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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

OBJETOS DE APRENDIZAGEM COMO RECURSOS DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE ELETROQUÍMICA

Sônia Aparecida Bonfim de Souza1

Marcelo Maia Cirino2

Resumo

O presente artigo tem por objetivo discutir e avaliar a utilização de Objetos de

Aprendizagem como recursos didáticos para um ensino significativo, na proposta de

uma nova abordagem para o conteúdo de Eletroquímica, empregando as

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Foram utilizados, além dos

Objetos de Aprendizagem, slides, textos, vídeos e simuladores como ferramentas

facilitadoras do processo de ensino e aprendizagem. O trabalho foi desenvolvido no

1º semestre de 2014, com alunos do 2º Ano do Ensino Médio, período da manhã, do

Colégio Estadual Guilherme de Almeida, no município de Loanda (PR).

Palavras-chave: Eletroquímica. Pilhas. Baterias. Objetos de Aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento constante da tecnologia na área de informática,

aliado ao ritmo acelerado de inovações na área de programação e de softwares e ao

lançamento de novas versões de celulares, computadores e outros dispositivos

digitais, os nossos alunos são induzidos ao consumo cada vez maior de

equipamentos eletrônicos, que substituem frequentemente os antigos aparelhos por

outros mais modernos. A grande afinidade por recursos tecnológicos, por parte dos

estudantes de hoje, motivou-nos a buscar novas propostas de abordagem para

alguns conteúdos da Química do Ensino Médio, por meio da utilização das

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Nossa proposta está relacionada

ao ensino de Eletroquímica, utilizando Objetos de Aprendizagem que possam

facilitar a compreensão do funcionamento, o uso correto e o descarte de dispositivos

como pilhas e baterias empregando estratégias didáticas que promovam a

articulação e o diálogo entre a escola e o exercicio cidadania.

1 Professora de Ciências e Química da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná-SEED, formada

em Ciências do 1º Grau (FAFIPA) com habilitação em Química pela UNOESTE e especialista em Química e suas Aplicações pela UEM.

2 Professor adjunto do Departamento de Química da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e

orientador do Programa PDE.

Nessa perspectiva, estamos de acordo com Moran (2000, p. 29): “as

tecnologias podem trazer, hoje, dados, imagens, resumos, de forma rápida e

atraente. O papel do professor – o papel principal - é ajudar o aluno a interpretar

esses dados, a relacioná-los, e a contextualizá-los”.

Com relação ao ensino de Química, as Diretrizes Curriculares da Educação

Básica do Paraná, nessa disciplina, afirmam que:

[...] o objetivo é subsidiar reflexões sobre o ensino de Química, bem como possibilitar novos direcionamentos e abordagens da prática docente no processo ensino-aprendizagem, para formar um aluno que se aproprie dos conhecimentos químicos e seja capaz de refletir criticamente sobre o meio em que está inserido [...] (PARANÁ, 2008, p. 50)

Existe, porém, uma prática consolidada na disciplina de Química que é

pautada pela “memorização de fórmulas, nomenclaturas, pela classificação dos

compostos químicos, pelas operações matemáticas e pela resolução de problemas”

(PARANÁ, 2008, p. 52), o que, de certa forma, precisa ser superado em favor “da

construção e reconstrução de significados dos conceitos científicos nas atividades

em sala de aula” (MALDANER, apud PARANÁ, 2008, p. 52).

Na expectativa de uma estratégia de ensino diferenciada, recorremos à Teoria

da Aprendizagem Significativa, de David Ausubel, que, segundo Moreira (2011,

p.160), “focaliza primordialmente a aprendizagem cognitiva, que significa

organização e integração do material à estrutura cognitiva”.

A partir de fatos concretos, como a evolução das tecnologias, os lançamentos

de novos dispositivos eletrônicos e a troca constante desses aparelhos, introduzimos

as discussões sobre o processo de funcionamento e composição de pilhas e

baterias e o seu descarte mais adequado, numa estratégia didática baseada na

seguinte questão: “Como os conceitos da Eletroquímica podem oferecer aos alunos

conhecimentos relacionados ao funcionamento, à composição e ao descarte correto

desses dispositivos?”

Nessa tarefa, mais especificamente para o ensino da Eletroquímica,

utilizamos Objetos de Aprendizagem como forma de promover a articulação possível

entre o conteúdo já conhecido pelos alunos, estendendo-o àqueles que vão sendo

assimilados no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, o que nos remete

àquilo que Ausubel (1980, p.137), descreve: “Se tivéssemos que reduzir toda a

psicologia educacional a um único princípio, diríamos: o fator singular mais

importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece.

Descubra isto e ensine-o de acordo”.

Ademais, a utilização de objetos de aprendizagem possibilita ao aluno

visualizar possíveis relações entre os conceitos trabalhados e associar os sentidos

produzidos nessas relações, o que torna a aula mais significativa. E quais seriam os

objetos de aprendizagem oportunos para essa aprendizagem significativa? Segundo

Bettio e Martins (2004),

Os Objetos de Aprendizagem (OA) podem ser compreendidos como “qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino” (WILEY, 2000, p. 03). Os OA podem ser criados em qualquer mídia ou formato, podendo ser simples como uma animação ou uma apresentação de slides ou complexos como uma simulação. Os Objetos de Aprendizagem utiliza-se de imagens, animações e applets, documentos VRML (realidade virtual), arquivos de texto ou hipertexto, dentre outros. Não há um limite de tamanho para um Objeto de Aprendizagem, porém existe o consenso de que ele deve ter um propósito educacional definido, um elemento que estimule a reflexão do estudante e que sua aplicação não se restrinja a um único contexto (BETTIO e MARTINS, 2004, p. 20).

Devemos reiterar que o uso das tecnologias, sobretudo as ferramentas

computacionais, vem ocupando cada vez mais intensamente os espaços escolares,

pois “o computador pode ser utilizado para enriquecer ambientes de aprendizagem e

auxiliar o aprendiz no processo de construção do seu conhecimento” (VALENTE,

1999). Nessa perspectiva, utilizar recursos tecnológicos presentes no cotidiano de

professores e alunos, torna-se motivação maior para um processo de ensino e

aprendizagem significativo.

Consideramos igualmente que a utilização de objetos de aprendizagem

possibilita ao aluno visualizar possíveis relações entre os conceitos trabalhados e

associar os sentidos produzidos nessas relações. Com a mesma percepção Moran

(2000, p. 23), acrescenta:

[...] Aprendemos quando descobrimos novas dimensões de significação que antes se nos escapavam, quando vamos ampliando o círculo de compreensão do que nos rodeia, quando, como uma cebola, vamos descascando novas camadas que antes permaneciam ocultas à nossa percepção, o que nos faz perceber de uma outra forma. Aprendemos mais quando estabelecemos pontes entre a reflexão e a ação, entre a experiência

e a conceituação, entre a teoria e a prática; quando ambas se alimentam mutuamente.

O uso dos recursos tecnológicos pode se constituir numa metodologia

interessante e ainda pouco explorada pelos professores de Química, visto que, por

meio de seu desenvolvimento, torna-se possível organizar a estrutura cognitiva do

pensamento. Dessa maneira, o assunto pilhas e baterias é oportunidade excelente

para ensinar o conteúdo de Eletroquímica, partindo do cotidiano dos alunos, para a

aquisição dos conhecimentos químicos.

O objetivo deste trabalho, portanto, foi propor uma nova abordagem didática

para o conteúdo de eletroquímica no Ensino Médio, com uso das TIC, em vista da

necessidade de se promover o diálogo efetivo entre escola, tecnologia e sociedade e

entre os conteúdos curriculares e a vida.

2 METODOLOGIA EMPREGADA

A unidade didática, constituída de 05 etapas, articula diversas atividades

desenvolvidas em 32 horas/aula com os alunos do 2º ano do Ensino Médio, do

Colégio Estadual Guilherme de Almeida. Para alcançar os objetivos propostos foram

utilizados diversos recursos didáticos sintetizado no Quadro 01, a seguir.

ETAPA

RECURSOS DIDÁTICOS

DURAÇÃO

1- Conhecimento do histórico das pilhas e seus diferentes usos.

Apresentação de slides sobre os diferentes usos de pilhas e baterias.

Utilização do infográfico para conhecer a evolução das baterias.

Apresentação de vídeo sobre pilhas eletroquímicas.

4,0 horas/aula

2- Experimentação Realização de experimento sobre Oxidação.

Desenvolvendo o experimento de construção de pilha com materiais simples.

5,0 horas/aula

3- A pilha de Daniell Orientação de pesquisa sobre pilhas.

Explorando o software de simulação: A pilha de Daniell.

Exibição do vídeo sobre Pilhas e

8,0 horas/aula

Baterias.

4- Uso e descarte de pilhas e baterias.

Realização de questionário sobre o uso e descarte de pilhas e baterias.

Entendendo e compreendendo um texto sobre Pilhas e baterias: Funcionamento e Impacto Ambiental.

Orientação da pesquisa sobre os tipos de pilhas e baterias utilizadas no dia a dia.

Realização Seminário sobre os tipos de pilhas e baterias e o descarte das mesmas.

Apresentar um vídeo sobre pilhas e baterias.

8,0 horas/aula

5- Cmap Tools e Avaliação

Conhecimento e utilização do software de produção Cmap Tools para construção de mapas conceituais.

Organização e sistematização o conhecimento por meio de mapas conceituais.

6,0 horas/aula

Quadro 1 – Síntese das atividades realizadas

Como instrumento para fomentar a reflexão e discussão a respeito do uso de

pilhas e baterias no cotidiano dos estudantes, propusemos um objeto de

aprendizagem criado num editor de apresentação de slides, com imagens

mostrando o uso desses materiais em diversos dispositivos tais como: telefones sem

fio, telefones celulares, câmeras fotográficas, controle remoto, calculadoras,

relógios, brinquedos eletrônicos, alarmes, câmera de vídeo, lanternas, notebooks, o

que oportunizou análise e discussões sobre o tema.

Para entendimento da evolução das pilhas, apresentamos, por meio de um

infográfico, desde a criação de Alessandro Volta em 1800 até a chamada Pilha

Voltaica e a bateria de níquel-hidreto metálico em 1989. Nesse infográfico é

mostrado para cada tipo de pilha, o seu criador, o ano de desenvolvimento, como ela

funciona, as vantagens e desvantagens e suas principais aplicações.

Através da exploração dos recursos visuais os alunos foram incentivados a

pensar de que forma a energia está presente nessas pilhas, como essa energia

química é convertida em eletricidade e como é aproveitada nos equipamentos

eletrônicos.

Para introduzir os conteúdos da Eletroquímica como os conceitos

relacionados às reações de oxidação e redução, ânodo, cátodo, polos positivo e

negativo, utilizamos o vídeo “As pilhas eletroquímicas”, que mostra as reações que

ocorrem no funcionamento de uma pilha, facilitando a compreensão do estudante a

respeito das trocas de elétrons durante processo.

Após as discussões, concluímos que os alunos reconheceram os diferentes

usos de pilhas e baterias e compreenderam, de maneira satisfatória, o

funcionamento, as vantagens e as desvantagens da utilização de pilhas e baterias.

Na etapa da experimentação, compreendemos que essas aulas com

atividades experimentais são geralmente consideradas mais fascinantes e

significativas para os estudantes. Sendo assim, nosso objetivo direcionou-se no

sentido de que realizassem e observassem o experimento e conseguissem

relacionar a atividade prática com a teórica. Ainda nesse contexto, podemos citar a

proposta de Gil-Perez e Valdés Castro (1996), “que defendem que as aulas

experimentais não sejam meramente ilustrativas, pois, assim, os alunos podem

perder o interesse, por não poderem manusear os materiais, já que todos nós temos

vontade de fazer as coisas que achamos interessantes”.

Ao considerarmos essa questão, foram propostas atividades experimentais

com materiais alternativos, simples e de fácil aquisição, para que todos pudessem

desenvolvê-las. Dando prosseguimento as observações e discussões, os alunos

perceberam que há reações de oxirredução que podem ser empregadas para

produzir corrente elétrica e serem aproveitadas nas mais diferentes atividades do dia

a dia, citando aqui os geradores químicos de corrente elétrica, que são as pilhas e

baterias, baseadas na ocorrência de reações de oxirredução.

Para compreender o mecanismo de funcionamento das pilhas, realizamos a

construção de uma pilha com frutas e materiais descartáveis. Iniciamos a atividade,

mostrando aos alunos uma pilha comum e questionamos se já haviam notado que

pilhas e baterias trazem estampado nas carcaças o sinal de + e o sinal de – e se

sabiam o significado desses sinais. Após as observações e discussões, explicamos

que as pilhas podem ser produzidas a partir de diferentes materiais. Para construir

uma pilha com material simples, é fundamental lembrar que devem ser escolhidos

dois materiais diferentes que reagem entre si trocando elétrons (reação de oxidação-

redução): um será o polo negativo (material que perde elétrons) e outro que será o

polo positivo (que recebe os elétrons). Por meio de questões investigativas pudemos

incentivar os estudantes a levantarem suas hipóteses e, após a discussão no grande

grupo, cada hipótese foi testada e verificada e assim puderam comprovar as que

realmente se concretizaram.

Ao darmos continuidade à implementação do trabalho, propusemos algumas

tarefas: uma pesquisa, o uso de um simulador e a observação de vídeos. A pesquisa

foi desenvolvida para que os alunos pudessem construir conhecimentos sobre o

objeto de estudo, uma vez que, de acordo com Demo (2001, p. 16), a “pesquisa é o

processo que deve permear todo o trajeto educativo, como princípio educativo que

é”.

Após a pesquisa, promovemos uma mesa redonda, em que cada dupla fez a

exposição daquilo que investigou. Fizemos as intervenções e indagações, durante o

processo, incentivando os alunos a exporem aquilo que aprenderam sobre o tema

pesquisado, de modo a contribuir para a ampliação do conhecimento de todos. Em

seguida, os alunos foram encaminhados ao Laboratório de Informática e divididos

em duplas para realizarem as atividades propostas.

Propusemos um objeto educacional, um software de simulação, de autoria de

GALINDO et al.: “A Pilha de Daniell”. Esse objeto, através de um modelo explicativo,

auxilia no entendimento da produção e uso da energia em diferentes fenômenos e

processos químicos. Ele se encontra disponível no Banco Internacional de Objetos

Educacionais, hospedado no site do MEC.

Esse objeto de aprendizagem demonstra e simula os processos de oxidação-

redução, além de indicar os potenciais e a energias envolvidas.

Ao utilizarem esse simulador, por meio da manipulação da pilha, os alunos

elaboraram significados para os principais conceitos envolvidos na explicação do

funcionamento e construção de uma pilha, bem como conseguiram calcular o valor

da corrente elétrica, o seu sentido e identificar o elemento químico que sofrerá

aumento e qual sofrerá diminuição de massa. É um simulador de fácil manuseio.

Com ele os alunos construíram a pilha de Daniell.

Os alunos puderam testá-lo usando todas as barras dos diversos metais

disponíveis e, com a intervenção da professora pesquisadora, foram feitas

discussões/reflexões sobre o experimento realizado. O trabalho com o Objeto de

Aprendizagem é uma estratégia didática que faz uso das tecnologias da informação

e comunicação (TIC) para facilitar aos alunos as ações de manipular, refazer, pensar

e refletir sobre o processo como um todo, na direção de uma aprendizagem

conceitual mais efetiva e significativa.

Uma questão relevante, que foi levantada durante as discussões em classe, é

o uso e descarte correto de pilhas e baterias. Essa atividade envolveu a todos.

Promovemos um levantamento sobre o descarte de pilhas e baterias com a turma,

por meio através de um questionário para conhecer o destino dado às pilhas e às

baterias utilizadas no dia a dia.

Para fechamento dessa questão, utilizamos a proposta de discussão em grupo das

respostas dadas ao questionário. Nesse momento, eles puderam concluir que

utilizam muitos aparelhos que necessitam de pilhas ou baterias e que geralmente

são descartados no lixo comum. Outro ponto levantado neste questionário, e que

eles não conheciam, foi o fato da existência de muitas pilhas falsas no mercado.

Discutimos que, até a década de 1990, no Brasil, não se tinha preocupação com o

descarte de pilhas e baterias, e que o CONAMA (Conselho Nacional do Meio

Ambiente), em 1999, publicou no Diário Oficial, as resoluções nº 257 e nº 263, que

regulamentam os processos de descarte e controle de pilhas e baterias.

Os alunos foram envolvidos na leitura do artigo “Pilhas e baterias:

Funcionamento e Impacto Ambiental,” de BOCCHI et al. (2000), publicado

originalmente na revista Química Nova na Escola. No primeiro momento, a leitura foi

realizada em pequenos grupos no proposito de se familiarizarem com o teor do

texto. Em seguida, no grande grupo, a leitura foi realizada com a participação de

vários alunos, cada um lendo um parágrafo com a professora, que mediava e fazia

as intervenções necessárias para que eles pudessem refletir e analisar as questões

propostas na discussão: “o que fazer quando acaba a vida útil de pilhas e baterias?”,

“por que algumas pilhas não podem ser jogadas em lixo comum?” “quando podem

ser jogadas em lixo comum?”

3 RESULTADOS

Para o Seminário: “Os tipos de pilhas e baterias e o descarte”, os alunos

foram orientados a fazer uma pesquisa sobre os tipos de pilhas e baterias. Para

nortear o trabalho, proporcionamos um roteiro com algumas questões:

01) Por que existem tantas pilhas diferentes no mercado? Quais as vantagens e

desvantagens das pilhas comuns?

02) Quais as vantagens e as desvantagens das pilhas alcalinas?

03) Qual a diferença entre pilhas primárias e secundárias?

04) Como fazer o descarte das pilhas e baterias?

Ao final, foi exibido um vídeo do programa a “Química do fazer: Pilhas e

baterias”. Esse recurso didático mostrou a descoberta, funcionamento,

características e diferenças entre as pilhas e a importância da reciclagem. Após a

visualização, foram discutidas algumas questões de caráter reflexivo, a respeito do

descarte de pilhas e baterias. Nesse debate, foi possível concluir que os alunos

percebem e entendem que essas pilhas e baterias jogadas no lixo comum

prejudicam o meio ambiente e, por extensão, todos os seres humanos e que, em

nosso país, ainda há bastante dificuldade para recolher e reciclar esses materiais.

Com o objetivo de avaliar a desenvolvimento da aprendizagem, propusemos

atividades para introduzir a utilização do software de elaboração de mapas

conceituais, o Cmap Tools. Cabe lembrar que o trabalho com mapas conceituais

facilita a sistematização dos conceitos e sua hierarquização de forma significativa. A

base teórica de seu uso vem da Teoria da Aprendizagem Significativa, de David

Ausubel, e que, segundo Moreira (2006), “explica como o conhecimento é adquirido

e em que forma este fica armazenado na estrutura cognitiva do indivíduo.”

Baseada na teoria de Ausubel, Novak é quem desenvolve a metodologia de

mapas conceituais. Ainda de acordo com Novak e Gowin (1996): “Os mapas

conceituais têm por objetivo representar relações significativas entre conceitos na

forma de proposições. Uma proposição é constituída de dois ou mais termos

conceituais unidos por palavras para formar uma unidade semântica”. Moreira (1997,

p.01) completa: “mapas conceituais são propostos como estratégia potencialmente

facilitadora de uma aprendizagem significativa”.

Outro fator relevante para a utilização desse software é que ele já está

instalado nos computadores do laboratório de informática do Projeto Paraná Digital

(PRD), presente em todas as escolas públicas do estado. Devemos destacar que o

Cmap Tools “é um software livre para autoria de mapas conceituais, desenvolvido

pelo Institute for Human Machine Cognition da Universidade de West Florida, sob a

supervisão do Dr. Alberto J. Cañas, para construir, navegar, compartilhar e criticar

modelos de conhecimento representados por mapas conceituais”. (PARANÁ, 2010,

p.8)

Para aprenderem a utilizar a ferramenta Cmap Tools, na construção de

mapas conceituais, propusemos o vídeo: “Impacto das pilhas”, com duração de um

minuto e quarenta e quatro segundos, sobre conscientização ambiental. Após sua

exibição, as diversas duplas de alunos listaram palavras e conceitos que faziam

sentido para eles e, ao relacionarem esses conceitos e palavras, puderam elaborar

uma proposta de mapa conceitual para sistematizar a ideia principal, contida no

vídeo. Ao final, cada dupla apresentou seu mapa aos demais colegas. O mapa

conceitual foi utilizado como um dos instrumentos para a avaliação, pois de acordo

com as Diretrizes Curriculares de Química da Educação Básica do Paraná:

[...] a avaliação deve ser concebida de forma processual e formativa, sob os condicionantes do diagnóstico e da continuidade. Esse processo ocorre em interações recíprocas, no dia-a-dia, no transcorrer da própria aula e não apenas de modo pontual, portanto, está sujeita a alterações no seu desenvolvimento. (PARANÁ, 2008, p. 69)

Na continuidade, a DCE explica que “esse tipo de avaliação leva em

conta o conhecimento prévio do aluno e valoriza o processo de construção e

reconstrução de conceitos, além de orientar e facilitar a aprendizagem” (PARANÁ,

2008, p.70)

Por isso, os alunos também foram avaliados na participação, nas

anotações de cada atividade e seu desenvolvimento e discussão em temas como:

pesquisas, experimentação, seminários entre outras. Outro ponto importante em

relação à avaliação, de acordo com a DCE, é que:

[...] é necessário que os critérios e instrumentos de avaliação fiquem bem claros também para os alunos, de modo que eles se apropriem efetivamente de conhecimentos que contribuam para uma compreensão ampla do mundo

em que vivem. (PARANÁ, 2008, p.70) Podemos afirmar que ocorreu um processo de aprendizagem significativa

somente quando o aluno se utiliza do conceito apropriado numa situação diversa daquela de

sala de aula.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A disciplina de Química por muito tempo foi, e ainda é, considerada pelos

alunos e alguns profissionais como sendo difícil e complexa. O propósito desse

trabalho foi desmistificar essa premissa, tornando a abordagem de Eletroquímica

mais acessível e mais contextualizada. Para que esse processo se efetivasse, foram

necessárias mudanças pedagógicas relacionadas à abordagem e ao tratamento

didático dispensado aos conteúdos em sala de aula.

Nesse contexto, é necessário que sejamos protagonistas das mudanças de

postura no interior da escola e na sala de aula, assumindo nossa função social de

socializadores dos saberes historicamente construídos e socializados. Isso requer

também uma retomada de decisões, rediscutindo os caminhos e enfrentando novos

desafios.

Para que tal postura se efetivasse, ou seja, para que os objetivos propostos

fossem alcançados, foi elaborada uma unidade didática que se apoiou fortemente

em abordagens baseadas nas TIC. A proposta foi oferecer aos alunos

conhecimentos sobre o funcionamento, composição e o descarte correto de pilhas e

baterias. Para isso foram utilizados Objetos de Aprendizagem como: slides, textos,

vídeos e simuladores, entre outros. Acreditamos que a implementação dessa

proposta, baseada no uso de diferentes recursos tecnológicos, se constituiu numa

metodologia interessante, visto que por meio de seu desenvolvimento foi possível

organizar a estrutura cognitiva do pensamento, partindo do cotidiano dos alunos, no

sentido de aprimorar a aquisição dos conhecimentos químicos selecionados.

Durante o período da implementação foi possível ainda observar e evolução da

aprendizagem de todos os alunos envolvidos, que se mostraram animados e

motivados nas atividades desenvolvidas. Constatamos que o ensino de Química se

torna muito mais produtivo quando envolvem atividades práticas aliadas a diferentes

recursos tecnológicos.

A experiência vivenciada teve importância ímpar para o processo de ensino e

de aprendizagem, efetivando assim o caráter contextualizador e sociocientífico do

conteúdo estudado.

Além das experiências vivenciadas em sala de aula, as contribuições teóricas

e práticas dos professores participantes do Grupo de trabalho em Rede – GTR

contribuíram para que nosso trabalho se tornasse, cada vez mais, um desafio

didático a ser explorado e vencido, no que diz respeito à proposta de ensinar com

novas metodologias de abordagem. Consideramos também, igualmente importante

e necessárias, as mudanças de postura diante dos desafios enfrentados em sala de

aula quanto aos conhecimentos historicamente acumulados, contemplando a

contextualização, a interdisciplinaridade e a transversalidade nas ações didáticas

cotidianas.

5 REFERÊNCIAS

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