os desafios da escola pÚblica paranaense na perspectiva do … · processo de conhecimento” a...

47
Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

Upload: dinhmien

Post on 14-Feb-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013

Título: FORMAS DE VER: A construção do olhar do professor a partir de

imagens da arte na formação de crianças com deficiência intelectual

Autor: Andréa Gama Piana

Disciplina/Área:

(ingresso no PDE)

Arte

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Escola de Educação Básica na Modalidade de Educação Especial ILECE

Município da escola: Londrina – Paraná

Núcleo Regional de Educação: Londrina

Professor Orientador: Roberta Puccetti

Instituição de Ensino Superior: UEL – Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar:

(indicar, caso haja, as diferentes disciplinas compreendidas no trabalho)

Professores regentes da educação especial

Resumo:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

Desde os tempos mais remotos o homem se comunica e se expressa por meio das imagens. Percebe-se, contudo, que mesmo de posse desta “super” exposição, ainda não estamos visualmente alfabetizados para ler todas as informações que se colocam a nossa mostra. Nesse sentido, compreendendo a necessidade de uma alfabetização visual, propõe-se utilizar de elementos que colaborem na formação de uma cultura visual, educando e conscientizando professores da Escola de Educação Básica na Modalidade de Educação Especial ILECE, no sentido de que estes possam utilizar das imagens como um elemento base na construção do conhecimento de seus alunos com deficiência intelectual, disseminando a cultura do ver e

difundindo mecanismos de interpretação que tenham o objetivo de alfabetizar visualmente, os personagens envolvidos, por meio de encontros de formação continuada onde serão abordados aspectos referentes à interpretação, a imagem, a arte e a arte em um contexto especial, assim como produzir instrumentos para a aplicação e fabricação de materiais para a utilização com o referido público.

Palavras-chave:

(3 a 5 palavras)

Imagem, educação visual, deficiência intelectual, formação de professores

Formato do Material Didático: Impresso

Público: (indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...)

Professores regentes em sala

INTRODUÇÃO

Durante toda a história da humanidade, o homem sempre foi valorizado e

até mesmo valorado pela sua capacidade de criação e construção. As civilizações

desenvolveram-se com base no que o homem foi capaz de criar e principalmente

imaginar no decorrer de suas vidas.

A essa capacidade criadora do cérebro a psicologia deu o nome de

imaginação ou fantasia, e como observa Vygotsky (2009, p. 11) “a imaginação, como

base de toda a atividade criadora, manifesta-se em todos os aspectos da vida cultural,

possibilitando a criação artística, científica e técnica”. Contudo, a palavra imaginação e

principalmente a fantasia, acabam sendo vistos com certo receio por parte de algumas

pessoas que acabam vinculando esta a um devaneio não construtivo.

Quando pensamos especificamente no campo das artes visuais, a

imaginação torna-se o principal agente de composição na criação, que irá desmembrar

em produções imagéticas, sensoriais e de interação que poderão fermentar a

capacidade imaginativa não apenas em seus criadores, como também nos

interlocutores que a esta produção tiver acesso.

Com base nesse pensamento, entendendo a imaginação, a arte e a

imagem como elementos de fundamental importância para o desenvolvimento

intelectual do ser humano, percebeu-se a necessidade da realização de uma formação

que fosse capaz de nutrir os professores regentes da Escola de Educação Básica

ILECE na Modalidade de Educação Especial, de elementos que possibilitem a estes

uma melhor compreensão acerca dos elementos comunicadores da imagem, a

expressão por meio da arte e a utilização desta como uma agente de desenvolvimento

e aprendizado com seus alunos.

Mesmo tendo como público alvo os professores regentes, o projeto tem

uma abrangência global no corpo da escola, atingindo os professores, que terão uma

nova percepção acerca da arte e das imagens e assim poderão contribuir de forma

mais significativa com a formação de seus educandos, por meio do uso consciente das

imagens, e principalmente os alunos que poderão desenvolver-se artisticamente,

criativamente e em seu aspecto comunicativo, pois se as imagens são importantes na

vida das pessoas ditas “normais”, nos atraindo, nos interpelando e nos questionando,

então, podem sim ser um importante agente de desenvolvimento cognitivo, se

utilizadas tendo como público crianças especiais que em sua maioria não possuem

conhecimentos gramaticais e por muitas vezes não possuem elementos básicos da

comunicação, como a fala e a audição.

PINCELADAS DIRECIONAIS

REFERENCIAL TEÓRICO

Arte educação como agente formador do conhecimento

Durante vários anos em nosso país a arte educação sofreu um processo

de negligenciamento e discriminação, sendo que somente a partir de virada dos anos

1980 para os 1990 é que novos rumos puderam ser vislumbradas com relação à forma

de interpretação desta disciplina, pois até então, esta era utilizada como uma atividade

sem um fim definido, apenas uma junção de processos e técnicas miscigenadas a um

montante de cópias e reproduções estereotipadas.

A partir da década de 1990 surgiram novas formas de se pensar a arte, e

esta começou a ser vista como um importante elemento na formação de uma criança,

não de forma apenas intelectual, mas humanizadora, como aponta Barbosa (2012) ao

dizer que:

Arte não é apenas básica, mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário, e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano. (BARBOSA, 2012, p. 4)

Um dos problemas encontrados pelos arte educadores é a mudança de

status da disciplina, ou seja, demonstrar essa como algo de fundamental importância

na formação de uma criança, quebrando a idéia contaminada pela livre expressão de

que os “arte educadores não precisam pensar, e arte é só fazer” (BARBOSA, 2012, p.

19). Na atualidade, as crianças em geral, tem um maior contato com imagens, contudo,

a interpretação dessas acaba ficando muito superficial, como aponta Richter (2011, p.

158) ao descrever que as pessoas são levadas a posição de espectadores passivos,

realizando apenas uma contemplação ociosa, como a autora também percebe na fala

de outros pensadores:

A criança cognitiva da nossa década é uma criança sedentária e contemplativa: olha e escuta, deixando de manipular e explorar seu entorno em primeira pessoa. É uma criança agrilhoada a um universo de imagens que ela não cria, apenas as recebe e as incorpora. (TRISCIUZZI E CAMBI, 1989, p. 137, apud RICHTER, 2011)

Nesse sentido, a autora acredita que os meios artísticos “tornam-se

estratégia de um pensamento que integra razão e desejo como instrumentos do

conhecimento e da ação, permitindo à criança estar alerta, atenta não só ao que

acontece fora, mas ao que se passa dentro” (RICHTER, 2011, p. 159). Essa idéia

também permeia o pensamento de Barbosa (2012, p. 17), ao dizer que um ensino de

arte bem estruturado, pensado e orientado “pode preparar os seres humanos para

desenvolver a inteligência e criatividade através da compreensão da arte”, destacando

ainda que em todas as profissões envolvidas com a imagem e com o meio ambiente

produzido pelo homem (TV, publicidade, propaganda, arquitetura, moda, mobiliário,

etc.) são melhores desenvolvidas por pessoas com conhecimento artístico.

A arte é conhecimento e traz conhecimento, faz pensar e agir e como

coloca Puccetti e Souza (2011, p. 2511) “o processo de criação artística é, em si, um

processo de conhecimento” a partir do momento em que traz relações que conectam o

sujeito que compreende, relaciona, transforma e cria, percebendo-se como um ser

criativo, capaz de transpor os seus limites.

Arte na educação de pessoas com déficit cognitivo sob a percepção vygotskyana

A cultura humana sempre se mostrou arredia ao que considerava inferior,

e ser mulher, ser pobre, ser índio, ser negro e ser especial, sempre foram vistas como

condições de inferioridade. Durante muitos anos os deficientes, principalmente os

intelectuais foram vistos como seres com poucas capacidades ou até mesmo não

educáveis, e, como pensa Barroco (2007, p. 119), um longo caminho precisou ser

percorrido até que a sociedade percebesse que a deficiência “não retira do homem a

sua possibilidade de humanização”, e que a deficiência não é uma doença, mas sim

uma condição “com a qual a pessoa convive, quase sempre, para toda vida”.

A educação dos deficientes intelectuais é algo relativamente novo, sendo

que no século XX, grande parte dos estudos acerca da deficiência intelectual, ainda

eram baseados em suas questões clínicas, onde poucos autores, como por exemplo, o

russo Lev Semenovich Vygotsky (1896 – 1934), se dispunham a analisar as questões

relativas a educação desta população, sendo que para este a deficiência se

manifestava de diferentes modos de acordo com a sociedade e a cultura onde o

indivíduo estava inserido.

Vygotsky foi um dos primeiros a propor uma interação entre a arte e a

psicologia, pensando a arte em suas possibilidades intelectuais e cognitivas.

Para ele, ambas necessitam de aprofundamentos específicos e complementares: as artes, de um lado, têm carecido de fundamentações psicológicas, enquanto a psicologia tem deixado de responder satisfatoriamente a questões complexas sobre o comportamento estético. O que existia até o momento, para o autor, não respondia de forma objetiva e contundente a questões recorrentes, que envolviam, por exemplo, a investigação objetiva da experiência estética. O autor faz, assim, análises sobre a fábula, a tragédia e a comédia, e propõe o que chama de um método objetivo de análise da obra de arte. (Moutinho e Couti, 2010, extraído de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722010000400004, acesso em 20 de junho de 2013).

A proposta de Vygotsky, em traçar um paralelo entre a arte e a psicologia,

é de grande interesse quando nos colocamos a pensar o trabalho com deficientes

intelectuais, onde, por muitas vezes, apenas os aspectos estruturais básicos da arte

educação não são suficientes para proceder com o trabalho de percepção e produção

artística destes. Um importante aspecto encontrado nas teorias de Vygotsky acerca da

arte é a forma como esta pode ser interpretada pelo receptor, sendo que a sua

percepção demonstra-se de extrema contemporaneidade, pois coloca esta

interpretação não apenas centrada na obra, autor e espectador, mas sim na relação

entre estes e o meio, como é objetivado na grande concepção da arte contemporânea.

Esta forma de relação é de extrema importância ao se trabalhar com deficientes

intelectuais, pois, sem toda noção de conhecimento sobre elementos estruturais do

desenho, sem grandes contaminações históricas e narrativas contidas no discurso

sobre a obra e sem as afetações elitistas de gosto impostas pela sociedade, toda a

análise se dará com base nessa tríade formada entre obra, receptor e meio.

Ao realizar um Projeto de Ensino intitulado Arte e Deficiência: o cinema

mostrando a vida (Departamento de Psicologia – UEM), a professora Sonia Maria

Shima Barroco, concluiu alguns aspectos importantes com relação às contribuições

que a arte pode trazer para o desenvolvimento de uma pessoa com deficiência, sendo:

Reconhecemos que o trabalho com as artes incide sobre as áreas psicomotora, cognitiva, sócio-afetiva. Na área psicomotora porque trabalha o esquema corporal (consciência do corpo e de sua capacidade de expressar-se através dele); a coordenação visomotora (destreza manual, sensação percepção); estruturação espacial (consciência do corpo no espaço, conceitos de dentro, fora, acima, abaixo, através de, etc.); estrutura temporal (sucessão, duração, ritmo entre ação e reação); lateralidade (dominância de um lado do corpo); tônus, postura e equilíbrio: níveis de força e precisão. Na área cognitiva, visto que envolve trabalho de conteúdo curricular; desenvolvimento da observação e do registro da arte clássica e da produção dos alunos; exercício de leitura e de interpretação de códigos lingüísticos e de imagens; conhecimento e exercício de técnicas de pintura; diferentes níveis de imitação

1; imitação de diferentes trabalhos; desenvolvimento

de diferentes estilos; interação com a cultura geral. Na área sócio afetiva, uma vez que provoca interação com os pares e com o educador; obtenção de diferentes referenciais de vida; expressão de sentimentos e idéias; planejamento para a ação; atenção voluntária dirigida e geral; comunicação verbal e não verbal; reconhecimento pessoal; trabalho com auto-conceito e auto estima; desenvolvimento da autonomia e da sociedade; apreciação do que é criado. (BARROCO, 2003, p. 35)

Puccetti e Souza (2011) atentam que o fazer artístico envolve uma

dimensão lógica conceitual (dimensão poética), enquanto que a atividade criadora é

sustentada pela razão intuitiva e não pelo racional, evidenciando o vínculo entre o

sujeito e o mundo (dimensão pioética), sendo que o processo cognitivo constituem-se

pela troca de elementos reais com as que são acrescentadas pelo indivíduo.

Fundamentação Metodológica

O projeto fundamenta-se em uma perspectiva da educação com base na

sua concepção histórico-cultural, que acredita que o desenvolvimento do ser humano é

afetado diretamente pelo ambiente onde o indivíduo está inserido, sendo a mediação

de fundamental importância neste processo.

1 A autora utiliza-se do conceito de imitação não como uma forma estereotipada de representação, mas sim no sentido da

educação de Vygotsky, ao afirmar que a imitação também é aprendizagem, a partir do momento em que indivíduo “começa copiando aquilo que ainda não consegue resolver/criar sozinho, aquilo que ainda não pertence ao seu desenvolvimento atual” (BARROCO, 2003, p. 35)

Assim, propõe-se uma abordagem de cunho sócio interacionista,

buscando a mediação e a contextualização das atividades realizadas, tendo como

referencial principal as teorias de Lev Vygotsky, sendo em sua forma de entender o

pensamento humano com base na influencia do meio para o desenvolvimento deste,

seus estudos acerca das deficiências como a cegueira, retardo mental severo e afasia,

assim como pelo seu interesse com relação à arte e a imaginação.

Propõe-se utilizar das metodologias e proposições baseadas na obra de

Vygotsky de forma a levar em consideração o ambiente de inserção do aluno e sua

bagagem cultural, atentando também para a importância de se criar instrumentos que

tornem o processo de aprendizagem significativo não apenas para os professores

envolvidos no projeto, mas também e principalmente, para os alunos que são os

principais beneficiários deste.

Ainda como autores base para o projeto podemos citar Fernando

Hernández e sua abordagem com relação à montagem de um projeto educacional e a

forma como este direciona o docente na estruturação de um material curricular. Outros

autores que se fazem importantes no processo são referentes à leitura e a

alfabetização visual, onde podemos apontar Donis Dondis, com relação aos elementos

formais da imagem ou mesmo Analice Dutra Pillar e Ana Mae Barbosa, no sentido de

transpor conceitos referentes à análise e interpretação da imagem para o ambiente

escolar.

ETAPA 1- Investigando o público e as ações a serem tomadas

O início da aplicação da unidade será dado por uma aproximação direta

com os professores, onde por meio de conversas buscar-se-á informações que

possibilitem perceber as necessidades destes acerca de um acompanhamento com

relação à arte, assim como a disseminação da proposta do projeto e divulgação ao

público especificado.

• DURAÇÃO DO TRABALHO: duas semanas

ETAPA 2- Compartilhando conhecimento

O segundo momento da unidade terá uma aplicação prática, onde por

meio de conceitos referentes à imagem, a arte, a interpretação textual e visual e a

educabilidade da pessoa com necessidades especiais propõe-se promover um espaço

de descobertas e troca de experiências entre os professores.

Desta forma, os encontros se iniciarão com uma abordagem sobre a

nossa capacidade de interpretação e de visualização além dos elementos altamente

explícitos ou identificáveis. Nesse encontro, além de se indagar sobre as referencias e

elementos expostos nas imagens, optou-se também por introduzir elementos textuais

que fossem capazes de explicitar novas possibilidades de visualização e interpretação.

Como continuidade, o encontro que seguiu teve como principal

fundamento direcionar o pensamento do professor no sentido de se abrir os olhos e

perceber todos os possíveis elementos contidos nas imagens, evoluindo do olhar de

relance para o olhar explorador e atento, o que se consolidará na seqüência de

encontros, onde o professor terá a oportunidade de instrumentalizar por meio de sua

observação e criação (em forma de desenhos e outras atividades) sua nova forma de

se relacionar com as imagens. Essa aplicação terá grande importância como bagagem

para o próximo encontro, onde os participantes serão direcionados a olhar para o

mundo ao redor e os elementos do seu dia a dia, e assim serão convidados a perceber

e re-significar o seu relacionamento com as imagens da arte contemporânea das novas

formas de mídias e da publicidade.

Como fechamento dos encontros teórico-práticos com os professores

regentes, serão abordados elementos referentes à arte em um conceito especial,

explorando pessoas e estudos que se centraram no tema abordado, assim como

artistas que, apesar de suas limitações, tiveram importante significação no contexto

artístico de nosso país. De posse dessa base referencial a seqüência de encontros

será relativa às aplicações diretas com os alunos da escola, onde serão estruturadas

atividades, materiais e metodologias que se mostrem capazes de colocar a arte como

um importante elemento do processo de formação dos envolvidos no projeto.

Despertando

1º Encontro: 4 horas

Todas as manhãs ao acordarmos somos retirados do nosso estado de

descanso, inoperância e relaxamento e despertamos para o dia e as obrigações,

prazeres e desprazeres contidos nesse. Contudo, em muitos momentos continuamos

não acordados com relação a muitas questões que nos cercam. Nesse sentido, este

primeiro encontro procura centrar-se na importância da interpretação, da imaginação e

da imagem no desenvolvimento da construção do conhecimento do indivíduo e a sua

percepção sobre o mundo que o cerca, de forma a estimular seus participantes a

despertar e observar os elementos que se colocam ao seu redor.

Ver, uma questão de entender

Só conseguimos ver aquilo que temos plena consciência de sua

existência, pois a partir de então, aquilo se materializa diante de nossos olhos. Como

coloca Cumming (2000), ver não é a mesma coisa que olhar, pois para olhar

necessitamos apenas abrir os olhos, enquanto que para ver necessitamos “abrir a

mente e usar o intelecto”. Assim, entende-se que quanto mais coisas conhecemos,

mais coisas somos capazes de ver e principalmente compreender.

Levantamento prévio:

Antes de mergulhar os participantes do encontro no instigante universo da

visualidade, é interessante perceber o que cada um possui de referencial acerca

destas, seus conhecimentos, dúvidas, conceitos e pré-conceitos. Nesse sentido por

meio de um breve questionamento verbal, propõe-se um levantamento referencial com

relação aos conhecimentos do grupo em questão sobre as imagens apresentadas.

Alfredo Andersen - Passeio Público de Curitiba

Fonte: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=16&evento=1

Decifrando textos

Toda a imagem pode ser entendida como um texto, onde podemos

encontrar diferenciadas informações, expressões de autoria, intencionalidades, marcas

do tempo ou referenciais cronológicos. Podemos também nos deparar com textos

sincréticos, onde a relação entre a informação imagética e textual é que vai direcionar a

composição da informação a ser transmitida, como segue:

Fonte: www.facebook.com

O que fica evidente é que, para compreensão de qualquer forma de texto,

a bagagem de conhecimentos e o referencial cultural acabam direcionando o

entendimento e condicionando a formação de sentido no leitor, que decodificará o

material observado de acordo com os seus referenciais.

Ou seja, se você entendeu a mensagem do texto sincrético apresentado

anteriormente, então, você já deveria ter um conhecimento prévio com relação ao

Batman e as mensagens projetadas de sua batcaverna.

Ou seja, se nos colocarmos a pensar sobre as teorias de Vygotsky com

relação ao aprendizado, estudando questões como o controle consciente do

comportamento, atenção e lembrança voluntária, memorização, pensamento abstrato e

raciocínio dedutivo, analisando ainda a cultura como parte da natureza humana,

podemos entender que esta interpretação deu-se devido ao próprio processo de

desenvolvimento humano, que como se percebe no pensamento de Vygotsky está

“enraizado nas relações entre história individual e social” (REGO, 2012, p. 26)

Interpretanto

A interpretação de uma imagem pode parecer de difícil entendimento por

oferecer, por vezes, muitos referenciais intrínsecos.

Contudo, tendo como base nas teorias de Vygotsky acerca da pedagogia

histórico-cultural, é fácil verificar que em qualquer forma de texto os referenciais

culturais do interpretante é que acabam por direcionar o entendimento.

Assim, antes de adentrar por vez no campo da imagem, vamos buscar

alguns referenciais em textos escritos e fazer uma caminhada em busca da

significação. Vale ressaltar que nas atividades que seguem não entraremos em

questões relativas à área da lingüística, apenas, vamos traçar um caminho que nos

faça compreender as idéias e inquietações dos autores de acordo com nossas

concepções e forma de perceber as coisas e o mundo que nos cerca, aspectos esses

que nos darão base para interpretar outras formas de texto, no caso o imagético.

Direcionando o olhar: Interpretação textual A partir da leitura do texto “para que ninguém a quisesse” de Marina

Colasanti, buscar referenciais que levem a formação de sentido.

Para que ninguém a quisesse

COLASANTI, Marina. Para que ninguém a quisesse. In: contos de amor rasgados. Rio de Janeiro, Rocco, 1986. p. 111-2.

Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a atenção, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de saltos altos. Dos armários tirou as roupas de seda, da gaveta tirou as jóias. E vendo que, ainda assim, um ou outro olhar viril se ascendia à passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos.

Agora podia viver descansado. Ninguém a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, não atravessava praças. E evitava sair.

Tão esquiva se fez, que foi deixando de ocupar-se, permitindo que fluísse em silêncios pelos cômodos, mimetizada como os móveis e as sombras.

Uma fina saudade, porém, começou a alinhar-se em seus dias. Não saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela.

Então lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. À noite tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos.

Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cômoda.

Abrindo os olhos

Qual o tema, ou ideia central (semiótica) do texto?

O texto possui ideias secundárias à principal? Quais seriam?

Quais são as informações explícitas no texto que nos direcionam a compreensão do sentido?

Existem também neste texto ideias que podem não ser percebidas a um primeiro olhar. Quais seriam as ideias implícitas contidas neste?

Direcionando o olhar: Despertando os sentidos Realizar uma audição da música Bienal de Zeca Baleiro e Zé Ramalho e

fazer uma análise prévia sobre o contexto dessa.

Após a primeira análise, realizar a leitura do texto e por meio dos questionamentos contidos neste buscar uma compreensão com relação à ideia dos autores ao realizar a composição.

Bienal Zeca Baleiro e Zé Ramalho

Desmaterializando a obra de arte do fim do milênio Faço um quadro com moléculas de hidrogênio Fios de pentelho de um velho armênio Cuspe de mosca, pão dormido, asa de barata torta

Meu conceito parece, à primeira vista, Um barrococó figurativo neo-expressionista Com pitadas de arte nouveau pós-surrealista calcado da revalorização da natureza morta

Minha mãe certa vez disse-me um dia, Vendo minha obra exposta na galeria, "Meu filho, isso é mais estranho que o cu da jia E muito mais feio que um hipopótamo insone"

Pra entender um trabalho tão moderno É preciso ler o segundo caderno, Calcular o produto bruto interno, Multiplicar pelo valor das contas de água, luz e telefone, Rodopiando na fúria do ciclone, Reinvento o céu e o inferno

Minha mãe não entendeu o subtexto Da arte desmaterializada no presente contexto Reciclando o lixo lá do cesto Chego a um resultado estético bacana

Desintegro o poder da bactéria

Com a graça de Deus e Basquiat Nova York, me espere que eu vou já Picharei com dendê de vatapá Uma psicodélica baiana

Misturarei anáguas de viúva Com tampinhas de pepsi e fanta uva Um penico com água da última chuva, Ampolas de injeção de penicilina

Desmaterializando a matéria Com a arte pulsando na artéria

Boto fogo no gelo da Sibéria Faço até cair neve em Teresina Com o clarão do raio da silibrina Desintegro o poder da bactéria

Com o clarão do raio da silibrina

Abrindo os olhos

Com relação à música bienal, quais são as suas percepções com relação à intencionalidade da composição?

Quais as principais características que diferem o olhar do sujeito principal da música (artista) e da sua mãe (observador da obra)?

Quais seriam os motivos dessa diferença entre as formas de visualizarem a mesma obra?

Você acha que a obra apresentada na música poderia só fazer sentido ao seu autor ou existe uma ausência de conhecimento prévio por parte do observador (mãe)?

Direcionando o olhar: novas e possíveis interpretações Fazer uma leitura prévia do Poema Enjoadinho de Vinícius de Moraes e

procurar descobrir a ideia central do texto, assim como os elementos utilizados pelo autor para enfatizar esta ideia.

Poema enjoadinho

Vinícius de Moraes (O texto foi extraído do livro "Antologia Poética", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1960, pág. 195)

Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-lo? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos!

Banho de mar Diz que é um porrete... Cônjuge voa Transpõe o espaço Engole água Fica salgada Se iodifica Depois, que boa Que morenaço Que a esposa fica! Resultado: filho. E então começa A aporrinhação: Cocô está branco Cocô está preto Bebe amoníaco Comeu botão.

Filhos? Filhos Melhor não tê-los Noites de insônia Cãs prematuras Prantos convulsos Meu Deus, salvai-o! Filhos são o demo Melhor não tê-los... Mas se não os temos Como sabê-los? Como saber Que macieza Nos seus cabelos Que cheiro morno Na sua carne Que gosto doce Na sua boca! Chupam gilete Bebem shampoo Ateiam fogo No quarteirão Porém, que coisa Que coisa louca Que coisa linda Que os filhos são!

Abrindo os olhos

Qual o tema, ou ideia central (semiótica) do texto?

O texto possui ideias secundárias à principal? Quais seriam?

Quais são as informações explícitas no texto que nos direcionam a compreensão do sentido?

Você acredita que a forma como este é apresentado (texto, imagens, vídeo, narração), pode mudar ou direcionar o observador na formação do sentido e compreensão da ideia?

Um novo olhar

Após a realização dos questionamentos sobre o Poema Enjoadinho, visualizar a apresentação deste em dois diferentes formatos de vídeo, sendo:

O primeiro apresentado de maneira às imagens ilustrarem o referencial textual, formando uma relação sincrética entre as informações apresentadas. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=jAZhMxZnG20

O segundo mostrando apenas a imagem do ator Paulo Autram narrando o poema e utilizando da expressão corporal e vocal para enfatizar a ideia expressa neste. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=5Rot_Q1d13k

Ainda de olhos abertos

Você percebeu diferenças com relação às duas apresentações? Quais seriam?

O sentido do texto foi modificado a partir das diferentes apresentações?

Em sua opinião, alguma das apresentações distorce ou modifica a ideia original do autor?

Fechando os olhos e abrindo os sentidos

Como você acredita que está a sua percepção com relação aos diferenciados

tipos de texto?

Qual a relação de importância da imagem em um texto sincrético?

Eu acho que vi...

2º Encontro: 4 horas

Diariamente valoramos algumas coisas devido ao grau de importância

que acreditamos que estas têm para nós. Mas o quanto estamos valorizando as

imagens que se colocam diante de nossos olhos, será que elas passam por nós como

uma brisa suave ou como uma ventania avassaladora? A imagem faz se presente em

muitos momentos de nosso dia a dia, e por mais despercebida que possa parecer, é

capaz de arrastar consigo muito do que interpretamos em nosso cotidiano e direcionar

a forma como assimilamos nossa realidade. Então vamos lá, deixar esse vento nos

levar e ver o que ele traz consigo. Ops, eu acho que vi...

A Imagem em nosso dia a dia

Mesmo sem nos darmos conta, dia após dia as imagens parecem estar

mais presentes em nosso cotidiano. Se, em um passado não muito distante, as

imagens ao qual as pessoas tinham contato eram apenas as de sua própria vivência,

hoje temos meios que nos bombardeiam com uma infinidade de imagens nos mais

variados formatos e mídias. Nise da Silveira1 colocava que se o século XX foi o século

do livro, o século XXI é o século da imagem.

Criticando os modelos tradicionais da psiquiatria utilizados no Brasil na segunda metade do século XX, a médica Nise da Silveira iniciou uma série de estudos acerca da imagem, arte e formas de ver, utilizando a produção artística como uma das formas de tratamento de doentes mentais do Hospital Psiquiátrico de Engenho de Dentro no Rio de Janeiro. No pensamento desta médica, que criou um movimento chamado “Imagens do Inconsciente”, o ato de ver esta sempre permeado pelo estado psicológico do interpretante. (PIANA, 2010, p. 17)

Contudo, mesmo com tanta proximidade, alguns questionamentos

surgem com relação à qualidade da interpretação que as imagens estão tendo em meio

a esse imenso emaranhado visual ao qual estamos imersos.

É interessante perceber que, só conseguimos visualizar o algo além do

altamente explícito olhando, ou, porque não dizer “degustando” uma imagem. Cabe

aqui uma citação utilizada por Analice Dutra Pillar no capítulo de apresentação do livro

“A educação do olhar no ensino das artes”, onde a autora utiliza um texto de Gabriel

Junqueira onde podemos encontrar o seguinte pensamento:

Olhar interdisciplinarmente a pré-escola requer, antes de mais nada, que o observador comece a se olhar. Uma incursão estética por si mesmo é um bom começo: cor e corte de cabelo atuais? Cor de batom, de sombra para os olhos e esmalte de unhas? Ah, você tem um estilo mais naturalista que dispensa tais artifícios?! Que tipo de tecidos ou estampas você prefere vestir? [...] Você fala muito ou poço? Traz algum sotaque? Fuma? Masca chiclete? Vive de walkman para cima e para baixo? Existe alguma característica sua que chama a atenção das pessoas? Essas são algumas pistas, caso você se decida a experimentar a articulação do olhar interdisciplinar. (PILLAR, 2011, p. 5/6)

No texto acima fica claro a indagação do autor enfatizando a necessidade

de nos olharmos para que assim possamos ver o mundo e as coisas que nos cercam,

principalmente em um tempo onde tudo acontece tão rapidamente, que pouco tempo

temos para olhar para as coisas ou para nós mesmos. JUNQUEIRA FILHO, Gabriel.

Interdisciplinaridade na pré-escola: o convite num olhar. In FAZENDA, Ivani (org.) A

academia vai à escola. Campinas: Papirus, 1995.

Direcionando o olhar: eu e as imagens Em nosso dia a dia temos imagens informativas, decorativas, de protesto, comerciais e uma infinidade de outras possibilidades que podem estar contidas nestas.

De posse desses referenciais, algumas questões podem ser colocadas:

Como você olha para uma imagem?

Imagens do cotidiano também merecem ser olhadas com atenção especial?

Imagens com fins comerciais têm maior poder de atração visual?

As imagens que passam por nós

Fonte: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br

Abrindo os olhos

O que você sentiu ao ver essas imagens?

Será que elas poderiam fazer parte de seu cotidiano?

As imagens que para nós são feitas

Fonte: http://blogcarro.wordpress.com/2010/01/05/mais-propagandas-menos-muito-menos-fiat/

Fonte: http://lafora.com.br/page/143/?s=pan

Direcionando o olhar: identificando os elementos nas imagens

Essa segunda proposta consiste em “acordar” os olhos, ou seja, procurar

olhar para a imagem e assim tentar indiscriminadamente extrair dela elementos que

estejam agregados na composição e que respondam as questões propostas.

Quem é o impostor?

Ache o leopardo

Todas as imagens utilizadas nesta proposta são brincadeiras postadas no site de relacionamento

Facebook e o uso em questão é apenas didático, sem intenções comerciais.

Essa brincadeira parece bem simples, mas na verdade consiste em um

ótimo exercício para “acordar” nossos olhos e a nossa percepção. Willians (1995),

narra no capítulo de introdução de seu livro um fato ocorrido com ela na ocasião da

descoberta de uma estranha árvore em um livro de botânica. Como descreve a autora,

devido aquela aparência diferenciada ela acreditou que essa árvore seria rara ou de

outra região. Para sua surpresa, ao percorrer a vizinhança constatou a presença de um

grande número de árvores dessa espécie.

A proposta tem o mesmo fim que o descrito pela autora, ou seja, só

conseguimos ver aquilo que temos certeza que existe, pois a partir de então isso se

materializa em nossa frente. Com as imagens visualizadas acontece a mesma coisa.

Em princípio surge uma visão geral e a dificuldade em seguir em frente e ir além

daquelas primeiras informações. Contudo, após a descoberta do elemento procurado,

ele se materializada aos nossos olhos e sua visualização se torna fácil. Passa a ser

difícil ver a imagem sem dar conta deste elemento.

É interessante perceber também o quanto a utilização de uma informação

textual é capaz de induzir e até mesmo modificar a nossa percepção sobre uma

imagem. Como nos afirma Berger (1999, p. 31), “o significado de uma imagem muda

de acordo com o que é imediatamente visto a seu lado, ou com o que imediatamente

vem depois dela”. Assim, o autor nos aponta que uma frase colocada ao lado de uma

imagem tem o poder de mudar o significado desta, e, por mais que o dito popular, já

muito contestado, nos afirme que “uma imagem diz mais do que mil palavras”, a

realidade se mostra um pouco diferente, pois, ao ser colocada uma frase ou texto do

lado de uma imagem, não será a frase que irá ilustrar a imagem, mas sim a imagem

que passará a ilustrar a frase.

A imagem da mídia

Para Berger (1999, p. 12), “toda imagem incorpora uma forma de ver”.

Essa forma de ver ressaltada pelo autor está carregada da personalidade do criador da

imagem, pois não é nada mais que a visão de alguém sobre determinada cena ou

ideia. Se a imagem esta permeada pela interpretação de seu criador, o que pensar das

imagens da mídia, que além de seu criador carrega os desejos e percepções de seu

anunciante.

Fonte: http://advertisingexpenses.blogspot.com.br/2011/04/publicidade-leva-o-cliente-ate-voce.html

Direcionando o olhar: re-interpretando Agora que estamos com os olhos “abertos” vamos analisar a utilização

em forma de aproximação ou releitura feita para o sabonete Vinólia tendo como base duas obras do pintor italiano Sandro Botticelli, um dos mais importantes artistas do Renascimento italiano, que nasceu no ano de 1445 e morreu em 1510.

Disponível em: HTTP://www.youtube.com/watch?=9aQHC9B8L_Y

Obras base: disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/imagem/wm000001.jpg

O Nascimento da Vênus

Primavera

Abrindo os olhos

Qual é o tema central de ambas as obras?

Quais são os elementos principais nas referidas obra, ou seja, aqueles que atraem a atenção e que direta ou indiretamente são responsáveis pela formação de sentido nesta?

Quando essa relação se torna sincrética (comercial), você percebe mudança na temática e na forma de abordagem, se comparadas com as obras originais?

Fechando os olhos e abrindo os sentidos

Como está (ou estava) a sua percepção acerca das imagens?

Você teve alguma dificuldade em “acordar” o olhar?

Você já se sente preparado para dar um passo a mais em suas análises e

experimentar elementos diferenciados como por exemplo imagens abstratas ou

composições da arte contemporânea?

Desenhar, eu?

3º Encontro: 4 horas

Quando somos crianças uma das atividades que mais nos dão prazer é o

ato de desenhar e pintar. Rabiscos, formas, cores, bagunça com tinta, giz de cera na

boca, tinta no cabelo, sujeira na roupa. O tempo vai passando e outras coisas parecem

substituir o prazer que tínhamos ao realizar essas “brincadeiras”. Na escola, vamos

aprendendo que nossos amiguinhos têm um desenho diferente do nosso, por vezes

mais parecido com o da televisão e talvez por esse motivo, mais elogiado que o nosso

e acabamos nos afastando ainda mais de nossas experiências artísticas. Nesse

sentido este encontro busca uma reaproximação entre os participantes e a arte, de

forma que estas tenham a possibilidade de perceber a relação entre o homem e a

expressão por meio da arte no decorrer dos tempos, assim como os aspectos

referentes ao desenho, conceitos, pré-conceitos e estereotipia, observando como esta

age no desenvolvimento do ser humano e colocando suas mãos e intelecto para

trabalhar, seja na observação ou na criação.

O desenho como forma de representação artística

O desenho talvez seja a nossa primeira forma de representação artística.

É por meio dele que ainda muito pequenos, nos expressamos e percebemos o nosso

ato criador. Desenhar nos parece um instinto natural, um instinto livre, desimpedido e

despretensioso.

Vídeo Pato Donald (Aquarela do Brasil): http://www.youtube.com/watch?v=_mQHr8bAojU

Direcionando o olhar: simplesmente desenhando Se desenhar é simples, vamos começar com uma proposta que une os dois conceitos abordados até o momento, o olhar intensivamente e o desenhar.

Assim, a partir da observação de uma folha de árvore, representar no papel esta em

todos os seus detalhamentos.

Discussão sobre a proposta

Por mais simples que a esse exercício possa parecer ela acaba por nos

colocar diante de dois problemas: primeiro o desenhar, o que na maioria das vezes se

mostra como uma primeira barreira, e em segundo o olhar e observar em detalhes, o

que se difere muito do olhar rápido e passageiro que acabamos por utilizar em nosso

cotidiano. Para poder desenhar, primeiramente se deve ver incansavelmente e buscar

elementos que estão além do olhar de passagem.

Direcionando o olhar: criar é pensar Para ampliar ainda mais o contato com o desenho, propõe-se agora realizar um

desenho livre, de criação a partir da leitura do poema a seguir:

De Passagem

Passa como as folhas sem horas como passam todos os acasos ocos e carregados de mofo. Passa como as viagens breves aquelas das fotos alegres quase amareladas de preces rogadas em altares de mistérios. Passa como todos os dias os que começam cinzas e cheios de tédios ou os que começam de todas as cores tão cheios de versos. Passa como a tristeza impregnada nos teus modos de ser o ser que sempre passa. Passa como a ideia daquele livro nunca escrito ainda depositado sobre as lápides. Passa pela estrada tortuosa mas bem feita e deixa flores quando fores para que eu lembre de quando passaste e aí terás e não terás passado.

Maura Voltarelli (Disponível em: http://mauravoltarelli.wordpress.com/)

Abrindo os olhos

Quais das duas propostas se mostrou mais difícil de realizar?

Qual o motivo de tal dificuldade?

Você gostaria de expor o seu desenho?

Se não, por qual motivo?

Você sentiu alguma dificuldade em desenhar, ou as maiores dificuldades foram centradas em aspectos referentes à visualização e a percepção dos elementos contidos na imagem?

Sim, o desenho é natural ao ser humano. A criança desenha antes de

escrever. Os homens das cavernas desenhavam. Nós, quando crianças, também

desenhamos bastante. Mas, se desenhar é um instinto natural, o que acontece que nos

deixa tão inseguros ao fazê-lo? Será que em algum momento de nossa formação

fomos bloqueados em nosso instinto criador?

Vivemos em um mundo feito de modelos e padrões e, a grande maioria

dos professores que estão atuando na escola neste momento, foram educados de

acordo com as concepções da arte educação utilizadas nas décadas de 60, 70 e 80,

que em sua quase totalidade eram baseadas na representação por modelos e cópias,

sempre tendo como objetivo atingir um molde com bases em características

idealizadas, estereotipadas ou completamente sem contextualização ou relação com a

vivência do aluno.

Essa forma de educação em arte, além de não possibilitar um espaço

para a criação, também acabava por diminuir a produção do aluno, que por muitas

vezes se sentia acuado caso não conseguisse atingir o objetivo proposto. Outra

questão muito comum na “educação artística” nas décadas de 60, 70 e até mesmo na

década de 80 é a utilização da produção de artesanato como única forma de arte

possível em ambiente escolar. Assim, a produção de caixinhas, enfeites de natal e

pintura em sabonetes permeou a educação de grande parte dos alunos deste período.

A década de 80 foi ainda mais danosa. Ana Mae Barbosa, uma das

responsáveis por significativas mudanças na forma de se pensar a Arte Educação no

Brasil, visualiza esse período da educação como o momento em que a arte foi

condenada ao ostracismo nas escolas. O pensamento estava voltado à volta ao básico

e em um encontro dos secretários da educação no Rio Grande do Sul no ano de 1986,

o secretário da educação de Rondônia “propôs a extinção da educação artística do

currículo”, sendo esta medida aprovada por vários outros secretários, enfatizando a

idéia que a autora tem sobre o interesse do governo em educar a sua população,

destacando que “quanto às classes subalternas, para continuarem subalternas, é

preciso evitar que exercitem à reflexão” (BARBOSA, 2012, p. 3).

Uma história para se pensar...

Quando eu era pequena, como todas as crianças, gostava muito de desenhar. Passava horas com lápis e papel na mão desenhando. No Jardim de Infância fui considerada “talentosa” tendo sido convidada a freqüentar uma escolinha de arte. Os desenhos que fazia nunca iam para a exposição dos melhores trabalhos. Logo percebi como devia desenhar para “entrar no mural” e foi assim que, um dia, fiz uma paisagem que eu sempre via em desenhos: um barco à vela navegando no mar, com uma ilha ao lado, onde havia uma palmeira, três montanhas ao fundo e um sol que se punha. Nuvens e gaivotas preenchiam o espaço do céu. Naquele dia meu trabalho foi finalmente exposto. Depois desta experiência “bem sucedida” passei a desenhar estereotipadamente, porque assim meus trabalhos eram aceitos e valorizados. Do artigo: Desenhos estereotipados: um mal necessário ou é necessário acabar com este mal? De Profa. Dra. Maria Letícia Rauen Vianna, disponível em: http://artenaescola.org.br/sala-de-leitura/artigos/artigo.php?id=69343&

Abrindo os olhos

Como é o desenho de nosso aluno (especial)? Ele apresenta elementos figurativos, ornamentativos ou uma composição baseada em alguma regra ou norma?

E o que você busca no desenho do nosso aluno? Será que o seu desejo é condizente com as condições e compreensão deste?

O desenho não é só fruto da nossa imaginação, ele é composto por

vários elementos, sendo formado em grande parte por nosso repertório cultural, ou,

com base nos estudos de Vygotsky, a partir de nosso contexto histórico-cultural. Assim,

o que devemos esperar do desenho de nosso aluno.

Como encerramento deste encontro parece plausível utilizar uma citação

da médica Nise da Silveira e que demonstra a sua forma de pensar o desenho e a arte

em um público especial:

Existem aqueles que têm olhos apenas para o mundo exterior e esperam do desenho ou da pintura cópias mais ou menos aproximadas de seres e de coisas da natureza externa. Outros, como Kandinsky, aceitam a existência de uma realidade interna, mesmo mais ampla que a natureza externa, realidade que unicamente pode ser aprendida e comunicada por meio da linguagem visual. Entre os pintores, há ainda alguns bastante ingênuos que tentam reproduzir a realidade exatamente como ela é [...]. Há os que exprimem diretamente seus sentimentos, ou ainda permitem que produções da fantasia se desdobrem em liberdade. E há ainda aqueles que, no dizer de Paul Klee, não têm a intenção de refletir o visível, mas de tornar o invisível visível. (SILVEIRA, 2001, p. 82).

Fechando os olhos e abrindo os sentidos

Como foi a sua educação em arte?

Você realmente utiliza a arte e o desenho como forma de expressão e

representação?

Você acredita que a arte e mais especificamente o desenho, poderiam ser

utilizados de diferentes formas com os seus alunos?

Lendo o mundo por imagens

4º Encontro: 4 horas

Se você está conseguindo ler esse texto, então, com toda certeza você

passou por um processo de alfabetização que o direcionou a interpretação dos

elementos gramaticais e a compreensão do processo de formação das palavras e

textos. Contudo, será que o mesmo esforço foi utilizado com relação à alfabetização no

sentido de promover uma melhor compreensão com relação às imagens? Na tentativa

de atentar para as possibilidades de leitura possíveis o encontro será baseado em

leituras de imagens da arte e da mídia e a compreensão de alguns elementos de

significação da imagem e formas de interpretação por meio de conceitos semióticos,

formais entre outros.

A imagem

[...] a existência se passa em um rolo de imagens que se desdobra continuamente, imagens capturadas pela visão e realçadas ou moderadas pelos outros sentidos, imagens cujo significado (ou suposição de significado) varia constantemente, configurando uma linguagem feita de imagens traduzidas em palavras e de palavras traduzidas em imagens, por meio das quais tentamos abarcar e compreender nossa própria existência. (MANGUEL, 2001, p. 21).

Alfabetismo visual

O que é o analfabetismo visual?

É a incapacidade de uma pessoa em ler, interpretar ou produzir qualquer

tipo de imagem ou informação visual, que fuja dos padrões pré-interpretados ou

estereotipados ao qual este está acostumado.

O analfabetismo visual pode ter várias origens, podendo estar ligado à

ausência de vivência visual, acomodação, estereotipia ou até mesmo pelo excesso de

informações visuais apresentadas pelas mais variadas mídias.

Parte do analfabetismo visual é decorrente ao fato de o ser humano não

ter sido disciplinado a visualizar todos os elementos de uma imagem, este tem apenas

uma visão geral e superficial sobre o todo. Como coloca Dondis (2003, p. 51), as

imagens são formadas por elementos básicos da comunicação como o ponto, a linha, a

forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento,

elementos estes que acabam por constituir a estrutura básica daquilo que vemos.

Flusser (1985) destaca que uma visão rápida, como um “golpe de vista”

sobre a imagem, pode até conseguir captar o significado desta, contudo, este será

apenas parcial. Assim, nos acostumamos com imagens pré-interpretadas, onde não

conseguimos ver a origem de sua produção, o seu percurso, apenas o seu fim.

Vídeo Red Hot Chilli Pepers: http://www.youtube.com/watch?v=tqaYG7OYXAo

A cultura do ver

Em outras palavras, as obras não são realmente olhadas – pois ver não é o mesmo que olhar, assim como ouvir não é igual a escutar. Ver envolve apenas o esforço de abrir os olhos; olhar significa abrir a mente e usar o intelecto. Olhar uma pintura é como partir para uma viagem – uma viagem com muitas possibilidades, incluindo o entusiasmo de compartilhar a visão de uma outra época. Como em qualquer viagem, quanto melhor a preparação, mais gratificante será a expedição. (CUMMING, 2000, p. 6)

Direcionando o olhar: imagens da arte Após a realização da análise de várias reproduções com imagens de pinturas do universo da história da arte escolher uma e destacar todos os elementos importantes que forem percebidos na obra.

Para a realização desta proposta será colado um plástico transparente sobre reproduções de obras e a marcação será realizada com canetas permanentes em três cores (preta, azul e vermelha).

Para Berger (1999, p. 12), “toda imagem incorpora uma forma de ver”,

sendo que o autor ainda afirma Berger que, “o significado de uma imagem muda de

acordo com o que é imediatamente visto a seu lado, ou com o que imediatamente vem

depois dela” (BERGER,1999, p. 31)

Para Dondis (2003), acredita que nossos prazeres e desprazeres são

concebidos de acordo com a interpretação daquilo que vemos ou, como conclui,

daquilo que queremos ver, sendo que a experiência visual humana é um elemento de

fundamental importância para que possamos reagir ao ambiente (PIANA, 2010, p. 20).

Se, como se percebe no pensamento de Dondis (2003, p. 51) as imagens

são formadas por elementos básicos da comunicação, como o ponto, a linha, a forma,

a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento. Contudo, todos

esses elementos não fazem parte de nosso cotidiano, pois, mesmo a imagem sendo

uma linguagem universal, não estamos acostumados a interpretar imagens, mas sim

consumir imagens.

Abrindo os olhos

Realizar a análise das imagens a seguir de acordo com suas percepções acerca dos elementos, cores, estilo e demais elementos que se mostrarem pertinentes.

Fazer indagações e repensar a sua relação com esta imagem a partir das colocações dos demais participantes, da professora PDE e também da contextualização que se apresentar para uma melhor percepção desta.

Todas as imagens utilizadas nesta proposta estão disponíveis em: http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=348&evento=1

Alfredo Volpi Grande Fachada Festiva

Cézanne - Natureza-morta com maçãs e laranjas, 1895-1900

Pablo Picasso - Guernica, 1937

Fechando os olhos e abrindo os sentidos

Quais as maiores dificuldades durante a realização destas propostas?

Você percebe alguma alteração em sua forma de visualizar uma imagem?

Arte em um contexto especial

5º Encontro: 4 horas

O que é ser normal em um mundo de diferenças? Existe certo ou errado

no mundo das artes? Essas são questões que acabam por permear o pensamento

tanto dos artistas, quanto daqueles que convivem com as diferenças. Poucos foram os

que se mostraram capazes de pensar as duas áreas de forma integrada percebendo as

possibilidades que a arte pode apresentar aqueles cuja as capacidades intelectuais são

diferenciadas da maioria, e assim é fascinante descobrir nos fundamentos de Vygotsky

a sua visão acerca da temática, assim como a sua percepção sobre o desenvolvimento

do ser humano como um todo e conhecer trabalhos de pessoas e autores que

utilizaram da arte em caráter especial, como a médica Nise da Silveira (Imagens do

Inconsciente) ao apropriá-la ao tratamento de doentes mentais e Arthur Bispo do

Rosário que fez desta o seu meio de ligação com o mundo real em seu longo período

de internação em uma clínica psiquiátrica.

Ser diferente

A cultura humana sempre se mostrou arredia ao que considerava inferior,

e ser mulher, ser pobre, ser índio, ser negro e ser especial, sempre foram vistas como

condições de inferioridade. Durante muitos anos os deficientes, principalmente os

intelectuais foram vistos como seres com poucas capacidades ou até mesmo não

educáveis, e, como pensa Barroco (2007, p. 119), um longo caminho precisou ser

percorrido até que a sociedade percebesse que a deficiência “não retira do homem a

sua possibilidade de humanização”, e que a deficiência não é uma doença, mas sim

uma condição “com a qual a pessoa convive, quase sempre, para toda vida”.

Vygotsky foi um dos primeiros a propor uma interação entre a arte e a

psicologia, pensando a arte em suas possibilidades intelectuais e cognitivas.

Para ele, ambas necessitam de aprofundamentos específicos e complementares: as artes, de um lado, têm carecido de fundamentações psicológicas, enquanto a psicologia tem deixado de responder satisfatoriamente a questões complexas sobre o comportamento estético. O que existia até o momento, para o autor, não respondia de forma objetiva e contundente a questões recorrentes, que envolviam, por exemplo, a investigação objetiva da experiência estética. O autor faz, assim, análises sobre a fábula, a tragédia e a comédia, e propõe o que chama de um método objetivo de análise da obra de arte. (Moutinho e Couti, 2010, extraído de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-73722010000400004, acesso em 20 de junho de 2013).

A proposta de Vygotsky, em traçar um paralelo entre a arte e a psicologia,

é de grande interesse quando nos colocamos a pensar o trabalho com deficientes

intelectuais, onde, por muitas vezes, apenas os ,aspectos estruturais básicos da arte

educação não são suficientes para proceder com o trabalho de percepção e produção

artística destes. Essa aproximação entre a arte e a psicologia é encontrada no livro de

autoria do próprio Vygotsky nomeado Psicologia da Arte, publicado originalmente no

ano de 1925, onde o autor aborda, por exemplo, questões relativas à imaginação,

ressaltando que esta é caracterizada por aquilo que não se ajusta a realidade, e que

em uma concepção generalista, não se tem valor. Entretanto, continua este,

ressaltando que a imaginação é a base de toda atividade de criação e por meio dela

nascem diferentes pensamentos e produções, sejam artísticos, técnicos ou científicos.

Outros autores também se utilizaram da arte em um contexto especial,

como Nise da Silveira, que a partir de um projeto intitulado Imagens do Inconsciente, se

utilizavam da arte como meio no tratamento de doentes mentais. A médica pensava a

arte e as imagens da seguinte forma:

A imagem não é simples cópia psíquica de objetos externos, mas uma representação imediata, produto da função imaginativa do inconsciente, que se manifesta de maneira súbita, mas sem possuir necessariamente caráter patológico, desde que o indivíduo a distinga do real sensorial, percebendo-as como imagens internas. Na qualidade de experiência psíquica, a imagem interna será mesmo, em muitos casos, mais importante que as imagens das coisas externas. Acentuemos que a imagem interna não é um simples conglomerado de conteúdos do inconsciente. Constitui uma unidade e contém sentido particular: expressão da situação do consciente e do inconsciente, constelados por experiências vividas pelo indivíduo. (SILVEIRA, 2001, p. 82)

É interessante conhecer também o trabalho do artista brasileiro Arthur

Bispo do Rosário, que mesmo sendo considerado louco por muitos, tendo permanecido

50 anos internado na Colônia Juliano Moreira, conseguiu estabelecer um debate

acerca de questões sobre os limites entre a arte a insanidade, tendo trabalhos

expostos até mesmo na Bienal de Veneza na Itália, como podemos analisar em alguns

de seus trabalhos.

Bispo do Rosário utilizando manto que ele passou anos bordando e que pretendia utilizar no dia do juízo final.

http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/as_artes_de_arthur_bispo_do_rosario.html

Direcionando o olhar: ver o diferente A partir das abordagens do encontro e do conteúdo já visualizado sobre imagem, realizar análise visual das obras realizadas em sala de artes pelos alunos do Ilece.

Abrindo os olhos

Quais as dificuldades encontradas na interpretação dessas imagens?

Qual a principal diferença entre essas imagens e as já apresentadas anteriormente?

Nossos alunos utilizam a imagem como um meio de expressão, comunicação e manifestação?

Fechando os olhos e abrindo os sentidos

Como você percebe a arte e a utilização das imagens em uma esfera especial?

Existem diferenças na forma de se perceber e utilizar a imagem pelas pessoas

especiais e pelas intituladas normais?

Do conhecimento à ação

6º Encontro: 4 horas

No primeiro momento deste encontro será proposto uma avaliação com

relação aos conteúdos apresentados e o quanto estes tiveram seus reflexos na

percepção dos envolvidos e na sua prática como docentes.

A partir do que foi desenvolvido nos encontros já realizados o

direcionamento das ações a partir desse momento terá base nas praticas pedagógicas

que os docentes planejarão, elaborarão e avaliarão, de acordo com as atividades a

serem aplicadas com os alunos (Ilece) em sala de aula.

Nesse encontro, também será realizada uma oficina para montagem de

materiais adaptados e busca por procedimentos metodológicos possíveis de ser

aplicado com os alunos, assim como a instrução com relação à forma de registro das

atividades por parte dos professores, procedimento este importante para a montagem

do portfólio que constará as atividades e o processo de realização.

Experimentando o conhecer

7º Encontro: 4 horas

Neste encontro será privilegiado o diálogo e troca de experiências de

acordo com o que foi percebido nas aplicações em sala, verificando os caminhos

tomados, seus acertos e desacertos, assim como possíveis mudanças no

direcionamento na forma de encaminhamento. Serão dadas instruções com relação à

forma de montagem do portfólio e a sua importância como instrumento de registro do

projeto.

E por fim...

8º Encontro: 4 horas

Momento de socialização e troca de experiências, onde será realizado o

fechamento das atividades e dos resultados do projeto a partir da exposição das

produções realizadas pelos alunos e do questionamento sobre como o projeto foi

percebido por parte dos professores, encontro este que dará base e informações que

serão importantes para a estruturação do artigo a ser realizado posteriormente.

• DURAÇÃO DO TRABALHO: 32 horas

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. A imagem no ensino da arte: anos 1980 e

novos tempos. 8ª Ed. São Paulo: Perspectiva, 2012.

BARROCO, Sonia Mari Shima. A educação especial do novo homem soviético e a

psicologia de L. S. Vigotski: Implicações e contribuições para a psicologia e a

educação atuais. Araraquara: Unesp, 2007. (Tese)

BERGER, John. Modos de ver. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

CUMMING, Robert. Para entender a arte. São Paulo: Ática, 2000.

DONDIS, Donis A. Sintaxe da linguagem visual. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes,

2003.

FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta. Rio de Janeiro: Relumé Dumará, 1985.

MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. 1º ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

MOUTINHO, Karina e COUTI, Luciane de. Considerações sobre a psicologia da arte

e a perspectiva narrativista. Psicol. estud. vol.15 no.4 Maringá Oct./Dec. 2010.

Extraído de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

73722010000400004, acesso em 20 de junho de 2013).

PIANA, Andréa Gama. A construção imagética de um crime: análise das capas de

revistas sobre o caso Isabella Nardoni. Universidade Estadual de Londrina – UEL,

2010 (Dissertação de Mestrado).

PILLAR, Analice Dutra. A educação do olhar no ensino das artes / organizadora:

Analice Dutra Pillar. Porto Alegre: Mediação, 2011.

PUCCETTI, Roberta e SOUZA, Maria Irene Pellegrino de Oliveira. II Encontro Nacional

de Estudos da Imagem - Diversidade e autoimagem: da representação à

apresentação. Londrina: UEL, 2011. (Anais)

REGO, Tereza Cristina. Vygotsky: Uma perspectiva Histórico Cultural da Educação.

12ª Ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

RICHTER, Sandra. A educação do olhar no ensino das artes / organizadora: Analice

Dutra Pillar. Porto Alegre: Mediação, 2011.

SILVEIRA, Nise da. O mundo das imagens. 1º ed. São Paulo: Ática, 1992.

VYGOTSKY, Lev. A imaginação e a arte na infância. Lisboa: Relógio D’água

Editores, 2009.

WILLIANS, Robin. Design para quem não é designer: noções básicas de

planejamento visual. São Paulo: Callis, 1995.