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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA E AS POSSIBILIDADES DE

EMANCIPAÇÃO: RESULTADOS DE UMA EXPERIÊNCIA

Janete Koprovski Rukhaber1

Janaina Damasco Umbelino2

RESUMO: O presente artigo é resultado de reflexões acerca dos estudos desenvolvidos no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – do governo do Estado do Paraná, uma parceria entre SETI e UNIOESTE/Cascavel - PR, destinado à formação continuada de professores, turma 2013. O projeto aqui apresentado intitula-se “A Contação de história como possibilidade de letramento e emancipação do educando”. A construção do projeto pautou-se em teorias, fundamentadas em autores que abordavam a leitura e a contação de histórias. A organização do projeto foi estabelecida através três momentos. Nos dois primeiros foi a apresentação do projeto aos pais e equipe pedagógica para o incentivo a leitura, não apenas no espaço escolar, mas no cotidiano do educando. A partir do momento 03 foram iniciadas as atividades com os alunos, organizadas em 07 oficinas: na oficina 01 foi abordado as características o gênero fábula e o conto de “João Jiló”, a oficina 02 trabalhou a comparação entre os contos, e na 03, os alunos deveriam mudar a moral , já na oficina 04 a atividade foi de criação de conto a partir de histórias que trouxeram de casa, a oficina 05 trabalhou a produção de novos contos a partir de desenhos em quadrinhos, para dinamizar um pouco, a oficina 06 trabalhou o filme Shrek 2 e para encerrar o projeto a oficina 07 fez a exposição dos contos e contação de histórias para os alunos da escola. O desenvolvimento das tarefas aconteceu na Escola Estadual Cristo Redentor - EF, envolvendo os educandos do 6º ano A.

Palavras-Chave: Contação de História. Leitura Dirigida. Letramento.

1Professora efetiva da Escola Estadual Cristo Redentor – Ensino fundamental. Formada em Letras pela

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas (FAFI).e-mail:[email protected]. 2 Professora orientadora do programa PDE. Docente do Curso de Pedagogia da UNIOESTE/Francisco Beltrão-PR.

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1 INTRODUÇÃO

Viajar pela leitura

Viajar pela leitura

sem rumo, sem intenção.

Só para viver a aventura

que é ter um livro nas mãos.

É uma pena que só saiba disso

quem gosta de ler.

Experimente!

Assim sem compromisso,

você vai me entender.

Mergulhe de cabeça

na imaginação!

(Clarice Pacheco)

Iniciar esta reflexão com o poema acima se justifica porque, a proposta

desenvolvida durante a implementação do projeto na escola, também se constituiu

um convite a todos que desejam se aventurar pelo mundo lindo das palavras e

rimas.

Ousar no incentivo da leitura em um mundo cheio de informações visuais é

um desafio. Dentre as maiores dificuldades enfrentadas pelos professores em sala

de aula no ensino fundamental é a interação da leitura.

Nesta perspectiva o professor assume o papel importante de mediador e

incentivador da leitura cabe a ele intermediar o acesso ao texto escrito e o

posicionamento crítico do leitor sobre o que leu, tornando-o leitor de texto e de

mundo, e não apenas de letras ou palavras soltas sem sentido ou de sentido

superficial.

A leitura também tem uma função político social, através dela o aluno tem a

chance de alargar conhecimentos pessoais, profissionais e sociais. Preparar o aluno

para a sociedade letrada é reforçar nele o contato com a variedade de situações que

se apresentam e fazer com que as informações que ele receba sejam as mais

variadas possíveis, trabalhar com contos de fadas através da contação de histórias é

um caminho é uma das formas que a escola tem de contribuir para a formação de

pessoas mais criticas e inteiradas socialmente, levando esse aluno a descobrir

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diferentes informações e conhecimentos mais elaborados, pois a leitura precisa ter

algo de encantamento.

Nas atividades desenvolvidas durante a implementação do projeto, buscou-se

a contação de história para incentivar o gosto pela leitura. Essa leitura dirigida e

contextualizada constitui-se, com certeza, o instrumento que pode levar o educando

a mergulhar no mundo da imaginação bem como o entendimento do mundo real. A

Literatura Infantil é um campo a ser privilegiado pela Teoria Literária devido à rica

contribuição que proporciona a qualquer indagação bem intencionada sobre a

natureza do literário (ZILBERMAN, 2003, p. 12).

Desta forma a literatura infantil pode ser interpretada de muitas maneiras,

pode transportar a criança para um mundo de magia dando vida a seus sonhos, é

pela beleza da leitura e histórias que cada um constrói sua imagem e autoestima.

Diante disso colocamos como problemática de pesquisa, as seguintes

indagações: Podemos dizer que ainda faltam iniciativas eficazes de incentivo a

leitura em casa e nas séries iniciais do ensino fundamental? Como os professores

podem tornar-se bons leitores antes mesmo de exigir leituras aos alunos? As nossas

bibliotecas estão munidas com livros adequados a cada série? Como proporcionar

leituras não apenas como valor de troca, mas prazer e descoberta? Como a leitura

escolar pode manter sua singularidade e especificidade diante das novas

tecnologias?

Com o trabalho proposto discutimos sobre a falta de leitura na escola, na sala

de aula, e a forma como isso vem desencadeando problemas sérios relacionados

ao desenvolvimento acadêmico do educando. Portanto, ler e ouvir histórias não são

simplesmente decodificar símbolos.

Ouvir histórias é também desenvolver todo o potencial crítico da criança. É poder pensar duvidar, se perguntar, questionar... É se sentir inquieto, cutucado querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de idéia... É ter vontade de reler ou deixar de lado de uma vez (ABRAMOVICH, 1989 apud SANTOS, 2004, p. 3 ).

Assim, ler exige acima de tudo interação entre o texto e o leitor, que pode

então absorver e assimilar as informações contidas naquilo que leu.

Neste contexto, é importante destacar a função do educador na formação

para a leitura, sendo que este profissional precisa ser qualificado e estar sempre

motivado a fazer do espaço da sala de aula um ambiente agradável e dinâmico.

Desta forma o leitor alcança maior nível de leitura, de interação e de

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aperfeiçoamento por meio da prática da mesma, se familiarizando com múltiplos

gêneros textuais propiciando uma maturidade na leitura, já que esta não é adquirida

de uma hora para outra, mas é um processo longo que com certeza poderá tornar-

se muito prazeroso tanto para o professor, quanto para o aluno.

2 POR QUE OPTAMOS PELA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS?

Passaram os dias, passou um mês,

Vi a menina no bosque outra vez,

Mas sem o capuz, sem capa encarnada,

Toda diferente, toda mudada.

Sorrindo me explicou: «Daquele bobo

Fiz este casaco de pele de lobo».

(Histórias em Verso para Meninos Perversos, de Roald Dahl)

Esta opção se pauta na teoria de que o ser humano se fez também pela

linguagem. Assim, a beleza de contar histórias nasceu junto com o homem, da

necessidade de repassar para seus descendentes as crenças costumes que se

julgava ser a “mais pura verdade” em diferentes contextos históricos. Contam-se

histórias desde os primórdios da humanidade, porém, esta só tomou corpo na

Grécia Antiga e no Império Romano com as histórias contidas na obra “As mil e uma

noites” contadas por Sharazade. (SILVA, 2008).

Outra teoria defende que as histórias podem ter surgido com os viajantes

quando estes visitavam as diversas aldeias, levando e trazendo notícias por onde

iam passando. Para Benjamim (1994), os camponeses sedentários e os navegantes

ou comerciantes foram os principais responsáveis pela preservação dessas histórias

e dessa arte.

Segundo Zilberman (2003) foi por volta do século XVIII que surgiram os

primeiros livros direcionados ao público infantil, até então as obras eram

direcionadas aos adultos, e apenas adaptadas às crianças, já que até esse

momento não existia “infância” da forma como vemos hoje. Somente na idade

moderna, com o surgimento do modo de vida burguês é que sentiu-se a

necessidade de uma literatura direcionada as crianças.

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Para Castro (2005) autores como La Fontaine e Charles Perrault surgiram

escrevendo contos de fada, e com isso a literatura infantil foi ocupando espaço e

ganhando relevância. A partir daí apareceram vários autores como Hans Christian,

Andersen e os irmãos Grimm.

Quando essas histórias começaram a ser contadas para as crianças, elas

tinham o objetivo de induzir as mesmas a um comportamento adequado para a

época , aquele que os senhores, a igreja ou o governo julgavam ser correto. Cada

história trazia uma mensagem de obediência, de conduta e no final dessas o bom

era premiado e aquele de comportamento inadequado, era castigado.

Os contadores de histórias tinham a incumbência de transmitir valores,

crenças, mitos e costumes da época. Os demais sonhos ou aptidões eram banidos

da cabeça das crianças. Sendo assim (Castro. 2005) comenta que, nos anos 70 a

literatura infantil dá uma repaginada com o surgimento das obras de Monteiro

Lobato, ao se falar de Brasil, pois estas vem valorizar outras esferas da atividade

humana, como exemplo o seu cotidiano, a relação de companheirismo, amizade e

aventura.

3 COMO MEDIAR A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS POR MEIO DO CONTO DE

FADAS

Contar História e prender a atenção do aluno não é uma tarefa fácil, seja qual

for o caminho metodológico escolhido pelo professor, é preciso que o processo de

ensino e aprendizagem forneça ao aluno um propósito, uma intenção comunicativa,

uma necessidade de transmitir informação, de estabelecer vínculos e conviver de

maneira solidária e harmoniosa com os outros.

O meio metodológico acarreta na maior responsabilidade do professor por

suas escolhas e práticas. Esta responsabilidade exige do professor uma formação

mais ampla, crítica e autônoma. Há, portanto, novos papéis que devem ser

desempenhados pelo professor. Se antes, este era o executor de um método, agora

cabe a ele tomar decisões, avaliar o processo de ensino/aprendizagem.

As relações sociais na atualidade tornaram-se dinâmica devido à constante

aceleração do desenvolvimento da tecnologia, tão apreciada por nossos

adolescentes, a escola em seu conceito pedagógico tradicional torna-se

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desinteressante para eles. É este o desafio do projeto de implementação, ou seja,

fazer da leitura um mundo atraente.

Nesta perspectiva, quando os contos de fadas são contados e trabalhados de

uma forma educativa e dinâmica por pais e professores, estes estão auxiliando a

criança a entender melhor, e até mesmo a resolver pequenos conflitos diários de

suas vidas.

Os contos de fadas, a despeito de outros tipos de narrativas, possuem características que facilitam para que as crianças identifiquem seus conflitos. Tratam-se de histórias que possuem personagens sem muitos detalhes, sendo mais típicas do que únicas. A maioria dos contos não possui nomes de personagens, e se o possuem, são bastante genéricos, como João e Maria, facilitando a projeção (SIEWERT, 2011, p.01).

A contação de histórias motiva as pessoas para a leitura e proporciona um elo

entre a linguagem da escola e a do mundo.

4 TRABALHANDO COM CONTOS DE FADAS

No desenvolvimento deste projeto, trabalhamos com contos de fadas. Foi

organizada uma Unidade Didática com a descrição detalhada da metodologia a ser

trabalhada.

Na oficina 01 (um) foi exposto a estrutura do projeto para a equipe

pedagógica, bem como um questionário aos professores e equipe pedagógica onde

eles deveriam responder a questões referentes a contação de histórias, levando em

conta a interdisciplinaridade e a aprendizagem do educando.

Na oficina 02 (dois) a apresentação foi para os pais a fim de que

compreendessem a importância da leitura no processo de construção do

conhecimento e desenvolvimento crítico e integração social no ensino-

aprendizagem. Na oportunidade, os pais puderam contemplar a dramatização da a

crônica de Rubem Braga intitulada “Mãe”. Acreditamos que atividades como estas

despertam nos pais o hábito para a leitura e a promoção de uma leitura critica e

reflexiva das histórias.

A partir da oficina 03 (três) é que foram iniciados os trabalhos com os alunos.

As atividades foram organizadas em 07 (sete) oficinas, as quais podem ser descritas

da seguinte forma:

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A oficina 01 intitulada “Conhecendo o Gênero Fábula” foi iniciada com uma

dinâmica envolvendo todos os participantes. O objetivo foi a discussão sobre as

características do gênero estudado, em seguida foi contado a historia de “ João Jiló”

a partir da qual puderam comentar os aspectos mais importantes, correlacionar

tempos históricos e também, ilustrar de várias maneiras e com técnicas

diferenciadas. Esta atividade teve duração de 02 h/a.

A Oficina 02 com o título “Comparação entre os contos” foi iniciada com a

divisão de cinco grupos. Cada grupo recebeu um conto de fadas e a partir da leitura,

interpretação, desdobramentos éticos e morais, os alunos puderam demonstrar por

meio de dramatização, a intenção de cada conto. Reiteramos a importância de se

reconhecer a função histórica, social e moral de cada conto em diferentes tempos

históricos. Os alunos puderam perceber que em cada época, eles desempenharam

um papel formador de conceitos referentes a infância, família entre tantas outras

categorias . A Duração da atividade: 06 h/a.

Na oficina 03 como título “Mudando a moral dos contos” os alunos trocariam

de grupos para que conhecem todos os seus colegas e os outros contos, observou-

se que o trabalho em equipe possibilitou a troca de conhecimento e agilidade no

cumprimento das atividades aprendendo novas tarefas.

Nesta atividade eles deveriam reescrever uma nova moral e apresentar para

a turma, na maioria das produções dos alunos, a moral da história se deu através da

vitória, recompensa e da valorização do herói, o que estimulou os alunos a um

pensamento de valorização de valores e caráter humano. Foi solicitado também que

trouxessem no mínimo dois contos antigos de seus pais, avós ou tios, chamados por

eles de causos de antigamente. Esta atividade teve duração de 04 h/a.

Na Oficina 04 com renome de “Transformando histórias em contos”, os alunos

contaram os contos que trouxeram de casa, a apresentação foi significativa, pois,

devido aos avanços da tecnologia foi difícil para os alunos entenderem como seus

familiares viviam sem a tecnologia atual. Em seguida os alunos transformaram as

histórias em um conto criando uma moral e apresentaram para a turma. Este

material ficou guardado para apresentação da “Semana Cultural”. Para esta

atividade utilizou-se 08 h/a.

A Oficina 05 “Trabalhando novos contos” com a duração de 04 h/a, após um

trabalho árduo de reconhecimento do gênero e técnicas de produção, foi

apresentado para a turma ilustrações em quadrinhos para que produzissem um novo

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Conto, a produção de texto estimulou os alunos a desenvolver sua criatividade,

assim, o trabalho do professor foi de mediar a capacidade de criação textual, a

habilidade de produção, processando efetivamente essa competência no aluno.

Todas as técnicas utilizadas para produção de texto foi uma maneira de inserir o

aluno ao mundo da escrita, da produção textual, depois estes desenhos foram

pintados para dinamizar um pouco a aula. Visto a importância das leituras e escritas

em sala de aula, o aluno entendeu que um texto nasce de outro texto, e ele faz parte

desse processo de aprendizagem.

Trabalhando o Conto através do “Filme Shrek 2”, foi o trabalho realizado na

Oficina 06 e teve duração de 08 h/a, nelas os alunos assistiram ao filme, os alunos

puderam analisar a intertextualidade presente no filme, relacionando-as com os

contos lidos em sala de aula e como esses personagens são socialmente

construídos, compreendendo formas para se tornarem pessoas mais conscientes e

que possam buscar caminhos novos e próprios para a solução de seus problemas.

Além disso, esta aula pode contribuir para aprimorar a capacidade crítica,

analítica e argumentativa dos alunos. As representações de gênero, raça,

sexualidade, beleza, entre outros, veiculadas nos filmes infantis é de característica

educativa, pois, acabam por transmitir discursos e saberes, que indicam como este

aluno está na cultura em que vive. Em seguida foram realizadas discussões e

reflexões do tema sobre o filme.

A Oficina 07, foi à última etapa do projeto e teve como o objetivo a exposição

de todas as produções, cabe observar que a formação de um mural de contos do 6º

ano A, entusiasmou muito os alunos. Para a avaliação final foi considerado a

participação e o envolvimento dos alunos nos debates e na realização de todas as

atividades solicitadas nas 07 oficinas. Esta atividade teve duração de 04 h/a.

O projeto foi de extrema importância, principalmente no que se referiu o

trabalho de conscientização sobre as diferenças e os problemas enfrentados por um

indivíduo que esta passando por transformações, pois, ele não é nem criança, nem

adolescente, o que o caracteriza um sujeito reflexivo e “confuso” que não sabe como

lidar com seus problemas de transformação e formação.

A implementação do projeto reforça a teoria de que os contos de fadas são

uma variação do conto popular ou fábula. O conto é uma narrativa em prosa de curta

extensão, mas que causa muita emoção.

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Os Contos de Fadas auxiliam na construção das relações sociais das

crianças, toda menina quer ser Princesa lá no fundo do coração e os meninos

querem ser super-heróis de muita ação.

Aplicando o modelo psicanalítico da personalidade humana, os contos de fadas transmitem importantes mensagens à mente consciente, à pré consciente, e à inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando no momento. Lidando com problemas humanos universais, particularmente os que preocupam o pensamento da criança, estas estórias falam ao ego em germinação e encorajam seu desenvolvimento, enquanto ao mesmo tempo aliviam pressões pré-conscientes e inconscientes. À medida em que as estórias se desenrolam, dão validade e corpo às pressões do id, mostrando caminhos para satisfazê-las, que estão de acordo com as requisições do ego e do superego(BETTELHEIM , 1980, p. 14).

Estudiosos dizem que é por volta dos quatro e cinco anos que as crianças

começam a ter seus receios, medo do “bicho papão”, medo de perder o pai ou a

mãe. É neste momento que os contos de fadas dão a sua contribuição já que

através deles as crianças vão entendendo melhor as relações existentes na sua vida

e como essas histórias têm a ver com os significados que cada um da a

determinados acontecimentos.

A percepção dos contos de fadas não são iguais, não só como forma de

leitura, mas como obra de arte, já que o sentido de cada obra pode ser diferente

dependendo do observador. E é assim com o conto de fadas, pois o significado mais

intenso do conto será diferente para cada pessoa, e diferente para a mesma pessoa

em vários momentos da sua vida.

A criança extrairá significados diferentes do mesmo conto de fadas, dependendo de seus interesses e necessidades do momento. Tendo oportunidade, voltará ao mesmo conto quando estiver pronta a ampliar os velhos significados ou substituí-los por novos (BETTELHEIM apud GUIMARÃES, 1980).

Portanto, um mesmo conto tem significados diferentes para cada criança, e

também para a mesma criança em idade diferente, dependendo de cada vivência e

de cada personalidade. Com relação aos conteúdos trazidos pelos contos de fadas,

coloca que:

Esta é exatamente a mensagem que os contos de fadas transmitem à criança de forma múltipla: que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável é parte intrínseca da existência humana – mas que se a pessoa não se intimida, mas se defronta de modo firme com as opressões inesperadas e muitas vezes injustas, ela dominará todos os obstáculos e, ao fim, emergirá vitoriosa(BETTELHEIM, 1980, p. 14).

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Desta forma as crianças trabalham conflitos existenciais mais difíceis, como a

morte e a separação, de forma determinante. O Conto também auxilia na relação

das crianças com os adultos.

Por meio de histórias, adultos podem conversar com crianças sobre o que é importante em suas vidas, sobre questões que vão do medo do abandono e da morte a fantasias de vingança e triunfos que levam a finais “felizes para sempre”. Enquanto olham figuras, lêem episódios e viram páginas, adultos e crianças podem estabelecer o que a crítica cultural Ellen Handler-Spitz chama “leitura interativa”, diálogos que ponderam os efeitos da história e oferecem orientação para o pensamento sobre assuntos similares do mundo real. Esse tipo de leitura pode assumir muitas feições diferentes: séria, brincalhona, meditativa, didática, empática ou intelectual (TATAR, 2004, p 12).

Assim a leitura interativa dos contos de fadas pode auxiliar na resolução

problemas pessoais até de conflitos familiares.

Reiteramos que o objetivo e legitimidade do trabalho se consagraram, pois,

ficou evidenciado no transcorrer do trabalho que é possível sim, oferecer aos

professores e alunos a oportunidade de pensar em práticas de leituras na escola, as

quais possibilitem o desenvolvimento unilateral dos alunos, exigindo de nós

professores o compromisso social e político que não se limita apenas em aplicar

atividades vazias, mas estimular de forma contextualizada o ambiente escolar para a

leitura e contação de histórias.

O desafio de como trabalhar e o que trabalhar para conseguir cativar e até,

quem sabe, fazer os alunos sentir-se motivados e empolgados através dos contos

de fadas, foi realizado com sucesso, uma vez, que contar historia faz com que o

aluno sonhe e encontre mundos e soluções diferentes para resolução de problemas

do cotidiano. Os alunos do 6º ano estão na adolescência e assuntos abordados nos

contos de fadas poderão ser decisivos na resolução de problemas de aprendizagem

e problemas pessoais do educando.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho, “A Contação de História e as Possibilidades de

Emancipação: Resultados de Uma Experiência”, apresentou resultado satisfatório,

embora tenha sido exigido muito trabalho por parte do professor e dos alunos.

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Pode-se observar isso desde o primeiro momento na apresentação do

projeto aos pais, professores e equipe pedagógica onde muitos comentaram a

proposta dinâmica do trabalho e a importância para formação leitora nos alunos,

concordando com a metodologia de contação de histórias, bem como ao

engajamento satisfatório dos alunos nas atividades propostas.

Com o empenho dos professores e dos alunos, o trabalho das oficinas

ocorreu no tempo proposto não tendo necessidade adequar nenhuma aula. Nesse

processo, os alunos mostraram-se curiosos e interessados em conhecer a dinâmica

dos contos de fadas, até então desconhecidos. Foi grande o desempenho da leitura,

releitura e dramatização dos contos, o que comprova que esse trabalho foi de

extrema importância para o incentivo à leitura possibilitando momentos de vivência

não apenas da leitura, mas também da escrita.

A aplicação do projeto proporcionou aos alunos conhecimentos e

fortalecimento pelo prazer de ler, auxiliado pelo ambiente criado por eles,

contribuindo assim para a construção de um educando mais aberto as propostas

educativas.

As dramatizações estimularam não apenas a ampliação de conhecimentos

de leitura, mas também exercício de oralidade, raciocínio e autoafirmação,

adicionando assim valores sociais, conhecimento cultural mais amplo e profundo,

aprimorando os princípios de formação de uma sociedade mais crítica e humana,

porque educação precisa estar ligada as questões de justiça social. Por fim, reitero

que o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE do Governo Estadual pode

ser considerado um instrumento de muita importância na minha vida profissional no

que diz respeito às decisões e ações a ser tomadas auxiliando-me a realizar com

perfeição o trabalho como educadora.

Os cursos presenciais ministrados por mestres e doutores da Universidade

Estadual do Paraná (UNIOESTE) foram de fundamental ajuda já que teoria e prática

foram discutidas e colocadas em ação no desenvolvimento do projeto realizado na

no 6º ano A da Escola Estadual Cristo Redentor em Nova Prata do Iguaçu-PR. O

PDE se constitui um esforço educacional indispensável para a melhoria da qualidade

da educação do país.

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