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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

ESTRANGEIRA MODERNA:Tecnologia, ciberespaço e conhecimento

Autora: Silvana Marlei Baseggio1

Orientadora: Dra. Beatriz Helena Dal Molin2

Resumo: A (r)evolução da tecnologia de informação e comunicação (TIC) causou mudanças em todos os setores da sociedade. Os reflexos dessa evolução têm sido percebidos também no campo educacional. As tecnologias estão, cada vez mais sendo admitidas no mundo escolar, levadas ou exigidas pelos estudantes. Nós, professores, não podemos ignorar a tecnologia que nos cerca. Se quisermos que nossos estudantes sejam cidadãos, que estejam dignamente inseridos na sociedade, que sejam autônomos, cabe a nós, professores, prepará-los intelectualmente e emocionalmente, cabe a nós inseri-los nesse ciber contexto, ensinando-os a filtrar todas essas informações, transformando-as em conhecimento ou, então, estaremos conduzindo-os a exclusão social. Desta forma este trabalho apresenta e analisa a aplicabilidade de estratégias e metodologias para incentivar o uso das ferramentas tecnológicas e assim despertar o gosto pelo estudo da Língua Inglesa de modo a promover o aprendizado significativo desta Língua, dentro e fora da sala de aula.

Palavras-chave: Língua Inglesa. Tecnologia. Conhecimento. Autonomia.

Introdução

Este trabalho faz parte do projeto PDE, do Governo do Estado do Paraná,

que o realiza por meio da Secretaria de Estado da Educação/SEED/PR. Iniciamos

nossa participação em fevereiro de 2013 com término previsto para dezembro de

2014. A primeira etapa de estudos resultou na elaboração de um projeto de

1 BASEGGIO, Silvana Marlei. Licenciada em Letras – Português, Inglês e Italiano. Especialista em

Ensino-Aprendizagem de Língua Estrangeira. Professora da SEED. 2 DAL MOLIN, Helena Beatriz - formada em Letras-Francês, Mestre em Linguística/Análise do

Discurso, Pós-Doutora do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento/ Área de Mídia e Conhecimento/ Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC. Membro do grupo de pesquisa PCEADIS/Cnpq/UFSC, do grupo Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura, Linguagem, Linguagens em ambientes idiossincráticos, Núcleo de Complexidade e Cognição (Antigo Núcleo de Eco ergonomia) UFSC. Professora no Colegiado de Letras e no Programa de Pós-graduação mestrado e doutorado em Letras_Linguagem e Sociedade da UNIOESTE-Paraná. Coordenadora do Projeto Estudo, concepção e produção de recursos educacionais impressos e digitais - Unioeste e instituições parceiras. Cascavel – PR, e-mail: [email protected]

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intervenção pedagógica na escola, denominado ENSINO-APRENDIZAGEM DE

LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA: Tecnologia, Ciberespaço e Conhecimento que

fundamentou a publicação de uma produção didático-pedagógica Who are you?

Who am I? (unidade didática). Esta unidade didática foi implementada com alunos

do Segundo ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Leonardo da Vinci de Dois

Vizinhos, Paraná e, também, compartilhada e discutida com professores da rede

pública estadual no Grupo de Trabalho em Rede – GTR.

Através deste estudo buscamos proporcionar subsídios teórico-metodológicos

para uma reflexão e um repensar da prática pedagógica dos professores de Língua

Estrangeira Moderna (LEM) visando introduzir, de forma consciente e critica os

meios tecnológicos nas aulas de língua inglesa.

Nosso objetivo não foi o de simplesmente levar os professores a inserir a

tecnologia em sua práxis pedagógica, mas, também, refletir sobre o advento da

tecnologia e das mídias educacionais e da exigência de novas estratégias para o

processo de ensino aprendizagem, ou seja, levá-los a ver “a tecnologia como mais

um dos elementos estruturantes do fazer pedagógico, que possibilita outro fazer

individual e coletivo”. (DALMOLIN, 2011, p. 29)

Estamos vivendo numa era de acesso fácil a todo o tipo de informação: a era

da mobilidade, da conexão, da virtualização. Não conseguimos mais nos imaginar

ficar sem acesso a internet, sem saber o que está acontecendo no “mundo”. Temos

que estar sempre conectados às nossas redes, não importa onde estejamos se num

parque, num supermercado, na rua. Assim, como diz Santaella “o ciberespaço digital

fundiu-se de modo indissolúvel com o espaço físico”. Mas o que é o ciberespaço?

Segundo Levy:

O ciberespaço é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. (LÉVY, 2000 p.17)

Esta transformação na nossa forma de vida influencia diretamente nos novos

modelos educacionais. Os nossos alunos nasceram fazendo parte de uma geração

com amplo acesso a tecnologia, a games, etc. Então, não podemos mais pensar a

educação como há 20 anos. Também não podemos deixar de lado a reflexão, a

leitura crítica e reflexiva que leve a uma ação consciente e efetiva de transformação.

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É necessário o equilíbrio entre o que deu certo no passado, a inovação e a

motivação que as novas formas de educar possibilitam. Como nos diz Santaella

(2013):

Embora ubíqua, a aprendizagem disponibilizada pelos dispositivos móveis não prescinde da educação formal. Ao contrário, longe de poder substituir os processos formais de ensino, a aprendizagem ubíqua é muito mais um complemento desses processos do que um substituto deles. (SANTAELLA, 2013)

Desta forma, buscamos mostrar que as ferramentas tecnológicas podem ser o

diferencial nas aulas de Língua Inglesa, uma vez que observamos o quanto nossos

estudantes estão ligados (conectados) a estes meios sem, no entanto, utilizá-los de

forma a produzir conhecimento. Nós, como professores, temos que orientá-los para

que utilizem o ciberespaço para efetivar a aprendizagem.

Segundo Moran (2000):

Um dos grandes desafios para o educador é ajudar a tornar a informação significativa, escolher as verdadeiramente importantes, a compreendê-las de forma cada vez mais abrangente e profunda. Aprendemos melhor, quando vivenciamos, experimentamos, sentimos, descobrindo novos significados, antes despercebidos. Aprendemos mais, quando estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência e a conceituação, entre a teoria e a prática: quando uma completa a outra. (MORAN, 2000. p.2)

Desta forma foram criadas situações de ensino-aprendizagem dinâmicas, em

sala de aula e que buscaram atingir além da sala de aula, ou seja, temas que fazem

parte do dia a dia de nossos estudantes enquanto utilizam os meios digitais

disponíveis nas escolas públicas do Estado do Paraná (câmera fotográfica,

filmadora, gravador de voz, aparelhos de DVD, computador), como possibilidades

para a construção de conhecimentos novos que podem ser empregados no

cotidiano dos estudantes e da comunidade escolar. Segundo Leffa (2001):

A introdução da tecnologia na sala de aula de línguas enriquece o padrão de interação dos alunos, numa passagem de um padrão passivo de absorção da língua-alvo e aderência a comportamentos clássicos de sala de aula para um padrão ativo de aprendizagem baseado em iniciativa, produtividade e estratégias de comunicação de sentido. A criação de um ambiente comunicativo, reflexivo e critico parece se dar em função das alternativas oferecidas pela virtualidade do ambiente a dinâmica de sala de aula tradicional, onde o professor posta-se a frente dos alunos (LEFFA, 2001, p. 187).

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Assim sendo, propusemos também o uso de um blog, espaço virtual no qual

os estudantes puderam posicionar-se, interagir, refletir e buscar subsídios para

transformar a realidade em que vivem e construí-la de forma mais justa. Este espaço

virtual foi denominado Learn Engish, we can! e está acessível na url indicada nesta

nota3.

O blog como aliado do processo educativo

O blog é um modelo de página da internet na qual os usuários podem

publicar, ler e interagir de maneira eficiente e dinâmica, sem necessidade de

conhecimentos técnicos aprofundados.

Pensando no ensino especifico de Língua Inglesa, utilizamos o blog como

forma de possibilitar aos aprendentes4 situações reais de comunicação, leitura e

escrita, bem como divulgar as produções dos estudantes. No blog a comunicação

entre os estudantes e, ou, entre professor e estudante acontece de maneira natural

e espontânea visto que eles já utilizam a tecnologia no dia a dia.

Esta ferramenta também desenvolve a autonomia dos aprendentes uma vez

que lhes dá liberdade para construir seu aprendizado. Amplia a habilidade da escrita

em Língua Estrangeira, através do uso de diferentes gêneros textuais e promove a

participação dos participantes em discussões relevantes.

Gênero textual: a biografia

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica – DCE, é um documento

norteador elaborado pelos próprios professores da rede estadual, do qual a

concepção teórica é fundamentada em Mikhail Bakhtin, que concebe a língua como

discurso e “não como estrutura ou código a ser decifrado, constrói significados e não

apenas os transmite” (PARANÁ, 2008, p. 53).

3 http://learnenglishwecan.blogspot.com.br/

4 De acordo com Assmann, “aprendente é um agente cognitivo, que pode indicar um indivíduo, um grupo, uma

organização, uma instituição [...], que se encontra em processo ativo de estar aprendendo.” Consideramos, como

aprendentes, portanto, tanto educador quanto educando, pois ambos encontram-se em constante aprendizado

(ASSMANN, 1998, p. 128).

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O documento também aponta a sala de aula como um ambiente em que o

aluno tenha contato e identifique a variedade linguística e cultural, interaja

discursivamente e, dê sentido ao seu mundo.

Esta perspectiva de ensino se efetiva no trabalho com textos, não para

estudar sua estrutura e nem apenas para dissecá-los mas, para compreendê-los e

dialogar com eles: “refere-se às formas de olhar o texto escrito, o visual, o oral e o

hipertexto5 para questionar e desafiar as atitudes, os valores e as crenças a ele

subjacentes” (PARANÁ, 2008, p. 58).

Pensando em motivar nossos aprendentes para a leitura e consequentemente

para a produção escolhemos o gênero textual Biografia.

Biografia é um gênero literário em que o autor narra a história da vida de uma

determinada pessoa. Isso pode ser feito de forma oral ou escrita. Nesse texto são

narrados os eventos mais importantes da trajetória da pessoa em destaque.

Geralmente obedecem a uma ordem cronológica, são escritas em terceira pessoa

do singular e empregam os verbos no tempo passado.

As biografias são importantes, pois nos levam a conhecer a história de

pessoas que foram importantes e que contribuíram para a humanidade. Elas nos

inspiram e servem de exemplo para nossos alunos, pois a maioria delas traz lições

de talento, determinação e superação.

Metodologia

Primeiramente apresentamos a proposta de Implementação do Projeto aos

colegas e a nossa escola, em seguida aos estudantes, conscientizando-os sobre os

objetivos e a importância da participação de todos para o êxito do projeto. Todos se

mostraram entusiasmados e dispostos a colaborar.

5 Segundo Pierre Lévy (1993), tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões. Os nós

podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou partes de gráficos, sequências sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser hipertextos. Do ponto de vista funcional, Lévy (1993) afirma que um hipertexto é um tipo de programa para a organização de conhecimentos ou dados, a aquisição de informações e a comunicação (LÉVY, (1993, p. 33).

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Iniciamos com um questionário investigativo buscando saber de que forma e

para que os alunos, do 2º ano do ensino Médio, do Col. Est. Leonardo da Vinci de

Dois Vizinhos, utilizam os meios tecnológicos fora da escola.

Primeiramente perguntamos se eles acessam a internet regularmente e com

que frequência o fazem. Dos 26 alunos entrevistados apenas 5 não conectam-se a

rede diariamente, os outros dados poderão ser observados no gráfico abaixo:

Gráfico 1 - Alunos participantes do Projeto

Fonte: BASEGGIO, 2014

Analisando o gráfico percebe-se que esses jovens permanecem grande parte

do dia conectados. Mas em que sites navegam? O que fazem na Internet? Para

essas perguntas tivemos respostas diversas como, por exemplo: ouvir música, entrar

em redes sociais, blogs de moda, para estudar, pesquisar mas, principalmente, para

jogar.

Em relação aos sites mais visitados foram citados o Facebook, Twiter,

Google, Youtube, Wikipédia, etc.

Quando questionados se utilizam a internet para estudar podemos observar

os índices no gráfico abaixo.

19%

35%

11%

35%

Acesso à Internet

NÃO ACESSAM ATÉ 2H/DIA

ATÉ 3H/DIA MAIS QUE 3H/DIA

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Gráfico 2 - Alunos participantes do Projeto

Fonte: BASEGGIO, 2014

Também perguntamos se visitam sites educacionais e tivemos uma triste

surpresa: a maioria dos entrevistados não os conhece. Aí observamos uma

contradição em relação à resposta anterior. Observemos:

Gráfico 3 - Alunos participantes do Projeto

Fonte: BASEGGIO, 2014

Indagamos, mais especificamente, se fazem uso da Internet para estudar

Inglês. Apenas 10 alunos afirmaram que não utilizam. Os outros 16 estudantes

declararam que dispõe da rede para ouvir músicas em Inglês, bem como filmes,

para fazer pesquisas e, principalmente para traduções (tradutores).

Perguntamos também se eles sabem o que são blogs e se os acessam. As

respostas estão no gráfico abaixo:

4% 4% 8%

84%

Usam a Internet para Estudar

NÃO RARAMENTE ÀS VEZES SIM

SIM27%

NÃO73%

Acessam Sites Educacionais

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Gráfico 4 - Alunos participantes do Projeto

Fonte: BASEGGIO, 2014

Gráfico 5 - Alunos participantes do Projeto

Fonte: BASEGGIO, 2014

Através deste levantamento de dados pudemos conhecer um pouco melhor

os alunos que fizeram parte da aplicação do projeto. Pudemos perceber que apesar

de disporem dos meios tecnológicos a sua utilização, na maior parte do tempo, é

apenas para entretenimento. Esta pesquisa reforçou o que já dizíamos

anteriormente que se quisermos que nossos estudantes sejam cidadãos, que

estejam dignamente inseridos na sociedade, que sejam autônomos, cabe a nós,

professores, prepará-los intelectualmente e emocionalmente, cabe a nós inseri-los

nesse ciber contexto, ensinando-os a filtrar todas essas informações, transformando-

as em conhecimento ou, então, estaremos conduzindo-os a exclusão social. Temos

que desenvolver no aprendente a capacidade de inferir, contextualizar e posicionar-

se frente a as novas demandas.

SIM69%

NÃO31%

Sabem o que é Blog?

SIM58%

NÃO42%

Acessam Blogs

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Temos que nos adaptar à agilidade de pensamento e à velocidade do acesso informação que nossos alunos possuem atualmente para contribuir com o desenvolvimento de projetos com as novas tecnologias, incentivando o espírito crítico e reforçando, nos alunos, o prazer em aprender.” (TERESA CRISTINA JORDÃO, ano 2009, p.11).

Como segunda etapa da aplicação, apresentamos aos estudantes o Blog

criado para socializar as situações de ensino-aprendizagem desenvolvidas em sala

de aula. Inicialmente os alunos o acessaram no laboratório de informática da escola

e lá mesmo expressaram suas opiniões acerca do projeto postando comentários.

A aluna I. N. assim escreveu: “Eu acho que a ideia de blog foi muito boa e

inovadora, é uma forma diferente de estudo, fugindo do que é comum e previsível.”

As alunas A. P. e N.C contribuíram com sugestões: “Achamos legal ter

nossas produções em um blog, bastante criativo, pois funciona também como

incentivo para cada vez produzirmos mais... Além de um acesso fácil em qualquer

lugar que estivermos. Acho que deveriam ter curiosidades, vídeos criativos,

sugestões para trabalhos da aula, músicas, estar sempre atualizado.”

A maioria das atividades previstas na Unidade Didática contava com o uso do

laboratório de informática, infelizmente tivemos que fazer algumas adaptações

devido a problemas técnicos que impediram o acesso a Internet durante várias

aulas. Assim sendo, os estudantes fizeram as atividades em casa ou com colegas.

Percebemos que a baixa velocidade da Internet nas escolas públicas é um

problema em todo o Paraná, pois os professores que participaram do GTR (Grupo

de Trabalho em Rede) comentaram ser esta a maior dificuldade em relação ao uso

da tecnologia como ferramenta nas aulas de Língua Inglesa.

Observemos alguns comentários:

“As propostas constantes no projeto são muito pertinentes, mas reitero o comentário de alguns colegas quando colocam sua dificuldade em incluir esta prática diante da estrutura que temos nas escolas. Quando pensamos em diversificar, existem muitas barreiras, como o funcionamento dos laboratórios, das TV e outros equipamentos, e, muitas vezes, com uma burocracia que dificulta o acesso a essas ferramentas. Também acredito que a escola ainda melhorará neste sentido, mas a estrutura que temos atualmente ainda está voltada para o ensino tradicionalista.” (PSC)

(...) “Quanto à utilização de novas tecnologias, apesar de nossas escolas estarem distante do ideal, penso que uma boa internet seria suficiente, pois muitos dos nossos alunos estão equipados com aparelhos modernos. Ressalto, porém, a importância das escolas priorizarem esta demanda.” (I.S.P.)

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Percebemos que para efetivarmos o uso da tecnologia nas nossas aulas os

órgãos responsáveis precisam resolver os problemas de infraestrutura, como

número insuficiente de computadores nas escolas e baixa velocidade de internet.

Para finalizarmos o trabalho sobre biografia, que foi o tema da Unidade

Didática, os alunos produziram um vídeo no qual simularam uma entrevista com uma

personalidade previamente escolhida pelo grupo. Juntos, organizamos as perguntas

mais relevantes, fizemos a pesquisa, a partir daí os estudantes tiveram autonomia

para criar, fascinar e surpreender. E foi exatamente isto que fizeram: foram criativos

e ousados, Revelaram-nos que quando instigados e motivados para a aprendizagem

os resultados obtidos são fantásticos.

Considerações Finais

O espaço do saber não é mais o mesmo. (…) Ele se apresenta hoje com uma inquietude veloz, (…) entrelaçada com muitas vozes.” (Dal Molin, 2003)

A tecnologia já faz parte do cotidiano dos nossos educandos. Eles são

capazes de produções inimagináveis quando desafiados positivamente. Somos nós,

educadores, que precisamos ser inseridos neste ciberespaço. Temos que romper a

barreira do medo e ousar só assim permitiremos que nossos aprendentes busquem

a conexão mais importante de suas vidas: a conexão com o conhecimento.

Ramal (2000) corrobora com esta afirmação:

Está nas nossas mãos a derrubada dos muros para fazer conexões com o mundo, a criação do espaço para a arte e a poesia, o tempo para o diálogo amigo, o trabalho cooperativo, a discussão coletiva, a partilha dos sentidos. Está em nossas mãos a construção de uma escola mais feliz. Feita por mestres e alunos que saibam, juntos, propor links e janelas para a sala de aula. Onde aprender não seja uma tarefa árdua e penosa, mas sim uma aventura. (RAMAL, 2000, p2).

É esta infinidade de recursos e possibilidades que imaginamos para a nossa

sala de aula, assim, podemos transformá-la em um ambiente de cooperação, de

construção coletiva, pois o conhecimento não é mais estático e tampouco pertence

somente ao professor. Nessa nova sala de aula ou neste ciberespaço aprendem

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juntos educador e educando, pelas trocas efetivadas entre o conhecimento cientifico

e o domínio tecnológico.

Referências

DAL MOLIN, Beatriz Helena. Do Tear à Tela: uma tessitura de linguagens e sentidos para o processo de aprendência. Florianópolis, 2003, 237 f. Tese(Doutorado em Engenharia de Produção), Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis – SC, 2003.

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FRANCO, Claudio de Paiva O uso de um ambiente virtual de aprendizagem no ensino de inglês: além dos limites da sala de aula presencial. Rio de Janeiro: UFRJ / Faculdade de Letras / Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, 2009. 278 p.

FRANCO, C. P. Novas tecnologias, novas perspectivas para o ensino-aprendizagem de língua estrangeira. Caderno de Letras n. 24, 2008, p. 145-156. http://learnenglishwecan.blogspot.com.br/

JORDÃO, Teresa Cristina. A formação do professor para a educação em um mundo digital. Disponível em < http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012178.pdf> Acesso em 20 set 2014.

LEFFA, Vilson J. (Org). O Professor de Línguas Estrangeiras – construindo a profissão. Pelotas: Educar, 2001.

LÉVY, Piére .As tecnologias da inteligência:o futuro do pensamento na era da informática. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1993.

_______.O que é o virtual. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Ed. 34, 1996.

_______. Cibercultura. Trad. Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.

MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas : Papirus, 2000.

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VÀZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Trad. Simone Rezende da Silva. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.