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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
ARTIGO FINAL
SILVIO SCHMIDT DE OLIVEIRA
XADREZ: Importante Ferramenta de Apoio Pedagógico
PALOTINA
2014
XADREZ: Importante Ferramenta de Apoio Pedagógico
Prof. Silvio Schmidt de Oliveira1
Prof. Dr. Luís Sérgio Peres2
RESUMO: Atualmente um dos maiores problemas de queixa nos conselhos de classe
é a falta de concentração ou mesmo de estímulo ao raciocínio lógico apresentado pelos estudantes durante as atividades em desenvolvimento nas aulas, que reflete diretamente em notas baixas nas provas, onde podemos concluir segundo as colocações dos profissionais da educação, que tais fatores podem dificultar o processo de aprendizagem. Pensando nisto, elaborou-se este estudo tendo como objetivo geral verificar a importância da prática do xadrez como ferramenta de apoio pedagógico. A pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa de campo descritiva exploratória participativa.A população do mesmo foi composta por todos os alunos do colégio Estadual Barão do Rio Branco de Palotina, e a amostra foi composta pela turma do 8º ano do ensino fundamental. O instrumento utilizado como avaliação foram pareceres dos professores de algumas disciplinas, para avaliarmos de forma interdisciplinar o desenvolvimento intelectual dos alunos, quanto ao nível de concentração, interpretação. Os resultados obtidos foram tímidos, mas altamente significativos, tendo em vista a evolução da turma, com o aumento no nível de concentração, conforme pareceres descritivos. Conclui-se ao encerrarmos este projeto que o mesmo foi de grande valia para o desenvolvimento intelectual dos alunos, onde foi conseguido canalizar energias positivas para melhorar a concentração e o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos envolvidos na amostra.
PALAVRAS CHAVE: Interdisciplinaridade, aprendizagem, concentração,
raciocínio
INTRODUÇÃO
Atualmente um dos maiores problemas de queixa nos conselhos de
classe é a falta de concentração ou mesmo de estímulo ao raciocínio lógico
apresentado pelos estudantes durante as atividades em desenvolvimento nas
aulas, que reflete diretamente em notas baixas nas provas, onde podemos
1 Professor da rede estadual, pertencente ao PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional – turma
2013-2014
2 Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon -
Orientador
concluir segundo as colocações dos profissionais da educação, que tais fatores
podem dificultar o processo de aprendizagem.
Pensando nisto e tendo a oportunidade de estar realizando atividades
junto ao PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, onde poderemos
realizar projetos visando melhorias para o desenvolvimento do ensino em
nossas escolas, torna-se evidente a necessidade de buscarmos estratégias
pedagógicas que contribuam para o aprimoramento de competências e
habilidades com vistas à melhoria do desempenho escolar dos alunos.
Neste sentido, o Xadrez, como esporte aliado a Educação caracteriza-se
como instrumento de inclusão social, que viabiliza a participação de alunos em
eventos motivadores como festivais e circuitos, independente de sua habilidade
motora, estética, e aptidão física, por ser um jogo democrático, onde até as
camadas mais humildes da sociedade podem ter acesso, pois dispensa
equipamentos ou vestimentas especiais comparando a outros esportes, pois o
jogo de Xadrez é uma prática esportiva, associada às valências mentais onde
se exercita a memória, a concentração e o raciocínio que auxiliam diretamente
na resolução de problemas.
Assim, a proposta para este projeto de implementação estará interligado
ao ensino e a prática continuada do xadrez, onde este será tratado como
ferramenta pedagógica, para auxiliar no desenvolvimento e melhoramento das
capacidades cognitivas dos estudantes.
Percilia (2011:Pg.1) em seus estudos nos afirma que “concentrar-se,
por definição, é o direcionamento de esforços mentais para uma determinada
atividade, situação ou problema”. Tal afirmação justifica a dificuldade de
concentração, especialmente de nossas crianças e jovens, pois praticamente
não exercem nenhum esforço mental nas atividades do dia a dia, recebem tudo
relativamente pronto, mastigado, é só consumir.
Nesta mesma abordagem, Sá (2012), nos coloca que o xadrez, por se
tratar de um jogo complexo, é uma das melhores atividades para se
desenvolver a capacidade intelectual dos jovens.
Como a Educação Física é parte do projeto geral de escolarização e,
como tal, deve estar articulada ao Projeto Político Pedagógico (PPP), pois tem
seu objeto de estudo e ensino próprios, e trata de conhecimentos relevantes na
escola (DCE, 2008), por isto pretendemos por meio da disciplina de Educação
Física lançar mão do xadrez como uma ferramenta de apoio pedagógico.
Silva (2012: p.2); Afirma “uma das melhores lições que uma criança
pode aprender na escola é como organizar seu pensamento”, e acreditamos
que essa valiosa lição pode ser obtida mediante o estudo e a prática do xadrez;
Blanco (2012, pg.126) afirma que “o xadrez estimula o desenvolvimento
de habilidades cognitivas tais como: inteligência, memória, atenção,
pensamento lógico matemático, etc. capacidades fundamentais para a
evolução posterior do indivíduo”.
De acordo com Lemos (2010), o esporte proporciona aos alunos
experiências positivas, quando conciliam os conhecimentos do xadrez com o
ensino regular. Para ele, o esporte de inteligência traz como resultado: o
desenvolvimento da memória, a concentração e o raciocínio, tudo isso se
reflete nas outras disciplinas e aumenta o rendimento escolar.
DESENVOLVIMENTO
Para entendimento do estudo, estaremos a seguir abordando a questão
do xadrez neste contexto, ondePimenta (2009) coloca que segundo a lenda do
xadrez, o mesmo foi inventado há 1950 anos por um hindu de nome Sissa, a
fim de distrair o seu rei. Ao conhecer o jogo, o rei da Índia ficou tão
entusiasmado que ofereceu a Sissa a liberdade de escolher o que ele bem
desejasse como recompensa por tão notável invento. Toda a corte esperava
que Sissa fosse pedir grandes riquezas, mas ele surpreendeu a todos com o
seguinte pedido: um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro; dois grãos de
trigo pela segunda casa; quatro grãos de trigo pela terceira casa; oito grãos de
trigo pela quarta casa e assim sucessivamente, sempre dobrando o número de
grãos da casa anterior até a casa de número sessenta e quatro (o tabuleiro de
xadrez tem 64 casas). Seu pedido provocou risos. O rei meio que contrariado
disse-lhe: “Um invento tão brilhante e um pedido tão simples? Escolha uma
grande riqueza meu jovem, um de meus castelos, um palácio ou até uma de
minhas mulheres!” Mas Sissa mostrava-se inapelável à proposta do rei, e,
como palavra de rei é palavra de rei, este, ainda contrariado, pediu a seus
criados que entregassem a Sissa um grande saco de grãos de trigo. Sissa
entretanto, recusou a oferta dizendo que queria receber exatamente o que
havia pedido, nem um grão a mais, nem um grão a menos. O rei pediu então
para que seus calculistas fizessem as contas. Depois de muito tempo e muitas
contas, o matemático oficial do reino chegou assustado para avisar ao rei que
eles encontraram o número 18.446.744.073.709.551.615 de grãos de trigo a
serem pagos ao jovem Sissa, ou seja, dezoito quintilhões, quatrocentos e
quarenta e seis quatrilhões, setecentos e quarenta e quatro trilhões, setenta e
três bilhões, setecentos e nove milhões, quinhentos e cinqüenta e um mil e,
seiscentos e quinze. É um número tão grande de grãos de trigo, que seria
necessário semear seis vezes a superfície da terra para obtê-lo. Se uma
pessoa contasse de um até este número, gastando um segundo por número,
levaria quase sessenta bilhões de séculos para chegar até ele. Vendo-se
incapacitado em cumprir a promessa, o rei mandou chamar Sissa para lhe
oferecer outra recompensa. Sissa, entendendo a aflição do monarca por não
poder cumprir sua promessa perdoou a dívida, afinal, seu objetivo havia sido
atingido, ou seja, chamar a atenção do monarca para o cuidado que deveria ter
com suas promessas e julgamentos e para reconhecer que atitudes
aparentemente humildes formam grandes conquistas. Por fim, Sissa aceitou
ser conselheiro do rei e todos viveram felizes para sempre.Segundo Murry,
(apud PIMENTA,2009), aproximadamente em 570 dc surge na Índia o
chaturanga (jogo dos quatro elementos), que é o ancestral do xadrez.
Já falando em Brasil, nosso país sempre possuiu jogadores notáveis e
talentosos no cenário mundial. Acredita-se que o jogo tenha chegado ao país já
em 1500 quando na descoberta, por parte dos portugueses, das terras
tupiniquins. O primeiro jogador brasileiro de sucesso foi Caldas Viana, que já
em 1883 ganhou vários torneios pelo Brasil. Desde então diversos foram os
nomes de destaque no país, mas nenhum deles comparado ao gaúcho
Henrique Mecking, o Mequinho, uma verdadeira lenda do xadrez mundial.
Mecking ganhou seu primeiro campeonato brasileiro de xadrez aos doze anos
de idade. Venceu dezenas de torneios por todo o mundo, chegando a ser o
terceiro melhor jogador do mundo, atrás apenas de Karpov e Kortchnoi, no final
da década de setenta. Suas conquistas fizeram com que se tornasse muito
conhecido por todo país e por todo mundo. Chegou a ser até homenageado por
Raul Seixas numa de suas canções. Entretanto, no auge da carreira Mequinho
foi vítima de uma rara doença, considerada incurável e degenerativa, doença
esta que atrofia os músculos levando o enfermo à morte progressiva. O grande
mestre brasileiro decidiu então se converter severamente à religião católica.
Retirou-se e rezou arduamente pela cura, a qual conseguiu
surpreendentemente. Convencido de que fora salvo por um milagre, recolheu-
se a um mosteiro e abandonou o xadrez por mais de quinze anos. Voltou a
jogar somente em 2000, já conseguindo alguns resultados significantes.
Atualmente treina para recuperar sua velha forma. ( PIMENTA,2009).
Após estas colocações sobre a lenda do xadrez, podemos perceber que
sua nomenclatura auxilia de forma direta no desenvolvimento intelectual do seu
praticante e assim, na escola, quando temos a oportunidade de desenvolver
este jogo, para auxiliar no desenvolvimento dos alunos, principalmente de
forma interdisciplinar, torna-se algo gratificante, tendo em vista que quando se
possibilita à criança, ao adolescente e até mesmo ao adulto de serem agentes
da construção do seu conhecimento, tomarem decisões, construírem
resultados, elaborarem conceitos e estratégias e tudo intrinsecamente
relacionados com a experimentação, os resultados são surpreendentes. O
xadrez como método ativo, em que o praticante toma várias decisões num
curto espaço de tempo, é uma ferramenta que contribui na construção da
cognição.
Piaget apud Munari,( 2010, p.18), cita;
os métodos ativos, que recorrem ao trabalho ao mesmo tempo espontâneo e orientado por perguntas planejadas, ao trabalho em que o aluno redescobre ou reconstrói as verdades em lugar recebê-las já feitas, são igualmente necessários tanto para o adulto quanto para a criança,....o desenvolvimento de suas reações assemelha-se a evolução das reações no processo do desenvolvimento mental
De maneira interdisciplinar, mas como peça importante da engrenagem
que move o processo ensino- aprendizagem, apresentaremos o xadrez, para,
somando-se aos demais conteúdos das demais disciplinas, contribuir para o
desenvolvimento integral do adolescente.
Vygotsky apud Ivic (2010, p.18), afirma:
“...o essencial no desenvolvimento não está no progresso de cada função tomada isoladamente, mas na mudança de relações entre diferentes funções, tais como a memória lógica, o pensamento verbal, etc.; dito de outra maneira, o desenvolvimento consiste em formar funções compostas, sistemas de funções, funções sistêmicas, sistemas funcionais”.
Pela introdução do ensino e prática do xadrez, é possível contribuir para
elevação do nível de concentração, memória e raciocínio lógico dos
estudantes, bem como de outras valências, importantes para o
desenvolvimento integral do indivíduo.
Locateli (2011) nos coloca que o ensino e a prática do xadrez têm
relevante importância pedagógica, na medida em que tal procedimento implica,
entre outros, no exercício da sociabilidade, do raciocínio analítico e sintético, da
memória, da autoconfiança e da organização metódica e estratégica do estudo.
O jogador de xadrez, constantemente exposto a situações em que
precisa efetivamente olhar, avaliar e entender a realidade pode mais
facilmente, aprender a planejar adequada e equilibradamente, a aceitar pontos
de vista diversos, a discutir questionários e compreender limites e valores
estabelecidos e a vivenciar a riqueza das experiências de flexibilidade e
reversibilidade de pensamentos e posturas.
Ballmann (2010) nos coloca que depois de testes aplicados para
alunos que eram praticantes de Xadrez conclui-se que obtiveram resultados
significativos na questão da concentração e não somente nisto, mas também
no raciocínio lógico, paciência e memória tendo como parâmetro uma turma
que não praticava o Xadrez.
O xadrez contribui também na formação integral do adolescente, como
extensão do conhecimento sistematizado repassados pelas demais disciplinas
curriculares, é o que afirma Blanco (2012, p.61), “o estudo sistemático do
xadrez contribui para a formação integral do individuo em dez áreas básicas: 1)
recreativa; 2) esportiva; 3) intelectual; 4) cultural; 5) ética; 6) estética; 7)
instrumental; 8) emocional; 9) preventiva; 10) saúde social”.
O xadrez pode permear entre os conteúdos de todas as disciplinas
regulares, por sua dinâmica, pelas possibilidades e estratégias que a
movimentação das peças permitem, pelas tomadas de decisões e suas
consequências, pelos apontamentos possíveis em cada movimentação e seus
resultados, pela ludicidade em alguns momentos e a seriedade em outros, por
sua história e expressões características e tantos mais.
Blanco (2012: p.97), coloca que estudos realizados por Maguiles em
1990 foi concluinte em provar que os estudantes que aprenderam xadrez
adquiriram um incremento significativo em suas habilidades leitoras. Por outro
lado, em estudos paralelos, outro pesquisador denominado Frank, comprova
que o xadrez estimula tanto a habilidade leitora como a verbal e numérica.
Langen apud Blanco (2012:76) coloca que as crianças que aprendem
xadrez em idades novas rendem mais nas matérias tradicionais de ciências e
matemática.
Krogius apud Blanco (2012: 75) coloca que depois de anos investigando
o desenvolvimento da concentração em crianças e adolescentes, afirma que o
progresso mais acentuado coincide com o inicio e o estudo e prática de jogo de
xadrez, a qual influi sem dúvida na mentalidade deles.
Em síntese, Blanco (2012; 126) ressalta que o xadrez deve ser
incorporado ao currículo da escola básica ou elementar por que:
a) Tem uma base matemática: a matemática é a linguagem do método e
do pensamento ordenado; a matemática é um instrumento e linguagem
da ciência.
b) Estimula o desenvolvimento de habilidades cognitivas tais como:
inteligência, memória, atenção, pensamento lógico matemático,
capacidades fundamentais para a evolução posterior do individuo.
c) Desenvolve o sentido ético.
d) Estimula o desenvolvimento da criatividade através da resolução de
problemas, demonstrações de estudo, análises de posições e
elaboração de planos de jogo.
e) Permite o estabelecimento de transferências para situações da vida
diária.
f) É incluído pelo prazer que nos pode proporcionar. O sentido estético,
a beleza das formas das figuras, sua disposição para o tabuleiro, a
confluência ou relação entre elas, a sucessão dos movimentos, as
transformações de valor e a observação e a ameaça, produto das
múltiplas relações estabelecidas, proporcionam prazer ao executante e
ao estudioso.
g) Desenvolve o pensamento e o espírito crítico.
h) Pode ser aplicado como esporte complementar ou alternativo.
PROCEDIMENTO METODOLOGICO
Quanto aos processos metodológicos da pesquisa, a mesma
caracterizou-se como uma pesquisa de campo descritiva exploratória
participativa, tendo como principal objetivo verificar a importância da prática do
xadrez como ferramenta de apoio pedagógico. A população do mesmo foi
composta por todos os alunos do colégio estadual Barão do Rio Branco de
Palotina,e a amostra foi composta pela turma do 8º ano A, do ensino
fundamental.
O instrumento para avaliação do projeto, foi instituído pareceres dos
professores de algumas disciplinas, para avaliarmos de forma interdisciplinar o
desenvolvimento intelectual dos alunos, quanto ao nível de concentração,
interpretação dos enunciados das questões do livro didático e desempenho nas
provas. Pareceres estes que foram solicitados no inicio das atividades, como
Pré-avaliações e no final como Pós-avaliações. Foram comparados os
pareceres avaliativos para termos como base o nível de crescimento, se
ocorreu ou não diante das disciplinas avaliadas.
Para análise final do projeto foram apresentadas planilhas descritivas
dos pareceres, bem como dados relativos ao nível de crescimento ocorrido, e
como resultado esperado, além da cultura da prática regular do xadrez, um
melhor desempenho dos alunos em todas as disciplinas.
Um dos pontos altamente relevantes do estudo relaciona-se com o
comportamento da turma selecionada como amostra, onde na sua grande
maioria, os alunos eram muito agitados, sem limites, desinteressados, com
falta de concentração, não permanecendo em seus lugares.
RESULTADOS
No encerramento da implementação, tendo em vista os pareceres
realizados inicialmente pelos professores, realizou-se uma analise para
averiguarmos se ocorreu ou não melhorias junto aos objetivos do estudo.
Priorizando o desenvolvimento intelectivo dos alunos de forma interdisciplinar,
analisaremos a seguir as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,
tendo em vista serem estas as principais disciplinas do currículo da escola.
No inicio das atividades ambos os professores apresentam em seus
relatos, que a amostra apresenta de forma geral, falta de concentração, pouco
interesse e que muitos alunos encontram-se com dificuldade de aprendizagem,
turma bastante agitada e de difícil controle por parte dos professores, conforme
declarações abaixo:
Quadro 1 - Colocações do Professor de Língua Portuguesa
Nota-se que, conforme relato dos professores, trata-se de uma turma
bem complexa para se realizar qualquer atividade que requeira participação,
atenção e concentração. A novidade que o projeto trouxe a estes alunos, talvez
tenha contribuído para se ter evoluído, mesmo que modestamente, esta pouca
evolução é muito significativa, em razão do número pequeno de aulas para a
implementação do projeto, estimamos que houvesse necessidade de no
mínimo o dobro de aulas no processo de implementação, para se chegar a um
resultado aceitável, ou, transformar um projeto, nos moldes deste, em atividade
permanente na escola, fazendo parte do currículo, ou ainda transformá-lo em
atividade complementar de contra turno, para se trabalhar o ano todo.
Assim, foram realizadas atividades dirigidas dos conteúdos, em grupos
menores, com 8 alunos, para ser dada atenção mais individualizada visando
uma melhor compreensão, e desempenho.
Nestes grupos menores foi utilizado software livre para exercícios e
jogos, onde em disputa e ou treinamento virtual, haveria a necessidade de uma
melhor reflexão antes dos movimentos, bem como uma melhor concentração
por não haver diálogo (conversa) com a máquina. Também na realização das
atividades, houve a necessidade de mudança de local, por algumas vezes,
para melhor desenvolvimento destas, os alunos chegavam a determinada sala
de aula onde já estavam montados os tabuleiros. O rendimento foi melhor
quando nestas condições. Procedimentos estes seguidos durante a
implementação de toda a unidade didática.
Percebeu-se que no decorrer das aulas os alunos indagavam quando
seria a próxima aula do projeto, numa clara manifestação de que estavam
interessados em aprender e exercitar o xadrez, demonstração esta vivida nas
atividades. Do mesmo modo percebia-se em um grupo muito pequeno de
alunos desta turma, dois ou três, que não tinham interesse, só realizando as
atividades por necessidade, sendo que começaram e terminaram o projeto sem
praticamente nenhuma evolução.
Notou-se também que, quando do encerramento da implementação,
alguns alunos pediam quando seria ou poderia ser retomado. Manifestação
clara de que há um espaço muito grande para o xadrez nas escolas da rede
pública estadual.
Após o encerramento da implementação, novamente foi solicitado aos
professores regentes das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática e
agora também de Geografia um parecer da turma, para observarmos se
ocorreu ou não melhorias em relação as atitudes apresentadas em sala de
aula, principalmente nessas disciplinas. Assim abaixo, poderemos observar as
colocações dos professores.
Notou-se que, para que haja aumento no nível de concentração, com a
prática do xadrez, é necessário que esta prática seja constante, continuada.Os
exercícios mentais proporcionados pelas movimentações e estratégias,
precisam de muitas repetições o que requer um tempo muito maior nestas
condições, o que ficou perfeitamente evidenciado, neste projeto, de ser
possível.
A tímida, mas significativa evolução da turma, do início ao final do
projeto, conforme relato dos professores e da equipe pedagógica, nos
impulsiona a solicitarmos sua manutenção e inserção deste projeto nas
atividades periódicas ou permanentes de contra turno, conforme depoimentos
de professores regentes e da equipe pedagógica, quando do encerramento da
implementação.
Quadro 6 - Colocações da equipe pedagógica da escola
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao encerrarmos a implementação do projeto, e com aval dos resultados
obtidos junto aos alunos e conforme pareceres apresentados, podemos
concluir o quanto este “jogo” é importante para o desenvolvimento intelectual
de nossos alunos, pois através de atividades deste tipo, que requerem
exercícios mentais, conseguimos canalizar energias visando melhor
concentração e desenvolvimento do raciocínio lógico, que o jogo de xadrez
proporciona. Sabemos que foi uma modesta, mas muito significativa evolução
da turma, por se tratar de um grupo muito complexo de alunos e devido ao
pouco tempo da aplicabilidade do projeto, porem temos certeza que caso
projetos desta magnitude se fixar na escola, grandes resultados serão
alcançados.
Projetos desta magnitude deveriam ser realizados constantemente na
escola, porem em virtude do pouco tempo que sobra para os docentes, fora do
seu quadro normal de aulas, somente quando temos a oportunidade, como
esta proporcionada pelo PDE, é que conseguimos direcionar nossas ações em
prol de mudanças, como podemos perceber através da aplicabilidade deste
projeto, pois coletamos elementos suficientes que justificam a necessidade de
um olhar diferente para as potencialidades do xadrez em toda sua dinâmica.
Agora, com os resultados obtidos, após reflexões, pretendemos a partir
do próximo ano, estar implantando atividade complementar de contra turno,
realizando uma inserção inclusiva para todos os alunos, dando seqüência a
este projeto, pois o ideal para se ter pleno êxito em um conteúdo tão
importante, para treinamento e desenvolvimento cognitivo, como é o xadrez,
também defendemos sua inclusão na grade ou nos conteúdos de algumas
disciplinas, para que todos nossos estudantes possam ter acesso a esta
ferramenta tão importante de apoio pedagógico, de maneira continuada em
todo o curso do ano letivo.
Salientamos a importância do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, em todo o seu contexto, pois oportuniza aos professores
da Rede Pública Estadual, retornarem a academia, terem acesso a novos
conhecimentos, interagirem positivamente com colegas da rede pública e das
IES, reciclarem-se, discutirem os problemas do dia a dia escolar, e encontrar
perspectivas para solucioná-los, além de poder ver sua escola/colégio de fora
para dentro, o que dá ao professor (a) a clara noção de como deverá ser sua
ação, quando do seu retorno, e o que ele poderá contribuir para mudar a
realidade de seus alunos e de sua comunidade.
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