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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Page 1: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · História das mentalidades e história cultural, p.57). Existe portanto, acerca de uma Existe portanto, acerca de uma realidade,

Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A CONTRIBUIÇÃO DA ERVA MATE NA HISTÓRIA DO PARANÁ: UMA EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA

Valentin Hoinatz de Andrade

Professor de História e Filosofia da rede pública estadual,

SEED,Pr, Pós graduado em educação.

Prof.ª Dr.ª Maria José Menezes Lourega Belli

Professora Doutora da UTFPR, Orientadora.

Resumo

A erva mate permeia a história do Paraná desde os povos indígenas a atualidade, alterando as paisagens regionais e estimulando a formação de atividades produtivas complementares. Sua exploração abriu espaços políticos que contribuíram para a emancipação política do Paraná. A economia ervateira envolveu um conjunto de trabalhadores desempenhando funções diferenciadas que compreendia o plantio, colheita e comercialização, estimulando praticas industriais e exportadora. Reunindo recursos gerados pela economia ervateira, a elite intelectual como Vitor Ferreira do Amaral e Nilo Cairo criaram a Universidade Federal do Paraná, e este processo político, econômico acabou por desenvolver um sentimento paranista que destacava referenciais dados pelo conhecimento científico gerados por uma comunidade acadêmica. A vinda de imigrantes acarretou maior dinamismo sobre a erva mate, a medida que trouxe e consolidou novos hábitos, técnicas e costumes. Movimentou a economia do Paraná por aproximadamente 80 anos, projetando o Estado na economia internacional a medida que concorreu com outros produtos como o chá da China e o cacau. Muitas empresas surgiram em torno da exploração da erva mate, porém poucas perseveraram, haja vista a crise de 1929 que levou muitas empresas à falência, afetando os investimentos industriais e relações de trabalho. A fábrica Matte Leão fundada em 1901 em Curitiba, especializada em chá mate, garantiu espaço no mercado interno e externo superando os desafios de época e atendendo as demandas cada vez mais exigente. Hoje, embora a erva mate não seja a principal atividade econômica do estado, é inegável seu papel na formação da sociedade paranaense.

Palavras Chave: Erva mate, economia, Mate Leão, Universidade, urbanização, cultura.

Meus agradecimentos a professora Maria José Menezes lourega Belli, minha orientadora, a UTFPR, aos colegas

professores do PDE, a direção do meu colégio aos meus familiares e a Deus acima de tudo.

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INTRODUÇÃO

Com o intuito de valorizar a nossa história, nossa terra, nossa gente e nosso Estado, é que nos propomos a estudar com os alunos a contribuição da erva mate na história do Paraná. É também, a cima de tudo motivá-los a estudar história com sentimento de pertencimento e responsabilidade, tornando-se não apenas sujeito, mas agentes de sua história na construção da sociedade em que vive e se desenvolve.

A motivação em desenvolver esta proposta de trabalho passa primeiramente em convidar o aluno a participar das aulas de História e se integrar como membro da turma por meio das relações ensino-aprendizagem. Deste modo, destaca-se o sentimento de pertencimento em um grupo que no dia a dia escolar realizará estudos sobre a contribuição da erva mate na história do Paraná. Deste modo, a construção do conhecimento passa pela coesão e motivação do grupo que é estimulado a interagir com várias formas de narrativas, de modo a gerar um espaço de circulação e criação do conhecimento.

O objetivo é agregar formas culturais onde memória e história conectam-se. Analisar como foi se criando através da exploração, do beneficiamento e consumo, uma rede de sociabilidade que redimensionará os espaços sociais, culturais e físicos. Envolver os alunos sujeitos na prática da pesquisa, criando um censo de participação no processo de construção do conhecimento, estimulando a autonomia em desenvolver de forma continuada novos conhecimentos sobre esta temática. Relacionar nesse processo a formação da cultura e identidade do povo paranaense com a erva mate. Analisar a economia da erva-mate focando mudanças e permanências e desenvolver uma correferência esclarecedora da realidade do Estado o qual ele mora e também interage, como um sujeito participante em um espaço social. Compreender como a internacionalização da economia impactou na fábrica Mate Leão gerando novas inserções da erva mate no mercado.

Nesta perspectiva, o professor exerce importante papel de instigar seu aluno a compreensão de sua própria história já que este sujeito possui uma memória histórica coletiva de seu ambiente social. Entretanto, pretendemos motivar o aluno para uma compreensão do espaço, enquanto paisagem que se modifica através das práticas sociais, Segundo as DCE (Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, 2008), os conteúdos devem estar relacionados a várias metodologias, o que nos propõe a realizar ações diferenciadas para o conhecimento e motivação de nossos educandos, tornando as aulas mais atrativas, prazerosas dando importância e valorizando as visitas a parques, museus, instituições, monumentos, na tentativa de solucionar a problemática da desistência, evasão e reprovação.

O presente trabalho tem como embasamento teórico, autores de obras que tratam especificamente de questões do ensino de história numa nova perspectiva da historiografia e obras sobre a erva mate, seu espaço, importância e influência na história do Paraná e na formação da identidade do povo paranaense. As principais referências utilizadas foram dos seguintes autores: Chartier, sobre a circularidade do conhecimento e apropriações; Naxara, paisagens identitárias e sentidos de pertencimento; Wachowicz, Ruy, A universidade do mate, sobre a criação e as fases da Universidade Federal do Paraná; Oliveira; Denison Urbanização e industrialização

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do Paraná e relações com a erva mate. Schmidt, Maria Auxiliadora, construindo conceitos no ensino de história, Ensinar história; Secretaria de Estado da Educação, Caderno pedagógico de história do Paraná.

Contextualização Histórica

Através da economia da erva mate podemos compreender de que forma a sociedade mobilizou estratégias para desenvolver uma economia de processos integrativos, seja com as comunidades locais como nacional e internacional. A extração da erva mate e consumo revelam mudanças no espaço social e um conjunto de hábitos, costumes que constituem a própria história do povo paranaense. Os ervais foram se alastrando para o interior do Paraná, devido ser uma economia crescente que foi conseguindo espaço no mercado interno e externo. Com essa atividade ervateira, o Paraná foi se estruturando, abrindo estradas, fundando vilas e cidades, por exemplo, a estrada de ferro Curitiba Paranaguá.

Com a chegada dos imigrantes no Paraná ocorreu uma diversificação das atividades produtivas, mudanças no espaço urbano curitibano e novas tecnologias e técnicas foram adotadas no beneficiamento do mate. Estas relações de trabalho apontam diferenças entre as práticas culturais entre nativos e os trabalhadores assalariados, no que diz respeito à extração e beneficiamento, quanto no consumo e comercialização.

Nas comunidades indígenas o trabalho na extração e preparo da erva-mate era realizado por todos os membros da tribo em caráter familiar de subsistência e sem grande impacto no meio ambiente. Envolvia as famílias da comunidade e lhe atribuíam um sentido vital e mitológico

Nas comunidades de exploração de mercado, as relações de trabalho se davam dentro de um contexto de exploração e de mercado. Nessa segunda fase de exploração e dinâmica da economia ervateira, o trabalho e a produção aconteciam numa nova ótica de mercado, com uma expectativa de lucro e desenvolvimento em busca do progresso. Nesse contexto as atividades eram realizadas por todos os membros da família e da comunidade, homens e mulheres, jovens e velhos, ricos e pobres, crianças e todos desempenhavam alguma função, porém, a obtenção de resultados e lucros era distinta conforme o poder de atuação, domínio e controle de produção. Nesse contexto mão de obra infantil era adotada sem sofrer restrições .

O processo produtivo foi adquirindo maior complexidade para atender as exigências e demanda de mercado. Em razão disso, foi surgido e se ampliando as técnicas e tecnologias que foram assim aprimorando o produto “erva-mate” como mercadoria de mercado lucrativo. É importante salientar que foi nesse período, com essa atividade produtiva de mercado que surgiu no Paraná as primeiras noções e organizações de classe operária na indústria e no comércio, haja vista, que o trabalho de extração, beneficiamento e comercialização da erva mate exigia trabalho em série e diferenciado, formando assim, categorias trabalhistas e sociais.

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Portanto, percebe-se nesse contexto, diferentes grupos sociais com práticas e perspectivas diferentes sobre o mesmo objeto. Evidencia-se mecanismos de apropriação e reapropriação que dão encaminhamentos diferentes nos princípios do capitalismo que estabelecem novos hábitos e costumes. Segundo Roger Chartier, “todas as práticas, sejam econômicas ou culturais dependem das representações utilizadas pelos indivíduos para darem sentido ao seu mundo” (NICOLAZI, Fernando. História das mentalidades e história cultural, p.57). Existe portanto, acerca de uma realidade, múltiplas linguagens táticas e criatividade entre os sujeitos em torno do objeto, de em estudo e vivências.

Os moinhos e locais de beneficiamento da erva se faziam nas vilas e cidades emergentes, aí também se desenvolvia o comércio e consequentemente exigia-se escolaridade e formação para a comunidade, isso contribuiu para a construção de escolas e até a criação da universidade em 1912. A economia ervateira se organizou com caráter urbano, diferentemente da pecuária em que os fazendeiros se concentravam no interior. A produção da erva mate e a criação de gado foram duas economias que coexistiram simultaneamente, porém tinham áreas de atuação, características e interesses distintos, uma para o interior e outra urbana.

É nesse cenário que a erva mate vai fazendo parte da cultura e da identidade do povo paranaense. Portanto, além de sua contribuição econômica, a erva mate criou laços culturais, patrimoniais, tradições, costumes e hábitos revelando assim a identidade natural e social do povo paranaense.

No campo da cultura foi onde houve maior influência, pois se tratando de uma economia de mercado, realizada nas vilas com caráter urbano, exigia escolaridade e cultura de seu povo para atender o dinamismo e as expectativas de indústria e mercado. Foi nesse contexto que contribuiu e fundamentou a criação da universidade do mate –UFPR. Fundada em 19 de dezembro de 1912 a Universidade do Mate se deu com a união e esforço da elite intelectual e política paranaense representada nesse momento por Vitor Ferreira do Amaral e Nilo Cairo, apoiados pela expressiva economia ervateira e pelo tropeirismo e criadores de gado da região. Nessa época a sociedade paranaense buscava uma identidade característica cultural e a superação da perda do território do Contestado. Isso representou o despertar da consciência política e da importância da ciência dentro dos princípios e fundamentos do positivismo.

Nesse período, um grupo de intelectuais e políticos passaram a organizar um novo projeto de estruturação para o Paraná, criando algumas instituições representativas como o Instituto Histórico e Geográfico do Paraná (1900), a Universidade do Paraná (1912), o Centro Paranista (1927), e o Circulo de Estudos Bandeirante (1929). Todos esses projetos tinham como objetivo a emancipação do Paraná nos aspectos econômicos e sociais.

O principal representante do regionalismo no Paraná (paranismo), Romário Martins, exaltou o mate e o pinheiro como símbolos do Paraná na construção da identidade do povo paranaense.

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“A partir da década de 1920, buscou-se agregar a sociedade paranaense- os

nativos e os de origem imigrante, não sem tensões, pela exaltação da terra e pela criação de uma simbologia vinculada à natureza e à produção agrícola: o mate, a araucária, o pinhão. Os paranistas procuraram construir uma história a partir de características naturais e simbologias lendárias, criando um passado comum aos habitantes do Paraná” (NAXARA. Marcia Capelari-Paisagens Identitárias e sentimentos de pertencimento, Ed. UFPR)

Nessa época, somou-se a expressão da economia ervateira com a busca de uma identidade característica e representativa para o Paraná que precisava se projetar política e socialmente no cenário nacional.

“um dos campos privilegiados para a construção de uma identidade regional

será construção de um discurso histórico para o Estado do Paraná, a busca de um ponto zero que faça com que a população se identifique com um passado comum. Era preciso forjar as tradições paranaenses e a historiografia será um dos instrumentos para tal construção” (PEREIRA, 1997, p. 99, citado por Vânia Moura-PDE 2008).

O desenvolvimento economia da erva mate acabou se redimensionando além das práticas de mercado e das decisões políticas, ocorreu a formação de uma representação cultural que buscava definir o povo e a vocação paranaense em um universo nacional. Esta perspectiva foi gradativamente se alterando na medida em que ocorre um redesenho econômico e político entre as regiões paranaenses e as dinâmicas nacionais e internacionais relações regionais. Foi a partir de 1950 que acentuou o declínio da erva mate devido a diminuição da exportação para a Argentina que passou a desenvolver sua produção. Na sequência da perda do mercado argentino, Uruguai também monta seu parque moageiro afetando ainda mais a exportação da erva mate brasileira. Um terceiro momento de diminuição da produção do mate foi a tomada de espaço pela agricultura paranaense de culturas como o café e depois a soja, trigo, milho e feijão no sudoeste e oeste do Paraná.

Durante cerca de 80 anos a erva mate movimentou a economia do Paraná, estimulando o emprego, a urbanização e o transporte de navegação do Iguaçu, Porto Vitoria, Porto Amazonas e por estrada de ferro de Curitiba-Paranaguá e Antonina de onde era exportada para o exterior, além do consumo e mercado interno. Muitas empresas surgiram em torno da exploração da erva mate, durante seu período de maior expressão comercial. No entanto, enquanto outras empresas faliram ou migraram para outras atividades diante da crise e do declínio da economia ervateira, a Matte Leão sempre se articulou, se redimensionou, enfrentou desafios e exigências de mercado, adequando-se com criatividade e criando novos mercados.

A fábrica Mate Leão Junior & Cia S.A, fundada em 09/05/1901, por Agostinho Ermelino de Leão Junior com matriz em Curitiba, na Avenida Presidente Getúlio Vargas,253 foi a que mais prosperou e soube se adequar aos desafios e exigências do mercado nas mais diversas fases. É uma empresa moderna, que visa o desenvolvimento sustentável, atende às preocupações ambientais, com dinamismo voltado para as responsabilidades sociais. Hoje a Mate Leão está instalada no município de Fazenda Rio Grande-PR. e desde 2007, pertence ao grupo Coca –Cola, abastecendo o Brasil e o mundo com seus chás e derivados.

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No final do século XX, empresa Matte Leão, passou a enfrentar novos desafios como a política de internacionalização da economia desenvolvida pelo governo federal. A abertura de mercado seja pelas privatizações ou pela entrada de novas empresas afetou a economia paranaense desencadeando uma desnacionalização.

Em 2007 foi adquirida pela Coca-Cola Brasil e hoje está instalada na Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, são 110 anos de dedicação exclusiva aos chás, sendo líder absoluta no mercado, produzindo e comercializando mais de 100 produtos. A Matte Leão é uma empresa que se modernizou atendendo as exigências ambientais e segue princípios autossustentáveis, está constituída numa área de 110 mil metros quadrados, com 20 mil metros de área construída, sob os princípios da bioarquitetura causando o menor impacto ao meio ambiente. Possui mais de mil funcionários capacitados e envolvidos no processo de produzir com qualidade aos consumidores do Brasil e do exterior. Além de toda a responsabilidade social, a Matte Leão patrocina atividade esportiva de vôlei como olimpíadas e aula de vôlei para alunos de escolas municipais carentes de Curitiba.

A indústria Mate Leão, deixou de ser uma empresa familiar, ou uma empresa de capital aberto e passou a ser uma multinacional. Estas mudanças revelam não só parte da história do Estado do Paraná e sua política econômica, mas apontam para um processo de desnacionalização aonde o trabalhador também é redefinido como assalariado em um mercado globalizado que busca vantagens comparativas.

No contexto das mudanças e permanências consideradas na história das sociedades em movimento e no cotidiano dos indivíduos muitos historiadores e pensadores apontam para uma preocupação de envolvimento e participações como afirma Le Goff que revela um cansaço de uma história intoxicada de infraestrutura ou com uma história social de cunho analítico ou abstrato. Trata-se de realizar uma tarefa das mais caras e difíceis para o historiador: compreender como os homens se compreendem. É em meio a este “mar” de informações históricas analíticas e ideológicas que o ensino da história pode se apresentar como distante ou desconectada da realidade cotidiana dos alunos e assim desmotivada segundo a ótica dos estudantes. Essa angústia se revela quando escutamos dos alunos a pergunta “para que serve a história?” ou O que “isso” tem a ver com a gente? ou com a realidade de hoje?”

Para ensinar história em rupturas e continuidades com dinamismo e atrativos devemos pensar na adequação dos currículos escolares e conteúdos organizados de acordo com as necessidades da sociedade contemporânea. Sobre esta adequação, Citron alerta que hoje em dia, num mundo revisto e modificado pela ciência pós-newtoniana, que linguagens, que chaves, que estrutura de saberes utilizar para dar aos jovens, a partir da sua diversidade familiar e social, os meios para descodificarem o mundo que os rodeia, para traçarem as suas referências numa cultura tecnológica, audiovisual, informatizada. CITRON, (1990, apud Gonçalves, GN, 2011, p. 937). Seguindo essa preocupação, Maria Odila lembra os historiadores sociais das mentalidades empenhados na construção de conceitos capazes de relacionar o cotidiano dos indivíduos concretos “aos sistemas abstratos e aos processos históricos em que estavam inseridos”. DIAS, M (1992, pp.45-46 apud, Ciampi p. 243).

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Desenvolver a explicação a partir da perspectiva dos próprios sujeitos, muitas vezes sujeitos que estão se constituindo como tais, perdidos, às vezes, na coisificação da vida que os bloqueia e silencia. MARTINS (1993, Apud Ciampi, H, p. 250). Quando discutimos sobre temporalidades, a história no tempo e no espaço, devemos considerar que o historiador deveria estabelecer um dialogo entre permanências e mudanças.

Tantos desafios nos leva a definir ações que envolva e comprometa cada vez mais os educandos nos processos de ensino, numa perspectiva de pertencimento como sujeitos e agentes da história. Uma alternativa estruturante e significativa é incluir a história do Paraná na grade curricular como uma disciplina efetiva. Pois além de evidenciar o pertencimento e corresponsabilidade, valoriza também o nosso estado, nossa terra e nossa gente. Segundo as DCE (Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná, 2008) os conteúdos devem estar relacionados a várias metodologias, o que nos propõe a realizar ações diferenciadas para o conhecimento e motivação de nossos educandos, tornando as aulas mais atrativas, prazerosas dando importância e valorizando as visitas a parques, museus, instituições, monumentos, na tentativa de solucionar a problemática da desistência, evasão e reprovação. Por essa razão, a presente proposta de pesquisa e intervenção pedagógica, tem a pretensão de trabalhar o conteúdo específico, a contribuição da erva mate na História do Paraná.

Considerações sobre o GTR – Grupo de Trabalho em Rede

O Programa de Desenvolvimento Educacional -PDE é uma política de Formação Continuada de Professores desenvolvida pela SEED-PR que proporciona aos Participantes subsídios teórico-metodológicos para o desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, objetivando o aperfeiçoamento do professor. Os Grupos de Trabalho em Rede –GTR constituem uma das atividades da Turma PDE/2013 e caracterizam-se pela interação a distância entre o Professor PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual, cujo objetivo é a socialização e discussão do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, da Produção Didático-pedagógica e da Implementação do Projeto de Intervenção na Escola, possibilitando a troca de ideias e dos fundamentos teóricos relacionados à Temática proposta entre os educadores do Estado do Paraná. (II seminário integrador 2013-SEED Pr).

Sobre o objeto deste trabalho, “A Contribuição Da Erva Mate Na História Paranaense”, destaca-se a seguir algumas considerações relevantes dos participantes do GTR.:

Na maioria das contribuições dos cursistas, verificou-se a preocupação de ensinar aos alunos a história do Paraná buscando envolver o aluno de modo a ele assumir uma postura de sujeito e agente de sua história numa perspectiva participativa e comprometedora. “É fundamental valorizarmos a História do Paraná no currículo escolar! É importante que o aluno consiga estabelecer uma relação histórica a partir da nossa realidade local, ou seja, do nosso estado”. “O presente projeto apresenta esta possibilidade ao trabalhar com ferramentas e recursos com os quais

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os alunos se identificam”. No Paraná é muito forte a influência da erva mate na cultura da população e isso devemos levar em consideração.”

“Temos aqui em Fazenda Rio Grande instalada a fábrica da Mate Leão, muitos familiares desses alunos trabalham na fábrica tirando seu sustento(...)”. Somente tais considerações já são importantes para chamar a atenção dos educandos. No entanto, o projeto apresenta várias atividades interessantes, as quais trabalham com imagens, visitas orientadas etc. Essas metodologias são fundamentais no processo de construção do conhecimento histórico da erva mate no Paraná pois propiciam o contato direto e visual do aluno, o qual participa como sujeito que constrói seu conhecimento. Esses encaminhamentos metodológicos permitem maior fixação do assunto estudado. Os alunos não esquecem de uma visita a um museu por exemplo ou de imagens marcantes. Acredito ser essencial envolver os alunos no processo ensino aprendizagem para que os mesmos se sintam autores da própria História.”

Outro aspecto importante que se percebeu nas produções dos participantes é o entendimento da necessidade de se implantar a disciplina de história do Paraná nas diretrizes curriculares para ampliar o ensino, valorização e exaltação do nosso Estado. Vários cursistas aprovam e incentivam a importância da disciplina de História do Paraná em nossa grade curricular. Inserir História do Paraná em nossa grade para estudarmos a nossa história, de nossa terra, de nossa gente, nossas origens. Todos concordam com a relevância do estudo sobre História do Paraná. Por isso, iniciativas em estudar, discutir e implementar de fato a História do Paraná em nosso currículo é a prioridade na hora de selecionarmos o que nossos alunos estudarão. Desta forma é nítido e evidente que estamos diante de duas questões necessárias e resolutivas: Uma é de se trabalhar temas de envolvimento e pertencimento aos alunos como agentes da história, participantes e produtores do conhecimento. A outra é de implantar a história do Paraná na grade curricular. Só assim teremos um estudo da história mais motivador, aulas mais atrativas, estudantes mais conscientes e cidadãos mais responsáveis e envolvidos na sociedade em que estão inseridos.

A troca de experiências e os relatos entre os participantes foram de consenso em que os temas referentes a história do Paraná, como a contribuição da erva mate na história paranaense desperta curiosidade e interesse em saber mais sobre nossa terra e nossa gente. Essa consciência de comprometimento e pertencimento leva os educandos cada vez mais a serem comprometidos com a sua formação e responsáveis pela sociedade a qual pertence .A participação e contribuição dos cursistas deste GTR, foi muito importante para a implementação do projeto, o que resulta em melhoria e qualidade das aulas em nossas práticas pedagógicas.

Projeto de intervenção Pedagógica na escola

A motivação em desenvolver esta proposta de intervenção na escola passou primeiramente em convidar o aluno a participar da História e se integrar ao processo por meio das relações ensino-aprendizagem. Deste modo, destacou-se o sentimento

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de pertencimento em um grupo que no dia a dia escolar realizou estudos sobre a contribuição da erva mate na história do Paraná. Por isso, essa proposta de trabalho e pesquisa se apresentou como uma alternativa de abrir novos espaços de reflexão com objetivo de contribuir na construção do conhecimento sobre a história do Paraná. Possibilitando assim o despertar imaginário investigativo do aluno e o interesse pela pesquisa, através de um estudo prático como visitas a empresas e museus, entrevistas, palestras, seminários, enquetes, exposições de trabalhos na feira de conhecimentos do colégio.

O desafio do professor, nesta perspectiva de trabalho, foi de instigar os alunos à compreensão de sua própria história já que este sujeito possui uma memória histórica coletiva de seu ambiente social. Entretanto, pretendeu-se motivar o aluno para uma compreensão do espaço, enquanto paisagem que se modifica através das práticas sociais. Para isso trabalhou-se com conteúdo específico, a contribuição da erva mate na história do Paraná. O foco da problematização foi trabalhar a questão do desinteresse dos alunos pela história e criar meios didáticos e pedagógicos na prática do ensino de história que despertem nos alunos o interesse a partir do sentimento e consciência de pertencimento. O estudo foi realizado com pesquisa de campo e não apenas na sala de aula, haja vista que o ser humano busca compreender o seu espaço, seu papel e sua função social no mundo.

A implementação do projeto na escola aconteceu com a realização das ações

e atividades, no turno da manhã, com os alunos do 8º ano no Colégio Estadual Dr Décio Dóssi-EFMT, no município de Fazenda Rio Grande, Paraná, com o título, A Contribuição da Erva Mate na História do Paraná. A proposta do projeto foi apresentada primeiramente para a direção do colégio, equipe pedagógica e aos professores na reunião pedagógica que acolheram e apoiaram. O início da implementação se deu com a apresentação da proposta aos alunos do 8ºA, a quem se destinava o referido projeto, sendo bem aceito pela turma que realizou o projeto e

por outros alunos do 1º A e B e 2ºA, além de vários professores que se motivaram, colaboraram e participaram ajudando na realização do projeto.

Iniciamos as ações e atividades de implementação do projeto e o estudo desse tema com um levantamento das informações e conhecimentos prévio dos alunos a respeito. Procurando mostrar que a erva mate foi muito mais que um ciclo econômico e sim um elemento estruturante e significativo para o desenvolvimento do Paraná. Para isso elaboramos e aplicamos um questionário sobre o tema da erva mate e história do Paraná, investigando os seus conhecimentos a respeito, bem como o interesse pelo estudo da história. As considerações e contribuições dos alunos nos aponta a responsabilidade de analisar as nossas ações educativas e indicar alternativas concretas para garantir a efetivação do processo ensino aprendizagem com prazer e entusiasmo. Pois o que realmente importa é combater o desinteresse e desenvolver o potencial de aprendizagem do aluno.

No terceiro momento da implementação dessa proposta os alunos tiveram aulas expositivas bem como análise de filmes, documentários, mapas e dados gráficos, numa concepção histórica, geográfica, política e econômica de tempo e espaço paranaense. Nessa fase trabalhamos conceitos relacionados ao tema da erva mate na história do Paraná, como: A importância da erva nas comunidades indígenas;

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As relações de trabalho na atividade ervateira em diferentes comunidades em diferentes épocas; A Emancipação da província do Paraná; A criação da Universidade do Paraná; A Fábrica Matte Leão. Todos esses temas foram pesquisados pelos alunos, na sequência.

No quarto momento da implementação do projeto corresponde a uma pesquisa na qual os alunos buscaram identificar os aspectos econômicos, políticos e cultural que definiram a característica da sociedade paranaense, na qual estão inseridos. Nessa pesquisa os alunos participaram de entrevistas, palestras, e uma visita à Fábrica Mate Leão, além de conhecer fotos, objetos e curiosidades transmitidas pelas gerações mais antigas. Para realizar as pesquisas a turma foi dividida em grupos, onde cada equipe trabalhou um tema proposto. As equipes pesquisaram, prepararam material, organizaram seminários, apresentações. No desenvolver das ações e atividades do projeto, a turma responsável conseguiu envolver outros alunos e professores que participaram diretamente interagindo com os alunos e suas produções que foram apresentadas e expostas na feira do conhecimento do colégio.

Tivemos uma palestra com o Sr Luiz Otávio Leão, membro da família Leão e ex. Diretor da Fábrica Matte Leão. A palestra ocorreu no refeitório do Colégio Estadual Dr. Décio Dossi, no mês de junho. Participaram dessa palestra os alunos do 8º ano A e mais alunos do 1º e 2º do ensino médio e professores. Os alunos elaboraram um roteiro de perguntas para serem feitas ao palestrante, as quais foram respondidas com muita clareza e muitas informações importantes foram concedidas aos alunos. Luiz Otávio Leão, com muita gentileza nos forneceu muitas informações riquíssimas sobre a história da Matte Leão, sua trajetória desde a fundação, seus momentos de dificuldades, onde, a partir das crises e dificuldades souberam superar e se projetar no mercado. Como é o caso do chá preto, que na crise da exportação gerada pela Guerra Mundial, se readequou e dominou o mercado interno naquele momento. Incentivou os alunos a acreditarem e investirem nas suas expectativas e nos estudos,“é a partir das crises que surgi as grandes alternativas e criatividades”.

No quinto momento, para concluir o projeto, os alunos realizaram uma exposição dos temas pesquisados, na Feira do Conhecimento do colégio, apresentando enquetes, maquetes, imagens, fotografias, vídeos, documentários, entrevistas e curiosidades, chás, chimarrão e outros. Essa fase foi uma das mais gratificantes, pois os alunos tiveram a oportunidade de mostrar suas produções, mostrar seus conhecimentos e mostrar o quanto são capazes. Eles prepararam materiais, organizaram a exposição, mostraram e explicaram aos colegas, aos professores e aos pais. O primeiro momento da exposição foi uma demostração dos alunos para a diretora, equipe pedagógica e professores, onde deram uma aula mostrado e explicando suas produções, onde encantaram os professores e receberam muitos elogios e foram parabenizados. A exposição das produções do projeto foi realizada em 05 blocos ou setores distintos: Universidades Federal do Paraná, uma equipe pesquisou sobre o tema, montou uma maquete, apresentou e explicou aos visitantes, os detalhes e curiosidades. Fábrica Matte Leão, a equipe responsável por esse tema também fizeram uma maquete da fábrica sediada em Fazenda Rio Grande Pr, explicaram o histórico e os aspectos principais com muita clareza e convicção. Sobre o Chimarrão, os costumes e tradições relacionadas à erva mate foi montado um espaço para apresentação com quite de chimarrão, cuias, bombas, erva, com

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todos os apetrechos para explicação e demostração onde foi servido o mate aos visitantes e membros da comunidade escolar que participaram da feira e exposição. Foi uma atividade muito bem prestigiada e valorizada em que os alunos se motivaram e desempenharam com entusiasmo obtendo êxito. Sobre a Erva Mate, desde o cultivo, produção, comércio e consumo nas várias comunidades e fases, foi demostrado através de imagens e fotografias com a montagem de painéis, cartazes, além de uma sessão de vídeos, documentários entrevistas e músicas que mostraram as atribuições da erva mate e sua contribuição na história paranaense.

Fez-se no final das ações e atividades um “feedback” com oque foi atingido, o aprendizado e as expectativas da turma sobre a proposta e o trabalho realizado. Ao retomar o questionário investigativo sobre os conhecimentos, pré requisitos e conhecimentos prévios dos alunos, depois de realizado as pesquisas e os trabalhos das ações e atividades previstas, podemos constatar vários avanços e motivações sobre a aquisição do conhecimento histórico dos temas propostos. Sobre a pergunta “o que já sabiam a respeito do tema,” demonstraram bastante conhecimento, informações e curiosidades sanadas. Em relação às questões de interesse e motivações, ficou nítido pela atuação e realização das tarefas e demonstrações que se envolveram com entusiasmo numa perspectiva de pertencimento, o que facilitou a realização da proposta. Outro aspecto a ser considerado foi a análise das atas do conselho de classe e resultados finais dos anos letivos de 2011 e 2012, onde apareceram bastante alunos reprovados, desistentes ou aprovados por conselho de classe. No entanto, a partir da realização dessa proposta as notas dos alunos estão todas bem acima da média, já com uma prévia aprovação, inclusive dois alunos que tem aula de reforço nas salas e apoio, com uma desistência e transferência ate o momento. Isso nos leva a concluir que quando envolvemos os alunos nas expectativas e plano de ação, os resultados acontecem com êxito pela responsabilidade e pertencimento dos mesmos. Com isso se evidenciou a importância de se planejar as ações junto com os alunos e estabelecer meta e desafios a serem atingidos, com convicção e corresponsabilidade. Estes procedimentos tiveram um sentido metodológico de pesquisa e pedagógico que visa envolver os educandos em estudos de fatos e situações pertinentes a história da qual eles mesmo pertencem.

Retomando a implementação do projeto

Base e referência para fazer uma análise e verificar a realidade do conhecimento e aprendizado prévio que o aluno já possui sobre o tema em estudos, os instrumentos utilizados foram: um questionário investigativo para realizar a pesquisa diagnóstica, ata dos resultados finais dos conselhos de classe e questionário elaborado pelos alunos para ser usado nas entrevistas ou palestras. O questionário investigativo para pesquisa diagnóstica com 12 perguntas foi aplicado aos alunos do

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8º ano A no período da manha do Colégio Estadual Dr. Décio Dossi situada no município de Fazenda Rio Grande, o qual funciona em três períodos, ofertando ensino fundamental, médio e técnico, tendo 16 salas de aula e aproximadamente 1600 alunos.

Os dados coletados por meio desta pesquisa diagnóstica, foram fundamentais para compreender a real situação de aprendizagem dos alunos bem como seu interesse e motivação pelo assunto proposto. Os resultados obtidos demonstraram que os alunos estavam alheios ao assunto além de pouco motivados ou desinteressados pelo mesmo. A partir daí estabelecemos metas e estratégias para desenvolver as ações do projeto e conseguir comprometimento dos alunos para desempenhar as ações e atividades propostas. Assim, considerando as contribuições dos alunos, dos participantes do GTR, análise dos resultados finais dos anos anteriores 2011 e 2012, todos se somaram e fomos realizando a implementação do projeto com o intuito de sanar as dificuldades constatadas.

A partir do momento em que os alunos compreenderam a proposta e entenderam que o tema: A contribuição da erva mate na história paranaense, faz parte importante da história da nossa terra e da nossa gente, realidade essa na qual ele está inserido, se motivaram a participar com empenho, criatividade e responsabilidade. Onde podemos mais uma vez constatar que o colégio, sendo uma oficina do saber para ensinar, aprender, trocar experiências e vivenciar novas descobertas e perspectivas. Ficou nítido que a escola é um espaço privilegiado que permite discussões e esclarecimentos acerca das práticas pedagógicas, e que, quando os alunos sabem o que e para que estão aprendendo, desempenham com êxito a missão de estudantes e obtém resultados surpreendentes.

Implementação do projeto contou com o apoio e participação de vários professores bem como alunos de outras turmas, como primeiros e segundos anos do ensino médio que se interessaram pelo tema e pelo projeto e participaram ativamente junto com os alunos-alvo do projeto, desde a preparação de material, apresentação nas exposições. Portanto, a implementação dessa proposta repercutiu de forma positiva no meio colegial e na comunidade escolar, levando os alunos a uma participação autêntica de pertencimento e aos professores a uma prática pedagógica com mais dinamismo e vivenciando práticas.

Uma das atividades propostas, a visita à fábrica Matte Leão, não foi efetivamente realizada por questões de agenda de atendimento da fábrica e por falta de datas disponíveis, além de questões estruturais do colégio neste ano. Porém tivemos no lugar da visita uma palestra de um representante da família Leão, o Sr Luiz Otávio Leão, que foi enriquecedora para nossa informação, curiosidade e interações a respeito da fábrica Matte Leão.

Considerações finais

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O trabalho desenvolvido procurou responder as indagações levantadas na problematização através da pesquisa diagnóstica e as questões surgidas partir das análises das atas dos resultados finais das turmas dos 8 anos: como superar as dificuldades de aprendizagem e despertar o interesse e o sentimento de pertencimento na história paranaense. A construção do conhecimento passa pela coesão e motivação do grupo que é estimulado a interagir com várias formas de narrativas e dessa forma integrar professor e aluno. A produção em sala foi uma contribuição que veio se agregar ativamente em uma rede de conhecimentos, de formas culturais onde memória e história conectam-se. Enfim, a proposta deste trabalho foi envolver os alunos para despertar o interesse, o comprometimento e a responsabilidade com a formação e com a sociedade a que pertence.

Ao realizarmos este projeto, podemos trocar experiências, ideias e informações entre professores, alunos, comunidades escolar e demais pessoas, contribuindo uns com os outros, em torno do uso de recursos, metodologias conteúdos e encaminhamentos. Na medida em que foi se aprofundando nas questões do projeto e desenvolvendo as ações e atividades, pode-se constatar um grande envolvimento e expectativas dos alunos sugerindo novas propostas de trabalho, temas de estudos e aplicabilidade metodológicas de recursos nas aulas e exploração de assuntos relacionados.

Como resultado e contribuição positiva da intervenção pedagógica do projeto foi a convicção e consenso de que os temas referentes a história do Paraná, como a contribuição da erva mate na história paranaense desperta curiosidade e interesse em saber mais sobre a sociedade paranaense. Essa consciência de comprometimento e pertencimento leva os educandos cada vez mais a serem comprometidos com a sua formação e responsáveis pela sociedade a qual pertence. No entanto, podemos concluir que estudar história é em primeiro lugar situar os alunos no contexto em que vivem, como membros ativos da sociedade do mundo num processo dinâmico e contínuo, em que se define os sujeitos e suas contribuições.

A contribuição e aprendizado da intervenção pedagógica deste projeto, a partir da realização das ações e atividades, reforçou a convicção que devemos sempre estar em busca de novas alternativas para tornar nossas aulas e o ensino-aprendizagem mais atrativos e envolventes para despertar nos alunos o interesse, o compromisso e as responsabilidades. Na atualidade se faz necessário e possível trabalharmos na educação usando recursos e tecnologias, pois nossos jovens educandos, são de uma geração que tem acesso e familiaridade com as tecnologias principalmente da comunicação, representação e operacionalidade. Tudo isso devemos usar em favor da educação, porque se não aproveitarmos esses recursos as nossas aulas e conteúdos ficarão fora da realidade e desconectados do mundo de convivência dos jovens e adolescentes.

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