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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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PARANÁ GOVERNO

DO ESTADO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

JISLAINE PIZZI

UNIDADE DIDÁTICA

“A PRÁTICA INVESTIGATIVA COMO INSTRUMENTO METODOLÓGICO

UTILIZADO PELOS PROFESSORES NO ENSINO DE CIÊNCIAS”

PÉROLA

PDE – 2013 / 2014

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO

EDUCACIONAL – PDE / 2013

JISLAINE PIZZI

UNIDADE DIDÁTICA

“A PRÁTICA INVESTIGATIVA COMO INSTRUMENTO METODOLÓGICO

UTILIZADO PELOS PROFESSORES NO ENSINO DE CIÊNCIAS”

Material Didático Pedagógico no

formato de Unidade Didática,

apresentado ao Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE,

da Secretaria de Estado da Educação

do Paraná, como requisito do

processo de implementação, sob

orientação da Profª. Doutora Franciele

Zanardo Mara Lucca Bohm, pela

Universidade Estadual do Paraná

UNESPAR / FAFIPA - Campus

Paranavaí - PR.

PÉROLA

PDE - 2013 / 2014

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA – PDE/2013

Título: A PRÁTICA INVESTIGATIVA COMO INSTRUMENTO METODOLÓGICO UTILIZADO PELOS PROFESSORES NO ENSINO DE CIÊNCIAS

Autor JISLAINE PIZZI

Disciplina/Área CIÊNCIAS

Escola de Implementação COLÉGIO ESTADUAL NESTOR VÍCTOR – EFMN, AVENIDA PASSOS, Nº 188

Município da Escola PÉROLA

Núcleo Regional de Educação UMUARAMA

Professor Orientador Drª Franciele Zanardo Mara Lucca Bohm

Instituição de Ensino Superior UNESPAR/FAFIPA

Relação interdisciplinar Não há

Resumo Através do presente Material Didático, tem-se a finalidade de proporcionar subsídios teórico-práticos, dando suporte aos professores de modo a tornarem suas práticas pedagógicas com caráter investigativo, contextualizando o ensino de ciências. Com o desenvolvimento deste material didático pedagógico, busca-se permitir aos educadores refletir sobre as metodologias que atualmente utilizam, tendo como maior desafio proporcionar aos estudantes um ensino - aprendizagem mais significativo. O presente material apresenta-se na forma de uma Unidade Didática que será dividida em quatro capítulos e desenvolvida por meio de estratégias distintas, como leitura e explanação oral, reflexões, debates, trabalhos em grupo e individual, pesquisas em variadas fontes, vídeos e apresentação de modelos de aulas e atividades investigativas a serem utilizadas em sala de aula.

Palavras-Chave Prática investigativa; Ciências; Aprendizagem; Contextualização.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público-Alvo Pedagogos, Professores e Gestores

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APRESENTAÇÃO

Esta produção didática pedagógica é o resultado de estudos desenvolvidos

através do Programa de desenvolvimento Educacional - PDE, mantido pelo Governo

do Estado do Paraná. Seu objetivo é Proporcionar aprofundamentos teórico-práticos,

dando suporte aos professores para que compreendam os fundamentos

metodológicos da prática investigativa, podendo assim, auxiliá-los no processo

ensino-aprendizagem de ciências.

A metodologia investigativa consiste em mais uma ferramenta, e não a única,

que espera mostrar-se eficiente, no sentido de se obter bons resultados no processo

ensino aprendizagem, que atinja a grande maioria dos alunos. Pois, no ensino de

ciências, é necessário expandir, variar e adequar as práticas e métodos para

contemplar os conteúdos escolares de modo que os estudantes superem

dificuldades ao lidar com conceitos originados de sua vivência cotidiana. Para isso,

os professores precisam pensar em uma forma de ensino e aprendizagem também

com cunho problematizador, que leve os alunos a usarem o pensamento, o debate,

a reflexão e o raciocínio, para assim aplicarem o que aprendem em situações diárias

(DCEs/ciências-PARANÁ, 2008).

Tem-se observado que muitos profissionais da área de ciências ainda têm

dificuldades em relacionar o conteúdo trabalhado em sala de aula com situações de

problematização, dúvida e reflexão, que caminhem para a descoberta e construção

de conhecimentos científicos significativos e relevantes para os alunos. O ensino de

ciências não pode continuar sendo limitado à transferência de conceitos e

conhecimentos reproduzidos ao longo do tempo. É preciso mudanças na forma

metodológica de ensinar para que os alunos transformem sua postura e atitudes ao

aprender. Neste intuito, pretende-se difundir a prática investigativa, para que os

professores possam conhecê-la, testá-la e avaliá-la.

A instituição escolar e os professores de ciências precisam trabalhar no

sentido de eliminarem dos estudantes a ideia de que os conteúdos são apenas um

amontoado de conceitos, definições e termos, que já vem pronto, sem vínculo entre

si e com a realidade vivida. Os alunos precisam ser instigados em relação a vários

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aspectos, para perceberem e compreenderem a importância da ciência para a vida e

o mundo de modo geral (KRASILCHIK e MARANDINO, 2007).

Para Vasconcelos e Almeida (2012), a metodologia que tem como

fundamento a problematização de questões motivadoras e desafiantes do cotidiano,

considera o aluno como o centro do processo, envolvendo-o de fato na

aprendizagem, à medida que os mesmos precisam buscar respostas a estas

questões por meio do domínio do novo conteúdo ensinado. Para Gasparin (2002),

os professores precisam trabalhar os conteúdos de forma contextualizada, tornando

possível desta forma à construção de conceitos adequados ou não, mediante uma

prática construtora de ensino aprendizagem na escola. Pois, ao ensinar ciências faz-

se urgente mediar o conteúdo para que os alunos não se posicionem somente como

reprodutores deste saber.

Carvalho et al. (2013), descreve que o professor influencia o ensino em que o

aluno constrói seu conhecimento, pois é ele quem sugere problemas a serem

resolvidos, e estes gerarão ideias que ao serem refletidas, possibilitarão ampliar

conhecimentos prévios, oportunizarão discussões, estabelecerão métodos de

trabalho em grupo em sala de aula, onde se respeitam todas as opiniões.

Perante estas concepções levantadas, torna-se evidente que os saberes

eruditos serão mais significativos à medida que fizerem sentido para os educandos,

atrelando-se ao seu cotidiano. Por esta razão, esta unidade didática foi idealizada

com o intuito de subsidiar os professores da Rede Estadual de Educação do Paraná,

para que busquem melhorar sua prática pedagógica e consequentemente o

processo ensino - aprendizagem.

Justifica-se esta produção didático-pedagógica pelo desafio de ser

necessário, retirar os alunos da contemporaneidade da situação de meros

expectadores e receptores dos conhecimentos, estes muitas vezes transmitidos a

eles de forma pronta, acabada e descontextualizada, não sendo os mesmos levados

e estimulados a envolverem-se de fato no processo ensino - aprendizagem. Em

consequência disto, geralmente apresentam dificuldades em relação à

aprendizagem de conteúdos, que se resumem à memorização de termos, definições

e conceitos prontos e complexos. Sua intenção é apresentar outra forma de ensinar

que não seja a do professor transmissor e do aluno receptor dos conhecimentos.

Pretende-se com o presente Material Didático, auxiliar os professores para

que instiguem seus alunos na busca de construir conhecimentos, com o intuito de

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promover uma prática pedagógica significativa, que relacione conhecimento

científico com senso comum.

Esta Unidade Didática sugere como estratégia de ação algumas atividades

que colaborarão para a capacitação docente, permitindo aos professores da rede

pública de ensino, estudarem, dialogarem, refletirem e conhecerem a metodologia

investigativa e sua pertinência no processo ensino - aprendizagem, na disciplina de

ciências. As atividades desenvolvidas compreendem pesquisa na internet, trabalhos

em grupo e individual, debates, vídeos e elaboração e aplicação de aulas na

metodologia investigativa, leituras, reflexão e discussão de textos sobre a prática

investigativa.

CAPÍTULO I

BREVE HISTÓRICO DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Em consulta à literatura, pode-se perceber que a disciplina de ciências se fez

presente, de forma efetiva, nos currículos escolares do Brasil a partir da segunda

metade do século XX. Ao longo destas décadas, passou por muitas mudanças em

sua fundamentação teórica e metodológica, na escolha dos conteúdos a serem

ensinados e em suas tendências pedagógicas (DCEs ciências/Paraná, 2008), assim

como, nesse tempo todo teve diversos objetivos, até chegar aos dias atuais.

Segundo Porto, et al (2009), essas mudanças ocorreram em virtude de

diferentes fatores econômicos, políticos e sociais e nas formas de se produzir

conhecimentos científicos. Em meados da década de 1950, dentro da educação

brasileira, pretendia-se substituir o método de ensino tradicional pela metodologia da

Escola Nova. Buscava-se dar aos alunos mais liberdade para adquirirem

conhecimentos, saindo do ensino memorístico. Para isso, foram alterados currículos

e métodos de ensino. Nos anos de 1960, valorizou-se a vivência do método

científico através de atividades experimentais, onde se tentava estimular os alunos a

participarem de todas as suas etapas. Os cursos de treinamento e atualização dos

professores intensificaram-se de forma desordenada, colocando no mercado de

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trabalho profissionais com dificuldades para ministrar aulas. Na década de 1970, ao

ensino de ciências se somou mais um objetivo que é o de pensar sobre as

consequências sociais do desenvolvimento científico e tecnológico, devido às

agressões ao meio ambiente da época. Nasceu, assim, o reconhecimento de que a

ciência não é neutra. Porém, o que se observava de fato é que a formação de um

indivíduo capaz de criticar e refletir ficavam apenas no campo teórico e intencional.

A educação em seu aspecto social, político e ideológico da prática

pedagógica, foi recuperada a partir de 1980, após ocorrer à democratização e

melhoria do acesso a escola pública de qualidade, em meados da década de 70

(SALLES, 2007). Como resultado da universalização do acesso à escola, nas

últimas décadas até os dias atuais e de mudanças na sociedade e no mundo do

trabalho, a escola tem sido chamada a modificar seus conteúdos, objetivos e

metodologias de ensino, bem como promover a socialização dos estudantes no

contexto cultural em que se inserem (PORTO et al, 2009). O ensino de ciências tem

em sua história avanços e atrasos, chegando ao que se pretende hoje, que é a

problematização dos conteúdos e o desafio dos alunos para que aprendam através

da investigação dos fatos observados. Esta forma de ensinar permite a interação no

processo ensino - aprendizagem e a construção de conceitos significativos pelos

alunos (FREIRE, apud BERBEL 1999).

Os professores, às vezes, encontram dificuldades em aplicar a metodologia

investigativa em suas aulas por se sentirem inseguros em gerir investigações e

administrar as turmas (BORGES, 2002). No Brasil o ensino de ciências por

investigação ainda não está bem instituído, sendo mais difundido entre os

americanos (Sá et al, 2007). No entanto, se faz urgente expandir sua utilização nas

instituições públicas de ensino, como mais uma alternativa de recurso didático, se

quisermos, como educadores, contribuir para a formação de outro perfil de aluno e

cidadão para atuar de forma efetiva e ativa em sociedade.

Algumas escolas públicas do Estado de São Paulo (Amorim Lima e Campos

Salles) estão adotando um método bem semelhante ao investigativo, por influência

de modelos americanos, conforme destaca reportagem do Jornal Nacional na edição

do dia 04 de abril de 2013. Segundo a reportagem, experiências como estas foram

discutidas em um seminário internacional (Transformar) de educação, promovido

pela Fundação Lemann e o Inspirare/Porvir e que se realizou no instituto Paramidas

na data de 04 de abril de 2013 em São Paulo/Hotel Maksoud. A diretora americana

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de uma escola pública da Califórnia, a Summit School, Srº Daiane Tavenner,

presente neste seminário afirma que “é preciso dar objetivos aos alunos”. Comenta

também que, na escola onde ela é presidente “os estudantes são desafiados a

entrar nas melhores universidades: 96% entram”.

Com base na leitura do texto, discussão e reflexão em grupo, os cursistas

desenvolverão as seguintes atividades:

CAPÍTULO II

CAPÍTULO I

EM QUE CONSISTE A PRÁTICA INVESTIGATIVA?

O ensino por investigação, também é conhecido na literatura, como “inquiry”,

tendo surgido a partir das ideias e estudos do filósofo e pedagogo Americano John

Dewey, ainda no século XIX (1902-1990). O termo “Inquiry”, tem como significado:

ensino por descoberta; aprendizagem por projetos e questionamentos; resolução de

problemas. As características deste tipo de ensino vão ao encontro das

a) DINÂMICA:

Em dupla, sentar de costas um para o outro e fazer um desenho

livre, sem que o colega veja. As duplas terão que ditar o seu

desenho um ao outro através de pistas, para que o colega vá

desenhando, de modo que chegue mais próximo ao desenho

original do companheiro. O objetivo é deixar claro que ensinar é

complexo e que muitas vezes ao dar uma aula acreditamos estar

sendo claros aos alunos, porém estes ainda não têm requisitos

necessários à compreensão do conteúdo ou até mesmo do

vocabulário que estamos utilizando. Por esta razão devemos sempre

buscar novas metodologias e recursos didáticos a fim de atingir os

estudantes em sua totalidade.

b) Como o Ensino de ciências pode contribuir para o desenvolvimento

tecnológico da sociedade?

c) O que é Ciências? Como ela se desenvolve ao longo do tempo?

d) Quem é responsável pela evolução da ciência?

e) Qual a metodologia mais adequada para ensinar ciências?

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necessidades divulgadas por uma aprendizagem qualitativa, dando ao aluno uma

visão de ciências mais próxima de sua realidade. (ZÔMPERO e LABURÚ, 2011).

Nas aulas e nas atividades de caráter investigativo se propõe buscar a

superação de mera ilustração e constatação de teorias que não favorecem a

obtenção de conhecimento pelo aluno, e dedica-se à problematização que é à base

do trabalho, podendo ser resolvida em experiências de laboratório, pesquisas das

mais variadas formas e/ou de forma convencional (FREITAS; ZANON, 2007). Diante

desta perspectiva metodológica e sua prática, espera-se ultrapassar pelo menos

parte dos problemas de aprendizagem enfrentados atualmente nas escolas,

permitindo aos alunos se envolverem e atuarem de forma mais efetiva no processo

ensino - aprendizagem, para que resultados mais satisfatórios sejam alcançados,

permitindo saírem da situação de passividade, diante dos conteúdos trabalhados.

Para esse fim, é de grande valia focar em fornecer subsídios metodológicos aos

professores para que esta mudança também comece por eles.

Segundo Azevedo (2009, p. 20), “o objetivo é levar o aluno a pensar, refletir,

debater e justificar suas idéias e aplicar seus conhecimentos em situações novas”.

Deve ser oportunizado em sala de aula momentos de descoberta que tenham

significado para o aluno, que sejam problemas desafiadores para que ele possa

refletir sobre a problemática que investiga. Para esta mesma autora (2006) e Freitas;

Zanon (2007), a atividade investigativa não pode apenas permitir o manuseio de

objetos e observação de fenômenos. Para Azevedo (2006), a aprendizagem de

métodos e ações é tão importante, quanto a aprendizagem de conceitos e

conteúdos. Alguns autores como, Gil Perez e Valdez (1996), Porto, et aL (2009) e

Carvalho et al. (2004), afirmam que as atividades investigativas devem contemplar

alguns aspectos importantes, como:

*Levantamento de situações problemas, a partir do assunto a ser investigado,

de preferência em forma de pergunta sobre a natureza, que aguce a curiosidade do

aluno. Portanto, o problema deve ser de interesse dos alunos e considerado

problema por eles, independentemente se sua formulação partiu do aluno ou do

professor;

*O problema levantado deve gerar debates, discussões, reflexões, atividades

experimentais ou não, e serem, sempre que possível, generativo.

*Formulação de hipóteses, elencadas e registradas pelos alunos através da

investigação;

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*Análise dos dados e comparação com as previsões, onde os resultados não

previstos, também deverão ser revistos;

*Conclusão, quando os educandos formulam as respostas para tentar

resolver o problema inicial, a partir das discussões e análises.

*O aprendizado deve ser relacionado ao cotidiano dos alunos, para permitir

aos mesmos, atrelar o que aprenderam com o entendimento que têm do mundo;

*Engajar os estudantes com o tema a ser investigado, mobilizando-os e

motivando-os, sendo possibilitados desafios e questões imprevistas.

Tais etapas descritas, não precisam aparecer concomitantemente em uma

mesma atividade, nem mesmo nesta ordem exposta, como se fosse uma rígida

sequência de passos. Pode-se permitir que em uma atividade, seja evidenciado o

planejamento e/ou em outra o desenvolvimento de argumentações e assim

sucessivamente (CASTRO, et al. 2008). De acordo com Campos e Nigro (1999), o

professor não deve exigir do aluno, de imediato, que percorra todas as etapas do

método investigativo, mas deve sim, trabalhar com alguns objetivos para que

comecem a desenvolver a observação dos fatos da vida, comecem a enxergar

problemas nas coisas ao seu redor, dando opiniões, para seus próprios

questionamentos. O professor deve considerar, ao desenvolver a prática

investigativa, o conhecimento prévio do aluno, suas opiniões, seus interesses e

conclusões. Ele deve ter consciência de que o principal objetivo desta metodologia

não é fazer dos alunos futuros cientistas, mas sim, formar indivíduos que tenham um

olhar crítico sobre os fatos ao seu redor.

Segundo Castro et al 2008, as atividades de caráter investigativo podem se

dar na forma de práticas experimentais, de campo e de laboratório, de

demonstração, de pesquisa, como filmes, de simulação no computador, com bancos

de dados, de avaliação de evidências, de elaboração verbal e escrita de um plano

de pesquisa, entre outros. No entanto, Bizzo (2009), ressalta que a escola não

precisa contar com grandes laboratórios equipados de ciências, para fazer aulas

experimentais e que o experimento por si só, não é garantia de sucesso no ensino

aprendizado de ciências, sendo que seus resultados nem sempre precisam dar

conforme o esperado. Se isso ocorre, não há motivos para o professor lamentar o

fracasso, mas sim, aproveitar a oportunidade para refletir e explorar a situação de

forma produtiva com a classe, levantando-se hipóteses dos motivos pelo qual o

experimento não deu certo.

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Podemos, contudo estabelecer algumas diferenças, representadas nos

fluxogramas abaixo, entre o ensino convencional e o ensino realizado através de

práticas investigativas:

Professora pesquisadora PDE 2013 / Jislaine Pizzi

ENSINO

ATRAVÉS DA

PRÁTICA

INVESTIGATIVA

.

ARTICULA SENSO

COMUM COM

CONHECIMENTO

CIENTÍFICO.

CONSIDERAÇÃO

DO

CONHECIMENTO

PRÉVIO DO ALUNO.

TRABALHO É NA

MAIOR PARTE EM

GRUPO.

OS EXPERIMENTOS

OPORTUNIZAM

VIVÊNCIA CONCRETA

E COMPLETA DOS

RESULTADOS.

ALUNO CONSTRÓI

CONHECIMENTO.

ALUNOS E

PROFESSORES SÃO

RESPONSÁVEIS PELA

CONCLUSÃO DO

CONTEÚDO.

O.

EXPERIMENTOS SÃO

APENAS

DEMONSTRATIVOS.

PROBLEMATIZAÇÃO

DOS CONTEÚDOS,

COM

LEVANTAMENTO DE

HIPÓTESES.

VINCULA

ORALIDADE COM

ESCRITA.

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Professora pesquisadora PDE 2013 / Jislaine Pizzi

Após a leitura do texto acima mencionado, com todos os elementos do grupo,

reflexão e discussão a respeito do mesmo e dos fluxogramas, os professores se

organizarão em grupos de três elementos para desenvolverem as atividades

sugeridas a seguir:

ENSINO

TRADICIONAL

OU

CONVENCIONAL

TRANSMITE

CONHECIMENTOS JÁ

CONSTRUÍDOS

ANTERIORMENTE

(MEMORIZAÇÃO).

PROFESSOR

ÚNICO DETENTOR

DO

CONHECIMENTO.

UTILIZA-SE MUITO

A ORALIDADE E

POUCA ESCRITA.

DESCONSIDERA O

CONHECIMENTO

PRÉVIO DO ALUNO.

EXPERIMENTOS

SÃO APENAS

DEMONSTRATIVO

S.

LIVRO DIDÁTICO

DESENVOLVE O

CONTEÚDO E CONCLUI

PELO ALUNO.

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CAPÍTULO IIl

CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR NA METODOLOGIA INVESTIGATIVA

Os professores são chamados a promover mudanças na forma de ensinar e

fazer a educação, para que se alcance resultados mais satisfatórios e os estudantes

possam atrelar, de forma mais efetiva, conhecimentos curriculares com situações do

a) Baseando-se na metodologia do ensino por investigação

apresentadas no texto, escolha um conteúdo de sua disciplina

e em dupla, tente adequá-lo dentro desta metodologia de

ensino. Apresente ao grupo, destacando quais dificuldades

foram encontradas e a viabilidade desta prática de ensino?

b) Por que é importante atrelar conhecimento científico ao senso

comum no ensino de ciências?

c) Pesquise em grupo, fazendo uso do Paraná Digital o

significado de:

Construção do conhecimento?

Contextualização no ensino de ciências?

Problematização do conteúdo?

d) Qual a função da investigação nas aulas de ciências? Como

esta metodologia pode nos ajudar a amenizar problemas

enfrentados nas salas de aula hoje?

e) Como o grupo diferencia, em linhas gerais, o ensino tradicional

do ensino pela metodologia investigativa?

f) Apresentação dos vídeos: “Ciências em foco”, disponível

em:<http://www.youtube.com/watch?v=oSO93RXJDyg>, acesso

em 24 de Out. de 2013. “Ciências em foco na sala de aula e na

vida”, disponível

em:<http://www.youtube.com/watch?v=Y8xBJwelxDl>, acesso em

24 de Out. de 2013.

g) Após refletir e discutir o conteúdo dos vídeos, apontar a

conclusão que fica dos mesmos:

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cotidiano. Pois, se a sociedade vigente exige um cidadão crítico, atuante e

participativo há de saber que quem auxilia na formação deste cidadão é o professor.

Então, se faz urgente transformações na postura deste profissional em relação aos

métodos por ele utilizados. Contudo, conseguir envolver, no processo ensino

aprendizagem, os estudantes da atualidade é um grande desafio para os

professores.

Sobre este aspecto, Berrutti (1997), descreve que:

A ausência de participação dos alunos deve-se a forma em que são

conduzidas as aulas e como é exposto o conteúdo, onde discussão e

interação professor – aluno não faz parte das propostas pedagógicas

(BERRUTTI, 1997, p. 62).

Os professores de ciências então são desafiados e chamados a envolverem,

de forma mais efetiva, os alunos no processo ensino-aprendizagem, mediando à

dinâmica de suas aulas para que haja muito mais participação, e por fim mais

aprendizado que ensino (BARATTER, 2007). Para alcançar este objetivo, faz-se

urgente sair dos modelos tradicionais e/ou convencionais e buscar métodos que

sejam mais relevantes aos estudantes e à educação, levando-os a investigar os

fatos e fenômenos, de modo que esta investigação leve à resolução de situações

problema e mudanças, nas várias esferas sociais. Desta forma, estaremos buscando

a melhoria do ensino praticado nas escolas públicas. A prática investigativa deve ser

vista como necessária, pois ajuda a desenvolver no aluno muitas qualidades e

requisitos, como autonomia, interdisciplinaridade, comunicação e capacidade de

reflexão (CAÑAL, 2006). Para isso, o professor deve ajudar, através de sua forma de

trabalhar, a desenvolver no estudante os requisitos necessários a esta finalidade.

Diante desta ótica, é preciso que a escola por meio do ensinar, lembre que os

conteúdos de ciência, assim como os de outras áreas do conhecimento, também

são produtos da sociedade, e que os mesmos nascem a partir de fatores da história,

economia, política, ideologia, filosofia e cultura (GASPARIN, 2002). É preciso tratar

os conteúdos de modo que os mesmos levem alunos e professores a

compreenderem a realidade no qual estão inseridos. Cabe aos docentes propiciar

aos estudantes a vivência de novas experiências, possibilitando construir

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conhecimentos novos a partir daqueles que foram investigados. É também, função

da escola e do professor de ciências eliminarem dos estudantes a ideia de que os

conteúdos são apenas um amontoado de conceitos, definições e termos, que já vem

prontos, sem vínculo entre si e com a realidade vivida. Os alunos precisam ser

instigados em relação a vários aspectos, para perceberem e compreenderem a

importância da ciência para a vida e o mundo de modo geral (KRASILCHIK e

MARANDINO, 2007).

De acordo com Azevedo (2006), no desenvolver da prática investigativa é

fundamental que os professores deixem claro para si mesmos e para seus alunos,

quais são os objetivos que se pretende alcançar. Ao final do processo, as atividades

investigativas devem proporcionar aos alunos o contato com novas informações e os

resultados destas, devem ser divulgados por meio da oralidade ou por meio da

escrita para os membros da sala de aula e/ou da escola.

Diante deste panorama, reforça-se a necessidade de o professor ter como

seu maior desafio manter-se atualizado para conhecer, usar e avaliar novas

metodologias de ensino, para poder praticar pedagogias eficientes e adequadas às

demandas e perfis de alunos que as escolas recebem hoje. Buscar metodologias

inovadoras para ensinar ciências é um desafio ao professor, já que o desejo de usar

em sala de aula métodos novos e melhorados deve surgir deste profissional e ser de

sua responsabilidade. Esta tarefa, não é nada fácil, em meio a um cenário onde os

avanços tecnológicos e midiáticos se acentuam cada vez mais e concorrem com os

professores pela atenção dos educandos.

Por outro lado, o professor deve ser aquele que conhece muito bem o

assunto, para poder levantar questões problematizadoras a partir dele e levar o

aluno a pensar. Deve ter atitude sempre atenta, estar vigilante às respostas dadas

pelos alunos, incluindo no processo o aluno que por ventura não acertou totalmente

a resposta, sem pensar que a sua resposta é a melhor que todas as demais

(AZEVEDO, apud CARVALHO 2004).

Tais considerações vão ao encontro do que se espera hoje das escolas,

enquanto formadoras de indivíduos com senso crítico e autônomos, pois de acordo

com Krasilchik e Marandino (2007):

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[...]O que se aspira hoje da escola, é despertar o interesse dos

indivíduos para conceitos fundamentais e verificar quais suas ideias

sobre o assunto em estudo, e, após os envolver em atividades de

explicação dos fenômenos naturais, torná-los capazes de aplicar os

conhecimentos adquiridos em novas situações[...]pois, para participar

efetivamente de uma sociedade, é necessário que o indivíduo tenha

sensibilidade para identificar questões, compreender seu significado,

bem como as limitações e as perspectivas dos problemas

levantados, e assim ficar apto a tomar decisões fundamentadas de

forma responsável e coerente com seus valores e suas posturas

éticas[...]é preciso que os cidadãos estejam em condições de usar

seus conhecimentos para fundamentar suas posições e ações.

(KRASILCHIK E MARANDINO, 2007, p.40).

Neste sentido, para provocar os alunos e instigá-los sobre a importância que

a ciência tem para a vida do indivíduo, é necessário usar novos recursos didáticos

na arte de ensinar e aprender, pôr em prática e refletir os métodos pedagógicos que

envolvam a turma e levem os alunos ao prazer do saber e do conhecer cada vez

maior (BARATTER, 2007).

Freire apud BerbeL (1999) salienta ainda que, frente aos desafios de ensinar,

os professores precisam verificar quais são as particularidades de sua área, para

poderem escolher a metodologia adequada para trabalharem com seus alunos, para

assim, alcançarem de forma mais efetiva seus objetivos. Pois, para este autor,

ensinar é mais que transferir conhecimentos, é criar meios para que o aluno produza

ou edifique junto com o educador, seu conhecimento. A este respeito, Hamburger;

Lima (1988) considera que:

A ciência está no dia a dia das nossas crianças de qualquer classe

social, porque está na cultura, na tecnologia, no modo de pensar.

Quando se parte do cotidiano conhecido, o aluno se sente motivado

a aprender o conteúdo científico. A ação do professor, desse modo,

não pode consistir em negar o cotidiano fragmentando do

conhecimento da criança. Mas, ao contrário, em levá-la a superar

essa visão para que chegue ao conhecimento formalizado

(HAMBURGER; LIMA, 1988, p.13).

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Nesta perspectiva é papel do professor problematizar os conteúdos para

desenvolver a construção de um aluno como ser que faz parte de uma sociedade e

que nela precisa atuar. Com esta prática os alunos são instigados a mudarem

conceitos anteriores para assimilar novos e não substituí-los. Esta metodologia

anima os alunos para proclamarem suas ideias, estimula-os a usar vários recursos

na investigação, a perguntar, discutir e viver na prática o conhecimento que

obtiveram (FREIRE, apud BERBEL, 1999). Ao professor, cabe refletir em situações

para a problematização do conteúdo de acordo e em função da realidade de cada

região (DCEs/ciências – Paraná, 2008).

Para Gasparin (2002), os professores precisam trabalhar os conteúdos de

forma contextualizada, tornando possível desta forma à construção de conceitos

adequados ou não, mediante uma prática construtora de ensino - aprendizagem na

escola. Pois, ao ensinar ciências faz-se urgente mediar o conteúdo para que os

alunos não se posicionem somente como receptores e reprodutores deste saber.

Reiterando esta ideia, comenta Azevedo, (2012):

[...]muito mais que saber a matéria, que está ensinando, o professor

que se propuser a fazer de sua atividade didática uma atividade

investigativa deve tornar-se um professor questionador; que

argumente, saiba conduzir perguntas, estimular, propor desafios, ou

seja, passar de simples expositor a orientador do processo de ensino

(AZEVEDO, 2012, p.25).

Freitas e Zanon (2007) nos trazem de modo mais específico à postura de

trabalho que um professor de ciências, que segue a prática investigativa, deve ter:

Nessa direção, a atuação do professor como orientador, mediador e

assessor das atividades inclui: lançar ou fazer emergir do grupo uma

questão-problema; motivar e observar continuamente as reações dos

alunos, dando orientações quando necessário; salientar aspectos

que não tenham sido observados pelo grupo e que sejam

importantes para o encaminhamento do problema, produzir,

juntamente com os alunos, um texto coletivo que seja fruto de

negociação da comunidade de sala de aula sobre os conceitos

estudados(FREITAS; ZANON, 2007, p.94).

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Para Carvalho (2004), as atividades investigativas não podem se reduzir a

uma simples observação e manipulação de dados. Ela deve instigar o aluno a

ponderar, a discutir e a descrever seu trabalho ao grupo.

As atividades investigativas propostas pelo professor e realizadas pelos

alunos têm o objetivo de ir além daquilo que é claro, devem oferecer meios para que

os mesmos possam avaliar suas ideias sobre os fenômenos científicos a que são

postos em contato (FREITAS; ZANON, 2007).

Na concepção de Baratter (2007), o professor também é desafiado a mudar

suas atitudes ao fazer educação, ele assume a função de mediador e orientador do

conhecimento. Seu trabalho é intensificado no sentido de conduzir o processo

ensino - aprendizagem para que os alunos realmente aprendam e se desenvolvam.

Contudo, os professores precisam estar abertos a mudanças e irem à busca de

constante aprimoramento, uma vez que a educação está em constante mudança. “O

que precisa é dar significado ao conteúdo, ao que se chama de ensino

contextualizado” (BARATTER, 2007, p.63). Conduzir os alunos ao seu

desenvolvimento íntegral também é papel do professor, pois este participa de forma

indireta no arranjo da vida dos educandos. Para este mesmo autor, o professor

precisa entender que não deve dar respostas prontas, resolver problemas para os

alunos, mas orientá-los a investigar e dar condições para encontrarem o que estão

buscando, permitindo aos mesmos que façam relação entre o que aprendem e

questões cotidianas (BARATTER, 2007).

Na concepção de Porto; Ramos; Goulart (2009), ao professor:

Cabe selecionar os conteúdos e as estratégias de ensino que serão utilizadas em sala de aula, pensando em situações para apresentar o problema inicial, como motivar o estudo do tema, verificar o que os alunos já sabem a respeito do tema ou outros conhecimentos a eles relacionados, que recursos utilizar para tornar a aula mais interessante e motivadora (PORTO; RAMOS; GOULART 2009, p. 39).

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Masseto (2000), afirma que para o professor exercer o papel de mediador do

processo pedagógico (nas atividades investigativas) deve ter as seguintes

características: ser capaz de tornar o aluno o centro do processo ensino-

aprendizagem; considerar as experiências vividas pelos alunos e estimular sua

participação, levando-os a aprender a pensar, decidir, falar, a agir e a fazer;

respeitar a faixa etária dos alunos, sabendo selecionar conteúdos científicos,

considerando o nível cognitivo dos mesmos; ser criativo; ser responsável e

companheiro dos alunos; ser subjetivo com individualidade, respeitando as mesmas

condições nos alunos; tomar cuidado com a comunicação e a sua expressão;

dominar muito bem sua área de conhecimento, sempre se aperfeiçoando e

avaliando criticamente os conteúdos de sua disciplina e sua metodologia; estar

disponível e aberto para o diálogo; ter atitudes junto com os alunos, para

caminharem rumo à aprendizagem.

Com base na leitura e discussão do texto, os docentes, pedagogos e gestores

responderão em dupla as atividades abaixo:

CAPÍTULO IV

a) Quais as características de um professor mediador?

b) Pesquisar uma atividade com caráter investigativo e expor ao grande

grupo em plenária;

c) É possível através da metodologia de ensino aplicada em sala de aula,

problematizar os conteúdos para instigar os alunos a pensarem, refletirem

e questionarem mais, tornando-se desta forma mais críticos e

autônomos?

d) Quando os professores entendem o que e para que, estão fazendo em

sala de aula?

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CAPÍTULO IV

O PAPEL ALUNO NA COMPREENSÃO DA PRÁTICA INVESTIGATIVA

No ensino por investigação, a resolução de problemas está pautada na

participação dos alunos, para isso, este deve sair de um estilo de passividade e

aprender a participar, pensar, raciocinar, refletir, verbalizar, escrever, mudar de

opiniões. Deve ser colocado frente a uma situação na qual ele seja provocado a

fazer algo mais do que ter um cérebro privilegiado e se lembrar de fórmulas ou de

uma solução já utilizada em situação semelhante (BORGES, 2002).

O aluno precisa ser incitado a edificar seu conhecimento, através da

resolução criativa de problemas gerados e trazidos da sociedade e levar de volta a

ela um conhecimento que tenha serventia, seja produtivo, expressivo para si e o

meio, que se sustenha, seja renovável e projetado no futuro (FREIRE, apud

BERBEL 1999). Para Freire, o aluno só se desenvolve de forma suficiente, quando é

estimulado, incitado e desafiado a produzir e a trabalhar. O aluno jamais pode ser

visto como algo manipulável, pois é capaz de tomar decisões, construir e reconstruir

conhecimento, durante o processo ensino - aprendizagem. E enquanto realiza esta

ação, também se modifica para mudar sua realidade. Portanto, a educação vista por

esta ótica deve servir para libertar o ser humano (FREIRE, apud BERBEL 1999).

É preciso, portanto, uma mudança na cultura de como aprender e ensinar

para que aos poucos sejam esquecidas velhas práticas. É preciso estimular a

participação e as experiências dos alunos, fazendo-os participar mais, para retirá-los

da posição de meros ouvintes. Ciência, nesta concepção, levanta dúvidas,

descobertas e inspira para novos conhecimentos. Sendo assim, deixa o ser

independente da servidão e passividade (FREIRE, apud BERBEL 1999).

Sobre construção de significados, as (DCEs/ciências – Paraná/2008)

ressaltam que:

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[...]a construção de significados pelo estudante é o resultado de uma

complexa rede de interações composta por no mínimo três

elementos: o estudante, os conteúdos escolares científicos e o

professor de Ciências como mediador do processo ensino

aprendizagem[...](DCEs,2008, p.62-63).

A aprendizagem, por sua vez, se torna relevante ao aluno quando, atende às

necessidades, às pretensões e aos anseios destes, quando combina com a

realidade pessoal, social e cultural dos mesmos, valoriza suas ideias dos fatos. É

verdadeiramente relevante, quando atinge o aluno, em relação a sua aprendizagem

e seu modo de visualizar o mundo (FREIRE, apud BERBEL 1999). O ensino de

ciências não pode ficar apenas na transmissão de conhecimentos prontos, pois de

acordo com Bizzo (2009):

[...]o ensino de ciências, deve, sobretudo, proporcionar a todos os estudantes a oportunidade de desenvolver capacidades que neles despertem a inquietação diante do desconhecido, buscando explicações lógicas e razoáveis[...]assim, os estudantes poderão desenvolver posturas críticas, realizar julgamentos e tomar decisões fundadas em critérios, tanto quanto possível objetivos[...]os conteúdos selecionados pela escola têm grande importância,e devem ser ressignificados e percebidos em seu contexto educacional específico (BIZZO, 2009, p.15-16).

A prática investigativa é uma forma de ensino que se aplicada com

seriedade, deverá formar o aluno para desenvolver-se de forma plena e realizar

conquistas de forma eficaz, para poder atuar efetivamente nesta sociedade que se

transforma com o passar do tempo. Os mesmos devem se tornar capazes de

analisar criticamente o meio onde estão inseridos, utilizar de forma mais efetiva o

conhecimento aprendido e passar a ter mais argumentações diante dos fatos,

expressando-se melhor, na forma escrita ou oral, pois muitos indivíduos apresentam

dificuldade em falar em público, escrever, interpretar gráficos, tabelas e mapas,

porque durante toda sua formação escolar, não foi dado aos mesmos a

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oportunidade de falar, expor suas opiniões e manipular tais recursos e sim, somente

ouvir e reproduzir.

RESUMO ESQUEMÁTICO EM FORMA DE MAPA CONCEITUAL DA

PRÁTICA INVESTIGATIVA:

Professora pesquisadora PDE 2013/Jislaine Pizzi

Com base na leitura, reflexão do texto e análise do mapa conceitual acima,

abre-se caminhos para as seguintes atividades:

a) Qual o perfil de nossos alunos da atualidade? Estamos preparando-os de

fato para atuarem em sociedade?

b) O que é preciso fazer para que os alunos se preparem para os desafios do mundo, através do conhecimento adquirido na escola?

c) Prepare um conteúdo de sua disciplina na linha investigativa, aplique

com seus alunos e socialize a experiência com o grupo.

d) Quando o estudar e o aprender são interessantes para os alunos?

PRÁTICA

INVESTIGATIVA

Professor Aluno

Mediador do

conhecimento

.

Problematiza

o conteúdo.

Raciocina

Participa

Constrói

conhecimentos

Aprendizagem

significativa e

contextualizada

.

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

A Unidade Didática será implementada através de quatro encontros,

perfazendo 8 horas de estudo em cada um deles. Durante os encontros serão

realizados:

Divulgação da proposta de trabalho aos professores, pedagogos e gestores,

pela pesquisadora e/ou professora PDE;

Leitura prévia dos textos selecionados e sugeridos no material, sendo estes

disponibilizados com antecedência aos cursistas;

Leitura em grupo e oral dos textos, com reflexão, debate e levantamento de

dúvidas e questionamentos;

Discussão de ideias e conceitos elencados pelos autores citados, logo após

estudo do conteúdo proposto nos capítulos da unidade;

Análise das ideias dos autores, verificando a viabilidade e relevância desta

metodologia para com a realidade da escola;

Realização de pesquisas propostas no Paraná Digital, em cada capítulo, na

forma individual ou em grupo;

Planejamento em grupo, de um conteúdo na perspectiva investigativa, para

ser aplicado com os alunos e/ou para o próprio grupo;

Avaliação de cada encontro, com questões individuais e/ou em grupo a

respeito de cada capítulo;

Os professores da Rede Estadual de Ensino, também poderão fazer uso

deste material didático pedagógico através da leitura dos textos em reuniões

pedagógicas, encontros de área, hora atividade e grupos de estudos.

Espera-se que as atividades apresentadas e desenvolvidas nesta Unidade

didática, colaborem para enriquecer o processo ensino - aprendizagem de Ciências

nas instituições de Ensino Públicas do Estado do Paraná. A avaliação do trabalho

será contínua, por meio de observações e registros dos relatos, que comporão a

análise do artigo final.

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