os lusíadas- simbologia e mitificação do herói
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Os Lusíadas: a simbologia e a mitificação do herói
* Baco e Vénus representam, respetivamente, as forças oponentes e
adjuvantes da viagem: a hostilidade de alguns povos, ventos, mares,
tempestades foram alguns dos obstáculos com que os navegadores
portugueses se confrontaram, poeticamente representados pela influência
de Baco. Contudo, houve também exemplos de gentes hospitaleiras,
ventos, marés ou condições climatéricas favoráveis, que facilitaram o
sucesso da viagem (influência de Vénus).
Perante a dificuldade que constituía a travessia do Cabo das
Tormentas, colocava-se a hipótese da impossibilidade de contornar
o continente africano. Simbolicamente, o gigante Adamastor que
Vasco da Gama enfrentou, desafiando-o a contar a sua história,
deixa de representar o medo do desconhecido. Sugere-se, por isso,
a vitória do homem sobre os receios e os mitos do fim do mundo; a
passagem do Cabo da Boa Esperança
* A Ilha dos Amores simboliza o espaço do sonho, a recompensa, a
imortalidade. A condição humana é ultrapassada e o homem ascende ao
lugar dos deuses, em função dos feitos conseguidos. Conquistada a
perenidade, o futuro é desvendado através de profecias e da apresentação
da Máquina do Mundo que dá acesso à contemplação do universo. Deste
modo o homem torna-se, simbolicamente, senhor do Tempo e do
Espaço. Daí o episódio dos Cantos IX/X constituir o exemplo da
divinização humana pela humanização das deusas e das ninfas.