Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

MARIA CRISTINA ZUQUI LAVERDI

OS SABERES NA ESCOLA DO CAMPO: CONSTRUINDO UMA IDENTIDADE PELA INVESTIGACAO

CAMPESINA NA CULTURA DO CAFÉ

Grandes Rios - PR

2013

MARIA CRISTINA ZUQUI LAVERDI

OS SABERES NA ESCOLA DO CAMPO: CONSTRUINDO UMA IDENTIDADE PELA INVESTIGACAO

CAMPESINA NA CULTURA DO CAFÉ

Caderno Temático e Produção Didática Pedagógica apresentado à Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), Núcleo Regional de Ensino de Ivaiporã, como requisito parcial ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

Orientador: Prof. Dr. João Antonio Cyrino Zequi.

Grandes Rios- Pr 2013

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TURMA 2013

Título: Os Saberes na escola do campo: construindo uma identidade pela investigação campesina na cultura do café.

Autor: Maria Cristina Zuqui Laverdi.

Disciplina/Área: Ciências

Escola de Implementação

do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual do Campo Florida do Ivaí – Grandes Rios – PR

Município da escola: Grandes Rios

Núcleo Regional de Educação: Ivaiporã

Professor Orientador: João Antonio Cyrino Zequi

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar: Todas as Disciplinas.

Resumo:

Na atual organização pedagógica do estado do Paraná busca-se aproximar a ciência no cotidiano do aluno da zona rural. Este processo é necessário ao preparar o plano do trabalho docente (PTD), apropriação do conhecimento; preocupação pertinente e necessária, principalmente no que diz respeito à valorização do jovem campesino, onde poderá buscar seu crescimento no saber e aplicá-lo em sua propriedade e o ambiente de cultivo. A proposta apresentada é a temática da “cultura do café”, o professor e os diversos saberes, trabalhando com a realidade do aluno para uma formação completa e voltada a construção da identidade de seu espaço escolar. A escola faz um elo entre o que se deve aprender e aplicar, considerando e contribuindo para a construção da identidade dos discentes, quanto ao contexto socioeconômico e cultural de sua comunidade. Trabalhar com as diretrizes curriculares do ensino ciências (DCEs) e diretrizes da educação do campo e que nestas estejam simultaneamente presente o compromisso com o desenvolvimento e a sustentabilidade

Palavras-chave: Saberes. Educação do Campo. Coletividade.

Formato do Material Didático: Caderno Temático

Público:

Professores e Alunos do Ensino Fundamental

APRESENTAÇÃO

Com a entrega do projeto de Intervenção Pedagógica o segundo passo

dentro das normas do PDE é a Produção Didática Pedagógica, que tem por finalidade

organizar o método, as ações e o material a ser empregado na execução deste

trabalho. Durante o período de implementação do projeto de intervenção pedagógica,

proposto como Caderno Temático, já que envolve diversos saberes bem como

diferentes áreas do conhecimento. O caderno estará direcionado inicialmente aos

professores, equipe técnica pedagógica e funcionários, sob a supervisão do orientador

da IES-UEL.

O objetivo deste trabalho será fazer uma analise conjunta e disciplinar

com o corpo diretivo e docente onde a ação pedagógica construída coletivamente

poderá ser colocada em pratica, e resultar na reconstrução do projeto político

pedagógica da escola, PPP, a partir da identidade da zona rural onde se situa o Colégio

Estadual do Campo Flórida do Ivaí, propondo um modelo educativo que viabilize uma

melhora qualitativa do processo ensino aprendizagem elevando considerações do

cotidiano campesino de modo inovador e prático, respeitando as reais vivências

socioeconômicas e culturais de nossos alunos.

Ações que permitam acreditar que contribuirão para a emancipação dos

sujeitos na aprendizagem significativa e que esta atingirá os saberes disciplinares, a

partir das dimensões do conhecimento, filosófico, científico e artístico, estas serão

estruturadas dialogicamente priorizando o olhar para a formação de uma educação

voltada “para” e “no” campo.

Introdução

Discussões, Movimentos e Articulações para construção de uma

educação cada vez mais próxima das realidades de nossos alunos têm sido com

certeza tema de toda a educação, portanto este trabalho busca refletir sobre que ações

e que direcionamentos devem ser contemplados para que haja êxito na proposta dos

saberes aplicados a educação do campo pela investigação campesina e o cultivo do

café. Para tanto existe necessariamente o desdobramento e envolvimento do coletivo

escolar; este deve ser o carro chefe neste desafio proposto, um modelo de educação

“do” povo do campo não “para”.

[...] no Paraná as Diretrizes curriculares da rede de educação básica da Educação do campo. A Educação do Campo é uma política pública que nos últimos anos vem se concretizando no estado do Paraná, assim como no Brasil. Uma política pública pensada, mediante a ação conjunta de governo e sociedade civil organizada. Caracterizada como o resgate de uma dívida histórica do Estado aos sujeitos do campo, que tiveram negado o direito a uma educação de qualidade, uma vez que os modelos pedagógicos ora marginalizavam os sujeitos do campo, ora vinculavam-se ao mundo urbano, ignorando a diversidade sociocultural do povo brasileiro, especialmente aquela expressa na prática social dos diversos sujeitos do campo (PARANÁ, 2008, p. 9).

A proposta parte da necessidade de trabalhar com uma linha do tempo

desde a sistematização da educação e educação do campo, a evolução histórica da

agricultura, o café, o currículo proposto e suas alterações (PPP) e por também o Plano

de Trabalho Docente (PTD). O objetivo será uma analise para a construção de uma

identidade para a comunidade escolar pelos saberes, e o coletivo interdisciplinar. O

material a ser construído para desenvolver este trabalho, buscara diversificar e

contemplar as múltiplas inteligências, então terá como subsidio didáticos recursos

diversos, tecnológicos, presencial e a distância.

Nos encontros presenciais serão apresentados, vídeos, sons, imagens

e textos e dinâmicas. Nos encontros EAD a proposta será trabalhar com Hipertexto, que

traz uma dinâmica virtual de liberdade de escolha dos caminhos que o participante ira

trilhar durante o auto estudo, mas que por fim devera ter alcançado os objetivos de

conhecimento pois no trajeto fará atividades, participara de fóruns, diários e tarefas e

que estarão neste ambiente do HIPERTEXTO.

A partir de uma organização por ações estaremos dispondo nesta etapa

da Produção Didática Pedagógica passos de cada ação de implementação do projeto.

A Educação do Campo sendo discutida no estado do Paraná tentando

reparar o distanciamento e desigualdade enfrentada pelas realidades do diversos

movimentos da Terra e de seus povos.

Nesta ação onde a sensibilidade educacional deve ser colocada em

prática com o olhar voltado ao ambiente em que a escola esta inserida, o trabalho

disciplinar deve primar pelas ações colaborativas tanto no corpo da escola como fora

dela.

Descrever o que se vê em seguida transpor o conhecimento informal,

não formal para o formal, pois aquilo que se apreende na informalidade devera agora

partir para os saberes científicos, de maneira que possa ver o mesmo lugar às mesmas

coisas, porem com outros olhos. O que se quer passar nesta busca de identidade “é os

saberes e sua interdisciplinaridade concreta não mais nem menos importante, e sim o

saber como “fusão”, dando sentido e rumo.

Os Saberes são entendidos como conhecimentos a serem construídos/elaborados e que são fundamentais para a formação e atuação docente. Todos somos detentores de saberes e é preciso que o diálogo entre os educadores e educandos permitam a cada um ter consciência dos seus saberes, alem de ampliá-los e diversificá-los pela partilha e produção coletiva de novos saberes (PARANÁ, 2005, p. 33).

Caracterizam-se a exemplo, por: saberes pedagógicos, técnicos

pedagógicos e atitudinais, o que corresponde a uma exigência plural decorrente da

prática pedagógica que integra diferentes saberes, por outro lado esses saberes

escolares conectam-se atualmente em disciplinas escolares.

Saberes atitudinais contemplam a observação da realidade e a

concreticidade de elaboração de um planejamento sempre e sobremaneira coletivo e

sustentável .

Trabalhar com uma interação do que se tem no microespaço rumo ao

macro, para que essa construção não seja limitada , mas que tenha significado e faça

um percurso, paralelo e que muitas vezes tem sido o inverso trazendo, realidades

abstratas, e compartibilizada, diminuindo a chance de sucesso no resultado esperado

para a aprendizagem.

A sistematização do ensino procurou sanar desejos de uma classe que

por necessidade de formar pessoas capazes de desenvolver uma sociedade dirigida,

desde então a educação passou de um monopólio de alguns para um direito de todos;

claro que há de se lembrar que a Educação e sua organização não e e nunca foi

neutra; houve um tempo em que era rígida e fechada,assim com interesses sempre de

uma elite que buscava a hegemonia.

Para esse contexto debater a construção e as tendências pelo qual

passou a educação , desde a Escola Tradicional ate a Histórico critica ,sendo esta

ultima iniciada no fim dos anos setenta, após a LDB 9394/96 (BRASIL, 1996),

aparecem Vigostisky, Piaget e Wallon, ou seja reforçam a idéia que o conhecimento se

da pela perspectiva da interação entre o sujeito e o Objeto. Pensadores em educação

desde então vem buscando explicar e entender como ocorre a construção de

conhecimento; principalmente buscam fundamentar como ocorre o “apreender”e utilizar

nas diversas áreas da construção da realidade para nossa sociedade, que conforme

citações de Paulo Freire.

[...] Falar da realidade como algo parado, estático, compartimentado e bem comportado, quando não falar ou dissertar sobre algo completamente alheio á experiência dos educandos vem sendo realmente a suprema inquietação desta educação [...] Nele o educador aparece como seu indiscutível agente, como o seu real sujeito, cuja tarefa indeclinável é “encher” os educandos dos conteúdos de sua narração. Conteúdos que são retalhos da realidade desconectados da totalidade em que se engendram e em cuja visão ganhariam significação (FREIRE, 1975, p. 81).

Percebe-se que o ato de educar de qualquer ângulo ou busca que se

faca nunca e “neutra” sempre atende a uma intencionalidade e no momento mais

democrático que possa existir um direcionamento claro nas políticas publicas aplicadas

a Educação. E o que se pretende formalizar realmente? o que se diz em todo PPP,

LDB,Constituição Federal(Conselho Estadual de Educação) , CEE e (Conselho

Nacional de Educação) CNE ?

Para a construção de uma Educação que cumpra com seu papel social

deve formar o “Cidadão”. Segundo Paulo Freire (2003, p. 74), “ser cidadão é o ser

político, capaz de questionar, criticar, reivindicar, participar, ser militante e engajado,

contribuindo para a transformação de uma ordem social injusta e excludente”.

Para sanar ou minimizar as consequências de uma educação voltada

por anos valorizando o aluno dos centros urbanos, uma sociedade totalmente pensada

para o espaço industrial, a Educação vem buscando, contemplar e construir uma

educação pensada para os sujeitos e sua cultura, seja “onde” e como “vivem”, devem

ter contemplado os saberes para eles pensado.

Kolling (1999) salienta que a luta por uma educação voltada à realidade

dos sujeitos do campo tem como finalidade promover desenvolvimento sociocultural e

econômico respeitando diferenças históricas, uma educação que contribua para a

permanência e a reprodução dos homens do campo e a melhora de sua qualidade de

vida. Para isso não basta ter escolas no campo, é necessário construir escolas do

campo, escolas com um Projeto “Político Pedagógico vinculado às causas, aos

desafios, aos sonhos, à história e à cultura do povo trabalhador do campo.

OBJETIVOS

· Compreender a organização dos saberes escolares por meio da educação do

campo;

· Utilizar o tema “cultura do café” para abordar o conhecimento científico na escola

do campo.

ESTRATEGIA DE AÇÃO/METODOLOGIA

Ação 1 – Fórum

Envolver todos os atores do projeto onde haverá discussões sobre a

estruturação dos saberes como ponto de partida, com dinâmica de grupo serão

levantadas críticas e sugestões na implementação desta proposta.

Enumerar ordem de prioridades a serem desenvolvidas de acordo com

a interação a ser realizada com todos os envolvidos no projeto

O Fórum terá 2 momentos:

1- Palestra sobre a Educação do Campo.

1. Sensibilização e apresentação do Projeto, justificativa e

encaminhamento do cronograma de atividades e execução .

Duração de 4 horas.

Ação 2

Apresentar imagens a estruturação da educação desde sua

sistematização e como foi pensada sua intencionalidade, percorrendo o crescimento da

valorização da urbanização e desvalorização rural, com a intenção de subsidiar as

ações de refletir sobre nossa matriz curricular e o modelo trabalhado uniformemente

sem priorizar as características da comunidade escolar e suas realidades e vivencias.

Fazendo um roteiro de analise pedagógica da Escola tradicional, nova, tecnicista,

histórico critica e emancipadora.

Duração de 4 horas.

Ação3

Trabalhar Conceitos de Multidisciplinaridade, Pluridisciplinariedade,

Interdisciplinariedade, Transdisciplinariedade.

Educação Formal, não-formal e informal.

A atividade solicitada será montar um plano de aula com um recorte

sobre um fenômeno natural envolvendo o café.

Esta apresentação terá duração total de 4 horas presenciais.

Ação 4

Apresentar dados atuais de aprendizagem dos alunos, por meio de uma

sondagem realizada previamente pela equipe pedagógica do Colégio e estabelecer

discussões direcionadas. Esta atividade será descrita para posteriores discussões de

início e para reflexões avaliativas no término da implementação desta proposta.

Apresentar vídeo com propostas que contemplem direcionamentos para

construção de um PPP, aplicável para a Educação do campo, consequentemente o

PTD (Plano de Trabalho docente).

Duração de 4 Horas.

Ação 5

Ocorrerá à Distância com uma proposta de endereços e sites que

subsidiem um estudo sobre a cultura do café desde sua chegada ao Brasil e nossa

localidade de Flórida do Ivaí.

Duração de 16 Horas, para esta etapa o professor terá que trabalhar

sua pesquisa, amparado por um dispositivo como endereço eletrônico ou rede social

para comunicação, ajudando no cumprimento do estudo dirigido. Utilizar um ambiente

de aprendizagem virtual para prática pedagógica com alunos.

Ação 6

Ramificação da educação do campo: como surgem as discussões

sobre a educação que respeite e valorize este espaço, os conteúdos trabalhados, a

reflexão de vivências experienciadas, associar aos saberes escolares, o que este pode

contribuir para a efetivação de um formato inovador e emancipador do homem do

campo. Nesta ação haverá questionário para ser respondido pelos participantes do

curso. Sondagem da Comunidade escolar local.

Questões

1- Quais as características do trabalhador da zona rural?

2- Como vive o homem do campo?

3- Que tipo de Tecnologias esta comunidade tem acesso?

4- Se utiliza varias tecnologias ditas modernas ou da cidade, o que o caracteriza como

diferente quando falamos do setor urbano e rural, na atualidade?

5- Quais as principais queixas trazidas pelo pequeno campesino no que diz respeito as

dificuldades e permanência na zona rural?

6- Que perspectiva pode trazer uma Educação pensada para este aluno, vivendo no e

do campo?

7- Após os encontros já realizados como podemos contribuir para a construção coletiva

dos saberes aplicados ao campo, utilizando a realidade local e a cultura do café?

8- Quais veículos de cultura e de lazer são vivenciados pela comunidade rural?

9- Qual a identidade do homem campesino?

10- Quais as expectativas sociais e econômicas do homem campesino?

11- Que campo temos e o campo que queremos?

12- Qual é a imagem do campo repassada pela mídia?

13- Quais estereótipos ainda persistem no que se refere à vida no campo?

14- O trabalhador campesino está sendo valorizado pela sociedade? Pelo governo?

Explique sua opinião.

Duração de 4 horas.

Para a conclusão desta discussão, vamos propor um estudo a partir de

uma imagem do café e solicitar que todos levantem sugestões que possam suscitar

uma aprendizagem coletiva de todas as disciplinas participantes, cada uma com um

conteúdo estruturante.

Cronograma de implementação do projeto

Fevereiro Março Abril Maio Fórum Abertura Multi-pluri-inter e

transdiciplinariedade Ead. Conhecer o cultivo e a cultura do café no Brasil

Questionário

Sistematização da Educação

Acesso a índice de ensino aprendizagem aproveitamento dos alunos e reflexão

Fórum Avaliação do processo

Referências

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 6 out. 2013.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 45. ed. São Paulo: Cortez, 2003.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Porto: Afrontamento, 1975.

KOLLING, E. J. et al. (Org.). A educação básica e o movimento social do campo: por uma educação básica do campo. Brasília: Ed. Articulação por Educação Básica do Campo, 1999. (Coleção por uma educação básica do campo, 1).

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Departamento de Educação Básica. Diretrizes curriculares da educação do campo. Curitiba: SEED, 2008.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Cadernos temáticos: educação do campo. Curitiba: SEED, 2005.