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OS IMPACTOS DA REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA NA SAÚDE DOS

TRABALHADORES DAS MONTADORAS AUTOMOBILÍSTICAS DO MUNICÍPIO

DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

Nayara Albino Gonçalves1

Camila Ribeiro Tomé

Edvânia Ângela Souza Lourenço

Resumo Este estudo busca discutir a importância do trabalho para a produção e reprodução da vida, portanto, essencial aos seres humanos, mas que em determinadas condições ocasiona o depauperamento e o desgaste da saúde de quem trabalha. Trata-se de estudar os impactos da reestruturação produtiva para as relações sociais de trabalho e de saúde em um lócus determinado: montadoras automobilista do Município de São Bernardo do Campo, especificamente no período de 2010-2011. Busca-se a partir do estudo das notificações dos agravos à saúde dos trabalhadores registrados pelo CEREST do município de são Bernardo do Campo e de entrevistas semi-estruturadas com quatro trabalhadores, e ainda um representante/ diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e um profissional do CEREST, do referido município, analisar as condições de vida e trabalho dos trabalhadores do ramo industrial em questão, suas jornadas de trabalho, aspectos salariais e ocupacionais, para que desta forma possamos contribuir para a defesa da saúde e segurança no trabalho.

1 Introdução

Historicamente, o Brasil se destacou no mercado mundial, primordialmente, pela

exportação de produtos primários [...] “uma vez que nas formas anteriores de indústria eram

prisioneiras de um processo de acumulação que se realizava dentro dos marcos da exportação

do café, no qual a indústria tinha o papel de apêndice” (ANTUNES, 2006, p.16). Contudo, o

caminho da industrialização no Brasil começa a ser trilhado efetivamente por volta de 1930,

com o governo de Getúlio Vargas, mediante uma proposta de caráter nacionalista, estatal e de

auto suficiência em setores básicos. Em um discurso realizado em 1939, Getúlio explicita seu

compromisso e estratégia de substituição das importações, “Ferro, carvão e petróleo são os

esteios da emancipação de qualquer país” (GRAEML e PEINADO, 2011).

Em meados de 1950, o padrão de acumulação industrial brasileiro passa por novas

transformações com o governo de Juscelino Kubitschek, ligado a conjuntura econômica e

política do pós-segunda Guerra Mundial, corroborando para a estruturação de uma nova

política para a indústria, que por sua vez esteve diretamente ligada ao plano de metas do

1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências Humanas e Sociais – Franca. [email protected]

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Governo vigente, neste plano destacava-se a importância da estratégia produtiva de

implementação das automobilísticas no País, tendo como intuito favorecer os setores

industriais considerados dinâmicos (ARAÚJO, 2009).

Percebe-se que desde este período até a atualidade deposita-se a confiança na indústria

automobilística, enquanto principal setor produtivo do país, pela sua grande mobilização

financeira, alto grau tecnológico e estímulo à instalação de empresas multinacionais, portanto,

foi desenhado um quadro de financiamento cuja sustentação estava vinculado a um projeto de

progresso econômico ligado diretamente a entrada e dependência de capital estrangeiro

(ARAÚJO, 2009).

Entre 1959 e 1964 o Brasil vivenciou de forma mais assídua à época

desenvolvimentista, acompanhada por um “clima das liberdades democráticas” (BRANDÃO,

1980) e legitimado por um discurso um tanto convincente, “O populismo desenvolvimentista

prometia um futuro melhor uma vez que o progresso da nação se estenderia a todos com a

abundância de oportunidades e geração de riqueza, empregos, melhores salários, mercadorias,

estradas, escolas, etc.” (BRANDÃO, 1980).

Contudo, a racionalidade colocada pela fase monopolista do capitalismo era pautada

em mecanismos bem diferentes dos que haviam possibilitado sua implementação em um país

que carregava as fortes marcas de um processo de industrialização “hipertardio” (ANTUNES,

2006), sendo assim, o país não havia tomado medidas de contornos estruturais para que

pudesse se “adaptar bem” àquela inserção no mercado mundial e no processo de

industrialização, isto fez com que esta fase fosse seguida por uma grave crise econômica e

social.

Com o golpe militar de 1964, há a continuidade da expansão do padrão de acumulação

industrial iniciado com o governo Juscelino Kubitschek, marcado pela internacionalização do

país e pelo tripé: “setor produtivo estatal, capital nacional e capital estrangeiro”:

No que concerne a dinâmica interna do padrão de acumulação industrial, estruturava-se pela vigência de um processo de superexploração da força de trabalho, dado pela articulação entre baixos salários, jornada de trabalho prolongada e fortíssima intensidade em seus ritmos, em um patamar industrial significativo para um país que, apesar de sua inserção subordinada, chegou a alinhar-se, em dado momento, entre as oito grandes potências industriais (ANTUNES, 2006, p. 17).

Segundo Antunes (2006), nos anos de 1980, o país estava passando por um contexto

de “arrocho e expansão”, de grande efervescência política, mudanças culturais, sociais e

econômicas, com a ascensão dos movimentos sociais, sindicais e do tão citado Partido dos

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trabalhadores (PT), bem como a expansão do endividamento externo e das desigualdades

sociais.

No contexto mundial, o processo de acumulação capitalista, diante da crise econômica

instalada no inicio dos anos de 1970 e agudizada pela crise do petróleo, mostra que não era

apenas o Brasil que estava tentando adaptar-se aos novos ditames impostos pela era da

financeirização, havia demonstrações claras de que este processo estava acontecendo no

mundo todo. Percebe-se que o capitalismo global encontrava-se imerso em uma nova

conjuntura, a crise do petróleo trouxe consigo novas necessidades no que concerne a urgência

de se desenvolver estratégias que contribuíssem para a livre expansão do comércio e da

produção aliadas as novas políticas de governo e controle social, para superar essa fase de

crise econômica foi delineada uma estratégia de base ideológica e econômica protagonizada

pelos países de economia central:

(...) emergem das urnas, na Inglaterra e nos Estados Unidos, Margaret Thatcher e Ronald Reagan – respectivamente -, cujos governos vão canalizar a crítica àquele conjunto de idéias e práticas (Estado-providência, políticas Keynesianas, sindicatos-massa) legitimadas pelos movimentos sociais e pelas conquistas dos trabalhadores organizados (...) o tempo do neoliberalismo, da globalização, da reestruturação produtiva, revelando um Brasil – de “parque industrial ultrapassado” – que precisava incorporar tecnologias de base microeletrônica, aumentar a produtividade e melhorar a qualidade dos seus produtos para ficar mais competitivo no mercado internacional (LIMA, 2006, p. 116).

Destaca-se que ocorreram, simultaneamente, dois movimentos que se auto-

alimentaram. Tratou-se da reestruturação produtiva e do neoliberalismo, a implantação e

defesa destes dois movimentos consistiram numa ofensiva do capital na produção, tendo em

vista não só os aspectos objetivos, mas também subjetivo da classe trabalhadora (ALVES,

2000). As idéias neoliberais aliadas à proposta de reestruturação do setor produtivo

apontavam a saída “para a longa e profunda recessão instalada com a crise da década de

1970” (ANDERSON, 1996).

Deste modo, a organização do trabalho baseada nas grandes plantas fabril e com um

enorme contingente de trabalhadores foi altamente questionado, para não dizer atacado. Ou

seja, o sistema taylorista-fordista com todos os seus preceitos foi dando lugar a um sistema

flexível de organização da produção elaborado pela empresa automobilística Toyota que havia

desenvolvido técnicas “[...] que estavam sendo experimentados pelos principais produtores

ocidentais, tendo em vista a rápida expansão da indústria automotiva japonesa” (PINTO,

2006, p.78). Contudo, reforça-se que o toyotismo não elimina o taylorismo-fordismo, mas

convivem, até mesmo, nos mesmo espaço. Embora, as diretrizes do novo modelo passam a

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ganhar conotação de “ordem” impondo a necessidade da empresa enxuta, terceirização do

trabalho e de equipe.

Essa nova forma de organização do trabalho tem fortes rebatimentos nas indústrias, o

modelo fordista/taylorista passa a não ser mais o modelo produtivo padrão, o rígido controle e

sistema de vigilância dão lugar às formas de participação dos (as) trabalhadores (as) no

processo de trabalho e gestão, assim, quando a questão é a resolução dos problemas colocados

como entraves para a economia e a rigidez do mercado, os (as) próprios (as) trabalhadores

(as) buscam dar repostas. O toyotismo não exclui o taylorismo-fordismo, mas busca responder

os novos anseios que o mercado passa a exigir para garantir a manutenção do fluxo contínuo

de acumulação em um período de crise econômica, e, é claro, sem atribuir grande relevância

para as consequências que os agravamentos da contradição capital/trabalho pode trazer para o

cotidiano de vida e trabalho das pessoas.

No entanto, a indústria automobilística brasileira manteve-se em um ritmo de

crescimento acelerado, mesmo durante a crise do petróleo até 1980, quando a recessão que

perdurou por toda àquela década apontava que o já ultrapassado modelo desenvolvimentista

não conseguia corresponder às expectativas de uma indústria em constante expansão.

Destarte, a conexão dos fatores econômicos internos e externos corroborou para que a

particularidade brasileira fosse redesenhada pelo sistema global do capital, levando as

empresas automobilísticas em 1980 a aderirem ou desenvolverem, mesmo que de forma

restrita e gradativa entre as empresas, novas padrões de organização e gestão do trabalho que

pudessem garantir o êxito e preparar-las para o enfrentamento desta fase caracterizada pela

“competitividade internacional” (ANTUNES, 2006).

Deste modo, os fabricantes de veículos e peças tiveram que voltar suas atenções para a

exportação, se submetendo aos padrões de qualidade, preços e entregas internacionais. Vários

elementos podem ser elencados para elucidar o que veio a ser um primeiro indício do

processo de reestruturação produtiva e adesão ao toyotismo no Brasil: a informatização,

sistema just-in-time, desenvolvimento da microeletrônica, produção baseada na team work,

programas de qualidade total, métodos participativos que objetivavam envolver o trabalhador,

mas na realidade cumpria um papel importante enquanto mecanismo que levava a “adesão e

sujeição do trabalhador” (ANTUNES, 2006), criminalização e repressão do movimento

sindical, intensificação do processo de terceirização e de subcontratação da força de trabalho,

incorporação de várias inovações tecnológicas nas indústrias, entre outras. Nesses primeiros anos da década de 1980, a reestruturação produtiva caracterizou-se pela retração de custos, mediante a redução da força de

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trabalho, de que foram exemplos os setores automobilísticos e de autopeças, e também os ramos têxtil e bancário, entre outros (...) pode-se dizer que a necessidade de elevação da produtividade ocorreu por meio da reorganização da produção, redução do número de trabalhadores e intensificação da jornada de trabalho (ANTUNES, 2006, p.18).

Faz-se necessário lembrar que foi e continua sendo extremamente heterogêneo o

processo de desenvolvimento da reestruturação produtiva no Brasil, com um padrão de

produção que mistura tanto elementos do modelo Taylorista-fordista quantos do Toyotismo,

nesta perspectiva passaram de uma estrutura de trabalho rígida para a gradativa organização

da produção sob a égide da flexibilidade, é o período em que a chamada reestruturação

produtiva passa a ser um imperativo (PINTO, 2006). O governo brasileiro teve um papel

muito importante neste processo, reafirmando sua vocação histórica da defesa dos interesses

daqueles que detêm o poder econômico, foi elaborada uma política de governo que tinha por

base a abertura comercial e o retrocesso e negação dos direitos sociais e trabalhistas que

haviam sido conquistados pelos movimentos e organizações da classe trabalhadora. O avanço da reestruturação produtiva na cadeia automotiva brasileira, tem sido, desde 1980, não apenas mais acelerado, como em muitos casos mais conturbado e sobretudo heterogêneo e complexo (...) Ademais, o caso brasileiro é um exemplo de que tais estratégias podem ser largamente amparadas por políticas comerciais, industriais e até mesmo trabalhistas, adotadas pelo Estado (PINTO, 2006 p. 91 ).

Em 1989, o governo Collor protagoniza uma acelerada abertura econômica, o setor

que mais sofreu com isto foi o de fabricação de autopeças, pois com a importação de peças

sem grandes restrições de impostos, as empresas nacionais foram obrigadas a fechar ou

reduzir seus custos e aumentar os índices de produtividade mediante a principal estratégia de

redução da força de trabalho, terceirização, adesão ao modelo toyotista e submissão aos

ditames advindos do processo de reestruturação produtiva (PINTO, 2006).

Já na década de 1990, percebe-se que este contexto encontra terreno fértil para se

complexificar acompanhado de um respaldo ideológico neoliberal e ligado a uma “condução

política e a pragmática definidos no consenso de Washington” (ANTUNES, 2006). As tarifas

sobre as importações de veículos continuaram a reduzir no governo de Fernando Henrique,

levando as unidades produtivas mais tradicionais da indústria automotiva a intensificar o

processo de reestruturação produtiva, dentre elas as situadas no ABC Paulista: Mercedes-

benz, Ford e Volkswagen.

A questão é que se passa a viver com as exigências advindas do modelo toyotista, que

exige um trabalhador polivalente para produzir para um mercado mais acelerado e com uma

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demanda muito diversificada, alicerçada por uma maior utilização da informatização,

automação e tecnologia de ponta, trazendo consigo a intensificação do controle sobre o

trabalho e sobre os trabalhadores. A elaboração de praticas flexíveis de contratação da força

de trabalho trouxe como reflexo o refluxo dos posicionamentos mais radicais dos sindicatos,

que anteriormente eram associados ao “novo sindicalismo” 2

Esta nova realidade no mundo do trabalho, nos seus diversos setores traz

conseqüências para o cotidiano de vida e trabalho dos operários. O setor automobilístico do

país, como os demais setores, passou a seguir as novas exigências que vêm sendo colocadas

pela economia mundial, desde a segunda metade do século XX. O que se mostra hoje no

núcleo automobilístico do ABC Paulista é uma nova realidade de cotidiano e de perfil tanto

dos espaços fabris quanto dos trabalhadores e trabalhadoras desse ramo.

e portadores de um viés classista

de atuação, portanto, a partir dos anos de 1990, diante do desemprego estrutural, perda no

salário real, entre outros levaram o movimento sindical a assumir uma posição mais de

garantia de postos de trabalho sem se preocupar com a qualidade dos mesmos, contribuindo

assim para afrouxar os direitos trabalhistas, para a expansão do trabalho parcial, temporário,

subcontratado e terceirizado.

(...) numa pesquisa realizada em quarenta empresas do setor metal-mecânico em 1990, após ter constatado que 39 haviam adotado inovações tecnológicas e 36, inovações organizacionais, verificou que 34 delas mencionaram como necessários aos trabalhadores conhecimento sobre metrologia industrial, matemática básica, interpretação de desenho mecânico, além de programação, operação e manutenção de MFCN.Verificou-se ainda que, dessas empresas, 18 passaram exigir pelo menos a matrícula nos estudos secundários normais (PINTO, 2006 p. 83-84).

Hoje, pode-se visualizar que este setor é constituído por trabalhadores e trabalhadoras

que emergiram com o processo de reestruturação produtiva e que ocupam postos de trabalho

nestas fábricas em menor quantidade que antes da era toyotista, sendo que, estas empresas

estão localizadas nos pólos que concentram grande parte da riqueza do país e que

protagonizaram toda a efervescência das lutas da classe trabalhadora pela defesa de seus

direitos, portanto, estes (as) trabalhadores (as) gozam de uma maior escolaridade e

qualificação, principalmente pelo grande investimento do Estado naquela região para com a 2 “A partir de 1978, o cenário político e social é rico em experiências de organização e luta da classe trabalhadora no Brasil, numa perspectiva de unidade e luta contra o governo e contra os patrões. É possível salientar ainda uma série de eventos de greves gerais e de greves por categorias, e ainda greves por empresas, que atingem as mais diversas expressões da classe trabalhadora e uma série de manifestações que indicam, no decorrer dos anos 80, o espírito de luta e resistência operária e popular, de um Brasil que clamava por democracia política e social. Era uma "explosão do sindicalismo", ou ainda, de um "novo sindicalismo", que surgia e se desenvolvia a partir de um mundo do trabalho estruturado, resultado da expansão capitalista dos anos 60 e anos 70” (ALVES, 2000).

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formação técnica, através do chamado sistema S: SESI, SENAI e SENAC e pelas Faculdades

Tecnológicas (FATECs), o que proporciona melhores salários se comparados com a média

nacional (ARAÚJO, 2009).

Entretanto, apesar deste setor ser constituído por trabalhadores e trabalhadoras com

um perfil diferente dos que compõem outros setores, obtendo maior qualificação, melhores

salários e até mesmo tendo a possibilidade de adquirir um automóvel, é importante situar que

estas mesmas automobilísticas seguem o já citado modelo toyotista (heterogêneo) de

organização do trabalho, que pode apresentar a face mais perversa do processo de

precarização no mundo do trabalho com a ampliação do regime de contratação flexível,

aumento dos índices de adoecimentos e acidentes de trabalho e o refluxo do movimento

sindical. Esta conjuntura demonstra que, na era dos monopólios e da financeirização da

economia, o capitalismo atingiu um estágio muito avançado dos meios de produção, bem

como das contradições que lhe são inerentes: a acumulação de riquezas, extração de mais

valia, de sobretrabalho e exploração dos trabalhadores.

Neste aspecto, coloca-se em evidência a problemática da saúde do trabalhador,

enquanto resultado da contradição capital/trabalho. Desta forma entende-se que os constantes

agravos à saúde dos trabalhadores e trabalhadoras estão em conformidade com a atual

organização do trabalho, sendo que, na atualidade, novos problemas acometem o corpo e a

mente do (a) operário (a), por exemplo, sofrimento mental relacionado ao trabalho e a Lesão

Por Esforço Repetitivo.

A discussão acerca da saúde do trabalhador não é algo novo, mas a cada dia têm

ganhado mais evidência, sua importância é legitimada pela própria tentativa de negação e

ocultação de como as péssimas condições de trabalho, que esta sociabilidade submete

milhares pessoas, reflete diretamente na saúde e bem estar dos (as) trabalhadores (as). Esta

problemática também segue um raciocínio histórico, pois as doenças não são uma novidade

do capitalismo, mas a sua configuração e intensificação se acentuam com o seu advento e seu

desenvolvimento.

A intensificação da industrialização, o aperfeiçoamento dos motores de combustão interna, o uso dos combustíveis fósseis, o crescimento da indústria pesada e da indústria química, a exploração intensiva de minérios e da natureza, as grandes obras de engenharia civil, a expansão e desenvolvimento dos transportes, o crescimento das cidades, a expansão do capitalismo para os países colonizados da áfrica, Ásia e Américas, as guerras colonialistas e imperialistas, o crescimento do capital financeiro disponível antes da Primeira Guerra Mundial, que caracterizaram os primeiros 50 anos do segundo ciclo de acumulação capitalista, pré-monopolista, fizessem com que aumentasse extraordinariamente os acidentes e doenças do trabalho (RIBEIRO, 1999, p. 23).

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Nota-se que é recorrente a tentativa de negação da relação existente entre os acidentes

e adoecimentos dos (as) trabalhadores (as) com o próprio processo produtivo. Por isso é

importante compreender o processo que ocasiona o depauperamento e o desgaste da saúde de

quem trabalha. [...] a saúde dos trabalhadores vai além da explanação orgânica e patológica da historia social, pois são fenômenos sociais, produzidos socialmente a partir do uso e da apropriação de determinadas tecnologias e gestão do trabalho (LOURENÇO, 2010, p. 30).

Por meio da análise histórica percebe-se que nos ciclos anteriores ao desenvolvimento

da fase monopolista do capitalismo, os adoecimentos e os acidentes de trabalho

caracterizavam-se de maneira mais visível: [...] as péssimas condições de vida dos trabalhadores era um reflexo dos seus espaços de trabalho, que se caracterizavam também pela presença de muitas mulheres e crianças, principalmente nas industrias têxteis, que conjuntamente com os homens que lá trabalhavam enfrentavam um cotidiano de acidentes e a inalar gases, vapores e poeiras orgânicas em extensas jornadas de trabalho, o que acarretava em diversos acidentes e especialmente em adquirir doenças de cunho consuntíveis e respiratórias( RIBEIRO, 1999 p.22).

Contudo, na atualidade, o sistema capitalista vive uma fase mais madura de sua

constituição tanto no que concerne aos processos ideológicos que o legitimam quanto ao

próprio desenvolvimento das forças produtivas. Neste contexto, a saúde do trabalhador sofre

os rebatimentos do processo e das relações de trabalho que na analise de Ribeiro (1999) pode

ser vista como uma “[...] violência oculta, modos de adoecer e morrer do trabalho no ciclo

atual do capitalismo, uma violência abrandada, mais sutil oculta e ocultada” (RIBEIRO, 1999,

p. 16).

Em suma, a contemporaneidade oculta à relação existente entre o adoecimento e o

trabalho, vivencia-se hoje um período cuja organização do trabalho além de resguardar

características sempre comuns aos modelos produtivos anteriores, proporciona também

mudanças radicais no processo de produção, que alteraram o metabolismo social do trabalho,

no Brasil, principalmente a partir da década de 1990. Assim, acredita-se que pesquisas que

possam apontar as novas configurações no mundo do trabalho e a sua relação com o desgaste

da saúde possam contribuir para possíveis melhorias nesta temática, sobretudo, quando

primam pelo envolvimento e/ou aproximação com o movimento sindical e organismos

governamentais que atuam com o trabalho e a saúde.

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O processo de reestruturação produtiva do capital provocou significativas alterações em nosso capitalismo recente, de modo que ainda não temos uma visão conclusiva da configuração que vem se instalando. Mas somente poderemos obtê-la, ainda que de modo preliminar, por meio de densas pesquisas concretas, que, acompanhadas de correspondente reflexão crítica e analítica, sejam capazes de oferecer um retrato desta nova configuração que, por certo, comporta tanto elementos de continuidade como de descontinuidade em relação ao seu passado recente (ANTUNES, 2006, pág. 16).

Contudo, para que se possa realizar uma discussão mais profunda acerca da saúde dos

(as) trabalhadores (as) na contemporaneidade (mais especificadamente os das montadoras

automobilísticas de São Bernardo do Campo), é importante que, primeiramente, possa ser

compreendida a centralidade da categoria trabalho para o processo histórico, enquanto

elemento fundante do ser social, pois é pelo trabalho que é possível a convivência em

sociedade, bem como a reprodução da vida e do processo de humanização. Desta forma, a

importância da categoria trabalho vai muito além de sua instrumentalização na sociedade

capitalista, como explicita Lara; O homem, em quaisquer que sejam as formas de sociedade, recorrerá ao trabalho, atividade mediadora entre ele e natureza, para suprir sua sobrevivência. O ser humano transforma a natureza pelo trabalho. Ao modificar a natureza, coloca em movimento as capacidades do seu próprio corpo que, no modo de produção capitalista, encontra instrumentos de trabalho altamente desenvolvidos (LARA, 2010, p. 325- 326).

A organização contemporânea do trabalho já passou por diversas divisões e

reconfigurações de suas tarefas, de seus sistemas, de suas ferramentas de intermédio com a

natureza, de suas responsabilidades, entre outras, foi se desenvolvendo a partir das condições

que a história possibilitou. Sendo assim, desde modos mais primitivos até a era atual do

capital, a organização do trabalho se modificou e se aprimorou com o intuito de dar respostas

às necessidades materiais de reprodução e manutenção da vida humana, contudo, não deixou

de trazer consigo inúmeras conseqüências negativas para o cotidiano de vida e trabalho das

pessoas, sobretudo, quando as necessidades partem das relações de troca, ou vice-versa, como

já citado anteriormente.

O trabalho, no capitalismo, passou por várias mudanças para se adequar às demandas e

situações que o próprio capital impõe. Desde a acumulação primitiva à produção mercantil, o

desenvolvimento da indústria e suas fases de organização foram simplesmente se modificando

para que o capitalismo pudesse se adequar e contornar a conjuntura contraditória e destrutiva

que lhe é inerente, pois é um modelo societário que impõe constantes mudanças e revoluções

no sistema de produção para garantir a apropriação privada e acúmulo de riquezas, para isto é

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preciso que os grandes avanços tecnológicos e do conhecimento da humanidade sejam

apropriados em prol deste objetivo, que é o lucro e não para o bem estar de todos e todas;

[...] facilitar ou diminuir o esforço do trabalhador no processo de trabalho deveria ser o principal objetivo do desenvolvimento dos instrumentos de trabalho, mas infelizmente, no modo de produção capitalista, inverte-se a logica; o objetivo não é produzir para suprir carências da humanidade, pelo contrario, realiza-se uma produção com finalidade de acumular riqueza. Essa processualidade social contraditória, que se sustenta na produção coletiva da riqueza social e na apropriação privada dessa mesma riqueza (LARA, 2010, p. 326).

Pode-se perceber que apesar dos grandes avanços trazidos pelo capital no campo das

diversas áreas do conhecimento e da tecnologia, sua produção social mostra-se antagônica e

de sobreposição ao trabalho, a ânsia pela acumulação supera a facilidade que os avanços nas

forças produtivas trouxeram e inverte o caráter social que o trabalho deveria trazer aos seres

sociais, daí que o trabalho no sistema capitalista aliena, estranha e afasta os trabalhadores e

trabalhadoras daquilo que os deveria libertar, os prende a uma realidade desumana que nasce

exatamente da contradição capital/ trabalho, ou seja, o trabalho perde a cada dia seu caráter

criador e humanizador.

As diversas formas de organização do trabalho no capitalismo, tendo como mais

relevante para a referida pesquisa às formas que o capital e seus intelectuais pensaram para

organizar as grandes fabricas e indústrias concebidas desde o século XVIII. O século XX

trouxe consigo sistemas pensados com o objetivo de se apropriar dos saberes dos

trabalhadores e trabalhadoras mais qualificados, diminuindo assim seus “poderes” sobre a

produção, racionalizando a mesma e acentuando a divisão entre “os que pensam” e “os que

fazem”, esta questão pode ser percebida com intensidade diferente desde o

taylorismo/fordismo até o toyotismo, porém, estes sistemas foram implantados de forma

diferente em cada país, conservando certos pressupostos e diretrizes mais gerais, atingindo um

contexto global, inclusive o Brasil, como já foi destacado.

Em suma, pode-se destacar que o período histórico atual é permeado pela fase

monopolista do sistema capitalista, que começa a se delinear desde o final do século XIX, e é

caracterizado pela acirrada disputa por mercados, junto com um progressivo desenvolvimento

tecnológico voltado para o mundo da produção numa escala global e dentro de uma lógica

imperialista, o que permanece, no entanto, é o modelo societário sobre o qual essas

modificações ocorrem (SANT’ANA, 2000).

A questão central desta lógica monopólica é garantir maiores lucros para os

capitalistas, percebe-se que a pobreza, o desemprego, a violência e a desigualdade têm

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aumentado assustadoramente apesar do acelerado aumento das inovações tecnológicas e da

produtividade, a consequência desta grande contradição é a acentuada concentração de capital

e o aumento do desemprego estrutural, levando os trabalhadores e trabalhadoras a se

submeterem a relações de trabalho que tornam cada vez mais precárias e degradantes as

condições de vida e trabalho, isto porque o capital tem como meta o lucro e não a melhoria da

vida dos homens (SANT’ANA, 2000). Neste contexto, o papel do Estado é garantir o mínimo

para aliviar a pobreza, a tensão social e, ao mesmo tempo, assegurar políticas que atendam

aos interesses dos grandes grupos econômicos.

Diante do exposto, entende-se que para analisar a problemática da saúde dos (as)

trabalhadores (as) das montadoras automobilísticas de São Bernardo do Campo é necessário

partir de uma visão da totalidade dos fatores que corroboram para que na aparência os

mesmos sejam vistos como operários qualificados e com bons salários, mas que na essência

vivem necessariamente para permanecerem nas fabricas, sem tempo para a vida familiar e

social, expostos a regimes cada vez mais flexíveis de contratação e de acordo com as faixas

etárias mais novas, sendo expostos ao constante agravamento do processo de adoecimento e

acidentes de trabalho, entre outras questões. Portanto, desvelar esta realidade que

constantemente é ocultada além de um compromisso é uma necessidade para compreender as

novas configurações que compõem o mundo do trabalho e suas profundas relações com o

momento histórico e o modelo societário vigente.

3 Objetivos

Objetivo geral:

Analisar as relações sociais de trabalho no setor automobilístico do Município de São

Bernardo do Campo, com destaque para os impactos que o cotidiano nas fábricas traz para a

saúde dos (as) trabalhadores (as) deste setor.

Objetivos específicos:

* Conhecer se o trabalho nesse ramo oferece desgaste à saúde dos (as) trabalhadores (as).

* Pesquisar acerca das mudanças ocorridas no trabalho das montadoras automobilísticas do

município de São Bernardo do Campo com a reestruturação produtiva.

* Compreender as relações salariais e ocupacionais bem como a jornada de trabalho

vivenciada pelos (as) trabalhadores (as) do ramo automobilístico de São Bernardo do Campo.

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3 Metodologia

A presente pesquisa tem por intuito analisar e compreender as dinâmicas e mudanças

no mundo do trabalho e os seus rebatimentos para a saúde dos (as) trabalhadores (as) das

montadoras automobilísticas, do município de São Bernardo do Campo. Apóia-se no

referencial teórico do materialismo histórico dialético buscando compreender as leis dos

fenômenos presentes na realidade imediata, sendo importante realizar as mediações

necessárias entre o particular e o universal numa relação de reciprocidade da sua manifestação

com vistas a alcançar a totalidade.

Assim, opta-se por uma abordagem de pesquisa de cunho qualitativa e quantitativa,

levando em consideração a participação do investigador na construção da realidade, sendo

este também um observador que se relaciona tanto com os sujeitos bem como com o objeto da

pesquisa, usando da quantificação como um instrumento de compreensão da realidade que se

articulam aos vários fatores da vida que, nem sempre, podem ser reduzidos a dados

estatísticos.

A pesquisa de campo se dará em dois momentos, sendo a divisão apenas por uma

questão didática, uma vez que, pode ocorrer concomitantemente, um relacionado ao

quantitativo em que se pretende ter contato com os dados de adoecimentos e acidentes de

trabalho, no ramo, registrados pelo Centro de Referência de Saúde do Trabalhador

(CEREST). Esta parte da pesquisa será feita por meio de tabulações com um recorte temporal

dos anos de 2010 e 2011, que se inserem após a crise econômica 2008 iniciada nos Estados

Unidos e que vem ressoando no Brasil, em que se tem um contexto marcado pelas altas taxas

de juros, câmbio desfavorável e pela forte concorrência em âmbito internacional

(THUSWOHL, 2011).

Para a possibilidade dos estudos dos agravos à saúde registrados pelo CEREST

de São Bernardo do Campo, foi realizado um pedido formal à secretaria municipal de saúde, a

qual teve acesso ao projeto de pesquisa e autorizou a sua efetivação. Dessa maneira, serão

estudados as comunicações de Acidentes de trabalho (CAT) e os relatórios de atendimentos

ao acidente de trabalho (RAAT), com vistas a compreender quais são os principais tipos de

agravos registrados, como ocorreram e quais as possíveis situações colaboradoras, além de ter

um perfil quanto ao sexo, idade, ocupação, salário, diagnostico, tempo de afastamento, entre

outros, buscará fazer-se um detalhamento das notificações “descrições dos acidentes”.

O segundo momento da pesquisa de campo, será realizado por meio da

abordagem qualitativa, se dará por meio de entrevistas semi- estruturadas, em que os sujeitos

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da pesquisa poderão discorrer acerca de suas experiências mediante respostas livres e

espontâneas por parte dos mesmos e com um foco delimitado pelo pesquisador (TRIVIÑOS,

1987).

As entrevistas serão feitas com quatro trabalhadores, sendo que dois destes com

processos de adoecimentos diagnosticados e dois não adoecidos, define-se também que uma

mulher componha cada grupo. Estes (as) trabalhadores (as) bem como as fábricas em que a

pesquisa será realizada serão indicados pelo Sindicato da categoria (Sindicato dos

Metalúrgicos do ABC), já os (as) trabalhadores (as) com processo de adoecimento já

notificado serão indicados pelo CEREST. Será realizada ainda, uma entrevista com um

representante/diretor do Sindicato, bem como uma entrevista com um profissional do

CEREST.

A escolha do Município de São Bernardo do Campo ocorreu principalmente devido a

sua relevância no que concerne a produção automotiva no Brasil em que as principais

montadoras de veículos estão instaladas, tais como: Mercedes Benz, Ford, Toyota,

Volkswagen, Scania, entre outras, sendo conhecida como a Cidade do Automóvel.

4 Conclusões

A partir da década de 1970, o processo de acumulação capitalista encontra-se diante de

um esgotamento no padrão de produção rígido determinado pelo fordismo/taylorismo, o que

passou a exigir o desenvolvimento de estratégias que contribuíssem para a livre expansão do

comércio e da produção aliadas as novas políticas de governo e controle social, desta forma

foi delineada uma estratégia de base ideológica e econômica, caracterizados por dois

movimentos que se auto alimentaram, tratou-se da reestruturação produtiva e do

neoliberalismo, a implantação e defesa destes dois movimentos consistiram numa ofensiva do

capital na produção, tendo em vista não só os aspectos objetivos, mas também subjetivos da

classe trabalhadora. Neste sentido, coloca-se em evidência a problemática da saúde do

trabalhador, enquanto resultado da contradição capital/trabalho, pois, entende-se que os

constantes agravos à saúde dos trabalhadores (as) estão hoje em conformidade com a atual

organização do trabalho, sendo que, na atualidade, novos problemas acometem o corpo e a

mente dos trabalhadores, por exemplo, sofrimento mental relacionado ao trabalho e a lesão

por esforço repetitivo.

REFERÊNCIAS

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