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Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA FUNDEB NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO REGIÃO DE GOVERNO DE ARAÇATUBA São Paulo Maio de 2012

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Universidade de São Paulo

Escola de Artes, Ciências e Humanidades

OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO

BÁSICA – FUNDEB NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

– REGIÃO DE GOVERNO DE ARAÇATUBA

São Paulo

Maio de 2012

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HONORMÉLIO PEREIRA DA SILVEIRA

OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO

BÁSICA – FUNDEB NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO

– REGIÃO DE GOVERNO DE ARAÇATUBA

Monografia apresentada ao Curso de Gestão de Políticas

Públicas – Programa de Pós-graduação da Escola de

Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São

Paulo, para obtenção do certificado de Pós-Graduação

Lato Sensu.

Profª Orientadora: Ursula Dias Peres

São Paulo

Maio de 2012

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AVALIAÇÃO __________________________________________

ASSINATURA DO ORIENTADOR ________________________________

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Resumo

O presente estudo tem por objetivo analisar os efeitos causados pela atual

política de financiamento da educação básica pública. Para isso foi realizado um

breve retrospecto histórico, mostrando os acontecimentos marcantes pelos quais o

Brasil passou a partir da década de 80 no campo econômico, político e social.

Período marcado pelo fim da ditadura e início da redemocratização no país, crises

econômicas e pressões sociais por mudanças nas mais diversas áreas. A

promulgação de uma nova constituição e diversas emendas constitucionais trouxe

uma série de modificações no ordenamento jurídico brasileiro dentre elas a

descentralização da educação básica, a modificação de responsabilidades entre

Estados e Municípios e a confirmação da vinculação constitucional de recursos para

a educação. Examina as conseqüências trazidas pela implantação do FUNDEB

para os Municípios da Região de Governo de Araçatuba no Estado de São Paulo,

cuja composição está constituída, em sua maioria, por Municípios de pequeno porte

demográfico, característica importante para demonstrar que os efeitos causados

nesse grupo de Municípios são muito maiores do que nos Municípios de porte

demográfico mais elevado. Como procedimento teórico-metodológico foi adotado a

coleta de informações em sites governamentais, levantamento e análise

bibliográfica. Os dados foram analisados de forma quantitativa e qualitativa.

Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba,

Financiamento da Educação Básica.

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Lista de Abreviaturas

ADCT - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias

FPM - Fundo de Participação dos Municípios

FUNDEB - Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização do Magistério

FUNDEF - Fundo de Manutenção e desenvolvimento do Ensino Fundamental e

de Valorização do Magistério

FHC – Fernando Henrique Cardoso

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços

IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IPTU – Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

ISSQN – Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MDE - Manutenção e Desenvolvimento do Ensino

RG – Região de Governo

RGA – Região de Governo de Araçatuba

SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

STN – Secretaria do Tesouro Nacional

TCESP - Tribunal de Contas do Estado de São Paulo

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Lista de Figuras

Figura 1: Composição dos recursos do FUNDEB .............................................. 30

Mapa 1: Estado de São Paulo - Região de Governo de Araçatuba ..................... 31

Gráfico 1: População Região de Governo de Araçatuba .................................... 37

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Lista de Tabelas

Tabela 1: Alterações Advindas da EC 14/96 ....................................................... 22

Tabela 2: Implementação gradativa do FUNDEB ................................................ 29

Tabela 3: Etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino ............... 31

Tabela 4: População residente por Município – Região de Governo de Araçatuba

............................................................................................................................ 35

Tabela 5: Classificação do porte dos Municípios brasileiros conforme o número

de habitantes adotada pelo IBGE ....................................................................... 36

Tabela 6: Orçamento executado, FPM e ICMS – 2010 – Municípios da região de

Governo de Araçatuba ........................................................................................ 39

Tabela 7: Perdas e ganhos de recursos do FUNDEB entre 2008 a 2010 (em R$)

............................................................................................................................ 41

Tabela 8: Percentual de Municípios que perdem recursos para o FUNDEB por

faixa de população – Região de Gov. de Araçatuba ........................................... 42

Tabela 9: Valor Aluno/Ano por níveis e modalidades de ensino – Comparativo

entre os anos de 2008 a 2010 ............................................................................ 45

Tabela 10: Grupo 1 – dados do FUNDEB 2010................................................... 48

Tabela 11: Grupo 1 - Municípios com até 5.000 habitantes – Dados de 2010 .... 50

Tabela 12: Grupo 2 – dados do FUNDEB 2010................................................... 52

Tabela 13: Municípios com até 5.001 a 10.000 habitantes – Dados de 2010 ..... 53

Tabela 14: Grupo 3 – dados do FUNDEB 2010................................................... 55

Tabela 15: Municípios acima 10.001 habitantes – Dados de 2010 ..................... 56

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Sumário

1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2.UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA A PARTIR DE 1980 ................................. 11

2.1. Constituição Federal de 1980 ............................................................................. 15

2.2. Reforma Educacional ......................................................................................... 17

2.3. A Nova Política de Financiamento da Educação ................................................ 18

2.3.1. O FUNDEF – Emenda Constitucional Nº 14/96 ............................................. 18

2.3.2. O FUNDEB – Emenda Constitucional Nº 53/2006 .......................................... 28

3. ESTUDO DE CASO – REGIÃO DE GOVERNO DE ARAÇATUBA (RGA) ......... 33

3.1. Perfil Socioeconômico da Região ...................................................................... 34

3.2. Perfil Demográfico ............................................................................................. 35

3.3. As Finanças Municipais ..................................................................................... 38

4. IMPACTO DO FUNDEB NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE GOVERNO DE

ARAÇATUBA (RGA) ............................................................................................... 41

4.1. A Matemática da Repartição de Recursos do Fundeb ....................................... 43

4.1.1. Critérios de Distribuição do FPM .................................................................... 43

4.1.2. Valor Aluno/Ano ............................................................................................. 44

4.1.3. Matrículas na Educação Básica ..................................................................... 46

4.2. Grupo 1 – Municípios com População Até 5 Mil Habitantes ............................... 48

4.3. Grupo 2 – Municípios com População Entre 5.001 E 10 Mil Habitantes ............ 52

4.4. Grupo 3 – Municípios com População Acima de 10.001 Habitantes .................. 54

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 56

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 59

ANEXOS ...................................................................................................................65

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1. INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas décadas mudanças importantes ocorreram na

política educacional brasileira. Para a compreensão dessas mudanças, necessário

se faz a análise dos acontecimentos pelos quais o Brasil passou a partir da década

de 80. Neste período o modelo de Estado que até então vigorava foi colocado em

xeque, como conseqüência da crise econômica que assolava o país, devido a

problemas relacionados à dívida externa, inflação crônica e queda do crescimento

da economia. No campo político o momento era de transição do regime militar para

a democracia.

Em razão do modelo de desenvolvimento adotado pelos governos

anteriores, o Estado desviou-se de suas funções básicas para ampliar sua presença

no setor produtivo, o que acarretou, além da gradual deterioração dos serviços

públicos, redução da capacidade de financiamento e custeio das políticas sociais e o

agravamento da crise fiscal.

Diante deste quadro, movimentos pela luta em favor da

democratização da educação, de ampla defesa do direito à escolarização para

todos, de universalização do ensino e de defesa de maior participação da

comunidade na gestão da escola marcam este período.

A reforma do Estado passou a ser instrumento indispensável para

consolidar a estabilização e assegurar o crescimento sustentado da economia e

promover a correção das desigualdades sociais e regionais.

Nesse contexto, a educação como peça fundamental para viabilizar

o desenvolvimento social do país, necessitava de um instrumento que garantisse o

aporte de recursos financeiros considerados necessários para mudar a realidade

que se apresentava a educação pública no país.

Segundo a discussão da época, a volta da vinculação era

necessária, visto que em sua ausência os recursos aportados para a educação

haviam sido sistematicamente reduzidos (MELCHIOR,1997).

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Nesse aspecto destaca-se a aprovação, em 1983, da emenda

constitucional nº 24, denominada Emenda Calmon., estabelecendo a

obrigatoriedade de aplicação anual mínima de 25% da receita de impostos dos

Estados e Municípios e 13% dos recursos provenientes dos impostos da União, na

manutenção e desenvolvimento do ensino. Esta emenda inovou com a inclusão da

vinculação não só da receita de impostos, mas, também, das provenientes das

transferências constitucionais.

Segundo VELLOSO (1990) “A emenda foi celebrada como uma

conquista importante para a garantia de pisos mínimos e de maior estabilidade de

recursos para o ensino.”

Essa política de vinculação foi reiterada com a promulgação da

Constituição Federal de 1988. O percentual de recursos referente à União foi

alterado, passando de 13% para 18%, mantendo o mesmo percentual de aplicação

obrigatória para os Estados e Municípios1 já fixado pela Emenda Calmon.

Com a Constituição de 88, houve uma redefinição do papel

institucional dos diversos níveis de poder. Essa reorientação da estrutura federativa

brasileira favoreceu as unidades subnacionais, sobretudo com a criação de novos

mecanismos de autonomia política. Foram estabelecidas além das bases do Estado

democrático, a instituição de um novo “pacto federativo” (TOMIO – 2002).

Em meados dos anos 90, na gestão do então Presidente da

República, Fernando Henrique Cardoso (FHC), o sistema educacional do país

passou a sofrer mudanças em sua estrutura. Uma nova perspectiva de Estado

passou a vigorar no reordenamento político, econômico e social.

Na segunda metade dos anos 90 foi criado, ainda na gestão FHC,

um novo mecanismo de redistribuição de recursos, cujo objetivo foi estabelecer uma

melhor equalização de recursos destinados ao ensino fundamental do país, numa

nítida política de priorização dessa etapa de ensino público. Este fundo, intitulado

de Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

1 Art. 212. União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.

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Valorização do Magistério (FUNDEF), teve sua vigência encerrada, depois de

passados dez anos de sua implantação, em 2006.

Em dezembro de 2006, sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva, o

país vê promulgada a EC nº 53, que criou o Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da

Educação (FUNDEB) que assim como o FUNDEF funciona como uma política que

visa garantir uma equalização de recursos para o ensino, objetivando atender todas

as etapas da educação básica, devendo vigorar até 2020.

A implantação dessas políticas de financiamento da educação

básica pública trouxe alguns avanços para área educacional, entretanto, porém

trouxe também desequilíbrios para as finanças de determinados Municípios, pois

tendo como objetivo equalizar o valor médio por aluno matriculado na rede pública

de ensino, para esta equação dar certo é preciso que alguns ganhem e outros

percam recursos para o fundo.

Aí reside o objeto do presente trabalho que tem como finalidade

examinar o impacto do FUNDEB, a principal fonte de financiamento da educação

pública no Brasil, na Região de Araçatuba, Estado de São Paulo, composta por 31

Municípios de portes diferentes, sendo em sua maioria Municípios de pequeno porte

demográfico.

2. UMA RETROSPECTIVA HISTÓRICA A PARTIR DE 1980

Em 1979, no cenário internacional, como resultado da revolução

Islâmica, houve a paralisação da produção petrolífera iraniana, provocando o

chamado segundo grande choque do petróleo e como conseqüência a elevação da

taxa de juros dos países centrais. O valor do barril chegou perto dos US$ 40, pico da

década.(Estadão)

O choque contribuiu para o aumento da dívida externa do Brasil

com os crescentes custos da importação do petróleo. A dívida externa bruta passou

de US$ 12 bilhões em 1973 para US$ 64 bilhões em 1980, e o pagamento de juros

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para os anos referidos foi de US$ 500 milhões e US$ 6 bilhões respectivamente.

(TEIXEIRA & TOTINI, 1989 apud SANTAGADA).

É neste cenário que se inicia a década de 80. Um período marcante

para a história mundial no século XX, considerada por muitos autores como a

década perdida para a América Latina, pontuada por acontecimentos significativos

de ordem econômica, política e social.

Após décadas de crescimentos econômicos expressivos, a

economia brasileira começou a dar sinais de esgotamento. Enquanto o PIB per

capita, nos anos 70, se expandiu em média 6% ao ano, nos anos 80 variou cerca de

0,9% ao ano, em média. (MATTOS & JUNIOR – 2007)

O modelo de Estado que até então vigorava foi colocado em xeque,

em decorrência da crise que assolava o país, como evidencia Fernandes & Pais:

“Resultado de um amplo conjunto de causas entre as quais, o peso insustentável da dívida externa, o imobilismo gerado por uma excessiva proteção à indústria nacional, o fracasso dos programas de estabilização no combate à inflação e o esgotamento de um modelo de desenvolvimento, baseado fundamentalmente na intervenção generalizada do Estado na economia, esgotamento esse assente na crise do Estado brasileiro que diminuiu sensivelmente a sua capacidade de investimento, retirando-lhe o grande papel de principal promotor do desenvolvimento.” (Fernandes & Pais – 1992)

No campo político, o general João Baptista Figueiredo, último militar

a assumir a Presidência da República no Brasil, teve a tarefa dar continuidade ao

processo de abertura política, iniciada no governo anterior, e garantir a transição do

regime ditatorial para a democracia, dando fim ao regime militar. (MENEZES - 2008)

Nesse processo de redemocratização, embora fossem significativos

os esforços para uma melhoria da educação no país, as mudanças nesse sentido

levaram a uma piora no panorama educacional.

Muito da estagnação da educação ocorrida nesse período deveu-se

ao padrão vigente de gestão de recursos pelo governo federal, que utilizava o

controle que possuía sobre estas verbas como instrumento de barganha política, no

intuito de fortalecer a base governista em detrimento dos políticos oposicionistas ao

governo central. O poder de centralização da decisão de como e para qual região

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direcionar os recursos públicos da educação criou uma política clientelista e de

balcão de negócios, que gerou discrepâncias entre os Municípios.

Embora setores da sociedade, políticos e intelectuais ansiassem por

qualidade e maior oferta de ensino, a má gerência dos recursos destinados à

educação impediu a formulação de um projeto integrado que beneficiasse o setor.

Neste contexto, surgiram vários movimentos e organizações que

através da educação formal e não formal procuraram conscientizar os indivíduos da

sua condição enquanto sujeitos de direitos e consequentemente de deveres.

Era indispensável que os indivíduos se apropriassem do

instrumental e de mecanismos básicos para fazer valer os seus direitos, tendo na

educação o seu principal veículo, uma vez que a educação é um dos principais

instrumentos de formação da cidadania.

A área social sofreu diretamente o impacto do comportamento

negativo da economia nacional. A maioria da população ficou sem acesso aos bens

sociais básicos, dentre estes a educação, saúde, saneamento básico e habitação.

Nesse contexto, a educação, como peça fundamental para viabilizar

o desenvolvimento social do país, necessitava de um instrumento que garantisse o

aporte de recursos financeiros necessários para mudar a realidade da educação

pública no país.

A supressão da vinculação permitia que a educação ficasse à mercê

das mudanças políticas implementadas por seus dirigentes que, com a intenção de

direcionar o orçamento para as rubricas que estivessem em melhor acordo com

suas concepções e projetos, poderiam deixar de priorizar-lhe na destinação de

recursos financeiros.

Neste sentido, a aprovação da Emenda Constitucional nº 24, de

1983, de autoria do senador João Calmon, resgatou a vinculação constitucional,

determinando que a União aplicasse pelo menos 13% e os Estados, Distrito Federal

e Municípios 25%, da receita resultante de impostos, na manutenção e

desenvolvimento do ensino - MDE. (MENEZES – 2005)

“No entanto, a regulamentação deste dispositivo constitucional só ocorreu por meio da Lei no 7.348, de 24 de julho de 1985, tendo sido implantada efetivamente no exercício financeiro de 1986, ou seja, dez anos após esta

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emenda ter dado entrada no Congresso Nacional.” (IPEA, 2009; CORBUCCI et al)

Segundo MENEZES (2005), os debates que ocorreram durante a

elaboração da Emenda Calmon:

“encontraram na vinculação constitucional de recursos espaço propício para a construção paradigmática da relação direta entre financiamento da educação e a universalização e democratização do ensino no País. Estes debates retornariam na Assembléia Nacional Constituinte de 1987-1988.” (MENEZES – 2005, p.152)

Diante deste quadro “movimentos pela luta em favor da democratização da

educação, de ampla defesa do direito à escolarização para todos, de universalização

do ensino e de defesa de maior participação da comunidade na gestão da escola

marcam este período.” (OLIVEIRA; DUARTE, 2005, p. 284).

A reforma do Estado passou a ser instrumento indispensável para

consolidar a estabilização e assegurar o crescimento sustentado da economia e

promover a correção das desigualdades sociais e regionais.

A eleição de 1985 para Presidente da República marcou o fim do

regime militar no Brasil. Tancredo Neves foi eleito de forma indireta, porém adoece e

não toma posse, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Assume então a

Presidência o candidato a vice-presidente, José Sarney.

Em setembro de 1985, Sarney criou a Comissão Especial de

Estudos Constitucionais com o objetivo de formular propostas que embasassem as

discussões a serem tratadas no Congresso Constitucional. (SOUZA & LAMOUNIER,

1990 apud Perlatto)

Conforme dados fornecidos por Corbucci (IPEA, 2009; CORBUCCI

et al) quando da instalação da Constituinte, a Constituição que vigorava no país era

a de 67, emendada em 1969, expressão do período de exceção que prevaleceu de

1964 a 1985. Além dos dispositivos contidos na Carta de 67, regiam a área

educacional a Lei nº 5.540/68 que promoveu a reforma do ensino superior e a Lei nº

5.692/71 que tratava das diretrizes e bases do ensino de primeiro e segundo graus,

atuais ensino fundamental e médio

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15

A situação educacional brasileira neste momento apresentava os

piores indicadores possíveis. A escolaridade média da população urbana de 15 anos

ou mais era de 5,1 anos de estudo, no meio rural era de 2,5 anos. Um quinto da

população na idade com 15 anos ou mais era composto por analfabetos. Na zona

rural este percentual era ainda maior e alcançava 37%. Cinco milhões de crianças e

adolescentes entre 7 a 14 anos estavam fora da escola. (IPEA, 2009; CORBUCCI et

al)

O ensino médio – então segundo grau – apresentava números

piores: somente 15% dos jovens de 15 a 17 anos cursavam este nível de ensino.

Dentre a população com idade entre 18 e 24 anos, apenas 5% cursavam uma

faculdade. (IPEA, 2009; CORBUCCI et al)

2.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

O clima de redemocratização, de anseios da sociedade brasileira

quanto ao futuro do país, significava o momento para a “redefinição das relações do

Estado com a sociedade por meio de uma nova ordem institucional e social capaz

de solucionar os problemas enfrentados pelo país“ e sob este clima foi instituída a

Assembléia Nacional Constituinte em 1º de fevereiro de 1987. (SILVA,2008)

Finalmente em 5 de outubro de 1988 foi promulgada a nova

constituição brasileira, festejada como um marco para a cidadania brasileira,

incorporando em seu texto avanços significativos de afirmação dos direitos sociais.

A educação está entre estes direitos ao lado da saúde, do trabalho, do lazer, da

segurança, da previdência social, da proteção à maternidade e à infância e da

assistência aos desamparados.

A nova Constituição trouxe novidades no terreno da educação,

destacando-se entre os avanços introduzidos, a gratuidade do ensino em todos os

níveis do ensino público, a garantia de ensino fundamental, obrigatório e gratuito,

inclusive para os que não tiveram acesso em idade própria, sem imposição de limite

de idade, o dever do Estado de garantir progressivamente a obrigatoriedade e

gratuidade do ensino médio, a garantia de atendimento em creche e pré-escola às

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crianças de 0 a 6 anos de idade, a garantia de atendimento educacional aos

portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino, a garantia

de atendimento ao educando, no ensino fundamental, por meio de programas

suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à

saúde, a oferta de ensino noturno e regular, adequado às condições do educando.

(IPEA, 2009; CORBUCCI et al)

O direito de acesso ao ensino obrigatório e gratuito foi alçado a

direito público subjetivo (cf. art. 208, § 1º da CF/88), se encontra em posição

privilegiada no rol de deveres do Estado, significando dizer que não pode ser

negado aos cidadãos, uma vez que visa a concretização da igualdade social,

podendo implicar em responsabilização da autoridade competente incumbido da sua

prestação, quando do não oferecimento ou se prestado de forma irregular pelo

poder público.

A nova Carta consagrou a descentralização da educação básica

(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) às instâncias subnacionais e

reiterou a vinculação constitucional de recursos para a educação. Nesse ponto

manteve o percentual de aplicação dos impostos e transferências obrigatórias na

manutenção e desenvolvimento do ensino, dos Estados, Distrito Federal e

Municípios, de 25%, porém ampliou o da União de 13% para 18%.

Na CF/88 os Municípios passaram a ser considerados entes

federativos, portanto em condições de igualdade, não comportando relação de

hierarquia entre eles.

O direito de todos à educação é uma obrigação das três esferas de

governo, a CF/88 institucionalizou o regime de colaboração, como forma de

aumentar a eficiência na oferta dos serviços educacionais, envolvendo uma gestão

compartilhada do sistema educacional nacional, conforme explica CORBUCCI et al:

“A CF/88 atribuiu à União, aos estados, ao DF e aos municípios gestão compartilhada do sistema educacional brasileiro, mediante coexistência de três sistemas de ensino autônomos que deveriam funcionar em regime de colaboração. No topo desta cadeia, encontra-se a União com atribuições bastante distintas: manutenção do sistema federal; execução de programas próprios de apoio supletivo; e transferências para os sistemas estaduais e municipais. Ou seja, o regime de colaboração, pelo qual a União exerce

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ação supletiva e redistributiva, tem como referências a plena capacidade de atendimento às demandas por ensino e a capacidade fiscal de cada esfera de governo.”

2.2. REFORMA EDUCACIONAL

No governo FHC o sistema nacional de educação passou por uma

reforma com conseqüências profundas. “Iniciada em 1995, essa reforma foi

implementada” com o “objetivo de descentralizar os encargos financeiros com a

educação, racionalizando e redistribuindo o gasto”. (HADDAD – 2007)

“A „Reforma Educacional‟ implantada no Brasil em 1996, a partir da

aprovação de três importantes documentos legais – a Emenda Constitucional nº

14/96, a nova LDB e a Lei de regulamentação do FUNDEF -, constitui-se no primeiro

conjunto de mudanças significativas nas políticas públicas do País.” (SIECZKOWSKI

- 2007)

A mudança nos marcos estruturais que ocorreu no governo FHC

teve início com a promulgação, em 1996, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB). (DURHAM – 2010)

A nova LDB que começou a ser elaborada e discutida no Congresso

Nacional à época do processo constituinte, foi aprovada e sancionada pelo

Presidente da República em 20 de dezembro de 1996, portanto, oito anos após a

promulgação da CF/88.

A LDB trouxe diversas mudanças às leis anteriores, como a inclusão

da educação infantil (creches e pré-escola). A formação adequada dos profissionais

da educação básica também foi priorizada.

Uma das inovações da lei foi a instituição dos sistemas municipais

de ensino, a serem organizados em regime de colaboração com os demais sistemas

(União e Estados).

A LDB fortaleceu a tendência à descentralização normativa,

executiva e financeira do sistema educacional e repartiu a competência entre as

instâncias do poder (federal, estadual e municipal), enfatizando a responsabilidade

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de Estados e Municípios para com a universalização do ensino fundamental, que

passou a ser responsabilidade de ambos.

A Lei de n° 9.394/96, que estabeleceu as diretrizes e bases da

educação nacional (LDB) inovou, ainda, em vários aspectos. Estabeleceu a criação

de um processo nacional de avaliação do rendimento escolar, tanto da educação

básica, como do ensino superior; criou condições para a autonomia das escolas,

flexibilizando a organização dos estudos escolares; atribuição à escola e ao corpo

docente a responsabilidade pela elaboração do projeto político pedagógico de cada

unidade escolar; a educação infantil passou ser considerada como a primeira etapa

do processo de educação escolar; definiu o que se enquadrava ou não no conceito

de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE). (BRASIL -Lei 9.394/96).

Conforme DURHAM (2010), a organização do sistema educacional,

trouxe como medida de maior repercussão:

“a alteração do pacto federativo, que concedeu autonomia aos Municípios para organizar seus próprios sistemas de ensino, independentemente de

supervisão dos estados ou da União. Desta forma, criaram‑se no Brasil

mais de 5,6 mil sistemas educacionais autônomos, dificultando enormemente a formulação e a execução de uma política nacional, ou mesmo estadual, para o ensino básico.” (DURHAM – 2010, p. 157)

2.3. A NOVA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO

2.3.1. O FUNDEF – EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 14/96

Entre as principais medidas que reiteraram a obrigatoriedade do

ensino fundamental e a prioridade da sua oferta pelo poder público, destaca-se a

iniciativa do MEC de encaminhar ao Legislativo Federal o Projeto de Emenda

Constitucional (PEC 233-A/95) que após a apreciação realizada na Câmara dos

Deputados e no Senado Federal, teve a aprovação final no dia 12 de outubro de

1996.

A Emenda 14/96 alterou o artigo 211 da Constituição Federal, que

passou a ter a seguinte redação:

Page 19: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

19

“Art. 211 – A União, Estados, Distrito Federal e Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino: § 1º A união organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.”

Dentre as mudanças introduzidas pela EC 14/96 está também a

alteração do artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias conforme

segue abaixo o novo texto:

“Art. 60 - Nos dez primeiros anos da promulgação desta Emenda, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério. § 1º A distribuição de responsabilidades e recursos entre os Estados e seus Municípios a ser concretizada com parte dos recursos definidos neste artigo, na forma do disposto no art. 211 da Constituição Federal, é assegurada mediante a criação, no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, de natureza contábil. § 2º O Fundo referido no parágrafo anterior será constituído por, pelo menos, quinze por cento dos recursos a que se referem os arts. 155, inciso II; 158, inciso IV; e 159, inciso I, alíneas a e b; e inciso II, da Constituição Federal, e será distribuído entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao número de alunos nas respectivas redes de ensino fundamental. § 3º A União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o § 1º, sempre que, em cada Estado e no Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente. § 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ajustarão progressivamente, em um prazo de cinco anos, suas contribuições ao Fundo, de forma a garantir um valor por aluno correspondente a um padrão mínimo de qualidade de ensino, definido nacionalmente. § 5º Uma proporção não inferior a sessenta por cento dos recursos de cada Fundo referido no § 1º será destinada ao pagamento dos professores do ensino fundamental em efetivo exercício no magistério. § 6º A União aplicará na erradicação do analfabetismo e na manutenção e no desenvolvimento do ensino fundamental, inclusive na complementação a que se refere o § 3º, nunca menos que o equivalente a trinta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal.

Page 20: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

20

§ 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus recursos, sua fiscalização e controle, bem como sobre a forma de cálculo do valor mínimo nacional por aluno."

Essa emenda criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do

Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF, cuja fonte de

recursos foi composta pela dedução de 15% nos repasses do Fundo de Participação

dos Estados, do Fundo de Participação dos Municípios, da Lei Complementar nº

87/96, do ICMS estadual e do IPI-Exportação.

O FUNDEF foi uma das principais iniciativas do governo FHC, no

sentido de criar um mecanismo de redistribuição do ensino fundamental entre as

redes municipais e estaduais, de forma a diminuir a desigualdade do gasto por aluno

e aumentar a eficiência na alocação de recursos.

Buscando este objetivo, o FUNDEF destinou 15% do total de

recursos provenientes dos impostos dos Estados e Municípios, já vinculados pela

CF/88 à manutenção e desenvolvimento do ensino, ao ensino fundamental. Trata-se

de um fundo de natureza contábil, criado no âmbito de cada Estado, cujos recursos

recolhidos ao fundo seriam redistribuídos entre o Estado e os Municípios deste

Estado de acordo com o número de alunos matriculados no ensino fundamental.

(BRASIL - Lei 9.394/96).

Tal medida incentivou os prefeitos a buscarem mais alunos para

incorporarem à sua rede de ensino, uma vez que mais alunos significava mais

recursos do FUNDEF para o Município, com isso houve uma profunda

municipalização da oferta do ensino fundamental pelos Municípios.

A EC 14/96 também determinou que 60% dos recursos do fundo

deveriam ser destinados ao pagamento de salários dos professores. Essa medida

trouxe impactos positivos na remuneração dos professores em todo o Brasil, mas

principalmente no nordeste, onde a situação dos professores apresentava uma

realidade mais crítica em relação a este aspecto.

Sancionada no governo FHC em 24 de dezembro de 1996, a Lei

9.424, que regulamentou o FUNDEF se configurou como uma estratégia do

Ministério da Educação para forçar a regularização, a correção de desigualdades

Page 21: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

21

regionais, a melhoria na visibilidade e na expansão do fluxo de recursos para o

financiamento da educação fundamental, para com isso buscar soluções para a

manutenção e o desenvolvimento do ensino fundamental, uma vez que um dos

principais objetivos do FUNDEF é estimular a melhoria da qualidade do ensino

mediante a vinculação de recursos para a capacitação e a valorização do magistério.

Durham, ao abordar o assunto, relatou que:

“Se a Constituição havia dado um passo importante com a vinculação de

recursos para a educação nas três instâncias de poder, a questão do

financiamento do ensino fundamental obrigatório, que é a base de todo o

sistema educacional, não havia sido resolvida. De fato, a autonomia de

estados e Municípios e sua responsabilidade conjunta pelo ensino

fundamental tinha deixado indefinida a contribuição de uns e outros.”

(DURHAM – 2010)

Quando se inicia o governo FHC, a situação do financiamento do

ensino fundamental ainda era crítica, havendo um jogo entre Estados e Municípios

no sentido de empurrar as responsabilidades de uns para outros, criando

desigualdades setoriais e locais. (DURHAM – 2010)

O FUNDEF representou a primeira grande mudança na estrutura de

financiamento da educação. Seu objetivo de priorizar o ensino fundamental

vinculando 60% dos recursos públicos à manutenção e desenvolvimento do ensino

foi apropriado, conforme visto acima, por emenda constitucional ao ensino

fundamental. Essa medida foi responsável pela universalização do ensino

fundamental, vigorando por dez anos até 2006, porém por ter privilegiado essa etapa

de ensino contribuiu para manter a hierarquia entre as demais etapas da educação

básica.

“A educação infantil, particularmente, sofreu um revés nos primeiros anos

do FUNDEF. As matrículas retrocederam na pré-escola. Creches foram

fechadas e crianças mandadas embora, porque os Municípios que

investiam nessas instituições, ao verem retidos no Fundo estadual do

Page 22: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

22

ensino fundamental 15% de seus recursos de FPM e do repasse de ICMS,

ficaram sem dinheiro para manter a educação infantil.” (MILITÂO, apud

DIDONET - 2005, p. 30-31)

A Tabela abaixo se refere à Seção “Da Educação” do capítulo “ Da

Educação, da Cultura e do Desporto” da Constituição da República Federativa do

Brasil. É composto por duas colunas: uma contendo o texto aprovado em 5 de

outubro de 1988 e as demais com as alterações advindas da emenda constitucional

nº 14/96 relativas à Seção:

Tabela 1: Alterações Advindas da EC 14/96

CF de 1988 – TEXTO APROVADO EM 5

DE OUTUBRO DE 1988

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 14,

DE 12 DE SETEMBRO DE 1996

Capítulo III

Da Educação, da Cultura e do Desporto

Seção da Educação

Art. 208. O dever do Estado com a

educação será efetivado mediante a

garantia de:

I – ensino fundamental, obrigatório e

gratuito, inclusive para os que a ele não

tiveram acesso na idade própria;

II – Progressiva extensão da

obrigatoriedade e gratuidade ao ensino

médio;

Art. 2º - É dada nova redação aos

incisos I e II do art. 208 da Constituição

Federal nos seguintes termos:

I - ensino fundamental obrigatório e

gratuito, assegurada, inclusive, sua

oferta gratuita para todos os que a ele

não tiveram acesso na idade própria;

II - progressiva universalização do

ensino médio gratuito;

Art. 211. A União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios organizarão em

regime de colaboração seus sistemas de

Art. 3º - É dada nova redação aos §§ 1º

e 2º do art. 211 da Constituição Federal

e nele são inseridos mais dois

Page 23: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

23

ensino.

§ 1º - A União organizará e financiará o

sistema federal de ensino e o dos

Territórios, e prestará assistência técnica

e financeira aos Estados, ao Distrito

Federal e aos Municípios para o

desenvolvimento de seus sistemas de

ensino e o atendimento prioritário à

escolaridade obrigatória.

§ 2º - Os Municípios atuarão

prioritariamente no ensino fundamental e

pré-escolar.

parágrafos, passando a ter a seguinte

redação:

"Art. 211. ......................................

§ 1º A União organizará o sistema

federal de ensino e o dos Territórios,

financiará as instituições de ensino

públicas federais e exercerá, em

matéria educacional, função

redistributiva e supletiva, de forma a

garantir equalização de oportunidades

educacionais e padrão mínimo de

qualidade do ensino mediante

assistência técnica e financeira aos

Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios.

§ 2º Os Municípios atuarão

prioritariamente no ensino fundamental

e na educação infantil.

§ 3º Os Estados e o Distrito Federal

atuarão prioritariamente no ensino

fundamental e médio.

§ 4º Na organização de seus sistemas

de ensino, os Estados e os Municípios

definirão formas de colaboração, de

modo a assegurar a universalização do

ensino obrigatório.

Page 24: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

24

Art. 212.

A União aplicará, anualmente, nunca

menos de dezoito, e os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios vinte e

cinco por cento, no mínimo, da receita

resultante de impostos, compreendida a

proveniente de transferências, na

manutenção e desenvolvimento do

ensino.

...

§ 5º - O ensino fundamental público terá

como fonte adicional de financiamento a

contribuição social do salário-educação,

recolhida, na formada lei, pelas

empresas, que dela poderão deduzir a

aplicação realizada no ensino

fundamental de seus empregados e

dependentes.

Art. 4º É dada nova redação ao § 5º do

art. 212 da Constituição Federal:

§ 5º - O ensino fundamental público terá

como fonte adicional de financiamento a

contribuição social do salário educação,

recolhida pelas empresas, na forma da

lei;

Art. 60 - Nos dez primeiros anos da

promulgação da Constituição, o poder

público desenvolverá esforços, com a

mobilização de todos os setores

organizados da sociedade e com a

aplicação de, pelo menos, cinqüenta por

cento dos recursos a que se refere o art.

212 da Constituição, para eliminar o

analfabetismo e universalizar o ensino

fundamental.

Art. 5º - É alterado o Art. 60 do Ato das

Disposições Constitucionais Transitórias

e nele são inseridos novos parágrafos,

passando o artigo a ter a seguinte

redação:

Art. 60 - Nos dez primeiros anos da

promulgação desta Emenda, os

Estados, o Distrito Federal e os

Municípios destinarão não menos de

sessenta por cento dos recursos a que

Page 25: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

25

Parágrafo único. Em igual prazo, as

universidades públicas descentralizarão

suas atividades, de modo a estender

suas unidades de ensino superior às

cidades de maior densidade

populacional.

se refere o caput do art. 212 da

Constituição Federal, à manutenção e

ao desenvolvimento do ensino

fundamental, com o objetivo de

assegurar a universalização de seu

atendimento e a remuneração condigna

do magistério.

§ 1º A distribuição de responsabilidades

e recursos entre os Estados e seus

Municípios a ser concretizada com parte

dos recursos definidos neste artigo, na

forma do disposto no art. 211 da

Constituição Federal, é assegurada

mediante a criação, no âmbito de cada

Estado e do Distrito Federal, de um

Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento do Ensino

Fundamental e de Valorização do

Magistério, de natureza contábil.

§ 2º O Fundo referido no parágrafo

anterior será constituído por, pelo

menos, quinze por cento dos recursos a

que se referem os arts. 155, inciso II;

158, inciso IV; e 159, inciso I, alíneas a

e b; e inciso II, da Constituição Federal,

e será distribuído entre cada Estado e

seus Municípios, proporcionalmente ao

número de alunos nas respectivas

redes de ensino fundamental.

Page 26: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

26

§ 3º A União complementará os

recursos dos Fundos a que se refere o

§ 1º, sempre que, em cada Estado e no

Distrito Federal, seu valor por aluno não

alcançar o mínimo definido

nacionalmente.

§ 4º A União, os Estados, o Distrito

Federal e os Municípios ajustarão

progressivamente, em um prazo de

cinco anos, suas contribuições ao

Fundo, de forma a garantir um valor por

aluno correspondente a um padrão

mínimo de qualidade de ensino, definido

nacionalmente.

§ 5º Uma proporção não inferior a

sessenta por cento dos recursos de

cada Fundo referido no § 1º será

destinada ao pagamento dos

professores do ensino fundamental em

efetivo exercício no magistério.

§ 6º A União aplicará na erradicação do

analfabetismo e na manutenção e no

desenvolvimento do ensino

fundamental, inclusive na

complementação a que se refere o § 3º,

nunca menos que o equivalente a trinta

por cento dos recursos a que se refere

o caput do art. 212 da Constituição

Federal.

Page 27: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

27

§ 7º A lei disporá sobre a organização

dos Fundos, a distribuição proporcional

de seus recursos, sua fiscalização e

controle, bem como sobre a forma de

cálculo do valor mínimo nacional por

aluno."

Fonte: Constituição Federal de 1988 e Emenda Constitucional Nº 14/96

“Se o ensino fundamental era o único obrigatório, tanto para a

criança quanto para o Estado, a prioridade política, o investimento técnico, os

recursos financeiros e as maiores cobranças de resultados se voltaram para ele.”

(LIMA & DIDONET – 2006. P.33)

O conceito de educação básica não esteve presente na formulação

do FUNDEF. Tampouco este contribuiu para a implementação de uma nova

concepção de educação, que passou a ser vista como prioritária para o novo modelo

de mundo.

Analisando os indicadores da oferta do ensino fundamental no

período de vigência do FUNDEF, é nítido perceber seu impacto positivo quanto à

ampliação das matrículas desse nível de ensino.

O FUNDEF no que se refere ao patamar de despesa aluno/ano foi

considerado insuficiente para atender as necessidades mínimas do ensino

fundamental. O fato, também de só contemplar o ensino fundamental regular e

deixar de financiar os demais níveis de ensino da educação básica foi indicado como

ponto negativo dessa nova política. (VERHINE apud DAVIES,1998; MONLAVADE &

FERREIRA,1997; PINTO, 1999).

A criação de um novo modelo de financiamento da educação que

englobasse todos os níveis da educação básica (infantil, fundamental e médio), até

então restrito somente ao ensino fundamental, reivindicação presente já à época de

implantação do FUNDEF, transformou-se numa necessidade premente, embalada

pelas manifestações e apresso pelas mudanças necessárias para sua

implementação. (VERHINE – 2002)

Page 28: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

28

2.3.2. O FUNDEB – EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 53/2006

Em 19 de dezembro de 2006, foi instituído, por meio da promulgação

da Emenda Constitucional nº 53, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da

Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB) em

substituição ao FUNDEF, que vigorou de 1998 a 2006.

O FUNDEB terá vigência de 14 anos (2007-2020) e se configura,

assim como seu antecessor, como um mecanismo para redistribuir, dentro de cada

Estado da federação, entre os governos estaduais e municipais, de uma parte dos

recursos já vinculados pela Constituição Federal de 1988, à manutenção e

desenvolvimento do ensino.

O Manual de Orientação do FUNDEB (2008), elaborado pelo MEC,

caracteriza-o como “um fundo especial, de natureza contábil e de âmbito estadual.”

Na verdade são vinte e sete fundos, um para cada Estado e Distrito Federal, cuja

composição é “formada por uma parcela financeira de recursos federais e por

recursos provenientes dos impostos e das transferências dos Estados, Distrito

Federal e Municípios vinculados à educação por força do disposto no art. 212 da

Constituição Federal.” Sua regulamentação se deu pela Lei nº 11.494/2007 e pelo

Decreto nº 6.253/2007.

Callegari (2011) assim caracteriza o FUNDEB:

“O FUNDEB no âmbito de cada Estado abrange, conjuntamente, o governo estadual e todos os governos municipais, na condição, ao mesmo tempo, de provedores e beneficiários dos recursos que constituem esse Fundo e que o mesmo Fundo distribui proporcionalmente às respectivas matrículas na educação básica pública, observadas as prioridades no atendimento que lhes impõe a Constituição Federal (artigo 211): os Estados atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e no ensino médio; os Municípios atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e na educação infantil.” (CALLEGARI, Cesar. O FUNDEB e o Financiamento da educação pública no Estado de São Paulo, SP, 2011, p. 67-69)

Com criação do FUNDEB, todas as etapas e modalidades da

educação básica pública passaram a ser contempladas para efeitos de redistribuição

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29

de recursos. O intuito é atender todos os alunos da educação infantil (creche e pré-

escola), do ensino fundamental e médio e da educação de jovens e adultos (EJA).

Sua implantação foi de forma gradual, iniciando-se em 1º de janeiro

de 2007, alcançando sua plenitude em 2009, quando a totalidade dos alunos

matriculados na educação básica pública passou a ser considerada na distribuição

dos recursos.

Tabela 2: Implementação gradativa do FUNDEB

2007 2008 2009 2010

Impostos remanescentes do

FUNDEF 16,66% 18,33% 20% 20%

Impostos novos 6,66% 13,33% 20% 20%

Complementação da União 2 bilhões 3 bilhões 4,5

bilhões 10%

Matrículas

Ensino

Fundamental +

1/3 das demais

Ensino

Fundamental +

2/3 das demais

Toda

Educação

Básica

Toda

Educação

Básica

Fonte: MEC

As fontes de receitas de composição do FUNDEB são as

provenientes das receitas de impostos, somado às transferências constitucionais:

Fundo de Participação dos Estados (FPE);

Fundo de Participação dos Municípios (FPM);

Imposto sobre Circulação de Mercadorias e sobre prestação de Serviços

(ICMS);

Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações

(IPIexp);

Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e doações de quaisquer bens ou

direitos

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30

(ITCMD);

Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);

Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (cota-parte dos Municípios)

(ITRm);

Recursos relativos à desoneração de exportações de que trata a LC nº

87/96;

Arrecadação de imposto que a União eventualmente instituir no exercício de

sua competência (cotas-partes dos Estados, Distrito Federal e Municípios);

Receita da dívida ativa tributária, juros e multas relativas aos impostos acima

relacionados.

O FUNDEB manteve as fontes de recursos que alimentavam o

FUNDEF, porém com alíquota maior (20%) e acrescentou novas fontes, conforme

figura abaixo:

Figura 1: Composição dos recursos do FUNDEB

Fonte: FUNDEF X FUNDEB, UM ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS RECURSOS DA EDUCAÇÃO NO ESTADO DO

ESPIRITO SANTO. http://dvl.ccn.ufsc.br/congresso/anais/2CCF/20080620232339.pdf

Page 31: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

31

Os recursos do Fundo são divididos entre o Estado e os Municípios

que estão no âmbito de seu território, de acordo com o número de alunos

matriculados na educação básica presencial, de acordo com o último Censo Escolar,

respeitadas as área de atuação prioritária, de cada ente governamental, conforme

previsão no art. 211 da Constituição Federal, “Os Municípios atuarão

prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil.” e “Os Estados e o

Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio.”

O FUNDEB remunera os Estados e Municípios com base em 17

segmentos da educação básica, admitindo ainda, as matrículas em creches, pré-

escolas e educação especial em entidades comunitárias confessionais ou

filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o poder público.

O valor per capita atribuído ao aluno em cada um desses segmentos

é calculado de acordo com o que o MEC chama de fatores de ponderação. Para o

primeiro ano de vigência foram definidos os seguintes fatores de ponderação,

conforme o Tabela abaixo:

Tabela 3: Etapas, modalidades e tipos de estabelecimento de ensino

I - creche em tempo integral – 0,80;

II - pré-escola em tempo integral – 0,90;

III - creche em tempo parcial – 0,80;

IV - pré-escola em tempo parcial – 0,90;

V - anos iniciais do ensino fundamental urbano – 1,00;

VI - anos iniciais do ensino fundamental no campo – 1,05;

VII - anos finais do ensino fundamental urbano – 1,10;

VIII - anos finais do ensino fundamental no campo – 1,15;

IX - ensino fundamental em tempo integral – 1,25;

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X - ensino médio urbano – 1,20;

XI - ensino médio no campo – 1,25;

XII - ensino médio em tempo integral – 1,30;

XIII - ensino médio integrado à educação profissional – 1,30;

XIV - educação especial – 1,20;

XV - educação indígena e quilombola – 1,20;

XVI - educação de jovens e adultos com avaliação no processo –

070;

XVII - educação de jovens e adultos integrada à educação

profissional de nível médio, com avaliação no processo –

0,70.

Fonte: Resolução nº 1 de 15/02/2007 - http://www.fnde.gov.br/index.php/fundeb-legislacao

É importante notar que os coeficientes de distribuição dos alunos

dos Municípios, cuja área de atuação prioritária é a educação infantil, que engloba a

creche e a pré-escola, ficaram com um peso significativamente menor que o peso do

aluno do ensino médio, atribuição do Estado. Enquanto o coeficiente para o ensino

médio é de 1,30, para a creche é de 0,80 e para a pré-escola 0,90, portanto 38,5% e

30,8% respectivamente menor que o estudante do ensino médio.

Em resumo, o FUNDEB manteve alguns aspectos do FUNDEF e

inovou em outros, como a questão da complementação da União, a criação da

Comissão Intergovernamental de Financiamento da Educação Básica e definição do

piso salarial para o magistério.

Não há dúvidas de que o FUNDEB representa um avanço na política

de financiamento da educação pública em nosso País, no entanto, existem questões

que precisam ser avaliadas para que se possa verificar em que medida esses

avanços ocorreram. Tomando como perspectiva a situação dos Municípios que

Page 33: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

33

perdem recursos para o FUNDEB, verifica-se que para as finanças desses

Municípios o FUNDEB não representou os avanços prolatados. E é nesse sentido

que este estudo vem, com o objetivo de analisar os dados dos Municípios da Região

de Governo de Araçatuba (RGA) no intuito de revelar como se apresenta a situação

financeira dos Municípios contribuintes do FUNDEB.

3. ESTUDO DE CASO – MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE GOVERNO DE

ARAÇATUBA

A Região de Governo de Araçatuba (RGA) integra a Região

Administrativa de Araçatuba (RAA) e é uma das 42 Regiões de Governo do Estado

de São Paulo, está localizada geograficamente a oeste do Estado, próximo a divisa

com o Estado do Mato Grosso do Sul e está a uma distância de 500 km da capital

paulista, constituída por 31 Municípios. O mapa abaixo permite a visualização do

território da RG de Araçatuba e sua localização.

Mapa 1 – Estado de São Paulo - Região de Governo de Araçatuba

Page 34: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

34

3.1.PERFIL SOCIOECONÔMICO DA REGIÃO

A análise preliminar do perfil econômico da região torna-se

importante, uma vez que, o nosso sistema de tributação é praticamente todo

baseado na atividade econômica e é também a base para a composição do

FUNDEB, logo há uma relação íntima entre a arrecadação de impostos e o montante

de recursos que irão compor o fundo da educação.

A região apresenta como uma de suas características mais

marcantes a presença de um setor agroindustrial bastante desenvolvido, com uma

forte integração entre as atividades primárias e terciárias. A agropecuária tem um

papel importante, sendo a base da economia regional e é considerado um dos

principais centros agropecuários do país. Esta atividade é particularmente bastante

desenvolvida em Araçatuba, que inclusive recebeu o título de “capital do boi gordo”,

considerada o principal centro estadual no comércio de bovinos e de insumos e

equipamentos para a pecuária. Este Município é a sede da região administrativa, e

por ser o maior e mais desenvolvido polariza os demais Municípios vizinhos.

(DEDECCA;MONTALI & BAENINGER – 2009)

Nos últimos anos o cultivo de cana-de-açúcar transformou a região

num importante centro de negócios do setor sucroalcooleiro. A produção de

alimentos, também tem participação relevante para a economia local, como a

produção de grãos, com destaque para a soja, a produção de abacaxi, manga e

tomate também tem papel importante. (DEDECCA;MONTALI & BAENINGER –

2009)

A Região Caracterizada pelo predomínio da produção ligada à

agropecuária, produção alcooleira e frutos, naturalmente desenvolveu atividades

industriais ligadas a esses setores, destacando-se a sucroalcooleira, frigorífica, de

massas e polpas de frutas, processamento de leite em pó, de curtimento de couro,

produção de sapatos, entre outras. As unidades produtivas se concentram em

Araçatuba, Birigui, por sinal importante pólo da indústria calçadista do Estado, e

Penápolis. (DEDECCA;MONTALI & BAENINGER – 2009)

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35

3.2.PERFIL DEMOGRÁFICO

Reunidos, os 31 Municípios pertencentes da RGA abrigam 546.483

habitantes, a tabela abaixo apresenta a população residente da RGA, apurada pelo

IBGE para o ano de 2010, dividida em população urbana, rural e população em

idade escolar.

Tabela 4: População residente por Município – Região de Governo de Araçatuba

População Residente

Pólo de Araçatuba, 2010

2010

Total

Pop. Urbana

Pop.

Rural

População

em idade

escolar

Nova Castilho 1.127 746 381 229

São João de Iracema 1.780 1.452 328 353

Turiúba 1.925 1.610 315 346

Lourdes 2.123 1.744 379 399

Brejo Alegre 2.573 2.110 463 570

Bento de Abreu 2.674 2.444 230 564

Gabriel Monteiro 2.705 2.254 451 446

Rubiácea 2.729 1.563 1.166 600

Nova Luzitânia 3.441 3.087 354 697

Alto Alegre 4.105 3.237 868 701

Gastão Vidigal 4.193 4.193 - 745

Santópolis do Aguapei 4.281 4.117 164 917

Glicério 4.398 3.342 1.056 1.008

Guzolândia 4.754 4.021 733 1.032

Braúna 5.021 4.390 631 989

Luiziânia 5.030 4.611 419 1.025

Piacatu 5.287 4.663 624 1.086

Coroados 6.238 4.242 1.996 1.095

Barbosa 6.593 5.575 1.018 1.573

Bilac 7.052 6.485 567 1.310

Clementina 7.064 6.733 331 1.480

Santo Antonio do Aracanguá 7.627 5.977 1.650 1.637

General Salgado 10.674 9.089 1.585 1.958

Avanhandava 11.311 9.614 1.697 2.442

Auriflama 14.205 12.950 1.255 2.716

Buritama 15.636 13.520 2.116 2.979

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36

Valparaíso 22.617 21.512 1.105 4.421

Guararapes 30.600 28.326 2.274 5.929

Penápolis 58.495 55.867 2.628 11.591

Birigui 108.722 105.481 3.241 21.003

Araçatuba 181.503 178.005 3.498 33.678

Somatório 546.483 512.960 33.523 105.519

93,87% 6,13% 19,31%

Fonte: Censo demográfico 2010, IBGE - Elaborado pelo autor.

http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?uf=35&dados=0

http://www.censo2010.ibge.gov.br/primeiros_dados_divulgados/index.php?uf=35

http://www.todospelaeducacao.org.br/educacao-no-brasil/numeros-do-brasil/dados-por-estado/sao-

paulo/

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é o órgão

responsável pela contagem populacional e classificação do porte dos Municípios do

Brasil pelo critério de número de habitantes, conforme tabela abaixo:

Tabela 5: Classificação do porte dos Municípios brasileiros conforme o número de habitantes adotada pelo IBGE

Porte do Município População

Pequeno Porte 1 até 20.000 habitantes

Pequeno Porte 2 de 20.001 a 50.000 habitantes

Médio Porte de 50.001 a 100.000 habitantes

Grande Porte de 100.001 mil a 900.000 habitantes

Metrópoles mais de 900.000 habitantes

Fonte: IBGE Elaborado pelo autor.

Por este critério de classificação o pólo apresenta como

característica marcante uma alta concentração de pequenos Municípios, 26 dos 31

Municípios possuem menos de 20.000 habitantes, Valparaíso (22.617 hab.) e

Guararapes (30.600 hab.) classificam-se em Municípios de pequeno porte 2,

Penápolis, com 58.495 habitantes seria uma cidade de médio porte, e somente 2

Municípios se enquadram como cidades de grande porte, Birigui(108.722 hab.) e

Araçatuba (181.503 hab.).

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37

Araçatuba é o maior Município do pólo, seguido pelos Municípios de

Birigui, Penápolis e Guararapes, a população desses 4 Municípios somadas

(379.200 hab.) representa ,aproximadamente, 70% de toda a população da região.

O gráfico abaixo reproduz a participação populacional dos 4 maiores Municípios da

região e agrupa a população dos outros 27 Municípios.

Gráfico 1 – População região de Governo de Araçatuba

Fonte: IBGE – Elaborado pelo autor.

A Região em estudo caracteriza-se, também, por apresentar uma

das menores densidades demográficas do Estado. Os menores índices

correspondem a Santo Antonio do Aracanguá (5,83 hab./km²) e Nova Castilho ( 6,14

hab./km²) e os maiores, a Birigui e Araçatuba (superiores a 100 hab./km²).

Podemos observar, conforme tabela 5, que a maior parte da

população (93,87%) reside em áreas urbanas, sendo que somente 6,13% da

população vive em área rural.

A estrutura etária da população vem sofrendo alterações nos últimos

anos, caracterizado principalmente por uma menor proporção de crianças,

apresentando, inclusive, em alguns casos até reduções em números absolutos, em

contrapartida a população em idade ativa e o número de idosos vem crescendo.

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38

Os dados coletados no sítio da Fundação SEADE referentes à

população em idade escolar dos Municípios da região mostram que somente

19,33% da população está em idade escolar, ou seja, entre 0 a 17 anos.

3.3.AS FINANÇAS MUNICIPAIS

A receita orçamentária municipal é constituída por recursos

originários de transferências intergovernamentais constitucionais e voluntárias; por

receitas tributárias e por outras receitas.

Por força de dispositivos constitucionais alguns impostos estaduais e

federais são transferidos da União e dos Estados para os Municípios, dentre as

principais transferências estão o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e a

cota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços –

ICMS. Os recursos do FPM são provenientes da arrecadação do Imposto de Renda

– IR e do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI.

Os Municípios de pequeno porte populacional apresentam como

característica particular uma especial dependência financeira dos recursos

provenientes de transferências constitucionais, conforme demonstrado na tabela 6

abaixo.

Esses Municípios apresentam baixa capacidade de arrecadação de

receitas próprias. As receitas oriundas da arrecadação de impostos de competência

municipal, como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana – IPTU,

o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN têm pouca participação no

conjunto de receitas desses Municípios.

O FPM e a cota-parte do ICMS têm uma participação significativa no

total das receitas desses pequenos Municípios. A tabela 6 traz os dados relativos

aos valores da receita orçamentária, as de FPM e da cota-parte do ICMS, recebidos

pelos Municípios do pólo de Araçatuba, no ano de 2010. Os valores do FPM foram

obtidos junto ao site da Secretaria do Tesouro Nacional - STN, sendo que desses

valores estão descontados os valores de contribuição obrigatória ao FUNDEB. Os

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valores da cota-parte do ICMS foram obtidos no site da Secretaria da Fazenda do

Estado de São Paulo.

Tabela 6: Orçamento executado, FPM e ICMS – 2010 – Municípios da região de Governo de Araçatuba

Municípios Pop. 2010

Orçamento Executado

(R$ mil)

FPM+ICMS (R$ mil)

Part. % FPM + ICMS

FPM (R$ mil)

Part. % FPM/Or

çam.

ICMS (R$ mil)

Part. % ICMS/Orçam.

GANHA/PERDE

Turiúba

1.925 7.908,0 5.449,0 68,9% 3.658,4 46,3% 1.790,6 22,6% PERDE

Gastão Vidigal

4.193 8.554,2 5.752,6 67,2% 3.658,4 42,8% 2.094,2 24,5% PERDE

Rubiácea

2.729 8.883,1 5.856,6 65,9% 3.658,4 41,2% 2.198,2 24,7% PERDE

Nova Castilho

1.127 8.514,6 5.296,1 62,2% 3.658,4 43,0% 1.637,7 19,2% PERDE

Guzolândia

4.754 10.174,8 6.242,3 61,4% 3.658,4 36,0% 2.583,9 25,4% PERDE

Coroados

5.287 10.305,9 6.266,1

60,8% 3.658,4 35,5% 2.607,8 25,3% PERDE

Alto Alegre

4.105 10.635,9 6.393,6 60,1% 3.658,4 34,4% 2.735,2 25,7% PERDE

Gabriel Monteiro

2.705 8.684,7 5.198,4 59,9% 3.658,4 42,1% 1.540,0 17,7% PERDE

Brejo Alegre

2.573 8.788,0 5.253,7 59,8% 3.658,4 41,6% 1.595,3 18,2% PERDE

Bento de Abreu

2.674 11.544,1 6.813,2 59,0% 3.658,4 31,7% 3.154,8 27,3% PERDE

São João de Iracema

1.780 9.349,7 5.431,2 58,1% 3.658,4 39,1% 1.772,8 19,0% PERDE

Nova Luzitânia

3.441 8.617,5 4.949,4 57,4% 3.658,4 42,5% 1.291,0 15,0% PERDE

Glicério

4.398 11.816,3 6.592,8 55,8% 3.658,4 31,0% 2.934,4 24,8% PERDE

Santo Antonio do Aracanguá

7.627 27.789,4 15.364,3 55,3% 3.658,4 13,2% 11.705,9 42,1% PERDE

Luiziânia

5.030 11.154,1 5.581,7 50,0% 3.658,4 32,8% 1.923,3 17,2% PERDE

Avanhandava

11.311 18.218,2 9.096,3 49,9% 4.877,9 26,8% 4.218,5 23,2% GANHA

Valparaíso

22.617 38.950,8 19.426,5 49,9% 7.316,8 18,8% 12.109,7 31,1% GANHA

Barbosa

6.593 12.663,7 6.181,1 48,8% 3.658,4 28,9% 2.522,7 19,9% GANHA

Buritama

15.636 32.391,3 15.602,7 48,2% 6.097,3 18,8% 9.505,4 29,3% PERDE

Auriflama

14.205 20.691,9 9.922,6 48,0% 6.097,3 29,5% 3.825,3 18,5% GANHA

General Salgado

10.674 22.642,8 10.770,3 47,6% 4.877,9 21,5% 5.892,4 26,0% GANHA

Guararapes

30.600 44.543,8 21.084,1 47,3% 8.536,3 19,2% 12.547,8 28,2% PERDE

Piacatu

6.238 13.352,5 6.249,1 46,8% 3.658,4 27,4% 2.590,7 19,4% PERDE

Braúna

5.021 12.439,0 5.685,1 45,7% 3.658,4 29,4% 2.026,7 16,3% PERDE

Bilac

7.052 13.639,9 6.199,4 45,5% 3.658,4 26,8% 2.541,0 18,6% GANHA

Clementina

7.064 15.932,3 7.039,7 44,2% 3.658,4 23,0% 3.381,3 21,2% GANHA

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Lourdes

2.123 11.976,9 5.090,1 42,5% 3.658,4 30,5% 1.431,7 12,0% PERDE

Santópolis do Aguapei

4.281 13.103,7 5.333,2 40,7% 3.658,4 27,9% 1.674,8 12,8% GANHA

Penápolis

58.495 93.051,9 33.528,7 36,0% 13.414,1 14,4% 20.114,6 21,6% GANHA

Araçatuba

181.503 272.717,96 86.068,0 31,6% 29.845,4 10,9% 56.222,6 20,6% GANHA

Birigui

108.722 159.895,0 49.404,6 30,9% 19.511,4 12,2% 29.893,1 18,7% GANHA

Fonte: Portal do Cidadão, STN e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Elaborado pelo autor.

Pode-se observar na tabela acima que os 15 primeiros Municípios

da lista possuem uma dependência expressiva dos repasses do FPM e da cota-

parte do ICMS em seus orçamentos, variando entre 50,0% e 68,9 %. E por sinal

todos eles perderam recursos para o FUNDEB em 2010, conforme indicação na

última coluna da tabela.

Tiriúba, por exemplo, que possui, dentre o grupo em estudo, a maior

dependência das transferências, recebe R$ 5.448,9 mil de FPM (43,6%) e ICMS

(22,6%) e possui um orçamento de R$ 7.908,0 mil.

Desse grupo, exceção para Santo Antonio do Aracanguá que tem

uma dependência maior dos repasses do ICM (42,1%), o que denota uma economia

local mais desenvolvida do que os outros 12 Municípios.

Essa análise tem relevância para nosso estudo pelo fato de que as

receitas provenientes do FPM e ICMS são as principais fontes de recursos para a

composição do FUNDEB. Quanto maior a arrecadação do IR e do IPI, impostos que

compõem o FPM e do ICMS, maiores serão também a contribuição de recursos para

o FUNDEB, o mesmo raciocínio serve quando ocorre uma queda de arrecadação

desses impostos.

Em alguns casos o IPVA também tem participação relevante, cuja

arrecadação tem relação direta com o tamanho da frota de veículos registrados no

Município, portanto tem também relação direta com o tamanho da população. Como

estamos privilegiando a análise dos pequenos Municípios o IPVA tem pouco impacto

em suas receitas, não afetando nossa análise.

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41

4. IMPACTO DO FUNDEB NOS MUNICÍPIOS DA REGIÃO DE

GOVERNO DE ARAÇATUBA

De acordo com o levantamento realizado na base de dados

disponível no Portal do Cidadão, na página eletrônica do Tribunal de Contas do

Estado de São Paulo - TCESP, muitos Municípios da região de Governo de

Araçatuba vêm sofrendo perdas consideráveis de receitas para o FUNDEB.

A tabela abaixo traz o montante de recursos que os 31 Municípios

da região ganharam e perderam do/para o FUNDEB nos anos de 2008, 2009 e

2010.

Tabela 7: Perdas e ganhos de recursos do FUNDEB entre 2008 a 2010 (em R$)

Pólo de Araçatuba População Recursos do FUNDEB (perdas e ganhos)

2010 2010 2009 2008

Nova Castilho 1.127 -990.670,56 -830.211,19 -828.068,71

São João de Iracema 1.780 -1.026.002,65 -1.013.146,81 -1.056.584,39

Turiúba 1.925 -841.770,38 -724.252,39 -711.763,45

Lourdes 2.123 -601.723,53 -620.418,81 -606.791,84

Brejo Alegre 2.573 -513.739,12 -414.757,50 125.645,25

Bento de Abreu 2.674 -982.690,79 -1.035.389,01 -1.210.823,03

Gabriel Monteiro 2.705 -607.324,94 -670.993,64 -668.028,79

Rubiacea 2.729 -675.560,62 -624.112,01 -627.228,55

Nova Luzitânia 3.441 -180.924,44 -226.014,92 -349.033,81

Alto Alegre 4.105 -1.129.880,18 -1.161.031,30 -1.206.934,56

Gastão Vidigal 4.193 -1.015.381,62 -1.055.347,35 -1.002.035,41

Santópolis do Aguapei 4.281 223.170,12 -69.343,61 -113.839,24

Glicério 4.398 -237.094,64 -88.128,34 -401.639,19

Guzolândia 4.754 -286.785,00 -392.904,58 -1.095.815,48

Braúna 5.021 -47.455,81 -233.872,34 -317.674,55

Luiziânia 5.030 -212.779,64 -288.814,38 -279.679,33

Coroados 5.287 -354.600,38 -320.838,34 -371.050,26

Piacatu 6.238 -48.799,37 -214.465,57 -222.907,43

Barbosa 6.593 920.438,32 694.734,72 454.354,32

Bilac 7.052 90.713,38 -36.633,76 -359.247,65

Clementina 7.064 368.570,74 9.393,82 -361.620,96

Santo Antonio do Aracanguá 7.627 -592.887,25 -649.963,65 -746.687,97

General Salgado 10.674 628.090,04 540.703,99 680.992,26

Avanhandava 11.311 1.249.075,73 831.054,19 362.727,91

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42

Auriflama 14.205 -84.482,71 -63.693,59 -204.565,80

Buritama 15.636 -486.505,33 -665.804,27 -717.909,15

Valparaíso 22.617 81.983,81 -25.560,89 539.957,86

Guararapes 30.600 -2.588.621,43 -2.481.743,69 -3.342.341,15

Penápolis 58.495 3.430.766,94 2.077.204,90 1.798.280,50

Birigui 108.722 10.333.209,66 7.047.217,20 5.235.565,93

Araçatuba 181.503 11.519.902,31 9.164.873,53 7.853.868,09

Fonte: IBGE, Portal do Cidadão, STN e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Elaborado pelo autor

Considerando os Municípios com população inferior a 5 mil

habitantes verifica-se que, nos 3 exercícios sob análise, um alto percentual de

Municípios perdeu recursos para o FUNDEB: em 2008, 13 dentre 14 Municípios

(92,9%), em 2009 todos os 14 Municípios (100%) e em 2010 repete-se o resultado

de 2008 (92,9%).

Direcionando a análise para os Municípios com população acima de

5 mil e abaixo de 15 mil temos como resultado, no ano de 2008, do total de 11

Municípios, 8 (72,7%) perderam e 3 ganharam, em 2009 o resultado se repete, e

em 2010, 6 (54,5%) perderam e 5 ganharam recursos.

E, finalmente, dos 6 Municípios com população acima de 15 mil

habitantes, 4 ganharam e 2 (33,3%) perderam em 2008 e 2010 e em 2009, 50% dos

Municípios ganharam recursos do fundo.

Tabela 8: Percentual de Municípios que perdem recursos para o FUNDEB por faixa de população – Região

de Gov. de Araçatuba

Percentual de Municípios que perderam recursos para o FUNDEB

Faixa de população Ano

2008 2009 2010

Abaixo de 5 mil

hab.(14 Municípios) 92,9%(13) 100,0%(14) 92,9%(13)

Acima de 5 mil e

abaixo de 15 mil

hab.(11 Municípios)

72,7%(8) 72,7%(8) 54,5%(6)

Acima de 15 mil hab.

(6 Municípios) 33,3%(2) 50,0%(3) 33,3%(2)

Fonte: IBGE, Portal do Cidadão, STN e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Elaborado pelo autor

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43

Estudo semelhante realizado por BREMAEKER (2005), só que para

o FUNDEF, abrangendo 3.537 Municípios, apontou que, 96,8% dos Municípios com

população inferior a 2 mil habitantes perderam recursos; para os Municípios com

população entre 2 mil e 5 mil habitantes a perda foi de 67,7%. Os Municípios com

população entre 5 mil e 10 mil habitantes o índice alcança 32,2%.

Observa-se, portanto, que o FUNDEB vem causando o mesmo

efeito, já que, como podemos observar na Tabela 8, quanto menor for o porte do

Município em termos populacionais, maior é a sua probabilidade de encontrar no

grupo de contribuintes do FUNDEB, ou seja, daqueles que perdem recursos para o

fundo.

4.1. A MATEMÁTICA DA REPARTIÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB

Porém, para compreender quais as causas da perda de recursos,

uma análise mais acurada e abrangente se faz necessária, uma vez que a lógica da

distribuição de recursos do FUNDEB leva em conta a relação entre o volume de

recursos de transferências, que é a base de cálculo de contribuição ao fundo, o

número de alunos matriculados na educação básica e o valor aluno/ano que serve

de parâmetro para o cálculo do volume de recursos a que o Município tem direito a

receber de volta do fundo.

Um fator importante para explicar parte desse fenômeno está no

critério de distribuição das receitas de transferências do FPM, cuja “lógica é entregar

mais recursos para os Municípios de menor porte demográfico” (BREMAEKER,

2005).

4.1.1. CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DO FPM

No que se refere ao Fundo de Participação dos Municípios – FPM,

sua distribuição ocorre levando em conta o número de habitantes residentes no

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44

Município. São fixadas faixas populacionais, cabendo a cada uma delas um

coeficiente individual. O mínimo é de 0,6 para Municípios com até 10.188 habitantes,

e, o máximo de 4,0 para aqueles acima de 156 mil.

O IBGE anualmente divulga a estatística populacional dos

Municípios e o Tribunal de Contas da União (TCU) de posse dessas informações

calcula e divulga os coeficientes de distribuição do FPM.

A lógica por traz desse mecanismo tem uma função, conforme

relatou ESTEVES (2005), “claramente redistributiva, ou seja, tem por finalidade

beneficiar, através da dotação de mais recursos, àquelas municipalidades que

apresentam os menores índices populacionais.” Isso se deve ao fato de os

pequenos Municípios terem pouca capacidade arrecadatória, funcionando, portanto,

o FPM como mecanismo de equalização, com a finalidade de reduzir as

desigualdades regionais e intra-regionais.

Podemos perceber por meio dos dados coletados no sítio da

Secretaria do Tesouro Nacional – STN para o ano de 2010 e inserido na tabela 6

que para os Municípios do nosso estudo que estão na faixa de população entre

1.127 habitantes (Nova Castilho) e 7.627 habitantes (Santo Antonio do Aracanguá) o

valor de repasses do FPM líquido, já descontado os 20% de contribuição ao

FUNDEB, é o mesmo para todos dentro dessa faixa populacional, qual seja,

R$3.658.396,04.

4.1.2. VALOR ALUNO/ANO

Outro fator que interfere na matemática do ganha/perde do FUNDEB

está relacionado ao valor mínimo destinado a cada estudante da educação básica.

A legislação vigente determina que seja calculado anualmente o valor mínimo por

aluno referente ao estudante dos anos iniciais do ensino fundamental urbano que

serve de parâmetro para a definição dos valores para os demais níveis de ensino.

No âmbito de cada Estado apura-se o valor aluno/ano que deverá balizar o volume

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de recursos a que cada Município e o Estado terão direito a receber naquele ano do

FUNDEB.

Para os anos de 2008, 2009 e 2010 os valores aluno/ano para o

Estado de São Paulo foram os relacionados na tabela abaixo.

Tabela 9: Valor Aluno/Ano por níveis e modalidades de ensino – Comparativo entre os anos de 2008 a 2010

VALOR ALUNO/ANO - SP

Nível e Modalidade de Ensino 2008 2009

AH 2009/2008 2010

AH 2010/2009

Educação Infantil

Creche Integral 2.261,80 2.489,35 10,06% 2.550,62 2,46%

Creche Parcial 1.644,94 1.810,44 10,06% 1.855,00 2,46%

Pré-escola Integral 2.364,61 2.715,66 14,85% 2.898,43 6,73%

Pré-escola Parcial 1.850,56 2.263,05 22,29% 2.318,75 2,46%

Ensino Fundamental Séries Iniciais no Urbano 2.056,18 2.263,05 10,06% 2.318,75 2,46%

Séries Iniciais no Rural 2.158,99 2.376,20 10,06% 2.666,56 12,22%

Séries Finais no Urbano 2.261,80 2.489,35 10,06% 2.550,62 2,46%

Séries Finais no Rural 2.364,61 2.602,51 10,06% 2.782,49 6,92%

Tempo Integral 2.570,22 2.828,81 10,06% 2.898,43 2,46%

Educação Especial 2.467,42 2.715,66 10,06% 2.782,49 2,46%

Atendimento Educ. Especial (AEE) 2.467,42 2.715,66 10,06% 2.782,49 2,46%

EJA 1.439,33 1.810,44 25,78% 1.855,00 2,46%

Indígena e Quilombola 2.467,42 2.715,66 10,06% 2.782,49 2,46%

Entidades Conveniadas Creche Integral 1.953,37 2.149,90 10,06% 2.550,62 18,64%

Creche Parcial 1.644,94 1.810,44 10,06% 1.855,00 2,46%

Pré-escola Integral - 2.715,66 - 2.898,43 6,73%

Pré-escola Parcial - 2.263,05 - 2.318,75 2,46%

fonte: http://www.fnde.gov.br/index.php/fundeb-dados-estatisticos

Em relação a 2008, houve alteração para a pré-escola integral,

passando de R$ 2.364,21 para R$ 2.715,66, representado um acréscimo de 14,85%.

A pré-escola parcial passou para R$ 2.263,05, que corresponde a um aumento de

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22,29% e finalmente a Educação de Jovens e Adultos – EJA que teve o maior

acréscimo, 25,78%.

Já em 2010, em relação aos valores de 2009, os acréscimos mais

representativos ocorreram para a creche integral conveniada (18,64%), séries

iniciais rurais (12,22%), séries finais rurais (6,92%) e pré-escola integral (6,73%).

Esses acréscimos se deram devido à alteração nos fatores de

ponderação e no volume de recursos recolhidos ao FUNDEB.

4.1.3. MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA

A distribuição dos recursos do FUNDEB é realizada com base no

número de alunos matriculados na educação básica pública, considerando os dados

do último censo escolar. São computados os alunos matriculados nos respectivos

âmbitos de atuação prioritária, conforme art. 211 da Constituição Federal.

Os Municípios recebem os recursos do FUNDEB com base no

número de alunos matriculados na educação infantil (creche e pré-escola) e do

ensino fundamental e os Estados com base no número de alunos do ensino

fundamental e médio. Entram também no cômputo os alunos da educação especial

e EJA.

Por essa lógica, esta é a variável mais importante na disputa pelos

recursos do FUNDEB, uma vez que, na matemática do Fundo, o valor de recursos

que cada ente terá direito de receber está na razão entre as matrículas de sua rede

ensino e valor aluno/ano, respeitando o âmbito de atuação prioritária para entrar no

cômputo.

Por este motivo, a única variável nessa matemática que pode sofrer

intervenção pelo ente federal é a quantidade de alunos matriculados em sua rede de

ensino.

No caso dos Municípios, que são objeto do estudo, não é possível

interferir na variável valor aluno/ano, nem na quantidade de recursos que irão

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47

compor o Fundo, cabendo sua intervenção somente na quantidade de estudantes

sob sua responsabilidade.

Aqueles Municípios que estão perdendo recursos para o Fundo têm

a opção de incluir novos alunos em sua rede de ensino. Outra opção seria modificar

a modalidade de ensino, passando, por exemplo, os estudantes da pré-escola ou

ensino fundamental parcial, para período integral, cuja remuneração é maior,

conforme se observa na Tabela 5.

Os anexos A, B, C, D, E e F mostram a evolução das matrículas

Municipais e Estaduais da educação básica consideradas no FUNDEB, onde pode-

se perceber os movimentos realizados, no sentido de tentar modificar o resultado em

relação ao FUNDEB. As tabelas apresentam as matrículas na rede Municipal e

Estadual de ensino dos 31 Municípios do estudo, nos anos de 2008, 2009, 2010 e

2011.

Num primeiro momento, constata-se que a maioria dos Municípios

atua principalmente nas séries iniciais do ensino fundamental, deixando para o

Estado a responsabilidade pela oferta das matrículas do segundo ciclo do

fundamental.

Percebe-se também que apenas 2 Municípios atendem a totalidade

das matrículas do ensino fundamental, Santo Antônio do Aracanguá e General

Salgado.

O Estado de São Paulo, segundo o censo educacional de 2009,

estava com parte do primeiro ciclo do ensino fundamental dos Municípios de Alto

Alegre, Birigui, Gastão Vidigal, General Salgado, Guararapes, Penápolis e São João

de Iracema.

Para uma melhor análise dos efeitos dessa movimentação de

matrículas na divisão dos recursos do FUNDEB, vamos dividir os 31 Municípios da

Região de Governo de Araçatuba, em três grupos, de acordo com o porte

populacional:

Grupo 1 - Municípios até de 5.000 habitantes – 14 Municípios;

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Grupo 2 - Municípios entre 5.001 a 15.000 habitantes – 8 Municípios e;

Grupo 3 - Municípios acima de 15.001 habitantes – 9 Municípios.

4.2. GRUPO 1 - MUNICÍPIOS COM POPULAÇÃO ATÉ 5.000 HABITANTES

Este grupo constituído por 14 Municípios possui como

característica principal o fato de que todos, exceto Santópolis do Aguapei, perderam

recursos para o FUNDEB em 2010. Todos pertencem à mesma faixa populacional

para efeito de distribuição do FPM, cada Município recebeu em 2010, R$ 3.658,4

mil.

Esse é o grupo de Municípios que mais sofre os efeitos negativos

da distribuição dos recursos do FUNDEB.

A tabela abaixo traz os dados de retenção, retorno, perda ou ganho

e percentual de perda ou ganho em relação ao FUNDEB retido.

Tabela 10: Grupo 1 – dados do FUNDEB 2010

Municípios - Grupo 1 FUNDEB RetidoRetorno do

FUNDEBPerda/Ganho

% Perda/Ganho em

relação ao FUNDEB

retido

Nova Castilho 1.302.600,30 311.929,74 -990.670,56 -76,1%

São João de Iracema 1.338.108,69 312.106,04 -1.026.002,65 -76,7%

Turiúba 1.347.885,41 506.115,03 -841.770,38 -62,5%

Lourdes 1.252.999,72 651.276,19 -601.723,53 -48,0%

Brejo Alegre 1.333.052,45 819.313,33 -513.739,12 -38,5%

Bento de Abreu 1.757.060,50 774.369,71 -982.690,79 -55,9%

Gabriel Monteiro 1.304.316,47 696.991,53 -607.324,94 -46,6%

Rubiacea 1.472.595,81 797.035,19 -675.560,62 -45,9%

Nova Luzitânia 1.230.382,04 1.049.457,60 -180.924,44 -14,7%

Alto Alegre 1.625.961,90 496.081,72 -1.129.880,18 -69,5%

Gastão Vidigal 1.443.969,10 428.587,48 -1.015.381,62 -70,3%

Santópolis do Aguapei 1.330.201,56 1.553.371,68 223.170,12 16,8%

Glicério 1.665.783,39 1.428.688,75 -237.094,64 -14,2%

Guzolândia 1.561.851,47 1.275.066,47 -286.785,00 -18,4%

Fonte: IBGE, Portal do Cidadão, STN e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Elaborado pelo autor

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É possível notar que vários Municípios contribuíram de forma

significativa com o FUNDEB. Municípios como Nova Castilho, São João de Iracema

Turiúba, Bento de Abreu, Alto Alegre e Gastão Vidigal perderam mais de 50 % dos

recursos que entregaram ao Fundo. Os demais perderam entre 14,2% e 48,0% da

contribuição. Santopólis do Aguapei, a exceção do grupo, recebeu 16,8% mais

recursos do que contribuiu.

A Tabela abaixo mostra os Municípios do grupo 1, classificados por

ordem decrescente de população, a quantidade de vezes que seria necessário

multiplicar a quantidade de alunos matriculados para se chegar a uma situação de

equilíbrio, o total de matrículas na rede municipal de cada Município, a quantidade

de alunos necessários para não ganhar e nem perder recursos para o Fundo e a

população em idade escolar, de 0 a 14 anos, faixa de idade que estaria ocupando a

educação infantil e o ensino fundamental.

O cálculo da quantidade de matrículas de equilíbrio, ou seja,

aquela em que o Município não ganha e nem perde recursos para o Fundo, foi

realizado da seguinte forma, lembrando que foram utilizados os dados de 2010:

Exemplo: Município de Turiúba

De acordo com o cálculo acima Tiriúba que possuía em 2010, para

efeito de cômputo para o FUNDEB, 212 crianças matriculadas em sua rede de

Valor retido pelo FUNDEB

Matrículas de equilíbrio = X Matrículas na rede de ensino

Valor de retorno do FUNDEB

1.347.885,41

Matrículas de equilíbrio = X 212 = 565 alunos 506.115,03

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ensino, conforme Tabela do Anexo A, necessitaria ter 565 alunos, respeitando as

mesmas proporções de alunos por modalidade que já possuía antes, ou seja, 10,4%

na creche parcial, 13,7% na creche integra, 18,9% na pré-escola parcial, 53,8% no

fundamental parcial e 3,3% na educação especial.

Tabela 11: Grupo 1 - Municípios com até 5.000 habitantes – Dados de 2010

Municípios Pop. 2010

Qtde de vezes que teria que multiplicar a

qtde de alunos

Total de alunos

matriculados na rede

municipal

Qtdd de alunos

necessária para não

perder e nem ganhar

recursos

População em idade

escolar (0 a 14 anos)

Nova Castilho 1.127 4,18 112 468 241

São João de Iracema 1.780 4,29 133 570 341

Turiúba 1.925 2,66 212 565 326

Lourdes 2.123 1,92 245 471 382

Brejo Alegre 2.573 1,63 344 560 565

Bento de Abreu 2.674 2,27 322 731 589

Gabriel Monteiro 2.705 1,87 273 511 458

Rubiacea 2.729 1,85 317 586 610

Nova Luzitânia 3.441 1,17 439 515 739

Alto Alegre 4.105 3,28 200 656 715

Gastão Vidigal 4.193 3,37 176 593 814

Santópolis do Aguapei 4.281 0,86 615 527 917

Glicério 4.398 1,17 605 705 1.015

Guzolândia 4.754 1,22 501 614 1.070

Fonte: IBGE, STN, Portal do Cidadão, MEC/INEP. Elaborado pelo autor.

Na matemática pela disputa por recursos do FUNDEB, 6 dos 11

Municípios desse grupo, em destaque na cor laranja na tabela acima, apresentam

uma situação particular. Possuem população em idade escolar (0 – 14 anos), faixa

de idade que ocupa da creche ao fundamental ciclo II, menor que a matrícula de

equilíbrio.

Para esses Municípios, pelas regras atuais, não existe possibilidade

alguma de reverter sua situação de perdedores de recursos para o Fundo, serão

eternos perdedores.

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51

É o caso de Nova Castilho, o menor Município do grupo, que em

2010, perdeu 76,1% dos recursos que enviou para o Fundo, R$ 990.670,56. Possui

uma rede com 112 estudantes matriculados (16 na pré-escola parcial, 84 no ensino

fundamental integral – anos iniciais e 12 no EJA ensino fundamental parcial),

entretanto, necessitaria de pelo menos 468 alunos para não ganhar nem perder

recursos. Porém, segundo os dados do censo de 2010 do IBGE possui 241 pessoas

em idade escolar (0 a 14 anos), portanto mesmo que assuma toda a educação no

Município não conseguiria modificar sua situação.

O mesmo acontece com São João de Iracema, Turiúba, Lourdes,

Bento de Abreu e Gabriel Monteiro.

Esse é o subgrupo de Municípios que se enquadra na situação

extrema em relação à política de distribuição de recursos pelo FUNDEB. Possui

proporcionalmente uma alta receita de transferências em comparação com a receita

própria e uma quantidade de alunos pequena.

Rubiácea com 317 alunos necessitaria de 586 alunos, assumindo os

175 alunos do segundo ciclo do fundamental que está sob responsabilidade do

Estado, ficaria com 492, teria ainda a possibilidade de migrar a creche, a pré-escola

e o ensino fundamental parcial para integral para tentar reverter a situação.

Alto Alegre que possuía 200 alunos, e precisaria de 656, teria que

assumir 204 alunos da primeira etapa do ensino fundamental, todos os alunos da

segunda etapa e transferir alguns para o período integral para tentar inverter a

situação.

Brejo Alegre e Nova Luzitânia teriam que assumir a responsabilidade

pela segunda etapa do ensino fundamental que estava com o Estado para modificar

a situação.

Gastão Vidigal tinha 176 alunos, precisaria de 593, o Estado estava

com 247 na primeira etapa do fundamental e 201 na segunda etapa. Assumindo

todos os alunos do fundamental ficaria com 624 revertendo a situação.

Nova Luzitânia com 439 precisaria de 515, assumindo os 203 alunos

do segundo ciclo do fundamental integral ficaria com 520, conseguindo reverter sua

situação.

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Glicério e Guzolândia teriam que incorporar parte dos alunos do

fundamental ciclo II para chegar na situação de equilíbrio.

Esse subgrupo composto pelos demais Municípios do grupo 1

também sofrem os efeitos da política do FUNDEB, porém sob um outro aspecto.

Esses Municípios têm a possibilidade de reverter sua situação de contribuintes do

FUNDEB desde que se responsabilizem além da oferta da educação infantil e do

fundamental primeira etapa, também pela oferta do fundamental ciclo II, senão em

sua totalidade, pelo menos por parte dela.

4.3. GRUPO 2 - MUNICÍPIOS DE 5.000 A 10.001 HABITANTES

Este grupo constituído por 8 Municípios pertencem à mesma faixa

populacional para efeito de distribuição do FPM, cada Município recebeu em 2010,

R$ 3.658,4 mil. Perderam recursos para o FUNDEB, em 2010, 5 dos 8 Municípios do

grupo como podemos observar na Tabela abaixo, que traz os dados de retenção,

retorno, perda ou ganho e percentual de perda ou ganho em relação ao FUNDEB

retido.

Tabela 12: Grupo 2 – dados do FUNDEB 2010

Municípios - Grupo 2 FUNDEB RetidoRetorno do

FUNDEBPerda/Ganho

% Perda/Ganho em

relação ao FUNDEB

retidoBraúna 1.441.815,41 1.394.359,60 -47.455,81 -3,3%

Luiziânia 1.396.913,92 1.184.134,28 -212.779,64 -15,2%

Coroados 1.587.287,35 1.232.686,97 -354.600,38 -22,3%

Piacatu 1.610.467,66 1.561.668,29 -48.799,37 -3,0%

Barbosa 1.567.194,02 2.487.632,34 920.438,32 58,7%

Bilac 1.621.990,08 1.712.703,46 90.713,38 5,6%

Clementina 1.882.353,76 2.250.924,50 368.570,74 19,6%

Santo Antonio do

Aracanguá3.996.857,18 3.403.969,93 -592.887,25 -14,8%

Fonte: IBGE, Portal do Cidadão, STN e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Elaborado pelo autor

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Barbosa foi o Município que mais recebeu recursos do FUNDEB,

58,7% a mais do que contribuiu. Coroados perdeu 22,3% em relação ao que

contribuiu, R$ 354.600,38.

Braúna e Piacatu estão muito próximos da quantidade de matrícula

de equilíbrio apresentando perdas pouco expressivas de recursos. Algumas

matrículas adicionais ou alterações de modalidade facilmente revertem essa

situação.

Tabela 13: Municípios com até 5.001 a 10.000 habitantes – Dados de 2010

Municípios Pop. 2010

Qtdd de vezes que teria que multiplicar a

qtdd de alunos

Total de alunos

matriculados na rede

municipal

Qtdd de alunos

necessário para não

perder e nem ganhar

recursos

População em idade

escolar (0-14 anos)

Braúna 5.021 1,03 494 511 1.008

Luiziânia 5.030 1,18 493 582 1.047

Coroados 5.287 1,29 507 653 1.089

Piacatu 6.238 1,03 627 647 1.067

Barbosa 6.593 0,63 1.007 634 1.573

Bilac 7.052 0,95 711 673 1.236

Clementina 7.064 0,84 946 791 1.480

Santo Antonio do

Aracanguá 7.627 1,17 1.390 1.632 1.608

Fonte: IBGE, STN, Portal do Cidadão, MEC/INEP. Elaborado pelo autor.

Santo Antônio do Aracanguá, em destaque na cor laranja na tabela

13, é o caso que chama mais a atenção desse grupo, pelo fato de possuir em 2010

uma população em idade escolar (0-14 anos) menor que a quantidade de matrícula

de equilíbrio. Possuía 1.390 alunos matriculados em sua rede de ensino e precisaria

ter 1.632 matrículas.

O Município assumiu a responsabilidade por toda a oferta das

matrículas desde a creche até o ensino fundamental ciclo II e mesmo assim perdeu

recursos para o FUNDEB. O Estado de São Paulo atua somente no ensino médio.

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54

Nesse caso específico a única opção para o Município reverter a

perda de recursos seria passar todos os alunos para o período integral para receber

mais recursos por aluno e assim reverter a situação.

4.3. GRUPO 3 - MUNICÍPIOS ACIMA DE 10.001 HABITANTES

Esse grupo constituído por 9 Municípios, é o que possui os valores

mais expressivos em termos de recursos. Detém 29% do número de Municípios da

RGA, 83% de sua população total e concentra 73,3% do montante das receitas

orçamentárias.

No conjunto esse grupo teve retido pelo FUNDEB em 2010,

72.748,82 mil e recebeu de volta, R$ 96.832,24 mil, um saldo positivo de R$

24.083,42 mil, 33,1% de ganho de recursos do Fundo.

Infere-se da tabela abaixo que à medida que vai aumentando a

população, a tendência é a diminuição dos Municípios que perdem recursos para o

FUNDEB.

Vistos os dados no conjunto e verificado a sua representatividade

no total dos Municípios da RGA, uma análise mais individualizada é interessante

para compreender os motivos que levam determinados Municípios desse grupo a

perderem recursos para o FUNDEB.

É o caso de Auriflama, Buritama e Guararapes que perderam

recursos para o fundo em 2010.

Auriflama teria que aumentar em 3% as matrículas que possui para

chegar a uma posição de equilíbrio, portanto já está bem próxima desse ponto.

Buritama com 1.460 alunos matriculados teria que chegar a 1.659

alunos, portanto precisa acrescentar mais 199 alunos, o que representa mais 14%.

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55

Tabela 14: Grupo 3 – dados do FUNDEB 2010

Municípios - Grupo 3 FUNDEB RetidoRetorno do

FUNDEBPerda/Ganho

% Perda/Ganho em

relação ao FUNDEB

retido

General Salgado 2.839.691,43 3.467.781,47 628.090,04 22,1%

Avanhandava 2.366.419,49 3.615.495,22 1.249.075,73 52,8%

Auriflama 2.880.436,03 2.795.953,32 -84.482,71 -2,9%

Buritama 4.050.097,52 3.563.592,19 -486.505,33 -12,0%

Valparaíso 5.119.431,72 5.201.415,53 81.983,81 1,6%

Guararapes 5.783.193,58 3.194.572,15 -2.588.621,43 -44,8%

Penápolis 9.545.658,32 12.976.425,26 3.430.766,94 35,9%

Birigui 14.201.534,64 24.534.744,30 10.333.209,66 72,8%Araçatuba 25.962.360,58 37.482.262,89 11.519.902,31 44,4%

Fonte: IBGE, Portal do Cidadão, STN e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Elaborado pelo autor

General Salgado é o único Município desse grupo que possui alunos

no ciclo II do ensino fundamental com 486 alunos. O Estado de São Paulo fica com

54 alunos desse ciclo.

Guararapes é o Município do grupo que mais perde recursos para o

FUNDEB, R$ 2.588.621,43, ou seja, contribuiu com 44,8% dos recursos que enviou

para o fundo. Esse número representa 5,81% do orçamento de Guararapes, que

segundo a Tabela 2 era de R$ 44.543.811,76 em 2010.

Isso ocorre porque Guararapes possuia apenas 313 alunos no

ensino fundamental ciclo I, 185 no parcial e 128 no integral. O Estado de São Paulo

assumia 1.253 alunos desse nível de ensino no Município. Porém como mostra a

tabela constante do anexo B, o Município incorporou, em 2011, a totalidade pelo

ensino fundamental ciclo I, acrescentando os 1.253 alunos a sua rede.

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Tabela 15: Municípios acima 10.001 habitantes – Dados de 2010

Municípios Pop. 2010

Qtde de vezes que teria que multiplicar a

qtde de alunos

Total de alunos

matriculados na rede

municipal

Qtde de alunos

necessário para não

perder e nem ganhar

recursos

População em idade

escolar (0-14 anos)

General Salgado 10.674 0,82 1.383 1.133 1.958

Avanhandava 11.311 0,65 1.414 925 2.442

Auriflama 14.205 1,03 1.171 1.206 2.581

Buritama 15.636 1,14 1.460 1.659 3.024

Valparaíso 22.617 0,98 2.098 2.065 4.421

Guararapes 30.600 1,81 1.227 2.221 5.985

Penápolis 58.495 0,74 4.859 3.574 11.591

Birigui 108.722 0,58 9.947 5.758 21.003

Araçatuba 181.503 0,69 15.378 10.652 33.678

Fonte: IBGE, STN, Portal do Cidadão, MEC/INEP. Elaborado pelo autor.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise dos dados apresentados neste estudo revelou alguns

resultados interessantes. Dentre eles está a constatação de que o ensino

fundamental do primeiro ciclo (1º ao 4º ano) está sob a responsabilidade da maioria

dos Municípios da Região de Governo de Araçatuba, segundo o censo realizando

em 2010, cujos dados constam da tabela do anexo A. Somente nos Municípios de

Gastão Vidigal, Braúna (zona rural), Birigui e General Salgado o Estado de São

Paulo ainda possui alunos do ensino fundamental ciclo I (1º ao 4º ano).

Outro resultado encontrado diz respeito ao número expressivo de

Municípios que compõem a Região de Governo de Araçatuba que perdem recursos

para o FUNDEB.

Tomando como base os dados do período de 2008 a 2010,

constatou-se que dos 31 Municípios da Região de Governo de Araçatuba, 21

perdem recursos para o FUNDEB. Isso representa 67,74% do universo de

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Municípios do estudo. Desse universo, 14 Municípios com população até 5 mil

habitantes, foram os que mais sofreram perdas de recursos no período estudado,

chegando em 2008 a 92,9%, em 2009 a 100% e em 2010 a 92,9% dos Municípios

nessa faixa populacional.

Foi possível perceber que na medida em que o quantitativo

populacional vai aumentando a tendência é a diminuição dos Municípios que perdem

recursos para o Fundo, como ficou demonstrado nas Tabelas 3 e 4.

Para uma melhor análise dos efeitos da política do FUNDEB, os

Municípios foram separados 3 grupos de acordo com a faixa populacional. O

primeiro grupo, chamado de grupo 1 ficou com 14 Municípios com população até 5

mil habitantes, o segundo grupo, intitulado grupo 2 com 8 Municípios na faixa

populacional entre 5.001 e 15 mil habitantes e o terceiro grupo, denominado grupo 3

composto por 9 Municípios com população acima de 15 mil habitantes.

Essa análise em separado revelou a existência de um subgrupo

composto por 6 Municípios: Nova Castilho, São João de Iracema, Turiúba, Lourdes,

Brejo Alegre e Bento de Abreu que mesmo assumindo a totalidade de alunos, desde

a creche até o ensino fundamental ciclo II, continuariam perdendo recursos para o

Fundo. Para esses Municípios a política de repartição de recursos do FUNDEB

impõe uma condição impossível de se reverter, a condição de contribuintes eternos

do FUNDEB.

Esse efeito ocorre por dois fatores, o primeiro ocasionado pelo

critério de distribuição de recursos pelo FPM e o segundo pela sistemática adotada

pelo FUNDEB.

Como critério de distribuição dos recursos do FPM é utilizado o

número de habitantes residentes no Município, por essa metodologia os Municípios

com população até 5 mil habitantes recebem um valor fixo de repasse de FPM.

Proporcionalmente, os menores Municípios acabam recebendo um valor “per capita“

maior.

O FUNDEB retém 20% dos recursos de transferências

constitucionais dos Municípios e devolve esses recursos de acordo com o número

de alunos matriculados em sua rede de ensino.

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Na contabilização dos recursos que tem a receber de volta do

FUNDEB esses Municípios, por apresentarem uma população em idade escolar

relativamente pequena, não conseguem inserir na sua rede de ensino a quantidade

de alunos suficientes para resgatar a totalidade dos recursos que ficou retido,

perdendo a diferença.

A política do FUNDEB, também se constatou, impõe a determinados

Municípios, principalmente aos pequenos, uma situação na qual são obrigados a se

responsabilizarem, além dos alunos do fundamental ciclo I, também pelos alunos do

fundamental ciclo II, se não quiserem perder recursos.

Municípios como Brejo Alegre (2.573 hab.), Rubiácea (2.729 hab.),

Nova Luzitânia (3.441 hab.), Alto Alegre (4.105 hab.), Gastão Vidigal (4.193 hab.),

Glicério (4.398 hab.) e Guzolândia (4.754 hab.) pertencentes também ao grupo 1

têm a possibilidade de reverter sua situação de contribuintes do FUNDEB desde que

se responsabilizem além da oferta da educação infantil e do fundamental primeira

etapa, também pela oferta do fundamental ciclo II, senão em sua totalidade, pelo

menos por parte dela.

Do conjunto de Municípios do grupo 2, Santo Antônio do Aracanguá,

com 7,6 mil habitantes, já tinha todo o ensino fundamental sob sua responsabilidade,

no entanto, mesmo assim perdeu recursos para o FUNDEB em 2010, teria que

trocar todos os alunos que estão em período parcial para integral, para reverter sua

situação.

No grupo 3, General Salgado, com 10,6 mil habitantes, praticamente

municipalizou todo o ensino fundamental, restando alguns poucos alunos no

fundamental ciclo I e ciclo II que estão sob responsabilidade do Estado, 49 alunos no

ciclo I do fundamental e 57 alunos no ciclo II.

Os dados confirmam que o conjunto de Municípios na faixa de

população de até 5 mil habitantes são os que sofrem os maiores impactos negativos

da política de financiamento da educação básica do FUNDEB. Financeiramente se

encontram no grupo onde ocorrem as maiores perdas de recursos, em casos

extremos chegando a 76,1% do que ficou retido pelo Fundo. Em termos

orçamentários as perdas chegam até 11,9%.

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59

Determinados Municípios desse grupo como vimos teriam que

assumir alunos do segundo ciclo do fundamental para tentar reverter a situação de

perdedores de recursos para o FUNDEB, em alguns casos nem sequer essa

possibilidade existe.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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65

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS MUNICIPAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2008, 2009, 2010 e 2011 DO GRUPO 1

GRUPO 1

Municípios ANO Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Total

2008 19 83 102

2009 35 21 53 1 12 122

2010 16 84 12 112

2011 18 21 13 61 1 13 127

2008 43 1 44

2009 60 44 104

2010 38 16 34 45 133

2011 41 106 20 53 220

2008 11 19 36 109 5 180

2009 20 32 58 105 3 218

2010 22 29 40 114 7 212

2011 24 17 43 100 3 187

2008 21 33 162 2 218

2009 26 54 151 20 251

2010 23 45 20 120 7 30 245

2011 43 59 129 14 19 264

2008 23 9 76 217 15 340

2009 32 7 118 203 4 37 401

2010 16 30 67 225 1 5 344

2011 23 22 72 223 3 343

2008 11 21 61 173 2 268

2009 11 47 111 157 2 23 351

2010 17 54 69 181 1 322

2011 17 32 59 178 3 289

2008 12 58 145 2 10 227

2009 14 108 132 2 256

2010 11 58 46 97 61 273

2011 11 59 50 123 35 18 296

Atend.

Educ.

Espec.

AEE

Anos Finais Creche Pré- escolaEduc.

Espec.

Educ.

Indig/

Quil.

Entidades ConveniadasEJA Presencial

Fundamental

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino Fundamental - Urbano Ensino Fundamental - Rural

Educ.

EspecialCreche Pré- escola Anos Iniciais Anos Iniciais

ANEXO A

Bento de Abreu

Gabriel Monteiro

Anos Finais

Nova Castilho

São João de

Iracema

Turiúba

Lourdes

Brejo Alegre

Médio

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66

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS MUNICIPAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2008, 2009, 2010 e 2011 DO GRUPO 1

GRUPO 1

Municípios ANO Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Total

2008 20 17 63 116 57 9 19 301

2009 49 85 114 57 19 14 338

2010 30 19 7 151 63 8 6 33 317

2011 45 18 38 137 72 6 5 21 342

2008 82 222 4 36 344

2009 141 233 5 54 433

2010 109 274 2 54 439

2011 26 90 250 4 54 424

2008 72 7 15 94

2009 117 23 11 151

2010 86 30 50 23 11 200

2011 82 235 15 53 23 11 419

2008 73 73

2009 113 113

2010 87 54 35 176

2011 98 54 1 26 42 221

2008 15 21 114 341 12 503

2009 31 165 297 14 25 41 573

2010 23 70 107 232 129 4 7 43 615

2011 27 84 119 184 116 11 10 19 570

2008 63 105 362 1 8 539

2009 30 123 121 395 3 14 686

2010 60 63 115 353 4 10 605

2011 22 130 81 48 239 83 4 607

2008 65 7 23 95

2009 120 281 22 22 35 480

2010 35 88 328 12 25 13 501

2011 37 85 307 14 17 16 12 488

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

ANEXO A

Guzolândia

Creche Pré- escola

Rubiacea

Nova Luzitânia

Alto Alegre

Gastão Vidigal

Anos Iniciais Anos Finais

Atend.

Educ.

Espec.

AEE

Pré- escola Anos IniciaisEduc.

Espec.

Educ.

Indig/

Quil.

Entidades ConveniadasEJA Presencial

Fundamental Médio

Santópolis do

Aguapei

Glicério

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino Fundamental - Urbano Ensino Fundamental - Rural

Educ.

EspecialAnos FinaisCreche

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67

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS MUNICIPAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2008, 2009, 2010 e 2011 DO GRUPO 2

GRUPO 2

Municípios Ano Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Total

2008 1 64 376 2 443

2009 36 114 338 21 4 513

2010 51 84 347 1 11 494

2011 52 118 178 128 17 12 13 518

2008 62 347 12 14 435

2009 121 316 1 20 20 478

2010 132 299 2 12 48 493

2011 83 57 256 49 1 18 67 531

2008 102 327 18 13 460

2009 146 332 24 17 9 528

2010 88 376 15 9 19 507

2011 77 119 324 15 16 20 571

2008 125 345 18 19 33 540

2009 199 327 22 53 601

2010 118 390 18 17 31 53 627

2011 99 112 340 48 24 11 19 653

2008 75 185 526 21 49 856

2009 74 42 327 537 27 39 1.046

2010 110 192 20 537 51 36 21 40 1.007

2011 142 175 543 51 34 23 44 1.012

2008 146 447 14 9 616

2009 237 416 25 24 702

2010 156 457 26 21 51 711

2011 152 429 24 15 73 693

2008 193 433 18 15 48 707

2009 15 287 470 18 17 62 869

2010 57 201 566 17 20 85 946

2011 83 87 205 380 151 10 916

2008 55 28 179 463 522 8 27 1.282

2009 105 31 241 466 533 16 1.392

2010 109 29 181 542 517 12 1.390

2011 131 52 163 376 174 478 11 1.385

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

Piacatu

Barbosa

Bilac

Clementina

Santo Antonio do

Aracanguá

CrecheAnos Iniciais Anos Finais Anos Iniciais Anos Finais Pré- escolaEduc.

Espec.

Braúna

Luiziânia

Coroados

Educ.

Indig/Q

uil.

Entidades Conveniadas

Creche Pré- escola Fundamental

ANEXO B

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino Fundamental - Urbano Ensino Fundamental - RuralEduc.

Especial

Atend.

Educ.

Espec.

AEE

EJA Presencial

Médio

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68

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS MUNICIPAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2008, 2009, 2010 e 2011 DO GRUPO 3

GRUPO 3

Municípios Ano Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Total

2008 17 135 5 529 586 36 48 1.356

2009 36 211 13 485 524 45 23 83 1.420

2010 24 87 23 589 486 9 39 35 91 1.383

2011 31 97 11 528 505 8 29 10 1.219

2008 62 44 450 249 30 43 878

2009 97 277 80 477 246 40 66 20 78 1.381

2010 46 112 165 75 564 229 37 77 31 78 1.414

2011 31 150 157 78 509 265 32 67 32 78 1.399

2008 43 240 35 655 11 29 1.013

2009 62 359 71 659 1.151

2010 62 287 757 13 52 1.171

2011 63 246 732 15 7 38 1.101

2008 43 190 44 809 27 11 1.124

2009 89 426 29 781 31 42 1.398

2010 162 277 907 38 23 7 32 14 1.460

2011 156 320 863 27 35 21 44 1.466

2008 83 251 149 1.669 4 43 41 2.240

2009 178 270 287 1.280 50 140 2.205

2010 199 237 200 1.371 25 66 2.098

2011 297 147 250 1.299 21 65 41 2.120

2008 186 573 5 58 822

2009 270 538 344 7 99 1.258

2010 383 267 205 185 128 2 57 1.227

2011 55 419 238 271 1.477 9 63 11 63 2.606

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

CrecheAnos Finais Pré- escola

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino Fundamental - Urbano Ensino Fundamental - Rural

Valparaíso

Guararapes

Educ.

Espec.

General Salgado

Avanhandava

Auriflama

Educ.

Especial

Atend.

Educ.

Espec.

AEE

Creche Pré- escolaEduc.

Indig/Q

uil.

Entidades Conveniadas

Fundamental Médio

ANEXO C

Buritama

Anos Iniciais Anos Finais

EJA Presencial

Anos Iniciais

Page 69: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

69

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS MUNICIPAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2008, 2009, 2010 e 2011 DO GRUPO 3

GRUPO 3

Municípios Ano Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Total

2008 349 943 33 1.806 685 62 63 39 84 4.064

2009 61 627 831 324 1.545 1.078 89 101 151 4.807

2010 41 722 708 427 1.475 1.003 79 42 106 256 97 4.096

2011 31 753 871 300 1.360 1.114 3.645

2008 127 745 968 351 5.397 134 139 5 29 27 7.922

2009 177 1.108 1.497 532 5.531 112 203 57 208 44 40 9.509

2010 216 1.310 1.389 637 5.389 207 88 1 162 73 391 44 40 8.421

2011 223 1.305 1.574 646 5.447 253 99 128 52 418 44 40 8.701

2008 649 470 2.884 7.364 931 55 214 271 49 22 74 26 13.009

2009 1.059 793 4.112 118 7.189 840 48 459 454 4 119 111 39 15.345

2010 1.724 918 2.141 8.168 816 57 598 204 424 117 111 39 12.675

2011 2.163 654 2.843 6.792 767 97 574 336 460 20 124 111 39 12.163

Araçatuba

Creche Pré- escola

Educ.

Espec.

Educ.

Indig/Q

uil.

Entidades Conveniadas

Creche Pré- escola Anos Iniciais Anos Finais

Penápolis

Birigui

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino Fundamental - Urbano Ensino Fundamental - Rural

Educ.

Especial

Atend.

Educ.

Espec.

AEE

EJA Presencial

Anos Iniciais Anos Finais

ANEXO C

Fundamental Médio

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo http://portal.inep.gov.br/basica-censo

Page 70: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

70

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS ESTADUAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2010 e 2011 DO GRUPO 1

GRUPO 1

Municípios Ano Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Parc Integr Total

2010 204 237 162 603

2011 218 148 366

2010 161 110 271

2011 153 106 259

2010 217 115 332

2011 217 121 338

2010 114 92 206

2011 126 84 210

2010 247 201 138 586

2011 225 210 149 584

2010 288 120 408

2011 299 142 441

2010 327 206 533

2011 325 198 523

2010 136 99 235

2011 126 89 215

2010 92 63 155

2011 89 53 142

2010 203 121 324

2011 195 140 335

2010 175 128 303

2011 184 131 315

2010 203 70 161 434

2011 224 74 156 454

2010 88 111 74 273

2011 92 74 166

2010 101 81 33 215

2011 95 75 11 181

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

ANEXO D

NOVA LUZITANIA

RUBIACEA

SANTOPOLIS DO AGUAPEI

SAO JOAO DE IRACEMA

TURIUBA

GABRIEL MONTEIRO

GASTAO VIDIGAL

GLICERIO

GUZOLANDIA

LOURDES

NOVA CASTILHO

Anos Iniciais Anos Finais Fundamental Médio

BENTO DE ABREU

BREJO ALEGRE

ALTO ALEGRE

Matrícula inicial

Ensino Regular EJA

Educação Infantil Ensino FundamentalMédio

EJA Presencial

Creche Pré- escola

Page 71: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

71

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS ESTADUAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2010 e 2011 DO GRUPO 2

GRUPO 2

Municípios Ano Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Total

2010 468 30 221 33 752

2011 539 19 250 808

2010 426 268 694

2011 415 271 686

2010 Urb 284 28 250 562

2010 Rural 3 10 1 4 18

2011 Urb 282 23 208 513

2011 Rural 4 7 3 14

2010 376 302 678

2011 352 33 316 701

2010 357 235 50 642

2011 321 227 548

2010 312 173 485

2011 267 43 173 483

2010 328 187 515

2011 322 210 532

2010 391 391

2011 391 391

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo

Ensino FundamentalMédio

EJA Presencial

Creche

ANEXO E

CLEMENTINA

COROADOS

LUIZIANIA

Fundamental Médio

Matrícula inicial

Ensino Regular EJA

Educação Infantil

PIACATU

SANTO ANTONIO DO

ARACANGUA

Anos Finais

BARBOSA

BILAC

BRAUNA

Pré- escola Anos Iniciais

Page 72: OS EFEITOS DA POLÍTICA DE FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO … · Palavras chaves: FUNDEF, FUNDEB, Região de Governo de Araçatuba, Financiamento da Educação Básica. Lista de Abreviaturas

72

EVOLUÇÃO DAS MATRÍCULAS ESTADUAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA CONSIDERADAS NO FUNDEB 2010 e 2011 DO GRUPO 3

GRUPO 3

Municípios Ano Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Parcial Integral Total

2010 Urb 17 5 5.259 2.092 5.575 205 687 13.840

2010 Rural 8 2 10

2011 Urb 19 8 5.689 2.231 5.628 158 595 14.328

2011 Rural 25 6 31

2010 668 532 106 1.306

2011 624 550 40 1.214

2010 594 370 94 66 1.124

2011 566 40 408 100 82 1.196

2010 627 5.607 3.842 159 492 10.727

2011 149 5.758 3.972 68 305 10.252

2010 842 553 1.395

2011 860 552 1.412

2010 58 54 446 558

2011 49 57 447 553

2010 1.253 1.318 1.098 77 91 3.837

2011 1.312 1.071 77 76 2.536

2010 Urb 457 2.842 1.910 236 413 5.858

2010 Rural 113 13 126

2011 Urb 411 2.846 1.984 152 318 5.711

2011 Rural 64 57 121

2010 1.211 686 85 120 2.102

2011 1.242 746 121 120 2.229

ANEXO F

BIRIGUI

BURITAMA

GENERAL SALGADO

GUARARAPES

PENAPOLIS

Matrícula inicial

Ensino Regular EJA

Educação Infantil

VALPARAISO

Anos FinaisFundamental Médio

ARACATUBA

AURIFLAMA

AVANHANDAVA

Ensino FundamentalMédio

EJA Presencial

Creche Pré- escola Anos Iniciais

Fonte: Censo Escolar (MEC/INEP) - http://portal.inep.gov.br/basica-censo