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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2014

Título: TEXTOS LITERÁRIOS, HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS – RESIGNIFICAÇÃO DO ENSINO DE LITERATURA

Autora: Elis Regina Siduoski

Disciplina/Área:

(ingresso no PDE)

Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Regente Feijó

Município da escola: Ponta Grossa

Núcleo Regional de Educação: Ponta Grossa

Professor Orientador: Fábio Augusto Steyer

Instituição de Ensino Superior: UEPG

Relação Interdisciplinar:

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho.).

História e Artes

Resumo:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples).

Esta unidade didática surgiu da necessidade de sanar algumas dificuldades encontradas por estudantes e professores nas aulas de Literatura do Ensino Médio, nas quais muitos alunos sentem-se desmotivados por não perceberem sentido em seu estudo. A carga horária reduzida de Língua Portuguesa desfavorece a Literatura, resumindo-se à enumeração de autores, obras e escolas literárias de forma descontextualizada, sem conexão com a realidade. Pensando nessa problemática, foi elaborado o presente material que pretende contribuir com atividades mais atrativas e significativas para o aluno do Ensino Médio, utilizando práticas dialógicas como produções fílmicas e músicas relacionadas à obra a ser estudada: Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto. Além disso, são apresentadas relações interdisciplinares na análise do livro, as quais auxiliam na compreensão de questões históricas e culturais brasileiras. Para tanto, foram considerados os estudos de Terry Eagleton sobre teoria literária, as

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metodologias sugeridas nas Diretrizes Curriculares Estaduais sobre a recepção do leitor, bem como os teóricos da pós-modernidade, dentre eles, Stuart Hall, que reflete sobre questões de identidade nacional na atualidade. Espera-se que este material sirva de inspiração para outras produções e que seja utilizado por professores que buscam despertar nos alunos a paixão pela literatura.

Palavras-chave:

(3 a 5 palavras)

Literatura, história, cinema, identidade nacional.

Formato do Material Didático: Unidade Didática

Público: (indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...).

O presente material foi desenvolvido para alunos do Ensino Médio, podendo também ser utilizado por professores como recurso didático.

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Apresentação

Olá, alunos e colegas professores,

É com grande alegria que apresento a vocês esta unidade didática que é resultado

de estudos e pesquisas realizadas durante os dois primeiros períodos do Programa de

Desenvolvimento Educacional (PDE 2014) - curso de formação continuada promovido

pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR) que vem beneficiando

milhares de professores da rede pública de ensino.

O material está dividido em oito oficinas a serem ministradas em 32 horas-aula, em

uma turma de Ensino Médio no Colégio Estadual Regente Feijó, em Ponta Grossa.

Através das leituras e atividades propostas, objetiva-se fazer uma reflexão sobre a

importância e a função da literatura na sociedade e suscitar o debate sobre como a

literatura vem sendo abordada em sala de aula e o que pode ser melhorado.

Nesse sentido, cada oficina apresenta temas e atividades relacionados à obra a ser

estudada: Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto.

Inicialmente há um questionário a ser aplicado aos alunos para saber como estão

sendo ministradas as aulas de literatura, seus hábitos de leitura e suas preferências

literárias.

A segunda oficina traz um debate sobre identidade, brasilidade e cultura brasileira.

Afinal, o que é ser brasileiro (a)?

No terceiro encontro há uma breve discussão sobre interdisciplinaridade e sua

relação com a literatura. Partimos da contextualização histórica da obra de Lima Barreto

para então continuarmos a leitura e a análise do romance “Triste fim de Policarpo

Quaresma”, enfatizando o que ele tem de melhor - o major Policarpo - para a

compreensão social e cultural do Brasil da primeira república (final do século XIX e

começo do século XX), especialmente no governo de Floriano Peixoto.

Na quarta e quinta oficinas “vamos ao cinema” conhecer a história da sétima arte e

assistir à adaptação “Policarpo Quaresma – herói do Brasil”, de Paulo Thiago. Também

faremos uma visita ao Conservatório Musical e estudaremos músicas relacionadas ao

romance lido, fazendo um diálogo entre essas diferentes formas de linguagem: literatura,

cinema e música.

Nas oficinas 6 e 7, a discussão será sobre os gêneros textuais, sua importância,

características e função na sociedade. Para finalizar, os alunos produzirão o gênero

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“paródia” a partir das letras das músicas estudadas na quinta oficina.

A oficina 8 será destinada às apresentações das paródias produzidas pelos grupos,

as quais poderão ser expostas em murais da escola e cantadas ou encenadas para a

turma. Além disso, haverá um questionário final para que os alunos avaliem todo o

trabalho de implementação realizado com este material.

Espero que vocês gostem, curtam e aproveitem as atividades aqui presentes para

aprender mais sobre nosso país e perceber o quanto a literatura pode nos enriquecer

como seres humanos, intelectual, social e culturalmente, além de nos proporcionar

momentos de catarse1 nos quais podemos esquecer por alguns momentos o mundo

insosso em que vivemos para empreender grandes aventuras e loucuras, como as de

nosso querido Policarpo.

1Catarse: palavra pela qual Aristóteles designa a “purificação” sentida pelos espectadores durante e após uma representação dramática.

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“Ler um livro é desinteressar-se da gente deste mundo

comum e objetivo para viver noutro mundo. A janela

iluminada noite adentro isola o leitor da realidade da rua,

que é o sumidouro da vida subjetiva. Árvores ramalham.

De vez em quando passam passos. Lá no alto estrelas

teimosas namoram inutilmente a janela iluminada. O

homem, prisioneiro do círculo claro da lâmpada, apenas

ligado a este mundo pela fatalidade vegetativa de seu

corpo, está suspenso no ponto ideal de uma outra

dimensão, além do tempo e do espaço. No tapete voador

só há lugar para dois passageiros: leitor e autor.”

(Augusto Meyer)

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Oficina 1 – Literatura? Ah... Literatura!

#Para início de conversa

#Vamos fazer uma enquete para saber como você compreende o estudo de literatura na

escola.

1- Com que frequência você lê? ( ) Nunca ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre

2- O que costuma ler? ( ) livros ( ) revistas ( ) jornais ( ) páginas da internet

( ) outros ________________________ ( ) nada

3- Você já leu algum livro? Qual / quais? Se já leu vários, cite alguns.

4- Na sua concepção, o que é literatura?

5- Você já leu algum clássico da literatura brasileira? Qual / quais?

6- Como, normalmente, a literatura é estudada em sala de aula? Cite exemplos.

7- Os professores propõe a leitura de clássicos?

( ) Nunca ( ) Raramente ( ) Às vezes ( ) Sempre

8- Você gosta das aulas de literatura? Por quê?

9- Você considera importante estudar literatura na escola? Por quê?

10- Na sua opinião, qual é a função da literatura? Ou você acredita que ela não tenha

função alguma. Justifique.

11- Na sua opinião, o que é possível aprender nas aulas de literatura?

12- A literatura tem relação com outras áreas do conhecimento / disciplinas? Se sim,

quais?

13- Como você gostaria que a literatura fosse abordada pelos professores? Dê sugestões.

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#Ampliando seus conhecimentos

“Literatura é aprendizado de humanidade.” É assim que Douglas Tufano, professor de

língua e literatura e autor de livros didáticos e literários, refere-se a ela, como uma arte

que tem o poder de nos “ensinar” sobre humanidade e, ao mesmo tempo, tornar-nos mais

humanos. Para ele:

“A literatura não é matéria escolar, é matéria de vida. A boa literatura problematiza o mundo, tornando-o opaco e incitando à reflexão. É um desafio à sensibilidade e inteligência do leitor, que assim se enriquece a cada leitura. A literatura não tem a pretensão de oferecer modelos de comportamento nem receitas de felicidade; ao contrário, provoca o leitor, estimula-o a tomar posição diante de certas questões vitais. A literatura propicia a percepção de diferentes aspectos da realidade. Ela dá forma a experiências e situações que, muitas vezes, são desconcertantes para o jovem leitor, ao ajudá-lo a situar-se no mundo e a refletir sobre seu próprio comportamento.” (TUFANO, Douglas)

Disponível em: http://www.moderna.com.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A7A83CB30D6852A01319B067A641BD3

Assista ao vídeo para aprofundar seu conceito de literatura. Enquanto assiste, anote a

definição ou o comentário que mais lhe chamou atenção e depois comente com seus

colegas.

https://www.youtube.com/watch?v=bOZzjI8OqQw

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Oficina 2 – Eu sou brasileiro? Com muito orgulho? Com muito

amor?

“Uma cultura nacional é um discurso – um modo de construir sentidos que influencia e

organiza tanto nossas ações quanto a concepção que temos de nós mesmos...”

(Stuart Hall)

#Para início de conversa

#Reflita com seus colegas e responda:

1 – O que é ser brasileiro? Existem características comuns a todos nós?

2 – O que é um país e o que é uma nação?

3 – O que nos une enquanto nação brasileira?

#Vamos ouvir a música: Inclassificáveis (Arnaldo Antunes) e refletir um pouco mais.

que preto, que branco, que índio o quê?

que branco, que índio, que preto o quê?

que índio, que preto, que branco o quê?

que preto branco índio o quê?

branco índio preto o quê?

índio preto branco o quê?

(...)

https://www.youtube.com/watch?v=AZ0AAtaqngU

http://www.vagalume.com.br/arnaldo-antunes/inclassificaveis.html#ixzz3Enh4x5EW

Sobre o compositor:

Arnaldo Antunes é músico, poeta, compositor e artista brasileiro;

começou sua carreira artística na banda Titãs. É conhecido por ser

um dos principais compositores da música pop brasileira. Arnaldo

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Antunes chegou a ingressar na faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP),

porém com a rotina de shows, turnês e gravações dos Titãs, não foi possível que

concluísse. Acabou deixando a banda no ano de 1992 para dedicar-se à direção artística.

Depois de algum tempo afastado da mídia, formou juntamente com Marisa Monte e

Carlinhos Brown, o trio Tribalistas que foi um sucesso até 2009, no Brasil e na Europa,

chegando a ganharem, em 2003, o prêmio do Grammy Latino de Melhor Álbum Pop

Contemporâneo Brasileiro.

#Continuação da Atividade:

4 – Como a letra da música define o povo brasileiro? Você concorda com essa definição?

Por quê?

5 – A maioria das palavras da música são neologismos, ou seja, palavras criadas pelo

autor para definir os vários tipos de brasileiros. Observe a formação dessas palavras.

Você consegue identificar termos conhecidos? Cite alguns e tente reconhecer o

significado e a origem.

6 – Observe a musicalidade, o ritmo e as batidas. Como você classificaria esse tipo de

música? É possível reconhecer os sons de alguns instrumentos? Quais?

7 – Vamos ao dicionário pesquisar o conceito de: raça, identidade, nação, país,

miscigenação e cultura.

Para enriquecer a discussão, assista a este vídeo sobre a formação do povo

brasileiro e faça anotações em seu caderno para discussão posterior.

https://www.youtube.com/watch?v=PFtJdBy5cQY

#Ampliando seus conhecimentos

#A partir da definição da palavra “cultura” encontrada no dicionário, responda:

Você se considera uma pessoa culta? Por quê?

O que é cultura?

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Cultura significa cultivar, e vem do latim “colere”. Genericamente a cultura é todo

aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os

costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em

família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é.

Cada país tem a sua própria cultura, que é influenciada por vários fatores. A cultura

brasileira é marcada pela boa disposição e alegria, e isso se reflete também na

música, no caso do samba, que também faz parte da cultura brasileira. No caso da

cultura portuguesa, o fado é o patrimônio musical mais famoso, que reflete uma

característica do povo português: o saudosismo.

Cultura na língua latina, entre os romanos tinha o sentido de agricultura, que se

referia ao cultivo da terra para a produção, e ainda hoje é conservado desta forma

quando é referida a cultura da soja, a cultura do arroz etc.

Cultura também é definida em ciências sociais como um conjunto de ideias,

comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração

através da vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade ou ainda de

forma específica, uma determinada variante da herança social. Já em biologia a

cultura é uma criação especial de organismos para fins determinados.

A principal característica da cultura é o mecanismo adaptativo que é a capacidade

que os indivíduos têm de responder ao meio de acordo com mudança de hábitos,

mais até que possivelmente uma evolução biológica. A cultura é também um

mecanismo cumulativo porque as modificações trazidas por uma geração passam

à geração seguinte, na qual vai se transformando perdendo e incorporando outros

aspetos, procurando assim melhorar a vivência das novas gerações.

A cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o passar

do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar inerentes ao

desenvolvimento do ser humano.

Texto adaptado de: http://www.significados.com.br/cultura/

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#Atividade

Como tarefa, você produzirá com seus colegas qualquer forma de arte para

expressar seu sentimento sobre “SER BRASILEIRO”. Pode ser desenho, pintura, vídeo,

arte gráfica, poema, conto, música, fotografia, colagem, escultura, teatro etc. A

criatividade é o mais importante. Os trabalhos serão expostos e avaliados por professores

do colégio.

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Oficina 3 – Interdisciplinaridade e Contextualização nas aulas de

Literatura – o que é isso?

#Para início de conversa

A interdisciplinaridade é um processo de integração recíproca entre várias

disciplinas e campos de conhecimento. Constitui uma associação de disciplinas, por conta

de um projeto ou de um objeto que lhes sejam comuns. Por exemplo: o conteúdo sobre o

meio ambiente pode ser aplicado dentro de várias matérias (Língua Portuguesa,

Matemática, Ciências, Artes, Geografia e História). Os professores podem ou não

trabalhar de forma interdisciplinar, mas os conteúdos estão sempre relacionados no

mundo, não existem isoladamente.

Nas aulas de literatura não é diferente. Para compreendermos melhor uma obra

literária, é importante conhecer o contexto em que ela foi escrita: momento histórico;

características comuns a outras obras escritas no mesmo período (estilo de época); vida,

obra e estilo individual de seu autor; temas abordados etc. Para isso, muitas vezes

recorremos ao auxílio de outras disciplinas que podem contribuir com a leitura: artes,

sociologia, filosofia e especialmente HISTÓRIA.

Nesta oficina iniciaremos a leitura do livro: Triste fim de Policarpo Quaresma, do

autor Lima Barreto. O que você sabe sobre eles? Que tal conhecermos um pouco mais

sobre o autor e sua obra?

Lima Barreto – um escritor a frente do seu tempo

Lima Barreto (1881-1922) nasceu no Rio de Janeiro no dia 13 de

maio, atuou como escritor e jornalista brasileiro. Filho de pais pobres

e mestiços sofreu esse preconceito em toda sua vida. Seu pai era

tipógrafo e sua mãe professora primária. Esta morreu jovem,

deixando-o órfão muito cedo. Barreto estudou no Colégio Pedro II e

ingressou na Escola Politécnica, no curso de Engenharia. Seu pai

enlouqueceu e foi internado, obrigando Lima Barreto a abandonar o

curso de Engenharia. Para sustentar os três, empregou-se na Secretaria de Guerra e ao

mesmo tempo, escrevia para vários jornais do Rio de Janeiro. Ao produzir uma literatura

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inteiramente desvinculada dos padrões e do gosto vigente, recebeu severas críticas dos

letrados tradicionais. Explora em suas obras, as injustiças sociais e as dificuldades das

primeiras décadas da República.

Em 1909, Lima Barreto publicou o romance "Recordações do Escrivão Isaías

Caminha" cujo texto acompanha a trajetória de um jovem mulato, que vindo do interior

sofre sérios preconceitos raciais. Em 1915, escreveu "Triste Fim de Policarpo Quaresma",

e em 1919, "Vida e Morte de M.J.Gonzaga de Sá". Esses três romances apresentam

nítidos traços autobiográficos.

Com uma linguagem mais próxima da coloquial, suas obras são impregnadas da

justa preocupação com os fatos históricos e com os costumes sociais. Lima Barreto

tornou-se uma espécie de cronista e um caricaturista, vingando-se da hostilidade dos

escritores e do público burguês. Poucos aceitaram aqueles contos e romances que

revelavam a vida cotidiana das classes populares, sem qualquer idealização.

A obra prima de Lima Barreto foi "Triste Fim de Policarpo Quaresma". Nela o autor

conta o drama de um velho aposentado, o Policarpo, em sua luta pela salvação do Brasil.

Afonso Henriques Lima Barreto com seu espírito inquieto e rebelde, seu

inconformismo com a mediocridade reinante, entregou-se ao álcool. Suas constantes

depressões o levaram duas vezes para o hospital psiquiátrico. Em 01 de novembro de

1922 morre de um ataque cardíaco.

Obras:

Recordações do Escrivão Isaías Caminha, romance, 1909;

Aventuras do Dr. Bogoloff, humor, 1912;

Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance, 1915;

Numa e Ninfa, romance, 1915;

Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá, romance, 1919;

Os Bruzundangas, sátira política e literária, 1923;

Clara dos Anjos, romance, 1948;

Coisas do Reino do Jambon, sátira política e literária, 1956;

Feiras e Mafuás, crônica, 1956;

Bagatelas, crônica, 1956;

Marginália, crônica sobre folclore urbano, 1956;

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Vida Urbana, crônica sobre folclore urbano, 1956.

Texto adaptado de: http://www.e-biografias.net/lima_barreto/

Para complementar, assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Owp2wPNQa9Q

_ Prazer em conhecê-lo, Lima Barreto! A partir de agora ficará mais fácil ler

seus livros.

Vamos começar por sua obra prima: Triste fim de Policarpo Quaresma

Assim se inicia a obra original:

O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA (Lima Barreto)

A

João Luiz Ferreira

Engenheiro Civil

“Le grand inconvénient de la vie réelle et ce qui la rend insupportable à l’homme supérieur,

c’est que, si l’on y transporte les principes de l’idéal, les qualités deviennent des défauts,

si bien que fort souvent l’homme accompli y réussit moins bien que celui qui a pour

mobiles l’égoïsme ou la routine vulgaire.” (RENAN, Marc-Aurèle)

Tradução: O grande inconveniente da vida real e o que a torna insuportável ao homem

superior é que, se para ela transportarmos os princípios do ideal, as qualidades se tornam

defeitos, de tal modo que frequentemente o homem íntegro aí se sai menos bem que

aquele que tem por causas o egoísmo e a rotina vulgar.

#Reflexão:

Analisando o título e a epígrafe inicial, quais expectativas você tem sobre a obra? De que

tema(s) ela tratará?

Agora leremos o primeiro capítulo: A lição de violão

Livro completo disponível em:

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do;jsessionid=E6C9CFC9BC4B7F

8AD885F987C4C097AF

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#Responda:

1 - Achou difícil a leitura? Por quê?

2 - Como você imaginou o cenário em que se passa a história? Tente identificar a cidade e

os lugares onde acontecem os fatos narrados.

3 – É possível saber em que época a história se passa? Se sim, como?

4 – Quais são os personagens? O que já é possível saber sobre o Major Policarpo

Quaresma a partir da leitura desse capítulo?

#Ampliando seus conhecimentos

Antes de continuarmos a leitura, vamos estudar um pouco de história para

conhecer o período retratado pelo romance2.

#A narrativa se passa no final do século XIX, época da chamada Primeira

República. O personagem principal é o major reformado Policarpo Quaresma, um

nacionalista fanático que conhece o Brasil somente através dos livros e sonha em

transformar o país numa grande potência. O patriotismo exagerado leva-o a envolver-se

em três projetos:

- estudar e valorizar a música, o folclore e a língua tupi, a qual considerava que

devia ser o idioma oficial do Brasil;

- dedicar-se à agricultura para provar que as terras brasileiras eram as mais férteis

do mundo;

- propor uma reforma política ao presidente da república. Quaresma luta

voluntariamente na Revolta da Armada com as tropas do marechal Floriano Peixoto para

defender os ideais republicanos.

No decorrer de suas tentativas de “salvar” o Brasil, Policarpo vai percebendo que

as coisas não eram tão fáceis e perfeitas como ele idealizava e decepciona-se cada vez

2 O gênero literário “romance” é uma forma de narrativa moderna. O primeiro romance da cultura ocidental é

“Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes, escrito no começo do século XVII. As suas características se diferenciam do conto e da novela porque o romance não tem filiação com a oralidade, é uma narrativa escrita para ser lida, enquanto que os contos e novelas tradicionais, no passado, eram transmitidos oralmente. Além disso, o romance é uma narrativa longa, em prosa, organizada de modo complexo com vários conflitos contados simultaneamente. Também há personagens principais e secundários vivendo situações simultâneas que nem sempre têm relação umas com as outras. (FRANCO, 2009)

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mais com as pessoas e com os ideais nos quais ele acreditava. No final, restava-lhe

apenas esperar por seu “triste fim”.

#O livro foi publicado no começo do século XX, primeiramente em folhetins, no

jornal do comércio do Rio de Janeiro e, em 1915, sua primeira edição. Para fins de

estudo, costuma-se dividir cada fase da literatura em “escolas literárias” ou “estilo de

época”. Essas fases compreendem um determinado momento histórico e englobam

autores e obras que, geralmente, têm algumas características em comum. O período que

estamos estudando é denominado Pré-Modernismo brasileiro. Para a maioria dos críticos

literários, ele não é considerado uma “escola literária”, mas sim uma fase de transição

entre os movimentos anteriores (Realismo-Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo) e o

Modernismo. Essa fase inicia-se em 1902, com a publicação de “Os Sertões”, de Euclides

da Cunha, e termina oficialmente em 1922, com a Semana de Arte Moderna – evento que

dá início ao Modernismo brasileiro.

#Além de Lima Barreto, que foi um crítico ferrenho da política e da imprensa

brasileira da época e deixa isso bem claro em suas obras, outros escritores considerados

pré-modernistas demonstraram consciência dos problemas sociais e culturais do Brasil

em seus livros, dentre eles:

Graça Aranha

Monteiro lobato

Euclides da Cunha

Augusto dos Anjos

#UM POUCO DE HISTÓRIA

#Vamos conversar com a professora de história do nosso colégio, para entender melhor o

que estava acontecendo nessa época no Brasil e no mundo. Durante a conversa, façam

anotações para discutirmos posteriormente.

1 – Quais foram os fatos históricos mais marcantes? Qual lhe chamou mais atenção? Por

quê?

2 – De que forma esses fatos poderiam influenciar o pensamento dos escritores da

época?

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#DESAFIO!

Muitos estudantes não leem “os clássicos” porque acham difícil sua linguagem

antiga ou mais elaborada. No entanto, é aí que se encontra sua riqueza. Livros muito

fáceis de ler não nos permitem crescer como leitores. Os clássicos, além de trazerem

para a realidade temáticas e reflexões que continuam atuais, permitem-nos aprimorar a

linguagem, pois trabalham com ela de forma artística e utilizam os vários recursos

estilísticos que a língua possui.

Para Ítalo Calvino (CALVINO, 1981, p. 10 e 11):

“Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los.”... “Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente coletivo ou individual.”

“Triste fim de Policarpo Quaresma” é um clássico da literatura brasileira. Que tal fazer a experiência de ler esse clássico?

Então, mãos à “obra”! Chegou a sua vez! Você terminará de ler o romance sozinho

em sua casa, na biblioteca ou em outro lugar de sua preferência. Somente depois da

leitura você poderá tecer sua opinião sobre a obra e dizer se a experiência valeu a pena

ou não. Se preferir, você pode baixar o livro em seu computador, celular ou tablet a partir

do endereço citado anteriormente.

#Atividade – leitura direcionada

A turma será dividida em grupos que, durante a leitura, deverão observar aspectos

específicos da obra e apresentá-los oralmente.

Grupo 1 – Caracterização do personagem Policarpo Quaresma e suas iniciativas que

comprovam extremo nacionalismo.

Grupo 2 – Explicar o motivo que levou Quaresma a ser internado no hospício.

Grupo 3 – Observe os fatores culturais descritos nas cenas (costumes, alimentação,

festas, horários, trabalho, música, curiosidades etc).

Grupo 4 – Como o Major Quaresma imaginava ser o povo brasileiro nas duas primeiras

partes do romance? E no final, ele tinha a mesma opinião sobre os brasileiros?

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Grupo 5 – Qual a visão que Policarpo tinha a respeito da agricultura e das terras

brasileiras? Ela se confirma no final? Por quê?

Grupo 6 – Segundo Quaresma, o Brasil deveria ter outra língua como oficial e não o

português, já que o considerava um idioma “emprestado” de Portugal. A que outra língua

referia-se o Major? Descreva essa polêmica.

Grupo 7 – Policarpo Quaresma durante toda sua vida esteve envolvido com a política

nacional e com políticos. Cite exemplos desse envolvimento e explique como isso

contribuiu para seu triste fim.

Grupo 8 – Sobre o papel da mulher na sociedade, responda:

a) Por meio da personagem Ismênia, que ideias vigentes na época são criticadas no

romance?

b) Em que aspectos Olga se diferencia da maioria das mulheres da época?

Grupo 9 – Através da ironia, o romance traz críticas sociais apresentadas através dos

personagens: militares, políticos e funcionários públicos. Explique:

a) Os aspectos satirizados pelo autor no comportamento do almirante Caldas, do

major Inocêncio e do general Albernaz;

b) O tipo social satirizado na figura de Genelício;

c) O tipo de político simbolizado pelo doutor Campos.

Poderíamos elencar muitos outros aspectos importantes sobre o livro, mas para

não tornar nosso trabalho enfadonho, vamos parar por aqui. A partir dessa análise, já foi

possível perceber o quão importante é a obra de Lima Barreto para entendermos melhor

nosso país, nossa cultura e nossa identidade nacional. Será que hoje, em termos

políticos, sociais e culturais o Brasil e os brasileiros estão muito diferentes?

#Curiosidade

Você conhece a história de Dom Quixote de La Mancha? Nesse romance, um

clássico da literatura universal, o escritor espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616) criou

a figura do homem idealista, que luta cegamente por seus objetivos sempre puros e

altruístas até que, no final da vida, desiludido, toma consciência da dura realidade que o

cerca. Não Seria o major Quaresma um pobre Quixote brasileiro?

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Oficina 4 – Vamos ao cinema?

#Para início de conversa

Assista a este vídeo e conheça mais sobre a história da sétima arte e como tudo

começou.

https://www.youtube.com/watch?v=pCXXAs2MSt4

#Bate-papo

1 – Você já assistiu a algum filme que foi produzido a partir de um livro? Qual?

2 – Já teve a experiência de ler um livro e depois assistir sua adaptação para o cinema ou

televisão ou vice-versa? Qual foi a sensação?

3 – Que tal saber um pouco mais sobre adaptação?

Uma forma de produção fílmica bastante utilizada pela indústria cinematográfica é

a adaptação de obras literárias para o cinema. Sendo uma “adaptação”, não tem a

obrigação de seguir fielmente o texto original.

Segundo STAM (2008, p. 20):

Uma adaptação é automaticamente diferente e original devido à mudança do meio de comunicação. A passagem de um meio unicamente verbal como o romance para um meio multifacetado como o filme, que pode jogar não somente com palavras (escritas e faladas), mas ainda com música, efeitos sonoros e imagens fotográficas animadas, explica a pouca probabilidade de uma fidelidade literal, que eu sugeriria qualificar até mesmo de indesejável.

A partir dessa reflexão, concluímos que a análise de uma adaptação em sala de aula

deve levar em conta os recursos citados acima, além de outros elementos que o diretor

pode modificar em relação ao original, já que não é obrigado a segui-lo a risca. Portanto,

a apreciação de um filme nunca substituirá a leitura da obra, já que são formas de arte e

linguagens diferentes e devem ser lidas e analisadas de forma diferenciada.

#Ampliando seus conhecimentos

Nesta etapa, assistiremos ao filme: Policarpo Quaresma, herói do Brasil

Ficha Técnica:

País/Ano de produção: Brasil, 1988

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Duração/Gênero: 120 min., Comédia

Direção: Paulo Thiago

Roteiro: Alcione Araújo, baseado na obra de Lima Barreto

Elenco: Paulo José, Giulia Gam, José Lewgoy, Chico Dias, Bete Coelho, Ilya São Paulo, Luciana Braga, Marcélia Cartaxo, Antônio

Calloni, Othon Bastos, Tonico Pereira.

Sinopse:

Policarpo Quaresma - Herói do Brasil, adaptação do romance de Lima Barreto

escrito em 1911, é uma comédia deslavada sobre a política nacional, com ecos de O

Grande Mentecapto e hilárias ironias sobre os rumos insólitos do País.

(Policarpo (Paulo José) em um de seus ataques.)

Policarpo Quaresma (Paulo José) é um funcionário público que, em pleno

Congresso Nacional, defende a adoção do tupi-guarani como língua oficial do Brasil. Seu

arroubo nacionalista é criticado pelo Almirante Caldas (Nelson Dantas), por redigir

relatórios da Marinha em tupi-guarani.

Depois de ficar preso em um hospício, conseguir escapar e tentar a reforma

agrária, o Policarpo se une ao Batalhão Patriótico para acabar com a Revolta da Armada,

que pretendia derrubar o presidente Floriano Peixoto. Como “Quixotes brazucas”, os

quatro atacam espantalhos em um milharal, escondidos por um nevoeiro. Enquanto isso,

o presidente Floriano Peixoto vence os revoltosos.

No início de Policarpo Quaresma - Herói do Brasil, filme de Paulo Thiago, um

compositor de modinhas canta as glórias do herói das causas brasileiras. É o amigo do

personagem de Lima Barreto, Ricardo Coração dos Outros, que entoa uma homenagem

ao herói das causas perdidas.

http://www.terra.com.br/cinema/comedia/policarpo.htm

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#Atividade

1 - Durante a apreciação do filme, os nove grupos já formados anteriormente deverão

observar os mesmos aspectos analisados na leitura do livro. Como eles são apresentados

no filme? Observe semelhanças e diferenças e comente.

2 – Vamos rever o episódio do hospício: Policarpo discute com o psiquiatra o motivo de

sua internação e o médico diz que ele não estava agindo de forma normal, o que forçou

as pessoas a levá-lo ao sanatório. A partir daí inicia-se uma discussão entre os dois sobre

o que é a normalidade e quem estabelece as normas. Observe a cena e responda:

a) Você concorda com a definição de normalidade dada pelo médico? Por quê?

b) Qual foi a argumentação de Policarpo para convencer o médico de que ele não

deveria estar internado?

c) Discuta com seus colegas sobre o significado da palavra “mediocridade” e traga a

discussão para a nossa realidade. Hoje também prevalece a “média” e as pessoas

que agem ou pensam de forma diferente são discriminadas e incompreendidas?

d) Na sua opinião, o que é ser normal?

e) Ser diferente também é ou deveria ser “normal”? Justifique e exemplifique levando

em conta as diversidades presentes em nossa sociedade e como as “minorias” são

vistas e tratadas pela maioria das pessoas.

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Oficina 5 – Que tal um pouco de música?

#Para início de conversa

Você gosta de música? Qual estilo é o seu favorito?

( ) Rock ( ) Funk ( ) Sertanejo ( ) Samba/ Pagode ( ) MPB

( ) Gospel ( )Outro Se marcou outro, qual: ____________________________

Nesta unidade, vamos ouvir, cantar e interpretar a letra de cinco músicas, a

primeira delas é uma modinha, a segunda e a terceira são da Música Popular Brasileira

(MPB) e duas últimas do Pop-rock brasileiro. Quatro delas têm algo em comum – o tema

“Brasil”. Cada grupo ficará responsável por uma delas, deverá interpretá-la e apresentar

suas respostas para a turma.

#Ampliando seus conhecimentos

#Vamos conhecer um pouco sobre esses gêneros musicais?

Durante a apreciação do filme, percebemos, em vários momentos e,

principalmente, através do personagem Ricardo Coração dos Outros, a predominância do

gênero “modinha”, muito comum na época retratada pelo romance de Lima Barreto. Mas

afinal, o que são as “modinhas”?

MODINHAS

Entre os séculos XVIII e XIX a modinha assumiu um lugar de destaque. Sua

origem, possivelmente portuguesa com elementos da ópera italiana, foi citada pela

primeira vez na literatura por Nicolau Tolentino de Almeida, em 1779, embora seja ainda

mais antiga. Domingos Caldas Barbosa foi um de seus primeiros grandes expoentes,

publicando uma série que foi extremamente popular na época. A modinha é em linhas

gerais uma canção de caráter sentimental de feição bastante simplificada, muitas vezes

de estrutura estrófica e acompanhamento reduzido a uma simples viola ou guitarra, sendo

de apelo direto às pessoas comuns. Mesmo assim era uma presença constante nos

saraus dos aristocratas, e podia ser mais elaborada e acompanhada por flautas e outros

instrumentos e ter textos de poetas importantes como Tomás Antônio Gonzaga, cujo

Marília de Dirceu foi musicado uma infinidade de vezes. A modinha era tão apreciada que

também músicos da corte criaram algumas peças no gênero, como Marcos Portugal,

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autor de uma série com letras extraídas da Marília de Dirceu, e o Padre José Maurício,

autor da célebre Beijo a mão que me condena.

Ler mais: http://musicabrasileira.webnode.com.br/estilos-musicais-brasileiros/modinhas/

Como exemplo, ouça esta tradicional modinha “Sapateiro Novo” do final do século

XIX, aqui interpretada pela estudiosa de música e cantora Anna Maria Kieffer,

acompanhada ao piano por Achillr Picchi.

http://www.youtube.com/watch?v=N7hhYCo1IiA

#Agora vamos apreciar a bela canção “Modinha” do cantor e compositor Taiguara.

1- Modinha

(Taiguara)

Olho a rosa na janela

Sonho um sonho pequenino

Se eu pudesse ser menino

Eu roubava essa rosa

E ofertava todo prosa

À primeira namorada

E nesse pouco ou quase nada

Eu dizia o meu amor

(O meu amor)

Olho o sol findando lento

Sonho um sonho de adulto

Minha voz na voz do vento

Indo em busca do teu vulto

E o meu verso em pedaços

Só querendo o teu perdão

Eu me perco nos teus passos

E me encontro na canção

Ai, amor eu vou morrer

Buscando o teu amor

(Eu vou morrer buscando o teu amor)

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(Eu vou morrer de muito amor)

https://www.youtube.com/watch?v=h12Kh9Ea0Ag

#Questões sobre a música:

a) Discuta com seus colegas de grupo sobre o estilo musical em questão. Quais instrumentos você consegue identificar? E o ritmo, será que faria sucesso hoje? Por quê?

b) O tema do poema é o amor, um tema universal. Como o eu-lírico refere-se ou dirige-se à pessoa amada? De que forma o amor é abordado? Nas letras de música atuais percebemos ainda essa abordagem? Qual a sua opinião?

MÚSICA POPULAR BRASILEIRA – MPB

A Música Popular Brasileira (MPB) é um gênero musical que surgiu a partir de

1966, com a segunda geração da bossa nova. Teve influência de outros ritmos, como o

rock e o samba, em um cenário de miscigenação de culturas. A MPB, além de ter grande

relevância como manifestação estética, tradutora da identidade cultural, apresenta-se

como uma forma de preservação da memória coletiva e como um espaço social

privilegiado para as leituras e interpretações do Brasil.

Apesar de abrangente, a MPB não deve ser entendida como um sinônimo de

música do Brasil. A MBP é um gênero dentro da totalidade de ritmos oriundos do nosso

país. Muito ampla e difundida, a Música Popular Brasileira tem em sua história uma

variedade imensa de cantores de sucesso, entre eles Gilberto Gil, Chico Buarque,

Caetano Veloso e Marisa Monte.

A televisão desempenhou um papel importante para a divulgação da MPB e de

seus novos artistas. Com a transformação da bossa nova, uma nova geração de

compositores foi lançada. O tema Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, marcou o

início da MPB, mostrando uma música de protesto, nacionalista, com aproximações ao

samba tradicional. Nomes como Elis Regina, Gal Costa e Maria Bethânia marcaram os

anos 80 da Música Popular Brasileira.

Hoje a MPB, já consagrada, amadurece, cresce, amplia-se e incorpora novos

artistas. O perfil inicial marcadamente nacionalista foi integrando elementos de diversas

procedências. Essa diversidade é saudada, é uma das marcas deste gênero musical, que

hoje apresenta ainda mais dificuldades para sua definição. Atinge toda população

brasileira, todas as classes, raças e credos, identifica nossa maneira de viver.

Artistas como Adriana Calcanhotto, Ana Carolina, Chico César, Dorival Caymmi,

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Elba Ramalho, João Bosco, Lenine, Maria Rita, Milton Nascimento, Nando Reis, Ney

Matogrosso, Seu Jorge, Tim Maia, Vanessa da Matta, Wilson Simonal e Zeca Baleiro

representam esse gênero musical.

- Comemora-se em 27 de setembro o Dia da MPB.

Texto disponível em:

http://soulbrasileiro.com.br/main/brasil/musica/mpb-musica-popular-brasileira/mpb-musica-popular-brasileira/

2-Composta por Ary Barroso e lançada nos anos 40, Aquarela do Brasil é provavelmente

o mais conhecido exemplar do chamado samba-exaltação. Empolgante e com letra que

louva as belezas tropicais. Até a orquestra de Ray Conniff a gravou. Uma das melhores

versões é a de Gal Costa, que dá um banho de categoria ao interpretá-la.

Aquarela do Brasil

(Ary Barroso)

Brasil, meu Brasil Brasileiro,

Meu mulato inzoneiro,

Vou cantar-te nos meus versos:

(...)

http://www.youtube.com/watch?v=SUKp9M9vXi8

#Questões sobre a música:

a) Discuta com seus colegas de grupo sobre o gênero musical em questão. Quais instrumentos você consegue identificar? E o ritmo, não é contagiante? Ele representa bem o Brasil ainda hoje? Por quê?

b) E a respeito da letra, como o Brasil é retratado? Você concorda com a abordagem de Ary Barroso? Será que hoje ainda temos motivos para exaltar o Brasil?

c) Faça uma interpretação crítica da letra, apontando versos, palavras e expressões que não condizem com a realidade, são muito fantasiosas ou generalizam demais a brasilidade do povo brasileiro, já que nosso país é “continental” e há grandes diferenças regionais.

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3-Um dos maiores sucessos de Jorge Ben Jor, País Tropical é outra canção de louvação

ao que o Brasil tem de melhor, e também foi lançada no auge da Ditadura Militar.

Curiosamente, não ficou tão associada àqueles anos turbulentos como Eu Te Amo Meu

Brasil.

País Tropical

(Jorge Ben Jor)

Moro num país tropical, abençoado por Deus

E bonito por natureza, mas que beleza

Em fevereiro (em fevereiro)

Tem carnaval (tem carnaval)

(...)

http://www.youtube.com/watch?v=wXQxIbTtRqc

http://www.youtube.com/watch?v=mQH8gfkeJBk

#Questões sobre a música: a) Discuta com seus colegas de grupo sobre o gênero musical em questão. Quais

instrumentos você consegue identificar? E o ritmo, não é gostoso de ouvir?

b) Qual “Brasil” é retratado pela música? Pelas referências que aparecem na letra, em que região, estado ou cidade provavelmente vive o eu-lírico? Por quê?

c) A letra ainda representa o Brasil de hoje? Faça críticas a frases, palavras e expressões com as quais você não concorda e justifique.

POP-ROCK BRASILEIRO

O primeiro sucesso no cenário do rock brasileiro apareceu na voz de uma cantora.

Celly Campello estourou nas rádios com os sucessos Banho de Lua e Estúpido Cupido,

no começo da década de 1960. Em meados desta década, surge a Jovem Guarda com

cantores como, por exemplo, Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. Com letras

românticas e ritmo acelerado, começa fazer sucesso entre os jovens.

Na década de 1970, surge Raul Seixas e o grupo Secos e Molhados. Na década

seguinte, com temas mais urbanos e falando da vida cotidiana, surgem bandas como:

Ultraje a Rigor, Legião Urbana, Titãs, Barão Vermelho, Kid Abelha, Engenheiros do

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Hawaii, Blitz e Os Paralamas do Sucesso.

Na década de 1990, fazem sucesso no cenário do rock nacional: Raimundos,

Charlie Brown Jr., Jota Quest, Pato Fu, Skank entre outros.

- Comemora-se em 13 de julho o Dia Mundial do Rock.

Disponível em: http://www.suapesquisa.com/rock/

4 - Que País É Esse?

(Renato Russo)

Nas favelas, no senado

Sujeira pra todo lado

Ninguém respeita a constituição

Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

Que país é esse?

(...)

http://www.youtube.com/watch?v=CqttYsSYA3k

#Questões sobre a música: a) Discuta com seus colegas de grupo sobre o gênero musical em questão. Quais

instrumentos você consegue identificar? E o ritmo, você gosta de rock?

b) Qual visão sobre o Brasil é retratada pela letra? Quais os principais problemas citados na música? Você concorda?

c) A música foi composta nos anos 80. A crítica presente nela ainda é atual? Em que aspectos o Brasil melhorou e em quais continua ruim ou piorou dos anos 80 até hoje?

5- O saudoso roqueiro escreveu em parceria com Nilo Romero e George Israel, em 1988,

a música Brasil, um protesto irado contra a hipocrisia da política e da elite do nosso país.

Sua gravação é definitiva e se tornou um de seus grandes sucessos. A releitura de Gal

Costa foi tema de abertura da novela global Vale Tudo.

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BRASIL

(Cazuza)

Não me convidaram

Pra esta festa pobre

Que os homens armaram

Pra me convencer

A pagar sem ver

Toda essa droga

Que já vem malhada

Antes de eu nascer

(...)

http://www.youtube.com/watch?v=UDuoe729egU

http://www.youtube.com/watch?v=NkNv2BflaSU

#Questões sobre a música: a) Discuta com seus colegas de grupo sobre o gênero musical em questão. Quais

instrumentos você consegue identificar? Como você interpreta essa mistura de ritmos? Na sua opinião, foi intencional e faz parte da crítica? Explique.

b) Quem é representado pelo eu-lírico? A que classe social ele pertence? Como é possível saber?

c) A letra da música é muito crítica, cite alguns problemas brasileiros denunciados por ela. Qual deles se destaca e até hoje é muito grave em nosso país? Aponte soluções para resolvê-lo.

#Você conhece outras músicas que falam sobre o Brasil?

#Visita ao Conservatório Musical

Para finalizar nosso trabalho com as músicas, vamos fazer uma visita ao

Conservatório Musical de nossa cidade para conhecer um pouco mais sobre Modinhas e

MPB. Será uma aula e tanto, pois além do passeio, poderemos apreciar apresentações

musicais de qualidade ao vivo, será um show particular.

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Oficina 6 – O que você sabe sobre gêneros textuais?

#Para início de conversa

Desde o início do nosso trabalho exploramos diversos gêneros textuais. Converse

com seus colegas e cite ao menos cinco.

Talvez, durante as leituras e discussões, você nem tenha percebido, pois é assim

que os gêneros circulam na sociedade, livremente, sem a necessidade de nomeá-los ou

pensarmos teoricamente sobre eles. Simplesmente existem porque há uma necessidade

de uso.

Segundo MARCUSCHI (2002, p.23), os gêneros textuais:

“1 – São realizações linguísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas. 2 - Constituem textos empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas. 3 - Sua nomeação abrange um conjunto aberto e praticamente limitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função. 4 - Exemplo de gêneros: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo virtual, aulas virtuais etc.”

É nessa perspectiva que estudamos a língua atualmente, como algo vivo que está

o tempo todo sofrendo interferências e modificações através de seus usuários. Utilizamos

a língua conforme a necessidade, situação e sempre considerando nosso interlocutor.

Dessa forma, quando falamos, lemos ou escrevemos um texto, devemos pensar nas

seguintes questões: quem está falando ou escrevendo? Para quem se está escrevendo

ou falando? Em que situação social? Sobre o que se fala ou escreve? Qual é o objetivo

ou intenção? Que recursos linguísticos são utilizados (estilo)? Prevalece a linguagem

verbal ou não-verbal? Com quais outros textos este dialoga?

A partir dessa concepção fica mais fácil compreender os gêneros textuais,

interpretá-los e produzi-los adequadamente.

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#Ampliando seus conhecimentos

Agora que você sabe um pouco mais sobre os gêneros, complete esta palavra-

cruzada com nomes de gêneros textuais utilizados desde o começo da implementação

deste projeto. A definição foi feita considerando os critérios acima, a função de cada um

na sociedade e algumas características que os diferenciam.

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Oficina 7 – Que tal produzirmos o gênero paródia?

#Para início de conversa

Mas afinal, o que é paródia?

A paródia tem como elemento principal, na maioria das vezes, a comédia, ou seja,

a partir da estrutura de um poema, música, filme, obras de arte ou qualquer gênero que

tenha um enredo que possa ser modificado. Mantém-se o esqueleto, isto é,

características que remetam à produção original, como, por exemplo, o ritmo – no caso de

canções – mas modifica-se o sentido. Com cunho, em muitos casos, cômico, provocativo

e/ou retratação de algum tema que esteja em alta no contexto abordado (Brasil, mundo

política, esporte, entre outros).

O novo contexto empregado à estrutura do que já existia passa por um processo

de intertextualização para o leitor, ouvinte, espectador. Para compreender a intenção da

paródia, às vezes, é necessário um pré-conhecimento do objeto inicial, por isso, em geral,

opta-se por parodiar obras que sejam conhecidas pelo público a ser atingido.

Texto disponível em: http://www.infoescola.com/generos-literarios/parodia/

#Ampliando seus conhecimentos

Exemplos:

MEUS OITO ANOS (texto original)

Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

[...]

(Casimiro de Abreu)

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MEUS OITO ANOS (paródia)

Oh que saudades que eu tenho

Da aurora de minha vida

Das horas

De minha infância

Que os anos não trazem mais

Naquele quintal de terra!

Da rua de Santo Antônio

Debaixo da bananeira

Sem nenhum laranjais

[...]

(Oswald de Andrade)

Percebemos que a intenção de Oswald de Andrade foi a de criticar o romantismo

presente no poema de Casimiro de Abreu. Mesmo porque o ideário modernista perfez-se

por um repúdio aos moldes anteriormente adotados por outros artistas, principalmente

àqueles que compuseram o Romantismo e o Parnasianismo.

Observe estas imagens. Elas também são exemplos de paródia da famosa obra de

arte “Mona Lisa” (1503 – 1506), de Leonardo da Vince.

Imagem disponível em:

http://ricardonagy.wordpress.com/2012/04/21/para-tudo-parafrase-parodia-paronomasia-paronimo-

palindromo-e-anagrama/

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#Atividade

Agora é a sua vez!

Apropriando-se dos conhecimentos sobre os temas abordados e das discussões

que tivemos sobre o Brasil, você e seu grupo produzirão uma paródia de uma das cinco

músicas analisadas pela turma. Além disso, deverão pesquisar sobre o compositor da

música original e trazer curiosidades, fotos, discos, vídeos ou cartazes sobre ele. Todo o

material produzido pelo grupo (paródia e pesquisa sobre o compositor) será exposto em

mural da escola e apresentado oralmente para a turma. A música a ser parodiada e o

tema serão sorteados.

Músicas:

a) MODINHA

b) AQUARELA DO BRASIL

c) PAÍS TROPICAL

d) QUE PAÍS É ESSE?

e) BRASIL

Temas:

a) Brasilidade e identidade nacional. O que é ser brasileiro?

b) Problemas sociais: desigualdade, violência, educação etc.

c) Problemas políticos: corrupção, falta de participação política, abuso de poder etc.

d) Culturas brasileiras: diferenças regionais, a riqueza da nossa cultura, línguas,

costumes etc.

e) Racismo e preconceitos sociais e culturais.

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Oficina 8 – Exposição e avaliação

#Para finalizar a conversa

#Apresentação

Cada grupo deverá apresentar a paródia para a turma de forma criativa: cantar,

dançar, encenar etc. As letras das paródias e as apresentações serão avaliadas por um

júri composto por professores e/ agentes educacionais que escolherão o grupo vencedor.

Posteriormente, os trabalhos serão expostos em mural da escola.

#Avaliando seus conhecimentos e o trabalho realizado

Você foi o tempo todo avaliado durante a elaboração das atividades. Agora é a sua

vez! Responda a este questionário final para avaliarmos todo o processo de

implementação. Seja sincero em suas respostas, pois, a partir delas, poderemos analisar,

corrigir e melhorar o trabalho em atividades futuras.

1- O que você aprendeu durante as atividades do projeto?

2- O que você não compreendeu ou ficou em dúvida?

3- Após as atividades realizadas, você considera que, se a literatura for abordada de

forma contextualizada, como neste projeto, sua compreensão torna-se mais fácil e

atrativa? Por quê?

4- Você gostou de ler o clássico: Triste fim de Policarpo Quaresma? Achou a

experiência válida? Por quê?

5- O uso de outras linguagens, como cinema e músicas, ajudaram no entendimento

da obra lida?

6- A interdisciplinaridade (relação com outras disciplinas) contribuiu para a

compreensão do romance? De que forma?

7- Aponte críticas e sugestões a respeito do projeto. O que você não gostou e o que

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poderia ser melhorado?

8- Você considera que a partir deste projeto você passará a ter maior interesse pela

Literatura? Por quê?

9- Avalie a atuação da professora durante a implementação: ( ) péssima ( ) ruim

( ) boa ( ) regular ( ) ótima ( ) excelente

10-Dê uma nota de 0 a 10 para a implementação das atividades desse projeto e

justifique.

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