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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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PRODUÇÃO DE TEXTOS NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL TIPO I

Claudesir Rech1

Andreia Nakamura Bondezan2

Resumo:

O presente artigo tem como objetivo principal apresentar o projeto de produção de textos significativos, possibilitando ao aluno da sala de recursos, o gosto pela arte de escrever, criar e recriar, buscando o desenvolvimento de suas potencialidades através da escrita. O projeto realizou-se no Colégio Estadual do Campo São João batista de La salle, de Vila Marquesita, município de Matelândia, envolvendo os alunos do 6º ao 9º ano dos anos finais do ensino fundamental, que frequentaram a sala de recursos no 1º semestre de 2014. Teve como referencial teórico Vygotsky (1988; 1997; 1998), Antunes (2003) e Mello (2006), dentre outros. No decorrer do projeto foi empregada uma metodologia de observação individualizada e em pequenos grupos, sob a mediação do professor nas atividades realizadas, tais como: produção de texto livre, sarau de leitura, histórias contadas, produção a partir de um ditado, de bilhete, de cartas, e-mails, produção de um jornal, ilustração de uma obra literária, e edição de um livro com a coletânea da produção de todo o projeto. Dentre os principais resultados destacam-se a uma maior participação dos alunos, gosto e envolvimento nas atividades, o que contribuiu para a melhoria do aprendizado da produção escrita.

Palavras-chaves: Produção de textos. Mediação. Aprendizado.

Introdução

Os alunos com deficiência; com transtorno global do desenvolvimento; com

altas habilidades/superdotação podem participar do atendimento educacional

especializado (AEE) e deve ser realizado:

[...] prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola

ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não

sendo substitutivo às classes comuns, podendo ser realizado, também, em

centros de Atendimento Educacional Especializado da rede pública ou de

instituições, comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos,

conveniadas com a Secretaria de Educação ou órgão equivalente dos

Estados, Distrito Federal ou dos Municípios (BRASIL, 2009, art. 5).

Os alunos participantes deste trabalho estavam matriculados na sala de

recursos multifuncional tipo I, que é:

1 Professor da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná/Matelândia/Paraná.

2 Professora Doutora em Educação e Docente da UNIOESTE/Foz do Iguaçu.

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[...] é um serviço de apoio complementar especializado, de natureza

pedagógica ofertada aos estudantes que apresentam deficiência

intelectual, deficiência física neuromotora, transtornos globais de

desenvolvimento e transtornos funcionais específicos (PARANÁ,

2011).

Este artigo tem como objetivo apresentar o projeto desenvolvido com os

alunos desta sala de recursos multifuncional que apresentam dificuldades na

organização do pensamento na hora da produção escrita. Ele foi construído e

fundamentado na abordagem Histórica- Cultural, que entende que a aprendizagem e

o desenvolvimento dos alunos dependem, em grande medida, da qualidade das

mediações que recebe.

Desta forma buscamos nas obras de Vygotsky (1988; 1997; 1998), Antunes

(2003) e Mello (2006), dentre outros mostrar a importância da mediação do

professor no processo de aprendizagem dos alunos.

As atividades do projeto proposto foram organizadas com o objetivo de

possibilitar que os alunos compreendessem o processo da produção escrita. No

total, 11 etapas foram planejadas e realizadas durante a implementação do projeto

junto aos alunos da sala de recursos.

Assim, primeiramente apresentamos a abordagem Histórico-Cultural e sua

relevância para a educação especial; em seguida destacamos o projeto realizado na

escola selecionada e suas etapas e finalizamos com uma análise da atividade

efetivada no final da implementação do projeto por meio dos participantes do Grupo

de Trabalho em Rede.

A abordagem Histórico-Cultural e a educação especial

Acreditamos que a abordagem Histórico-Cultural é um referencial que propicia

ao professor uma compreensão acerca da pessoa com deficiência e sua

possibilidades de aprendizagem, de desenvolvimento e superação dos déficits que

apresenta.

No que se refere à pessoa com alguma necessidade especial no âmbito

educacional, Vygotsky (1997, p. 84) fala que "a criança com defeito não é

indispensavelmente uma criança deficiente", ou seja, ela pode superar seus déficits

pelas necessidades que serão impostas a ela na convivência social.

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Desta forma, entendemos que uma pessoa que possui uma deficiência deve

ter as oportunidades escolares com direitos iguais e reservadas as particularidades

do ato de aprender. Ou seja, que lhe proporcione as adaptações que atendam as

suas necessidades educacionais especiais.

De acordo Góes (2002), para que haja o desenvolvimento humano desde

sua infância é relevante às interações sociais. Estas mediações ocorrem por meio

da cultura, da linguagem e dos instrumentos físicos que são a base dos elementos

mediadores e que outros seres humanos são necessários para que este se efetive. A

linguagem é elemento essencial para a interação social e é no processo de

transmissão do conhecimento que se definem as possibilidades da aprendizagem e

do desenvolvimento humano.

Vygotsky (1998, p. 117-118) reitera que a aprendizagem é elemento

indispensável para o desenvolvimento das características humanas, e que a mesma

só se desenvolve por meio da mediação. Este autor destaca que "[...] o

aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento, que são

capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas em seu

ambiente e quando em cooperação com seus companheiros".

Assim, na escola esta mediação ocorre com os alunos entre si e alunos e

professores. No entanto, a mediação do professor é aquela que possui a

intencionalidade na superação dos déficits apresentados pelos educandos, por meio

da compensação.

Vygotsky (1997) pontua que juntamente com o déficit são dadas as

possibilidades de desenvolvimento. Mas a compensação de deficiência somente

acontecerá se houver uma real necessidade de mudança, de superação por parte da

criança e apoio social sistemático.

De acordo com Rossetto (2009), o princípio da compensação foi apresentado

por Vygotsky (1997), no qual, uma pessoa que apresenta deficiência pode superá-la

por meio da compensação.

Assim sendo, devemos entender que a compensação é um mecanismo de

superação de limites impostos por uma deficiência que o indivíduo apresenta, ou

seja, este mesmo indivíduo pode desenvolver outro sentido que compensa a

ausência do sentido afetado. Por exemplo, uma pessoa que apresenta perda de

visão, pode ampliar sua capacidade auditiva desde que, primeiramente, exista esta

necessidade e ações para este desenvolvimento.

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Desta forma nas unidades escolares, compreender a possibilidade da

compensação se faz necessário, pois o professor não se limita apenas em

determinar o nível ou a gravidade da deficiência do seu aluno, mas busca maneiras

de fazer com que o aluno compense tais dificuldades. Portanto, o professor precisa

buscar meios para que a criança que apresente alguma deficiência, tal como as

demais, possa adquirir o conhecimento.

Nesta perspectiva, Vygotsky (1988) afirma que a apropriação do conhecimento se

efetiva a partir das interações recíprocas do ser humano com o mundo,

considerando as condições físicas, as relações socioculturais e os fatores históricos.

Para este autor, para a apropriação do conhecimento é preciso a participação de um

mediador. Sendo que nas atividades escolares, espera-se que o professor assuma o

papel de mediador, dos conhecimentos científicos que devem ser apropriados por

seus alunos.

O professor da Sala de Recursos precisa ter um embasamento teórico e

conhecer as potencialidades de seus alunos para, a partir dessa realidade,

desenvolver as atividades que se pretende trabalhar, neste caso a produção de texto

com qualidade e significância, na qual o aluno possa expressar a sua criatividade a

partir da escrita.

A produção de texto na sala de recursos multifuncionais

O simples ato de escrever um texto deve ser feito em etapas. Em se tratando

da produção propriamente dita, o escritor, neste caso, o aluno da sala de recursos,

deverá planejar um rascunho do que pretende produzir, elaborá-lo e reescrevê-lo,

até que chegue ao produto final. Lembrando que este deve ter uma finalidade, um

propósito, reservando a escrita a maior funcionalidade possível.

Desta forma, para tratar da aquisição da escrita pelos alunos recorreremos a

André (2007); Mello (2006) que tem como fundamento a abordagem eleita e os

trabalhos de Antunes (2003; 2008), que traz uma proposta de produção de texto,

firmada nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná,

Língua Portuguesa (2008) que destaca a função do professor neste processo.

De acordo com André (2007) para Vygotsky, a criança precisa entender a

escrita como uma função cultural complexa para saber com quais intenções usá-la.

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As funções psíquicas superiores de conscientização, abstração e intenção exigidas

pela escrita acabam por fazer a criança agir de modo mais intelectual e,

consequentemente, a ter mais consciência da fala.

Segundo Mello (2006), fundamentada em Vygotsky, a escrita precisa se

tornar uma necessidade da criança que vive numa sociedade que lê e escreve,

sendo que a escrita precisa ser apresentada não como um ato motor, mas como

uma atividade cultural complexa considerando o uso social para a qual foi criada.

Assim, na Sala de Recursos, é preciso propor atividades que venham ao

encontro das necessidades dos alunos que tem dificuldades de aprendizagem.

Realizar uma interação com cada educando na perspectiva de uma boa produção

escrita, ou seja, aquela que apresenta os requisitos básicos da apropriação da

mesma. O objetivo é que os alunos sejam capazes de usar os conectivos

necessários à produção clara para o leitor, sendo necessário seu envolvimento com

os textos que produz e compreensão do que escreve.

Partindo desse principio, as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa do

Paraná (2008), com base nos estudos de Antunes (2003), propõem três etapas

interdependentes e intercomplementares para a escrita de texto pelos alunos, que

podem ser ampliadas e adequadas de acordo com o contexto:

- inicialmente, essa prática requer que tanto o professor quanto o aluno

planejem o que será produzido: é o momento de ampliar as leituras sobre a

temática proposta; ler vários textos do gênero solicitado para a escrita, a

fim de melhor compreender a esfera social em que este circula; delimitar o

tema da produção; definir o objetivo e a intenção com que escreverá; prever

os possíveis interlocutores; pensar sobre a situação em que o texto irá

circular; organizar as ideias;

- em seguida, o aluno escreverá a primeira versão sobre a proposta

apresentada, levando em conta a temática, o gênero e o interlocutor,

selecionará seus argumentos, suas ideias; enfim, tudo que fora antes

planejado, uma vez que essa etapa prevê a anterior (planejar) e a posterior

(rever o texto);

- depois, é hora de reescrever o texto, levando em conta a intenção que se

teve ao produzi-lo: nessa etapa, o aluno irá rever o que escreveu, refletir

sobre seus argumentos, suas ideias, verificar se os objetivos foram

alcançados; observar a continuidade temática; analisar se o texto está

claro, se atende à finalidade, ao gênero e ao contexto de circulação; avaliar

se a linguagem está adequada às condições de produção, aos

interlocutores; rever as normas de sintaxe, bem como a pontuação,

ortografia, paragrafação (PARANÁ, 2008, p. 69).

Com uma seleção de textos, partindo-se dos menos elaborados para os mais

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elaborados, do ponto de vista sintático semântico e estilístico, o professor e os

alunos elegem um gênero específico, por exemplo, o conto e, a partir da leitura de

narrativas, os alunos produzem seus textos. Os trabalhos serão lidos pelo professor

e pelos colegas, para que, assim, todos analisem se o encaminhamento da proposta

atendeu às expectativas dos envolvidos nessa atividade.

Tal prática, então, compreende a leitura, a compreensão e interpretação

acerca das possibilidades de sentidos veiculados pelo texto literário e a produção

escrita intertextual. As reescritas passarão pelo processo de reestruturação,

observando, dessa forma, ao padrão da língua.

Com este referencial realizamos o projeto intitulado “Produção de Textos na

Sala de Recursos Multifuncional Tipo I”, foi aplicado no Colégio Estadual do Campo

São João Batista de La Salle, Marquesita, abrangendo alunos do 6º ao 9° ano que

frequentavam a Sala de recursos no 1º semestre de 2014.

Ao todo oito estudantes participaram do projeto. Estes alunos serão indicados

no presente texto como aluno A; B; C; D; E; F; G; H.

O projeto contou com 11 etapas: 1. Sarau de Leitura, 2. Histórias Contadas, 3.

Produção de um texto sem a mediação do professor, 4. Produção de texto com o

auxilio do ditado, 5. Ilustração de uma obra literária, 6.Composição a partir de uma

música, 7.Produção escrita a partir de uma carta tradicional e o uso do e-mail,

8.Produção escrita bilhete, 9.Visita planejada Jornal Stampa, 10.Produção do

primeiro exemplar da Sala de Recursos e 11. Confecção de um livro da Sala de

Recursos.

Antes da realização do projeto, o mesmo foi apresentado à direção e a equipe

escolar com a apreciação de todos durante a Semana Pedagógica escolar no inicio

do ano letivo, em seguida foi apresentado aos alunos da Sala de Recursos para que

todos tivessem a oportunidade de conhecê-lo.

No início da aplicação do projeto foi proposto aos alunos a produção de um

texto livre sem a mediação do professor para que ao final do mesmo pudéssemos

comparar o texto inicial com o resultado final de sua produção, onde o aluno teve a

intervenção e mediação do professor para desenvolver a prática da escrita.

Ao se trabalhar a etapa 2, Histórias Contadas no início das 8 primeiras etapas

através da percepção auditiva e visual, percebeu-se um grande entusiasmo pela

atividade, pois as mesmas realçam a importância da leitura e gosto de viajar

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embalados pelos contos e histórias que foram contadas através do site:

www.qdivertido.com.br . Sobre está atividade, assim discorre o aluno A:

“A atividade de ouvir histórias contadas foi maravilhosa e encantadora”.

(Aluno A).

Foi uma experiência enriquecedora desenvolver o projeto produção de textos

com alunos da sala de recursos multifuncional tipo I, pois pude a partir do que

havíamos planejado na Unidade Didática, trabalhar as diversas tipologias textuais e

a cada uma delas efetivadas, percebia-se a maturidade doa alunos na construção e

associação de ideias para a elaboração dos textos.

Para avaliar as habilidades de leitura foram apresentadas durante o Sarau de

Leitura, várias obras da nossa literatura infanto-juvenil e juvenil para estimular o

gosto pela leitura como fonte de prazer. Dentre as obras apresentadas destacaram-

se as obras O Menino Maluquinho (Ziraldo Alves Pinto) e A Bolsa Amarela (Lygia

Bojunga) que foram eleitas pelos alunos as melhores obras lidas por eles durante a

realização do projeto.

Observamos que a obra de Lygia Bojunga estimulava a produção escrita,

através da personagem Raquel com suas imaginações ocorridas a partir da bolsa

amarela que ganhou de presente. A referida obra agradou ao ponto que todos leram

o livro inteiro. O aluno C relatou: “Gostei tanto do resumo da obra, que li ela todinha

em poucos dias, pois adorava as aventuras da Raquel e sua bolsa amarela”.

Para avaliação das habilidades da escrita, foram realizadas várias formas de

produção, tais como: produção a partir do ditado, escrita de cartas, e-mail, bilhetes e

pesquisa para editar um jornal.

Quanto à escrita de cartas e-mails, foi proposto fazer um intercâmbio entre os

acadêmicos do subprojeto de Pedagogia do Programa Institucional de Bolsa de

Iniciação à Docência – PIBID da Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE, Campus de Foz do Iguaçu e os alunos participantes do projeto. Este foi

um momento de grande expectativa, pois os alunos realizaram com muito prazer e

ansiedade, pois queriam logo saber quem era o seu amigo oculto, que se

correspondia com eles.

Após as correspondências os acadêmicos foram até a escola para conhecer

os alunos do projeto. Esta atividade foi tão prazerosa que o aluno B, assim

comentou: “Gostei de realizar a escrita de cartas e e-mails entre nós e os alunos da

UNIOESTE de Foz do Iguaçu”.

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Este processo fez com que os alunos percebessem a importância da escrita

como forma de comunicação, de expressão dos sentimentos e de oportunidade de

fazer novos amigos.

Para a realização do jornal na sala de recursos, primeiramente fizemos um

levantamento se conheciam algum tipo de jornal, os quais relataram que somente

conheciam os jornais da cidade de Matelândia. A partir desses dados, explicamos

que na nossa região circulam muitos jornais de nosso estado e também de outros

estados vizinhos.

Em seguida foi realizada a visita às instalações do Jornal Stampa. Este jornal

todos os alunos já tinham lido alguma de suas matérias, pois ele circula na escola

onde estudam e é utilizado nas aulas por alguns professores. Durante a visita foi

explicado aos alunos como se realizam as matérias; as pesquisas; a busca pelas

informações e a organização e finalização. Também tiveram a oportunidade de

verificar como ocorre a impressão do jornal.

Todos ficaram bastante atentos durante as explicações e as observações

realizadas. Com todas as informações recebidas, voltamos para nossa escola e

começamos a preparar nosso primeiro exemplar com matérias voltadas a educação,

saúde, esporte e importância dos funcionários da escola.

A matéria que trata da entrevista com uma das agentes educacional I, foi

elaborada pelos alunos do 6º da sala de recursos. Na oportunidade foram feitas

cinco perguntas para agente educacional relacionadas ao seu trabalho junto a

escola. Já as matérias relacionadas à saúde e esporte foram os alunos do 8º e 9º

ano que sugeriram os temas e através da internet a reportagem foi construída, que

depois de revisadas foram para a impressão. Após sua edição e impressão foi

entregue a cada aluno da escola e aos funcionários um exemplar do jornal.

Após a finalização das dez etapas do projeto, partiu-se para a última que

culminou em um livro, no qual consta uma coletânea de textos produzido pelos

participantes do projeto. Durante toda a implementação do projeto a cada texto

produzido pelos alunos, fazíamos as três etapas sugeridas por Antunes, (2003),

quanto as correções de um bom texto planejado. Para que essas ações se

concretizassem com eficácia, a mediação do professor foi fundamental e necessária.

Cada aluno recebeu seu exemplar e como atividade final elencada na

Unidade Didática, os alunos passaram de sala em sala dos anos iniciais do ensino

fundamental, lendo suas histórias para eles.

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Pudemos constatar que a atividade teve resultados ótimos conforme relata o

aluno D:

“Foi muito bom ir nas salas do alunos de pré-escolar ao 5ºano e ler para eles

o que eu produzi”.

Os professores da escola selecionada gostaram do projeto e perceberam o

envolvimento e aprendizagem dos alunos participantes. Como salienta a professora

pedagoga “A” em relação ao projeto desenvolvido na sala de recursos do Colégio La

Salle-Marquesita:

Este projeto buscou através de metodologias inovadoras possibilidades de incentivos aos alunos tanto na leitura como na escrita. Promoveu a leitura e a escrita de gêneros textuais, de forma que os alunos se sentiram motivados a ler e escrever prazerosamente, assim como investigar, entender e discutir assuntos dos textos trabalhados e interpretá-los sob uma análise crítica, passando pela discussão, do tema, produção, reescrita e avaliação.Os resultados demonstram que o aluno procura fazer um texto mais completo e criativo, melhorando a qualidade da escrita. (Professora pedagoga “A”, 04 de agosto de 2014).

Durante a realização do projeto, percebeu-se uma grande evolução na

produção escrita dos alunos. Com a mediação do professor e as atividades

sugeridas trabalhadas passo a passo o aluno teve oportunidades de desenvolver o

processo da construção de ideias e assim chegar ao esperado, no caso a produção

de textos significativos coesos e coerentes. Na primeira produção livre onde cada

aluno escreveu sem a preocupação da escrita, os textos apresentaram muitos erros

de ortografia, paragrafação e sem os elementos conetivos de coesão e coerência, já

nas produções que foram ocorrendo com a mediação do professor e as etapas

sugeridas por Antunes (2003), o texto final apresentou um resultado satisfatório,

contendo os elementos principais de um texto com introdução, desenvolvimento e

conclusão e os indicadores essenciais da coesão e coerência.

Avaliação dos professores participantes do GTR

Durante a implementação do projeto na escola, ao mesmo tempo acontecia a

apreciação juntamente aos professores que fizeram o curso Grupo de Trabalho em

Rede ( GTR).

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O GTR é um curso on-line a distância desenvolvida na plataforma moodle,

para professores da rede estadual do ensino do Estado do Paraná. Sendo que o

professor participante pode inscrever-se na sua área de concurso ou atuação. Após

classificado para realizar o curso, o mesmo, não poderá deixar de fazê-lo, caso

contrário, este será impossibilitado de realizar no ano seguinte o referido curso.

O curso está estruturado em três temáticas (fóruns e diários) e no final um

questionário avaliativo sobre o curso, o tutor, o projeto apresentado e o ambiente

virtual. O professor que finalizar o curso terá direito a um certificado de 60 horas.

No GTR, envolvendo produção de textos na sala de recursos multifuncional

tipo I, foram inscritos 17 participantes, desses 15 concluíram com êxito.

A seguir apresentamos algumas considerações em relação ao projeto

Produção de Textos.

A professora “A” participante do curso GTR, assim descreve a importância do

projeto:

Professor, creio que a diversidade de estratégias é o que mais favorece seu trabalho de implementação, pois se o aluno encontrar dificuldades em uma delas, encontrará subsídios para sua própria produção em outra proposta de trabalho com a qual o aluno se identifica, necessita ou mesmo tenha condição de realizar (Professora A, Grupo de Trabalho em Rede: 22 de abril de 2014).

Com certeza, como disse a professora em seu depoimento, a Unidade

Didática, foi construída para que o aluno tenha os subsídios necessários para seu

processo de produção escrita.

Para a professora “B”:

O projeto de Intervenção Pedagógica além de importante apresenta metodologia acessível que vem de encontro às necessidades dos nossos alunos não só os das salas de recursos, mas de todas as turmas, afinal, a dificuldade em produzir textos aparece desde as primeiras turmas até as turmas finais (Professora B, Grupo de Trabalho em Rede; 29 de abril de 2014).

Portanto, para despertar o interesse dos alunos pela produção de textos, é

necessário utilizar estratégias que desenvolvam e estimulem o processo ensino-

aprendizagem. Desta forma, quando o professor se propõe a trabalhar diferentes

tipologias textuais com seus alunos, ele precisa utilizar as ferramentas e

instrumentos que favoreçam o aprendizado. E o professor, sendo o mediador do

processo, faz com que o aluno comece a interagir mais com o colega e isso estimula

sua comunicação, tornando a escrita mais acessível.

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Considerações finais

A proposta de utilizar 11 etapas no projeto produção de textos vem ao encontro

com as reais necessidades dos alunos, pois através delas, buscamos sanar as

dificuldades decorrentes do processo ensino aprendizagem da Língua Portuguesa.

Nesse processo o aluno teve oportunidades de conhecer várias obras da

literatura infanto-juvenil e juvenil, ouvir história, fábulas através das histórias

contadas. Teve contato com o meio jornalístico e também com o mundo virtual,

realizando pesquisas e se comunicando com outras pessoas por meio do e-mail e

da forma tradicional, usando a carta e o bilhete para as trocas de correspondências.

Expressaram livremente suas ideias sem a preocupação da língua oficial e por fim,

realizaram produções mediadas pelo professor a partir das sugestões sugeridas por

Antunes (2003).

Para uma boa prática de produção de textos é preciso que o professor

repense em suas ações pedagógicas em sala de aula, oferecendo atividades

diferenciadas a cada dia, diversificando sua metodologia de trabalho para que o

ensino se torne atraente e produtivo.

Desta forma, em relação ao objetivo proposto, de utilizar uma metodologia

pautada na produção textos, foi plenamente alcançado já que foi possível tornar as

aulas da sala de recursos mais atraentes e interessantes, através da participação

coletiva de todos os alunos.

No que diz respeito à aquisição do conhecimento em relação ao processo da

produção escrita, pode-se afirmar que houve uma melhora satisfatória, comprovada

por meio da edição do livro produzido pelos próprios alunos no final do projeto

Enfim, trabalhar a produção de textos não é tarefa fácil, pois exige do

professor e dos alunos, muito empenho, dedicação e muita leitura para ter

argumentos e vocabulário para desenvolver a produção escrita.

Por fim, podemos ressaltar que por meio das atividades propostas, os alunos

tiveram acesso a diferentes formas de conhecimento que lhes permitiu

compreenderem a função social da escrita e que por meio delas, puderam expor

suas opiniões e sugestões com textos coerentes.

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