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1 Ensino Fundamental Nível II PRODUÇÃO DE TEXTO NOME: NÚMERO: ___/___/2012 F-8_______ ATIVIDADE 1 PARA RECUPERAÇÃO ANUAL CRÔNICA E CARTA DE LEITOR A. Após ler a crônica que está abaixo, responda às questões: Os Pães Duros Walcyr Carrasco | 18/11/2009 Um amigo me convidou para almoçar. Combinamos o restaurante. Chegou animado. –– Há quanto tempo a gente não se vê! A conversa foi ótima. Insistiu: –– Saia do regime! Vamos pedir uma sobremesa! Veio a conta. –– Hoje é minha! –– avisou. Estranhei. Abrir a carteira não é com ele. Seria um milagre, diante dos meus olhos? Observou os cartões de crédito, desanimado. –– Esqueci as senhas. Vamos ver se meu dinheiro dá, achei que a conta seria menor. Obviamente, não deu. Era truque. Pensei em chamar a polícia. Dizer que fora convidado para almoçar e agora levava o calote. Rangendo os dentes, paguei com meu cartão. Fomos passear no shopping. Dois outros amigos se agregaram a nós. –– Vamos torrar dinheiro? –– perguntou ele, indicando um endereço famoso pelos cremes, sabonetes e perfumes importados. Ingenuamente, concluí que ele havia emprestado dinheiro de algum dos outros, que tinham decidido cortar os cabelos. Ele escolheu vários cremes e sabonetes. –– Este aqui, de amêndoas, é ótimo. Experimente –– insistiu. Deliciado diante da uma compra monumental, o vendedor espalhou não só o de amêndoas, mas vários tipos de creme nas minhas mãos, no pescoço, no nariz. Meu amigo revelou: –– Faço questão de oferecer de presente para você. O vendedor montou duas pirâmides: a minha e a dele. O pão-duro sacou a carteira. E repetiu a cantilena. –– Não lembro a senha dos cartões. Veja se meu dinheiro dá. Arrepiei. Se era insuficiente para um almoço, como abarcar o lote de importados? Contas feitas, ele me encarou com ar de cachorro sem dono. –– Não dá.

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Ensino Fundamental Nível II – PRODUÇÃO DE TEXTO

NOME: NÚMERO:

___/___/2012 F-8_______

ATIVIDADE 1 PARA RECUPERAÇÃO ANUAL

CRÔNICA E CARTA DE LEITOR A. Após ler a crônica que está abaixo, responda às questões:

Os Pães–Duros Walcyr Carrasco | 18/11/2009

Um amigo me convidou para almoçar. Combinamos o restaurante. Chegou animado.

–– Há quanto tempo a gente não se vê!

A conversa foi ótima. Insistiu:

–– Saia do regime! Vamos pedir uma sobremesa!

Veio a conta.

–– Hoje é minha! –– avisou.

Estranhei. Abrir a carteira não é com ele. Seria um milagre, diante dos meus olhos? Observou os cartões de crédito, desanimado.

–– Esqueci as senhas. Vamos ver se meu dinheiro dá, achei que a conta seria menor.

Obviamente, não deu. Era truque. Pensei em chamar a polícia. Dizer que fora convidado para almoçar e agora levava o calote. Rangendo os dentes, paguei com meu cartão. Fomos passear no shopping. Dois outros amigos se agregaram a nós.

–– Vamos torrar dinheiro? –– perguntou ele, indicando um endereço famoso pelos cremes, sabonetes e perfumes importados.

Ingenuamente, concluí que ele havia emprestado dinheiro de algum dos outros, que tinham decidido cortar os cabelos. Ele escolheu vários cremes e sabonetes.

–– Este aqui, de amêndoas, é ótimo. Experimente –– insistiu.

Deliciado diante da uma compra monumental, o vendedor espalhou não só o de amêndoas, mas vários tipos de creme nas minhas mãos, no pescoço, no nariz.

Meu amigo revelou:

–– Faço questão de oferecer de presente para você.

O vendedor montou duas pirâmides: a minha e a dele. O pão-duro sacou a carteira. E repetiu a cantilena.

–– Não lembro a senha dos cartões. Veja se meu dinheiro dá. Arrepiei. Se era insuficiente para um almoço, como abarcar o lote de importados? Contas feitas, ele me encarou com ar de cachorro sem dono.

–– Não dá.

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Só então percebi o truque: eu é que pagaria! Se ele estava sendo tão generoso em me presentear, como não agir da mesma maneira? Fiz cara de paisagem.

–– Ah, que pena... Amanhã você dá um jeito e volta aqui.

O vendedor quase começou a chorar. Ele concordou.

–– É, se não há outro jeito...

–– E não se esqueça dos que ia me dar de presente. – lembrei, venenosamente.

–– Vai ganhar a linha completa! Amanhã deixo na sua casa!

Nunca mais tocou no assunto.

Conheço uma senhora especializada no truque do restaurante. Marca um encontro em um lugar caro. Deita e rola! Na hora da dolorosa, refugia–se no toalete. A conta vem. O tempo passa. O garçom rodeia a mesa. Finalmente, pago. Fazer o quê? Invadir o toalete atrás dela?

Outro conhecido comparecia com o cartão vencido. No momento de dividir, surpreendia–se:

–– Ih, nem reparei. O cartão expirou!

Impossível manter as boas maneiras:

–– Essa você já contou na semana passada. Inventa outra.

Nada me dá mais raiva do que presente de pão-duro.

–– É só uma lembrancinha...

–– Achei que esta caixinha de papelão tinha a sua cara!

–– Trouxe este sabonetinho... Depois te dou coisa melhor.

Presente para mim é algo escolhido com sentimento, seja caro ou barato. Melhor não ganhar nada do que ouvir desculpa.

Pior é receber hóspede incapaz de comprar um refrigerante. Durante um ano, um conhecido recebeu um amigo do interior, aluno de um curso de fim de semana. Jamais contribuiu com um pãozinho francês. Ainda reclamava:

–– O almoço está demorando! Tenho aula!

O pão-duro jamais tem trocado para o táxi, mas exige centavos do troco. Ou recicla presente ou estoca sacolas de grife para enfiar camisetas de camelô e fazer bonito. Um pão-duro pode ter qualidades que valham a amizade. Mas já decidi: em truque não caio mais. Se alguém escapar para o toalete na hora da conta, vou também. Se for preciso, fujo pela janela!

1. Você aprendeu que a crônica é um gênero textual híbrido, que oscila entre o jornalismo e a

literatura. Geralmente, é um texto curto que apresenta a visão pessoal do cronista sobre um

fato colhido no noticiário do jornal ou no cotidiano.

a) Que fato desencadeou a crônica Os pães-duros?

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b) Esse fato pertence ao noticiário do jornal ou ao cotidiano?

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2. O autor alega que só caía nos truques do amigo, por quê?

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3. Observe a linguagem empregada na crônica.

a) Que tipo de linguagem é adotado: o culto formal, o informal ou o coloquial? Justifique.

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b) Dos itens abaixo, qual deles traduz o modo como o cronista tece seus argumentos ao

descrever seu relacionamento com amigos pães-duros?

( ) de forma impessoal e objetiva, numa linguagem jornalística de humor

( ) de forma pessoal e subjetiva, numa linguagem artística de humor

B. Relembrando... CARTA DE LEITOR

A carta de leitor apresenta as seguintes características:

expressa a opinião do leitor sobre matérias publicadas em jornais ou revistas

faz solicitações ao editor ou uma denúncia sobre um assunto de interesse social

é um gênero argumentativo, pois tem a finalidade de convencer o interlocutor

tem estrutura semelhante à da carta pessoal, apresentando: local e data, vocativo, assunto, expressão cordial de despedida e assinatura

geralmente segue a variedade padrão de linguagem

não apresenta título Proposta

Leia a crônica que segue: “Loucos por academia” e escreva uma carta de leitor para o autor do

texto, comentando–a.

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APRESENTAÇÃO TEMA TIPO DE

COMPOSIÇÃO LINGUAGEM COESÃO COERÊNCIA

limpeza, letra legível, respeito às margens e rasuras

Texto mantém o tema apresentando na crônica?

1. colocar data e local; 2. iniciar o texto com vocativo; 3. no corpo, introduzir a notícia, comentar sobre o assunto principal do texto e posicionar-se (argumentar), comentar sobre os dados extras e, se desejar, comentar sobre a estrutura do texto; 4. despedir-se de forma adequada; 5. assinar a carta.

Predominantemente padrão (informal), simples e direta Grafia Acentuação Concordar substantivo com adjetivo, numeral e pronomes Concordar verbo com substantivo Colocação pronominal Emprego de preposições

Não repetição; Sinônimos não criando novas repetições; Omissão com pontuação correta; Emprego correto das palavras que são utilizadas para ligar palavras ou orações; Estrutura das frases.

Interna – Lógica dos fatos apresentados no texto Externa – Lógica dos fatos apresentados no texto em relação à realidade