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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO E O PROCESSO ENSINO

APRENDIZADO

Autora: Sandra Regina Mecca1

Orientadora: Cássia Regina Dias Pereira2

RESUMO

Este artigo tem como objeto de estudo o Conselho de Classe, órgão colegiado de caráter essencialmente pedagógico, presente na organização escolar, para atuar como espaço democrático. Ele é considerado um dos únicos espaços escolar, que permite a discussão e a análise coletiva do processo ensino aprendizagem. Esse trabalho objetivou, analisar, a organização e concepção do Conselho de Classe que vem se desenvolvendo em uma escola de rede pública. O trabalho se desenvolveu por meio de estudos de fundamentação teórica que subsidiou a elaboração de um curso de extensão cuja material de estudo foi confeccionado sob a forma de Unidade Didática. A intervenção pedagógica contou com a participação dos educadores da escola pensando na melhoria de qualidade da prática pedagógica, mais especificamente nos eixos que direita ou indiretamente influenciam no desenvolvimento do Conselho de Classe e que compromete a qualidade do ensino aprendizagem. Os resultados apontam que apesar dos estudos, alguns educadores ainda permanecem resistentes as mudanças, principalmente o que diz respeito a participação de pais e alunos no Conselho de Classe. Nesse sentido o gestor tem um papel relevante na dinamização das oportunidades de congregar a comunidade dentro dos princípios da gestão democrática. As considerações finais apresentam o Conselho de Classe como um instrumento de transformação da cultura escolar sobre a avaliação diagnóstica possibilitando a construção conjunta do processo ensino e aprendizagem, refletindo a ação e a realização da proposta pedagógica da escola.

Palavras-chave: Professor. Aluno. Conselho de Classe.

INTRODUÇÃO

Teoricamente a importância do Conselho de Classe se dá por ser um

órgão democrático e integrador que reúne coletiva reúne coletivamente todos

envolvidos no processo educacional, que ocorre no final de cada bimestre de

acordo com o que consta no calendário escolar ou extraordinariamente quando

necessário. É nesse momento que cada um dos envolvidos deve ter um 1 Professora pedagoga efetiva da Escola Estadual Santos Dumont – E.F.M, pós graduada em Educação Especial – D.M.

2 Professora efetiva do colegiado do curso de pedagogia da Unespar Campus Paranavaí. Pedagoga, Mestre em Educação pela UEL.

posicionamento e um direcionamento reflexivo para a melhoria do processo

ensino aprendizagem.

É possível perceber que no decorre do Conselho de Classe o que mais

se leva em consideração são as notas e os problemas com relação à disciplina,

observa-se ainda a falta de coerência com relação aos critérios e instrumento

de avaliação adaptados em diferentes professores. As discussões se centram

na pessoa do aluno, como a falta de interesse e responsabilidade,

brincadeiras, problemas familiares e outros.

É pertinente que haja uma interação coletiva e participativa entre

professores, alunos, equipe pedagógica, pais e direção, para que ocorra uma

reflexão conjunta onde se possa discutir possibilidades possíveis que levem à

superação dos problemas levantado, relacionados com o desenvolvimento e

aprendizagem do aluno. É importante ter claro que o foco principal é o aluno e

é nesse momento que se deve identificar e discutir o problema relacionando ao

processo ensino aprendizagem e se os critérios e os instrumentos de avaliação

e a recuperação estão atendendo as necessidades dos alunos em questão.

Diante das questões levantadas acima, bem como a vivencia que a

pesquisadora tem como pedagoga, é possível perceber a necessidade de se

repensar a real função do Conselho de Classe para que se abra a possibilidade

de transformação, valorização, reorganização e a partir daí acontecer uma

nova caracterização desse colegiado gerando mudanças e melhorias no

ensinar e no aprender.

Mesmo sendo um tema bastante comentado, e polêmico deveria estar

ligado ao sistema de avaliação, portanto articulado a esse sistema orientando

mudanças na prática educativa.

No cotidiano do ambiente escolar há um descontentamento e uma

resistência com este colegiado, formalmente constituído na organização

escolar, pois educadores continuam fazendo uso desse espaço para

apresentação de notas de alunos, como ponto principal.

Muitos desses educadores já possuem referencial teórico sobre as

novas concepções de Conselho de Classe e qual seu objetivo. Mas a idéia,

anterior está tão arraigada que é necessário um longo processo de ação-

reflexão-ação, para subsidiar atitudes que promovam a adesão a essa nova

concepção e suas possibilidades de concretização na escola.

É necessário buscar uma nova relação entre a proposta e a

concretização do Conselho de Classe, que se encontra entre as praticas

escolares que camuflam muito bem os mecanismos de controle e exclusão

social e de poder vigente na sociedade. Na verdade, esse órgão trouxe em

suas raízes as contradições que fizeram parte do momento histórico da

implantação da Lei nº 5692/71.

O trabalho escolar tem se mostrado bastante complexo quando se

deseja mudanças e transformações apesar de todas as dificuldades

encontradas nos modelos de políticas educacionais colocadas pela sociedade

e governantes, os profissionais da educação precisam conscientizar se de que

a política acontece o tempo todo no ambiente de trabalho e que podem

aproveitar o momento do Conselho de Classe para desconstruir e dimensionar

os equívocos quanto às práticas escolares tradicionais, construindo novas

práticas e processos democráticos de participação.

Sendo a Educação um processo em transformação, não existe

pretensão na resolução dos problemas relativos ao tema aqui proposto. No

entanto a partir de estudos fundamentados em reflexões teóricas sobre

práticas no cotidiano escolar a busca é constante na análise do Conselho de

Classe, tendo como questão prioritária de ação e reflexão, pois sendo o

educador um participante ativo dessa produção que deve ser elaborada a partir

da necessidade sentida na sua pratica. Dessa maneira pretende-se diminuir a

distância entre teoria e prática, cujo foco principal é utilizar o Conselho de

Classe como um espaço de avaliação coletiva do trabalho escolar e de

articulação de mudanças, dentro de um processo de gestão democrática.

O CONSELHO DE CLASSE: qual seu significado?

O Conselho de Classe dever ser o espaço onde se discute, analisa,

propõe soluções, busca alternativas para superar os problemas relativos ao

processo ensino aprendizagem que envolve professores, alunos, conteúdos

metodologia de trabalho. Porém, o que se nota é que apesar do grande

investimento em estudo sobre sua essência na pratica não ocorre o

entendimento e nem a ação esperada.

Os estudos e pesquisas realizados sobre o tema centram foco nos

seguintes eixos de discussão, tais como:

• Que o Conselho de Classe deixe de ser um instrumento de

julgamento Classificatório e excludente para o aluno.

• Que não seja a nota pela nota.

• Por que os conselhos bimestrais não alteram os resultados

finais?

• Por que ocorreu um alto índice de alunos aprovados e reprovado

por conselho de classe?

Não podemos discutir Conselho de Classe sem envolver outros eixos do

trabalho pedagógico. Portanto os estudos e as pesquisas terão como pontos

básicos:

• A avaliação.

• Gestão Democrática

• Prática pedagógica dos professores.

Considerando o Conselho de Classe como órgão colegiado de grande

importância presente no ambiente escolar, o pressuposto de sua atuação é de

propiciar estratégias que venham em busca da análise, da avaliação e da

proposição de metas de superação de problemas relacionados ao ensino

aprendizagem.

Porém o que se percebe é que muitos profissionais envolvidos no

processo educacional demonstram ter uma visão equivocada sobre o Conselho

de Classe, ainda vêem nesse momento o julgamento do aluno questões

disciplinares, conferência de notas, problemas familiares e outros, existe ainda

o descontentamento por parte de outros professores por não terem a sensação

do dever cumprido, uma vez que a as proposta formuladas para superação dos

problemas ficam apenas registradas em atas, assim permanecendo até o

próximo conselho, sem a preocupação com a superação dos problemas

levantados com relação à aprendizagem do aluno.

Percebendo a necessidade de mudança para superar essa visão

equivocada e ultrapassada e buscar propostas que possam melhorar as

reuniões do Conselho de Classe é que buscamos verificar quais estratégias

poderiam tornar a reunião do Conselho de Classe um efetivo instrumento de

qualificação do processo ensino aprendizagem.

A Intervenção pedagógica teve o objetivo de propiciar a reflexão sobre

os procedimentos efetivos que viabilize a concretização do Conselho de Classe

como um instrumento de construção da escola de qualidade.

A PRÁTICA PEDAGÓGICA E O ENSINO APRENDIZAGEM

Todos somos aprendizes desde o nascimento. A aprendizagem

acontece ao longo da vida. Além da família, a escola é um lugar privilegiado de

fazer experiência de aprendizagem.

A teoria de Vygotsky fundamenta-se no desenvolvimento humano como

resultado de um processo sócio-histórico, uma maior importância ao papel da

linguagem e da aprendizagem, tendo como centro das atenções a aquisição do

conhecimento pela interação do sujeito com o meio.

A formação de conceitos se da através das relações entre o pensamento e a linguagem, questões culturais na construção de significados, processos de internalização é o papel da escola enquanto transmissora de conhecimentos. (VYGOTSKY, 1988, apud. p. 160).

A linguagem representa uma grande importância para a evolução

humana. É por meio dela que criamos conceitos, formas de organização do

real, a interação entre o sujeito e o objeto do conhecimento.

Desta forma a interação poderá conduzir uma aprendizagem em que a

prática produzirá significados, descentralizando o processo comunicativo em

sala de aula.

Assim, a participação do aluno ocorrerá de forma direcionada

estabelecendo uma proximidade entre professor e aluno, pois ambos

favorecerão ao processo ensino e aprendizagem. “A educação é comunicação,

é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro

de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”.( FREIRE

1982).

Para que essa ação se realize bem deve boa relação entre professor/

aluno, através dela depende além da aprendizagem, o respeito mútuo, a

cooperação e a criatividade.

É o educador que dispõe as condições para que a construção que o aluno faça seja mais ampla ou restrita, é por meio da orientação do professor que o aluno melhor utilizará seus conhecimentos prévios, pois, é através da apresentação que o professor faz dos conteúdos, ao mostrar os elementos essenciais e possibilitando ao aluno relacionar o que já sabem, que o mesmo proporcionará aos educandos experiências para melhor explorar, comparar e analisar em conjunto ou forma autônoma as diversas situações de aprendizagem. (ZABABA, 1998, p.25)

O professor precisava estar atento ás várias diferenças existentes entre

os alunos, na qual existem graus de linguagem diferenciada, culturas,

expectativas sociais, e apoia diferenciado das famílias. Tudo isso são

obstáculos para uma boa comunicação entre professor e o aluno.

AVALIAÇÃO

A escola desde os primórdios da sua criação incluiu o ato de avaliar

como elemento constitutivo de suas práticas de ensino, instrumento que sofreu

poucas variações ao longo do tempo, adquirindo características que refletem e

conservam as marcas dessa história. Entre essas características está no seu

caráter seletivo, classificatório, punitivo e controlador onde aparecem as

diferenças, rótulos desigualdades e exclusão do aluno no seu caminhar

escolar.

O ato de avaliar traz consigo desafios que exigem enfrentamentos e respostas que geram necessidades de uma ação coletiva, pelo envolvimento de toda comunidade educacional, mas traz também a alegria e a beleza da Constatação da engenharia do crescimento pelo processo interativo de ensinar e aprender. (PARANÁ, 1993, p.21)

Conforme o contido no Projeto Político Pedagógico da referida escola

“Avaliar é um processo abrangente da existência humana, que implica uma

reflexão crítica sobre a prática, o sentido de captar seus avanços, suas

resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o

que fazer para superar obstáculos”. (SCMCASTELO, 2011, p.26)

Na realidade a pratica avaliativa que se encontra na maioria das escolas

vão ao contrario do que se consta nos documentos que regem o

funcionamento das instituições escolares. Muito alem do que se apregoa, a

avaliação escolar que deveria ter com prioridade o ensino aprendizagem, tem

na “nota” o ponto principal da pratica educativa, e ainda se converte num

instrumento contraditório e de grande importância para as famílias por que

querem seus filhos promovidos, para os alunos que só se interessarem pelo

resultado e para escola que não quer que seu índice caia, o que interessa para

a grande maioria dão os resultados e não o ensino aprendizagem.

Durante o ano letivo, as notas vão sendo observadas, médias vão sendo obtidas. O que predomina é a nota: não importa como elas foram obtidas nem por quais caminhos são operadas e manipuladas como se nada tivesse a ver com o processo ativo de aprendizagem. (LUCKESI ,1996, p.18).

O professor por sua vez cumpre as exigências burocráticas, muitas

vezes pressionadas pela questão administrativa, limite de prazos e o aluno

acabam sofrendo as conseqüências de um processo avaliativo muitas vezes

injusto.

A avaliação da aprendizagem vem sendo praticada de forma

desvinculada do ensino aprendizagem, os critérios e instrumentos de avaliação

são realizados conforme a vontade do professor, sem levar em consideração a

aprendizagem do aluno.

Mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do professor. As notas são operadas como se nada tivesse haver com a aprendizagem. As médias são médias entre números e não expressões de aprendizagens bem ou malsucedidas. (LUCKESI, 1996, p. 23)

Porém entre os professores o que se observa são várias contradições

entre o discurso e a prática que exercem talvez isso ocorra pela formação que

tiveram e até mesmo como reflexo da sua história de vida enquanto aluno.

Hoffmann (1993 p. 16) afirma que “Os educadores percebem a ação de educar

e a ação de avaliar com dois momentos distintos não relacionados.”

A autora destacou em seu livro alguns trechos transcritos de entrevistas

com professores que emitiram seu entendimento e até sentimento sobre o

exercício avaliativo do conselho de classe.

Uma professora definiu avaliação como “conjunto de sentenças irrevogáveis de juízes inflexíveis sobre seus, em uma grande maioria, culpados.” Definição acrescida do personagem de outra professora: “São Pedro: é que decide quem entra (ou não) no céu!“ (HOFFMANN, 1993, p.15)

A partir dessas definições podemos perceber como a arbitrariedade, o

autoritarismo se converte em julgamento durante o ato de avaliar.

Considerando-se que avaliar é uma tarefa necessária e permanente no

âmbito da educação para que haja um acompanhamento do ensino

aprendizagem, ela precisa ser estudada e desmistificada pelos professores.

Avaliar o aluno deixa de significar fazer um julgamento sobre a aprendizagem do aluno, para servir como momento capaz de revelar o que o aluno, já sabe, os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento demonstrado, seu processo de construção de conhecimento o que o aluno não sabe, o que pode vir a saber, o que é potencialmente revelado em seu processo, suas possibilidades de avanço e suas necessidades para que a superação transitória, do não saber, possa ocorrer”(ESTEBAN, 2004, p.92)

De acordo com Luckesi (1996, p.44) “a avaliação diagnóstica será com

certeza, um instrumento fundamental para auxiliar cada educando no seu

processo de competência e crescimento para a autonomia”.

Em qualquer modalidade de avaliação e também processo do conselho

de classe é preciso aprender a elaborar o acompanhamento individual e

coletivo dos alunos para alcançar um diagnóstico mais próximo da realidade e

das possibilidades de desenvolvimento do processo ensino aprendizagem.

FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO

A avaliação fez parte do processo didático de ensino e aprendizagem,

por isso não deve ser deixada para as etapas finais do processo. Ela deve

anteceder, acompanhar e suceder o trabalho pedagógico. Assim fornecerá

subsídios para tomadas de decisão que direcionarão os rumos do trabalho

pedagógicos. No processo ensino e aprendizagem a avaliação pode ter função

diagnóstica, formativa ou somática.

A função de diagnóstico antecede a elaboração do plano de ação do

docente ou de uma aula. Ela fornecerá dados sobre a forma em que o trabalho

pedagógico irá se realizar, bem como os sujeitos que participarão desse

trabalho.

A função formativa ajuda a captar os avanços e as dificuldades que

forem acontecendo durante o processo, ainda em tempo de tentar resolver as

dificuldades. Pode informar constantemente o que está acontecendo. Os

resultados dessa função será mostrar a necessidade de rever os planos e

realizar mudanças tomadas anteriormente.

A função somativa acontecerá ao final de um bimestre, tendo como

preocupação o resultado, o produto alcançado.

As três funções de avaliação são interdependentes, porém cada uma é

usada no momento específico, com maior ou menor ênfase de acordo com a

necessidade.

GESTÃO DEMOCRÁTICA

A partir do final da década de 80 em que os indicares escolares

apresentavam um retrato deprimente de um país extremamente desigual no

acesso, permanência e sucesso escolar dos alunos, seja no ponto de vista

quantitativa como qualitativa, que a sociedade traduziu seus anseios em

manifestações reivindicando a inclusão no texto da Constituição Federal de

1988, com referência sobre a democratização da gestão do ensino, que foi

contemplada na redação dos artigos 205 e 206.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será provida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu prepara para o exercício da cidadania e para qualificação para o trabalho. (BRASIL. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988)

Observa-se que além da preocupação com a educação como dever do

Estado, há uma disposição coma descentralização da gestão escolar, tornando

possível a participação da comunidade nesse processo, como consta no artigo

206 da Constituição Federal assim expressão:

Art.206. O ensino será ministrado com base nas seguintes princípios: VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

Ao admitir a participação da sociedade no processo educacional em

colaboração com Estado e instituir a gestão democrática na educação, a

Constituição Federal avança no processo de democratização, mas ainda não

difere claramente os conceitos a que se refere aos termos “participação e

gestão democrática.”

Na década de 90, quando o país passou por inúmeras reformas com o

objetivo de se modernizar para atender as demandas socioeconômicas

mundiais surgem novos paradigmas educacionais com propostas de mudanças

para as escolas, entre os quais um novo modelo de gestão que pudesse

contemplar a participação da comunidade na construção do projeto político

pedagógico e na gestão escolar.

Em consonância com o momento o processo de gestão democrática

conquista um espaço na legislação brasileira um instrumento valioso no

processo de consolação da democracia, através da Lei de Diretrizes e Bases

para a Educação Brasileira (LDBEN) – Lei nº 9394 de 1996 aprovada pelo

Congresso Nacional e promulgada pelo Presidente da República.

A nova conjuntura legal trouxe oficialmente para o cenário educacional o

princípio da gestão democrática da escola pública, prevista no inciso VI do

artigo 206 da Constituição Federal de 1988 e recolocado no inciso VIII do artigo

3° da LDBEN de 1996:

Art. 3° O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: VIII – Gestão democrática do ensino público, na forma da lei e da legislação dos sistemas de ensino (Brasil, 1996).

Contudo vale ressaltar que não é somente a legislação que vai efetivar

gestão democrática na escola.

Não é suficiente a democratização do processo de tomada de decisões,

eleições para cargos diretivos, participação de pais e professores, assembléias,

conselhos escolares, é preciso democratizar, o conhecimento, isto é buscar

uma adequação pedagógica didática à clientela majoritária que hoje frequenta

a escola pública. (LIBÂNEO, 2005).

Reivindicar a escola pública para todos não significa valorizá-la e nem

considerá-la democrática.

Democratizar o ensino é ajudar os alunos a se expressarem bem, se comunicarem de diversas formas, desenvolverem o gosto pelo estudo, a dominarem o saber escolar; isto é ajudá-los na formação de sua personalidade, na sua organização enquanto coletividade (LIBÂNEO, 2005, p.12)

A participação da comunidade é necessária, mas são muitos os

obstáculos que se encontram não se pode desistir diante das dificuldades.

A escola estatal só será verdadeiramente pública no momento em que a população escolarizável tiver o acesso geral e indiferenciado a uma boa educação. [...] o Estado não tem se interessado pela universalização do ensino de boa qualidade. (PARO, 2002, p.17).

Faz se necessário que a comunidade escolar venha desempenhar o seu

papel exercendo a sua função de pressionar de pressionar o Estado para que

cumpra seu dever em garantir uma escola democrática e com ensino de

qualidade.

ÓRGÃO COLEGIADO: Conselho de Classe

O conselho escolar é uma instância colegiada deliberativa cuja função é

a de compartilhar com os gestores as decisões que possam levar ao alcance

dos fins da escola, serão a voz e o voto da comunidade escolar.

Dentre os colegiados escolares o Conselho de Classe se destaca como

espaço de participação coletiva que atua no sentido de avaliar e intervir nas

práticas pedagógicas no sentido de promover as transformações atender as

expectativas dos alunos e da comunidade escolar.

A instituição do Conselho de Classe no sistema escolar brasileiro,

remonta à segunda metade da década de 1950. Segundo Rocha (1982, p. 19)

dez educadores brasileiros do Rio de Janeiro, estagiavam no Instituto de

Pesquisas Educacionais de Sérvres, França, no ano de 1959, período em que

o ensino desse país passava por um processo de reforma com o objetivo de

democratizá-lo. Essas mudanças tinham entre os objetivos, a organização de

um sistema escolar cujo foco estivesse na observação sistemática e contínua

dos alunos, para oferecer a eles um ensino de acordo com as suas escolhas e

aptidões.

Foram criados vários conselhos à época, inclusive o Conselho de

Classe, referente a cada turma de alunos. Entre as atribuições desse Conselho

estava a de elaborar relatório sobre os alunos e posteriormente transmiti-los ao

Conselho de Orientação que, além de responsável por informar aos pais sobre

os resultados, também deveria proceder orientações para as famílias dos

alunos sobre as formas de acesso às diferentes modalidades de ensino do

sistema francês, levando em consideração as “aptidões” e o seu “caráter”.

Dessa forma, os alunos eram encaminhados ao ensino clássico ou ensino

moderno e técnico.

Referindo-se a esses conselhos Dalbem (2006, p.22) “considera

discutível a atuação pedagógica desses Conselhos, centrada na avaliação

classificatória, determinando a vida futura dos alunos, papel bastante dirigido

para o objetivo do sistema de ensino francês no período”. Entretanto, esse

modelo foi à referência utilizada para a grande maioria dos Conselhos

organizados e implantados em algumas escolas brasileiras, como o Colégio de

Aplicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Colégio Santa Cruz em

São Paulo de São João d` El Rei em Minas Gerais.

De acordo com Rocha (1982), inicialmente ficou sob o encargo da

orientação educacional o processo de implantação e divulgação dos Conselhos

de Classe, posteriormente, a coordenação dos Conselhos passaram a ser de

responsabilidade do núcleo de orientação pedagógica da escola. As iniciativas

para se implantar e difundir os Conselhos de Classe no Brasil no final da

década de 1950 e início da década de 1960, não estava circunscrito a

nenhuma legislação específica.

O CONSELHO DE CLASSE E AS BASES LEGAIS: Lei nº 5692/71 e Lei nº

9394/96

De acordo com Dalben (2006, p. 26) “Anteriormente à Lei nº 5692/71, o

Conselho de Classe não se apresentava como instância formalmente

instituída BA escola [...]” Segundo a autora, a mudança se deu quanto na

década de 1960, o Brasil firmou acordos de consultoria com agência

americana, que ficou conhecido como MEC/USAID (Agência Americana de

Desenvolvimento Internacional). Desse acordo, no entender de Dalben, surge o

Programa de Expansão e Melhoria do Ensino-PREMEN, regulamento pelo

decreto nº 63.914, de 27/12/68. Esse programa foi implantado em vários

estados do país a partir do ano de 1970, por meio do qual a USAID propõe o

Conselho de Classe como órgão constituinte da escola.

Após a regulamentação do PREMEN, foi sancionada a Lei 5692/71- Lei

de Diretrizes a Bases da Educação Nacional- LDB, que oferece abertura para

que os Conselhos Estaduais de Educação procedem às orientações

adequadas sobre a implantação da LDB para os seus sistemas de ensino,

como se observa no Parágrafo Único 2º da Lei 5692/71:

A organização administrativa, didática e disciplinar de cada estabelecimento de ensino será regulada no respectivo regimento, a ser aprovado pelo órgão próprio do sistema de ensino, com observância de normas fixadas pelo respectivo Conselho de educação.

Desse fato, resultou a formalização do Conselho de Classe através dos

regimentos escolares, elaborado por técnicas da hierarquia elevada do sistema

de educação e aprovado em meados da década de 1970.

Com a implantação da LDB 9394/96, o trabalho pedagógico passa a ser

compreendido a partir de uma perspectiva democrática. Nesse contexto, o

Conselho de Classe passa a fazer parte dos órgãos colegiados que compõem

a Gestão Democrática da escola pública.

Conforme consta na LDB nº 9394/96 em seu artigo 14, esses são os

princípios norteadores da gestão democrática nas instituições públicas. “Os

sistemas de ensino definirão as formas de gestão democrática do ensino

público na educação básica de acordo com as peculiaridades e conforme e

conforme os seguintes princípios”.

I- participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola.

II- participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. (BRASIL, 1996).

Ainda sobre a questão da Gestão Democrática na escola e sobre a

importância da organização do Conselho de Classe é possível perceber que, a

Deliberação 16/99, do Conselho Estadual de Educação, no Paraná define em

um de seus artigos, a saber. “Art. 4º, A comunidade escolar é o conjunto

constituído pelo corpo docente e discente, pais de alunos, funcionários e

especialistas, todos protagonistas da ação educativa em cada estabelecimento

de ensino”. (Paraná, 1999).

Desta maneira é possível observar que existe uma necessidade da

participação de pais, de alunos, de funcionários e de especialistas no Conselho

de Classe, para que se possa garantir sua responsabilidade na efetivação do

Projeto Político Pedagógico da instituição a função dessa instância, como um

dos importantes mecanismos de gestão democrático da escola.

A deliberação 16/99 o Conselho de Classe nas Instituições de Ensino do

Paraná. Desta forma estabelece o seguinte:

Art. 30- O conselho de Classe é um órgão colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didático-pedagógicos com atuação restrita a cada classe, tendo por objetivo avaliar o processo ensino-aprendizagem na relação professor-aluno e os procedimentos adequados a cada caso.

Art. 31- O Conselho de Classe tem por finalidade:

- estudar e interpretar os dados da aprendizagem, na sua relação com o trabalho do professor, na direção do processo ensino-aprendizagem, proposto pelo plano curricular.

- acompanhar e aperfeiçoar o processo de aprendizagem dos alunos, bem como diagnosticar seus resultados e atribuir-lhes valor;

- analisar os resultados da aprendizagem na relação com o desempenho da turma, com a organização dos conteúdos e com o encaminhamento metodológico;

- utilizar procedimentos que assegurem comparação com parâmetros indicados pelos conteúdos necessários de ensino, evitando a comparação dos alunos entre si;

- responder a consultas feitas sobre assuntos didáticos-pedagógicos, restritas a cada turma do estabelecimento de ensino;

Art. 32- O Conselho de Classe é constituído pelo Diretor, pela Coordenação Pedagógica e por todos os Professores que atuam na mesma classe. (PARANÁ, 1999).

Essa deliberação esclarece as características do Conselho de Classe,

enquanto momento de avaliação do processo ensino aprendizagem,

estabelecendo planos viáveis de recuperação dos alunos, em consonância

com o Plano Curricular do Estabelecimento de Ensino, propondo retomada de

conteúdos essenciais, mudança de estratégias metodológicas e do processo

de avaliação quando necessário.

Ela esclarece, também, a finalidade do Conselho de Classe e a sua

organização, deixando claro que o aluno será o centro desse processo de

avaliação, mas o professor também se autoavaliará, analisando e refletindo

sobre a sua própria prática e colhendo, assim, novos elementos para o seu

autoaperfeiçoamento.

Cabe aos envolvidos nesse processo discutir no Conselho de Classe

não a aprovação ou reprovação do aluno, como se fosse resultado de um

processo educativo fragmentado. O conselho assim, não se resume e voto,

pura e simplesmente, para decidir a sorte dos alunos que apresentaram

problemas no decorrer do ano, redundando na decisão final, que, muitas vezes,

já estava definida desde o início do período letivo.

Percebe-se que os diálogos esvaziam-se diante da busca de respostas aos problemas colocados, centrando-se em soluções que se restringem individualmente aos professores que as apresentam. [...] Poder-se-ia, entretanto dizer que esse processo pode dar-se na esfera pessoal, ou com outro profissional que se coloca diante dos fatos segundo uma concepção de educação mais progressista. (DALBEN, 1994 p.87).

Cabe lembrar que, esta instância, o conselho de classe, é uma instância

deliberativa e consultoria e que votar não tem o mesmo significado de

deliberar. O voto se resume a uma escolha que expressa uma opinião própria,

já a deliberação implica em uma decisão precedida pela discussão, pela

reflexão, ponderação, consideração de diferentes aspectos do problema,

exame das possibilidades, para então tomar uma decisão de modo a

encaminhar uma providência ou uma determinação. (PARANÁ, 2008).

Pode-se outra visão do ensino-aprendizagem, atuando no Conselho de

Classe com estudos e análise da legislação, do que consta no Regimento

Escolar e no Projeto Político Pedagógico da escola. Com essa nova visão é

possível, também, pensar no Conselho de Classe, como uma possibilidade de

organizar e de priorizar os direitos do aluno estabelecendo um equilíbrio entre

a teoria e a prática docente. São esses os desafios que estão postos e que

abrem novas possibilidades de pensar no Conselho de Classe como um dos

desafios da educação contemporânea que precisam ser enfrentados na

educação pública brasileira.

RELATO DE EXPERIÊNCIA E ANÁLISE DOS RESULTADOS

No Colégio Estadual Santos Dumont – E.F.M onde ocorreu a

intervenção, o Conselho de Classe é realizado quatro vezes no ano letivo

segundo determina o calendário escolar, normalmente acontece aos sábados

pela manhã ou numa noite sem que haja dispensa das aulas.

Durante a intervenção ficou decidido que no primeiro Conselho de

Classe seria utilizado o pré-conselho, onde os alunos discutiram com o

professor aos problemas mais freqüentes e mais graves e a partir do segundo

Conselho já aconteceria à participação dos alunos representantes da turma.

A previsão legal é que o diretor e diretor auxiliar participem da

coordenação do conselho, mas isso não é um hábito no colégio, isso

aconteceu já no primeiro conselho. A presença dele foi aleatória, o

acompanhamento do processo fragmentado. Alguns professores não

organizaram o pré-conselho. A situação foi constrangedora quanto os

professores que não participaram da intervenção questionaram a presença dos

alunos no próximo conselho. Ficou muito claro a importância desse colegiado

como uma pratica burocrática.

No decorrer do segundo bimestre já fomos organizando o pré-conselho,

a escolha do aluno representante de turma. Houve maior empenho na

organização, durante o processo a maioria dos professores procuraram falar

mais do ensino aprendizagem, progresso e retrocesso dos alunos. Quantos

aos alunos participantes agiram muito timidamente sem se manifestar. O

resultado do Conselho foi apresentado a cada turma como pós-conselho.

No terceiro bimestre já aconteceram algumas mudanças na maneira que

os professores colocaram os problemas, as discussões foram muito produtivas

e mais voltadas para a prática pedagógica e o ensino aprendizagem. Os alunos

interagiram com os professores, durante o processo, alguns até se propuseram

a colaborar ajudando os colegas com mais dificuldade.

Uma das sugestões por parte dos professores e que fosse criado um

grupo de estudos para se reunir periodicamente para estudar legislações que

fazem parte do sistema educacional e principalmente sobre a gestão

democrática, pois alguns professores ainda resistem a participação dos pais

em atividades que não sejam extracurriculares.

Para o quarto bimestre acredito que teremos mais progressos uma vez

que a maioria está tentando mudar.

Foram colocados em discussão alguns critérios que priorizam os

aspectos qualitativos e não os quantitativos para o Conselho de Classe:

- Não há nota mínima estabelecida. O processo de desenvolvimento

escolar de todos os alunos que não atingirem média para a análise de decisões

do conselho;

- Não há número de disciplina para aprovar ou reprovar. Mesmo que o

aluno tenha sido reprovado em todas as disciplinas o que está em análise é

sua possibilidade de acompanhar a série seguinte;

- Questões disciplinares não são indicativos para reprovação. A

avaliação deve priorizar o nível de conhecimento que o aluno demonstra ter e

não suas atitudes ou seu comportamento;

- Ter sido aprovado em conselho de classe no ano anterior não quer

dizer que não possa ser novamente aprovado no ano seguinte. Isto pode ser

um sistema de que o acompanhamento pedagógico deste aluno não foi efetivo

de modo a mudar os encaminhamentos para que o aluno tivesse oportunidade

de outras formas de entendimento dos conteúdos.

Os critérios são conforme as orientações da Secretaria Estadual de

Educação do Paraná; (CGE/NRE Curitiba 2007).

No conselho de classe é importante observar questões como:

- Avanços obtidos na aprendizagem.

- Trabalho realizado para que o aluno melhore a aprendizagem.

- Desempenho do aluno em todas as disciplinas.

- Acompanhamento do aluno no ano seguinte (quando for conselho de

classe final).

- Situação de inclusão.

- Questões estruturais que prejudicam os alunos (ex. falta de

professores sem reposição).

As questões são conforme as orientações da Secretaria Estadual de

Educação do Paraná; (CGE/NRE Curitiba. 2007).

No decorrer do desenvolvimento do trabalho no Grupo de Trabalho em

Rede-GTR foi possível percebe que a maioria dos participantes tinha em

comum às mesmas angústias e os desafios são os mesmos:

- Professores resistentes às mudanças;

- Professores QPM que talvez pelo desgaste do cotidiano e acumulo de

atividades apresentam um a certa apatia quanto ao processo de dinamização

do conselho de classe. Isso não significa dizer que entre os professores PSS e

mais jovens a mesma situação não ocorra;

- Rotatividade de professores, pedagogos e funcionários contratados

(PSS).

A preocupação entre todos é a necessidade de mudanças, no entanto

se observou a dificuldade de chegar a um denominador comum para o trabalho

no grupo.

As professoras pedagogas que participaram do GTR são de outros NRE,

a maioria achou o material de fácil entendimento, algumas já pretendiam utilizar

os textos em reuniões pedagógicas, no curso de formação de docentes e

também a divulgação para pedagogo de outra região.

Durante a realização do GTR houve uma grande troca de experiências

sobre pré conselho, conselho de classe e pós conselho, a motivação foi grande

e a contribuição foi muito produtiva.

Durante a aplicação do curso de extensão percebi que muitos

educadores demonstram resistência às mudanças, aos questionamentos

quanto a prática pedagógica e avaliação.

Isso ficou ainda mais evidente no decorrer da gestão democrática do

Conselho de Classe no segundo bimestre, muitos professores que não

participaram do curso não entenderam a proposta quanto ao pré e pós

conselho.

Quando aconteceu o questionamento quanto a participação de pais e

aluno a resistência foi muito forte por parte da maioria. Diante da situação a

direção solicitou o repasse do curso para os professores que não participaram

do curso. Muito diferente ocorreu na escola do campo que conseguiu implantar

o pré e pós conselho, participação dos pais e alunos no terceiro bimestre e foi

muito produtivo.

Por meio do relato da diretora e pedagoga pude perceber que a

facilidade em aplicar o projeto se deu pelo fato de ser uma escola pequena

localizada em comunidade da zona rural, aonde as famílias participam

ativamente das atividades escolares.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento do trabalho com a Intervenção Pedagógica por meio

do curso presencial de 40 horas na escola e o desenvolvimento dos estudos

via GTR (Grupo de Trabalho em Rede) que envolveu professores e

funcionários teve como objetivo maior favorecer o ensino aprendizagem que

constituem a ação principal da escola, ainda que muitas vezes sua importância

passe despercebida.

Dentro do ambiente escolar, o Conselho de Classe deve ser um

instrumento de transformações no processo educativo visando transformações

sociais. Isto só acontecerá se as pessoas que atuam como professores e

funcionários das escolas colaborarem, na construção de uma sociedade

participativa e democrática, justa e igualitária.

Avaliar o aluno deixa de ser um julgamento sobre a aprendizagem do

aluno, para servir como momento capaz de revelar o que o aluno, já sabe os

caminhos que percorreu para alcançar os conhecimentos demonstrados, seu

processo de construção de conhecimento que o aluno não sabe o que pode vir,

a saber, o que é potencialmente revelado em seu processo, suas

possibilidades de avanço e suas necessidades para que a superação

transitória, do não saber, passa ocorrer.

Para superar as concepções contraditórias de avaliação é necessário

que se construa coletivamente propostas de enfrentamento e de intervenções

pedagógicas que envolvam professores, equipe pedagógica, direção e pais.

A família deve mudar a referência que tem com a escola, que ainda tem

como referenciando a nota como o único final do processo ensino

aprendizagem.

Essa mudança exige uma profunda reorganização do espaço escolar,

ter um novo olhar a respeito das relações de poder que têm marcado a escola

e a sua função social, assumida através de suas práticas. Fica ai o desafio, do

Conselho de Classe, enquanto órgão colegiado, responsável pelo processo

coletivo de avaliação de aprendizagem, tentar romper o isolamento de trabalho

escolar, buscando a discussão e reflexão coletiva sobre a prática avaliativa de

maneira mais ampla e democrática.

Ofertar um ensino de qualidade e possibilitar o acesso e permanência do

aluno com sucesso, só será possível quando o trabalho for realizado de forma

eficiente, transparente, sem deixar de respeitar os direitos e interesses da

comunidade que a escola esta inserida. Os resultados deste estudo apontam

uma fragilidade das escolas quanto ao desenvolvimento dos Conselhos de

Classe como um dos principais componentes do processo de avaliação do

aluno.

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