os desafios da escola pÚblica paranaense na … · cremos que o grêmio estudantil, sendo um...
TRANSCRIPT
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA: Jovem do Grêmio Estudantil no
combate à violência escolar
Maria Regina Pereira Gandin1
Suzana Cini Freitas Nicolodi2
Resumo
Vivemos em uma sociedade marcada pelas desigualdades sociais, resultantes de umaeconomia capitalista com aparências liberais, alicerçada na exploração do homem pelo homem.Como resultado dessa lógica, percebemos a visível distância que separa homens e mulheres,segundo sua classe social. Possuímos clara visão que os fatores que determinam e condicionam osdiferentes tipos de ações e comportamentos violentos, corriqueiros em nossa sociedade, têm raízesna desigualdade social e na organização econômica que a configura e a sustenta. O presente artigopretende socializar as ações de intervenção desenvolvidas em uma escola pública com a finalidadede capacitar os membros do Grêmio Estudantil para a formação para a cidadania no combate àviolência escolar, promovendo o protagonismo juvenil, propiciando que os estudantes atuem comomediadores de conflitos entre os alunos dentro e fora do ambiente escolar. O desejo foi de incentivaro respeito aos direitos e deveres civis, políticos, sociais e comunitários no sentido de promover aharmonia e a paz entre os educandos no ambiente escolar e fora dele. Cremos que com a criação deprojetos culturais, esportivos, sociais e comunitários que partam dos estudantes do Grêmio Estudantile envolvam os demais alunos nessas atividades, seja possível diminuir sua permanência nas ruasonde a violência é uma constante. Para tanto, foram elaboradas atividades correlacionadas àcidadania, violência escolar e Grêmio Estudantil, acreditando no potencial e protagonismo juvenil.Com o fomento à cidadania, entendemos que seja possível a compreensão da importância dorespeito mútuo e da conscientização, da necessidade do diálogo contínuo para obtermosconvivências pacíficas e vivências positivas dentro e fora da escola. Mínimo desejável para umespaço que é destinado ao aprendizado e é determinante para o crescimento do indivíduo comocidadão consciente, crítico no ambiente ao qual está inserido.
Palavras-Chave: Gestão Escolar. Desenvolvimento educacional. Cidadania.
Violência Escolar. Grêmio Estudantil.
Introdução
1 Professora das disciplinas de História e Geografia, graduada em Serviço Social, Estudos Sociaise Pedagogia, com Pós-Graduação em Metodologia do Ensino Superior e Psicopedagogia, atuanteno Colégio São Paulo Apóstolo. Contato: [email protected]
2 Graduada em Direito pela Universidade de Cruz Alta - UNICRUZ. Possui mestrado e doutoradoem Educação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Atua como professoraadjunta na Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral.
A educação é a base para o desenvolvimento do país, na melhoria das
condições de vida de seus habitantes. A escola é um bem público e cabe a todos a
preservação de seu espaço físico e intelectual, garantindo a sua integridade para as
gerações futuras, buscando meios para a sua qualificação, acesso e permanência
neste espaço.
Todavia, chegamos à engrenagem da crise social brasileira e da fragilidade de
nossa cidadania, sendo todos afetados. Para resolver a situação de violência na
escola e nas ruas, temos que tomar parte dos acontecimentos e não ficar esperando
que os governantes tomem atitudes em nossa defesa. A transformação da
sociedade está em nossas mãos. É dever de todos tirar a cidadania do papel e fazer
com que nossos direitos e deveres sejam respeitados, entendemos que a educação
tem também a função de ser humanizadora.
Cremos que o Grêmio Estudantil, sendo um órgão colegiado de
representação dos estudantes que faz parte da gestão escolar, deve ser estimulado
a exercer seu protagonismo juvenil na promoção de eventos para atrair os demais
alunos, evitando assim, a permanência deles nas ruas expostos a vulnerabilidade
social e à violência.
A importância da vivência plena da cidadania pelos jovens é o que move este
artigo. Cremos que o Grêmio Estudantil pode oportunizar a primeira inserção na vida
política e social estudantil e permitir a experiência da busca pela garantia da
preservação de seus direitos e deveres, além da promoção da harmonia e da paz no
ambiente escolar.
Com o fomento à cidadania entendemos que seja possível compreender a
importância do respeito mútuo e da conscientização da necessidade do diálogo
contínuo para obtermos convivências pacíficas e vivências positivas dentro e fora da
escola. Nessa perspectiva cremos na necessidade em realizar intervenções
pedagógicas que busquem melhorar as relações entre os sujeitos no ambiente
escolar, bem como, contribuir para a compreensão das diferentes formas de
violência ocorridas no espaço escolar.
1 A violência nas escolas
Têm-se no Paraná, elevados índices de criminalidade e também a
desigualdade social, a miséria, a ausência do poder público. Nos dias atuais, a
violência parece estar mais intensa do que em outras épocas. Atinge a vida no
cotidiano. A violência faz parte de uma história, não é novo, são interações de um
processo. Uma nova questão é o conceito de violência e o que se considera como
tal. Outra situação nova é o que chamam de cultura da violência, que se concretiza
pelos sinais mais diversos, de acordo com a ambivalência do imaginário social sobre
o tema.
No Estado do Paraná, a Rede Paranaense de Televisão, por meio da
Campanha “PAZ SEM VOZ É MEDO”, fez uma análise sobre a situação de violência
nas escolas públicas. De acordo com essa emissora na sua pesquisa, o
envolvimento com drogas, ataques, brigas e bullying são os principais riscos.
Segundo a pesquisa, o principal problema para transformar a escola em um
ambiente seguro é a falta de participação dos pais na vida escolar dos filhos.
Portanto, nesta ótica, a responsabilidade de garantir a segurança é da escola, ou
seja, os pais transferiram para a escola o encargo de educar seus filhos. Segundo
Odálio (2004, p. 85), “desde o momento em que um longínquo ancestral do homem
fez de um osso a primeira arma, a violência sempre caminhou lado a lado com a
civilização. E chega aos dias de hoje nas mais diversas formas: física, racial, sexual,
política, econômica.”
Todavia, considera Odálio (2004, p. 23), “toda violência é institucionalizada
quando admito explícita ou implicitamente, que uma relação de força é uma relação
natural, como se na natureza as relações fossem de imposição e não de equilíbrio.”
Com tanta violência o mundo contemporâneo parece acostumado com a situação.
A cultura da violência está construindo uma nova hierarquia moral, na qual
quem ocupa a posição de agressor é o objeto de temor e de ódio por parte da
vítima, e quem ocupa a posição de vítima é o objeto de desprezo e indiferença por
parte do agressor. Todos se sentem poderosos e vulneráveis, e desse paradoxo
nasce o medo social, que transforma o ser humano pacato em mais uma “fera do
asfalto”.
2 A violência no caminho da paz
As pesquisas apontam a violência como uma das moires preocupações dos
tempos atuais. É por essa razão que se multiplicam as respostas da sociedade
como um todo visando conter à violência, orientar comportamentos em direção à paz
e cobrar justiça contra os atos e atentados de natureza violenta. Segundo Garcia
(2004, p. 98),
O entendimento do povo, a noção de violência está associado àcriminalidade e à força física. Talvez porque a origem da palavra violênciaseja o radical latino VIS, que significa “FORÇAR”. Toda ação violenta é umaimposição da força contra alguém, exercendo um poder arbitrário eexcessivo.
De acordo com Garcia (2004, p. 98), “a violência, no entanto, não se
caracteriza apenas pela agressão física, de uma ou mais pessoas contra outra. Tem
outras caras e se apresenta, também, sob a forma de brincadeiras como piadas,
agressão verbal ou até velada.”
Para Garcia (2004, p. 99), “se a violência faz parte de nosso cotidiano,
devemos entender essa situação como um desvio do caminho ideal que leva à vida
digna e harmoniosa para todos. Todavia, o exercício dos direitos de cidadão realça a
paz como um sentido da vida plena e harmoniosa dentro de uma sociedade
organizada.
Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabelece
uma série de direitos e deveres às crianças e adolescentes, com medidas protetivas,
bem como o Código Civil no Art. 5º, estabelece conduta no tratamento ao menor
sem crueldade, negligência, com a intenção de retirar o menor da violência e dar um
novo sentido na vida do menor, em que estes sujeitos possam ser tratados cidadãos
efetivamente.
3 Cidadania e educação
Argumenta Pinsky (1999, p. 13), “cidadania é participação, é ter direitos e
obrigações, e, ao contrário do que muitos pensam, se aprende na escola.” A
educação para a cidadania nunca é uma tarefa indiferente para o bom
funcionamento de um regime político.
Cidadania abrange uma série de direitos, deveres e atitudes relativos ao
cidadão. Pressupõe o pagamento de impostos, mas, também, a fiscalização de sua
aplicação, o direito de acesso à condições básicas de existência acompanhado da
obrigação de zelar pelo bem comum.
Cidadania pode ser qualquer atitude cotidiana que implique a manifestação de
uma consciência de responsabilidade. Exigir direitos é parte da cidadania, mas
respeitar os contratos sociais é sua obrigação.
De acordo com Pinsky (1999, p. 96):
A cidadania não é, contudo, uma concepção abstrata, mas uma práticacotidiana. Ser cidadão não é simplesmente conhecer, mas, sim, viver. Nãohá possibilidade de ser cidadão num regime totalitário, como a Alemanha deHitler, a Itália de Mussolini ou uma nação de governo militar.
Entretanto, a democratização formal não transforma todos do país em
cidadãos. A cidadania e a liberdade não é ser outorgada, mas conquistada. Cabe
aos educadores abrir espaço para a discussão da cidadania e os limites em sua
prática.
A questão central tem a ver com a própria prática da cidadania. A escolapública é, frequentemente, vista como um órgão governamental, como umaparelho do Estado, não como um órgão da sociedade que visa permitiroportunidades iguais a todos (PINSKY, 1999, p. 112).
Abramos espaço, então, por meio de nossas práticas pedagógicas, para que
a cidadania floresça
4 Grêmio Estudantil: um novo olhar para a educação
Para Oliveira (2009, p. 4), “é curioso que a organização dos estudantes não
seja objeto de estudos mais acionados, pois a literatura tem sugerido como aspecto
importante na democratização da gestão escolar.” A escola precisa investir e
incentivar a formação e atuação do Grêmio Estudantil, uma vez que o mesmo
enriquece muito a vivência dos estudantes oportunizando a participação na gestão
escolar, promovendo eventos que unificam os estudantes em busca de mudanças
em seu meio.
A atuação da juventude na política vem de longa data, desde 1964 com a
ditadura militar reprimiu o movimento dos estudantes, impedindo as atividades dos
Grêmios. Em muitas escolas, os alunos transgrediram as leis arbitrárias de
repressão mantendo as atividades dos Grêmios por se tornar importantes núcleos
democráticos de resistência à ditadura militar. Com a redemocratização brasileira, as
entidades estudantis voltaram a ganhar espaço, reconhecimento de seu importante
papel na formação cidadã da nossa juventude.
A Secretaria da Educação incentiva a criação de representação estudantil,
pois aponta para a democratização da escola. Os Grêmios Estudantis compõem a
tradição da juventude. As atividades do Grêmio Estudantil encaminham muitos
jovens para os primeiros passos na vida social, cultural e política. Assim,
acreditamos que o Grêmio contribui decisivamente para a formação e o
enriquecimento educacional de grande parcela de nossa juventude.
É nesse sentido que compreendemos o Grêmio Estudantil como importante
espaço de formação e multiplicação para o empoderamento estudantil no âmbito de
práticas cidadãs.
5 A implementação do projeto
O projeto implementado corresponde à atividade de intervenção pedagógica
incluída no Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná, tendo como um dos seus objetivos investigar os
determinantes das relações de violência no Ensino Médio do Colégio São Paulo
Apóstolo, através do fomento à cidadania ao Grêmio Estudantil, para que estes
sejam multiplicadores da cultura da não violência dentro e fora do ambiente escolar,
favorecendo o diálogo e a paz entre os alunos.
No retorno ao Colégio, durante a semana pedagógica, apresentamos o
projeto a todos os seguimentos da escola. A proposta foi bem recebida, pois foi ao
encontro das necessidades da educação, por esta razão, apresentava grande
probabilidade de obter sucesso. Mas grande surpresa nos aguardava, o Grêmio
Estudantil havia se extinguido.
Auxiliamos na organização e eleição de outra representação do Grêmio para
aplicarmos o projeto. Quando tudo estava pronto, verificamos que muitos alunos
trabalham, outros fazem estágios e outros ainda fazem cursos.
Observamos que muitos alunos que em sala não participavam,
surpreenderam durante o projeto com ideias maravilhosas, brilhantes, interação e
criatividade nas oficinas, nos cartazes, na elaboração de vários conceitos.
Quando tudo parecia fluir, houve a paralisação dos profissionais da educação
estadual. Fiquei bastante apreensiva, pois os alunos poderiam não vir ao projeto.
Para nosso alívio e satisfação, todos vieram e participaram com muito interesse e
alegria, interagindo, interrogando e produzindo maravilhosamente, elaborando
conceitos, debatendo e confeccionando cartazes sobre o assunto.
Este momento nos serviu de reflexão sobre como o processo educativo pode
ser superficial, não oportunizando a todos os educandos o acesso à participação em
seu processo de ensino e de aprendizagem. Todos são capazes de grandes
aventuras, basta instigar e oportunizar. Os estudantes criaram, apoderaram-se e
assimilaram os conceitos de cidadania, cidadão, democracia, direitos
constitucionais, direitos e deveres civis, políticos, culturais, sociais e comunitários.
Dominaram, os conceitos de violência e suas várias faces bem como o
bullying e o cyberbullying e as maneiras de combatê-las dentro e fora da escola. Os
educandos aprenderam a ser mediadores de conflitos entre os demais dentro e fora
da escola, estabelecendo uma cultura da paz e não à violência. Eles ainda
adquiriram conhecimentos sobre Grêmio Estudantil, legislação pertinente, liderança,
participação em eventos, para retirar os alunos das ruas.
Ao chegar ao término do projeto, era nítido que os estudantes não
desejassem seu término. Então, para satisfazê-los repetimos o projeto para os que
não puderam participar.
Percebo que o meu objetivo do projeto foi atingido com sucesso. O diferencial
deste projeto foi o protagonismo juvenil, a participação dos estudantes como sujeitos
ativos para a mudança na escola.
Acreditamos que nosso projeto tem condições de ser implantado em outras
escolas, já que a violência está presente em nosso dia a dia. A escola pode se tornar
um local propício ao desenvolvimento da cultura da paz. Pode estar neste ambiente
a solução pacífica de conflitos. Visamos relações interpessoais confortáveis e
respeitosas no ambiente escolar, que busquem alternativas democráticas para evitar
que situações problemáticas do cotidiano se desenvolvam e atinjam níveis de
violência.
Não podemos deixar de ressaltar que situações conflitantes são inevitáveis
quando pensamos nas relações em sociedade, mas, cabe a nós educadores e
gestores saber lidar com estas situações da melhor maneira possível buscando
soluções e metodologias diversificadas e adequadas para sanar este problema. A
Unidade Temática em pauta pode ser utilizada nas escolas para desenvolver
projetos que busquem estabelecer a cultura da não violência.
Quando falamos em cidadania temos que pensar na escola como formadora
de liderança. A escola apresenta diversos desafios, e entre eles a falta de espaço de
participação e articulação para que os alunos, professores e diretores possam
dialogar e construir juntos uma escola mais democrática, a verdadeira gestão
democrática. O Grêmio Estudantil legalmente reconhecido para representar os
alunos, pode e deve ser espaço de participação e diálogo.
Todavia, partimos do pressuposto que uma educação voltada para os
princípios de diálogo e conscientização para a cidadania é de extrema importância
para que haja mudanças de comportamento por parte dos que praticam à violência
contra alguém dentro ou fora do estabelecimento educacional.
A escola é um espaço emancipatório, na qual a cultura e os saberes são
construídos e socializados o conhecimento adquirido pelo sujeito. O professor é o
mediador e facilitador no processo educativo na formação humana, buscando a
prática da cidadania. O Grêmio Estudantil constitui um meio de participação que
favorece a formação para a cidadania, tornando-se um espaço de discussão,
tomadas de decisão, fortalecimento do respeito aos direitos e deveres e convivência
comunitária. E, ainda, inserção dos estudantes na promoção de eventos culturais,
esportivos, para retirá-los das ruas, onde estão vulneráveis a todo tipo de violência.
Sendo assim, os jovens do Grêmio Estudantil foram os mediadores de
conflitos e multiplicadores da cultura da paz, agindo na prevenção e conscientização
das diversas formas de violência dentro da escola e, consequentemente, fora dela.
Acredito na proposta que vem de encontro às necessidades da escola. Penso
que seja uma boa forma de buscar soluções, chamando nossos jovens e
adolescentes para a responsabilidade, afinal, através destas oportunidades poderão
tornar-se verdadeiros cidadãos.
Nessa perspectiva, o apoio ao Grêmio Estudantil foi fundamental para o
sucesso do projeto, bem como o corpo docente envolvido como parte integrante
desse processo. O Grêmio Estudantil como mediador de conflitos nas escolas é um
grande desafio que, com certeza, terá avanços significativos dando exemplo a ser
seguido.
A seguir construímos uma tabela com as atividades propostas ao Grêmio
Estudantil, bem como o objetivo e metodologia de cada atividade para melhor
visualizar nossa intervenção:
Tabela 1 – Atividades Propostas ao Grêmio Estudantil
Atividade Tema Objetivo Metodologia
01
Cidadania: SeusConceitos eDesdobramentos
Identificar e construir osconceitos de cidadão ecidadania
Exibição do filme Vida de Inseto.Discussão sobre o tema do filme,construção pelo grupo de umconceito coletivo de cidadania quecontemple seu entendimento.
02
ViolênciaEscolar
Sensibilizar e oportunizar areflexão e tomada deconsciência dos estudantes dogrêmio estudantil sobre aviolência escolar e seus efeitosna aprendizagem dos mesmos,bem como, sua atuação nacomunidade onde estãoinseridos. Incentivar aparticipação na resolução deconflitos dentro e fora daescola, prevenindo à violênciacom a mediação e intervençãodo Grêmio Estudantil.
Exibição do Filme Por Traz dosMuros da Escola. Discussão sobreo filme, construção de umdiagnóstico desenvolvido pelosestudantes que possa espelhar arealidade na qual estão inseridos,contemplando questões como: Quetipos de violência podem serencontradas dentro do contextoescolar? Quais as possíveiscausas? Qual o papel do cidadãofrente a violência? Quais aspossibilidades de reduzir à violênciaescolar? Como sensibilizar acomunidade escolar em relação aotema? Confecção de cartazes,montagem de textos em grupo.Apontar soluções para a violênciaescolar.
03
GrêmioEstudantil: UmaPossibilidadeEmancipatória
Despertar no jovem do GrêmioEstudantil o interesse e aparticipação consciente nocolegiado, promovendo acidadania entre os alunos nasolução de possíveisproblemas que afligem suacomunidade. Promover aoseducandos ações quepossibilitem uma formaçãocrítica e cidadã, tornando-ossujeitos de transformação nasolução de conflitos dentro efora da escola.
Apresentar na TV pendrive os slidesfazendo a exposição ao grupopromovendo o diálogo com osparticipantes problematizandoquestões como: Você conhece asleis que regem o Grêmio Estudantil?O que é a UNE? Quando foifundada? Qual o objetivo daexistência da UNE na vida dosestudantes? Como era ocomportamento dos estudantes doGrêmio Estudantil frente à ditaduramilitar? Qual é a função do GrêmioEstudantil na escola e nasociedade?2ª ETAPAPartindo do diagnóstico construídono encontro anterior, traçarobjetivos e implementar ações:eventos culturais, esportivos,sociais, grupos de estudos eartísticos, jornal do grêmio e doColégio. O Grêmio intervirão comomediadores e multiplicadores deboas práticas frente aos conflitos naescola.
04 AdministrandoConflitos
Reconhecer os estilos emaneiras de administração deconflitos em situaçõesproblemas.
Oficina: Exibição de slides comexemplo de conflitos e comoadministrá-los, debate com o grupopara esclarecer esse assunto.Eleição de um mediador deconflitos, os demais divididos emgrupos. Cada grupo tomará
posições opostas com o Tema Penade Morte. O mediador deverá sanaras dificuldades que surgirão. Aofinal discute como foi o processo dediscussão e mediação eadministração de conflitos emsituações problemas. Textos comdefinições.
05
Implementaçãodas Ações
Estimular boas práticas einiciativas dos estudantes emdireção da solução de conflitos
Implementação das atividadeselaboradas coletivamente.Respaldar e acompanhar as ações,incentivando práticasemancipatórias.
06
Avaliação Estabelecer correlação entre ostemas trabalhados durante estaunidade temática, quecontribuirá no aprimoramentoda Instância Colegiada, oGrêmio Estudantil.
Oficina: Confecção decartazes com recortes derevistas e jornais no qualexpressem o aprendizadocom o trabalho desenvolvidonesta unidade temática. Oscartazes serão fixados emmural na escola como ummarco na efetiva atuação doGrêmio.
No sexto e último encontro debatemos sobre o tema: Avaliação e Feedback.
Revisamos todos os conteúdos estudados até então. Solicitamos uma síntese que
contemplasse o aprendizado sobre tudo que foi visto no projeto. Também abrimos
espaço para debater sobre o aprendizado realizado nas oficinas.
O projeto implantado na escola, foi disponibilizado ao Grupo de Trabalho em
Rede, GTR da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, promovendo um
debate em rede entre os participantes, onde ressaltavam as experiências
profissionais dos educadores da rede pública e o professor PDE.
O curso proporcionou um enriquecimento bastante significativo através dos
debates, postagens e fórum de participação. As reflexões foram bastante
pertinentes, relevantes, além de profundas. Os debates abordavam as questões das
melhorias na qualidade da educação, os avanços educacionais e, também, os
desafios, as tecnologias na educação. Os profissionais da educação que
participaram do Grupo de Trabalho (GTR), demonstraram apreciar o projeto,
consideraram que ele veio ao encontro das necessidades da escola, sendo possível
a aplicação em qualquer estabelecimento de ensino.
Considerações Finais
O trabalho desenvolvido teve como objetivo principal capacitar os membros
do Grêmio Estudantil para a multiplicação da formação para a cidadania no combate
à violência escolar, promovendo o protagonismo juvenil.
O desejo foi incentivar o respeito aos direitos e deveres civis, políticos, sociais
e comunitários, no sentido de promover a harmonia e a paz entre os educandos e no
ambiente escolar, ressaltando o aprendizado de qualidade com saber
cientificamente elaborado produzido pela humanidade, além de permitir a todos o
acesso e permanência na escola, evitando a evasão escolar e a promoção do
exercício da cidadania crítica, consciente e responsável entre os jovens do Grêmio
Estudantil, tornando a sua representatividade na gestão democrática na escola.
Cremos que com a criação de projetos culturais, esportivos, sociais e
comunitários, com a finalidade de envolver os demais alunos nessas atividades,
possibilitamos sua retirada das ruas onde a violência é uma constante.
Essa produção pretendeu respaldar as ações através do incentivo à cidadania
no Grêmio Estudantil para que estes sejam multiplicadores da cultura da não
violência dentro e fora do ambiente escolar, favorecendo o diálogo e a paz entre os
estudantes. É nesse sentido que este artigo se justifica, para contribuir para o bem-
estar dos menos favorecidos que têm seus direitos violados e sua cidadania
afrontada.
Nos dias atuais, a violência tem se mostrado cada vez mais presente no
ambiente educacional, e devemos reconhecê-la até mesmo como consequência do
momento histórico vivido pela sociedade. Observamos esta realidade desde os
grandes centros educacionais difundindo-se por todo o seu elenco até chegar a
periferia dos grandes centros urbanos, onde ela intensifica ainda mais.
Todavia, partimos do pressuposto de uma educação voltada para os
princípios de diálogo e conscientização para a cidadania, que é de extrema
importância para que haja mudanças de comportamento de nossos educandos
dentro e fora do ambiente escolar.
A escola é um espaço emancipatório, no qual a cultura e os saberes são
construídos e socializados o conhecimento adquirido pelo sujeito. Portanto, como
participante integrante da equipe educacional, na formação cidadã que é tarefa de
toda a escola, no envolvimento dos jovens na responsabilidade e controle social na
prevenção à violência. Usamos o projeto e o protagonismo juvenil, como meio de
inserção ao conhecimento, levando o Grêmio Estudantil a usar a liderança através
do estímulo à cidadania e ao diálogo no estabelecimento da cultura da paz e
harmonia dentro e fora da escola, visto ser este espaço determinante na formação
integral do indivíduo.
Este trabalho foi um grande desafio e ao mesmo tempo gratificante, em poder
contribuir com ações pacificadoras e culturais no encaminhamento desses jovens no
caminho do bem, na valorização de seu potencial, que certamente provocará
mudanças em si mesmo, em seu meio social e consequentemente em suas famílias
e comunidades. Sinto-me realizada, com o dever cumprido, embora tenha muito que
se fazer ainda. O objetivo em combater à violência escolar e proporcionar formação
cidadã aos jovens do Grêmio Estudantil no estabelecimento da harmonia e paz
dentro e fora do estabelecimento de ensino foi atingido.
Percebe-se modificação de comportamento entre os alunos, e isso significa
avanço educacional, onde os educandos faz distinção do correto e do errado e
procuram mudanças. Percebemos que os alunos são capazes de mudanças
extraordinária, basta instigar e oportunizar.
Entendemos o Grêmio Estudantil como representação discente e
organizadora dos interesses estudantis e como um importante e profícuo espaço de
aprendizagem, cidadania, convivência e responsabilidade que merece mais
investimento pedagógico.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: numeraçãoprogressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, 2003.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990.São Paulo: Saraiva, 2013.
GARCIA, E. G. Cidadania agora. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 98-99.
ODÁLIO, N. O que é violência: coleção primeiros passos. São Paulo: Brasiliense,2004. p. 23, 85.
OLIVEIRA, J. N. Projeto de intervenção pedagógica na escola. Maringá, 2011. p.4.
PINSKY, J. Cidadania e educação. 3. ed. São Paulo: Contexto, 1999. p. 13, 96,112.
______ História da Cidadania. 3. ed. São Paulo: Contexto 2005. p. 257.