os desafios da escola pÚblica paranaense na … · adquiridos, tornando-os efetivos na resolução...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Multiplicação na Resolução de Problemas para 6º ano do Ensino
Fundamental
CALGARO, Marlei Teresinha. SEED – PR1
SANTOS, Clodogil Fabiano Ribeiro dos – UNICENTRO – PR2
RESUMO: O presente artigo é resultado da investigação de uma estratégia didática, relacionada à implementação do projeto de intervenção do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional – da Secretaria de Estado de Educação – SEED – do Paraná, numa turma de alunos do 6° ano do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Professora Terezinha Rodrigues da Rocha. Destaca-se que o trabalho foi embasado na metodologia de resolução de problemas, mais especificamente objetivando a aplicação de métodos lógico-dedutivos, fundamentado em leituras de pesquisa. Destaca-se que foram analisados aspectos relacionados às estruturas multiplicativas, seus significados e particularidades. Diante do exposto, buscou-se uma abordagem de conteúdos de forma concreta e efetiva favorecendo que o aluno perceba as diversas possibilidades de resoluções de situações-problemas, objetivando torná-los confiantes, capazes de tomar decisões, dominar e resolver situações as quais estejam relacionadas à multiplicação de números naturais. Dessa forma, elaborou-se uma intervenção pedagógica proposta no projeto anteriormente apresentado ao PDE, visando adaptá-la às escolas estaduais do ensino fundamental. Nas atividades propostas foram utilizados o dado modificado e o geoplano como recursos potencializadores de aprendizagem. Sendo assim, a questão que guiou a investigação foi: em que aspectos o geoplano e o dado modificado, sugeridos no referido projeto, podem viabilizar aos alunos do sexto ano, do ensino fundamental, a aprendizagem e a resolução de problemas? Tratados de forma lúdica, os problemas matemáticos, assim como o jogo, são pautados por regras. Entretanto, na resolução de problemas, o mais importante é explorar o “por quê” de cada regra. Frente ao exposto, é essencial ensinar de forma concreta, deixando de lado a aprendizagem mecânica, aumentando, dessa forma, a possibilidade de efetivação da relação entre a ação de ensino e a aprendizagem por parte dos estudantes. PALAVRAS-CHAVE: Educação. Resolução de Problemas. Multiplicação.
1 Especialista em Educação Matemática – Professora PDE 2013 – Professora de Matemática – Colégio Estadual Professora Terezinha R. Rocha – EFM. 2 Professor Assistente, Mestre em Educação para a Ciência, do Departamento de Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Campus Irati (PR). Email [email protected]
1 INTRODUÇÃO
A realidade escolar atual nos permite constatar diversos problemas de
aprendizagem por parte dos alunos. Especificamente, observa-se grande
dificuldade de aprendizagem em alunos do sexto ano do Ensino Fundamental,
motivada, muitas vezes, pela mudança de rotina escolar. No caso da matemática,
essa dificuldade é mais evidente por conta das demandas cognitivas mais
elaboradas, características dessa nova etapa de ensino.
Muitos autores, tais como Caraça (2002), Polya (2006), Dante (2005), Ponte
et al.(2003) e Smole (2004), empenham-se no desenvolvimento de estudos
relacionados à origem dos conceitos, às dificuldades de aprendizagem, a resolução
de problemas e a investigação nas aulas de matemática. No entanto, essas
pesquisas não encontram ressonância na comunidade de docentes da educação
básica, especialmente devido à falta de oportunidade de realizar leituras e participar
de eventos da área específica. Como consequência, o professor tem dificuldade de
adequar suas práticas pedagógicas em seu cotidiano escolar. Com a ausência de
um ensino que impulsione a aprendizagem, os professores retornam aos meios
tradicionais, nos quais depositam maior confiança e manifestam mais segurança.
Diante disso, entende-se que é necessária uma mudança de postura.
Constata-se no ensino da matemática a necessidade de superar práticas de
memorização e repetição de algoritmos sem construção de significados. Defende-se
que deve ser adotada uma prática docente que permita construir estratégias,
possibilitando ao aluno interpretar situações por um método mais investigativo,
pautado na resolução de problemas, um procedimento que promove a valorização
do raciocínio lógico e da busca pela clareza no tratamento do assunto em questão.
As atividades de resolução de situações-problemas demandam diversas habilidades,
tendo como propósito o envolvimento pessoal dos estudantes para solucionar as
questões inerentes a tais situações, empregando diversos percursos metodológicos.
Portanto, a ação de implementação de produção didática aqui relatada teve o
propósito de reintegrar o entusiasmo pela matemática, buscando ressignificar a
aprendizagem dessa disciplina frente às atividades apresentadas. A intervenção
didática ora analisada buscou resgatar a prática de resolução de problemas, ação
inerente à matemática escolar, mas que tem sido deixada de lado em nome de um
critério de economicidade.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta pesquisa teve como base empírica a intervenção pedagógica pautada na
resolução de problemas envolvendo situações multiplicativas. Para a citada
intervenção, buscou-se embasamento teórico em artigos e textos relacionados à
tendência metodológica da resolução de problemas e na investigação matemática.
A matemática hoje é concebida como um saber vivo, dinâmico construído
historicamente para atender às necessidades sociais e teóricas. Assim, parte-se do
princípio que a sociedade atual requer cidadãos que saibam usar o conhecimento
como ferramenta para resolver problemas do cotidiano. Nesse aspecto, de acordo
com a análise de Dante sobre as DCEs:
A Educação Matemática proposta nestas diretrizes prevê a formação de um estudante crítico, capaz de agir com autonomia nas suas relações e, para isso, é preciso que ele se aproprie também dos conhecimentos matemáticos. (DANTE, 2005, p.48)
O processo de aprendizagem que ocorre em sala de aula se efetiva através
da construção do conhecimento por meio de interação com conceitos e conteúdos
aplicados de forma concreta, oportunidade em que se desenvolve raciocínio lógico
do aluno. Nessa concepção, a aprendizagem matemática é vista como construção
de conhecimento e o ensino está pautado no saber elaborado de forma científica.
A prática da resolução de problemas nas aulas de matemática potencializa o
entendimento e o traz maior possibilidade de domínio do cálculo matemático por
parte dos alunos. Dessa forma, se privilegia a compreensão dinâmica de produção
de saberes inserida no conhecimento. Para tanto, essas práticas estão
fundamentadas na teoria do matemático Polya (2006), que estabelece etapas para
melhor compreensão e resolução do problema.
Para Polya (2006, p.5), “O aluno precisa compreender o problema, mas não
só isso; deve também desejar resolvê-lo”. O caminho vai desde a compreensão do
problema e da concepção da ideia à própria experiência, nas dificuldades e
sucessos que ele mesmo encontrou como resolver os problemas com a
multiplicação. Essa metodologia deverá ser adequada com o conteúdo a ser
trabalhado de forma a garantir o conhecimento, articulando e proporcionando
situações de forma contextualizada, favorecendo o crescimento intelectual e cultural
dos alunos.
Caraça destaca que:
A Matemática em seu desenvolvimento progressivo de elaboração, de modo a descobrir-se suas hesitações, dúvidas, contradições, as quais um longo trabalho de reflexão e apuramento consegue eliminar, para que logo surjam outras hesitações, outras duvidas, outras contradições no fazer matemático, sempre haverá novos problemas para resolver”. [...] “Não são apenas as condições da vida social que influem no conhecimento dos números naturais; atuam neles também condições humanas individuais. (CARAÇA, 2002, p. 23)
O professor deve direcionar as situações que surgem entre os alunos,
mediando esse conhecimento como ponto de partida, ampliando, desenvolvendo e
contextualizando as situações problema com metodologias para interpretação,
comparando caminhos para obter prováveis soluções. Na compreensão do
problema, cada momento tem sua importância para o desenvolvimento das
operações que tornam o aluno a solucionar os problemas. Seu método está
fundamentado na elaboração de perguntas que levem o aluno a perceber situações
criticas do problema.
A prática pedagógica deve fundamentada nas ações e experiências matemáticas, com informações retiradas nos momentos oportunos, em que um professor esteja auxiliando o aluno a seguir o caminho do conhecimento matemático, de forma rica e satisfatória, é preciso que ele próprio reconheça a necessidade de estudar matemática. (SMOLE, 2004, p. 32)
Juntamente com a prática da resolução de problemas, é possível promover
exercícios de cálculo mental. Por meio dessa prática, o aluno vai construindo uma
intimidade cada vez maior com os números e também notará o resultado das
operações propostas com diferentes possibilidades para realizar um mesmo cálculo.
Dessa forma, será possível ressignificar a aprendizagem matemática.
É necessário ainda, que haja articulação entre os números para que o aluno
resolva as situações-problema na linguagem matemática. Por isso, deve-se buscar
sempre o novo e também o concreto para que sejam atrativos e sistematizados,
facilitando a compreensão da resolução dos problemas para que eles resolvam as
operações com mais precisão.
Nesse aspecto, a compreensão do enunciado do problema é fator
determinante do sucesso na resolução. Para Ponte et al. (2003, p.26): ”A leitura
conjunta do enunciado poderá ser imprescindível para sua compreensão, seja
somente para esclarecer certos termos com que não estão familiarizados”. Nesse
ponto, é fundamental a intervenção do professor enquanto gestor do processo.
É importante que o aluno resolva as atividades propostas, procurando traduzir
as ideias teóricas para o cálculo matemático, inseridos em situações criativas e
concretas em que seja desenvolvido o aprendizado e a assimilação dos conceitos
adquiridos, tornando-os efetivos na resolução dos problemas.
Resolver problemas é uma prática que acompanha o ser humano ao longo da
sua existência. Para quem sabe resolver uma situação-problema a palavra
“problema” tende a perder seu significado negativo, sinônimo de dificuldade ou até
mesmo impossibilidade. A resolução de situações-problema é o meio essencial para
construir conhecimentos matemáticos.
Polya (2006) afirma que existem etapas para resolver qualquer problema,
que, quando reconhecidas e praticadas, podem ajudar o aluno neste processo.
Essas etapas são as seguintes: compreender o problema, estabelecer um plano,
execução do plano e fazer o retrospecto.
Neste trabalho, o aluno é o agente da construção de seu aprendizado, sendo
estimulado a agir de maneira reflexiva, trocando ideias e opiniões com o professor,
superando a mera transmissão de informações e desenvolvendo autonomia.
Destaca-se que tais ações são importantes para sua vida, ou seja, fora da escola,
por aperfeiçoarem sua capacidade de gerenciar informações.
Os problemas desafiam os alunos para que seja utilizado o raciocínio lógico
sistematizado para o cálculo e conhecimentos matemáticos. Nesse processo são
feitas estimativas prévias na busca da resolução do problema e essas estimativas
desenvolvem aspectos referentes aos números e as operações trabalhadas pelos
alunos, as quais devem ser variadas com diferentes maneiras de resolver o
problema.
Um professor de Matemática tem, assim, uma grande oportunidade. Se ele preencher o tempo que lhe é concedido a exercitar seus alunos em operações rotineiras, aniquila o interesse e tolhe o desenvolvimento intelectual dos estudantes, desperdiçando, dessa maneira, a sua oportunidade. Mas se ele desafia a curiosidade dos alunos, apresentando-lhes problemas compatíveis com os conhecimentos destes e auxiliando-os por meio de indagações estimulantes, poderá incutir-lhes o gosto pelo raciocínio independente e proporcionar-lhes certos meios para alcançar este objetivo. (POLYA, 2006, p. 8)
Utilizar problemas é estimulante e desafiador e permite desenvolver a
capacidade de resolução e despertar o interesse de aprender a matemática. Assim,
Polya (2006), destaca que resolver problemas é uma arte, pois, na essência do
processo de ensino-aprendizagem, é imprescindível que o aluno compreenda os
conceitos e raciocine claramente sobre as ideias matemáticas, abordando os
problemas com segurança, ações críticas e reflexivas no pensar matemático.
Portanto, é fundamental que o professor guie os esforços construtivos dos
alunos compartilhando os conhecimentos no qual procurem resolver os problemas e
conferir os resultados até chegar a uma solução correta.
3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
3.1 O GEOPLANO E O DADO MODIFICADO NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
O trabalho ora desenvolvido sobre a multiplicação de resolução de problemas
foi aplicado aos alunos do 6° ano do Ensino Fundamental, do Colégio Estadual
Professora Terezinha Rodrigues da Rocha. Os citados alunos demonstraram
interesse em participar da aplicação do projeto, tornando-se mais receptivos durante
as aulas propostas. O projeto de intervenção didática teve por objetivo trabalhar com
estruturas multiplicativas por meio da resolução de problemas. Para isso, a proposta
contemplou a introdução de situações envolvendo as operações de adição e
multiplicação. Em suma, as atividades foram desenvolvidas, com o objetivo de
melhorar a qualidade de ensino, bem como, adequar a linguagem matemática
atribuída à resolução de problemas.
Inicialmente foi apresentado um breve comentário sobre a importância dos
números no cotidiano dos alunos, assim como situações-problemas em forma de
histórias. O geoplano e dado modificado foram utilizados como recursos didáticos
para a abordagem metodológica. Durante a fase da implementação da proposta
foram desenvolvidas dez seções totalizando 32 aulas, sendo que, ao final de cada
seção foram propostos desafios individuais e em grupos como forma de avaliações.
Na seção I, foi apresentada aos alunos a história do geoplano, visto que esse
é um instrumento muito usado para conhecer mais sobre a matemática, suas
aplicações e características. Existem diferentes tipos de geoplano (oval, triangular,
circular e outros), porém o mais utilizado é o quadrado. O qual consiste em uma
base de madeira ou isopor de forma quadrada, com vários pinos (pregos) fixados, a
meia altura, formando um quadriculado e a distância de um pino para outro, tanto na
horizontal quanto na vertical, é a mesma.
Em seguida os alunos manipularam livremente o geoplano usando borrachas
coloridas, folhas pontilhadas formando sequência com as figuras geométricas
planas, a mensuração das figuras classificando-as quanto ao número de lados,
perímetros e desenhos livres. À medida que se utilizava o geoplano percebia-se o
desenvolvimento de habilidades e a exploração de características de figuras planas,
deixando as aulas dinâmicas. Ao permitir a visualização, o manuseio do geoplano e
promover aulas práticas, o professor torna-se um estrategista usando novas
metodologias e alternativas concretas.
No que se refere à seção II, foram desenvolvidas as atividades centrais do
trabalho envolvendo a multiplicação, através de situações-problema em forma de
histórias contadas, possibilitando a leitura e interpretação dos mesmos. Os alunos
representavam suas ideias com desenhos relacionados à história. Nesse momento,
foi proposto o desafio sobre a dobra do número de morcegos fazendo uma relação
entre multiplicação e adição, além de abordar os números ordinais nas questões
pedidas.
Já nas seções III e IV, foram exploradas habilidades utilizadas para calcular e
resolver problemas que envolveram noções de profundidade e sistemas de medidas.
Além disso, para aprimorar e compreender as atividades buscou-se desenvolver o
raciocínio lógico envolvendo ideias de multiplicação dos números com o cálculo
mental.
Na seção V, foram tratados aspectos relacionados ao algoritmo utilizado para
resolver problemas relacionados ao sistema monetário, em especial, relações de
compra e venda. Diante do exposto, com a metodologia fundamentada em histórias,
promoveu-se a resolução de problemas, envolvendo os alunos e possibilitando
desencadear a utilização das estratégias lógicas dedutivas.
Na seção VI foram abordados os números quadrados, através de um
processo de investigação, interpretando e compreendendo as propriedades dos
números quadrados perfeitos por meio do jogo. Nessa atividade foi possível verificar
as dificuldades apresentadas pelos alunos com os números quadrados e frente a
esta situação, foram feitas as atividades diferenciadas buscando a concretização do
processo de ensino-apredizagem.
Na sequência, foi realizada uma sessão de perguntas sobre times de futebol.
Foram formados grupos de 4 ou 5 alunos, identificados pelos times que torcem,
sendo que o “jogo” entre os times consistiu em resolver problemas relacionados aos
números quadrados, propostos através de fichas. Além da resolução, foi
considerado também o tempo para resolver no quadro branco. Foram distribuídas as
fichas aos grupos e iniciadas as disputas. A meta principal do jogo era acertar a
resposta antes dos outros grupos, marcando, assim, um gol.
Durante o processo, observou-se que alguns alunos apresentaram
dificuldades de aprendizagem no grupo. Mesmo assim, procuravam participar e
demonstraram um interesse mais acentuado pelas atividades propostas.
Nas seções VII e VIII, foi feita uma revisão histórica, destacando antigamente
as pessoas contavam por meio de uso de pedrinhas ou marcas de pontos na areia,
eram maneiras de formarem figuras geométricas planas. Isso levou matemáticos
como Pitágoras a imaginar classes especiais de números, como os números
triangulares. Nesse momento os alunos estabeleceram a relação da sequência
numérica, desenvolvendo por meio dos pontos uma visualização dos números
trabalhados no geoplano e na malha pontilhada, fazendo a representação dos
números triangulares e quadrangulares. Com isso, trabalharam com os recursos
desenvolvendo habilidades de seu raciocínio, como diferentes estratégias para
construção de conceitos por meio de resolução de problemas.
Fazendo a soma dos pontos, chegaram aos chamados números triangulares
usando os números obtidos para encontrar os subsequentes. Os alunos
investigaram o processo de construção dessa sequência, como por exemplo:
1 + 2 = 3 3 + 3 = 6 6 + 4 = 10 10 + 5 = 15 15 + 6 = 21 21+ 7 = 28
Dessa forma, obtiveram os números triangulares:
●
● ● ●
● ● ● ● ● ●
. ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
1 3 6 10
Além disso, estabeleceram relação com os números quadrangulares:
● ● ●
● ● ● ● ●
● ● ● ● ● ●
1 4 9
Ex: Nessa atividade foi usada a multiplicação e a relação com a adição dos
números quadrados perfeitos. Desenhando as próximas sequências dos números e
calculando o perímetro e a superfície da figura.
Ex: 1 + 3 = 4 16 + 9 = 25
4 + 5 = 9 25 + 11 = 36
9 + 7 = 16
Ex: 12 = 1 32 = 9
22 = 4 42 = 16
No que se refere à seção IX, foram usadas figuras planas e espaciais,
começando pela planificação do cubo, identificando suas formas como: arestas,
vértices e faces, memorizando e compreendendo a multiplicação por meio do jogo.
Vale evidenciar que, o uso do dado modificado como método e estratégia,
contribuiu para melhor assimilação da multiplicação, através de jogos e brincadeiras,
formando a tabuada associado-as a multiplicação e realizando cálculos da soma e
multiplicando os lados opostos. O dado modificado é um jogo facilitador da
aprendizagem que leva o aluno a sair de uma situação abstrata para o concreto,
desenvolvendo o raciocínio e o pensamento lógico com autonomia. Na figura 1 são
mostrados o dado normal e o dado modificado, utilizado neste trabalho.
(a) Dado normal (b) Dado modificado
Autora: Marlei T. Calgaro. Autora: Marlei T. Calgaro.
Figura 1: Dado normal (a) e dado modificado (b).
O dado normal tem faces de 1 a 6 (a soma dos lados opostos devem ser 7). O
dado modificado tem faces de 4 a 9 ( a soma dos lados opostos devem ser 13).
Nesta atividade, foi realizado um jogo de multiplicação das faces de dois dados
modificados, sendo que o resultado obtido era marcado numa cartela. Nesse jogo,
vence quem conseguir primeiro preencher a fileira, linha, coluna ou diagonal. Caso
ninguém completar uma das alternativas, continua o jogo até preencher a cartela de
números inteira ou vence quem tiver o maior número de fichas.
Na seção X, em todas as atividades foram utilizados os passos George Polya:
compreensão de problemas, elaboração do plano, execução do plano e verificação,
as quais ainda hoje servem como parâmetro para competência da temática.
A função do dado modificado na multiplicação é gerar resultado que fica
restrito ao número de faces dele. Esse resultado, então, pode ser manipulado por
meio da tabuada pela qual auxilia a memorização da tabuada de jogos em duplas.
Ao aplicar o projeto constatou-se que as dificuldades apresentadas pelos
alunos durante as aulas sobre a resolução de problemas relacionada à multiplicação
propriamente dita, à interpretação, principalmente devido à falta de leitura e
concentração em geral. Nesse momento salientou-se a importância das atividades
práticas em todo o processo de ensino aprendizagem, pois é um elemento
fundamental que oportuniza uma experiência pela qual é assimilado o entendimento
matemático com investigação e construção de conceitos que viabilizam a
criatividade, a liberdade e a veracidade dos alunos mediante um posicionamento
crítico e desafiador.
Vale ressaltar que a compreensão da resolução de problemas permite a
possibilidade metodológica com atenção para as estratégias para se chegar a
solução de um problema e, dessa forma, instigar o aluno a desenvolver suas
habilidades matemáticas.
Os alunos participaram efetivamente da realização das atividades propostas,
demonstrando interesse e vontade de aprender, para resolver situações-problema
usaram o geoplano. Esse recurso era novidade para muitos, que manifestavam certa
dificuldade em manuseá-lo.
Frente ao exposto é primordial relatar que esse foi um momento ímpar, pois a
curiosidade e interesse dos alunos foram fantásticos. Durante a leitura,
questionavam sobre a temática, sendo possível mostrar aos alunos que existem
diversas formas de aprendizagem matemática, onde as aulas podem ser
interessantes e atrativas e consequentemente fácil de concretizar o processo de
ensino-aprendizagem.
Da mesma forma, o que representa a matemática básica, no que se refere às
operações, é o aprendizado matemático, sendo esse essencial para a formação do
aluno. É fundamental que o aluno perceba a existência de muitos números, com
diferentes características, principalmente quando ele chega ao sexto ano. É preciso
que ele compreenda que esses números fazem parte de sua vida. Entende-se que,
através da prática descrita neste artigo, é possível instigar o aluno a perceber e
desenvolver com facilidade o raciocínio lógico de cálculos e aperfeiçoando seu
aprendizado. Constatou-se que essa habilidade auxilia no processo de construção de
significados e, consequentemente, do conhecimento, que se tornará uma ferramenta importante na
intervenção social. Portanto, é essencial que o professor administre o tempo durante suas aulas para
obter o comprometimento em soluções de dificuldades apresentadas que surgem na disciplina de
matemática.
4. AS CONTRIBUIÇÕES DO GRUPO DE TRABALHO EM REDE
O Grupo de Trabalho em Rede - GTR constitui de uma atividade do Programa
de Desenvolvimento Educacional PDE e os demais professores da Rede Pública
Estadual de Educação. O GTR constituí de estratégias utilizadas pelo programa para
socializar, com os demais Professores da Rede, os estudos que os professores PDE
realizam sobre suas produções, as quais são apresentadas e discutidas durante o
curso GTR. Durante as discussões são abordadas metodologias e práticas
pedagógicas produzidas pelos professores e implementadas durante o curso em
ambientes virtuais. O GTR Turma 2014 teve inicio no mês de março e término no
mês de maio de 2014, num total de 60 horas, no 3º período do programa, conforme
instruções da SEED. O material foi desenvolvido pelo professor PDE com seu
orientador da IES considerando as etapas do plano de trabalho.
Esse ambiente virtual possibilitou aos professores trocas de experiências
contribuindo e enriquecendo com experiências vividas durante suas aulas e
aprofundar para uma aprendizagem de qualidade com nossos alunos. A execução
de metodologias novas foi essencial para o ambiente escolar. Através do GTR
foram propostas contribuições, oportunizando o compartilhamento de experiências
de estudos e conteúdos sobre as propostas pedagógicas que foram aplicadas
durante a prática escolar, gerando entre os professores discussões relevantes. A
formação se deu através da modalidade “a distância”, chegando, dessa forma, a
professores de várias cidades do Estado.
Durante o curso houve trocas de experiências e contribuições
enriquecedoras, desenvolvidas em sala de aula pelos cursistas contribuindo para o
trabalho aplicado no dia a dia. Houve uma participação importante em todos os
fóruns, canal através do qual foram compartilhadas experiências, além de dúvidas e
sugestões para o processo, sempre em busca de aprendizagem de qualidade,
procurando evitar a metodologia tradicional, privilegiando o trabalho com o material
concreto.
As discussões sobre as temáticas do GTR, diários, fóruns e as interações
foram muito importantes e contribuíram para analisar de maneira pragmática a
aplicação de novas metodologias no ensino da matemática. No entanto, acredita-se
que o fortalecimento da aprendizagem está relacionado ao trabalho pedagógico com
material concreto, compreendendo os conceitos de regras dos problemas com mais
precisão.
As contribuições dos professores durante o trabalho em rede permitem
mostrar que a educação é uma ferramenta de socialização e do progresso do ser
humano e a escola é uma detentora do conhecimento promovendo o
desenvolvimento de uma sociedade.
Para ilustrar as constatações, são apresentados os discursos do professor 01,
da professora 02 e da professora 03, transcritos a seguir:
O geoplano é um recurso didático que, explorado adequadamente com uma metodologia motivadora, proporciona um ganho de qualidade na aprendizagem auxiliando a compreensão e exploração de novos conceitos matemáticos, dessa forma, a proposta metodológica do uso do geoplano cria um ambiente favorável e desperta a curiosidade nos alunos. (PROFESSOR 01). A resolução de problemas na perspectiva pelos educadores matemáticos possibilita os alunos mobilizar conhecimentos e desenvolver a capacidade para gerenciar as informações que estão ao seu alcance. Assim os alunos terão oportunidade de ampliar seus conhecimentos acerca de conceitos e procedimentos matemáticos, bem como ampliar a visão que tem dos problemas da matemática, do mundo em geral e desenvolver sua autoconfiança proposta. (PROFESSORA 02). A resolução de problemas é uma atividade que faz com que o aluno busque estratégias para a resolução de situações-problema, buscando analisar as melhores hipóteses, desenvolvendo seu raciocínio lógico. Através dos jogos os alunos são instigados a aprender matemática de forma aprazível, pois a
competição entre eles torna o aprendizado muito mais interessante. Outro aspecto importante é que o geoplano faz com que os alunos visualizem os conceitos matemáticos de forma que consiga compreender a matemática, mostrando que não é algo abstrato, através dessas ferramentas metodológicas o aluno pode perceber que a matemática está presente no seu cotidiano, e isso é algo extremamente necessário em nosso cotidiano escolar. (PROFESSORA 03)
Os conhecimentos trabalhados na escola devem trazer o progresso social e
ter como objetivo ajudar o educando a atingir o desenvolvimento pessoal, tratando
de assuntos relevantes a sua formação integral, daí a necessidade das aulas serem
sempre contextualizadas. No decorrer do GTR, ocorreram diversas discussões e troca de
experiências, nas quais os professores participantes relataram a eficácia da utilização do geoplano no
decorrer das aulas, isso possibilitou associar a teoria e a prática, ou seja, foi possível trabalhar de
forma concreta conteúdos que muitas vezes eram distantes da realidade dos educandos. Dessa
forma, considera-se que o trabalho realizado traz uma contribuição para o desenvolvimento pessoal
e social dos educandos.
Foi verificado que os professores concordam que a prática de sala de aula
não é algo pronto, mas que precisa estar em constante aperfeiçoamento, buscando
sempre novas metodologias para que o trabalho possa gerar bons frutos. Nesse
sentido, de acordo com as opiniões registradas pelos professores, é primordial
trabalhar com a resolução de situações-problema utilização de estratégias lógico-
dedutivas, baseadas na leitura e interpretação de enunciados, desencadeando nos
alunos o processo de investigação.
Vale destacar que um problema matemático é uma situação que demanda a
realização de uma sequência de ações ou operações para a obtenção de resultados,
ou seja, a solução não está disponível logo de início. Apesar disso, é possível
construí-la a partir da estimulação do raciocínio lógico e da interpretação de dados.
Frente ao exposto, faz-se necessário desenvolver nos educandos habilidades que
permitam por a prova os resultados, testar seus efeitos, comparar diferentes
caminhos para obter a solução.
Outro aspecto importante a ser destacado no decorrer da resolução de
situações-problemas é a compreensão de que o problema não é um exercício em
que o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou um processo
operatório, visto que, só há problema se o aluno for levado a interpretar o enunciado
da questão que lhe é posta e a estruturar a situação que lhe é apresentada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A matemática envolve interpretações, estratégias e ações, estritamente
relacionadas à resolução de problemas. O foco do presente trabalho foram os
procedimentos relacionados à operação de multiplicação. Nessa estratégia, a
correta articulação entre professor e aluno facilita a compreensão e possibilita a
construção do conhecimento. Dessa forma, entenda-se que há um enriquecimento
nos conteúdos matemáticos e um fortalecimento da compreensão. Entende-se que,
dessa forma, os alunos se mostram mais confiantes e capazes de ler, interpretar e
fazer as operações.
A estratégia didática utilizada, auxiliada por textos enquanto fonte de
problemas permite-nos verificar a importância do trabalho diferenciado, concreto e
contextualizado a fim de facilitar a concretização da aprendizagem matemática. Vale
ressaltar que, independente da idade, o aluno precisa compreender o problema, mas
principalmente desejar resolvê-lo. Para isso, é preciso conceber atividades que
envolvam o aluno num clima investigativo e desafiador, valorizando a curiosidade,
além de enfatizar o aspecto lúdico.
Parte-se da premissa de que a educação matemática é uma área de
conhecimento e experiências que engloba inúmeros saberes. Fundamentada nesses
saberes, a prática pedagógica deve buscar, então, desenvolver o interesse dos
alunos. Para isso, trabalha com problemas de diferentes graus de complexidade,
através de atividades que viabilizem aos alunos a representação de forma concreta,
oportunizando a formação de conceitos matemáticos.
Outro aspecto importante a ser comentado é a questão da aprendizagem nas
crianças dos anos iniciais do ensino fundamental. Nessa etapa, faz-se necessário
trabalhar os conceitos iniciais da multiplicação usando a tabuada de modo
significativo. Portanto, entende-se que é preciso que o aluno entenda o processo de
construção da tabuada a fim de evitar as dificuldades de aprendizagem no ensino
fundamental anos finais. Nesse aspecto, defende-se a ideia de que o geoplano é um
recurso de grande valia e pode, com algumas adaptações, ser utilizado nesse nível
de ensino.
A resolução de problemas é uma atividade que faz com que o aluno busque
estratégias de raciocínio, possibilitando chegar a conclusões de forma metódica e
racional, analisando e desenvolvendo formas para melhor compreender os conceitos
matemáticos, no caso específico, o algoritmo da multiplicação. O material concreto é
uma ferramenta metodológica essencial para os estudantes, pois, com esse material
os alunos são instigados a apreender matemática de forma investigativa. Além
disso, enfatiza-se a necessidade de se ministrar aulas contextualizadas, permitindo
aos educandos se sentir parte integrante do conteúdo que está sendo trabalhado e,
consequentemente, aprender de forma significativa.
REFERÊNCIAS:
ABRANTES, P., Serrazina, L. & Oliveira, I. (1999). A Matemática no Ensino Básico. Lisboa: Ministério da Educação. CARAÇA, Bento de Jesus. Conceitos fundamentais da Matemática. 4 ed. Lisboa: Gradiva, 2002. DANTE, L., R., Didática da resolução de problemas de Matemática. São Paulo: Ática, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Matemática.Curitiba: SEED, 2008. POLYA, George. A arte de resolver problemas. Tradução: Heitor Lisboa de Araújo. Rio de Janeiro: Interciência, 2006. PONTE, João Pedro da; BROCARDO, Joana; OLIVEIRA, Hélia. Investigações Matemáticas na Sala de Aula. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. SMOLE, Kátia Stocco. A magia e resolver problemas. Revista Pátio. Ano VIII, nº. 29. Fevereiro/abril. São Paulo. 2004, p. 32-35.