Ácidos e bases duros e macios teoria hsab de pearson
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Ácidos e Bases Duros e Macios
Teoria HSAB de Pearson
• Os ácidos e as bases possuem várias propriedades que determinam a extensão de suas reações.
• Por exemplo, os haletos de prata possuem uma faixa ampla de solubilidades em água.
AgF(s) + H2O Ag+(aq) + F-
(aq) Kps=205
AgCl(s) + H2O Ag+(aq) + Cl-(aq) Kps=1,8x10-10
AgBr(s) + H2O Ag+(aq) + Br-
(aq) Kps=5,2x10-13
AgI(s) + H2O Ag+(aq) + I-
(aq) Kps=8,3x10-17
• A solvatação dos íons é um fator muito importante nestas reações. O fluoreto é muito mais solvatado do que os outros ânions.
• Entretanto, a tendência também se deve às mudanças no grau de interação entre os haletos e os íons prata.
• As interações podem ser expressas em termos de ácidos e bases duros e macios (hard and soft acids and bases – HSAB), onde cátion metálico é o ácido e o ânion haleto é a base.
• Ácidos e bases duros são pequenos e não polarizáveis.
• Ácidos e bases macios são grandes e mais polarizáveis.
• As interações entre duas espécies duras ou duas espécies macias são mais fortes do que as interações entre uma espécie dura e uma macia.
• Na série das reações Ag-haleto, o iodeto é muito mais macio (mais polarizável) do que os outros e é o que interage mais fortemente com o íon prata, um cátion macio.
• O resultado é uma ligação mais covalente e um precipitado amarelo.
Fluoreto de prata Branco
Cloreto de prata Branco
Brometo de prata Amarelado
Iodeto de prata Amarelo
• A cor depende da diferença de energia entre os orbitais ocupados e desocupados. Uma diferença grande resulta numa absorção na região ultravioleta do espectro, e uma diferença menor desolca a absorção para a região visível.
• Compostos que absorvem o azul aparecem ser amarelos; a medida que a absorção se move para energias menores, a cor muda e se torna mais intensa.
• O preto indica absorção muito ampla e muito intensa.
• Baixa solubilidade e cor geralmente indicam interações macio-macio.
• Compostos incolores e de alta solubilidade indicam interações duro-duro, embora algumas combinações duro-duro tenham baixa solubilidade.
• Por exemplo, os haletos de lítio tem solubilidade aproximadamente inversa em relação aos haletos de prata.
LiBr>LiCl>LiI>LiF.• As solubilidades mostram interações duro-duro
fortes no LiF que supera a solvatação da água, mas as fracas interações duro-macio dos outros haletos não conseguem superar a solvatação.
• O LiI está fora da posição esperada, provavelmente por causa da solvatação difícil do volumoso íon iodeto, mesmo assim, ele é 100 vezes mais solúvel do que o LiF.
• Estas reações ilustram as regras descritas por Fajans em 1923. Compostos com caráter mais covalente são menos solúveis, tem mais cor e distâncias interiônicas menores.
1. Para um dado cátion, o caráter covalente aumenta com o aumento do tamanho do ânion.
2. Para um dado ânion, o caráter covalente aumenta com a redução do tamanho do cátion.
3. O caráter covalente aumenta com o aumento da carga em qualquer um dos íons
4. O caráter covalente é maior para cátions sem a configuração eletrônica do gás nobre.
• Os haletos de prata são descritos pelas regras 1 e 4, com solubilidade decrescente (e covalência aumentando) a medida que o tamanho do ânion aumenta.
• Além disso, o íon prata não tem configuração eletrônica de gás nobre, o que aumenta sua covalência.
• Outros exemplos:• AgS é muito menos solúvel que AgO
(regra 1)• Fe(OH)3 é muito menos solúvel que
Fe(OH)2 (regra 3).• FeS é muito menos solúvel que Fe(OH)2
(regras 1 e 3).• Ag2S é muito menos solúvel que AgCl
(regra 3)• Sais de metais de transição em geral são
menos solúveis que os de metais alcalinos e alcalinos terrosos (regra 4).
• Essas regras são úteis na previsão do comportamento de combinações cátion-ânion específicas em relação a outras, embora não sejam suficientes para explicar todas estas reações.
• Arhland, Chatt e Davies classificaram este fenômeno dividindo os metais em duas classes:
• (a): A maioria dos metais• (b): Cu++, Pd++, Ag+, Pt++, Au+, Hg2
+2, Hg+2,Tl+,Tl3+, Pb2+ e metais de transição mais pesados.
• Os íons classe (b) formam haletos cuja solubilidade é F>Cl>Br>I.
• Os íons da classe (a) seguem a tendência inversa.
• Para os três autores, a explicação do comportamento dos íons (b) está nos elétrons d que podem formar ligações .
• Moléculas e íons doadores de elétrons que possuem entalpias de reação mais favoráveis com os metais classe (b) são aqueles que são mais polarizáveis e possuem orbitais d ou * disponíveis para ligações .
Teoria HSAB• Pearson chamou os íons tipo (a) de
ácidos duros e os íons tipo (b) de ácidos macios.
• As bases também podem ser classificadas como duras e macias.
• Por exemplo, os haletos variam desde o F-
(base dura) até o I- (base macia).
• As reações são mais favoráveis entre espécies duro-duro e macio-macio do que uma mistura duro-macio.
• A idéia de duro e macio depende muito da polarizabilidade, ou seja, o grau com que uma molécula ou íon é distorcido pela interação com outra espécie.
• Os elétrons numa molécula polarizável podem ser atraídos ou repelidos pelas cargas em outras moléculas, formando espécies levemente polares que se combinam com as outras moléculas.
• Espécies duras:
- Pequenos;
- Compactos;
- Não-polarizáveis
• Espécies macias:
- Grandes
- Polarizáveis
• Ácidos duros:- Cátions com alta carga positiva (+3 ou maior) ou- Aqueles que possuem elétrons d relativamente
indisponíveis para a ligação .
• Ácidos macios:- Aqueles que possuem elétrons d prontamente
disponíveis para a ligação .
- Além disso, quanto maior o átomo, mais macio ele tende a ser.
Exercícios
• Qual espécie deve formar sais insolúveis com íons metais de transição +3 com mais facilidade: OH- ou S=?
• Qual deles deve formar sais insolúveis com metais de transição +2 com mais facilidade?
Exercícios• Alguns dos produtos das reações abaixo são
insolúveis e alguns formam adutos solúveis. Considere apenas as características HSAB na sua resposta:
• Cu2+ irá reagir mais fortemente com o OH- ou NH3? Com O2- ou S2-?
• Fe3+ irá reagir mais fortemente com o OH- ou NH3? Com O2- ou S2-?
• Ag+ irá reagir mais fortemente com NH3ou PH3?• Co vai reagir mais fortemente com Fe, Fe2+ ou
Fe3+?
• Além de comparações entre maciez e dureza, a força dos ácidos e da base também deve ser levada em consideração.
• A dureza ou maciez não tem relação com a força do ácido e esta força pode ser mais importante do que as características de dureza. Devemos considerar as duas ao mesmo tempo.
• Por exemplo, se duas bases macias estão em competição pelo mesmo ácido, a mais forte será favorecida, a menos que exista uma diferença muito grande na maciez das duas.
• ZnO + 2LiC4H9 Zn(C4H9)2 + Li2O
m-d d-m m-m d-d
(m: macio; d: duro)
No exemplo acima, os parâmetros HSAB são mais importantes do que a força do ácido porque Zn++ é bem mais macio do que Li+. Em geral, combinações duro-duro são mais favoráveis energeticamente do que macio-macio.
Medidas Quantitativas• Pearson definiu a dureza absoluta como a
metade da diferença entre a energia de ionização e a afinidade eletrônica (ambos em eV):
=(I-A)/2
A maciez é o inverso da dureza:
=1/
• Mulliken definiu a eletronegatividade absoluta
=(I+A)/2
Espécies duras são aquelas que possuem uma grande diferença entre energia de ionização e afinidade eletrônica.
A energia de ionização é uma medida da energia do HOMO e a afinidade eletrônica é uma medida do LUMO de uma molécula.
• A dureza absoluta não é suficiente para descrever completamente a reatividade pois não explica força dos ácidos e das bases.
• Um sistema com parâmetros mais quantitativos existe (criado por Drago e colaboradores) e inclui os fatores eletrostáticos e covalentes.
• Para a reação: A + B AB na fase gasosa ou num solvente inerte, temos:
-H = EAEB + CACB
• Onde H é a entalpia da reação (kcal/mol), E e C são parâmetros calculados a partir dos dados experimentais. E é uma medida da capacidade de interações iônicas e C é uma medida da tendência de se formar ligações covalentes. A é para ácido e B é para base.
• Exemplo:
I2 + C6H6 I2·C6H6
Ácido Base
-H = EAEB + CACB
H = -(1,00 x 0,681 + 1,00 x 0,525)
H = -1,206 kcal/mol
O valor experimental é de 1,3kcal/mol
• Este é um aduto fraco e o cálculo não tem uma boa concordância com o experimento (erro de 10%). Como o método só prevê um conjunto de valores por composto, Drago usou médias estatísticas para que os erros fossem os menores possíveis.
• Drago argumentou que seu sistema explica a formação de adutos ácido-base melhor do que o sistema HSAB de Pearson. O sistema de Drago enfatiza dois fatores: atração eletrostática e covalência. Pearson se concentrou apenas na covalência.
• Na verdade, nenhuma das duas abordagens é perfeita. Ambas são úteis quando os dados estão disponíveis. A fórmula de Drago é mais quantitativa, mas quando os valores não estiverem disponíveis, o método de Pearson pode fornecer pistas sobre as reações.
• Um fator importante que nenhuma das abordagens considera é a solvatação. Na maioria dos casos, as reações serão influenciadas pelos solventes, que podem promover ou inibir as reações, dependendo de como ele interaja com os reagentes.