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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃOPRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2013

Título:A DESCONSTRUÇÃO DOS ESTEREÓTIPOS EM RELAÇÃO À HOMOSSEXUALIDADE POR MEIO DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Autor Angélica de Assis Gonçalves

Disciplina/Área (ingresso no PDE)

Educação Física

Escola de Implementação do Projeto e sua localização

Bandeirantes

Município da escola Bandeirantes

Núcleo Regional de Educação

Cornélio Procópio

Professor Orientador Maria Cristina Simeoni

Instituição de Ensino Superior

UENP – Universidade Estadual do Norte do Paraná

Relação Interdisciplinar Sociologia

Resumo

A disciplina de educação física ao trabalhar diretamente com o corpo, propicia experiências de aprendizagens peculiares ao mobilizar aspectos afetivos, social, éticos e de sexualidade. Partindo da diversidade existente em nossa realidade, priorizam-se os estudos a respeito da hegemonia do entendimento de homossexualidade, por entender que este conceito ainda é muito pouco discutido e divulgado no meio da instituição escolar. Para nortear o trabalho partiu se do questionamento: Como a disciplina de Educação Física pode colaborar para a compreensão de professores e professoras, a respeito da homossexualidade como orientação sexual, favorecendo assim a melhor convivência entre as alunas e alunos na escola? Sendo o objetivo geral: Promover estratégias de prevenção e intervenção, de acordo com as situações apresentadas na disciplina de Educação Física, contribuindo para o processo de formação das professoras e dos professores, reduzindo o preconceito em relação à orientação sexual das alunas e alunos.

Palavras-chave Palavras chave: Educação Física; Professores; homossexualidade.

Formato do Material Didático

Caderno Temático

Público Alvo Professores

A DESCONSTRUÇÃO DOS ESTEREÓTIPOS EM RELAÇÃO À

HOMOSSEXUALIDADE POR MEIO DA DISCIPLINA DE

EDUCAÇÃO FÍSICA

GONÇALVES, Angélica AssisSIMEONI, Maria Cristina(Orientadora)

RESUMO A disciplina de educação física ao trabalhar diretamente com o corpo, propicia experiências de aprendizagens peculiares ao mobilizar aspectos afetivos, social, éticos e de sexualidade. Partindo da diversidade existente em nossa realidade, priorizam-se os estudos a respeito da hegemonia do entendimento de homossexualidade, por entender que este conceito ainda é muito pouco discutido e divulgado no meio da instituição escolar. Para nortear o trabalho partiu se do questionamento: Como a disciplina de Educação Física pode colaborar para a compreensão de professores e professoras, a respeito da homossexualidade como orientação sexual, favorecendo assim a melhor convivência entre as alunas e alunos na escola? Sendo o objetivo geral: Promover estratégias de prevenção e intervenção, de acordo com as situações apresentadas na disciplina de Educação Física, contribuindo para o processo de formação das professoras e dos professores, reduzindo o preconceito em relação à orientação sexual das alunas e alunos. Palavras chave: Educação Física; Professores; homossexualidade.

Da diversidade dentro da escola

O papel do Estado, é a garantia do direito a educação de qualidade,

considerando que a educação, enquanto direito inalienável de todos os

cidadãos, é condição primeiro para o exercício pleno dos direitos humanos,

tanto dos direitos sociais e econômicos quanto aos direitos civis e políticos.

A sociedade está amparada pelo maior conjunto de leis do país, a

Constituição Federal de 1988, que trata dos princípios fundamentais da

cidadania e da dignidade humana. Assentam-se como objetivos nacionais e por

consequência da educação brasileira, construir uma sociedade livre, justa e

solidaria; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a

marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem

de todos sem preconceito de origem, raça, sexo, cor idade e quaisquer das

formas de discriminação (BRASIL, 1998, s/p).

Em consonância com as Diretrizes Curriculares de Gênero e

Diversidade Sexual da Secretaria de Estado da Educação do Paraná:

A escola é um espaço de socialização para a diversidade e para o questionamento da aprendizagem do gênero e da sexualidade, entretanto a invisibilização dessas questões mostra que é necessário

um investimento dos/as professores/as em sua formação para aprofundar o debate com os/as alunos/as. Mesmo que abordagens étnico-raciais, de gênero e/ou econômicas já estejam, aos poucos, sendo contempladas e sendo alvo de investimentos do Ministério da Educação, as dimensões sociais e política da sexualidade permanecem às margens (PARANÁ, 2010.p. 28).

Assim sendo o espaço escolar deve priorizar a socialização

respeitando a diversidade estabelecida dentro deste contexto. Apesar desse

conhecimento estar pautado em lei que regulamenta pela igualdade de direitos

e deveres, ainda é comum encontrar, em muitos momentos, situações dentro

da escola que caracterizam claramente formas de preconceito e discriminação.

Esses preconceitos são em relação a raça, religião, gênero,

homossexualidade, entre outros. O preconceito ou discriminação acontecem

entre os alunos/as, alunos/as e professores/as e até mesmo entre os

professores/as. Estas situações são verificadas, muitas vezes, por falta de

conhecimento em relação ao assunto referente à homossexualidade.

Conforme está exposto no caderno Gênero e Diversidade na Escola:

Formação de Professoras/es em Gênero, Sexualidade, Orientação Sexual e

Relações Étnico Raciais (BRASIL, 2009, P.14):

[...] a escola precisa estar sempre preparada para apresentar não uma verdade absoluta, mas sim uma reflexão que possibilite aos alunos e às alunas compreenderem as implicações éticas e políticas de diferentes posições sobre o tema e construírem sua própria opinião nesse debate. A ideia de que educação não é doutrinação talvez valha aqui mais do que em qualquer outro campo, pois estaremos lidando com valores sociais muito arraigados e fundamentais (BRASIL, 2009, p. 14).

Desta forma a escola é um espaço, onde as informações devem ser

oferecidas como meio dos alunos(as), refletirem para se tornarem cidadãos

engajados(as) em um trabalho contínuo da construção da cidadania, de um

mundo que promova a inclusão e a não discriminação.

A questão da homossexualidade e gênero são assuntos, muitas vezes

silenciados dentro da instituição escolar, por causar polêmicas e discussões, ou

ainda por não haver muito conhecimento desta temática.

Estudar a questão da homossexualidade se faz urgente e necessário,

não somente para o cumprimento da lei, mas também para poder entender o

processo histórico vivencial do ser humano. E assim entender melhor o que

nossos alunos pensam e se sentem, sempre com o objetivo de diminuir

preconceitos e favorecer uma melhor absorção de conhecimentos.

Assim, pretende-se “desenvolver uma postura crítica em relação aos

processos de naturalização da diferença, embora reconheçamos que

desigualdades sociais e políticas acabam sendo inscritas nos corpos: corpos

de homens e mulheres, por exemplo, tornam-se diferentes por meio dos

processos de socialização (BRASIL, 2009, p.14).

Desta forma, promover o aprendizado de questões relacionado a

gênero e homossexualidade é de extrema importância , para que se possa

ampliar os conhecimentos a respeito deste assunto. Entendendo que todos

podem ser agentes do processo de valorização das diferenças, pois fazemos

parte de uma sociedade onde a diversidade é uma realidade.

Em relação a homossexualidade

Durante os séculos XX e inicio do século XXI, por intermédio das

discussões na escola, na mídia e em outras instituições sociais, percebe-se

que as lutas sociais estão muito presentes em nossa sociedade.

Principalmente pela TV e a Internet, sabe-se de diferentes manifestos,

palestras e até mesmo em filmes e novelas, como estão as discussões a

respeito de questões acerca da igualdade de gênero, sexualidade, etnias

raciais, entre outras.

Fry e Macrae (1985, p.61-62) salientam a forte influência que a

medicina teve sobre a questão da homossexualidade, seu primeiro ato foi de

tirar a homossexualidade como crime, tornando-o uma doença. Desta forma, o

processo de estudos realizados por médicos/as e cientistas criaram diversas

teorias. Uma delas e a alegação de que existiam dois tipos de homossexuais:

os invertidos e os pervertidos, os quais cada um era lhe conferida

características distintas que, os invertidos eram doentes que não tem culpa de

seus desejos sexuais, já os pervertidos apresentavam desvio de caráter por

escolher relações com indivíduos do mesmo sexo.

Áriès(1986, p.81 apud LIMA, 2006, p.34) relata acerca da história da

homossexualidade e relembra algumas conceituações cem relação a figura

homossexual. Na idade média era “perverso”, passando no inicio do século

XVIII para o termo “monstro e anormal” e no final do mesmo século de

“doente”.

No século XIX os homossexuais eram vistos como portadores de

algum tipo de patologia ou uma mera perversão. Depois de vários estudos em

que surgiam muitas hipóteses de cura ou conversão sobre a

homossexualidade, foi através de muitas reivindicações é que somente em

1995 o CID (Código Nacional das Doenças)foi revisado e o termo

homossexualismo, o sufixo “ismo”, que significa doença, foi retirado e

substituído pelo sufixo “dade” que designa modo de ser (MORAES; OLIVEIRA;

FECHIO, 2011, s/p).

Com o passar dos anos esta desconstrução em relação a nomenclatura

vem sendo habitualmente utilizada, embora muitos ainda têm a concepção de

que a homossexualidade esteja ligada a algum tipo de patologia. Viana

esclarece que:

A palavra homossexualidade atualmente é vista como uma qualidade ou características do ser humano, sendo homossexual (grego homos = igual +latim sexus= sexo), assim sendo define se por atração física, estética, espiritual e emocional em seres do mesmo sexo (2006 apud MORAES; OLIVEIRA; FECHIO, 2011, s/p).

Com base nessa história de lutas sociais e considerando os novos

sujeitos sociais que estão presentes na instituição escolar, é que as Diretrizes

Curriculares de Gênero e Diversidade Sexual da Secretaria de Estado do

Paraná (PARANÁ, 2010), vem ao encontro dessa relação de saber poder

existente na realidade escolar, a qual se configura como processo de exclusão.

É possível refletir a respeito das práticas pedagógicas fundamentais, que

problematizam as verdades, acerca de gênero e diversidade sexual, tendo em

vista que a escola é um espaço de socialização para a diversidade.

A formação de professores e professoras para trabalhar abordagens

como as do tema deste trabalho se torna fundamental para atender as

necessidades oriundas da nossa realidade dentro do espaço escolar. A

liberdade em relação a orientação sexual é pautada no direito estabelecido

pela diversidade sexual e é assim que devemos trata la na escola.

Uma questão apontada por Foucault “refere-se à imagem construída ao

redor da homossexualidade, imagem esta que deve ser combatida, mesmo que

à custa da resistência daqueles que não aceitam a homossexualidade

enquanto existência válida” (2005apud LIMA, 2006).

Esta imagem estereotipada concebida através dos tempos, com

relação à homossexualidade, é vinculada a formas generalizadas de

preconceitos e atitudes discriminatórias, muitas vezes decorrentes da falta de

informação a respeito do tema.

A partir da concepção Foucaultiana de 'modo de vida homossexual', pode-se refletir acerca da questão da identidade homossexual, sobre qual seria para ele a identidade a ser buscada - ou não – pelos/as homossexuais (LIMA, 2006 p.30).

A constante luta, sobre a questão da identidade homossexual, vem

sendo pautada cada vez mais nos espaços da mídia, com o intuito de divulgar

esta realidade existente e buscando o entendimento por parte da sociedade. A

fim de minimizar todas e quaisquer formas de discriminação, que possam gerar

prejuízos emocionais ou sociais.

É relevante ressaltar, que quando se fala em identidade sexual devemos

nos referir: ao modo como a pessoa se percebe e o modo de como esta

pessoa torna pública, (ou não ) sua exposição a sociedade e sua orientação

sexual.

De acordo com o Caderno de gênero e Diversidade na escola (BRASIL,

2009), a orientação sexual é pautada atualmente em três dimensões:

heterossexual, homossexual e bissexual. Sendo as conotadas as definições:

subordinando o feminino ao masculino. Sendo a bissexualidade atração afetiva,

sexual e erótica tanto por pessoas do mesmo gênero, quanto do gênero

oposto, a heterossexualidade é atração afetiva, sexual e erótica por pessoas

de outro gênero, e a homossexualidade é o termo utilizado para descrever a

sexualidade dos homossexuais, seu sentido mais abrangente compreendendo

não só a esfera sexual em si, como também a esfera afetiva e as implicações

de ambas em comportamentos e relações humanas.

Da disciplina de Educação Física

A disciplina de Educação Física vem sofrendo transformações ao longo

de sua história. Mas nunca deixando o foco principal que é a saúde do corpo

como todo. Assim o hábito de uma atividade física regular, bem como seus

benefícios para o corpo, devem ser entendidos e sensibilizados por meio das

aulas de Educação Física, para que sejam perpetuados através da vida como

qualidade de vida.

Entende-se também que, para além, dos Conteúdos Estruturantes:

esporte; ginástica; jogos e brincadeiras; lutas; dança, os Elementos

Articuladores1: Cultura Corporal e Corpo, Cultura Corporal e Ludicidade e

Cultura Corporal e Diversidade (PARANÁ, 2008) colaboram para a formação

dos sujeitos em sua totalidade. Vale destacar o que está expresso nas

Diretrizes Curriculares Estaduais Orientadoras da Educação Básica-Educação

Física:

Nesse sentido, partindo de seu objeto de estudo e de ensino, Cultura Corporal, a Educação Física se insere neste projeto ao garantir o acesso ao conhecimento e à reflexão crítica das inúmeras manifestações ou práticas corporais historicamente produzidas pela humanidade, na busca de contribuir com um ideal mais amplo de formação de um ser humano crítico e reflexivo, reconhecendo-se como sujeito, que é produto, mas também agente histórico, político, social e cultural (PARANÁ, 2008, p.49).

A esta contribuição agrega-se que a disciplina de Educação Física está

ligada às questões essencialmente importantes. Ela se manifesta como forma

de colaborar para uma formação integral do ser humano, como o sujeito capaz

de transformar a sociedade ao qual esta inserido. Desta forma, confia-se no

potencial evidenciado pela Educação Física, associada as outras disciplinas

que possam fazer esta ponte ligada aos aspectos sociais, de saúde e cultura

corporal.

Pode e deve ser trabalhada em interlocução com outras disciplinas que permitam entender a Cultura Corporal em sua complexidade, ou seja, na relação com as múltiplas dimensões

1 “A proposta dos Elementos Articuladores se aproxima daquilo que Pistrak (2000) denomina por Sistema de Complexos Temáticos, isto é, aquilo que permite ampliar o conhecimento da realidade estabelecendo relações e nexos entre os fenômenos sociais e culturais [...]” (apud PARANÁ, 2008, p.53).

da vida humana, tratadas tanto pelas ciências humanas, sociais, da saúde e da natureza (PARANÁ, 2008, p.50).

De acordo com as Diretrizes Curriculares Estaduais Orientadoras da

Educação Básica - Educação Física, a disciplina de Educação Física é

composta de Conteúdos Estruturantes e Elementos Articulares. Dentre esses

últimos estão listados a Cultura Corporal e Ludicidade, Cultura Corporal e

Corpo e Cultura Corporal e Diversidade (PARANÁ, 2008). Assim sendo, estes

elementos será a base para as discussões a respeito do tema aqui proposto.

Assim, pode se dizer que, a interdisciplinaridade é fundamental para que

se perpetuem o processo histórico da humanidade. Tem a finalidade de

melhorar a sociedade em que vivemos cada vez mais, tornando-a mais justa e

ética, responsável pelos seus atos e consciente de suas atitudes perante a si e

aos outros.

Desta forma, “faz-se necessário integrar e interligar as práticas corporais

de forma mais reflexiva e contextualizada, o que é possível por meio dos

Elementos Articuladores”, no caso deste projeto: a ludicidade, “ao vivenciar os

aspectos lúdicos que emergem das e nas brincadeiras” possibilita-se reflexões,

“sobre os papéis assumidos nas relações em grupo”; o corpo que “é entendido

em sua totalidade, ou seja, o ser humano é o seu corpo, que sente, pensa e

age”; a diversidade, porque “as aulas de Educação Física podem revelar-se

excelentes oportunidades de relacionamento, convívio e respeito entre as

diferenças” (PARANÁ, 2008, p. 53-54; 60). Esses três elementos articulam a

disciplina de Educação Física como a totalidade e complexidade dos sujeitos,

possibilitando ainda, trabalhos interdisciplinares com os professores.

A respeito dessa ideia Fraga e Gonzales (2012, p.14), complementam

que: “Educar é permitir que a aprendizagem sobre o mundo, sobre si mesmo e

sobre o outro aconteça para que possamos agir de maneira situada,

diversificada, criativa, crítica e atuante em nosso dia a dia”.

Assim pode se dizer que o papel da escola na vida do aluno/a, é um

período essencialmente importante na sua história de vida. Sendo assim a

ação do educador, em cada momento, deve ser pensada por tratar diretamente

com a vida de centenas de pessoas, que passam em suas mãos todos os

anos, com toda a diversidade que é magnificamente e inata a todo ser humano.

Partido este propósito de educar para a diversidade, o corpo e o lúdico,

o planejamento e a preparação deve ser inerente ao nosso cotidiano, bem

como de não se esquecer da sensibilidade, do respeito a individualidade e a

diversidade cultural existente em nossa escola. A esse respeito Fraga e

Gonzales (2012, p. 14) explicam que:

Para ensinar, é fundamental ter vivência constante de aprendizagem, formação na área específica e confiança de que algo a ensinar que seja relevante para a vida do educando e do conjunto da sociedade; portanto, é preciso estudar, planejar, preparar, tornar significativo.

Em suma, acredita-se ser relevante trabalhar o tema

homossexualidade na escola com os professores e as professoras, para que

possam lidar com seus alunos e alunas de maneira a favorecer o bom

relacionamento entre todos e todas na escola. Para tanto, é preciso buscar os

conhecimentos na disciplina de Educação Física, por meio dos seus Elementos

Articuladores; diversidade, corpo e ludicidade.

Partindo do princípio de que é nas aulas de Educação Física que se

tem maior contato com práticas corporais e que é durante as atividades que o

aluno e a aluna podem descobrir-se, conhecer seu corpo, acredita-se na

importância do desenvolvimento deste trabalho.

Assim sendo, a disciplina de Educação Física, ao trabalhar diretamente

com o corpo, propicia experiências de aprendizagens peculiares ao mobilizar

aspectos afetivos, social, éticos e de sexualidade (BRASIL, 1998). Esse

conhecimento a respeito de si, de forma mais intensa e explícita, acontece

mais abertamente com o professor da referida disciplina, pela sua própria

estrutura e assim, faz com que ele tenha um conhecimento abrangente de seus

alunos.

É fundamental salientar a função que a disciplina de Educação Física

vem assumindo na sociedade. Percebe-se que essa área do conhecimento

vem interferindo nas construções das subjetividades de alunos e alunas no

espaço escolar. Destacam seus aspectos ligados ao discurso em relação à

diversidade sexual existente na realidade ao qual esta inserida (LIMA, 2006).

Partindo da diversidade presente na sociedade, priorizam-se os

estudos a respeito da homossexualidade, por entender que este conceito ainda

é pouco discutido e pouco divulgado no meio da instituição escolar. Pouco se

explica e muito se discrimina, esse é um dos problemas. Desta forma, entende-

se que uma ação preconceituosa pode gerar uma reação, muitas vezes

vinculada à culpa e sofrimento, ligada ao fato de sentir afeto ou desejo por

pessoas do mesmo sexo.

Em relação à homossexualidade, observa-se que existe a questão do

preconceito entre os alunos, pais e professores. Tal fato tem tornado alguns

alunos vítimas de bullying na escola e esse episódio vem se constituindo em

complexo problema. Essas manifestações que geram humilhações ligadas às

questões de gênero para com o homossexual, acabam influenciando no

desenvolvimento das aulas, interferindo no desenvolvimento dos alunos e

transformando-os em sujeitos acríticos, tímidos e inseguros

Por isso discutir a hegemonia e os estereótipos do entendimento de

homossexualidade com os professores e professoras, considerando que este

se trata de uma orientação sexual e não uma opção é de suma importância. É

preciso melhorar o entendimento dos alunos e alunas que passam por

situações diversas no espaço escolar e os professores e professoras podem

ajudar em várias situações que acontecem no cotidiano.

Conforme as Diretrizes Curriculares de Gênero de Diversidade Sexual

da Secretaria de Estado do Paraná

Precisamos, cada vez mais, nos instrumentalizarmos para compreendermos e enfrentarmos as diferentes formas, não raras vezes veladas, de discriminação e exclusão social, e as professoras e professores, funcionárias e funcionários precisam compreender a dimensão pedagógica da sua ação para além da dimensão pedagógica, exclusiva da professora ou do professor, da transmissão de conteúdos curriculares (PARANÁ, 2010, p.3).

Entende-se que é necessário levar as discussões, sobre as formas de

exclusão e discriminação a respeito da homossexualidade para dentro da

escola, tendo como mediação os conhecimentos teórico-práticos da disciplina

de Educação Física, através de diálogos e informações, com o intuito de

minimizar preconceitos em consequência, evitando casos de bullying e

melhorando a vida das alunas e alunos na escola.

REFERÊNCIA

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais Educação Física. 1ª- 4ª. Brasília: MEC, 1998. Pdf.

______. Senado Federal. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Senado Federal, 2008.

______.Ministério da Educação. Caderno de gênero e Diversidade na Escola: Formação de professores em gênero, sexualidade, orientação sexual e relações étnicos raciais. Brasília. 2009

FRY, Peter e MACRAE, Edward. O que é homossexualidade. São Paulo:Abril Cultural: Brasiliense, 1985. (Coleção primeiros passos: 26).

FOUCAULT, Michel. Da amizade como modo de vida. Disponível em:

http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/amitie.html . Acesso em: 22/04/2005.

FREIRE, Paulo.Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à pratica educativa.25.ed. São Paulo. Editora Paz e Terra, 1996.

FRAGA, Branco Alex; GONZALES, Jaime Fernando. Afazeres da Educação Física na escola: Planejar, ensinar, partilhar. Erechim. Edelbra, 2012.

LIMA, Madlener Francis. O discurso sobre a homossexualidade no universo escolar: um estudo no curso de licenciatura em Educação Física. Curitiba.2006. Disponível em: http://www.ppge.ufpr.br/teses/M06_madlenerlima.pdf. Acesso em: 26 jun. 2013.

MIRANDA, Simão. Oficina de Dinâmica de grupos: Para empresas, escolas e grupos comunitários. Campinas – SP. Editora Papirus. 5º edição, 1999.

MORAES, Lidiane Marrero de; OLIVEIRA, Regiane Gonçalves de; FECHIO, Juliane Jellmayer. A homossexualidade e o bullying na Educação Física Escolar. Efdesportes.com: Revista digital, Santos. Disponível em:

http://www.efdeportes.com/efd153/a-homossexualidade-na-educacao-fisica-escolar.htm. Acesso em: 20/06/2013.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Educação Física. Curitiba: SEED, 2008. Pdf.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Gênero de Diversidade Sexual da Secretaria de Estado do Paraná. Curitiba: SEED, 2010. pdf.