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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2014

Título: A importância do acompanhamento do pedagogo na hora-atividade dos professores.

Autora: Josiane Cristina Prestes Borges

Disciplina/Área: Pedagogia

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves – Ensino Fundamental e Médio

Município da escola: Goioxim

Núcleo Regional de Educação: Guarapuava

Professor Orientador: Leonir Borges

Instituição de Ensino Superior: UNICENTRO

Resumo: Entre as várias funções que são atribuídas ao pedagogo, está o acompanhamento ao trabalho do professor, não no sentido de supervisionar, mas no sentido de assessorar, auxiliar, contribuindo assim para uma melhoria em todo o processo de ensino e aprendizagem, acreditando que este acompanhamento mais direto junto ao professor possa melhorar sua prática em sala de aula. Apesar da importância deste acompanhamento, vivencia-se outra situação, pois os pedagogos acabam deixando em segundo plano este atendimento aos professores, devido a tantas outras demandas que surgem no dia-a-dia escolar. O estudo irá contribuir para a valorização dos pedagogos no espaço escolar e para uma melhor organização do trabalho pedagógico na medida em que irá refletir sobre a realidade e estabelecer relações entre a teoria e a prática. Discutindo como os pedagogos podem auxiliar os professores durante suas horas-atividades, no sentido de mediar à prática docente. Para tanto, será ofertado um curso de capacitação aos pedagogos e professores do Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves, de Goioxim, Paraná, local eleito para a realização de nossa intervenção pedagógica. Espera-se ao final do estudo e da intervenção, contribuição, valorização, junção entre a teoria e prática e organização do trabalho didático-pedagógico dos pedagogos e professores

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no espaço escolar.

Palavras-chave: Hora-atividade; pedagogo; professor; trabalho pedagógico

Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico

Público: Professores e Pedagogos

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Este Caderno Pedagógico faz parte da Produção Didático-Pedagógica, solicitada

aos professores participantes do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional – da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná, turma 2014/2015.

O Documento Síntese e Resolução 4341/2007, normatizam a operacionalização do

Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, na Rede Pública Estadual de Ensino.

O tema norteador dessa pesquisa é “A importância do acompanhamento do

pedagogo na hora-atividade dos professores”, e tem como objetivo discutir como os

pedagogos podem auxiliar aos professores durante suas horas-atividades, no sentido de

mediar à prática docente.

Este caderno está organizado didaticamente em 03 (três) Unidades, que são

subsídios para a implementação pedagógica que será realizada no segundo semestre de

2015 junto aos professores e pedagogos do Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves –

Goioxim, com carga horária de 32h, distribuídas em 08 encontros presenciais. A

certificação desta implementação será emitida pela UNICENTRO.

O Caderno Pedagógico que se caracteriza como um material de enriquecimento do

tema proposto e se propõe a trabalhar com os seguintes temas:

UNIDADE I: O papel do pedagogo: perspectiva legal e histórica,

UNIDADE II: As atribuições do professor pedagogo no estado do Paraná

UNIDADE III: A hora-atividade

Espera-se que este material torne-se um significativo instrumento de articulação de

reflexão teórica e de material de apoio para a efetivação da ação docente e pedagógica,

sendo uma oportunidade de diálogos e reflexões, que contribuam para o crescimento

pessoal e profissional de todos os envolvidos.

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UNIDADES ENCONTRO CARGA

HORÁRIA DATA

UNIDADE I O papel do pedagogo: perspectiva legal e histórica

1º encontro - Apresentação da produção didático pedagógica; - Apresentação do cronograma dos encontros; - Estudo sobre o Histórico da formação do pedagogo – identificar as causas da atual indefinição do seu papel;

04h Set.

2º Encontro Entre o universo da formação inicial e da atuação profissional

04h Set.

UNIDADE II As atribuições do professor pedagogo no estado do Paraná

3º encontro O professor pedagogo

4º encontro As atribuições do pedagogo segundo o Regimento Escolar do Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves, e a relação com a prática diária. 5º Encontro A organização do trabalho docente e o papel do pedagogo

04h

04h

04h

Set.

Set.

Out.

UNIDADE III A hora-atividade

6º encontro A hora atividade como espaço de formação 7º encontro A organização do Trabalho Pedagógico 8º Encontro Construção de um plano de ação para a equipe pedagógica

04h

04h

04h

Out.

Out.

Out.

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O papel do pedagogo: perspectiva legal e histórica

Percebe-se ao longo da história da educação no Brasil, uma indefinição na

formação dos pedagogos e consequentemente uma indefinição de seu papel no interior

das escolas. As transformações ocorridas na sociedade delineiam o perfil do profissional

da educação, uma vez que a educação, que é o seu objeto de estudo, sofre influências de

diversas áreas: política, econômica, social, cultural, Libâneo (2010, p. 30) assim define a

educação: “é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas que intervêm no

desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural

e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais”. Neste

sentido, dar-se-á ênfase ao contexto educacional, com o objetivo de refletir a respeito da

formação do pedagogo e sobre como vem sendo tratado à função do mesmo neste

contexto.

Na década de 90, houve a promulgação da LDB 9.394/96, que trouxe impactos

significativos nos cursos de Pedagogia, pois a mesma integrou as habilitações dos

especialistas, a partir da formação, surgindo assim o pedagogo generalista, atribuindo a

um único profissional duas funções, que até então diziam respeito ao supervisor escolar e

ao orientador educacional.

Art.64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para e educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação a base comum nacional (BRASIL, 1996).

Com relação a este artigo, Grispun (2006, p.11), analisa o seguinte:

Aparentemente fácil à integração, torna-se muito difícil na prática sua efetivação uma vez que os saberes/fazeres desses profissionais foram esculpidos historicamente em forma que se direcionassem para os alunos, no caso da Orientação e para os professores, no caso da Supervisão.

Dessa forma, podemos perceber que neste momento então, surge o pedagogo

generalista, as funções a ele destinadas pela sua formação, acabam definindo seu papel

no interior das escolas, no entanto, pelo fato de não ser bem clara está função, há muitas

divergências a respeito das atribuições assumidas pelo mesmo.

A LDB 9394/96, trata em seu art.13 (Incisos de I ou IV), sobre a formação do

pedagogo com exclusividade a docência:

Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:

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1º§. Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento do ensino; 2º§. Elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; 3º§. Zelar pela aprendizagem dos alunos; 4º§. Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; 5º§. Ministrar os dias letivos e as horas-aulas estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; 6º§. Colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. (BRASIL, 1996)

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de pedagogia regulamentam a

atuação profissional do pedagogo com exclusividade a docência, colocando as

habilitações do curso em extinção:

Art. 2º As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. (BRASIL, 2006)

Segundo Libâneo (2001, p.37), esta situação descaracteriza o profissional da

educação enquanto cientista e pesquisador, pois o pedagogo perde a capacidade de

abranger e tratar dos múltiplos aspectos educacionais, já que se limita a docência,

reiterando que “todo docente é um pedagogo, mas nem todo pedagogo precisa ser

docente, simplesmente porque docência não é a mesma coisa que pedagogia”.

Ainda sobre esta questão, Libâneo (2010, p.45), esclarece que “trabalho

pedagógico, implica num amplo leque de práticas educativas, e trabalho docente é uma

forma peculiar que o trabalho pedagógico assume na escola”.

Portanto, acredita-se que o papel do pedagogo é diferente do papel do docente,

cada um possui características próprias em sua ação educativa, além do que o trabalho

do pedagogo extrapola as questões de sala de aula, ou seja, “pedagogos e docentes têm

suas atividades mutuamente fecundadas por conta da especificidade de cada um, [...], o

geral e o específico do ensino vão se interpenetrando”. (LIBÂNEO, 2010, p.63).

Neste sentido, é que Libâneo (2010) e Garcia (1995), defendem a ideia do

profissional da educação especialista, uma vez que, consideram que estes poderão

fortalecer a escola e os professores. Garcia (1995) nos diz que o especialista é o

profissional que sabe sua real função no ambiente escolar brasileiro e expõe que estes

profissionais têm a função de desestabilizar e posteriormente apresentar subsídios ao

professor, oportunizando com isso mais criticidade a atuação deste profissional em sala

de aula.

Ainda com relação ao papel do pedagogo, Saviane (1985), assim o define:

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Pedagogo é aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação cultural. É, pois, aquele que domina as formas, os procedimentos, os métodos através dos quais se chega ao domínio do patrimônio cultural acumulado pela humanidade. [...] A palavra pedagogia traz sempre ressonâncias metodológicas, isto é, de caminho através do qual se chega a determinado lugar. Aliás, isto já está presente na etimologia da palavra: conduzir (por um caminho) até determinado lugar.

Fica evidente que tudo o que acontece na escola é uma questão política, sendo

assim, o papel principal dos profissionais da educação é assumir uma postura

investigativa e discutir a educação, a escola e o projeto político pedagógico,

compreendendo-os dentro do contexto sociocultural, no qual a escola está inserida.

Para Bussman (2006, p. 51 e 52), a presença e o trabalho do pedagogo na escola,

são fundamentais para que a escola como um todo alcance seus objetivos:

Caminhar na direção da democracia na escola, na construção de sua identidade como espaço-tempo pedagógico com organização e projeto político próprio, com base nas convicções que envolvem o processo como construção coletiva, supõe e exige: [...] uma coordenação administrativo-pedagógica competente e interativa que estimule, planeje, comande, avalie, apoie e dialogue sempre, continuamente.

Portanto, entender o papel do pedagogo e a importância de seu acompanhamento

aos diversos processos educativos e pedagógicos que se dão no interior na escola, se faz

urgente para que se efetive uma escola de gestão, que se diz democrática, onde todos os

segmentos escolares tem seu papel garantido e valorizado.

Referências:

BRASIL. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.

______. Resolução nº01, 15.05.2006. Diretrizes curriculares para o curso de pedagogia. Brasília. 2006.

BUSSMANN, Antônia Carvalho. O Projeto político pedagógico e a gestão da escola. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro et al. Projeto político pedagógico da escola: uma construção possível. 22. ed. Campinas: Papirus, 2006. Cap. 2. p. 37-52.

GARCIA, Regina Leite. Síntese das anotações dos especialistas no encontro com a professora Regina L. Garcia. Palestra: O papel do especialista na escola atual. In: Evento: O papel do especialista na escola atual; Inst. Promotor-financiadora: Secretaria Municipal de Educação de Itajaí, 1995.

GRISPUN, Míriam P. S. Zippin. A orientação educacional: conflito de paradigmas a alternativas para a escola. 3 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? 12 ed. São Paulo: Cortez, 2010. 208 p.

PIMENTA, Selma Garrido. Orientador educacional ou pedagogo. In: Revista ANDE,

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São Paulo, n. 9, p. 29-37, 1985.

SAVIANE, Demerval. O sentido da pedagogia e o papel do pedagogo. In: Revista da ANDE, São Paulo: Cortez, nº 09, 1985.

Encaminhamento Metodológico

Tema: A formação do pedagogo e as implicações para sua atuação Objetivo: Refletir sobre o histórico da formação dos pedagogos, identificando as causas

da indefinição atual de sua função.

Introdução:

- Apresentação da produção didático pedagógica;

- Apresentação do cronograma dos encontros;

- Realizar a dinâmica: “Tempestade de ideias” a respeito do seguinte problema: “Você

sabe qual é real função do professor pedagogo na escola”? Se sim, fale sobre.

O objetivo da dinâmica é gerar grande número de ideias ou soluções acerca do problema,

evitando-se críticas e avaliações, até o momento oportuno; processar os resultados de

uma sessão de tempestade mental.

Desenvolvimento: - Dividir o grande grupo em três grupos menores para a leitura do artigo: “A identidade do

pedagogo e as novas diretrizes curriculares de pedagogia”. (Fabiana dos Santos Franco

da Silva – UEL).

- A partir da leitura do texto cada grupo terá uma função específica, sendo:

1º grupo – terá que formular perguntas a respeito do texto (cinco no mínimo)

2º grupo – terá que responder as questões do 1º grupo oralmente

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3º grupo – irá avaliar a relevância das perguntas e das respostas do 1º e 2º grupos, e

registrar como de deu toda a discussão.

Ao final da dinâmica cada grupo deverá identificar as possíveis causas da indefinição do

papel do pedagogo na escola.

- Finalizar o encontro com o vídeo: Pedagogos quem?

Referências:

SILVA, Fabiana dos Santos Franco da. A identidade do pedagogo e as novas diretrizes curriculares de pedagogia. In: Educere, 8, 2008, Curitiba, Anais, Champagnat, p. 549-560. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/167_519.pdf>. Acesso em: 27 out. 2014.

Vídeo: Pedagogos quem? Disponível em:

https://www.youtube.com/watch?v=h76ibfjtRaw, acessado em 27 de out 2014, às 15:23.

Tema: Entre o universo da formação inicial e da atuação profissional.

Objetivo: Identificar se os conhecimentos obtidos na formação inicial subsidiam o

exercício da função do pedagogo na escola.

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Introdução:

Realizando um feedback do encontro anterior e para abertura deste encontro, apresentar

as seguintes questões, retomando o assunto sobre formação e atuação do pedagogo:

Quais as diferenças que existem na formação do pedagogo?

A partir da formação podemos identificar qual é a função do pedagogo na escola?

Será que a função do pedagogo é claro para todos os segmentos da escola? Como podemos perceber isso?

Registrar as respostas dos participantes no quadro e deixar exposto durante o encontro.

Ao final do encontro retomar as questões e verificar se houve mudanças ou acréscimos

nas respostas.

Desenvolvimento:

- Leitura do texto de PORTELINHA e CONCEIÇÃO: “Entre o universo da formação inicial

e a atuação profissional: o que dizem os egressos”.

Discutir e responder as questões:

- Fazer um paralelo entre as funções do pedagogo apontadas no início do encontro pelos

participantes e as funções que aparecem no texto.

- Segundo o texto, no estado do Paraná a própria legislação confere ao professor

pedagogo a função de coordenar o trabalho pedagógico. Retomando a pergunta que

aparece no texto, se questiona: O que é coordenar o trabalho pedagógico em uma escola

cuja primazia reside em solucionar os problemas do cotidiano?

- Pensando no dia a dia escolar, quais seriam os problemas que mais interferem na

função de coordenar o trabalho pedagógico?

- O professor pedagogo é um profissional que, como os demais apresenta uma formação

a nível superior, muitas das vezes com especialização, assim como os demais

professores da escola. Porque será que existe tanto preconceito contra este profissional,

contribuindo para a falta de valorização do seu trabalho?

- Depois de respondidas e discutidas as questões, retomar o quadro respondido no início

do encontro e rever as questões analisando se houve mudanças no ponto de vista dos

participantes.

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Referências:

PORTELINHA, Angela Maria Silveira; CONCEIÇÃO, Caroline Machado Cortelini. Formação para docência e as implicações da atuação do pedagogo. In: ALMEIDA, Benedita de et al. A formação do pedagogo: Para a educação básica e a docência nas áreas de conhecimentos específicos. São Cristovão: Ufs, 2012. Cap. 4. p. 97-127.

As atribuições do professor pedagogo no estado do Paraná

Com a lei complementar nº 103/ de 2004, da Secretaria de Estado da Educação –

SEED – do estado do Paraná, que dispõe sobre o plano de carreira dos professores da

Rede, no artigo 4º, inciso 5º, do capítulo III, que trata dos conceitos fundamentais, fica

evidenciado que o pedagogo é professor, surgindo daí o termo professor pedagogo, e

assegurando que este profissional da educação passe a ter os mesmos direitos

garantidos aos professores, alterando a nomenclatura dos especialistas:

Professor: servidor público que exerce docência, suporte pedagógico, direção, coordenação, assessoramento, supervisão, orientação, planejamento e pesquisa exercida em Estabelecimentos de Ensino, Núcleos Regionais de Educação, Secretaria de Estado da Educação e unidades a ela vinculadas (PARANÁ, 2004).

A partir deste período, iniciaram os concursos específicos aos professores

pedagogos, pois até então os cargos de supervisão e orientação, assim chamados, eram

ocupados por qualquer outro professor, profissionais estes indicados pela direção,

núcleos regionais de educação, para tanto, não necessitava de formação específica na

área.

Em 2004, e em 2007 foram realizados concursos públicos destinados aos

professores pedagogos, e para participar era necessário ser licenciado em Pedagogia.

O Edital nº 10/2007 – GS/SEED, referente às normas relativas ao concurso para o

provimento dos cargos de professor pedagogo, estabelece as atividades do cargo a

serem exercidas nos estabelecimentos da rede pública do estado do Paraná, que se

segue:

Coordenar a elaboração coletiva e acompanhar a efetivação do Projeto Político-Pedagógico e do Plano de Ação da Escola; coordenar a construção coletiva e a efetivação da Proposta Pedagógica Curricular da Escola, a partir das Políticas Educacionais da SEED/PR e das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; sistematizar, junto à comunidade escolar, atividades que levem à efetivação do processo ensino e aprendizagem, de modo a garantir o atendimento às

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necessidades do educando; coordenar a organização do espaço-tempo escolar a partir do Projeto Político-Pedagógico e da Proposta Pedagógica Curricular da Escola, intervindo na elaboração do calendário letivo, na formação de turmas, na definição e distribuição do horário semanal das aulas e disciplinas, da hora-atividade, no preenchimento do Livro Registro de Classe de acordo com as Instruções Normativas da SEED e em outras atividades que interfiram diretamente na realização do trabalho pedagógico; coordenar, junto à direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas a partir de critérios legais, pedagógicos e didáticos e da Proposta Pedagógica Curricular da Escola; apresentar propostas, alternativas, sugestões e/ou críticas que promovam o desenvolvimento e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar, conforme o Projeto Político-Pedagógico, a Proposta Pedagógica Curricular, o Plano de Ação da Escola e as Políticas Educacionais da SEED; coordenar a elaboração de critérios para aquisição, empréstimo e seleção de materiais, equipamentos e/ou livros de uso didático- pedagógico, a partir da Proposta Pedagógica Curricular e do Projeto Político-Pedagógico da Escola; participar da organização pedagógica da biblioteca, assim como do processo de aquisição de livros e periódicos; informar ao coletivo da comunidade escolar os dados do aproveitamento escolar; coordenar o processo coletivo de elaboração e aprimoramento do Regimento Escolar, garantindo a participação democrática de toda a comunidade escolar da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar. (PARANÁ, 2007)

Percebe-se que está presente nas atribuições do professor pedagogo uma

diversidade de ações, de forma generalizada, no entanto todas elas possuem cunho

pedagógico, porém no dia a dia da escola o pedagogo acaba por fazer outras funções que

por não serem caracterizadas como função dos outros profissionais da escola, nem

mesmo do pedagogo, acabam sendo atribuídas para o mesmo. Esta sobrecarga de

funções tem ocasionado a falta de tempo para planejar, estudar e refletir sobre a prática,

deixando de fazer o processo de ação-reflexão-ação.

Huberman (1986, p.8, apud Nóvoa, 2006, p.73), afirma que “na verdade, os

pedagogos não trabalham com uma disciplina científica aplicada, mas com uma situação

de múltiplos determinismos”.

Sendo assim, a falta de condições de trabalho, como a falta de especificidade pelo

excesso de atribuições no ajuntamento de responsabilidades num cargo, tem provocado

uma crise de identidade para o próprio profissional, bem como para os demais envolvidos

na comunidade escolar. Com a preocupação de “mostrar trabalho”, acaba priorizando as

tarefas de ordem mais imediata, mas que em longo prazo não significam mudanças

significativas no processo educativo.

De acordo com Pimenta (1995, p.177):

[...] a situação precária da instituição escolar hoje coloca um conjunto de problemas cotidianos desde turnos numerosos, quadro de professores que não comporta substituição (quando falta um ou mais professores, não há como substituí-los, manutenção do prédio em condições deficitárias, falta de material didático, distribuição da merenda, problemas administrativos de toda ordem, até questões de violência). Tal quadro exige dos especialistas, quando estes existem na escola, que se incumbam da solução dos problemas imediatos.

Outra questão é que o professor pedagogo, acaba concentrando seu trabalho no

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que for mais de acordo com sua formação, atendendo, na maioria das vezes, mais aos

alunos, destacando o trabalho do antigo orientador educacional, em detrimento das

atividades do antigo supervisor escolar, que realiza um acompanhamento mais efetivo aos

professores, sendo pela demanda de responsabilidades, ou pela intervenção menos

exigente junto ao aluno, já que o acesso e a intervenção junto aos professores demanda

de mais preparo, segurança e conhecimento. Em Veiga (1997, p. 49), vamos encontrar o

seguinte esclarecimento: “é a desqualificação que torna o trabalhador dependente.

Desenvolve habilidades específicas e limitadas tornando o trabalho repetitivo, mecânico,

acrítico e desprovido de criatividade.”

Faz-se necessário que o professor pedagogo, diante do seu papel de mediador dos

processos educativos e pedagógicos na escola e também responsável pela produção de

conhecimento, atualize e adapte sua postura em face de seu trabalho pedagógico

realizado na escola, conforme as mudanças e avanços de sua profissão.

Vasconcellos (2002, p. 86 e 87) aponta algumas atribuições ao pedagogo como

definições negativas do seu papel:

[...] não é (ou não deveria ser): não é fiscal de professor, não é dedo duro (que entrega os professores para a direção ou mantenedora), não é pombo correio (que leva recado da direção para os professores e dos professores para a direção), não é coringa/tarefeiro/quebra-galho/salva-vidas (ajudante de direção, auxiliar de secretaria, enfermeiro, assistente social, etc.), não é tapa buraco (que fica ‘toureando’ os alunos em sala de aula no caso de falta de professor), não é burocrata (que fica às voltas com relatórios e mais relatórios, gráficos, estatísticas sem sentido, mandando um monte de papéis para os professores preencherem-escola de ‘papel’), não é de gabinete (que está longe da prática e dos desafios efetivos dos educadores), não é dicário (que tem dicas e soluções para todos os problemas, uma espécie de fonte inesgotável de técnicas, receitas), não é generalista (que entende quase nada de tudo).

Sendo assim, o professor pedagogo, deve articular todas as ações coletivas da

escola e demonstrar competência profissional para direcionar as ações, assumindo com

responsabilidade a sua área ou função específica, deixando de ser o multitarefeiro,

cumpridor de tarefas alheias à sua função, para desenvolver um trabalho, que Pimenta

(1985, p.35), conceitua como uma “assessoria ao processo ensino-aprendizagem,

desenvolvido na relação professor-aluno”.

Ao analisar os documentos do Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves,

principalmente o Projeto Político Pedagógico e o Regimento Escolar, vemos que os

mesmos estão se acordo com as orientações da SEED.

Referências:

NÓVOA, Antônio. As ciências da educação e os processos de mudança. In:

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PIMENTA, Selma Garrido (Coord.) Pedagogia, ciência da educação? 5 ed. São Paulo: Cortez, 2006.

PARANÁ. Edital nº 10/2007. Dispõe sobre as normas do concurso público para o provimento de vagas no cargo de professores pedagogos. Curitiba, 2007.

______. Lei Complementar nº 103/2004 de 15 de março de 2004. Institui e dispõe sobre o Plano de Carreira do Professor da Educação básica do Paraná. Diário Oficial nº 6687 de 15/03/2004.

PIMENTA, Selma Garrido. O pedagogo na escola pública. 3ed. São Paulo: Loyola, 1995.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto político pedagógico ao cotidiano da sala de aula. São Paulo: Libertad, 2002.

Encaminhamento Metodológico

Tema: O professor pedagogo

Objetivo: Discutir como vem sendo tratada a função do professor pedagogo no estado do

Paraná.

Introdução: Vídeo: Pedagogia do Olhar (Rubem Alves)

- Em sua prática como educador para onde está voltado seu olhar?

- Neste curso estamos voltando nosso olhar para um dos profissionais da educação o

pedagogo, quais impressões tenho a respeito deste profissional?

- Consigo entender e valorizar seu trabalho?

Desenvolvimento:

- Texto: O pedagogo na rede estadual do Paraná e as condições de trabalho de Soraia

Kfouri Salerno; Rosana Pereira Lopes; Samira Fayez Kfouri.

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- Dividir os participantes em três grupos, cada grupo ficará responsável por uma parte do

texto, deverão realizar a leitura e após socializar com os demais a parte do texto que

coube ao grupo.

- Posteriormente a socialização, cada grupo deverá construir um texto com as conclusões

do grupo a respeito das discussões realizadas.

- Realizar a dinâmica do Júri Simulado, onde o réu será o professor pedagogo.

O que é? É a simulação de um tribunal judiciário, em que os participantes têm

funções predeterminadas.

Como se faz? Formam-se três grupos: dois grupos de debatedores, sendo um

grupo de acusação e outro de defesa (com mesmo número de pessoas) e uma

equipe responsável pelo veredicto (o júri popular - com um número menor de

componentes).

Qual objetivo? Estudar e debater um tema, levando todos os participantes do grupo

a se envolver e tomar uma posição a respeito do trabalho que o professor

pedagogo desenvolve na escola.

Avaliação: O júri popular irá registrar as impressões sobre as discussões, e ao

término, fará suas considerações, apontando o que foi mais relevante na fala dos

participantes. E dará o veredicto: inocente ou culpado.

Para finalizar: deixar que os participantes façam suas conclusões a respeito de

tudo o que foi discutido na dinâmica.

Referência:

Roteiro da dinâmica juri simulado. Disponível em: http://www.mundojovem.com.br/dinamicas/como-fazer-um-juri-simulado. Acesso: 05 nov.2014. SALERNO, Soraia Kfouri; LOPES, Rosana Pereira; KFOURI, Samira Fayez. O pedagogo na rede estadual do Paraná e as condições de trabalho. In: Educere, 11, 2013, Curitiba, Anais, Champagnat, p. 1763-1776. Disponível em: http://educere.bruc.com.br/ANAIS2013/pdf/7080_4105.pdf. Acesso em: 04 nov. 2014. Vídeo: Pedagogia do olhar. Rubem Alves. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=20IRAOojcxc. Acesso em: 05 nov. de 2014

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Tema: As atribuições do pedagogo segundo o Regimento Escolar do Colégio Estadual Dr.

João Ferreira Neves, e a relação com a prática diária.

Objetivo: Fazer um paralelo entre o que prevê o Regimento Escolar e as condições de

trabalho do pedagogo.

Introdução:

- Realizar uma retomada, em slides (Power point), sobre o que é o regimento escolar, sua

importância e como foi construído.

Desenvolvimento:

- Realizar uma leitura coletiva do Regimento Escolar do Colégio Estadual Dr. João

Ferreira Neves, no Capítulo I, Seção V, sobre a Equipe Pedagógica.

- Após a leitura, ressaltar a questão do pedagogo como generalista, multitarefeiro e lançar

as questões: - O pedagogo vem dando conta de todas estas atribuições? Se não, porque

não consegue realizar todas estas funções?

- Fazer uma lista com outras atividades que são atribuídas ao pedagogo e que, no

entanto, não fazem parte de suas atribuições segundo o regimento.

- Montar um quadro com as atribuições sugeridas pelo grupo e quem poderia ser

responsável por ela, além do pedagogo.

Atividades existentes no dia a dia escolar Possível responsável

- Pedir que individualmente todos escrevam suas conclusões a respeito do tema de hoje;

recolher os registros e ler alguns para o grupo.

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Leitura Complementar:

As atividades da direção e da coordenação de José Carlos Libâneo.

Referências:

GOIOXIM. Regimento Escolar. Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves: 2007. Disponível em: http://www.goiojoaoneves.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/14/875/12/arquivos/File/Regimento(1).pdf. Acesso em: 04 nov. 2014. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Mf Livros, 2008. Cap. 5. p. 214-224.

Tema: A organização do trabalho docente e o papel do pedagogo

Objetivo: Refletir sobre a organização do trabalho docente e a contribuição do pedagogo.

Introdução: Responder individualmente: Qual é ou quais são as funções do(a)

professor(a)? Como o pedagogo pode auxiliar o professor em suas atribuições?

Depois de todos responderem, recolher as respostas em uma caixa. As mesmas serão

lidas no final do encontro.

Desenvolvimento:

Leitura da Produção didático-pedagógica da professora PDE 2012, Edith Reckelberg de

Goes: A função do pedagogo na atual organização escolar. Parte 1 - Conceitos básicos

para a organização do trabalho docente e da parte 2 – Organização do trabalho

pedagógico.

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- A partir da leitura do texto, quais são as atividades, ações ou atribuições presentes no

trabalho docente?

- Depois de elencadas estas atribuições, realizar o leitura do regimento escolar do colégio

em questão, referentes as funções que cabem aos professores;

- Diante das funções do professor, onde e como o pedagogo pode auxiliar nas funções

que são de natureza docente?

Vídeo: Rubem Alves fala sobre o papel do professor. (3:21).

Retomar as questões respondidas no início do encontro, entregando as respostas

trocadas, pedindo que leiam e após complementem as respostas dos colegas a partir dos

estudos do encontro.

Leitura complementar:

A função docente e a produção do conhecimento de Demerval Saviani.

Referências:

ALVES, Rubem. O papel do professor. Vídeo. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=_OsYdePR1IU. Acesso em: 25 nov. 2014. GOES, Edith Reckelberg de. A função do pedagogo na atual organização escolar. Colégio Estadual Guarituba, Piraquara. Produção didático-pedagógica, PDE 2012. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2012/2012_utfpr_ped_pdp_edith_reckelberg_de_goes.pdf SAVIANI, Demerval. A função docente e a produção do conhecimento. Educação e Filosofia, Uberlândia, v. 11, n. 21, p. 127-140, 1997. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/viewFile/889/806. Acesso em: 25 de nov. 2014.

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A Hora-Atividade: uma conquista necessária

A hora atividade apresenta sua história marcada pela luta dos professores pela

conquista da mesma, no sentido de garantir um espaço dentro da carga-horária semanal

dos professores, dedicado, entre outras atividades, ao planejamento, elaboração de

material, correção de provas, estudos, que antes eram realizados fora do horário de

trabalho e sem remuneração.

Atualmente, esse tempo de trabalho é remunerado, o que aumenta a qualidade de

ensino. Os professores buscavam diminuir sua exaustiva jornada de trabalho e garantir

através da legislação suas conquistas. Compreender o seu significado e o

reconhecimento de que a hora-atividade é uma conquista da categoria, é fazer com que

este espaço seja mais bem aproveitado e valorizado, e realizada com comprometimento e

profissionalismo.

A hora-atividade é uma conquista dos profissionais da educação, pois representa o reconhecimento do trabalho pedagógico realizado fora da sala de aula e está contemplada na Lei do Piso Nacional para o Magistério n° 11.738/2008, no seu Artigo 2º, Parágrafo 4º. Prevê que a jornada de trabalho respeite a proporção máxima de dois terços da carga horária para desenvolvimento das atividades de interação com os educandos e um terço, destinadas: a elaboração da proposta pedagógica da escola, a preparação de atividades, a formação continuada. (BREGENSKI, 2012, p. 16)

A categoria docente sempre buscou seus direitos para ter uma profissão de

qualidade e entre suas reivindicações estava a hora-atividade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, promulgada em dezembro de

1996, em seu artigo 67, contempla a questão profissional do professor com carga horária

semanal reservada para execução de seu trabalho e seu aperfeiçoamento, embora não

estipule a quantidade de horas para este fim.

No estado do Paraná, somente em 31 de janeiro de 2001, através do decreto nº

3479, passa a vigorar a legislação concedendo 10% de hora-atividade aos professores a

serem cumpridas integralmente no estabelecimento de ensino.

Em 30 de setembro de 2002, entra em vigor a Lei nº 13.807, que determina o

percentual de 20% (vinte por cento) de hora-atividade da jornada de trabalho para

todos os professores do estado do Paraná em efetiva regência de classe em

estabelecimento de ensino da rede estadual. (PACKER, 2009, p. 11)

Determinando ser o período em que o professor desempenha funções a docência,

reservado a estudos, planejamento, reunião pedagógica, atendimento à comunidade

escolar, preparação de aulas, avaliação dos alunos e outras correlatadas, devendo ser

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cumprida integralmente no local de exercício. Apesar da conquista, os educadores

continuam a reivindicar a ampliação da carga horária destinada à hora-atividade.

Em fevereiro de 2004, passa a vigorar a Instrução nº02/2004-SUED, que

normatiza a organização da hora-atividade dos professores das escolas públicas do

Paraná.

A Lei Complementar 103, de 15 de março de 2004, que dispõe sobre o Plano de

Carreira do Professor da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná, em seu Cap. II,

apresenta a hora-atividade como um dos princípios e garantias do professor: período

reservado ao professor, incluído em sua carga-horária, a estudos, planejamento e

avaliação do trabalho discente. No Cap. IX que trata do Regime de Trabalho e das férias,

vemos no Art.31, que a hora-atividade deveria corresponder a 20% da carga-horária do

regime de trabalho, no entanto a Lei complementar nº 155 de 08 de maio de 2013, alterou

este artigo, que assim ficou definido: na composição da jornada de trabalho observar-se-á

o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga-horária para o desempenho das atividades

de interação com os educandos.

Segundo informações da APP-Sindicato do Paraná, no dia 02 de julho de 2014,

durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), transformada em

Comissão Geral, foi aprovado o Projeto de Lei 10/2014. A proposta concede a

complementação de, no mínimo, 1/3 (um terço) sobre uma hora-atividade aos professores

da Rede Estadual de Educação Básica do Paraná. A partir do primeiro dia do ano letivo

de 2015, a implementação será definitiva na jornada, chegando a 35% de carga horária

destinada a preparação das aulas, cursos, formações. (APP-SINDICATO, 2014).

Podemos observar que a hora atividade contemplada na lei é um fato dado, mas

não integralmente consumado na escola. Ela pode ser caracterizada como um momento

para realização das atividades burocráticas inerentes ao trabalho docente ou como um

momento de formação, dedicado à troca de experiências, leituras e estudo.

No entanto o que se observa é o descaso de alguns profissionais para com este

espaço. Talvez por desconhecerem a luta histórica para alcança-lo, talvez por não terem o

conhecimento necessário para aproveitar melhor este tempo, dentro da sua carga-horária,

para tornar seu trabalho em sala de aula mais produtivo, ou por vários outros motivos.

Então compreender o significado da hora-atividade passa também pelo reconhecimento de sua história, ou seja, pela análise das pressões exercidas pelos educadores no sentido de buscar atenuar sua exaustiva jornada de trabalho e garantir através da legislação suas conquistas. (PACKER, 2009, p. 10)

Dessa forma cabe às direções e equipes pedagógicas articularem e promoverem

ações formativas para que todos assumam o compromisso de garantir a efetivação deste

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espaço, como um momento onde as práticas de sala de aula sejam refletidas e

replanejadas quando necessário, visando melhorar a aprendizagem e o sucesso escolar

do aluno e da escola como um todo.

Referências:

PACKER, Débora Stolf. COELHO, Marília Baptista dos Santos. FORMAÇÃO CONTINUADA E HORA-ATIVIDADE NA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE. Curitiba. 2010. BREGENSKI, Regina Beatriz Kawa. : Contribuições do pedagogo na organização do espaço e tempo da hora-atividade dos professores do Ensino Fundamental - um olhar para o Colégio Helena Wysocki . Araucária. 2012.

Encaminhamento Metodológico

Tema: A hora-atividade: espaço de formação

Objetivo: Rever como se deu o processo de implantação da hora-atividade nas escolas,

ressaltando papel do pedagogo como organizador da mesma.

Introdução:

Fazer a leitura do depoimento de duas professoras que atuavam antes de ser legalizada a

hora-atividade nas escolas. Como era sua prática docente antes e depois da hora-

atividade.

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Desenvolvimento:

Estudo do texto: A hora atividade como processo de formação continuada de Cristhyane

Ramos Haddad e Daniel Vieira da Silva.

Questões para serem discutidas e respondidas:

1) “A hora atividade como espaço de formação continuada e de discussão coletiva

dos problemas pedagógicos pode promover a superação das formas alienadas do

pensamento através das leituras e estudos numa perspectiva crítica, promovendo a

tomada de consciência do professor sobre seu trabalho e, consequentemente, o

resgate do sentido numa perspectiva de formação humana”. Quais as

considerações que podemos fazer a partir deste trecho do texto?

2) As autoras do texto afirmam que: “A hora atividade constitui-se em um espaço de

interação entre pedagogo e professores e, desta forma, propicia o momento de

discussão e mediação às questões pedagógicas”. No entanto, sabemos que no dia

a dia da escola isso não ocorre. Aponte quais desafios e possibilidades existem

para que o pedagogo realize este acompanhamento aos professores na hora

atividade:

Para cada desafio, uma ou mais possibilidades de solução:

Desafio / Problema Possibilidade/solução

Referências:

HADDAD, Cristhyane Ramos; SILVA, Daniel Vieira da. A hora atividade como processo de formação continuada. In: IX Anped sul, 2012, Caxias do Sul, Anais, UCS, p. 1-14. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/641/555. Acesso em: 06 nov. 2014.

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Tema: A organização do Trabalho Pedagógico

Objetivo: Identificar onde e como o pedagogo pode contribuir com o trabalho docente,

tendo a hora-atividade como espaço de interação;

Desenvolvimento:

Fazer ao grupo a apresentação do seguinte texto, ressaltando especialmente os itens

sobre os Elementos da Organização do Trabalho Docente (p.23-30)

Texto: Plano de Trabalho Docente: O papel da Equipe Pedagógica e a interlocução com o

professor-CGE/SEED (2008).

De acordo com Libâneo (2010), a atuação do pedagogo é indispensável na ajuda aos

professores, no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos,

métodos, técnicas, formas de organização da aula), na análise e compreensão das

situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre

as áreas do conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula. “Cabe destacar, a

função do pedagogo como mediador do trabalho pedagógico, que compreende a natureza

do trabalho coletivo na escola, que pensa o papel da escola historicamente e que media

as relações pedagógicas: professor, aluno, currículo, metodologia, processo de avaliação,

processo de ensino aprendizagem e organização curricular. Ou seja, o pedagogo é o

articulador e organizador do fazer pedagógico da e na escola, sendo que, sua função

encontra-se maximizada no processo educativo agindo em todos os espaços para a

garantia da efetivação de um projeto de escola que cumpra com sua função política,

pedagógica e social.

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- A partir de todas as discussões já realizadas neste curso e de acordo com Libâneo, é

possível ao pedagogo ser um articulador/organizador do trabalho pedagógico, mais

especificamente acompanhar/auxiliar/orientar o professor em sua prática docente?

- Você, professor, como gostaria que esse acompanhamento fosse realizado? Sugira

formas e espaços de acompanhamento.

- Fazer um único registro com todas as respostas individuais.

Leitura Complementar:

Texto de Cristhyane Ramos Haddad

A hora atividade : espaço de alienação ou de humanização do trabalho pedagógico?

4.4. A mediação do pedagogo sobre o trabalho do professor no processo do ensino

aprendizagem. P.118-127.

Referências:

HADDAD, Cristhyane Ramos. A hora atividade : espaço de alienação ou de humanização do trabalho pedagógico?: A mediação do pedagogo sobre o trabalho do professor no processo do ensino e aprendizagem. 2011. 167 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Departamento de Políticas Públicas, Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2011. Cap. 4. Disponível em: <http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=402>. Acesso em: 06 nov. 2014.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? 12 ed. São Paulo: Cortez, 2010. 208 p.

Plano de Trabalho Docente: O papel da Equipe Pedagógica e a interlocução com o professor-CGE/SEED (2008). P. 23 – 30. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/otp/docs_pdf/pedagogo_ptd.pdf. Acesso em: 06 nov. 2014

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Tema: Elaboração de um plano de ação para a equipe pedagógica

Objetivo: Elaborar com o grupo um plano de ação no sentido de auxiliar a equipe

pedagógica em sua organização do trabalho pedagógico, mais especificamente no

atendimento aos professores durante suas horas atividades.

Introdução: Realizar um feedback de todos os encontros anteriores.

Desenvolvimento:

-Levantamento de ideias de como pode ser realizado um plano de ação que no dia a dia

escolar possa ser usado efetivamente, fazendo parte da rotina da equipe pedagógica.

- Elaboração do plano de ação pelo grupo.

- Construção de um texto individual partindo das seguintes questões:

O Papel do pedagogo na escola

O que atrapalha no desenvolvimento de suas funções

A importância do acompanhamento do pedagogo ao trabalho docente

Quais as minhas impressões sobre todos os estudos realizados durante os

encontros.

Finalize seu texto com a avaliação: Que bom, que pena, que tal.

- Confraternização.

Espera-se que as atividades planejadas neste Caderno Pedagógico, sejam todas

desenvolvidas e que contribuam para a construção do conhecimento e para a reflexão do

papel do pedagogo e sua valorização no espaço escolar.

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Referências:

ALVES, Rubem. O papel do professor. Vídeo. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=_OsYdePR1IU. Acesso em: 25 nov. 2014.

BRASIL. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, 1996.

______. Resolução nº01, 15.05.2006. Diretrizes curriculares para o curso de pedagogia. Brasília. 2006.

BREGENSKI, Regina Beatriz Kawa. : Contribuições do pedagogo na organização do espaço e tempo da hora-atividade dos professores do Ensino Fundamental - um olhar para o Colégio Helena Wysocki . Araucária. 2012.

BUSSMANN, Antônia Carvalho. O Projeto político pedagógico e a gestão da escola. In: VEIGA, Ilma Passos Alencastro et al. Projeto político pedagógico da escola: uma construção possível. 22. ed. Campinas: Papirus, 2006. Cap. 2. p. 37-52.

GARCIA, Regina Leite. Síntese das anotações dos especialistas no encontro com a professora Regina L. Garcia. Palestra: O papel do especialista na escola atual. In: Evento: O papel do especialista na escola atual; Inst. Promotor-financiadora: Secretaria Municipal de Educação de Itajaí, 1995.

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GOIOXIM. Regimento Escolar. Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves: 2007. Disponível em: http://www.goiojoaoneves.seed.pr.gov.br/redeescola/escolas/14/875/12/arquivos/File/Regimento(1).pdf. Acesso em: 04 nov. 2014.

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HADDAD, Cristhyane Ramos. A hora atividade : espaço de alienação ou de humanização do trabalho pedagógico?: A mediação do pedagogo sobre o trabalho do professor no processo do ensino e aprendizagem. 2011. 167 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Departamento de Políticas Públicas, Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2011. Cap. 4. Disponível em: <http://tede.utp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=402>. Acesso em: 06 nov. 2014.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Mf Livros, 2008. Cap. 5. p. 214-224.

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______, José Carlos. Pedagogia e pedagogos para quê? 12 ed. São Paulo: Cortez, 2010. 208 p. NÓVOA, Antônio. As ciências da educação e os processos de mudança. In: PIMENTA, Selma Garrido (Coord.) Pedagogia, ciência da educação? 5 ed. São Paulo: Cortez, 2006. PACKER, Débora Stolf. COELHO, Marília Baptista dos Santos. FORMAÇÃO CONTINUADA E HORA-ATIVIDADE NA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE. Curitiba. 2010.

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