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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

COTIDIANO ESCOLAR: PULANDO CORDA NA ESCOLA

Autor: Oriel da Costa Schneider¹

Orientador: Carlos Eduardo da Costa Schneider²

RESUMO: Este estudo parte da necessidade de investigar o trabalho realizado na escola

com material pedagógico denominado corda, frente ao novo desafio de motivar os alunos a uma prática prazerosa na disciplina de Educação Física através de atividades com a corda. Tem como questão central motivar o aluno e o professor em sua prática docente por meio de uma variedade de atividades direcionadas especificamente para a prática com este material didático-pedagógico. O projeto desenvolvido na escola está centrado na corda e como este material afeta o aluno desde a questão de qualidade de vida até a sua socialização. A proposta é promover a aprendizagens significativas, por meio de desafios, considerando a cultura infantil do aluno, superando barreiras, preconceitos, quebrando paradigmas vivenciando relações motoras e o autoconhecimento. A pesquisa de campo transcorreu nas aulas com o objetivo de perceber e analisar as implicações desta proposta na escola e no comportamento do aluno na sua prática. Teve como procedimentos metodológicos: a observação do cotidiano escolar, verificando os resultados através da participação dos alunos, bem como, as dificuldades professor/aluno. Os dados coletados foram analisados semanalmente e a sua interpretação foi à luz das referências bibliográficas, reconhecidas por profissionais da educação. A evidência é a motivação nas aulas e no cotidiano escolar. Um caderno pedagógico com propostas de atividades de corda foi elaborado e é uma referência para discussões, reflexões sobre a proposta para enriquecimento curricular e aprendizagem na realidade da escola. Conseguimos aqui no PDE 2013 uma base teórica para uma futura proposta didático-pedagógico no conteúdo de Educação Física viável na sua aplicação e no cotidiano escolar que atende às novas expectativas das escolas públicas. O estudo verificou, através da aplicação prática das atividades e dos relatos dos alunos e suas participações um resultado positivo.

Palavra-chave: Cotidiano escolar; Corda; Escola.

________________________

¹ Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico, Graduado em Licenciatura em Educação Física/UFPR e Professor no Colégio Estadual Profª Zilah dos S. Batista- Paranaguá. 2 Mestre em Recreação e Lazer pela Universidade do Porto - Portugal. Especialista em Magistério

Superior pela Universidade Tuiuti do Paraná. Licenciatura Plena em Educação Física pela Universidade Católica do Paraná - PUCPR. Professor de Educação Física e Orientador da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho pedagógico a ser utilizado pelos professores envolve o material

corda como recurso de utilização na escola e ressalta o desafio que representa

pesquisar e escrever sobre um material deste gênero, principalmente pelo fato de

referir-se a uma atividade que, desde a sua inserção como material nas instituições

escolares, esteve atrelada a modelos de práticas pedagógicas de acordo com os

diferentes contextos históricos da pratica do docente.

Pular corda é uma atividade bastante conhecida no mundo, seja em forma de

brincadeiras de crianças, nas brincadeiras de rua, ou nos exercícios de preparo e

condicionamento físico de atletas. A utilização da corda é muito importante na

educação corporal, sendo ela um dos mais antigos materiais pedagógicos utilizados.

É sempre um desafio propor mudança de pensamento e de atitude nas

comunidades escolares, entretanto com este trabalho faço a tentativa de provocar o

docente para um olhar mais cuidadoso para este material, apontando na direção de

superação de atividades que até então estão ligadas estritamente ao conhecimento

de alguns poucos esportes.

A vivência com a corda proporcionará a criança um maior grau de

combinação harmônica dos movimentos com os pés e as mãos, contribuindo com

sua coordenação motora fina. O educador não pode negar como fato histórico a

corporeidade humana, movimentos que os seres humanos são capazes de realizar

de brincadeiras diferenciadas constituindo um verdadeiro patrimônio lúdico na

infância.

O grande desafio e propiciar ao educando a satisfação em fazê-los,

respeitando as suas experiências anteriores e dando-lhe condições de criar formas

de realizar. A proposta apresenta uma nova ideia curricular a ser desenvolvida a

partir das próprias unidades escolares, implicando no desenvolvimento de um

planejamento para esta atividade; é uma ação sócia educativa complementar à

aprendizagem buscando mais uma articulação na escola pública.

Entre os diversos temas que a discussão da educação básica nos fala, está à

formulação de concepções de uma escola que aponta para a complementação das

oportunidades de aprendizagem, por meio da oferta de atividades educativas

diversas, articuladas dentro espaço escolar.

A vivência com a corda proporciona uma combinação harmônica dos

movimentos com os pés e as mãos, contribuindo com sua coordenação motora fina,

sua corporeidade humana e movimentos que os seres humanos são capazes de

realizar constituindo num verdadeiro patrimônio lúdico na infância. O desafio é

propiciar ao educando a satisfação na aprendizagem, respeitando suas experiências

anteriores e dando-lhe condições de criar formas de realizar. A proposta expõe uma

nova ideia curricular desenvolvida para as unidades escolares com uma ação sócia

educativa promovendo mais articulação na escola pública.

É importante relembrarmos citações de alguns autores sobre o movimento

humano; Castellani (1) entende como “se é o movimento humano aquele que nos diz

respeito enquanto especificidades de nossa ação profissional têm que ter claro ser

ele humana social e culturalmente construído. Assim sendo, ao resgatarmos uma

visão antropológica do movimento humano, passamos a percebê-lo em sua

totalidade como resultante da integração de seus componentes biofisiológicos e

socioculturais”. Para Brach (2) “o movimento corporal ou movimento humano que é

tema da Educação Física não é qualquer movimento, não é todo movimento. É o

movimento humano com determinado significado/sentido, que por sua vez lhe é

conferido pelo contexto histórico-cultural”.

Devemos ressaltar o caráter educativo destas visões, pois são muitas as

discussões a respeito do corpo e o desenvolvimento das aprendizagens das

crianças, prioritariamente, em outros espaços educativos. A atividade na corda

associará ao corpo a emoção, a consciência e o prazer, fazendo o aluno sentir-se

bem com o seu corpo no tempo e no espaço.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Um pouco de história

O ato de saltar à corda está já referenciado em pinturas egípcias, datadas de

3.000 A.C. Em 1.600 aparecerem as primeiras referências nos Estados Unidos, mas

com origem nos emigrantes holandeses que chegavam àquele continente. O que um

dia foi uma brincadeira exclusiva do público infantil se tornou uma atividade

sociocultural hoje em dia e nos vários países da Europa, onde é muito praticado

tanto por crianças como adultos de ambos os sexos, trata-se de uma prática que

ano após ano cresce cada vez mais no mundo.

Em 1969, o norte-americano Richard Cendali, nesse tempo jogador de futebol

americano, ao cumprir parte de seu treinamento em que deveria pular corda por um

longo período de tempo – o que considerava monótono e cansativo – começou a

inventar novas maneiras de tornar seus treinos mais agradáveis, explorando

diferentes manejos para brincar e saltar com a corda.

Sendo professor de Educação Física, decidiu, então, aplicar em seus alunos

as experiências que vinha desenvolvendo individualmente com a corda. A ideia do

professor teve tamanha aceitação por parte dos alunos que eles, além de se

exercitarem com os saltos recém-apresentados, também passaram a inventar novas

maneiras de saltar, em pouco tempo ficou conhecido em muitos países e passou por

um processo de esportivização de sua prática, passando a ser uma atividade

recreativa e um esporte competitivo.

Com os estimulantes resultados obtidos, Cendali investiu na formação de um

grupo para realizar apresentações em seu próprio país e pelo mundo afora. Três

anos mais tarde, estava fundado o primeiro grupo de Rope Skipping, chamado Skip

Its, que permanece até hoje com a mesma denominação e alguns de seus primeiros

integrantes.

Nas décadas de 40 e 50 uma brincadeira trazida pelos imigrantes holandeses

da época, que pulavam corda cantando em sua própria língua, estava sendo

bastante difundida nos EUA. Denominada Double Dutch de forma satírica pelos

americanos – dutch significa holandês, e double faz referência a duas línguas na

boca, já que as canções soavam engraçadas pelas variações fonéticas dos idiomas

– a brincadeira consistia em pular cordas grandes, as quais eram utilizadas aos

pares e batidas alternadamente por duas pessoas defrontando-se, enquanto uma

terceira pulava. Foi um passatempo assimilado e jogado basicamente por meninas

negras e pobres dos EUA, que só podiam brincar por que não precisavam de tantos

recursos e espaço. Brincavam na rua, em frente às suas casas, com apenas um

pedaço de corda.

2.2 Rope skipping e os benefícios inerentes à prática

Constitui-se numa nova modalidade esportiva que nasceu nos EUA a partir da

sistematização da antiga prática de pular corda. O que um dia foi uma brincadeira

exclusiva do público infantil se tornou esporte e hoje em dia, em vários países da

Europa, principalmente, é muito praticado tanto por crianças como adultos de ambos

os sexos.

Trata-se de uma modalidade que ano após ano cresce cada vez mais no

mundo esportivo. Historicamente, essa atividade começou a se constituir de fato

como uma modalidade esportiva ao final da década de 1970. De acordo com o site

da federação Internacional de Rope Skipping (FISAC-IRSF), o jogador de futebol

americano Richard Cendali passou a criar novas formas de pular corda em seus

treinos físicos. Como Cendali também era professor de Educação Física, decidiu,

então, aplicar em seus alunos as experiências que vinha desenvolvendo

individualmente com a corda. A ideia do professor teve tamanha aceitação por parte

dos alunos que eles, além de se exercitarem com os saltos recém-apresentados,

também passaram a inventar novas maneiras de saltar. O Rope Skipping, em pouco

tempo ficou conhecido em muitos países e passou por um processo de

esportivização de sua prática, deixando de ser uma simples atividade recreativa para

tornar-se um esporte competitivo.

O Rope Skipping é uma atividade física que tem por base o aproveitamento

desportivo de um gesto ancestral; SALTAR Á CORDA, utilizando uma diversidade

de saltos, acrobacias e manejos de corda, bem como infinitas combinações de

habilidades e possibilidades de sincronismo entre os saltadores e a música. Devido

à facilidade de adesão (modalidade simples e econômica) e progressão na

aprendizagem, naturalmente se constitui como um modo muito eficaz para

aumentar, não só a condição física, mas também a autoestima e o processo de

socialização, contribuindo para a luta contra a exclusão social. São várias as formas

de saltar, com: corda individual / duas corda longas (Double Dutch); a partilha das

cordas na Roda Chinesa; dois participantes partilhando a mesma corda; todos com

uma corda longa. Para efeitos de competição apenas se contabilizam duas formas,

com:

- corda individual (provas de velocidade; resistência, potência e Freestyle).

- duas cordas em Double Dutch (provas de velocidade e Freestyle).

Atualmente o Rope Skipping continua a ser um excelente método de

desenvolvimento da aptidão física. É frequentemente identificada como uma das

atividades de aptidão físicas mais completas. Um treino bem sistematizado leva ao

desenvolvimento, não só do sistema cardiovascular como também no

desenvolvimento músculo esquelético. Estes aspetos nunca foram esquecidos pelos

pugilistas que sempre utilizaram o salto à corda nos seus treinos. É ainda um

método do treino de resistência utilizado nos variados desportos, desde o handebol

até ao futebol, passando pelo ciclismo e atletismo (Cendali, 1977). Numerosas

organizações de saúde, tal como a American Heart Fundation, reconhecem os

benefícios e apoiam ativamente o desenvolvimento do salto à corda. É também

recomendado pela Faculdade Americana de Medicina Desportiva.

Segundo Kalbyfleisch (1990), numa referência ao médico Norte-americano,

(Dr. Cooper, 1992) a prática desta modalidade queima o triplo das calorias que a

corrida. De fato, 10 minutos a saltar à corda correspondem a cerca de 30 minutos de

corrida e, como é feita de forma aeróbia, contribui para queimar gorduras. Para além

disso, a pressão exercida nos joelhos, nos quadris e nas costas, durante a

aterragem (queda), é inferior à pressão exercida durante a corrida.

O Rope Skipping ajuda no combate às doenças do coração, à obesidade, à

osteoporose e à diabetes do tipo II, ajuda ainda a desenvolver a resistência

cardiorrespiratória, agilidade, coordenação, velocidade, resistência muscular,

flexibilidade, ritmo e equilíbrio. (Kalbyfleisch, 1990).

O Rope Skipping desenvolve:

- Resistência cardiorrespiratória

- Resistência muscular

- Agilidade

- Flexibilidade

- Coordenação

- Ritmo

- Velocidade

- Equilíbrio

2.3 - A corda como conteúdo da educação física escolar

De acordo com os programas da disciplina de Educação Física e os objetivos

da reforma curricular, interessa, acima de tudo, desenvolver as capacidades dos

alunos, proporcionando-lhes o maior leque possível de experiências motoras, de

modo a alargar o seu repertório motor. Pretende-se, assim, dotar os nossos alunos

de uma “cultura geral” físico desportiva, a mais eclética e equilibrada possível.

Nesta perspectiva, parece-nos importante que (paralelamente às condições

oferecidas pelas Escolas e pelo Desporto Escolar, para o desenvolvimento dos

alunos no âmbito de outras modalidades) se ofereçam, também, condições materiais

e pedagógico didáticas aos alunos, de forma a desenvolver as suas apetências

rítmicas e expressivas. A área das atividades rítmicas e expressivas é uma das

quais o Rope Skipping assume especial relevância (quer no plano curricular, quer no

plano dos programas alternativos), não só pela associação da música com os

movimentos motores como pelo elevado teor estético e expressivo que proporciona.

Também na área da Educação para a Saúde o Rope Skipping pode assumir

um papel fundamental, como complemento a uma boa educação alimentar, visto

tratar-se de uma atividade extremamente intensa e vigorosa mas, simultaneamente,

lúdica e divertida. A partir da Revolução Industrial a atividade laboral foi reduzida em

termos de quantidade e intensidade. Mellerowicz & Franz, citados por Weineck

(1991), dizem que há 100 anos a energia necessária pelo Homem para o trabalho

era de 90% da sua força muscular, no entanto, hoje em dia é de apenas 1%.

Simultaneamente, os hábitos das pessoas também mudaram, provocando

modificações na qualidade de vida. O próprio lazer é cada vez mais sedentário.

A crescente urbanização tem estimulado tal facto, seja pela falta de espaço

físico adequado ou a crescente moda dos diferentes jogos eletrônicos. Esta hipo

atividade está a ser agravada pela “era digital”. Em face destas constatações, entre

os inúmeros pesquisadores há um consenso de que esta hipo atividade está

relacionada com várias doenças crônicas degenerativas, como o acidente vascular

cerebral (AVC), a obesidade, a osteoporose, os problemas cardiovasculares, a

diabetes e a hipertensão (Pate, 1995; Armstrong et al., 1990; Sallis et al., 1992;

ACSM, 1996).

As crianças, como seres integrantes da sociedade, não escapam a este

crescente sedentarismo. São cada vez mais frequentes os artigos e todo o tipo de

reportagens sobre as várias doenças que estão relacionadas com o sedentarismo,

principalmente a obesidade infantil, e são múltiplos os fatores considerados como

responsáveis por este problema que ameaça ser a grande epidemia do século XXI.

Para entender este conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar, faz-se

necessário buscar um entendimento de escola. Considerando a escola como um

espaço de socialização de conhecimentos, um lugar em que são oferecidos aos

alunos outros ou novos saberes ampliando seus horizontes.

Segundo PICCOLO (1995) “o principal papel do professor, através de suas

propostas, é o de criar condições aos alunos para tornarem-se independentes,

participativos e com autonomia de pensamento e ação”. Para que a Educação Física

faça parte deste cotidiano escolar ela não pode ter uma ação pedagógica

mecanizada... Ela deve considerar o aluno como um ser social e visar seu

desenvolvimento global.

A corda é uma brincadeira popular muito difundida na cultura brasileira, e a

Educação Física pode aproveitar como ponto de partida o acervo cultural adquirido

pelos alunos, facilitando o desenvolvimento de atividades mais elaboradas com

cordas. Conforme FREIRE (1989) é preciso entender que as habilidades motoras

desenvolvidas num contexto de jogo, brincadeira, no universo da cultura do aluno,

de acordo com o conhecimento que ele já possui, poderá desenvolver-se melhor,

pois o professor não precisa impor uma linguagem corporal estranha ao grupo.

É uma atividade bastante atrativa graças aos desafios intrínsecos, de extrema

acessibilidade pelo seu baixo custo operacional e sua não necessidade do uso de

grandes espaços, pode ser incluída facilmente no conteúdo escolar, visto que pode

contribuir para o aumento do acervo cultural do aluno, assim como integrar o

conteúdo programático das aulas de Educação Física para as escolas do Ensino

Fundamental e médio.

2.4 A prática pedagógica com a corda

Só biológico é pouco... só histórico social não resolve... o corpo deve ser

percebido de maneira integral, cultural, biológico, social !

Corpo contextualizado

Corpo Máquina

Corpo Físico

Biológico

Cultural

Imagens: Documento – Especialização em Educação Física – Apostila; Universidade Aberta do Brasil, pg16.

Social

Na prática pedagógica efetuada, ficou claro as atividades próprias

desenvolvidas pela corda que servem de ponto de partida para a elaboração de um

plano de trabalho na escola; esta prática pedagógica sempre foi alvo de constantes

discussões e apontamentos, principalmente no que tange a condução de

metodologias pelos educadores em todas as suas ações previstas, pois prioriza

como foco uma reformulação pedagógica na prática para a formação na cidadania e

para a construção do conhecimento significativo.

Entendemos a prática pedagógica como uma metodologia de trabalho que

caracterizou a construção coletiva do conhecimento e que constituiu num resultado

de aprendizagem, e também num processo de construção de conhecimento. O

movimento corporal que é tema da Educação Física não é qualquer movimento, não

é todo movimento, é o movimento com significado/sentido.

A prática pedagógica das atividades aconteceu no seguinte formato:

A) As atividades apresentadas foram sintonia com a proposta pedagógica da

escola e com a realidade da comunidade;

B) Previamente foi estabelecido a turma e o turno para a aplicação da

intervenção pedagógica, com duração de aulas semanais para o desenvolvimento

das atividades;

C) A proposta foi encaminhada ao orientador da disciplina para a competente

avaliação;

Essas ações despertaram no educando o interesse pela busca do gosto pelo

fazer, interligando-as ao processo ensino – aprendizagem, desta forma atendeu a

todos e inserimos o respeito à multiculturalidade do material didático pedagógico

corda fazendo com que estes alunos pudessem vivenciar a sua diversidade nas

práticas corporais, assim a prática pedagógica configurou-se como um forte

instrumento diagnóstico no projeto permitindo visualizar a riqueza deste material a

ser utilizado na escola com grande potencial para desenvolvimento das habilidades

naturais dos alunos. Práticas pedagógicas precisam vir embaladas por pesquisas

sobre o significado cultural que possuem e ser debatidas com o educando para ser

incluída de forma saudável para a turma toda. Na maioria das situações os

currículos escolares não têm seus conteúdos compatíveis com as experiências

vividas pelo aluno, à sistematização desses conteúdos é representado por ginástica,

jogo, esporte, dança e luta, sem considerar as necessidades de interesse do aluno.

Com a proposta “Pulando corda na escola” garantimos que o aluno por meio

do movimento, se relacione com o seu próprio corpo, com o outro e com o meio

social, oportunizando novas possibilidades de exploração da manifestação da

cultura corporal do movimento na escola. A relevância da exploração das diferentes

possibilidades de manifestação da cultura corporal é relatada por Betti; Zulliani

(2002). Desta forma conseguimos efetivar uma proposta de uma atividade de corpo

inteiro adequada na escola. A corda é uma brincadeira popular difundida na cultura

brasileira, e pode ser aproveitada como acervo cultural adquirido pelos alunos,

facilitando o desenvolvimento de atividades diferenciadas.

O pensar pedagógico voltado para as atividades com a corda é um ato

criativo e contextualizado que atende às necessidades reais das crianças, está

embasado por uma fundamentação teórica que possibilita a construção de

aprendizagens significativas, com experiências práticas, objetivando atingir a

socialização no mundo em que a criança vive. Após a experiência positiva no projeto

de intervenção na escola devemos repensar de forma significativa as atividades de

corda e sua inserção definitiva como atividade pedagógica nas Diretrizes

Curriculares, pois comprovadamente existe a garantia da igualdade de acesso dos

alunos em suas atividades, propiciando unidade e maior qualidade das ações

pedagógicas na prática de acordo com as expectativas de aprendizagem da

Educação Física preestabelecidas, pois contém práticas educativas que favorecem a

aquisição de conhecimentos e atitudes para que a criança presencie posturas

participativas.

Segundo Marcellino (1996, p. 37), “o mundo do brinquedo, em essência, não

se prende à preparação sistemática para o futuro, mas à vivência do presente, do

agora”. Assim, torna-se necessário entender o educando como produtora de cultura,

oportunizando o tempo e o espaço necessários para essa produção, assegurando-

lhe o direito de brincar, possibilitando diversificadas vivências e contribuindo para

sua formação como ser humano participante da sociedade em que vive.

Foi por meio do lúdico que os alunos compartilharam suas vivências

corporais, constituindo uma relação informal nas aulas como também, uma espécie

de produção cultural do seu cotidiano. Neste sentido, é possível presumir que uma

mudança na forma de compreender o educando nos impulsiona mudanças no trato

pedagógico com os conteúdos escolares. O desafio nas instituições escolares é à

educação formal de como tratar metodologicamente dessa manifestação,

considerando suas possibilidades e suas contradições e preconceitos.

Acredito que é importante atentar às conclusões que vimos no momento

através da intervenção, mas creio também que pelas interações redigidas no Grupo

de Trabalho em rede temos que intensificar as posições significativas de

conhecimento que tenho como prova real de que deu certo com muita versatilidade

na transmissão de saberes (em particular da cultura corporal) no âmbito informal

(rua, casa) e formal (escola).

2.5 Pulando Corda na escola.

Esta atividade é simples, entre tantas outras, ajuda os alunos a

desenvolverem sua coordenação, podemos observá-los um a um, passando por

várias etapas, olhando-os transpor uma a uma e presenciando o sucesso de cada

uma, vencendo cada fase. É como se fossem aos poucos filtrando sua coordenação

até chegarem ao ponto ideal. Pronto! Atingiram o objetivo! Já sabem pular corda!

Como professor de Educação Física estou surpreso como as crianças

estruturam as coordenações motoras no pular corda.

Vejo no rosto delas a satisfação em ter conseguido realizar o movimento, o

que lhes permite pular durante mais tempo, já que a coordenação atingida faz com

que exerçam menor esforço, permitindo-lhes maior tempo na atividade. Aí, o pular

corda é acompanhado de um entusiasmo contagiante e ao mesmo tempo uma

sensação de vitória pela constatação de uma conquista atingida nos olhinhos dos

alunos e o brilho do prazer e da alegria em aprender um algo novo, o prazer em

aprender, a satisfação em criar movimentos que estruturam a cognição, a

afetividade, a solidariedade compondo o acervo de conhecimentos dos alunos.

Acredito que “o pular corda” é uma sugestão natural sendo o caminho mais

curto para recuperarmos em nossos alunos na escola, a satisfação em aprender,

autônomas em suas aprendizagens adquiridas e que persistam naquilo que ninguém

pode fazer por elas: APRENDER!

A atividade lúdica é “uma das formas pelas quais o educando se apropria do

mundo, e pela qual o mundo penetra em seu processo de constituição enquanto

sujeito histórico” (ROCHA, 2000, p. 66). Nas atividades didático-pedagógicas que

fizemos usamos do lúdico de forma a ajudar o aluno a organizar-se prazerosamente,

o aprender aconteceu pelo lúdico e a uma aprendizagem espontânea, e assim a um

maior interesse pelo que está fazendo.

A corda é considerada uma atividade lúdica a partir da relação estabelecida

entre movimento corporal e a expressão cultural, na forma de pular ou de girar a

corda, é crescente os educadores que criam suas próprias formas de trabalhar,

tendo sua atenção voltada aos aspectos pedagógicos de suas relações; funde ritmo,

lateralidade, espaço-tempo, óculo pedal e esquema corporal, dependendo do

enfoque a ser priorizado em cada atividade, representando uma grande contribuição

à vida de movimento do aluno, visando atingir vários setores, como: auxiliar no

desenvolvimento da coordenação sensório-motora; educar o senso rítmico;

favorecer a socialização; estimular o gosto pelo movimento; favorecer o contato

sadio entre indivíduos de ambos os sexos; disciplinar emoções (timidez,

agressividade, prepotência); e incentivar a autoexpressão e a criatividade.

A desconsideração da escola em relação aos conhecimentos adquiridos pela

criança em sua vivência antes do ingresso na instituição constitui um dos males

educacionais. Esquece-se que as crianças não deixaram de ter seu mundo particular

(sua rua, sua casa) ao ir à escola.

2.6 Educação corporal, percepções do corpo e movimento

Desde o primeiro momento na atividade com a corda, o aluno descobriu as

infinitas possibilidades de vivenciar o seu corpo de forma espontânea utilizando-se

de saltitos, saltos, corridas, de tantas outras possibilidades motoras que são

realizados descontraidamente e a luz da anatomia corporal. O trabalho de educação

corporal acontece de forma natural onde às atividades são primeiramente de forma

isoladas, com a finalidade de trabalhar os diferentes segmentos corporais, para

posteriormente utilizar formas mais globalizadas. O papel do educador é o de

apenas ordenar de forma crescente, qualitativa e quantitativamente as atividades,

procurando operacionalizar de forma prazerosa as atividades propostas.

Não se pode mais tolerar a exclusão que historicamente tem caracterizado a Educação na escola. Todos os alunos tem direito a ter acesso ao conhecimento produzido pela cultura corporal. (DARIDO, etal. 2006. P. 16)

É preciso preparar o aluno para a vida e não para o mero acúmulo de

informações. No momento não estamos garantindo maior mobilidade à agilidade do

aluno (tenha ele a idade que tiver). É preciso trabalhar o aluno como uma pessoa

inteira, com sua afetividade, suas percepções, sua expressão, seus sentidos, sua

crítica, sua criatividade, o aluno precisa ampliar seus referenciais de mundo e

trabalhar simultaneamente, com todas as linguagens (escrita, sonora, dramática e

corporal).

Após análise de observação das atividades de corda durante o projeto de

intervenção concluí que, a corda contribui no trabalho de educação corporal do

aluno e suas práticas corporais nas escolas devem ser intensificadas, pois

desenvolve o acervo da cultura corporal do aluno e, se faz necessário que a escola

junto com o seu professor de EF, utilizem a corda como um recurso para diversificar

as suas práticas corporais de forma que todos os alunos possam ter a oportunidade

de conhecer e vivenciar as várias práticas corporais para sua educação corporal,

refletindo sobre a devida consciência dos benefícios que essa prática irá trazer,

proporcionando a melhora de sua qualidade de vida.

No contexto dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998, p.

29) a Educação Física é assim conceituada: Os Parâmetros Curriculares Nacionais

apoiam-se em normas legais e procuram contribuir na identificação de problemas

no ensino fundamental e médio objetivando uma transformação desse ensino .

Dentro do que se propõe a Educação Física ela integra o aluno na sua cultura

corporal do movimento, com a finalidade de melhoria na qualidade de vida.

[...] entende-se a Educação Física como uma área de conhecimento da cultura corporal [...] e a Educação Física escolar como uma disciplina que introduz e integra o aluno na cultura corporal de movimento, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das danças, das lutas e das ginásticas em benefício exercício da cidadania e da melhoria da qualidade de vida.

Através destes pressupostos teóricos acima, reforçamos que por meio da

disciplina de Educação Física e através do recurso pedagógico utilizado nas

atividades com a corda que é possível introduzir e integrar os alunos na cultura

corporal do movimento. A prática positiva do projeto de Intervenção realizada em

2014 no CE Profª Zilah Batista confirmou a importância de o professor trabalhar os

conhecimentos que envolvem as práticas corporais, visando à cultura corporal

conquistando o seu aluno de forma cultural para ser um praticante de uma atividade

física natural. Os conhecimentos trazidos através da cultura corporal são de

fundamental importância para o aluno, e para a educação física na escola e com

este recurso pedagógico e essas práticas corporais estão de acordo com as

diretrizes curriculares do Estado do Paraná, assim é essencial ampliá-los

possibilitando vivencias do corpo em movimento no contexto escolar do aluno.

O corpo forma parte da maioria das aprendizagens, mas é também um

instrumento de apropriação do conhecimento, e esse corpo se organiza se controla

se expressa e se comunica e dessa forma o aluno consegue não somente eliminar

movimentos desnecessários, mas também realizar outros mais complexos.

O aluno progressivamente através do planejamento diferenciado melhorou

sua noção de espaço e tempo e sua experiência social; as conquistas psicomotoras

e, fundamentalmente, os estímulos do ambiente social permitiram o progressivo

domínio nas atividades e a evolução nos desafios postos. Houve a construção de

um crescimento motor através da interação com o meio (ambientes educacionais)

que foram facilitadores através de diálogos e trocas constantes, permitindo melhorar

as estratégias com os alunos. Á medida que o aluno avançou, mais livremente, foi

capaz de perceber a si próprio e as coisas ao seu redor, se orientar nesse espaço e

seus movimentos, procurando adaptá-los ao espaço vivido. As atividades que estes

alunos vivenciaram com satisfação vão fazer parte do seu universo e irá favorecer a

relação no seu contexto escolar. As experiências vividas no Projeto de Intervenção

vão potencializar as práticas corporais dos alunos, pois servirão de base para o seu

psiquismo, percebendo a importância do seu ser e os outros, reforçando que é

fundamental a educação corporal e que ela esteja afinada com a escola quanto aos

seus objetivos, sua ação pedagógica e sua forma de entender o aluno, sendo parte

de sua proposta curricular, pois é coerente desenvolver um trabalho que prima pela

expressividade livre do aluno, pela sua autonomia, pelo respeito da sua

individualidade dentre outros. O ambiente e o espaço para o aluno foi preparado

para a aprendizagem com a corda coletiva e a inserções destas atividades corporais

na escola foram além de capacidades motoras e criativas houve um favorecimento

para o desenvolvimento social onde o aluno teve tempo para se arriscar e vencer

seus desafios. Isto significa que o desenvolvimento do esquema corporal se dá a

partir da experiência vivida com base na disponibilidade e conhecimento que tem de

seu próprio corpo e sua relação com o mundo que o cerca.

Então, considera-se a educação corporal como momento propício para a

criação e fruição de práticas e manifestações corporal, e dada à importância da

manifestação corporal sobre a organização da personalidade do aluno, é

indispensável um trabalho educativo que venha promover o desenvolvimento dessas

potencialidades.

A execução do Projeto esteve direcionada o tempo todo há uma educação de

cultura corporal estreitamente associada à cultura do aluno, este objetivo foi a base

do projeto, com ênfase na autonomia, na emancipação e na igualdade das

atividades realizadas. Vivenciamos a contemporaneidade de intensas mudanças

durante o processo execução em diferentes momentos da aplicação, fosse pela

forma de realizar a atividade, na quantidade de vezes a praticar ou nas

possibilidades de fazer de forma diferente a própria atividade. Após a finalização do

Projeto de Intervenção vejo que é o momento propício para refletir essencialmente

sobre o que diz respeito à organização curricular e ao trabalho pedagógico

envolvendo a disciplina de Educação Física nos anos finais do ensino fundamental.

Durante as últimas décadas, a Educação Física passou por alguns momentos

marcantes que promoveram a quebra de vários paradigmas em relação às práticas

pedagógicas na escola que trouxeram novas possibilidades para o processo ensino

– aprendizagem. Servem de exemplo a implementação da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional (LDBEN – Lei nº 9.394, de 1996); os Parâmetros Curriculares

Nacionais(PCN). Com todos esses avanços, vimos que é imperativo analisar e

apresentar de forma concreta caminhos e possibilidades para uma Educação Física

voltada ao interesse dos alunos e da comunidade escolar com propostas que

estejam realmente inseridas no seu cotidiano escolar e assim com o Projeto de

Intervenção hora mostrada vislumbra esta possibilidade na escola.

3. METODOLOGIA

3.1 Caracterização da pesquisa

O presente estudo caracteriza-se numa abordagem qualitativa descritiva e

interpretativa com a estratégia de estudo de caso. Basicamente, a metodologia

qualitativa busca entender uma realidade que não deve ser quantificada,

trabalhando no campo dos valores e significados (Minayo, 2008). Sendo assim:

a metodologia qualitativa, pelo fato de trabalhar em profundidade, possibilita que se compreenda a forma de vida das pessoas, não sendo apenas um inventário sobre a vida de um grupo. As técnicas utilizadas permitem, entre outras coisas, o registro do comportamento não verbal e o recebimento de informações não esperadas, porque não seguem necessariamente um roteiro fechado, percebendo como bem-vindos os dados novos, não previstos anteriormente (VICTORA, 2000).

Segundo Netto (2006), o modelo de pesquisa descritiva é aquele que enfoca

o seu trabalho na identificação, registro e análise de características que se

relacionam com o mundo físico e seus fenômenos. Pode ser considerado um estudo

de caso, onde após a coleta de dados, é realizada uma análise das relações entre

as variáveis.

Ainda para justificar a escolha dessa abordagem cito Cauduro (2004, p.20)

quando afirma que na pesquisa qualitativa, são explorados “a fundo conceitos,

atitudes, comportamentos, opiniões e atributos do universo pesquisado, avaliando

aspectos emocionais e intencionais, implícitos nas opiniões dos sujeitos da

pesquisa”, possibilitando, assim, analisar todas as questões que envolvem a

participação da família e escola no projeto social esportivo.

3.2 Instrumentos metodológicos

O instrumento metodológico utilizado para coletar informações foi o Diário de

Bordo, ferramenta de observação onde coletou informações diárias das atitudes e

processos dentro do ambiente trabalhado, orientado dentro do contexto pesquisado.

Segundo Bogdan e Biklen (1994) o Diário de bordo é utilizado relativamente

às notas de campo. O diário de bordo tem como objetivo ser um instrumento em que

o investigador vai registando as notas retiradas das suas observações no campo.

Bogdan e Bilken (1994:150) referem que essas notas são “ o relato escrito daquilo

que o investigador ouve, vê, experiência e pensa no decurso da recolha e refletindo

sobre os dados de um estudo qualitativo”.

No caso de o investigador ser um observador participante, alguns autores

(Yin, 1994:88; Merriam, 1995:11), alertam para esse risco, mas também para as

excelentes oportunidades que esse papel pode proporcionar. O diário de bordo

representa, não só, uma fonte importante de dados, mas também pode apoiar o

investigador a acompanhar o desenvolvimento do estudo.

3.3 Universo da pesquisa

O Projeto de Intervenção: Cotidiano Escolar; Pulando Corda contou com a

participação de 36 alunos do 6º ano, com idade de 11 anos, e 39 alunos do 9º ano

com idade de 14 anos. Todas as crianças que participaram do Projeto foram

informadas previamente da realização deste e autorizadas pelos pais. O estudo foi

realizado no Colégio CE Profª Zilah dos Santos Batista – Paraná, utilizando uma

quadra poliesportiva coberta, cordas e instrumentos de filmagem.

O experimento foi realizado em uma aula normal de educação física e ao

longo das atividades, foram fotografados e filmados para melhor análise de

observação do projeto. As aulas foram realizadas ao longo de 6 meses (8 sessões),

uma vez por semana e tiveram a duração de 50 minutos cada, sendo as atividades

abordadas de maneira cooperativa e socializadora.

Como instrumento de observação e coleta de dados utilizou-se fotos e

filmagens, questionário ao final do projeto, diálogos após as atividades sobre

dificuldades encontradas durante as realizações das atividades. A pesquisa

abrangeu um roteiro de atividades planejadas de forma diversificada na Produção

Didática - caderno pedagógico, sendo que em cada uma, os alunos vivenciaram um

desafio diferenciado onde foi necessário participar de maneira cooperativa, e ao

mesmo tempo de maneira socializadora, as atividades – Pulando Corda na Escola –

foram realizadas com turma mista. No final do projeto, houve uma roda de

discussão, no qual todas as participantes puderam relatar sua opinião sobre a

participação no projeto da escola.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O aluno encontra tempo e oportunidades de buscar respostas e entender o

que se passa no mundo perto e longe da sua realidade, através do reconhecimento

da sua cultura corporal, esses momentos no Projeto de Intervenção servem de meio

para a construção criativa e coletiva do educando, e constitui-se num importante

dispositivo pedagógico para a dinamização do processo ensino-aprendizagem,

particularmente por sua praticidade, sua flexibilidade diante das possibilidades de

cada professor e, mais que tudo, por estimular a participação e a criatividade de

todos os seus integrantes.

Após o período de coleta de dados das entrevistas semiestruturadas e das

observações realizadas através nas ações previstas, as práticas foram digitalizadas

e analisadas. Diante dessas questões, optou-se por trabalhar com uma análise de

conteúdo, onde se categorizou o retorno da coleta de dados para melhor

compreensão do pesquisador (BARDIN, 2002).

Diante das similaridades das respostas foi possível relatar através de tabelas,

o número (N) e a porcentagem (%) de respostas similares para cada

questionamento, separando as discussões dos resultados por questão analisada,

utilizando o diário de bordo para complementar a análise.

Tabela 1 - Questão 1

Quantos alunos foram inscritos no projeto? Qual a Frequência

de participação?

N %

6º ano 36 98

9º ano 38 95

Como é notório, a corda é um grande fator motivacional do aluno para a

participação do mesmo no projeto. Sabemos que a corda não é uma das atividades

mais inserida dentro das programações das aulas dos professores de Educação

Física, mas é bem-vista dentro da cultura popular regional, pois crianças aprendem

desde cedo os aspectos motores básicos inseridos nesta atividade e na fase da

adolescência desenvolvem uma expectativa utilizar este acervo nas práticas

esportivas e se tornarem jogadores de alguma modalidade de sua preferência,

mudando o estilo de vida presente na vida dos mesmos até então. Na apresentação

da proposta do projeto de intervenção, na primeira aula podem-se citar as

palavras de aproximadamente 90% dos adolescentes que estavam inscritos no

projeto relataram: - “Nunca fiz atividades de corda desta forma”.

Diante dessa expectativa, também é válido salientar que “a proposta

pedagógica crítico social dos conteúdos, preconizada por Libâneo (1986) aponta

para as classes subalternas que estão desprovidas de todo acúmulo cultural

dominado por uma minoria” (Oliveira, 1989: 09). É possível confirmar isto, pelo fato

da grande diferença de aproveitamento da cultura erudita em relação à cultura

popular; acaba por ocorrer a cultura de colonização, de forma que interesses como

obediência, respeito à hierarquia, humildade, submissão e capacidade de repetição,

são alcançados facilmente. "O conhecimento lhes é dado como um cadáver de

informação, um corpo morto de conhecimento sem uma conexão viva com a

realidade deles" (Freitas, 1994: 58); a corda apresenta uma qualidade diferente de

outras modalidades, pois consagram os indivíduos de todas as condições de vida,

principalmente aqueles marcados por uma herança de exclusão social.

Outro fator que podemos destacar sobre o “prática da corda”, é que a

modalidade é de fácil assimilação, não nos esquecendo das questões biotipológicas,

ou seja, indivíduos com qualquer altura, peso ou idade podem participar. Além disso,

não são necessárias grandes estruturas e logísticas para a prática dessa

modalidade, o que facilita e oportuniza sua prática em diferentes locais e regiões.

[...] Basta uma a duas cordas, a corda pode ser pequena ou grande, e

o adolescente, faz o movimento de saltar naturalmente. Liberar as

energias é uma necessidade e o movimento é uma tentação

irresistível.

Relatos dos adolescentes dentre as muitas aulas observadas nesse período

de pesquisa corroboram para a ideia de que a corda gera grande motivação para a

participação das mesmas no projeto. “Nunca imaginei que podia pular desta forma a

corda” – palavras de um adolescente de 13 anos, participante do projeto.

Outro adolescente relatou que: “Gostei muito da corda X, gostei de passar no

meio do “X”, fizemos 2 a 2 e ficou muito emocionante junto com meus amigos, eles

me ajudaram ao máximo”. Para a maioria dos adolescentes inscritos no projeto, as

aulas de atividade com a corda são mais do que uma mera atividade física, mas um

ambiente gostoso e de prazer realizada de forma segura e com certeza do sucesso

na atividade onde os alunos podem fazer novos amigos, aproximar-se ainda mais de

alunos que não tem envolvimento, e se divertem ludicamente contribuindo ainda

para o crescimento natural como ser humano. Durante as atividades os aspectos

sociais são muito estimulados e os trabalhos em grupos cooperam para o

desenvolvimento de aspectos relacionados à interação social.

Tabela 2 - Questão 2

Como era o relacionamento do aluno na escola antes da

entrada no projeto?

N %

6º ano

Bom 34 90

Pouco diálogo – adolescente bem quieto 2 10

Bom 36 90

Pouco Diálogo – Adolescente bem quieto 2 10

Dentro dessa questão, nota-se, principalmente a importância da socialização

nas atividades da corda. O diálogo e a solidariedade são elementos que se pôde

perceber dentro das atividades em cada aula durante o processo de

desenvolvimento do projeto como coleta de dados.

Os profissionais de Educação Física podem a partir de este fato refletir e

compreender melhor esta atividade como componente curricular, que está ganhando

cada vez mais importância na Educação Física. Através de objetivos claros, podem-

se definir os melhores procedimentos e estratégias a serem adotadas. É necessário

trabalhar com muitas atividades diferenciadas para que o aprendizado ocorra de

forma gradativa, respeitando o limite de cada um e incluindo todos os alunos, afirma

Márcio Rogério Martins, especialista em psicopedagogia. Os excessos constantes

de falta de respeito, as agressões verbais tornam-se um pouco mais distantes da

vida escolar dos alunos, propiciando uma maior aproximação dos professores com

os alunos. Sendo assim, nota-se que esta realidade será possível com um currículo

preestabelecido e com foco no desenvolvimento da cultura do movimento corporal,

ou seja a prática pedagógica com a corda trará benefícios também se atrelada aos

valores do desenvolvimento social.

Tabela 3 - Questão 3

Como era o relacionamento do aluno com os amigos antes

de entrar no projeto?

N %

6º ano

Tinha poucas amizades, apenas colegas. 26

Bom, passava um pouco de tempo com eles. 10

9º ano

Tinha poucas amizades, apenas colegas. 30

Bom, passava um pouco de tempo com eles. 18

Encontramos aqui um equilíbrio em relação às amizades dos alunos com

outros adolescentes da mesma faixa etária. Um pouco mais da maioria das

respostas apontaram que os alunos tinham boa amizade, e pouco colegas distantes,

sem muito convívio. Essa questão foi aprofundada durante as aulas práticas e pode-

se notar que a timidez, vergonha e falta de coragem na comunicação em grupo

afastam os alunos dos de amigos, mas como todo profissional de Educação Física

sabe, esta disciplina tem a capacidade de adentrar nesse contexto e mudar essa

realidade. A Profissional de Educação física Renata da Costa Peixoto, especialista

em Educação e Reeducação Psicomotora, acrescenta que as aulas não podem se

restringir à atividade Física. “Não há mais o pensamento de que a Educação Física

só trabalha o corpo e as outras disciplinas, só a mente. Com o trabalho em conjunto,

abre-se espaço para a Educação Física desenvolver comunicações e expressões

corporais e linguísticas num ambiente mais natural e lúdico”, afirma. No caso da

Educação Física, o trabalho com o controle motor, ritmo, localização espacial,

conhecimento corporal e relacionamento interpessoal.

Tabela 4 - Questão 5

O relacionamento com os amigos mudou após a atividade

do projeto?

N %

6º ano

O aluno está mais comunicativo na escola? 67

Tem mais amigos – diminuição da timidez 33

9º ano

O aluno está mais comunicativo na escola?

Tem mais amigos – diminuição da timidez

No contexto de relacionamento social do aluno antes e depois de participar

das atividades no projeto. Podemos ver uma predominância em relação aos alunos

com pouca comunicação dentro de ambiente escolar. Os professores falaram de

alunos com pouca comunicação na sala de aula. Dentro da análise que podemos

realizar nesse quesito, citamos as mudanças descritas pelos próprios alunos nos

relatos feitos por eles em sala de aula em relação a essa questão, 87% dos alunos

disseram que mudaram no comportamento interpessoal com seus colegas depois

das atividades realizadas em grupos no projeto. Podemos relacionar essa mudança

ao tipo de atividade realizada que nos leva a duas linhas de reflexão: solidariedade

nos momentos de dificuldade das etapas reforçando os relacionamentos, e o

trabalho em grupo que a atividade em si proporciona.

Sobre a corda como prática de uma atividade física, para Ctenas e Vitolo

(1999, p 230-236), a prática adequada de atividade física condiciona o coração,

tonifica os músculos, ajuda a manutenção do peso, favorece a saúde óssea e

proporciona bem-estar mental e integração social. Em verdade, a atividade física

exerce efeitos benéficos, a curto e longo prazo, nas esferas psicológicas e sociais.

Os alunos apresentam-se mais saudáveis e também mais sociáveis quando

vivenciam atividades físicas.

Com base nesse contexto torna-se factível a interpretação de que as

atividades físicas bem-sucedidas na escola representam a solução para grande

parte dos problemas sociais contemporâneos – relacionados à disposição e

compreensão do ser humano enquanto corpo.

Sobre as atividades com a corda proporcionar novos relacionamentos pode

afirmar que, com base nas práticas pedagógicas realizadas que as atividades foram

muito relevantes e com profundo teor pedagógico promovidos no ambiente escolar,

o que teve papel determinante no desenvolvimento do mesmo. Ainda deve-se

destacar a importância do professor que a todo instante reforçou a importância do

aluno criar vínculos de amizades para o sucesso de todas as atividades propostas

junto com seus alunos.

Corroborando para esse ponto de discussão, pode-se citar a fala de um aluno

dentro de uma aula do projeto:

[...] nuca tive uma atividade com corda deste jeito. A escola poderia

continuar com o projeto no ano que vem com mais cordas, aqui na

aula fiz amigos que me ajudaram na hora de passar na corda. (Fala

de aluno integrante do projeto de intervenção).

Em todo momento das aulas, enfatizamos o comportamento pessoal e

coletivo dos alunos por meio de práticas corporais da corda, a fim de promover

valores sociais positivos. Sabemos que toda instituição não é somente um

instrumento de organização, regulação e controle social, mas também é, ao mesmo

tempo, um instrumento de regulação e de equilíbrio socializador. A escola é uma

destas instituições que promove a socialização dos indivíduos, principalmente

através dos vínculos de relacionamentos que é formalizada a partir de regras e

normas estabelecidas e que devem propiciam aos alunos a oportunidade de

questionar e introjetar o existente. De acordo com Coll, Pozo e Sarabia (1997,

p.134), “... na escola, além das tarefas meramente educacionais, fazem-se

amizades, aprende-se o funcionamento do poder, conhece-se o que significa a

competência, pratica-se esporte, desenvolvem-se habilidades manuais; em resumo,

aprende- se a viver em comunidade.” Os projetos de Intervenção permitem

oportunizar atividades diferenciadas dentro de sua grade, oferece também um

ambiente de investigação para a escola, contribuindo com os profissionais que

atuam diretamente com a diversidade no ambiente escolar.

Carreras et al. (2006) destaca que o esporte, que traz em sua rotina,

treinamentos e competições, oferece aos seus praticantes um contexto que facilita a

diminuição da timidez e da insegurança dentro de novos ambientes, tornando o

adolescente mais aberto ao relacionamento com seus companheiros de treino.

Dessa forma, pode-se perceber que o contexto esportivo beneficia seus praticantes

quanto ao seu desenvolvimento social e afetivo. Um estudo realizado por Sanches

(2004) provou que adolescentes inseridos em contextos esportivos dentro de

projetos sociais tiveram sua rede social transformada, se relacionando com um

número maior de pessoas e ao mesmo tempo mudando sua forma de ver a vida,

tornando-se um indivíduo mais coletivo.

Diante das mudanças vistas através do Projeto de Intervenção, podemos e

devemos citar o trabalho em que as atividades com a corda proporcionou efeitos

positivos de atitudes nos seus relacionamentos interpessoais. As atividades

promoveram a inclusão dos alunos, independente de raça, religião e cultura, e

notoriamente a coletividade, e como consequência, a adoção de um entendimento

de que a competição o desafio existe, mas a participação na atividade a

solidariedade e o respeito com o outro estão acima de tudo.

Dentro desse contexto de trabalho em equipe, Seybold (1994) diz “Quanto

mais claramente se considerar a missão educativa da educação física, tanto mais

importante se tornarão os fatores psíquicos, a evolução da forma de aprender e

pensar da criança, dos interesses dos jovens, das formas de ação e de

sociabilidade.” (p.18).

Tabela 5 - Questão 6

O cotidiano escolar do aluno antes da entrada no projeto? N %

6º ano

Sim, mudou depois da entrada no projeto 35

Não, continuou da mesma forma 1

9º ano

Sim, mudou depois da entrada do projeto 36

Não, continuou da mesma forma 2

Na questão 6, apontamos para o objetivo central desse projeto, que trata

sobre promover uma mudança no cotidiano escolar dos alunos que ficou evidente

nos relatos dos pesquisados de como a corda pode contribuir para um conhecimento

significativo no aprendizado da cultura corporal dos alunos. De todos os alunos

pesquisados a maioria disse que no intervalo procuravam a corda como atividade de

lazer durante a realização do projeto de intervenção e que era bom porque todos

participavam (meninos e meninas). O cotidiano da Educação Física escolar no

intervalo mostrava-se direcionado em sua prática somente para os esportes

coletivos, não havendo referência jogos e brincadeiras, mas com a proposta

apresentada nas aulas de Educação Física, em que se apoia a diversidade de

atividades de lazer também na hora do intervalo, com esta prática da disciplina esta

realidade alterou o cotidiano escolar relacionando neste espaço à prática de outras

atividades corporais das aulas nos intervalos, ressaltando para o profissional de

Educação Física a importância do brinquedo, da brincadeira e do jogo como resgate

popular.

Diante de uma dessas conversas podemos citar um aluno que disse, antes da

prática: “Esta tal de corda “X” é muito difícil e ninguém vai conseguir passar”. Esta

conversa corrobora com os estudos de Vygotsky que diz , ao brincar a criança

reproduz nas atividades adulta de sua cultura e ensaia seus futuros papéis e valores.

Desta forma, esta atividade dá oportunidade para o desenvolvimento intelectual do

aluno, promovendo a aquisição de valores através de estímulos desafinando suas

habilidades e atitudes necessárias à sua participação social mediante a convivência

com seus companheiros. Nessa fase escolar, ocorrem grandes transformações

psicológicas, pelas quais deixam o aluno confuso e com grande capacidade de

reagir a conflitos de maneira diferenciada, pois a intensidade das emoções faz parte

de seu cotidiano. Nesse caso, o aluno reage após uma dificuldade apresentada na

atividade, pois quer de alguma maneira consolidar sua identidade e seu espaço

dentro da turma com o seu sucesso.

Para validar as respostas da pesquisa e referenciar a questão dos conflitos

entre os alunos, constata-se que os níveis de sociabilidade foram alterados de forma

significativa proporcional aos desafios encontrados por etapas que os alunos tiveram

sucesso. Diante dessa análise, a atividades com a corda podem ser considerado um

valioso agente de formação de valores e consequentemente, um fator integrador da

socialização na escola, pois nos contextos escolares os projetos de intervenção,

adotam desafios educacionais e temas transversais para reflexão e aprendizado dos

alunos, como respeito, ética, pluralidade cultural e diversidade.

Dentro dos assuntos abordados através dessa questão, pode-se perceber

que os alunos pesquisados estão sujeitos a grandes situações de cobrança,

reagindo de formas diferenciadas neste contexto escolar, mas constata-se também

que o trabalho de resgate através da cultura corporal realizado pelo projeto de

intervenção, tem cooperado para a transformação desses alunos, aumentando sua

conscientização sobre valores, seus conhecimentos de cidadania e socialização.

Tabela 6 - Questão 4

Antes de entrar no projeto quais eram as suas ocupações no intervalo?

N

%

6º ano

Internet 25 60

Jogar bola no pátio da escola 6 40

9º ano

Internet

Jogar bola no pátio da escola

Adentramos em uma das questões mais discutidas nos últimos anos em

relação a vida dos alunos na escola: a tecnologia.

Mesmo dentro do contexto de comunidades carentes, a tecnologia vem

avançando com muita força no dia a dia da escola. O uso da internet e seu custo

para os indivíduos vêm caindo assustadoramente, o que facilita o consumo de todas

as classes sociais do país, principalmente nas escolas que agora tem wi-fi gratuita, é

um fenômeno social presente em crescimento a cada dia no Brasil. Com essa

tecnologia toda ao dispor dos adolescentes, os mesmos acabam passando horas

em frente às máquinas tecnológicas, se relacionando com o mundo virtual, e muitas

vezes deixando de lado os relacionamentos reais do mundo a sua volta.

Tudo isso é notório, em qualquer pausa, ou algum descanso, os alunos

correm para se conectar ao seu celular, esquecendo o contexto em que estão e

aquilo que estava fazendo. Em relação a esse ponto abordado, a atividade física

através da corda aparece como uma ferramenta para tentativa de equilíbrio para

esse contexto, trazendo novas oportunidades e qualidade no tempo dos intervalos

escolares para os alunos. Claro que diante das enormes ofertas tecnológicas, a

corda é apenas um pássaro tentando apagar o fogo de uma arvore, mas justifica-se

a tentativa de combater esses usos e costumes de hoje, é também oportuniza um

ambiente de relacionamentos saudáveis, ao contrário dos relacionamentos virtuais,

em sua maioria, escassos de intimidade e amizades verdadeiras.

A mudança dos estilos de vida vem ocorrendo a uma velocidade vertiginosa,

tudo isto, devido às exigências colocadas pela sociedade moderna. O problema é

que essas novas exigências estão circunscritas a condições de alto nível de

envolvimento com atividades mediadas por aparelhos eletrônicos e de informática,

que cada vez mais são responsáveis pela ocupação de um tempo cada vez maior de

grande número de alunos na escola, principalmente no seu tempo livre.

O Projeto de Intervenção aplicado na escola de forma organizada com a

intenção de socializar é viável e também dá a oportunidade ao aluno de parar e

refletir sobre esta realidade atual vivida sem proteção e sem regras morais, deixando

professores, pais e responsáveis mais preocupados enquanto realizam suas

atividades na escola no dia a dia.

Tabela 7 - Questão 7 e questão 8

7- Como eram as notas do aluno na disciplina de Educação

Física antes da entrada no projeto?

N %

Regulares 27 46,7

Boas 19 53,3

8- O aluno melhorou seu desempenho escolar na disciplina após ações previstas do projeto?

N %

Sim 32 67

Não, permaneceu o mesmo 4 33

Dentro da perspectiva de avaliar a influência da atividade do projeto de

intervenção aplicado no rendimento escolar dos alunos, a pesquisa nos informou,

que houve contribuição da atividade para a melhora significativa das notas escolares

dos alunos inscritos no projeto.

A explicação para a melhora das notas escolares dos alunos pode ser

analisada de forma bastante abrangente, pois essas mudanças podem ser

ocasionadas por vários fatores relacionados a própria atividade em si relacionados

com as etapas realizadas progressivamente e o sucesso na execução dos desafios

em cada obstáculo encontrado.

Uma das reflexões que podemos fazer é que o Projeto de Intervenção

favorece e oportuniza que os envolvidos sejam instigados a refletir sobre a resolução

de problemas que surgem no meio das etapas programadas. Com isso, existe uma

motivação intrínseca para seguir a frente , favorecendo um ambiente propício para

solução de problemas da aula, melhorando sua vontade de fazer e o seu gosto por

fazer, automaticamente melhorando seu rendimento no que diz respeito às notas .

Outro ponto que se pode analisar é que a atividade favoreceu o nível de

concentração dos alunos. Isso pelo fato de que, nesta prática pedagógica o aluno

está em fase de crescimento no aprendizado motor, se comportando de maneira

mais concentrada para a realização das atividades e dos requisitos básicos que as

etapas necessitam para sua execução.

O ambiente de situações problemas planejado para execução prática do

projeto de intervenção favoreceu de certa maneira a melhora do rendimento escolar.

Concluindo sobre essa questão, são necessários estudos mais profundos para

avaliar a relação entre rendimento escolar e uma atividade física, mas diante da

realidade abordada e estudada nesse projeto e levando em consideração a

participação dos alunos e os seus comportamentos, é possível afirmar que a pratica

da atividade com a corda foi uma aliada direta a melhora do rendimento escolar dos

seus praticantes na disciplina de Educação Física.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quero ressaltar nesse momento de conclusão do projeto alguns pontos

importantes dentro do processo de construção e análise do mesmo. Primeiramente,

um dos fatores que mais chamou a atenção foi o ambiente em que os alunos

analisados são submetidos dentro das aulas. Falo aqui sobre a estrutura que foi

dada para o aluno para que este tivesse o melhor a seu dispor e assim conseguisse

se manter focado e concentrado nas etapas planejadas para realizar as etapas com

sucesso. Fiz um trabalho minucioso, com atividades programadas e desenvolvidas

de acordo com as dificuldades singulares dos alunos. O Projeto de Intervenção se

transformou, num grande incentivo para quem trabalha com atividades diversificadas

por incluir todos os alunos através da atividade, pois nos mostra que qualquer aluno

pode ser atendido na aula não importa a sua dificuldade ou nível social, e que com

toda certeza participarão em todo o processo com esforço relatando ser a melhor

aula que já tiveram nesta disciplina.

Outro aspecto importante foi o planejamento direcionado na prática

pedagógica na construção e nos trabalhos da área social baseado em valores.

Através desse direcionamento pode-se fortalecer a ideia de que valores como: amor,

cooperação, respeito, educação, trabalho em equipe, entre outros, são capazes de

transformar a vida dos alunos, mostrando atitudes praticas dentro do contexto de

aula e fora dela na tentativa de mudança na concepção de mundo dos alunos.

Concluindo a pesquisa, espero que esse estudo possa cooperar com os

profissionais de Educação Física que atuam em projetos diversificados dentro da

disciplina, dando uma ideia concreta daquilo que a atividade com corda individual e

coletiva é capaz de fazer numa instituição educacional no seu cotidiano escolar e

principalmente em ambientes de pouca socialização. Acredito que novos estudos

nesta área possam dar um maior respaldo no que diz respeito à relação a uma

atividade física alterar o cotidiano escolar de uma escola e que, juntamente com

esse projeto concluído possam surgir mais interessados nesta área de

conhecimento.

A principal contribuição deste trabalho encontra-se na discussão e

redirecionamento das aulas durante sua prática pedagógica. Esperamos que esse

trabalho seja discutido pelos professores de Educação Física, repensando algumas

matérias e seus enfoques. Redirecionar o currículo “inchado” e com matérias

fundamentais pouco exploradas. Do contrário, repetiremos o sistema de trazer novas

ideias sem antes acender o debate e determinar as questões e os envolvidos.

6. CONCLUSÃO

O trabalho da corda requer um conhecimento mais elaborado sobre as

questões da Educação Física com o desafio de legitimar a prática neste projeto de

intervenção, então é desafiada a olhar para a geração de novos conhecimentos e no

surgimento de mudanças e se adequar a vida cotidiana do aluno.

Esta ação pedagógica é o espaço onde o aluno encontra a oportunidade de

buscar um novo componente curricular e vivenciar o que se passa no mundo perto e

longe da sua realidade. Pode-se afirmar que as atividades com a corda servem de

meio tanto para a formação contínua do (a) educador (a) escolar quanto para a

construção criativa e coletiva do conhecimento por alunos e alunas. Constitui-se

num importante dispositivo pedagógico para a dinamização do processo ensino-

aprendizagem, particularmente por sua praticidade, sua flexibilidade diante das

possibilidades de cada escola e, mais que tudo, por estimular a participação e a

criatividade de todos os seus integrantes.

Diante dessa proposta podemos oportunizar dentro do contexto escolar um

meio de criar diferentes situações de aprendizagem e ainda proporcionar uma

atividade de qualidade que seja diferente no conteúdo escolar, por propiciar

atividades diferenciadas.

O Projeto de Intervenção faz uma amostragem de atividades com a corda em

diferentes realidades culturais, nas quais estão indissociados corpo, movimento e

intencionalidade. O aluno não só vivenciará e experimentará os benefícios advindos

da cultura do movimento, mas também perceberá o significado das diversas

manifestações culturais do movimento.

Assim acredito este projeto contribuiu com a aprendizagem do aluno de forma

significativa levando em conta seus interesses, necessidades e características

específicas. No âmbito da Educação Física, os conhecimentos construídos

fortaleceram os valores sociais, ampliando o significado nas inter-relações da

disciplina com a saúde e qualidade de vida. Houve uma conscientização por parte

dos alunos voltada para a manutenção das atividades de sociabilidade nas aulas o

que promoveu uma reflexão sobre a boa postura, da convivência com o outro nas

atividades.

A proposta deste trabalho pedagógico é uma referência para o educador na

direção de um novo pensar e agir pedagógico, pois existe uma relação entre o fazer

e o compreender, portanto o educador deve estar atento às necessidades de seus

alunos e às contribuições de conhecimento de forma compromissada, significativa e

de qualidade no sentido de ampliar os horizontes de seus alunos diante da vida.

A motivação para esta experiência oportunizada pelo Estado do Paraná teve

origem no estabelecimento de ensino onde leciono numa leitura clara da

necessidade e anseios daqueles alunos de vivenciarem atividades diferenciadas que

não fossem apenas com uma bola. Acredito que após os resultados positivos

coletados sinto-me mais fortalecido nesta caminhada pelo compromisso de uma

educação pública de qualidade e pelo reconhecimento de ter oportunizado ao aluno

a conscientização do seu direito fundamental de acesso ao conhecimento

diferenciado.

Nesta caminhada, do início ao final do PDE pude confirmar o quanto é

importante um espaço para a pesquisa, para a leitura e para o intercambio com

outros colegas de profissão. Senti nesta etapa desafiado a abrir um caminho próprio

para entregar a todos que farão a leitura deste material para consulta, reflexões,

propor com esta pesquisa uma grande socialização de conhecimento sobre o tema

da intervenção. Finalizando, os resultados encontrados corroboram com a visão de

que, existe um grande envolvimento e grau de aceitação por parte dos alunos de

diferentes faixas etárias, e que este recurso contribui para um melhor

relacionamento entre os alunos, maior alegria, satisfação, colaboração com a

integração entre estes, propiciando um ambiente favorável para aprendizagem.

Portanto, propõe-se que novas condutas sejam tomadas, para que os futuros

professores possam aplicar este recurso pedagógico com uma nova visão das ações

pedagógicas e educativas deste material com o objetivo de difundir valores positivos

aos seus alunos e dar oportunidade de se desenvolverem, por meio do mútuo

conhecimento e da compreensão das habilidades e potenciais de cada um. Essa

intervenção teve como pretensão apontar para um novo caminho, partindo do

experimentar e acreditar nesta nova aprendizagem significativa por meio das

atividades com a corda, e que como educadores, possamos ser capazes de

transmitir mais do que somente conhecimento técnico.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002.

BETTI, M; ZULLIANE, L. R. Educação Física Escolar: uma proposta de diretrizes

pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, São Paulo:

Editora Mackenzie. Ano 1,n.1, p73-81, 2002.

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari . Investigação Qualitativa em Educação,

Colecção Ciências da Educação, Porto: Porto Editora, (1994).

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Fundamental.

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