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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

ARTIGO FINAL

SILVIO SCHMIDT DE OLIVEIRA

XADREZ: Importante Ferramenta de Apoio Pedagógico

PALOTINA

2014

XADREZ: Importante Ferramenta de Apoio Pedagógico

Prof. Silvio Schmidt de Oliveira1

Prof. Dr. Luís Sérgio Peres2

RESUMO: Atualmente um dos maiores problemas de queixa nos conselhos de classe

é a falta de concentração ou mesmo de estímulo ao raciocínio lógico apresentado pelos estudantes durante as atividades em desenvolvimento nas aulas, que reflete diretamente em notas baixas nas provas, onde podemos concluir segundo as colocações dos profissionais da educação, que tais fatores podem dificultar o processo de aprendizagem. Pensando nisto, elaborou-se este estudo tendo como objetivo geral verificar a importância da prática do xadrez como ferramenta de apoio pedagógico. A pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa de campo descritiva exploratória participativa.A população do mesmo foi composta por todos os alunos do colégio Estadual Barão do Rio Branco de Palotina, e a amostra foi composta pela turma do 8º ano do ensino fundamental. O instrumento utilizado como avaliação foram pareceres dos professores de algumas disciplinas, para avaliarmos de forma interdisciplinar o desenvolvimento intelectual dos alunos, quanto ao nível de concentração, interpretação. Os resultados obtidos foram tímidos, mas altamente significativos, tendo em vista a evolução da turma, com o aumento no nível de concentração, conforme pareceres descritivos. Conclui-se ao encerrarmos este projeto que o mesmo foi de grande valia para o desenvolvimento intelectual dos alunos, onde foi conseguido canalizar energias positivas para melhorar a concentração e o desenvolvimento do raciocínio lógico dos alunos envolvidos na amostra.

PALAVRAS CHAVE: Interdisciplinaridade, aprendizagem, concentração,

raciocínio

INTRODUÇÃO

Atualmente um dos maiores problemas de queixa nos conselhos de

classe é a falta de concentração ou mesmo de estímulo ao raciocínio lógico

apresentado pelos estudantes durante as atividades em desenvolvimento nas

aulas, que reflete diretamente em notas baixas nas provas, onde podemos

1 Professor da rede estadual, pertencente ao PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional – turma

2013-2014

2 Professor Doutor do Curso de Educação Física da UNIOESTE – Campus de Marechal Cândido Rondon -

Orientador

concluir segundo as colocações dos profissionais da educação, que tais fatores

podem dificultar o processo de aprendizagem.

Pensando nisto e tendo a oportunidade de estar realizando atividades

junto ao PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, onde poderemos

realizar projetos visando melhorias para o desenvolvimento do ensino em

nossas escolas, torna-se evidente a necessidade de buscarmos estratégias

pedagógicas que contribuam para o aprimoramento de competências e

habilidades com vistas à melhoria do desempenho escolar dos alunos.

Neste sentido, o Xadrez, como esporte aliado a Educação caracteriza-se

como instrumento de inclusão social, que viabiliza a participação de alunos em

eventos motivadores como festivais e circuitos, independente de sua habilidade

motora, estética, e aptidão física, por ser um jogo democrático, onde até as

camadas mais humildes da sociedade podem ter acesso, pois dispensa

equipamentos ou vestimentas especiais comparando a outros esportes, pois o

jogo de Xadrez é uma prática esportiva, associada às valências mentais onde

se exercita a memória, a concentração e o raciocínio que auxiliam diretamente

na resolução de problemas.

Assim, a proposta para este projeto de implementação estará interligado

ao ensino e a prática continuada do xadrez, onde este será tratado como

ferramenta pedagógica, para auxiliar no desenvolvimento e melhoramento das

capacidades cognitivas dos estudantes.

Percilia (2011:Pg.1) em seus estudos nos afirma que “concentrar-se,

por definição, é o direcionamento de esforços mentais para uma determinada

atividade, situação ou problema”. Tal afirmação justifica a dificuldade de

concentração, especialmente de nossas crianças e jovens, pois praticamente

não exercem nenhum esforço mental nas atividades do dia a dia, recebem tudo

relativamente pronto, mastigado, é só consumir.

Nesta mesma abordagem, Sá (2012), nos coloca que o xadrez, por se

tratar de um jogo complexo, é uma das melhores atividades para se

desenvolver a capacidade intelectual dos jovens.

Como a Educação Física é parte do projeto geral de escolarização e,

como tal, deve estar articulada ao Projeto Político Pedagógico (PPP), pois tem

seu objeto de estudo e ensino próprios, e trata de conhecimentos relevantes na

escola (DCE, 2008), por isto pretendemos por meio da disciplina de Educação

Física lançar mão do xadrez como uma ferramenta de apoio pedagógico.

Silva (2012: p.2); Afirma “uma das melhores lições que uma criança

pode aprender na escola é como organizar seu pensamento”, e acreditamos

que essa valiosa lição pode ser obtida mediante o estudo e a prática do xadrez;

Blanco (2012, pg.126) afirma que “o xadrez estimula o desenvolvimento

de habilidades cognitivas tais como: inteligência, memória, atenção,

pensamento lógico matemático, etc. capacidades fundamentais para a

evolução posterior do indivíduo”.

De acordo com Lemos (2010), o esporte proporciona aos alunos

experiências positivas, quando conciliam os conhecimentos do xadrez com o

ensino regular. Para ele, o esporte de inteligência traz como resultado: o

desenvolvimento da memória, a concentração e o raciocínio, tudo isso se

reflete nas outras disciplinas e aumenta o rendimento escolar.

DESENVOLVIMENTO

Para entendimento do estudo, estaremos a seguir abordando a questão

do xadrez neste contexto, ondePimenta (2009) coloca que segundo a lenda do

xadrez, o mesmo foi inventado há 1950 anos por um hindu de nome Sissa, a

fim de distrair o seu rei. Ao conhecer o jogo, o rei da Índia ficou tão

entusiasmado que ofereceu a Sissa a liberdade de escolher o que ele bem

desejasse como recompensa por tão notável invento. Toda a corte esperava

que Sissa fosse pedir grandes riquezas, mas ele surpreendeu a todos com o

seguinte pedido: um grão de trigo pela primeira casa do tabuleiro; dois grãos de

trigo pela segunda casa; quatro grãos de trigo pela terceira casa; oito grãos de

trigo pela quarta casa e assim sucessivamente, sempre dobrando o número de

grãos da casa anterior até a casa de número sessenta e quatro (o tabuleiro de

xadrez tem 64 casas). Seu pedido provocou risos. O rei meio que contrariado

disse-lhe: “Um invento tão brilhante e um pedido tão simples? Escolha uma

grande riqueza meu jovem, um de meus castelos, um palácio ou até uma de

minhas mulheres!” Mas Sissa mostrava-se inapelável à proposta do rei, e,

como palavra de rei é palavra de rei, este, ainda contrariado, pediu a seus

criados que entregassem a Sissa um grande saco de grãos de trigo. Sissa

entretanto, recusou a oferta dizendo que queria receber exatamente o que

havia pedido, nem um grão a mais, nem um grão a menos. O rei pediu então

para que seus calculistas fizessem as contas. Depois de muito tempo e muitas

contas, o matemático oficial do reino chegou assustado para avisar ao rei que

eles encontraram o número 18.446.744.073.709.551.615 de grãos de trigo a

serem pagos ao jovem Sissa, ou seja, dezoito quintilhões, quatrocentos e

quarenta e seis quatrilhões, setecentos e quarenta e quatro trilhões, setenta e

três bilhões, setecentos e nove milhões, quinhentos e cinqüenta e um mil e,

seiscentos e quinze. É um número tão grande de grãos de trigo, que seria

necessário semear seis vezes a superfície da terra para obtê-lo. Se uma

pessoa contasse de um até este número, gastando um segundo por número,

levaria quase sessenta bilhões de séculos para chegar até ele. Vendo-se

incapacitado em cumprir a promessa, o rei mandou chamar Sissa para lhe

oferecer outra recompensa. Sissa, entendendo a aflição do monarca por não

poder cumprir sua promessa perdoou a dívida, afinal, seu objetivo havia sido

atingido, ou seja, chamar a atenção do monarca para o cuidado que deveria ter

com suas promessas e julgamentos e para reconhecer que atitudes

aparentemente humildes formam grandes conquistas. Por fim, Sissa aceitou

ser conselheiro do rei e todos viveram felizes para sempre.Segundo Murry,

(apud PIMENTA,2009), aproximadamente em 570 dc surge na Índia o

chaturanga (jogo dos quatro elementos), que é o ancestral do xadrez.

Já falando em Brasil, nosso país sempre possuiu jogadores notáveis e

talentosos no cenário mundial. Acredita-se que o jogo tenha chegado ao país já

em 1500 quando na descoberta, por parte dos portugueses, das terras

tupiniquins. O primeiro jogador brasileiro de sucesso foi Caldas Viana, que já

em 1883 ganhou vários torneios pelo Brasil. Desde então diversos foram os

nomes de destaque no país, mas nenhum deles comparado ao gaúcho

Henrique Mecking, o Mequinho, uma verdadeira lenda do xadrez mundial.

Mecking ganhou seu primeiro campeonato brasileiro de xadrez aos doze anos

de idade. Venceu dezenas de torneios por todo o mundo, chegando a ser o

terceiro melhor jogador do mundo, atrás apenas de Karpov e Kortchnoi, no final

da década de setenta. Suas conquistas fizeram com que se tornasse muito

conhecido por todo país e por todo mundo. Chegou a ser até homenageado por

Raul Seixas numa de suas canções. Entretanto, no auge da carreira Mequinho

foi vítima de uma rara doença, considerada incurável e degenerativa, doença

esta que atrofia os músculos levando o enfermo à morte progressiva. O grande

mestre brasileiro decidiu então se converter severamente à religião católica.

Retirou-se e rezou arduamente pela cura, a qual conseguiu

surpreendentemente. Convencido de que fora salvo por um milagre, recolheu-

se a um mosteiro e abandonou o xadrez por mais de quinze anos. Voltou a

jogar somente em 2000, já conseguindo alguns resultados significantes.

Atualmente treina para recuperar sua velha forma. ( PIMENTA,2009).

Após estas colocações sobre a lenda do xadrez, podemos perceber que

sua nomenclatura auxilia de forma direta no desenvolvimento intelectual do seu

praticante e assim, na escola, quando temos a oportunidade de desenvolver

este jogo, para auxiliar no desenvolvimento dos alunos, principalmente de

forma interdisciplinar, torna-se algo gratificante, tendo em vista que quando se

possibilita à criança, ao adolescente e até mesmo ao adulto de serem agentes

da construção do seu conhecimento, tomarem decisões, construírem

resultados, elaborarem conceitos e estratégias e tudo intrinsecamente

relacionados com a experimentação, os resultados são surpreendentes. O

xadrez como método ativo, em que o praticante toma várias decisões num

curto espaço de tempo, é uma ferramenta que contribui na construção da

cognição.

Piaget apud Munari,( 2010, p.18), cita;

os métodos ativos, que recorrem ao trabalho ao mesmo tempo espontâneo e orientado por perguntas planejadas, ao trabalho em que o aluno redescobre ou reconstrói as verdades em lugar recebê-las já feitas, são igualmente necessários tanto para o adulto quanto para a criança,....o desenvolvimento de suas reações assemelha-se a evolução das reações no processo do desenvolvimento mental

De maneira interdisciplinar, mas como peça importante da engrenagem

que move o processo ensino- aprendizagem, apresentaremos o xadrez, para,

somando-se aos demais conteúdos das demais disciplinas, contribuir para o

desenvolvimento integral do adolescente.

Vygotsky apud Ivic (2010, p.18), afirma:

“...o essencial no desenvolvimento não está no progresso de cada função tomada isoladamente, mas na mudança de relações entre diferentes funções, tais como a memória lógica, o pensamento verbal, etc.; dito de outra maneira, o desenvolvimento consiste em formar funções compostas, sistemas de funções, funções sistêmicas, sistemas funcionais”.

Pela introdução do ensino e prática do xadrez, é possível contribuir para

elevação do nível de concentração, memória e raciocínio lógico dos

estudantes, bem como de outras valências, importantes para o

desenvolvimento integral do indivíduo.

Locateli (2011) nos coloca que o ensino e a prática do xadrez têm

relevante importância pedagógica, na medida em que tal procedimento implica,

entre outros, no exercício da sociabilidade, do raciocínio analítico e sintético, da

memória, da autoconfiança e da organização metódica e estratégica do estudo.

O jogador de xadrez, constantemente exposto a situações em que

precisa efetivamente olhar, avaliar e entender a realidade pode mais

facilmente, aprender a planejar adequada e equilibradamente, a aceitar pontos

de vista diversos, a discutir questionários e compreender limites e valores

estabelecidos e a vivenciar a riqueza das experiências de flexibilidade e

reversibilidade de pensamentos e posturas.

Ballmann (2010) nos coloca que depois de testes aplicados para

alunos que eram praticantes de Xadrez conclui-se que obtiveram resultados

significativos na questão da concentração e não somente nisto, mas também

no raciocínio lógico, paciência e memória tendo como parâmetro uma turma

que não praticava o Xadrez.

O xadrez contribui também na formação integral do adolescente, como

extensão do conhecimento sistematizado repassados pelas demais disciplinas

curriculares, é o que afirma Blanco (2012, p.61), “o estudo sistemático do

xadrez contribui para a formação integral do individuo em dez áreas básicas: 1)

recreativa; 2) esportiva; 3) intelectual; 4) cultural; 5) ética; 6) estética; 7)

instrumental; 8) emocional; 9) preventiva; 10) saúde social”.

O xadrez pode permear entre os conteúdos de todas as disciplinas

regulares, por sua dinâmica, pelas possibilidades e estratégias que a

movimentação das peças permitem, pelas tomadas de decisões e suas

consequências, pelos apontamentos possíveis em cada movimentação e seus

resultados, pela ludicidade em alguns momentos e a seriedade em outros, por

sua história e expressões características e tantos mais.

Blanco (2012: p.97), coloca que estudos realizados por Maguiles em

1990 foi concluinte em provar que os estudantes que aprenderam xadrez

adquiriram um incremento significativo em suas habilidades leitoras. Por outro

lado, em estudos paralelos, outro pesquisador denominado Frank, comprova

que o xadrez estimula tanto a habilidade leitora como a verbal e numérica.

Langen apud Blanco (2012:76) coloca que as crianças que aprendem

xadrez em idades novas rendem mais nas matérias tradicionais de ciências e

matemática.

Krogius apud Blanco (2012: 75) coloca que depois de anos investigando

o desenvolvimento da concentração em crianças e adolescentes, afirma que o

progresso mais acentuado coincide com o inicio e o estudo e prática de jogo de

xadrez, a qual influi sem dúvida na mentalidade deles.

Em síntese, Blanco (2012; 126) ressalta que o xadrez deve ser

incorporado ao currículo da escola básica ou elementar por que:

a) Tem uma base matemática: a matemática é a linguagem do método e

do pensamento ordenado; a matemática é um instrumento e linguagem

da ciência.

b) Estimula o desenvolvimento de habilidades cognitivas tais como:

inteligência, memória, atenção, pensamento lógico matemático,

capacidades fundamentais para a evolução posterior do individuo.

c) Desenvolve o sentido ético.

d) Estimula o desenvolvimento da criatividade através da resolução de

problemas, demonstrações de estudo, análises de posições e

elaboração de planos de jogo.

e) Permite o estabelecimento de transferências para situações da vida

diária.

f) É incluído pelo prazer que nos pode proporcionar. O sentido estético,

a beleza das formas das figuras, sua disposição para o tabuleiro, a

confluência ou relação entre elas, a sucessão dos movimentos, as

transformações de valor e a observação e a ameaça, produto das

múltiplas relações estabelecidas, proporcionam prazer ao executante e

ao estudioso.

g) Desenvolve o pensamento e o espírito crítico.

h) Pode ser aplicado como esporte complementar ou alternativo.

PROCEDIMENTO METODOLOGICO

Quanto aos processos metodológicos da pesquisa, a mesma

caracterizou-se como uma pesquisa de campo descritiva exploratória

participativa, tendo como principal objetivo verificar a importância da prática do

xadrez como ferramenta de apoio pedagógico. A população do mesmo foi

composta por todos os alunos do colégio estadual Barão do Rio Branco de

Palotina,e a amostra foi composta pela turma do 8º ano A, do ensino

fundamental.

O instrumento para avaliação do projeto, foi instituído pareceres dos

professores de algumas disciplinas, para avaliarmos de forma interdisciplinar o

desenvolvimento intelectual dos alunos, quanto ao nível de concentração,

interpretação dos enunciados das questões do livro didático e desempenho nas

provas. Pareceres estes que foram solicitados no inicio das atividades, como

Pré-avaliações e no final como Pós-avaliações. Foram comparados os

pareceres avaliativos para termos como base o nível de crescimento, se

ocorreu ou não diante das disciplinas avaliadas.

Para análise final do projeto foram apresentadas planilhas descritivas

dos pareceres, bem como dados relativos ao nível de crescimento ocorrido, e

como resultado esperado, além da cultura da prática regular do xadrez, um

melhor desempenho dos alunos em todas as disciplinas.

Um dos pontos altamente relevantes do estudo relaciona-se com o

comportamento da turma selecionada como amostra, onde na sua grande

maioria, os alunos eram muito agitados, sem limites, desinteressados, com

falta de concentração, não permanecendo em seus lugares.

RESULTADOS

No encerramento da implementação, tendo em vista os pareceres

realizados inicialmente pelos professores, realizou-se uma analise para

averiguarmos se ocorreu ou não melhorias junto aos objetivos do estudo.

Priorizando o desenvolvimento intelectivo dos alunos de forma interdisciplinar,

analisaremos a seguir as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática,

tendo em vista serem estas as principais disciplinas do currículo da escola.

No inicio das atividades ambos os professores apresentam em seus

relatos, que a amostra apresenta de forma geral, falta de concentração, pouco

interesse e que muitos alunos encontram-se com dificuldade de aprendizagem,

turma bastante agitada e de difícil controle por parte dos professores, conforme

declarações abaixo:

Quadro 1 - Colocações do Professor de Língua Portuguesa

Quadro 2 - Colocações do Professor de Matemática

Nota-se que, conforme relato dos professores, trata-se de uma turma

bem complexa para se realizar qualquer atividade que requeira participação,

atenção e concentração. A novidade que o projeto trouxe a estes alunos, talvez

tenha contribuído para se ter evoluído, mesmo que modestamente, esta pouca

evolução é muito significativa, em razão do número pequeno de aulas para a

implementação do projeto, estimamos que houvesse necessidade de no

mínimo o dobro de aulas no processo de implementação, para se chegar a um

resultado aceitável, ou, transformar um projeto, nos moldes deste, em atividade

permanente na escola, fazendo parte do currículo, ou ainda transformá-lo em

atividade complementar de contra turno, para se trabalhar o ano todo.

Assim, foram realizadas atividades dirigidas dos conteúdos, em grupos

menores, com 8 alunos, para ser dada atenção mais individualizada visando

uma melhor compreensão, e desempenho.

Nestes grupos menores foi utilizado software livre para exercícios e

jogos, onde em disputa e ou treinamento virtual, haveria a necessidade de uma

melhor reflexão antes dos movimentos, bem como uma melhor concentração

por não haver diálogo (conversa) com a máquina. Também na realização das

atividades, houve a necessidade de mudança de local, por algumas vezes,

para melhor desenvolvimento destas, os alunos chegavam a determinada sala

de aula onde já estavam montados os tabuleiros. O rendimento foi melhor

quando nestas condições. Procedimentos estes seguidos durante a

implementação de toda a unidade didática.

Percebeu-se que no decorrer das aulas os alunos indagavam quando

seria a próxima aula do projeto, numa clara manifestação de que estavam

interessados em aprender e exercitar o xadrez, demonstração esta vivida nas

atividades. Do mesmo modo percebia-se em um grupo muito pequeno de

alunos desta turma, dois ou três, que não tinham interesse, só realizando as

atividades por necessidade, sendo que começaram e terminaram o projeto sem

praticamente nenhuma evolução.

Notou-se também que, quando do encerramento da implementação,

alguns alunos pediam quando seria ou poderia ser retomado. Manifestação

clara de que há um espaço muito grande para o xadrez nas escolas da rede

pública estadual.

Após o encerramento da implementação, novamente foi solicitado aos

professores regentes das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática e

agora também de Geografia um parecer da turma, para observarmos se

ocorreu ou não melhorias em relação as atitudes apresentadas em sala de

aula, principalmente nessas disciplinas. Assim abaixo, poderemos observar as

colocações dos professores.

Quadro 3 - Colocações da Professora de Matemática após Intervenção

Quadro 4 - Colocações da Professora de Geografia após Intervenção

Quadro 5 – Colocações da professora de Língua Portuguesa após a

intervenção

Notou-se que, para que haja aumento no nível de concentração, com a

prática do xadrez, é necessário que esta prática seja constante, continuada.Os

exercícios mentais proporcionados pelas movimentações e estratégias,

precisam de muitas repetições o que requer um tempo muito maior nestas

condições, o que ficou perfeitamente evidenciado, neste projeto, de ser

possível.

A tímida, mas significativa evolução da turma, do início ao final do

projeto, conforme relato dos professores e da equipe pedagógica, nos

impulsiona a solicitarmos sua manutenção e inserção deste projeto nas

atividades periódicas ou permanentes de contra turno, conforme depoimentos

de professores regentes e da equipe pedagógica, quando do encerramento da

implementação.

Quadro 6 - Colocações da equipe pedagógica da escola

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao encerrarmos a implementação do projeto, e com aval dos resultados

obtidos junto aos alunos e conforme pareceres apresentados, podemos

concluir o quanto este “jogo” é importante para o desenvolvimento intelectual

de nossos alunos, pois através de atividades deste tipo, que requerem

exercícios mentais, conseguimos canalizar energias visando melhor

concentração e desenvolvimento do raciocínio lógico, que o jogo de xadrez

proporciona. Sabemos que foi uma modesta, mas muito significativa evolução

da turma, por se tratar de um grupo muito complexo de alunos e devido ao

pouco tempo da aplicabilidade do projeto, porem temos certeza que caso

projetos desta magnitude se fixar na escola, grandes resultados serão

alcançados.

Projetos desta magnitude deveriam ser realizados constantemente na

escola, porem em virtude do pouco tempo que sobra para os docentes, fora do

seu quadro normal de aulas, somente quando temos a oportunidade, como

esta proporcionada pelo PDE, é que conseguimos direcionar nossas ações em

prol de mudanças, como podemos perceber através da aplicabilidade deste

projeto, pois coletamos elementos suficientes que justificam a necessidade de

um olhar diferente para as potencialidades do xadrez em toda sua dinâmica.

Agora, com os resultados obtidos, após reflexões, pretendemos a partir

do próximo ano, estar implantando atividade complementar de contra turno,

realizando uma inserção inclusiva para todos os alunos, dando seqüência a

este projeto, pois o ideal para se ter pleno êxito em um conteúdo tão

importante, para treinamento e desenvolvimento cognitivo, como é o xadrez,

também defendemos sua inclusão na grade ou nos conteúdos de algumas

disciplinas, para que todos nossos estudantes possam ter acesso a esta

ferramenta tão importante de apoio pedagógico, de maneira continuada em

todo o curso do ano letivo.

Salientamos a importância do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, em todo o seu contexto, pois oportuniza aos professores

da Rede Pública Estadual, retornarem a academia, terem acesso a novos

conhecimentos, interagirem positivamente com colegas da rede pública e das

IES, reciclarem-se, discutirem os problemas do dia a dia escolar, e encontrar

perspectivas para solucioná-los, além de poder ver sua escola/colégio de fora

para dentro, o que dá ao professor (a) a clara noção de como deverá ser sua

ação, quando do seu retorno, e o que ele poderá contribuir para mudar a

realidade de seus alunos e de sua comunidade.

REFERÊNCIAS

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Capacidade de Concentração da Criança da Terceira Infância, UNISEP

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