a serem

avaliado e dos critérios para cada conteúdo. Cuidar das tarefas propostos para

a avaliação é também um fator importante neste processo, pois as atividades

devem estar adequadas às exigências colocadas aos alunos ao longo das

aulas.

A AD permitiu-me criar metas ambiciosas, mas simultaneamente, realistas,

alcançáveis e reajustáveis não só para o domínio motor mas também para o

domínio cognitivo e psicossocial. Pois como refere (Sobral & Barreiros, 1980),

“(…) Se, numa turma ou escola, a grande maioria dos alunos não satisfaz as

metas prescritas pelos professores ou pelos programas, duas justificações

podem apresentar-se: ou as metas foram impropriamente estabelecidas, sem

atenção às reais possibilidades dos alunos, ou então os métodos de ensino

adotados não foram os mais convenientes. Nestes dois casos, a avaliação do

rendimento dos alunos oferece também ao professor um motivo para repensar

o currículo escolhido, as condições de trabalho e o método de ensino a seguir”

A prova de que os objetivos estavam adequados aos alunos era a resposta

destes ao longo da UT. Frente a estas respostas, por vezes, foi necessário

efetuar ajustes ao processo de ensino-aprendizagem, sendo aqui que a

avaliação formativa prestou um contributo fundamental.

Recorrendo à avaliação formativa foi possível fazer um levantamento da

evolução e das dificuldades de cada aluno, ajustando os procedimentos

metodológicos às suas necessidades. Nas UTs mais extensas, como

Badminton e Andebol, o momento da avaliação formativa formal permitiu ainda

informar cada aluno acerca da sua evolução. Já nas restantes UTs estas

avaliação foi concretizada de forma contínua através das reflexões das aulas e

51

de alguns registos. Esta foi, de facto, uma avaliação que constituiu um marco

importante, principalmente para mim (professora), enquanto agente regulador

do processo de ensino-aprendizagem. Pois, permitiu verificar aula após aula a

evolução dos alunos e reconfigurar os objetivos caso fosse necessário.

A AS, era aquela que mais preocupação me causava. Era o momento em

que precisava de atribuir uma classificação ao aluno e, neste momento, o meu

principal objetivo era ser o mais justa e criteriosa possível. Atendendo às

minhas vivências como aluna, considerava muito injusto quando os professores

avaliavam o aluno a partir daquele momento único de avaliação, descurando o

restante trabalho desenvolvido ao longo das UTs. Até porque, como

regulamentado pela escola, a avaliação dos alunos deve ser sempre um

processo contínuo. Por esta razão, este fui um fator pela qual tive algum

cuidado. Efetivamente, procurei atender sempre ao ponto de partida e de

chegada de cada aluno, bem como à prestação de cada um ao longo de todas

as aulas:

“(...) não considero que este tipo de avaliação, em que só observei uma vez

e retirei as minhas ilações, seja a mais adequada, pois aquele momento pode

correr muito bem ou muito mal ao aluno e não se torna justa a classificação.

Contudo para a atribuição da nota final tive em consideração a evolução ou não

dos alunos, ao longo das aulas, e também o seu empenho e disposição para a

prática” (Reflexão da aula 45 e 46).

Para realizar a AS tive de atender sempre aos critérios globais de avaliação

estipulados pela escola para o Ensino Secundário. Estes critérios foram

determinados pela área disciplinar com as seguintes percentagens pelos

distintos domínios: Fazer – 65%; Saber – 15%; Ser – 20%.

O domínio do fazer avalia a competência motora do aluno (habilidades

motoras e condição física), enquanto que o saber a competência cognitiva

(cultura desportiva) e, por fim, o domínio do ser avalia a parte psicossocial do

aluno.

52

Relativamente à AS da cultura desportiva, foi aplicado um teste apenas no

1º e 2º período, não havendo avaliação da cultura desportiva no 3º período. Na

minha opinião penso que em todos os períodos, deve constar uma avaliação

do saber. Mesmo quando o 3ºperiodo é demasiado curto, esta avaliação pode

ser realizada através de pequenas questões individuais na aula e sujeitos a

registo por parte do professor.

Cada um dos testes, incorporou a matéria das modalidades lecionada em

cada um dos períodos. No 1º período, uma vez que a prova seria mais

exigente, preparei uma sebenta para os alunos poderem guiar o estudo. Já no

2º período, o teste foi mais pequeno e simples e não forneci qualquer tipo de

suporte para os alunos. Na minha opinião as sebentas foram uma mais-valia

para o estudo e isso foi notório nos resultados obtidos pela turma. Contudo,

percebi que o facto de não ter fornecido sebenta fez com que os alunos

estivessem mais atentos durante as aulas, havendo também, um maior diálogo

sobre as dúvidas que eventualmente se levantavam.

Os conceitos psicossociais, incorporados na avaliação do ser, foram

avaliados através de registos realizados ao longo das aulas. Este registo

permitiu-me perceber melhorias no empenho, no espírito de equipa, na

entreajuda, na cooperação e no cumprimento das regras, por parte de cada

aluno

Relativamente ao domínio do fazer, foram avaliadas as habilidades

motoras dos alunos. Nos desporto individuais, foi avaliada a técnica individual

de cada aluno, enquanto que nos desportos coletivos, como foi o caso do

Andebol, foi dado ênfase às situações táticas, na qual estavam também

integrados os conteúdos técnicos, ara que os alunos conseguissem dar

resposta às diferentes situações de jogo.

Das várias dificuldades sentidas na avaliação, considero que o momento

mais difícil e complexo de todo este processo, se consistiu na congregação dos

vários parâmetros de avaliação, a fim de atribuir uma classificação no final de

cada período.

53

Como referido anteriormente, todos estes momentos de avaliação

constituíram também um momento de introspeção e avaliação do meu

desempenho profissional. E foram todos estes processos de avaliação, de

preparação de critérios, de observação, de registo e ajuste de instrumentos,

que contribuíram para uma melhoria na forma de estruturar e organizar todo o

processo avaliativo, possibilitando-me fazer, ao longo do ano, um registo mais

rápido, eficaz, rigoroso e ajustado.

3.4. Participação na Escola e Relação com a Comunidade

“Se a virtude estivesse no meio-termo, o mar não teria ondas, os dias

seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza” (Bento, 2006, p. 96). Ao longo

do meu EP, procurei não me dar pela metade e não ser meio-termo, pelo

contrário, tentei dia após dia dar tudo de mim.

No EP, percebi que o papel do professor não se restringe apenas ao ato de

lecionar aulas. Este deve ter um papel ativo na escola procurando dinamizar

atividades que promovam o desporto e a formação multicultural dos alunos.

Para Matos (2013a), a participação na escola e a relação com a

comunidade são as áreas de desempenho que visam difundir e fortalecer o

papel docente, no processo educativo, com uma interferência responsável,

inovadora e cooperativa.

Atendendo que, uma boa relação com as pessoas com quem convivemos e

trabalhamos diariamente é fundamental para um bom ambiente de trabalho,

para mim foi importante cria uma boa relação com todos os elementos da

comunidade escolar (membros da direção, professores das diferentes

disciplinas, funcionários, alunos e encarregados de educação), tornando o

processo de integração escolar mais fácil.

A descoberta da escola começou com a apresentação a todos os membros

da comunidade escolar, que ao longo da visita com o PC, se cruzavam

connosco. O PC apresentava-nos (a mim e aos meus colegas de estágio) com

orgulho como “os meus estagiários”. Este processo foi fundamental, não só

54

para que me sentisse parte integrante da comunidade, mas também para que

os outros me assumissem como tal. Pois, numa fase inicial foi difícil adquirir

este reconhecimento. Devido à aparência demasiado jovem era confundida

diariamente pelos professores e funcionários, como uma aluna, mas com o

passar do tempo estes equívocos foram desaparecendo. Nesta fase inicial,

adotei uma postura mais passiva face à minha inexperiência, contudo a relação

de igualdade e o à vontade estabelecido, gradualmente, entre estagiários e

professores, facilitou a integração no grupo.

Desta forma, criou-se um sentimento de pertença à comunidade e

começou a surgir o desejo de ter uma participação mais ativa na escola de

modo a ajudar no sucesso educativo da mesma. Pois, na minha perspetiva, só

uma comunidade educativa coesa, onde todos os elementos buscam os

mesmos objetivos, consegue alcançar resultados satisfatórios.

Todas as atividades desenvolvidas, foram fundamentais não só para a

minha integração na comunidade, como para adquirir um melhor conhecimento

da população escolar, Além disso estas atividades foram uma mais-valia, para

o meu enriquecimento profissional e para o enriquecimento da escola, na

medida em que proporcionaram uma aproximação muito grande entre toda a

comunidade escolar, reforçando laços, promovendo o desenvolvimento

interpessoal e o gosto pela prática desportiva.

Ao longo deste ano, procurou-se que todas as atividades proporcionassem

uma articulação transdisciplinar, atendendo ao estilo de vida saudável, ao

autoconhecimento, ao diálogo, à autonomia e, através das situações

competitivas, ao respeito, à disciplina, ao fair-play e ao espírito de equipa/grupo

(Gutiérrez & Pascual, 2005).

Seguidamente serão apresentadas algumas atividades na escola, em que

participei e que de alguma forma marcaram o meu percurso.

55

3.4.1. Participação e dinamização de atividades

O grupo “Pré-requisito” – Aulas de apoio

A constituição de um grupo de pré-requisitos, partiu de um objetivo

pessoal, quando elaborava o meu Projeto de Formação Individual (PFI). Com

esta ideia, pretendia criar um grupo de treino para pré-requisitos – o grupo “pré-

requisito”, direcionado aos que pretendiam ingressar no Curso de Ciências do

Desporto.

Quando a ideia foi exposta ao PC, Coordenador do Departamento de EF, a

sugestão não foi bem aceite, porque o PC não considerava que os alunos

tivessem essa necessidade e, por isso, a ideia não avançou para a prática.

Mais tarde, ao perceber que alguns dos meus alunos tinham dificuldades

na UT de Badminton, pedi autorização ao PC para dar uma aula extra. O PC

aceitou o pedido e os meus colegas de estágio também se juntaram a esta

tarefa, uma vez que também tinham alguns alunos nesta situação. Com apenas

uma aula extra os resultados foram positivos e então decidimos fixar um dia e

uma hora para dar continuidade a estas aulas de apoio.

Todo este trabalho, foi para mim muito compensador e atendendo que

estávamos numa fase inicial, permitiu-me dar uma atenção especial e individual

aos meus alunos, algo que não era possível nas aulas. Além disso, permitiu-me

trabalhar com alunos de outras turmas (turmas de estagiários) e interagir muito

mais com a comunidade educativa.

As aulas de apoio já decorriam a alguns meses, quando surgiram alguns

alunos que nos procuraram para saber se poderíamos ajuda-los a prepararem-

se para os pré-requisitos. Aqui, vi uma hipótese de resgatar a minha ideia

inicial. Concedendo a este pedido, as aulas de apoio passaram a estar

divididas em 2 partes distintas. Num lado do pavilhão os alunos que treinavam

as modalidades que tinham mais dificuldades e de acordo com o que estava a

ser lecionado nas aulas. No outro lado, os alunos que estavam interessados na

preparação para os pré-requisitos, que treinavam as sequências de solo e salto

do cavalo da ginástica.

56

Na primeira aula em que houve esta nova disposição dos alunos, eu fiquei

extremamente contente, pois além de ter conseguido resgatar um dos meus

objetivos iniciais, senti que estava a ser importante na vida daqueles alunos e

que o sucesso deles para o acesso ao Ensino Superior estava de algum modo

nas minha mãos. E deste modo, queria fazer de tudo o que estivesse ao meu

alcance para que passassem os pré-requisitos com sucesso.

Inicialmente, foi necessário efetuar uma AD a estes alunos para perceber a

quantidade de trabalho que teríamos pela frente. Aqui verifiquei que os alunos

dominavam as habilidades e que apesar de necessitar de aprimorar alguns

aspetos, o sucesso já estava garantido.

Uma vez que os pré-requisitos também abordam outras modalidades além

da ginástica, como é o caso da Natação e do Atletismo, estas foram também

preparadas embora de uma forma mais superficial. Estas aulas foram

combinadas com os alunos, antes das aulas de EF, uma vez que coincidiam

com as UT que estavam a ser lecionadas. Desta forma, antes das aulas de

Atletismo os alunos deslocavam-se 30 minutos mais cedo ao Estádio da

Lavandeira e treinávamos o salto em comprimento e os tempos de corrida. Na

Natação aconteceu de modo semelhante, os alunos deslocavam-se mais cedo

à piscina do Life Club e começávamos os treinos.

No que toca ao treino para os pré-requisitos, este foi extremamente

benéfico para os alunos, pois este conseguiu aprimorar as suas habilidades e

concretizar os pré-requisitos com sucesso, o que para mim foi extremamente

gratificante.

Relativamente aos alunos que precisavam de apoio nas várias

modalidades, as aulas de apoio foram fundamentais para a melhoria dos

resultados. No Badminton e no Andebol houve uma clara melhoria nas

habilidades motoras dos alunos que compareceram neste pequeno projeto.

Estas aulas perduraram até metade do 2º período, visto que no Atletismo, na

Natação e na Orientação os alunos não demostravam tantas dificuldades, não

sendo necessário continuar com o apoio.

57

Aulas de substituição

As aulas de substituição, foram algo que nunca pensei vivenciar no EP.

Contudo, atendendo à necessidade de alguns professores faltarem, estas

possibilidades foram-se tornando muito presentes no meu dia-a-dia. Atrás

desta vivência percebi que esta também faz parte das funções de um professor

na escola. Pois, importa, acima de tudo, que os alunos não sejam prejudicados

com as faltas dos professores.

Ao longo deste ano, lecionei imensas aulas de substituição. Mas o mais

caricato é que em nenhuma delas houve uma preparação prévia e um

planeamento antecipado. Isto devido ao facto de só ser informada para esta

necessidade no próprio momento da aula. Eu não era obrigada a substituir

nenhum professor e o PC deixou isso bem claro, contudo vi nas aulas de

substituição uma hipótese de ter novas experiências, de passar por diversas

situações e por outras realidades que não eram a minha, com isto optei sempre

por me “aventurar” e nunca disse que não.

Inicialmente as aulas eram lecionadas por mim e pelos meus colegas de

estágio, com a supervisão do PC. Com o decorrer do tempo, o PC já não

estava presente em todas as aulas, o que demostrava alguma confiança e

segurança no trabalho que estávamos a desenvolver. Gradualmente, cada um

de nós (estagiários) tornou-se suficientemente autónomo, sendo capaz de

intervir sozinho perante as turmas. Nestes espaços, tivemos oportunidade de

colocar em prática tudo o que tínhamos aprendido até ao momento, mas

essencialmente desafiar um pouco as nossas práticas ao arriscar em algumas

estratégias didático-metodológicas, bem como melhorar a nossa capacidade de

improviso e adaptação às diferentes situações.

De todas as aulas de substituição as mais marcantes foram as lecionadas

aos alunos de 7ºAno. Este foi um ano de escolaridade que me fascinou

bastante e gostaria imenso de ter trabalhado mais com este grupo. Outra aula

marcante, foi uma ao 10ºAno em que fui quase “obrigada” a dar Voleibol

(modalidade que não me sinto muito à vontade). A aula realizou-se no dia do

58

torneio de Voleibol e as redes já estavam montadas, logo não haveriam muitas

hipóteses de escarpar ao Voleibol, fiquei um pouco nervosa, pois o PC é da

área do Voleibol e o mais provável era ouvir críticas, embora estas sejam

sempre bem-vindas. Apesar das críticas serem sempre construtivas, estas

suavam sempre bem melhor se acabassem por ser um feedback positivo.

Na hora dei o meu melhor e correu muito bem, todo aquele receio, com o

decorrer da aula desapareceu e a interação com os alunos foi muito boa, pois

eram alunos bem-dispostos, que estavam ali para efetivamente trabalhar.

Todas estas aulas foram uma experiência muito proveitosa, pois

permitiram-me contactar com outras realidades, com outro tipo de faixas etárias

e com diferentes comportamentos. Tudo isto, ajudou-me essencialmente, a

melhorar a minha capacidade de adaptação e improviso e assim retiro um

feedback muito positivo destes momentos.

Dia de Garrett

As atividades do Dia de Garrett são atividades contempladas no plano

anual da escola. Estas atividades espalham-se por toda a escola, e cada

departamento é responsável pela criação e dinamização de atividades ligadas

à disciplina, ao longo de um dia.

Sem exceção o grupo de EF, esteve todo presente na atividade que na

minha opinião foi muito bem conseguida e teve muito sucesso entre os alunos.

O núcleo de estágio não teve uma intervenção na preparação deste dia,

somente no torneio interturmas que se realizou de manhã e na montagem do

material para o treino funcional.

No treino funcional, o PC teve a brilhante ideia de criar uma equipa

juntamente com os seus estagiários e, desta forma, criamos a equipa “Atira ao

Prof”. Até hoje, eu e a minha colega estagiária que participou no treino, não

percebemos muito bem o significado do nome escolhido, mas na altura o nosso

entusiasmo era tanto em começar que nem ligamos ao nome escolhido pelo

PC.

59

“ (…) e participamos no treino funcional, foi a única equipa de professores

entre os restantes que eram só alunos. Antes de iniciar o circuito propriamente

dito ajudamos na demonstração dos exercícios às restantes equipas. Eu gostei

bastante desta participação, pois foi algo diferente ao mesmo tempo com

responsabilidade, pois estávamos perante toda a comunidade escolar e como a

única equipa representante de professores tínhamos todos os olhos postos em

nós.” (Reflexão do dia 04.02.2014)

Este dia marcou-me bastante, pois foi um momento em que os formalismos

da relação PC e Estagiário foram postas de parte. Em conjunto demos o nosso

melhor para bem da equipa, demos o nosso melhor à atividade para os alunos

que nos viam, mas acima de tudo demos o nosso melhor a nós mesmos e no

final nem quisemos saber de pontuação ou em que lugar teríamos ficado. Pelo

contrário, queria repetir a experiência apenas pelo prazer que esta nos

proporcionou.

Na minha opinião de todas as atividades desenvolvidas ao longo do ano,

esta foi a que mais impacto teve na escola e que proporcionou um maior

convívio entre professores e alunos, além da “competição” saudável.

Neste dia foi bastante gratificante ouvir comentários da comunidade escolar

acera da diversidade e motivação que houve nas atividades propostas.

Considero que esta, foi uma atividade em que o sucesso resultou,

essencialmente, da boa organização, tanto dos espaços como das equipas.

No final, fizemos o habitual almoço, entre os docentes do grupo de EF e os

convidados (membros da direção), organizando desta vez um pequeno

piquenique na sala dos professores de EF.

Formação de Orientação

A oportunidade de realizarmos uma formação de Orientação na escola

partiu dos resultados fantásticos, conseguidos pelo núcleo de estágio, na

lecionação desta modalidade nas aulas de EF. Preparar as aulas desta

60

modalidade teve um gosto especial para mim, mas também foi uma tarefa

muito trabalhosa, na qual tinha criado algumas expetativas elevadas.

Para o planeamento desta UT, tivemos o auxílio de um professor da

escola, especialista em Orientação, que nos deu uma pequena formação

acerca desta modalidade. Esta formação surgiu da necessidade de alguns

elementos do núcleo não estarem à vontade com o ensino da modalidade. A

formação foi, de facto, muito proveitosa, pois elucidou-nos de algumas

estratégias didático-metodológicas que poderíamos realizar com os nossos

alunos nas aulas.

Ao longo deste trabalho de preparação da UT, deparamo-nos com a falta

de material específico da modalidade, nomeadamente de um mapa atualizado

da escola. O nosso trabalho de campo começou logo pela necessidade de criar

o nosso próprio mapa e pela trabalhosa tarefa de marcar os pontos ao longo da

escola.

Esta UT revelou-se um êxito junto dos alunos das turmas dos estagiários,

pois aula após aula, os alunos mostravam cada vez mais interesse e motivação

para realizar todas as tarefas propostas. Além disto, lecionar Orientação na

escola permitiu-nos conhecer um pouco melhor o espaço da instituição e

interagir bastante com os funcionários.

O sucesso desta UT foi de tal forma elevado que mais tarde foi proposto ao

núcleo de estágio a participação na semana de formação interna (última

semana de aulas).

Esta atividade consistiu numa semana em que os professores utilizam as

suas turmas para dar formação aos colegas, mostrando algumas estratégias

didático-metodológicas na lecionação de algumas modalidades específicas. Na

verdade, para nós (estagiários) esta era uma semana sobrecarregada de

trabalho, mas não recusamos a proposta, pelo contrário, com alegria e

satisfação não hesitamos em comparecer.

Sem dúvida, que esta foi uma experiência muito gratificante, pois pude

partilhar um pouco daquilo que gosto e que domino. Além disso, foi um prazer

61

ver o divertimento, o empenho, o envolvimento e até mesmo a competitividade

dos professores nas atividades:

“No final foi muito gratificante ouvir os elogios e a gratidão dos professores

por termos partilhado um pouco do nosso tempo para a atividade (…) Deste dia

levo muitas memórias e risadas, que sem dúvida nos tornaram a todos muito

mais próximos e num grupo muito mais coeso” (Reflexão do dia 04.06.2014).

3.4.2. Desporto Escolar

Segundo o programa do Desporto Escolar 2009-2012, o Desporto Escolar

é “(…) o conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com objeto

desportivo, desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos

tempos livres, num regime de liberdade de participação e de escolha,

integradas no plano de atividade da escola e coordenadas no âmbito do

sistema educativo” (Artigo 5.º - “Definição”, Secção II – “Desporto Escolar”, do

Decreto-Lei n.º 95/91, de 26 de fevereiro). Mais, ainda, como refere o respetivo

preâmbulo, “(…) o Desporto Escolar deve basear-se num sistema aberto de

modalidades e de práticas desportivas que serão organizadas integrando de

modo harmonioso as dimensões próprias desta atividade, designadamente o

ensino, o treino, a recreação e a competição”.

O Desporto Escolar divide-se em duas vertentes: uma que se refere á

dinamização de atividades desportivas internas em cada escola (como é o caso

dos torneios interturmas) e outra referente às atividades desportivas por

grupos/equipa, como é o caso das competições interescolares.

Segundo o Programa do Desporto Escolar (2009-2013), esta área possui

os seguintes objetivos: 1) melhorar a qualidade da Educação; 2) aumentar as

oportunidades de prática desportiva de qualidade; 3) aumentar o sucesso

escolar; 4) formar mais e melhores praticantes; 5) garantir a igualdade de

oportunidades; 6) aumentar a visibilidade das boas práticas; 7) melhorar os

métodos de ensino/aprendizagem; 8) adaptar ofertas às necessidades; 9) criar

instrumentos facilitadores da inclusão; 10) melhorar a imagem e divulgação do

DE; 11) valorizar a formação profissional; 12) potenciar projetos estruturantes

62

em parcerias; 13) desenvolver tecnologias de apoio; 14) implementar um

sistema de informação e comunicação.

A escola onde realizei o meu EP coloca à disposição dos alunos as

seguintes modalidades: Esgrima, Voleibol e Ginástica. Para cada modalidade,

está reservado um dia e uma hora específica para os treinos.

Inicialmente, estava muito entusiasmada com o Desporto Escolar,

especialmente com a Esgrima, pois é uma modalidade desportiva que nunca

tive contato nem conhecimento das regras. Assim, juntava o útil ao agradável,

que seria a participação ativa no Desporto Escolar e a aprendizagem e

aprofundamento nos conhecimentos relacionados com a Esgrima. Infelizmente,

os horários de nenhuma das modalidades era compatível com a minha

disponibilidade e acabei apenas por participar no Desporto Escolar apenas na

vertente das atividades desportivas internas.

Seguidamente, exponho as atividades desenvolvidas neste âmbito.

Corta Mato Escolar

O Corta Mato Escolar é uma das atividades contempladas no plano anual

da escola. Esta, representa a atividade com maior impacto na comunidade

escolar e o PC, decidiu que seria o núcleo de estágio, em conjunto com a

professora responsável pelo Desporto Escolar, a planear e realizar a atividade.

A conceção desta atividade foi alvo de um planeamento rigoroso, tendo

começado a ser preparada com mais de um mês de antecedência.

Atendendo que esta atividade tem impacto na escoa, sabíamos que todas

as atenções se voltariam para o trabalho desenvolvido naquele dia e,

principalmente, para o trabalho desenvolvido por nós (estagiários de EF). Desta

forma, queríamos destacar-nos pela qualidade da organização, tornando este

evento um momento de união e diversão entre toda a comunidade escolar e

memorável para todos os participantes.

63

A promoção do evento foi efetuada através da afixação de cartazes por

toda a escola e pela divulgação dos professores junto às suas turmas. A

população escolar teve uma adesão fantástica à atividade e isso foi notório no

número de inscrições.

A primeira preocupação foi, arranjar patrocínios e para isso foram enviados

e-mails para diversas entidades, embora não tenha servido para ajudar. As

respostas foram muito poucas e nenhuma dessas respostas foi positiva. A

única solução foi o PC entrar em contato com alguns conhecidos da ASA e da

Porto Editora.

A falta de patrocínios, foi um ponto negativo ao longo da preparação da

atividade, que nos deixou tristes, uma vez que os dias passavam e não havia

respostas. Com isto tinha um sentimento de impotência, pois não estava ao

meu alcance conseguir algo para mudar esta situação.

Ao longo da planificação da atividade, propriamente dita, surgiu varias

ideias, nomeadamente a de realizar a prova no Parque da Lavandeira, ou até

mesmo no exterior da escola, mas tudo isso envolveria mais recursos e não foi

bem aceite pela direção.

Com efeito, definiu-se que o Corta Mato seria realizado no interior da

escola, tal como aconteceu nos anos transatos. Contudo “Inicialmente, tivemos

algumas dificuldades em definir os percursos, pois os percursos dos anos

anteriores não poderiam ser reutilizados, pois a escola sofreu algumas

alterações, e além disso não sabíamos as dimensões corretas do percurso em

torno da escola” (Reflexão do dia 17.12.2013). Assim, com a ajuda da

professora responsável pelo Desporto Escolar, optamos por definir em conjunto

nos percursos, de uma forma mais ou menos aproximada.

Ainda na preparação da atividade, “outro assunto que de certa forma nos

aborreceu foram as pulseiras (…) pois cada escalão, a cada volta, tinham uma

cor diferente para cada aluno e desta forma houve a necessidade de contar

centenas e centenas de pulseiras e separá-las por cor e escalão, para que no

dia tudo tivesse organizado” (Reflexão do dia 17.12.2013).

64

Após tantos dias de trabalho e tantos reajustes, finalmente chegou o dia

esperado.

No início da atividade estava muito ansiosa, pois era um evento da nossa

responsabilidade (núcleo de estágio) e era importante manter toda a

comunidade escolar envolvida. No entanto, podemos contar com todos os

professores de EF da escola para colaborar, demonstrando, uma vez mais, a

união deste grupo disciplinar.

Alguns dos constrangimentos, centraram-se nas más condições

atmosferas, “Nestes dias as condições atmosféricas, não foram as melhores e

por causa disto houve algumas quedas ao longo do percurso.

Apesar dos constrangimentos, considero que o Corta Mato Escolar teve

muito sucesso e foi muito gratificante ouvir os comentários positivos, não só

dos professores mas também dos alunos.

Como não poderia faltar, “No final, ainda houve um chá com todos os

professores do grupo de EF, a título de convívio e também para ajudar de certa

forma a aquecer, depois de tantas horas ao frio” (Reflexão do dia 17.12.2013).

Torneios Interturmas

Os torneios interturmas, foram também atividades contempladas no plano

anual da escola, fazendo parte integrante do Desporto Escolar.

Estes foram divididos em 3 modalidades distintas, o Basquetebol, o

Voleibol e o Futebol. A organização destes torneios esteve ao cargo dos

professores responsáveis pelos Desporto Escolar, na qual o núcleo de estágio

apenas colaborou na realização dos mesmos.

A nossa colaboração foi requisitada, comente para os dias dos torneios, de

modo a organizar as equipas pelos campos e fazer o controlo das pontuações

a cada jogo.

No primeiro torneio, senti-me completamente perdida, pois foi pedido que

chegássemos 15 minutos antes de começar as competições, mas a professora

65

responsável só chegou à hora da atividade e não nos transmitiu as informações

necessárias. Fiquei um pouco nervosa, pois tinha de comunicar as regras de

jogo e o funcionamento do torneio, mas as informações que tinham eram muito

poucas. Contudo, mais tarde tivemos acesso a um documento informativo e

fiquei mais tranquila. Na minha opinião, houve algo que falhou neste primeiro

torneio, que foi a prévia preparação e transmissão de informação.

No torneio de voleibol e de futebol, já não se observou estas lacunas

havendo assim um melhor aproveitamento do tempo.

Para mim estes torneios, foram fantásticos, pois proporcionaram-me o

contato com alunos de outros anos escolares. Em todos os torneios fiquei

responsável por alguns jogos do 7ºAno, ano pelo qual fiquei fascinada pelos

alunos. Naquele momento o meu pensamento era: “queria tanto dar aulas ao

7ºAno”. Isto, porque os miúdos parecem ser tão inocentes e, tratando-se de

outra faixa etária, proporcionaria um trabalho diferente e mais diversificado.

Destes torneios interturmas, faço um balanço muito positivo, pois foi

extremamente benéfico para a minha formação não só pelo convívio com

diferentes alunos, mas também pela partilha e pelo sentido de pertença àquela

comunidade.

3.4.3. Direção de Turma

A direção de turma é uma área importante que compõe a profissão

docente. Para quem se interessa e se encontra envolvido com este cargo é

fundamental ler e interpretar a imensa quantidade de informação acerca do

assunto, para poder agir e cumprir as suas obrigações.

O Regulamento Interno da escola, especifica o que se pretende em

concreto do diretor de turma (DT). Relativamente ao diretor de turma, o

Regulamento Interno da escola destaca a necessidade deste agente ser

professor de todos os alunos da turma e que cada professor deve ter uma

direção de turma. No que toca às competências do diretor de turma, este deve

nomear o delegado, o subdelegado e o representante dos encarregados de

66

educação; garantir aos professores da turma a existência de meios e

documentos de trabalho e de orientação, necessária ao desempenho das

atividades próprias da ação educativa; garantir uma informação atualizada

junto dos pais e encarregados de educação acerca da integração dos alunos

na comunidade escolar, do aproveitamento escolar, do comportamento, da

assiduidade e das atividades escolares; dar a conhecer e fazer cumprir o

Regulamento Interno da escola; promover um acompanhamento

individualizado dos alunos, divulgando junto dos professores da turma a

informação necessária à adequada orientação educativa; presidir as reuniões

de conselho de turma; e coordenar a elaboração, implementação,

reestruturação e avaliação do plano de turma.

No sentido de conseguir compreender melhor as responsabilidades e

funções de um DT, acompanhei o meu PC (DT da nossa turma rotativa), ao

longo do 2º período. O facto do PC ser DT facilitou imenso este

acompanhamento.

Atendendo às mudanças na escola, este foi um ano de transição.

Concretamente, foi o momento de extinção dos livros do ponto, na qual facilitou

muito as funções burocráticas do professor e, principalmente, do DT. Uma vez

que, o sistema informático implementado facilitava a contabilização do número

de faltas, a atualização dos sumários, a marcação dos testes, entre outras

tarefas. Com isto, as funções do DT ficaram mais facilitadas, pois através deste

sistema o DT tinha acesso direto a todas as informações acerca dos alunos.

Nesta área, aprendi a manusear os softwares da escola que se destinam,

não só aos professores em geral mas também aos DT. Além disso, participei e

ajudei o PC na preparação de todas as reuniões (apresentação, intercalares e

de avaliação).

Esta experiência foi muito importante para mim, pois permitiu-me adquirir

uma visão muito próxima desta função e o entendimento de uma tarefa

complexa, que está também inerente às funções do professor.

67

Em suma, além de ser um educador, o DT antes de mais é um educador, é

o professor que acompanha, apoia e coordena os processos de aprendizagem

e de orientação de cada aluno. E sendo responsável pela comunicação entre

os docentes, alunos e encarregados de educação, funciona como um elo de

ligação fundamental entre a escola/aluno e a escola/encarregados de

educação.

4. Desenvolvimento Profissional

71

4.1. A reflexão: Alicerce de todo o desenvolvimento profissional

“Porquê perguntar-se se é tempo de ser reflexivo?

O que é ser-se reflexivo?

Quem deverá ser reflexivo?

Para quê ser-se reflexivo?

Sobre quê ser-se reflexivo?

E finalmente

É possível ser-se reflexivo?

É desejável ser-se reflexivo?

Para onde vamos com a nossa reflexão?”

(Alarcão, 1996b, p. 173)

No meu entendimento, a reflexão é uma ação fundamental capaz de

melhorar a nossa forma de pensar e agir enquanto professores.

A reflexão foi, de facto, importante para conhecer melhor a profissão

docente. Esta esteve presente dia após dia, desde o primeiro momento de

estágio até ao último. Ao longo deste período, foi necessário desenvolver uma

atitude e capacidade reflexiva perante todas as atividades desenvolvidas,

dentro e dora, da aula, tornando-me assim, numa professora investigadora e

reflexiva.

Neste processo, procurei adquirir um conjunto de saberes e práticas

essenciais no desempenho da profissão docente, nomeadamente os

conhecimentos na ação e a reflexão na ação, reflexão sobre a ação e reflexão

sobre a reflexão na ação (Alarcão, 1996a).

O conhecimento na ação, é o conhecimento que o professor demonstra na

execução da ação, este manifesta-se através da espontaneidade com que uma

72

ação é bem desempenhada. Este conhecimento é algo dinâmico que resulta de

uma reformulação da própria ação.

A reflexão na ação é um fenómeno que ocorre durante a própria ação,

levando-nos, por vezes, a reformular algumas decisões. Por outro lado, a

reflexão sobre a ação é quando existe uma reconstrução mental da ação

(Schön cit. por Alarcão, 1996a). A reflexão sobre a reflexão na ação,

promove um progresso ao nível do desenvolvimento profissional ajudando o

indivíduo a construir um conhecimento pessoal, a determinar ações futuras, a

compreender futuros problemas e a descobrir soluções.

O ato de refletir implica pensar e como refere Lalanda e Abrantes (1996, p.

45), “nenhum ser humano se pode eximir à atividade de pensar”.

Segundo Dewey (cit. por Lalanda & Abrantes, 1996), este é uma espécie

de pensamento que se baseia numa análise mental do assunto, dando-lhe uma

ponderação séria e consecutiva. Assim, quando existe uma lógica e uma

ligação entre as ideias e o que se pretende com as mesmas estamos perante

uma apreciação reflexiva.

Na minha opinião esta reflexão ou apreciação reflexiva pode ser distinguida

de dois modos, num ato rotineiro ou ainda num ato reflexivo(Alarcão, 1996a).

No ato rotineiro ha apenas uma exposição dos factos, enquanto que no ato

reflexivo, procura-se perceber o porquê dos acontecimentos e encontrar futuras

soluções e possibilidades de ação.

Ao longo do meu EP, senti que, inicialmente, apenas exponha tudo o que

acontecia nas aulas e no dia-a-dia da escola, mas com o passar do tempo

através da colaboração da PO, consegui ter um ato reflexivo. Este processo

reflexivo implicou “uma preocupação ativa com objetivos e consequências, bem

como significados de eficiência técnica. Ele combina a capacidade de

questionar com atitudes de espirito aberto e os professores terão de ser

continuamente monitores, avaliadores e reverem com frequência a sua prática”

(Lalanda & Abrantes, 1996).

73

Sem dúvida que todas as reflexões foram fundamentais para o meu

desenvolvimento (reflexão do planeamento anual, das UTs, das aulas e nas

aulas, bem como as reflexões realizadas em grupo). Pois, todas provocaram

uma transformação na minha atuação, servindo de fio condutor ao

aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem e à participação na

escola.

A partir deste entendimento, é possível afirmar que a ação educativa não é

promovida apenas pelo entendimento das teorias por parte do professor, mas

pela sua capacidade de construir e reconstruir conhecimentos, encontrando as

soluções mais ajustadas aos diversos contextos da ação profissional. O

professor necessita de ser dotado da capacidade de mobilizar e articular os

conhecimentos, mas também de desenvolver a capacidade de se ajustar às

situações práticas, refletindo sobre elas.

Esta prática reflexiva levou-me a pensar, a refletir e a agir frente a algumas

necessidades da minha turma, percebendo que o professor é também um

investigador da própria prática de ensino. Neste âmbito, atendendo à

necessidade de envolver os meus alunos nas aulas de EF, foi realizado um

estudo, apresentado posteriormente.

74

4.2. Estudo de Investigação-Ação: Motivação dos alunos para as aulas

de Educação Física (EF).

4.2.1. Introdução

A motivação tem sido uma das áreas mais estudadas no âmbito da

Psicologia, particularmente da Psicologia do Desporto, tendo como objetivo o

conhecimento do comportamento humano (Alves et al., 1996).

Segundo Alves et al. (1996), o termo motivação provém do latino “movere”

que está associada à ideia de movimento. Para Cratty (1983, p. 36), “o termo

motivação denota os fatores e processos que levam as pessoas a uma ação ou

à inercia em diversas situações. De modo mais específico, o estudo dos

motivos implica o exame das razões pelas quais se escolhe fazer algo ou

executar alguma tarefa com maior empenho do que outras ou, ainda, persistir

numa atividade por longo período de tempo”

Singer (1977, p. 48) defende que “a importância da motivação para a

aprendizagem tem sido bem estabelecida e desta forma o aumento da

motivação eleva a atenção e a concentração”. O mesmo autor refere ainda que

a motivação é a persistência de caminhar em direção a um objetivo, podendo

este ser uma recompensa ou não. No caso dos alunos a motivação pode ser a

classificação final.

Assim, na escola, entende-se que os alunos desmotivados ou sem

objetivos não irão praticar as tarefas ou então irão realizá-las mal, pois podem

não ter nada que os mova para tal e segundo Maggil (1984), um aluno aprende

dependendo dos seus níveis motivacionais ou da possibilidade de aprender

mais.

A motivação pode ser considerada um impulso, na medida em que leva um

indivíduo à busca contínua de melhores soluções, para a sua realização

pessoal e integração na comunidade onde a sua ação tenha significado. Pois,

são os motivos para a ação que levam o sujeito a agir. Ou seja, é o “que leva a

iniciar a ação, a orientá-la em função de certos objetivos, a decidir a sua

prossecução e o seu termo” (Ferreira, 2005, p. 39). Por esta razão, a motivação

75

pode ser encarada como uma potência para a aprendizagem e para o convívio

social, sendo responsável pelo desenvolvimento da luta contra as

adversidades, as perdas e conquistas (Ferreira, 2005). É neste

desenvolvimento que é realçado o papel do professor, sendo ele quem melhor

poderá conseguir proporcionar aos alunos um bom ambiente de aprendizagem.

Atendendo que é mais fácil promover essas aprendizagens quando os alunos

estão motivados, cabe ao professor, encontrar estratégias para motivar os

alunos para o próprio processo de ensino-aprendizagem.

As razões que levam os indivíduos a praticar desporto, em particular as

aulas de EF, são extremamente variáveis e difíceis de serem reduzidas a

conceitos rígidos (Cratty, 1983). Por esta razão, a motivação dos alunos é

constantemente citada pelos professores como um grande problema no ensino,

particularmente no Ensino Secundário (Rink, 1993).

Neste sentido, Cratty (1983) reforça a necessidade de aceitação como a

oportunidade dos jovens sentirem-se parte integrante de um grupo e da criação

de laços com os seus companheiros. Cratty (1983) afirma ainda que quando o

professor deseja motivar os seus alunos, deve dar ênfase a outras relações

sociais.

Deste modo, parece ser claro que os fatores que influenciam o

comportamento e a atitude dos alunos para as aulas de EF, são condicionados

pela motivação. Isto, porque a motivação interfere com em grande parte com

todos os tipos de comportamentos, proporcionando um maior ou menor

envolvimento do sujeito nas situações de aprendizagem (atitudes) e um maior

ou menor desempenho e a atenção (Cratty, 1983).

Na tentativa de manter esta motivação nos alunos, o professor deve ter

sensibilidade ao atribuir-lhes tarefas adequadas. Isto é, perceber se

determinada tarefa se adequa ou não ao nível do aluno, a fim de o fazer sentir-

se motivado. Pois, os indivíduos que apresentam uma maior motivação para a

realização das tarefas, também apresentam um desejo maior de alcançar o

sucesso(Fontaine, 1988).

76

Além disso, para que o professor consiga proporcionar um ensino efetivo,

motivador e com sucesso, importa que as suas metodologias e estratégias de

ensino sejam inovadoras (Santos, 2003).

O reforço positivo parece ser também um fator importante para a motivação

dos alunos. Segundo Bento (2003), nas aulas de EF, todos os alunos devem

receber feedbacks positivos, pois estes funcionam como um forte estímulo para

a prática desportiva.

Para Maggil (1984) sem a presença da motivação para as aulas de EF, os

alunos não irão exercer as atividades ou então farão mal o que lhes for

proposto. Deste modo as aulas de EF devem ser compostas por uma grande

dose de emotividade, de entusiasmo, de aprendizagem, de motivação de

progresso e de sucesso.

Neste quadro, atendendo às características peculiares da minha turma

(níveis baixos de empenho e falta de interesse pelos conteúdos lecionados nas

aulas), considero ser importante verificar e analisar os principais motivos que

levam os alunos a gostar ou não das aulas de EF.

Atendendo à necessidade de esclarecer um pouco melhor o parâmetro

(motivação externa) que será alvo de análise no presente estudo,

seguidamente são apresentadas as fontes de motivação e as estratégias

motivacionais possíveis de aplicar nas aulas de EF.

Fontes da motivação

O desporto é praticado, geralmente, pelo prazer e pelo divertimento que

podem proporcionar aos indivíduos, sendo estes livres de escolher o que mais

gostam de praticar. Já na escola, particularmente nas aulas de EF, esta

situação não acontece, pois os alunos não escolhem as modalidades e

conteúdos que estão dispostos a praticar e aprender.

Segundo Brito (1994), a motivação é composta por duas fontes: a interna e

a externa. A fonte interna diz respeito ao instinto, aos hábitos, às atitudes

mentais, às ideias e ao prazer, por isso advém dos reforços internos, estando

77

alicerçada ao interesse na própria atividade. A fonte externa refere-se à

influência do meio e dos contextos situacionais, familiarizando-se com as

necessidades que são saciadas pelos acontecimentos externos.

Para Alves et al. (1996, p. 39), a fonte interna carateriza os “motivos

internos à pessoa e, por isso, dá-se-lhe o nome de motivação intrínseca. (…)

As recompensas que a prática lhes proporciona, seja a companhia dos amigos,

o prestígio social ou os prémios materiais são as razões que podem manter as

pessoas no desporto e evidenciam a motivação extrínseca”.

No meu entendimento, a motivação intrínseca é a forma mais desejada

para a participação dos alunos nas aulas de EF. Com efeito, na ausência desta

motivação, a nossa função, enquanto professores, é conseguir motivar os

alunos de forma extrínseca, tentando assim, despertar neles uma motivação

intrínseca. Isto é, cabe ao professor de EF criar o gosto pelas atividades

desportivas nas aulas e o prazer por uma prática deliberada.

Neste processo motivacional externo, podem existir medidas que devem

ser adaptadas à pessoa, enquanto estratégias psicológicas que permitem

modificar as condições individuais da ação. Segundo Samulski (1995, p. 65),

“estas medidas, por um lado, objetivam melhorar ou estabilizar as capacidades

pessoais” e, por outro lado, são aplicadas “com fim de transformar a motivação

extrínseca em motivação intrínseca, a orientação ao fracasso em uma

orientação ao êxito e a predominante atribuição causal externa em uma

atribuição causal interna”.

No caso particular da escola, Guimarães (2001) refere que a motivação

extrínseca se define pela vontade de responder positivamente a fatores

externos de uma tarefa, com o intuito de captar a atenção do professor, de

receber elogios, ou até mesmo, pela obtenção de recompensas ou de

reconhecimento.

Seguidamente são expostas algumas estratégias motivacionais que

procurei implementar nas minhas aulas de EF.

78

Aspetos individuais

- Dar oportunidade de reconhecimento baseado no progresso do aluno.

- Proporcinar vivências de êxitos e fracassos que sejam determinadas pela escolha adequada do grau de dificuldade, capacidade de envolvimento e esforço.

-Utilizar uma avaliação baseada no domínio das tarefas e na melhoria individual. Envolver os alunos na prática da auto-avaliação.

- Intermediar a atribuição dos resultados de forma adequada, evitando o surgimento do medo e do fracasso. Os alunos devem entender-se como responsáveis pelos seus exitos e/ou fracassos, considerando o erro como um parte do processo de ensino.

Aspetos situacionais ou contextuais

- Envolver os aluno no desempenho da liderança e tomada de decisão. Procurar desenvolver a autonomia e autoconfiança.

- Criar grupos de trabalho diferenciados, variando sempre os pares de modo a promover uma interação e aprendizagem baseada na cooperação.

- Fornecer uma instrução/feedback constante de forma clara e objetiva antes, durante e depois das tarefas. As orientações devem ser feitas no sentido de levar o aluno a: resolver problemas, encontrar maneiras de superar dificuldades, compreender os resultados da tarefa em função da competência conquistada, se o resultado for um exito e/ou um fracasso, atribuir objetivos internos, modificáveis e controláveis.

- Reconhecimento do papel do professor nas diferentes circunstâncias (a sua postura e comportamento nas diversas situações dentro/fora da aula, podem influênciar a motivação de forma direta ou indireta).

Aspetos relacionados com a tarefa

- Proporcinar tarefas variadas e desafiadoras, com um envolvimento individual e ou/em grupo. Auxiliar os alunos a estabelecer metas alcancaveis a curto prazo.

- Apresentar tarefas com diferentes graus de dificuldade e auxiliar o aluno a escolher o nivel compativel com as suas habilidades mostrando a possibilidade de avanço.

- Proporcionar tempo suficiente para a prática das atividades de modo a promover o desenvolvimento do aluno . Ajudar o aluno a utilizar o tempo da maneira mais proveitosa, evitanto as paragens.

- Proporcionar o envolvimento dos alunos através de situaçoes de jogo em pequenos grupos, proporcionando o convivio.

Estratégias motivacionais

Na busca de em busca de um clima motivacional positivo e adequado para

o decorrer das aulas de EF, Marante (2008) utilizou um conjunto de estratégias

de ensino, já anteriormente utilizadas, em estudos na área motivacional e do

ensino. Como apresentado no Quadro 2, estas estratégias encontram-se

divididas em 3 categorias: aspetos individuais; aspetos situacionais ou

contextuais; e aspetos relacionados com a tarefa. A categorização proposta

teve como finalidade facilitar a sua compreensão e até mesmo a sua aplicação.

Quadro 2 -Estratégias motivacionais (Marante (2008) adaptado de Weinberg & Gould (2001); Palacios & Marchesi (1996))

79

4.2.2. Objetivo

Verificar os motivos que levam os alunos de uma turma de 12ºano a gostarem ou não

das aulas de EF, intervindo de modo a contribuir para a melhoria dos seus níveis de

motivação.

4.2.3. Metodologias

Procedimentos de recolha

Participantes

Participaram no estudo 17 alunos de uma turma do 12ºAno, do curso de Artes Visuais de

uma escola pública do concelho de Vila Nova de Gaia. O grupo era constituído por 5alunos

do sexo masculino e 12 alunos do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 16 e

os 19 anos e uma média de idades de 17,94 ± 1,03.

Instrumento

O instrumento utilizado para a recolha de dados foi um questionário (Anexo I) de Kobal

(1996), que tem como objetivo identificar os motivos que levam os alunos a participar nas

aulas de EF. O questionário é composto por 23 afirmações (16 referentes à motivação

intrínseca e 16 à motivação extrínseca), avaliadas pelos participantes, segundo o grau de

concordância de uma escala de Linkert de 5 valores (1=concordo plenamente, 2=concordo,

3=estou em dúvida, 4=discordo, 5=discordo plenamente). O preenchimento do questionário

centrou-se apenas nas 16 afirmações que compõem a motivação extrínseca.

A recolha de dados foi realizada em 2 momentos, sendo a primeira realizada no dia 11

de Março de 2014, no final de uma aula teórica de Condição Física (CF) e, a segunda, no

dia 3 de Abril do mesmo ano, no final da avaliação prática de Orientação (última aula do 3º

período). Para o preenchimento do questionário não houve tempo limite, deixando assim, os

participantes à vontade para preencherem o questionário de forma ponderada.

O primeiro momento de recolha teve como objetivo averiguar os défices motivacionais

da turma. Posteriormente, foram aplicadas medidas interventivas pela professora (eu), ao

longo de duas UT (Orientação e Atletismo), que constituíram as 10 últimas aulas do 2º

período, de modo a aumentar o gosto dos alunos pelas aulas de EF. Após este período,

procedeu-se ao 2º momento de recolha, em que os alunos preencheram novamente o

questionário de modo a investigar se ocorreram diferenças nos níveis motivacionais dos

alunos.

80

Procedimento de análise dos dados

Para a análise dos dados foi utilizada uma estatística descritiva, com o intuito de analisar

a informação recolhida nos questionários preenchidos pelos alunos.

Considerações éticas

Foram solicitadas aos Encarregados de Educação dos alunos, uma autorização, para

que os seus educandos pudessem participar no estudo.

Antes da entrega dos questionários, os participantes foram explicados todos os

procedimentos e os objetivos da investigação.

4.2.4 Resultados

1º Momento

35%

6%

0%

35%

47%

35%

0%

35%

18%

47%

41%

18%

0%

12%

47%

12%

0% 0%

12%

0% 0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Faz parte do currículo. Estou com amigos. Meu rendimento émelhor do que o dos

meus colegas.

Preciso tirar boasnotas.

1 - Concordo plenamente 2 - Concordo 3 - Estou em dúvida

4 - Discordo 5 - Discordo plenamente

6%

29% 29%

24%

6%

29%

6%

35% 35%

6%

41%

47%

24%

35%

29%

18%

12% 12%

6%

35%

6% 6%

0% 0%

24%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Esqueço dasoutras aulas.

O professor e osmeus colegasreconhecem a

minha atuação.

Sinto-meintegrado no

grupo.

Minhas opiniõessão aceites.

Saio-me melhorque os meus

colegas.

1 - Concordo plenamente 2 - Concordo 3 - Estou em dúvida

4 - Discordo 5 - Discordo plenamente

Figura 2- Participo nas aulas de EF, porque… (1ª Recolha)

Figura 3 - Eu gosto das aulas de EF, quando… (1ª Recolha)

81

2º Momento

24% 24%

29%

18%

24%

29%

18%

35% 35%

24%

35% 35% 35%

41%

24% 24%

29% 29% 29%

24%

29%

6% 6%

12% 12% 12% 12% 12% 12% 12%

6% 6%

0% 0% 0% 0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Não me sintointegrado no

grupo.

Não simpatizocom o professor.

O professorcompara o meurendimento com

o dos outros.

Meus colegasgozam das

minhas falhas.

Alguns colegasquerem

demostrar quesão melhores que

os outros.

Tiro notas baixas. Minhas falhasfazem com queeu não pareça

bom para oprofessor.

1 - Concordo plenamente 2 - Concordo 3 - Estou em dúvida 4 - Discordo 5 - Discordo plenamente

35%

12%

6%

24% 24% 24%

6%

24%

35%

24%

12% 12%

6%

41%

47%

35%

0% 0%

29%

6%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Faz parte do currículo. Estou com amigos. Meu rendimento émelhor do que o dos

meus colegas.

Preciso tirar boasnotas.

1 - Concordo plenamente 2 - Concordo 3 - Estou em dúvida

4 - Discordo 5 - Discordo plenamente

18%

6% 6% 0%

6%

35%

65% 71%

82%

6%

35%

18% 12%

6%

18% 12% 12% 12% 12%

53%

0% 0% 0% 0%

18%

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%55%60%65%70%75%80%85%90%

Esqueço dasoutras aulas.

O professor e osmeus colegasreconhecem a

minha atuação.

Sinto-meintegrado no

grupo.

Minhas opiniõessão aceites.

Saio-me melhorque os meus

colegas.

1 - Concordo plenamente 2 - Concordo 3 - Estou em dúvida

4 - Discordo 5 - Discordo plenamente

Figura 4I - Não gosto das aulas de EF, quando… (1ª Recolha)

Figura 5 - Participo nas aulas de EF, porque… (2ª Recolha)

Figura 6- Eu gosto das aulas de EF, quando… (2ª Recolha)

82

4.2.5. Análise e discussão dos resultados

1º Momento

Nesta primeira análise, o objetivo foi verificar os motivos que levam os

alunos a participar e a gostar ou não das aulas de EF.

De uma forma geral, é possível observar que existe uma elevada

percentagem de respostas de escala 3 (“estou em dúvida”), demostrando

assim alguma insegurança nas respostas dos alunos.

Na primeira afirmação, “Participo nas aulas de EF, porque…” é notório que

a participação dos alunos nestas sessões não se justifica pelas vivências que a

disciplina de EF lhes proporciona, mas por ser uma disciplina que faz parte do

currículo (47%) ou por necessitarem de alcançar boas notas (35%). Através

destes dados, percebe-se que o principal motivo da maioria dos alunos para a

participação nas aulas de EF centra-se nos fatores institucionais e não tanto

nos fatores psicossociais inerentes às aulas de EF, sendo, por isso, que a

maioria dos alunos desta turma se sente “obrigado” a estar presente nestas

sessões. Relativamente à dimensão social, que o questionário permite abordar

superficialmente, é possível verificar que existe um maior número de alunos

que têm dúvidas quanto à importância de se relacionarem com os colegas

(47%), sendo que 12% discordam com a importância deste fator. Assim, para a

6%

12%

24% 18%

24%

18% 18%

47%

41%

24%

29%

41%

47%

35%

29% 29%

24%

35%

18%

29%

6%

18% 18% 24% 18% 18%

6%

41%

0% 0%

6%

0% 0% 0% 0% 0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

50%

Não me sintointegrado no

grupo.

Não simpatizocom o professor.

O professorcompara o meurendimento com

o dos outros.

Meus colegasgozam das

minhas falhas.

Alguns colegasquerem

demostrar quesão melhores que

os outros.

Tiro notas baixas. Minhas falhasfazem com queeu não pareça

bom para oprofessor.

1 - Concordo plenamente 2 - Concordo 3 - Estou em dúvida 4 - Discordo 5 - Discordo plenamente

Figura 7II - Não gosto das de aulas EF, quando… (2ª Recolha)

83

maioria dos alunos, a afinidade entre si, enquanto turma, parece ser

insignificante, embora 35% (concordo) e 6% (concordo plenamente) valorizem

este fator.

Na segunda afirmação, “Eu gosto das aulas de Educação Física,

quando…” é possível observar que mais uma vez existe um elevado número de

respostas “estou em dúvida”. Contudo, atendendo aos restantes valores,

percebe-se que os alunos vêm as aulas de EF, muitas vezes, como um refúgio,

por ser um momento em que se abstraem dos problemas e do mundo exterior

(35% concordo e 6% concordo plenamente). Além disso, como descrito

anteriormente, apesar da maioria dos alunos parecer revelar pouca afinidade

com os colegas, é possível constatar que os alunos desta turma gostam das

aulas de EF quando sentem que as suas opiniões são aceites (35% concordo e

24% concordo plenamente) e se sentem integrados no grupo com quem

trabalham (35% concordo e 29% concordo plenamente). Aliado a este fator,

está ainda a necessidade que os alunos parecem sentir de ver a sua atuação

reconhecida pelo professor e pelos colegas (65%). Estes dados parecem

corroborar com a ideia de Ryan e Deci (1997), quando afirmam que, a

motivação que depende também de fatores externos, particularmente do

reconhecimento do outro. Neste caso, do professor e da turma.

Por último, na terceira afirmação, “Não gosto das aulas de Educação

Física, quando…”, atendendo que esta afirmação é uma contradição há

anterior, é possível observar de forma mais minuciosa os motivos que levam os

alunos a não se empenharem nas aulas de EF ou a desmotivarem-se ao longo

da aula. Nesta afirmação, verifica-se que os alunos não gostam das aulas,

principalmente pela não-aceitação e integração no grupo (24% concordo

plenamente e 35% concordo), tal como foi possível observar na questão

anterior. Os dados destacam ainda dois fatores que influenciam o gosto pelas

EF, designadamente o professor e a avaliação. Como é possível observar,

existe um elevado número de alunos que não gostam de EF, pelo facto de não

simpatizarem com o professor (24% concordo plenamente e 35% concordo),

por serem objeto de comparação por parte do professor (29% concordo

plenamente e 24% concordo), ou ainda, por não terem um reconhecimento

84

ativo (“Minhas falhas fazem com que não pareça bom para o professor”), por

exemplo, elogios e feedbacks positivos (18% concordo plenamente e 41%

concordo). Por fim, como referido a avaliação, é outro dos fatores que parece

assumir destaque nos resultados apresentados. Parece ser notável que os

alunos associam o gosto pelo EF com a classificação que lhes é atribuída no

final do período. De facto, ao interagir com esta turma, constatei que os alunos

não percebem a classificação final da disciplina como algo para a qual

precisam de trabalhar para alcançar o sucesso ou como algo que tem de ser

merecido e “suado”. Pelo contrário, as classificações eram vistas pelos alunos

como uma ajuda que os professores deveriam dar para eles manterem ou

melhorarem a média final, para que pudessem entrar na faculdade com uma

boa média.

Após esta primeira recolha e análise dos dados, percebi a necessidade de

implementar algumas estratégias/medidas, de modo a proporcionar aos alunos

uma perceção mais positiva em relação às aulas de EF, levando-os a sentirem-

se mais motivados. Para o efeito, apliquei algumas estratégias adaptadas por

Marante (2008), que tem em conta os aspetos individuais necessários para a

motivação de cada aluno, os aspetos situacionais ou contextuais e os aspetos

diretamente relacionados com as tarefas. Estas estratégias foram aplicadas ao

longo das UT de Atletismo e Orientação, indo de encontro às mais evidentes

necessidades da turma e também às limitações dos recursos espaciais e que

as UT proporcionavam.

As estratégias mais utilizadas foram as referentes aos aspetos situacionais

ou contextuais e as relacionadas com a tarefa, Contudo também foram

utilizadas algumas relacionadas com os aspetos individuais, nomeadamente a

envolvência do aluno no processo de autoavaliação.

2º Momento

Relativamente aos dados da segunda recolha é notória uma diminuição da

percentagem de respostas “estou em dúvida”, o que poderá indicar alguma

segurança e certeza nas respostas fornecidas pelos alunos.

85

Na minha opinião, estas mudanças deveu-se ao facto de os alunos

sentirem uma maior confiança no professor e, consequentemente, uma maior

integração nas atividades desenvolvidas.

Relativamente à primeira afirmação, os alunos parecem agora gostar de

realizar as aulas de EF por terem oportunidade de estarem com os amigos ou

porque querem tirar boas classificações, o que me leva a crer que já se pode

encontrar algum prazer associado às vivências nas aulas de EF. No meu

entendimento, estes resultados foram conseguidos pelo clima de aprendizagem

saudável criado pelo professor. Aqui, procurou-se incentivar os alunos ao

trabalho de equipa, à cooperação e ao respeito pelo próximo.

Na segunda afirmação, já é possível observar que os alunos estão mais

envolvidos nas atividades das aulas de EF, acabam por se esquecer das

restantes aulas ou dos problemas exteriores (18% concordam plenamente e

35% concordam). No que toca ao reconhecimento por parte dos professores e

dos colegas, também é possível observar algumas melhorias, (18% em dúvida

e 65% concorda) resultados estes que foram conseguidos através das

estratégias utilizadas referidas anteriormente. Relativamente ao professor, os

efeitos emergem da maior atenção prestada ao desempenho dos alunos assim

como ao seu esforço.

Estes aspetos de integração nos grupos de trabalho e do respeito dos

outros, parecem atender às ideias de Cratty (1983). Este autor refere que para

os jovens é importante a integração e a criação de laços num grupo para se

sentirem envolvidos nas atividades. Assim, parece ser claro que a criação

destes laços de afetividade proporcionou melhorias no envolvimento dos

alunos na realização das atividades propostas nas aulas. Enquanto professora,

também tive uma preocupação extrema com as relações sociais de modo a

motivar a turma.

É notório que o gosto pelas aulas de EF nesta turma, está muito associado

ao reconhecimento que lhes é concedido e isto, deve-se também, às

dificuldades motoras que os alunos possuem. Os alunos sentem uma grande

86

necessidade de serem reconhecidos pelos colegas e pelo professor para que,

consequentemente, se sintam integrados na turma.

Na terceira afirmação, os fatores associados à integração dos alunos e às

fracas classificações, mantiveram-se quase iguais, continuando assim com

baixas classificações. Por outro lado a afirmação relacionada com o professor,

com a comparação de rendimentos, com o facto dos alunos não se sentirem

bons para o professor, com a questão dos colegas gozarem com as falhas uns

dos outros, teve grandes melhorias. Ou seja, ocorreram melhorias significativas

tanto na relação e perceção do papel do professor como na maturidade dos

alunos, fazendo com que alguns alunos deixassem de gozar com as falhas dos

colegas, e ajudassem todos a melhorar o seu desempenho. Estas melhorias

foram resultado do trabalho desenvolvido em equipa que procurei proporcionar

ao longo de todas as aulas, despertando nos alunos o sentido de pertença a

um grupo.

87

4.2.6. Conclusões

Enquanto profissional de EF, sempre me preocupei não apenas com o

desenvolvimento das habilidades motoras e capacidades físicas dos alunos,

mas também os aspetos psicossociais, visando um crescimento saudável e

harmonioso do indivíduo. Para o efeito, considerei ser importante conhecer os

motivos e os fatores que conduziram os alunos a gostarem ou não das aulas

de EF, visto que são esses fatores que determinam o seu empenho na

realização dos exercícios (Ferreira, 2005). Aceder a esta informação foi muito

importante para que pudesse intervir nas aulas de forma a envolver os alunos,

otimizando o processo de ensino aprendizagem e proporcionando um bem-

estar físico e psicológico.

Através do primeiro momento de recolha consegui perceber que os alunos

se sentiam “obrigados” a participar nas aulas de EF. Uma vez que participavam

nas aulas apenas por ser uma disciplina que fazia parte do currículo e por

precisarem da classificação. Por outro lado, também ficou patente a

necessidade de afirmação dos alunos perante os colegas e a necessidade de

se “exibirem” a fim de terem algum reconhecimento pelo bom desempenho.

Perante a implementação das estratégias motivacionais adaptadas às

necessidades aferidas inicialmente, foram notórias melhorias, não só no que

toca aos relacionamentos como também à participação obrigatória nas aulas.

Além disso, os resultados parecem mostrar que para os adolescentes, as

relações afetivas com os colegas e com o professor são importantes para que

se mantenham motivados. O professor de EF, tem um papel preponderante

neste aspeto, criando situações onde esteja presente o trabalho em grupo

fomentando assim a cooperação, o espirito de equipa e entreajuda.

A motivação dos adolescentes na EF, busca assim, uma realização das

atividades com eficiência, eficácia, competência e prazer de modo a mostrar a

si mesmo, ao professor e aos colegas que é capaz de ser bom.

88

Após a realização deste estudo, entendo que é fundamental o professor de

EF possuir todos os conhecimentos inerentes à sua profissão e ao ensino da

mesma, mas é também fundamental ter o conhecimento de métodos

adequados e motivadores para os alunos. Pois, a partir destes conseguirá

otimizar o processo de ensino, a relação professor-aluno e, por conseguinte, as

aprendizagens dos alunos.

Esta investigação, proporcionou-me não só um melhor conhecimento dos

aspetos motivacionais da turma com quem trabalhei, como também uma

melhoria na minha intervenção, no sentido de motivar os alunos para as aulas

de EF. Ao longo das aulas os comportamentos dos alunos melhoraram,

tornando-se mais fácil trabalhar cm eles nas diferentes situações de

aprendizagem. Além disso, a realização deste estudo proporcionou-me um

prazer e orgulho enorme em trabalhar com estes alunos.

89

Conclusões e perspetivas para o futuro

Concluída mais uma etapa do meu processo de formação, afirmo com toda

a certeza que o EP teve um papel fundamental no meu desenvolvimento

pessoal, profissional e social. Ao longo deste ano, vivenciei experiências e

adquiri competências que me irão acompanhar ao longo de toda a vida. Ao

nível pessoal aprendi a melhorar as minhas atitudes e comportamentos

tornando-me numa pessoa muito mais recetiva à perspetiva crítica construtiva

dos outros. Ao nível profissional, tive a oportunidade de aplicar na prática e de

reconstruir saberes teóricos adquiridos ao longo da minha formação

académica. Assim, importa referir que, não só este ano de EP, mas também os

anos anteriores da formação foram proveitosos e inesquecíveis, pois

transmitiram-me um conjunto de saberes essenciais para a profissão docente.

Em todos estes anos, além das competências que adquiri com a formação

académica, adquiri valores, princípios e aprendizagens que me amadureceram

como pessoa, devido ao facto de estar a viver longe da minha ilha e da minha

família. Ganhei um enorme sentido de responsabilidade, que foi transposto

para a minha formação e para a minha atuação na escola, ajudando-me a

crescer como pessoa e como profissional. Tudo isto preparou-me para

ultrapassar as adversidades que certamente irei encontrar ao longo da minha

vida.

Além disso, todo este processo de integração na vida profissional, ajudou-

me a adquirir competências profissionais ao nível do desempenho crítico e

reflexivo, devido à procura contínua de informação e organização de

conhecimentos. Foi esta atitude reflexiva que me proporcionou a criação de

estratégias didático-metodológicas, capazes de dar resposta às necessidades

dos meus alunos. Tudo isto permitiu-me perceber que, não é apenas

importante conhecer os conteúdos que pretendemos ensinar, mas é também

imprescindível saber como transmitir esses conteúdos e conhecimentos aos

alunos. Constatei ainda que, em contexto real é necessário ter a sensibilidade

para perceber que cada aluno apresenta o seu ritmo de aprendizagem,

90

cabendo a nós professores, adquirir as melhores estratégias para que todos os

alunos possam aprender.

A PES, foi um momento de importante reflexão e crescimento nos diversos

níveis. Aqui, aprendi a contornar e superar as minhas dificuldades, a arriscar, a

tomar decisões com base nos meus conhecimentos e nas minhas crenças, a

adquirir consciência dos erros e, principalmente, a ser recetiva a novas

aprendizagens e metodologias.

Com esta participação na comunidade escolar, senti o privilégio da

oportunidade de partilhar conhecimentos e experiências com o grupo da

disciplina de EF, com o núcleo de estágio, com o PC, com a PO e com todos

aqueles que de alguma forma estiveram presentes ao longo deste percurso.

Todos eles, através destas partilhas, ajudaram-me a tornar uma professora

mais completa.

Ao longo deste ano, superei muitas dificuldades e melhorei outras, contudo

ainda existem algumas “falhas” que apenas irei conseguir ultrapassar com a

experiência. Pois, mantenho vivo o sonho de um dia puder ser professora.

Deste modo, não pretendo encarar o final deste ciclo como o fim da minha

formação, mas sim como um novo ponto de partida, ambicionando um

desenvolvimento constante, que se possa caraterizar pelo aprimoramento das

minhas capacidades, com o objetivo de alcançar um nível superior de atuação.

Concluída esta etapa da minha formação, é com enorme saudade e

orgulho que olho para trás e afirmo “que dei o melhor de mim em todos os

momentos, encarando todos os desafios como se fossem os últimos”.

91

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XXI

Anexos

XXII

XXIII

Anexo I - Questionário

QUESTIONÁRIO

Tema: ”Motivação para as aulas de Educação Física”

Instruções: Responda às questões abaixo colocando uma cruz ( x ) na

resposta que te parece mais adequada.

Motivação Extrínseca

1 -

Co

nco

rdo

ple

na

me

nte

2 -

Co

nco

rdo

3 -

Esto

u e

m

dúvid

a

4 -

Dis

co

rdo

5 -

Dis

co

rdo

ple

na

me

nte

1. Participo nas

aulas de

Educação Física,

porque:

Faz parte do currículo.

Estou com amigos.

Meu rendimento é melhor do que o

dos meus colegas.

Preciso tirar boas notas.

2. Eu gosto das

aulas de

Educação Física,

quando:

Esqueço das outras aulas.

O professor e os meus colegas

reconhecem a minha atuação.

Sinto-me integrado no grupo.

Minhas opiniões são aceites.

Saio-me melhor que os meus colegas.

3. Não gosto das

aulas de

Educação Física,

quando:

Não me sinto integrado no grupo.

Não simpatizo com o professor.

O professor compara o meu

rendimento com o dos outros.

Meus colegas gozam das minhas

falhas.

Alguns colegas querem demostrar que

são melhores que os outros.

Tiro notas baixas.

Minhas falhas fazem com que eu não

XXIV

pareça bom para o professor.

Motivação Intrínseca

1 -

Co

nco

rdo

ple

na

me

nte

2 -

Co

nco

rdo

3 -

Esto

u e

m

dúvid

a

4 -

Dis

co

rdo

5 -

Dis

co

rdo

ple

na

me

nte

1. Participo nas

aulas de

Educação Física,

porque:

Gosto de atividades físicas.

As aulas dão-me prazer.

Gosto de aprender novas habilidades.

Acho importante aumentar os meus

conhecimentos sobre desportos e

outros conteúdos.

2. Gosto das

aulas de

Educação Física,

quando:

Aprendo uma nova habilidade.

Dedico-me ao máximo na atividade.

Compreendo os benefícios das

atividades propostas nas aulas.

As atividades dão-me prazer.

O que eu aprendo faz-me querer

praticar mais.

Movimento o meu corpo.

3. Não gosto das

aulas de

Educação Física,

quando:

Não consigo realizar bem as

atividades.

Não sinto prazer nas atividades

propostas.

Quase não tenho oportunidade de

jogar.

Exercito pouco o meu corpo.

Não há tempo para praticar tudo o que

gostaria.

XXV

Nome:

_______________________________________________________________

_

XXVI

Anexo II - Autorização dos EE, para o preenchimento do questionário

Exmo(a). Senhor(a) Encarregado(a) de Educação,

Assunto: Autorização para preenchimento de questionário relacionado

com a motivação para as aulas de Educação Física (EF).

A área disciplinar de Educação Física e Desporto integra o núcleo de

estágio pertencente ao Mestrado de Ensino da Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

Com o intuito perceber os motivos que levam os alunos a gostar ou não

da EF e consequentemente melhorar as práticas docentes, solicitamos a

autorização a V.Ex.a para o seu educando realizar o preenchimento de um

questionário em dois momentos (final de Fevereiro e início de Abril), tendo

como objetivos:

Identificar os motivos da participação dos alunos nas aulas de EF;

Diagnosticar os motivos que levam os alunos a gostar ou não das

aulas de EF;

Melhorar as estratégias de ensino ao longo do processo de ensino

aprendizagem, contribuindo para o aumento da motivação dos alunos para as

aulas de EF.

Será garantido o anonimato dos participantes e todos os dados

recolhidos serão mantidos sob confidencialidade, sendo eliminados após a

análise.

Sem outro assunto, agradeço a vossa colaboração e disponibilidade.

Com os melhores cumprimentos,

Escola Secundária Almeida Garrett, 17 de Fevereiro de 2013

O Coordenador do Departamento de Expressões,

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

- - - - - - - - - - - - -

XXVII

Eu, Encarregado(a) de Educação do(a)

__________________________________________, tomei conhecimento e

autorizo que o meu educando preencha o questionário.

_____________________________________

Encarregado de Educação