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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NO CONTEXTO ESCOLAR

Joanita das Graças Cardoso Palcikoski1

Oseias de Oliveira2

Resumo

Neste artigo pretende-se abordar os resultados dos estudos étnicos-raciais realizados no terceiro

período do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), por meio da interação, reflexão e

diálogo com os estudantes do 3º Ano A, do Ensino Médio, do ano letivo de 2014, do Colégio Estadual

João Negrão Júnior – EFM, no Município de Teixeira Soares, proporcionado pelo Caderno

Pedagógico “As relações étnico-raciais no contexto escolar” e do diálogo com os professores e

professoras da Rede Pública de Ensino do Paraná, ocorrido no Grupo de Trabalho em Rede (GTR)3.

Com base nos desencadeamentos da intervenção pedagógica, o presente artigo propõe uma reflexão

sobre as atividades e ações didáticas de valorização da identidade étnica dos alunos e alunas,

acreditando que nossos estudantes possam ser agentes mobilizadores no combate à discriminação

racial.

Palavras-Chave: Educação. Identidade Étnica. Diversidade.

1. Introdução

Ao iniciar as apresentações e discussões sobre estudos étnicos-raciais é

importante ressaltar a relevância da temática relacionada à História e Cultura Afro-

Brasileira para a escola e à todos os envolvidos no processo de ensino-

aprendizagem.

Há no contexto escolar uma discussão intensa sobre a valorização de nossos

educandos. Sabe-se que as diferenças étnicas-raciais são marcantes e evidentes na

Escola, portanto, em busca da consolidação de uma sociedade igualitária e justa, a

legislação educacional atual prevê abordagens necessárias para o reconhecimento e

1 Professora nas disciplinas de História e Língua Portuguesa, da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do PDE 2013/2014 (Programa de Desenvolvimento Educacional da SEED). [email protected] 2 Professor Adjunto – Departamento de História- UNICENTRO/Irati e Programa de Pós Graduação em História – [email protected] 3 Grupo de Trabalho em Rede: Curso de Formação Continuada à distância, ofertado pela SEED, por meio da Plataforma Moodle.

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valorização da história, cultura e outras contribuições de todas as etnias que formam

a sociedade brasileira.

O trabalho pedagógico com a diversidade étnica-racial requer do público alvo

interesse em dialogar para que possam romper com ideologias preconceituosas de

superioridade, criadas ao longo de um processo histórico marcado por exclusão

social, sendo assim:

...o processo de educar as relações entre pessoas de diferentes grupos étnicos-raciais tem início com mudanças no modo de se dirigirem umas às outras, a fim de que desde logo se rompam com sentimentos de inferioridade e superioridade, se desconsiderem julgamentos fundamentados em preconceito, deixem de aceitar posições hierárquicas forjadas em desigualdades raciais e sociais. (SILVA, 2007, p. 490)

O comprometimento em combater as injustiças sociais, a intolerância

religiosa, as diferenças econômicas e valorizar a pluralidade cultural brasileira faz

parte dos objetivos da política educacional, que vigorava mesmo antes da criação da

lei 10.639/03, como prevê os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs,1998) na

valorização e respeito ao outro:

Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais. (BRASIL,1998, p. 07)

Dessa maneira, defendendo um posicionamento contra as desigualdades

raciais é proposto aos profissionais da educação traçarem estratégias que

contemplem a identidade étnica-cultural de todos os cidadãos brasileiros, tornando

possível um trabalho pedagógico que valorize os estudantes e que possam

compreender que são agentes históricos. Conforme outro objetivo dos PCNs (1998,

p.07), que os nossos educandos possam perceber-se integrante, dependente e

agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações

entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente.

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Numa proposta de superação do preconceito e discriminação racial, foi

realizada, no ano de 2001, a Conferência de Durban, na África do Sul, na qual foram

debatidas iniciativas no setor educacional. Neste contexto, no Brasil foi aprovada a

Lei 10.639/03 e sancionada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, diante de uma

intensa cobrança do Movimento Negro para a consolidação de seus direitos de

cidadão. De acordo com PEREIRA (2008, p. 07), “temos clareza que a lei não foi

dada, foi conquistada, através da luta da política, da articulação e do confronto de

forças contrárias a qualquer tentativa de ascensão de igualdade dos negros, na

sociedade brasileira.” Os negros, apesar da ideologia de inferioridade propagada

durante séculos de escravidão lutaram contra as forças de opressão, foram bravos e

determinados em contextos políticos que pregavam sua incapacidade. É com base

na resistência contra a política de exploração e dominação, que perdurou por muitos

séculos, que os negros brasileiros constroem suas identidades, consolidando seus

direitos.

2. Apresentação do Caderno Pedagógico “As relações Étnico-Raciais no

contexto escolar” à Comunidade Docente e Agentes Educacionais

Existem muitos referenciais teóricos4 e uma legislação consistente que

ampara a realização de atividades que contemplem a História e cultura Afro-

Brasileira e Africana, como a Lei 10.639/03; e outros documentos que reforçam o

cumprimento da lei como: o Parecer 003/2004 do Conselho Nacional de Educação

(BRASIL, Parecer Nº 003, de 10 de março de 2004); a Resolução Nº1/04 (BRASIL,

Resolução Nº 1, de 17 de junho de 2004), pela qual é instituído pelo CNE as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Étnico-Raciais e para o ensino de

História Afro-brasileira e Africana (BRASIL, Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação das Relações Étnico- Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana. Brasília, outubro de 2004); a Deliberação Nº 04/06 (PARANÁ,

Deliberação Nº 04 de 02 de agosto de 2006), pela qual o Conselho Estadual do

4 Nilma Lino Gomes, Kabengele Munanga, Iolanda Oliveira, Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva;

Edimilson de Almeida Pereira, Oseiais de Oliveira, Jorge Arruda entre outros.

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Paraná determina normas complementares às Diretrizes Curriculares Nacionais para

a educação das relações étnicos-raciais; e a instrução Nº017/2006 da

Superintendência da Educação do Paraná (PARANÁ, Instrução Nº 17 de 20

dezembro de 2006), a qual orienta as ações e procedimentos realizados na escola

referente aos estudos voltados à História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

Apesar de toda referência teórica que circula nos meios acadêmicos e da

legislação vigente citada, há muita polêmica e questionamentos no contexto escolar

por parte de alguns professores. Por meio da mobilização da comunidade escolar,

diante da apresentação da proposta de Intervenção Pedagógica “As relações étnico-

raciais no contexto escolar”, percebeu-se alguns posicionamentos contrários à

ênfase na história e cultura afro-brasileira e africana; há quem considera a

abordagem da temática um “modismo”, outros questionam o termo “obrigatório”

utilizado pela lei 10.639/03 no seu Art. 26-A: “Nos estabelecimentos de ensino

fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório (grifo meu) o

ensino sobre História e cultura Afro-Brasileira.” (BRASIL, Lei 10.639/03, de 9 de

janeiro de 2003. Inclui a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-

Brasileira no currículo oficial da rede de ensino. Diário oficial da União, 2003); outros

consideram desnecessário atividades que contemplem a História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana em todas as disciplinas e salientam que a responsabilidade por

este exercício pedagógico é somente dos educadores da disciplina de História;

alegam também que o conteúdo em questão não foi trabalhado na sua graduação,

talvez para omitir sua parcela de responsabilidade na formação integral e

desenvolvimento humano dos nossos educandos. Como discute Jaime Pinsky e

Carla B. Pinsky:

Ao mesmo tempo em que condenam, no discurso, o pragmatismo e o materialismo dos novos tempos, as escolas parecem ter esquecido sua parcela de responsabilidade na formação humanista dos alunos. Como estabelecer contrapesos ao materialismo irresponsável da sociedade tendo como meta apenas a preparação de máquinas de responder perguntas no vestibular?(...) Abre-se mão de um instrumento precioso para a formação integral do aluno” (PINSKY, 2005, p.19)

Há muitos posicionamentos contrários e de resistência em dialogar sobre o

racismo e reconhecer a exclusão social e econômica que afetou e ainda afeta a

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população negra brasileira. Tais questionamentos ocorrem em outras escolas, como

relata o colega participante do Grupo de Trabalho em Rede:

O mito da democracia racial ainda perdura em nosso país, é só vermos os discursos de professores (as) nas escolas, questionando a motivação da lei 10.639/03, colocando-se contra a discussão sobre cultura africana e afro-brasileira, racismo e relações étnico-raciais, fica evidente que os discursos contrários preenchem a parcela da população que pensa que o Brasil é uma democracia. O Brasil está longe de ser uma democracia política e social e enquanto não o for, democracia racial passa a ser realmente um mito. (PEREIRA, 2014)

Diante destes conflitos pedagógicos, no entanto, não se pode deixar de

trabalhar a temática, tendo em vista a formação de uma sociedade democrática,

cidadã e historicamente consciente. O conteúdo programático e a ação pedagógica

são escolhas que estão impregnadas da visão de mundo do educador, cumprem a

função do currículo escolar, mas também exprimem o seu posicionamento diante do

fato. De acordo com Karnal (2005, p.9), “o recorte que o professor faz é uma opção

política”, ou seja, o conteúdo selecionado e o foco que lhe é dado, é uma escolha do

educador, a qual está relacionada com valores religiosos, éticos e morais, por mais

neutro que procure ser, há uma visibilidade de seu perfil, ainda que mínima.

Abordar as relações étnico-raciais focando para o ensino de História e Cultura

afro-brasileira, o qual é tratado como desafio educacional contemporâneo, requer

dos professores uma postura inovadora e dinâmica em sala de aula. Requer de nós

educadores disponibilidade para leitura, diálogo e reflexão sobre este conteúdo e

como será trabalhado. Karnal (2005), ainda reflete o que é uma aula dinâmica que

mobilize nossos alunos:

Há algumas décadas, houve um equívoco expressivo na modernização do ensino. Julgou-se que era necessário introduzir máquinas para se ter uma aula dinâmica(...) Mais do que modernizar. O que implica um ar de mera reforma, trata-se de pensar se a mensagem apresenta validade, tenha ela cara nova ou velha. (...) uma aula pode ser extremamente conservadora e ultrapassada contando com todos os mais modernos meios audiovisuais. Uma aula pode ser muito dinâmica e inovadora utilizando giz, professor e aluno. Em outras palavras, podemos utilizar meios novos, mas é a própria concepção de História que deve ser repensada. (KARNAL, 2005, p.09)

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No espaço escolar, há também, muitos profissionais que procuram mobilizar

os estudantes para a valorização de todas as culturas e a importância do respeito

étnico-racial. No diálogo sobre quais as ações realizadas na escola em combate ao

preconceito e racismo, foi destacado um importante trabalho pedagógico, realizado

desde 2010, pelas equipes multidisciplinares5.

Ao longo da implementação da lei 10.639/03 e mesmo antes dela, ao cumprir

as determinações dos PCNs, muito aprendizado ocorreu; foram acertos, erros e

dificuldade em abordar o tema, pelo constrangimento de alunos negros e certa

incompreensão por parte dos alunos não negros. Enfim, apesar de toda

contrariedade demonstrada por alguns professores, ações concretas e mobilizadoras

foram realizadas no contexto escolar.

3. Estudos Étnico-Raciais

O material didático elaborado na disciplina de História, que foi implementado

no primeiro semestre letivo do ano de 2014, no C.E. João Negrão Júnior, ensino

fundamental e médio, na cidade de Teixeira Soares-PR, focou na construção da

cidadania dos negros brasileiros e seus descendentes, no fortalecimento da

identidade étnico-racial dos estudantes do 3º ano A, mobilizando-os na luta contra

ações racistas no ambiente escolar, que prejudicam o desenvolvimento emocional e

intelectual dos estudantes vítimas da discriminação racial. As atividades propostas

pelo Caderno Pedagógico procurou mobilizar os estudantes para o diálogo sobre a

temática fazendo-os perceber os fatos discutidos, inseridos num contexto histórico, e

reconhecer que suas ações consolidam sua cidadania, pois:

(...) a História deve contribuir para a formação do indivíduo comum, que enfrenta um cotidiano contraditório, de violência, desemprego, greves, congestionamentos, que recebe informações simultâneas de acontecimentos internacionais, que deve escolher seus representantes para

5 São instâncias do trabalho escolar, no qual são realizadas debates, estratégias e ações

pedagógicas que fortaleçam a implementação da lei 10.639/03 e da lei 11.645/08, bem como das

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de

História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo escolar das instituições de ensino da rede

pública estadual e escolas conveniadas do Paraná.

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ocupar os vários cargos da política institucionalizada. Este indivíduo que vive o presente deve, pelo ensino de História ter condições de refletir sobre estes acontecimentos, localizá-los em um tempo conjuntural e estrutural, estabelecer relações entre os diversos fatos de ordem política, econômica e cultural (...) Temos que o ensino de História deve contribuir para libertar o indivíduo do tempo presente e da imobilidade diante dos acontecimentos, para que possa entender que cidadania não se constitui em direitos concedidos pelo poder instituído, mas tem sido obtida em lutas e em diversas dimensões. (BITTENCOURT, 2008, p. 20)

Os direitos adquiridos são conquistados por meio da organização e

reivindicações. A partir do momento em que as pessoas se reconhecem como

sujeitos históricos e somam forças com seus pares na busca da consolidação de sua

ideologia, o êxito é obtido. A escola, enquanto instituição educativa prevê a formação

de cidadãos atuantes.

Dentre outras preocupações do segmento escolar, destaca-se a questão da

identidade e o reconhecimento/respeito ao outro. Para reforçar a importância de

assumir sua identidade étnica a Superintendência da Educação do Estado do

Paraná disponibiliza a Instrução Nº 017/2006 (PARANÁ, Instrução Nº 17 de 20 de

dezembro de 2006), que responsabiliza o estabelecimento de ensino em registrar no

requerimento de matrícula do aluno, seu pertencimento étnico-racial, garantindo o

registro de sua autodeclaração. A identidade dos estudantes é resultado de um

processo de construção que tem início na família e consolidado pela sociedade,

através de suas escolhas e de suas práticas culturais. No entanto, percebe-se que a

família, muitas vezes, não oferece alicerce para que a criança tenha clareza sobre

sua cor/raça e possa afirmar sua identidade. Para que haja um registro consciente, é

preciso abordar as questões étnico-raciais que esclareçam aspectos de sua

identidade, a autoafirmação em ser negro é uma aceitação que precisa ser

descortinada, pois o que se percebe no cotidiano escolar é que nossos alunos não

se sentem seguros em autodeclarar-se negro. Ter autonomia para declarar-se negro

ou pardo é um processo de aceitação e reconhecimento por parte de cada pessoa. É

necessário que no espaço escolar sejam desenvolvidas atividades que garantam tal

autonomia.

Na abordagem sobre diversidade étnica, por meio de dados da ficha de

matrícula e dos dados estatísticos do censo demográfico do ano de 2010, referentes

à cor/raça a turma percebeu a diversidade num contexto histórico próximo, do qual

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ele faz parte. Cabe ressaltar os vários questionamentos sobre a relação “cor” e etnia,

apontados pelos alunos: “Quem realmente conhece uma pessoa branca?

Associando esta cor com alguns objetos como cal, leite” (A.C.V. Estudos Étnicos, 3º

A, 2014). Imaginem uma pessoa amarela? (G.B. Estudos Étnicos, 3º A, 2014). Acho

que as cores deviam ser substituídas por etnias/raça, como acontece com a

categoria indígena, ao invés de aparecer a cor preta, devia ser negro.” (P.M. Estudos

Étnicos, 3º A, 2014). As cores de pertencimento racial do povo brasileiro, segundo

estas observações feitas pelos estudantes, deviam ser revistas, considerando falho

a autodeclaração da identidade por meio de cores, e também, que o povo brasileiro

é formado por uma diversidade étnica. Portanto, a autodeclaração devia estar

relacionada com as etnias e não com cores.

Foi pertinente a discussão e reflexão sobre os dados do censo demográfico,

bem como sobre as cores que fazem parte do questionário do IBGE. O diálogo que

se levou adiante foi a análise dos números do censo de 2010, os quais procuram

mapear a realidade da sociedade brasileira (IBGE, 2011). Na observação dos dados

percebeu-se que a soma dos números de negros e pardos (97 milhões de pessoas)

ultrapassam a população branca (91 milhões de pessoas). Ao pesquisarem sobre os

dados dos censos demográficos anteriores perceberam que o número da população

branca sempre foi maior, nesta circunstância foi discutido a questão da

autodeclaração e o porquê muitos negros se autodeclaram brancos:

Segundo os dados do censo de 1980, os brancos constituíam maioria (54,2%), vindos a seguir os mestiços, sobretudo mulatos (38,8%), os negros (6,0%), os amarelos (0,6%) e os sem declaração de cor (0,4%). É possível que os números de brancos esteja exagerado pela interiorização do preconceito por parte de pessoas que preferiram declarar-se “brancas” a declarar-se mestiças. (FAUSTO, 2002, p. 531)

Tendo em vista os dados do censo demográfico e as categorias de cor/raça,

foi realizada uma discussão intensa sobre a identidade negra. De acordo com

MUNANGA (2004):

Parece simples definir quem é negro no Brasil. Mas, num país que desenvolveu o desejo de branqueamento, não é fácil apresentar uma

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definição de quem é negro ou não. Há pessoas negras que introjetaram o ideal de branqueamento e não se consideram como negras. Assim a questão da identidade do negro é um processo doloroso. Os conceitos de negro e de branco tem um fundamento etno-semântico, político e ideológico, mas não um conteúdo biológico. Politicamente, os que atuam nos movimentos negros organizados qualificam como negra qualquer pessoa que tenha essa aparência. Portanto, por mais que tenha uma aparência de branco, a pessoa pode se declarar como negro. (MUNANGA, 2004)

A questão da identidade racial está relacionada com a formação ideológica,

portanto, como afirmar, diante da diversidade étnica brasileira, que “este” ou “aquele”

não descende de negros e não pode autodeclarar negro e concorrer as vagas

reservadas aos afrodescendentes?

Foi discutido o conceito de preto, negro, negritude, afrodescendente, africano,

pardo, mestiço, “mulato”6, conceitos que auxiliam na construção da identidade racial,

contribuindo para que a turma pudesse perceber sua própria identidade. Durante

esta construção de conhecimento foi levantada a questão de cotas para alunos

negros, o que parece impossível trabalhar a temática História e Cultura Afro

Brasileira sem mencionar o sistema de cotas. A maioria da turma do 3º ano A- 2014

posicionou-se contra esta política e sustentou sua opinião com os seguintes

argumentos:

A escola pública oferece, atualmente, condições igualitárias para aprendizagem: transporte escolar, livros didáticos, acesso à biblioteca, laboratório de informática, merenda, tudo gratuito à todos, por isso não cabe diferenciar, privilegiando os negros. (D.C. Estudos Étnicos, 3º A, 2014)

Outro Argumento:

O sistema de cotas, talvez, seja uma forma de preconceito, de discriminação, pois diz que os negros não são capazes de disputar as vagas com os brancos. Sei de colegas meus que não optaram por disputar as vagas reservadas para não dizerem que eles passaram só por causa das cotas.” (T.C. Estudos Étnicos, 3º A, 2014)

6 SANTOS, neste artigo é abordado os vocábulos referentes a identidade étnica e raciais que são

construções sociais e históricas.

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Ser favorável ou desfavorável à política das cotas exige um posicionamento

subsidiado em argumentos, concordo ou não concordo é muito vago, precisamos

aprofundar a leitura sobre o assunto. É uma discussão pertinente e necessária, pois

faz parte do processo histórico democrático em que vivemos. A polêmica foi intensa,

o que exigiu embasamento teórico7 para defenderem suas respectivas ideias. Foi

salientado, que tanto a Lei 10.639/03 como as vagas reservadas para negros em

concursos foi uma conquista do Movimento Negro, o qual cobrou reparação à

exclusão educacional e econômica. Neste momento de interação foi reforçado a

importância da mobilização e da organização, seja qual for o grupo, cidadãos

conscientes e ativos para fazer valer seus direitos.

Em nossa organização social nos deparamos, em diversas situações com

questionários, os quais objetivam retratar informações que embasam o

direcionamento de ações políticas, culturais, econômicas e pedagógicas. Para

trabalhar a diversidade nada melhor que partir do contexto em que vivemos, neste

sentido foi aplicado um questionário sobre informações pessoais, referente à

cor/raça, sobre a diversidade na escola e cidade, e sobre eventuais fatos que

ocorreram na escola e atingiram agressivamente seus colegas por causa da

cor/etnia, considerando que:

É através da percepção de suas experiências de vida que o aluno pode incorporar com maior propriedade os saberes escolares de forma crítica e contínua, melhorando sua compreensão do mundo e ampliando sua ação e interação social. Desse modo, o estudo da História deve partir da compreensão e reconstituição da vida cotidiana para que seja possível entender essa dimensão na vida das outras pessoas e perceber que o homem, vivendo em sociedade, cria desde costumes pessoais até grandes ideias. (BRODBECK, 2012, p.15)

Por meio do questionário sobre diversidade, percebeu-se que os estudantes

reconhecem a diversidade étnico-racial no meio escolar, e das vinte e duas

respostas do questionário, quatro estudantes presenciaram acontecimentos

7 Livro: África e Brasil Africano de Marina de Mello e Souza; Artigo: Diversidade, Identidade,

Etnicidade e Cidadania de Kabengele Munanga; Entrevista concedida por Kabengele Munanga sobre:

A ruína do mito da democracia racial; Palestra sobre Inclusão social, proferida por Munanga no 2º

congresso do IBE (Instituto de Estudos Brasil Europa); Texto: O que é ser cidadão de Jaime Pinsky;

Documentário: Café com Leite, água ou azeite.

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preconceituosos que atingiram agressivamente seus colegas por causa da sua

cor/etnia, porém não relataram o fato ocorrido. Uma das constatações que vale a

pena destacar foi o posicionamento de uma aluna, a qual primeiramente assinala a

alternativa que já presenciou um acontecimento preconceituoso, relata o fato, mas

no momento de entregar altera a opção assinada e também o relato.

Durante a realização das atividades da Unidade 1, do Caderno Pedagógico,

que tratou sobre a Diversidade Étnica no Contexto Escolar do C.E. João Negrão

Júnior e no Município de Teixeira Soares, os estudantes demonstraram interesse na

discussão, posicionaram-se criticamente diante da temática, colocando suas

opiniões, assim contribuindo para o aprofundamento do diálogo sobre diversidade

étnico-racial.

O reconhecimento da diversidade étnico-racial no contexto escolar do C.E. João Negrão Júnior e dos dados estatísticos do censo demográfico do Município de Teixeira Soares inseriu os estudantes no universo da “diversidade”, levando-os a refletir sobre sua identidade étnico-racial. (JACOBY, Nelsi. Parecer da Equipe Pedagógica, jun. 2014)

No segundo momento de discussão foi exposta a trajetória de luta e

resistência contra a exclusão social e econômica e a intensa cobrança do

Movimento Negro para a consolidação de seus direitos de cidadão.

Ao trabalhar o texto “O Nascimento de um cidadão” de Moacyr Scliar, a pauta

de discussão foi sobre discriminação racial e econômica, levantando a seguinte

reflexão: as duas formas de exclusão estão relacionadas?

Estabelecendo uma intertextualidade, um estudante mencionou o texto “A

última Crônica” de Fernando Sabino (SABINO, Fernando. As melhores crônicas de

Fernando Sabino. Rio de Janeiro: Record,1999), que retrata uma família negra

pobre, que não se deixa abalar pela situação financeira e comemora o aniversário

da filhinha de forma simples e humilde. Ambos os textos proporcionaram reflexões

sobre a questão econômica que afeta grande parte da população negra brasileira.

Este diálogo motivou os estudantes a comentarem muitos casos de discriminação

racial envolvendo celebridades foram citados pela turma, porém quando os

questionei sobre fatos ocorridos no nosso contexto escolar, não teceram

comentários.

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Sabemos que de acordo com a Constituição de 1988 (BRASIL. Constituição,

1988), conhecida como “constituição cidadã”, no seu artigo 5º: “todos somos iguais

perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, garantindo aos brasileiros e aos

estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à

igualdade, à segurança e à propriedade. Percebe-se um paradoxo, a igualdade

utópica, pregada pela Constituição e a desigualdade real, vivenciada por muitos

brasileiros.

Será então, que as leis, decretos, estatutos conseguirão realmente resolver

ou amenizar os problemas de desencontros raciais que interferem no setor

econômico e social? As políticas públicas de ações afirmativas podem reparar os

quatro séculos de negação de direitos à saúde, educação, moradia digna e

cidadania plena?

Não basta a criação de leis e estatutos que garantam direitos de igualdade, é

necessário uma mobilização para romper as ideologias de superioridade, pois:

Não existem leis no mundo que sejam capazes de erradicar as atitudes preconceituosas existentes nas cabeças das pessoas, atitudes essas provenientes dos sistemas culturais de todas as sociedades humanas. No entanto, cremos que a educação é capaz de oferecer tanto aos jovens como aos adultos a possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos introjetados pela cultura racista na qual foram socializados. (MUNANGA, 2008, p.13)

Ao propor diálogo e reflexão sobre o que é ser cidadão no Brasil atual e sobre

a construção histórica da conquista do exercício da cidadania do negro na sociedade

brasileira, percebeu-se que o preconceito racial foi propagado como uma ideologia

de dominação, foram muitos os fatos que excluíram e marginalizaram os negros. De

acordo com Nilma Lino Gomes (2007), o racismo é visto como um problema cultural,

moral e de mentalidade, sendo o preconceito racial construído ao longo dos anos por

interesses políticos e econômicos. Constata-se então, que o preconceito não é

natural do ser humano, portanto pode ser desconstruído.

De acordo com a lei 9394/96, artigo 22 “a educação básica tem por finalidade

desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o

exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores” (BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as

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diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da República Federativa do

Brasil, Brasília, DF, v.134, n. 248, 23 dez. 1996.) Assim, as atividades implementadas

do Caderno Pedagógico “As relações étnico-raciais no contexto escolar”, procurou

estabelecer relação entre a educação, a prática social e a formação da cidadania.

Foi proposta uma atividade de pesquisa sobre fatos e ações afirmativas8

contra o preconceito racial, enfatizando a consolidação da cidadania, pois esta é um

processo em contínua construção. Após a pesquisa foi proposto o exercício de

socialização do conhecimento em duas fases, sendo a primeira em classe e a

segunda para os colegas das demais turmas da escola, tendo em vista a integração

dos estudantes, numa perspectiva de troca de saberes e desconstrução de

ideologias preconceituosas, pois a:

A sala de aula não é apenas um espaço onde se transmite informações, mas onde uma relação de interlocutores constroem sentidos. Trata-se de um espetáculo impregnado de tensões em que se torna inseparável o significado da relação entre teoria e prática, ensino e pesquisa. (SCHMIDT, 2005, p.57)

Considerando a importância da conscientização dos colegas sobre o respeito

à diversidade étnico-cultural. Os estudantes do 3º Ano A, do ano letivo de 2014

cumpriram o desafio, propuseram um momento para “Estudos raciais”, dialogaram e

refletiram com seus pares sobre a trajetória histórica étnica do nosso país, a história

do Brasil e o problema da identidade nacional. Os alunos assumiram o papel de

multiplicadores de ideias e reconheceram que podem fazer a diferença como

sujeitos históricos responsáveis pela construção do conhecimento, como podemos

perceber nos depoimentos abaixo:

Os estudos étnicos trouxe várias informações que não sabíamos. Nos motivou a ser propagadores da ideia que todos somos iguais, independente da cor/raça. Ficamos conhecendo várias leis que nem sabíamos que existiam em favor dos negros. Por exemplo a lei 10.639/03 de 09 de janeiro

8 Formação de Quilombos; Revolta da Chibata; Comunidades Quilombolas na PR; Conferência de

Durban e aprovação da Lei 10.639/03; 21/03- Dia Internacional de luta pela eliminação da

discriminação racial; Marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo; Entidades do Movimento Negro:

Agentes de Pastoral Negros; Comunidades Negras Rurais; Fórum Nacional de Entidades Negras;

Fórum de Mulheres Negras; Movimento Negro Unificado; Movimento pelas Reparações: União de

Negros pela Igualdade. Dia da consciência negra: 20 de novembro.

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de 2003, que tornou obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Depois deste estudo nos tornamos propagadores de ideias de um mundo sem discriminação. (D.J.C.e R.A.W. Estudos Étnicos, 3º A, 2014)

Outro depoimento sobre o trabalho Étnico-racial:

Os estudos étnicos-raciais trouxe muitos benefícios, nos mostrou coisas que nós não sabíamos. Alguns conceitos foram revistos: preconceitos, racismo, democracia racial, discutimos o que é ser negro no Brasil de hoje. E também esclareceu coisas que tínhamos dúvidas. Os seminários também trouxeram conhecimento. Todos soubemos explicar, pois pesquisamos e aprofundamos leitura. (T.E.M. Estudos Étnicos, 3º A, 2014)

Nos relatos percebe-se que realmente houve interação entre os estudantes,

cumprindo os objetivos propostos pelo Caderno Pedagógico “As Relações Étnico-

Raciais no Contexto Escolar”, e que estes demonstraram-se ativos na divulgação

das ideias contra a discriminação racial.

Para nós o estudo das relações étnico-raciais foi muito útil. Com ele aprendemos que todos temos nossos preconceitos por menores que possam ser, mas que podemos mudar essa situação, só depende de nós mesmos. Aprendemos também que racismo, preconceito e discriminação são três atitudes diferentes, mas que surgem do local, da mente fechada. Chegamos a conclusão de que sozinhos não podemos fazer muita coisa, não temos força suficiente, mas que em grupo nós somos fortes, nós podemos fazer muito pelo nosso país. (C.E. e J. M. Estudos Étnicos, 3º A, 2014)

Abordar a diversidade no espaço escolar é um desafio constante, pois a

ideologia racista contra os negros foi tão bem articulada que está impregnada na

sociedade, é preciso levantar reflexões sobre a construção da sua cidadania,

pontuando suas contribuições para a formação histórica e cultural do Brasil. Cabe a

nós profissionais da educação, mediante diálogo com as políticas públicas,

estabelecer estratégias para que a escola deixe de ser um mecanismo de exclusão

social, mobilizando nossos estudantes para que reconheçam a problemática, reflitam

e assumam o compromisso de gerar mudanças.

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4. Considerações Finais

A linha de estudo História e cultura Afro-Brasileira e Africana oferece várias

possibilidades de abordagens, não se esgota a discussão, sempre há um elemento

inovador que gera, acrescenta e abre uma nova proposta para o diálogo.

Desta forma, na elaboração do Plano de Trabalho Docente é fundamental que

todos os educadores procurem articular os conteúdos de suas disciplinas com a

educação das relações étnicos-raciais, valorizando todas as etnias e destacando a

importância de ações dinâmicas voltadas ao reconhecimento e respeito à pluralidade

cultural, previstas pelas políticas públicas para a educação básica, não com o intuito

apenas de cumprir a lei 10.639/03, mas com uma visão inovadora embasada na

consciência histórica.

Considero Kabengele Munanga um grande referencial para a temática, pois

enfatiza que não é um ativista negro e sim um militante intelectual. Em sua palestra

proferida no 2º Congresso Anual do Instituto de Estudos do Brasil Europa (IBE)

ocorrido em março 2013, em Belém, discutiu ações afirmativas e ressaltou que “só o

discurso não é suficiente para acabar com o racismo”. Sendo assim, precisamos

envolver na discussão toda a comunidade escolar, lembrando que as ações

afirmativas fazem parte de um processo contínuo, e que o combate ao racismo

contra os negros não diz respeito somente aos professores e alunos negros, nem é

tarefa exclusiva dos professores de História. Reconhecer, compreender e respeitar

as diferenças é o nosso grande desafio educacional.

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