os desafios da escola pÚblica paranaense na … · acredita que o trabalho para crianças e jovens...

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO

NÚCLEO DE PONTA GROSSA

PDE - PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

UNIDADE DIDÁTICA

O TRABALHO INFANTIL E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO

ESCOLAR DOS ALUNOS DO MEIO RURAL

PONTA GROSSA

2013

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ELIANA BOJANOSKI RIBEIRO

O TRABALHO INFANTIL E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO

ESCOLAR DOS ALUNOS DO MEIO RURAL

Produção Didática apresentada ao

Programa de Desenvolvimento

Educacional - PDE, na área Geografia,

orientado pelo Prof. Drº Luiz Alexandre

Gonçalves Cunha.

PONTA GROSSA

2013

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PDE/2013

TÍTULO

O TRABALHO INFANTIL E SUA INFLUÊNCIA NO DESEMPENHO ESCOLAR DOS ALUNOS

DO MEIO RURAL

PROFESSORA

ELIANA BOJANOSKI RIBEIRO

DISCIPLINA

GEOGRAFIA

ESCOLA DE

IMPLEMENTAÇÃO DO

PROJETO

COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR ARGEMIRO LUIZ DE LIMA. ENSINO FUNDAMENTAL E

MÉDIO.

SÃO JOÃO DO TRIUNFO - PR

NÚCLEO REGIONAL DE

EDUCAÇÃO

PONTA GROSSA

PROFESSOR

ORIENTADOR

LUIZ ALEXANDRE GONÇALVES CUNHA

INSTITUIÇÃO DE

ENSINO SUPERIOR

UEPG-UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

RELAÇÃO

INTERDISCIPLINAR

SOCIOLOGIA/ LÍNGUA PORTUGUESA/ HISTÓRIA

RESUMO

Nas áreas rurais é comum os filhos dos agricultores participarem do trabalho na lavoura,

colaborando com os pais. No caso de São João do Triunfo, isso acontece mais especificamente

no plantio do fumo. Apesar da existência das leis vigentes que proíbem o trabalho infantil,

crianças e adolescentes completam a mão de obra da família e esse fato acaba refletindo no

desempenho desses alunos, muitas vezes resultando até na evasão escolar. Diante desse

problema, essa Unidade Didática tem o objetivo de provocar uma reflexão e discussão sobre o

trabalho infantil nas escolas dando condições a nós professores, de desmitificar essa visão

enraizada de que o trabalho educa. É preciso abrir um diálogo sobre o problema e conscientizar

toda comunidade escolar sobre o impacto do trabalho infantil no desempenho escolar e na vida

dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE

TRABALHO INFANTIL, DESEMPENHO ESCOLAR, PLANTIO DO FUMO

FORMATO DO

MATERIAL DIDÁTICO

UNIDADE DIDÁTICA

PÚBLICO ALVO

1º ANO DO ENSINO MÉDIO

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APRESENTAÇÃO

A experiência profissional mostra que os problemas de aprendizagem e a

evasão escolar são mais relevantes em escolas rurais do que em escolas urbanas.

Dentre as possíveis causas, pode-se levantar a hipótese de que o trabalho infantil

contribua de forma negativa não apenas no desempenho escolar, mas também

trazendo implicações para um futuro profissional dos educandos.

Esse aspecto é enfatizado por Amaral, quando aponta que: "os danos

sociais causados pelo trabalho infanto-juvenil são consequências do atraso e da

evasão escolar.” (AMARAL, 2006, p. 4). A autora afirma ainda que crianças e

adolescentes que não estudam vão fazer parte de força de trabalho desqualificada

para qualquer atividade produtiva.

Apesar da existência de leis, no meio rural é comum os filhos dos

agricultores participarem das atividades agrícolas para colaborar com a família. Essa

circunstância é consequência de fatores econômicos, quando os pais não

conseguem mais prover as necessidades da sua família, ou culturais, quando se

acredita que o trabalho para crianças e jovens é capaz de afastá-los da

marginalidade e torná-los adultos mais responsáveis.

Inevitavelmente esse fato acaba refletindo no desempenho escolar, além

dos problemas físicos e sociais oriundos do trabalho precoce. Estudantes que

trabalham não tem o tempo necessário para se dedicar aos estudos e chegam na

escola cansados pelo dia de trabalho. Existem ainda os danos causados pelo

contato com o agrotóxico utilizado, por exemplo, no plantio do fumo. De acordo com

Londres (2011), o contato com o agrotóxico pode causar intoxicações, desde a

aguda até a crônica, conforme o tempo da exposição e ao grau de toxidade dos

produtos.

Alguns sintomas da intoxicação relatados pela autora, como dores de

cabeça, estômago e enjoos são constantemente presenciados nas escolas rurais

das localidades onde se pratica o cultivo do fumo.

Há ainda uma situação mais extrema, é quando o aluno não consegue

conciliar estudo e trabalho, resultando na evasão escolar, situação esta que poderá

prejudicar o seu futuro profissional.

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No Colégio Estadual do Campo Professor Argemiro Luiz de Lima, onde os

alunos são filhos de agricultores que em sua grande maioria praticam o cultivo do

fumo, a maior interferência aos estudos causada pelo trabalho acontece nos meses

de plantio e de colheita. Assim, entende-se que a partir do momento em que os

profissionais da educação tem ciência do problema, a escola deve possibilitar uma

reflexão e discussão sobre o trabalho infantil com alunos, pais e professores, visto

que é um grave problema social que repercute no desempenho escolar dos

educandos bem como no seu desenvolvimento físico e social.

Com referência à afirmação acima, Kassouf (2002) observa os estudos da

Organização Internacional do Trabalho (OIT), que apontam para o efeito imediato

que a educação pode ter na redução do trabalho infantil, formando pessoas mais

conscientes de seus direitos e capazes de criar filhos mais educados e saudáveis,

reduzindo assim o trabalho infantil em longo prazo.

Diante da existência do trabalho infantil, principalmente no meio rural, é

necessário ter conhecimento não só da teoria, mas também da realidade vivenciada

pelas crianças e adolescentes que trabalham e estudam. Para isso é preciso que

se faça uma reflexão sobre a interferência do trabalho na vida escolar dos alunos,

observando o contexto cultural, social e econômico que gera o trabalho infantil no

meio rural, assim como verificar as dificuldades enfrentadas pelos alunos que

dividem o tempo entre estudo e trabalho. Ao se abordar o assunto, o professor terá

que reconhecer a sua responsabilidade ética diante as dificuldades enfrentadas

pelos alunos que dividem o tempo entre estudo e trabalho.

Segundo Marin (2006), apesar de haver medidas que impeçam o uso da

força do trabalho infantil, oportunizando o pleno desenvolvimento das crianças,

esses direitos não condizem com a realidade. O autor aponta que com a

modernização da agricultura, crianças e adolescentes vendem sua força de trabalho

e se submetem a extensas jornadas de trabalho pesado, além de perigosos e

insalubres.

Para Marin (2006), as famílias através de suas especificidades econômicas

e culturais, contribuem para a existência das atuais circunstâncias em que se

encontram muitas crianças e adolescentes.

Seguindo o pensamento do autor citado acima, é imprescindível identificar

como alunos e familiares vivenciam as situações do trabalho infantil. A família tem

uma grande influência sobre o pensar e agir das crianças e adolescentes, portanto

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se os pais entendem o trabalho precoce como natural, porque assim o aprenderam,

irão reproduzir esse aprendizado para com seus filhos e esse problema social terá

continuidade por várias gerações. É comum ouvir dos próprios jovens uma opinião

negativa às questões de trabalho contidas no Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA), com a justificativa de que se começar a trabalhar desde cedo, se tornarão

adultos que sabem e gostam de trabalhar.

Portanto, este trabalho destinado a alunos do 1º Ano do Ensino Médio, com

as atividades didático-pedagógicas na disciplina de Geografia, visa proporcionar

recursos para que os estudantes problematizem e percebam as consequências

ocasionadas pelo trabalho infantil no processo de aprendizagem.

A elaboração de uma Unidade Didática sobre o trabalho infantil poderá servir

de base para tratar sobre o tema nas escolas, dando condições a nós professores,

de desmitificar essa visão enraizada de que o trabalho educa. É preciso abrir um

diálogo sobre o problema e conscientizar toda comunidade escolar sobre o impacto

do trabalho infantil no desempenho escolar e na vida dos alunos.

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TEXTO 1

O QUE É O TRABALHO INFANTIL?

Trabalho infantil é toda forma de atividade econômica e/ou atividade de

sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remunerada ou não, exercida por

crianças e adolescentes que estão abaixo da idade mínima para a entrada no

mercado de trabalho, segundo a legislação em vigor no País. No Brasil, a idade

mínima para o trabalho é 16 anos, exceto quando exercido na condição de aprendiz,

que é permitido a partir do quatorze anos. O trabalho infantil é proibido por lei.

Especificamente, as formas mais nocivas ou cruéis de trabalho infantil não

apenas são proibidas, mas também constituem crime.

O trabalho infantil manifesta-se de muitas formas, dentre elas:

Trabalho infantil na agricultura: atividades em culturas diversas, tais como

tomate, fumo, laranja, cana-de-açúcar, mandioca, etc.

Trabalho infantil na indústria, no comércio e nos serviços: atividades

relativas às diversas formas de indústria (artesanais ou sofisticadas),

supermercados, bares, lojas em geral, oficinas mecânicas, etc.

Trabalho infantil nas ruas: atividades como flanelinha, catador de lixo,

vendedores de balas, engraxates, entregadores de panfletos, mendicância,

etc.

Trabalho infantil doméstico: atividades realizadas em residências, onde

cumprem tarefas de adultos, tais como arrumar toda a casa, cuidar de outras

crianças, cozinhar, lavar, passar, etc.

Disponível em:<http://www.prt23.mpt.gov.br/webfiles/arquivosNoticias/5912dd39-

7a2f-49e9-9745-bad01e365d25.pdf> Acesso em: 12 out 2013

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TEXTO 2

DADOS DO TRABALHO INFANTIL NO BRASIL

No Brasil, o trabalho infantil ainda é um problema grave. Segundo a

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD/2007), 4,8 milhões de crianças

e adolescentes de 5 a 17 anos trabalham. Este número representa 7,5% da

população existente nessa faixa etária.

Analisando os dados por faixas etárias, conclui-se que o trabalho infantil

cresce à medida que aumenta a idade do grupo etário considerado na pesquisa.

Assim, segundo a PNAD, existiam em 2007, 157 mil crianças em situação de

trabalho, entre 5 e 9 anos, correspondendo a 0,9% do total existente nessa faixa

etária; já entre os 10 e 13 anos, o índice era de 7,5% (1,1 milhão) e, entre os

adolescentes de 14 e 15 anos, o percentual era de 18,1% (1,3 milhão) e, por fim, os

de 16 e 17 anos, 34,7% (2,3 milhões). A pesquisa mostrou, ainda, que na faixa

etária dos 5 aos 13 anos predomina o trabalho em atividades rurais (60,7%),

principalmente em regime de economia familiar.

O trabalho urbano, por sua vez, é mais comum entre os adolescentes de 16

e 17 anos (72,9%), embora ainda seja elevado o número de crianças que trabalham

nos grandes centros urbanos, principalmente nas atividades informais e no trabalho

doméstico.

Outra constatação da pesquisa foi a de que a maioria das crianças e

adolescentes que trabalham, de 5 a 13 anos de idade, não recebem remuneração

(60%) e que quase metade dos adolescentes trabalhadores, com idade de 16 e 17

anos, prestam jornada igual ou superior a 40 horas por semana (46%), sendo esse

um dos motivos apontados para o alto índice de evasão escolar nessa faixa etária

(30,3%).

Disponível em:<http://www.prt23.mpt.gov.br/webfiles/arquivosNoticias/5912dd39-

7a2f-49e9-9745-bad01e365d25.pdf> Acesso em: 12 set 2013

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Após a leitura dos textos 1 e 2 , os alunos serão divididos em quatro grupos

e devem discutir sobre as causas, as formas, as consequências e as soluções para

o trabalho infantil. Após a discussão, escreverão em cartões palavras que

representem o tema que receberam.

Finalizada essa etapa da atividade, os alunos colarão os cartões escritos em

uma árvore previamente desenhada pelo professor. Essa árvore será composta das

seguintes partes:

- raiz: onde serão apontadas as causas do trabalho infantil.

- caule: onde serão apontadas as várias formas de trabalho infantil.

- folhas: onde serão colocadas as consequências do trabalho infantil na vida

das crianças.

- frutos: onde serão apontadas as possibilidades de solução do problema.

Cada grupo deverá explicar as palavras escolhidas para cada tema ao restante da

turma.

TEXTO 3

A opinião dos brasileiros sobre o trabalho

infantil

Para 78% dos brasileiros, com idade entre 16 e 24 anos, a idade adequada

para começar a trabalhar é 16 anos ou mais. Entre os cidadãos dessa mesma faixa

etária, 82% tem a opinião de que a cadeia deve ser o destino daqueles que utilizam

mão de obra infantil, expondo a criança a riscos. Para 55% dos entrevistados, o

trabalho infantil gera pobreza, desemprego e é prejudicial para a economia do país.

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Para a população brasileira, a responsabilidade pela existência do trabalho

infantil é do Estado (48%), da família (35%) e da sociedade (20%).

Estes são alguns resultados da Pesquisa IBOPE de Opinião Pública sobre

Trabalho Infantil, iniciativa da ANDI - Agência de Notícias dos Direitos da Infância,

em parceria com a OIT - Organização Internacional do Trabalho, entidades

integrantes do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil

(FNPETI).

Disponível em:< http://www.fnpeti.org.br/estatisticas/outras-pesquisas/a-opiniao-

dos-brasileiros-sobre-o-trabalho-

infantil/?searchterm=A%20opini%C3%A3o%20dos%20brasileiros%20sobre%20o%20t

rabalho%20infantil> Acesso em: 15 out 2013

Após a leitura do texto 3, responda às seguintes questões:

Qual a sua opinião sobre o trabalho infantil?

Cite exemplos de ações tomadas pelo Estado, família e sociedade que

poderiam erradicar o trabalho infantil.

Escreva um pequeno texto estabelecendo a relação entre o trabalho infantil e

desempenho escolar.

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Vamos conhecer a realidade local sobre o trabalho infantil respondendo ao

questionário.

1 - Identificação Idade: _____ Sexo: F ( ) M ( ) Número e idade dos irmãos________________________________________ Residência: ____________________________________________________ 2 - Produtos cultivados na propriedade: ( ) Milho ( ) Soja ( ) Fumo ( ) Outros______________ 3 - Quem participa do trabalho na propriedade: ( ) Pai ( ) Mãe ( ) Filhos ( ) Mão de obra contratada 4 - No caso da produção do fumo, em qual etapa os filhos colaboram: ( ) Plantio ( ) Aplicação de agrotóxicos ( ) Colheita ( ) Secagem ( ) Classificação 5 - Recebem remuneração pela sua colaboração na produção: ( ) Sim ( ) Não

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6 - Por quais afazeres domésticos você é responsável: ( ) Limpeza da casa ( ) Fazer comida ( ) Limpeza da roupa ( ) Trato da criação ( ) Cuidados da horta ( ) Outros_________ 7 - Já participou ou participa de cursos além do horário escolar: ( ) Sim ( ) Não 8 - Áreas dos cursos: ( ) Informática ( ) Artes ( ) Esportes ( ) Outros________________ 9 - Já participou de atividades de contraturno na escola: ( ) Sim ( ) Não 10 - Por quais razões já teve faltas ocasionais na escola: ( ) Doença ( ) Falta de transporte escolar ( ) Trabalho no fumo ( ) Ajuda em afazeres domésticos ( ) Outros______________ 11 - Qual o horário disponível para estudar e fazer tarefas escolares: ( ) Manhã ( ) Tarde ( ) Noite ( ) Não tem tempo disponível 12 - Apresenta dificuldades para aprender os conteúdos desenvolvidos na escola: ( ) Sim ( ) Não

13 - Enumere em ordem de importância os aspectos que mais marcaram sua

infância e adolescência:

( ) Lazer ( ) Trabalho ( ) Estudos

Para complementar a atividade os alunos aplicarão outros questionários destinados aos pais e a alunos que evadiram da escola devido ao trabalho.

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Questionário a ser aplicado aos pais do alunos. 1- Identificação: Idade: ______ Número de filhos: ______ Escolaridade:_________________ Residência: ______________________________________________________ 2 - Na sua infância quais eram seus afazeres na propriedade? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3 - Quais benefícios ou prejuízos lhe trouxeram o trabalho desde a infância? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4 - Seus filhos ajudam nos trabalhos realizados na propriedade? Quais são as tarefas deles? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5 - Na sua opinião, é importante que as crianças e jovens trabalhem? Por que? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6 - Qual a sua opinião sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente ( ECA)? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Questionário a ser aplicado aos alunos evadidos da escola.

1 - Identificação:

Idade: __________ Sexo: F ( ) M ( ) Escolaridade: ________________

Residência: _______________________________________________________

2 - Motivo da evasão escolar:

( ) Dificuldades de aprendizagem ( ) Não acha importante estudar

( ) Distância entre a residência e escola ( ) Problema de saúde

( ) Trabalho ( ) Outros_________________

3 - Local de trabalho:

( ) Na propriedade dos pais ( ) Outra propriedade ( ) Comércio/Indústria

4 - Sente dificuldades por ter abandonado os estudos? Quais?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5 - Qual a foi a reação dos seus pais diante da sua atitude de abandonar a escola?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6 - Pretende concluir seus estudos? Atualmente, quais dificuldades teria para voltar

a estudar?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Os resultados dos questionários serão tabulados e em

seguida os alunos farão gráficos usando o laboratório de

informática da escola. Estes gráficos podem ser expostos na

escola para que todos os outros alunos e professores se

interem da realidade local.

Observe e faça a análise das imagens a seguir:

Fonte: A autora, 2013

Fonte: A autora, 2013

Qual é a situação comum nas duas imagens?

O que retrata a primeira e a segunda imagem?

Escreva um pequeno texto sobre as possíveis consequências das

situações mostradas nas imagens.

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Reflita sobre a rotina de estudos, lazer e trabalhos que desempenha em

sua residência. Elabore um texto relatando sobre o seu dia a dia e como você

consegue organizar seu tempo com todas as atividades que desenvolve.

Já imaginou como será sua vida quando se tornar um adulto? Quais são

seus ideais para o futuro em sua vida pessoal e profissional? Já pensou em

como realizar seus ideais? Escreva um texto sobre o que deseja para seu

futuro considerando as questões acima.

Assista ao vídeo Trabalho Infantil na Fumicultura disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=QBB51xFJx6M

Durante a exibição do documentário você deve anotar:

aspectos positivos e negativos do vídeo;

as ideias principais transmitidas no vídeo;

o que mais lhe chamou atenção e por que;

a sua opinião sobre a evasão escolar motivada pelo trabalho.

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Trabalhando com mapas.

TRABALHO INFANTIL POR ESTADO

Cerca de 5,5 milhões de crianças entre 5 e 17 anos fazem algum tipo de trabalho no Brasil, segundo o último relatório do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios), referentes ao ano de 2001.

FONTE: BBC BRASIL.com Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1911_numeros/index.shtml >. Acesso em: 11 nov 2013

Observe o mapa acima e responda: Qual é o total de crianças com idade entre 5 a 17 anos que trabalham no

Brasil? Quais são os estados com maior número de crianças trabalhando?

Em que região do país estes estados se localizam?

Na sua opinião por que existe trabalho infantil?

Você acha que alguém ganha com a exploração do trabalho infantil?

Justifique sua resposta.

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Um pouquinho de diversão!

Leia o texto a seguir e procure no caça palavras as palavras em destaque:

O trabalho infantil no Brasil é um dos problemas sociais existentes no país supracitado. Mais de cinco milhões de jovens entre cinco e dezessete anos de idade trabalham no país, apesar da lei estabelecer 16 anos como a idade mínima para o ingresso no mercado de trabalho e 14 para trabalhar na condição de aprendiz.

Na última década, o governo brasileiro ratificou convenções internacionais sobre o assunto e o combate ao trabalho infantil se tornou prioridade na agenda nacional.

Foram criados órgãos, alteradas as leis e implantados programas de geração de renda para as famílias, jornada escolar ampliada e bolsas para estudantes, numa tentativa de dar melhores condições para que essas crianças não tivessem que sair de casa tão cedo para ajudar no sustento da família.

O número de jovens trabalhando diminuiu de mais de 8 milhões, em 1992, para os cerca de 5 milhões hoje. Mas especialistas afirmam: o momento de inércia ainda não foi vencido e, se o trabalho que está sendo feito for suspenso agora, vai ser como se nada tivesse acontecido.

Quando a criança trabalha, geralmente perde o acesso a educação, aumentando ainda mais o número de analfabetos. Quando adulta, ela pode ter um emprego ruim pela falta de estudos, aumentando também o número de subemprego do país.

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil_no_Brasil> Acesso em: 12 nov 2013 TRABALHO INFANTIL

Ô À A N A L F A B E T O S P L Á H P F Ó Q N P Í É

Á Ã A P C O M B A T E I X H O D R É R I G P Ó A Ê

Ú G B Ç F À U S U J Ã H G Ã Ó O Ê Ó J H O Ã F D Á

Ú Í N N Á Q Q P U Ç Y O U O G G E V V Í D S I À Í

S N X Â Ê P A U L B V O M R C R A V D Á A O V Ã J

X Õ Ã É C L S S N E E H A O O D A Z A R U T G Ü D

Q R K Ó R W U J R L Q M N Ô N M I D Ç Y E C Y X D

Õ H S H Ü N V N W Ó A D P E D V Ã Ô U D É Ò Â V N

U Ã Â Q B E O U Õ S I S R R O D S Ó A J H À Ô A F

Q V C L X T Ò A B Ç A Ú X G E A O D Ü Õ A Ò C F À

Z U X A M Ú É M Õ J P S A T I G I B Ò P X I À L J

Ú B P P S Q Y E D O E Í L L E R O Õ Ú W O Í X Ê Í

K P W R S U S P E N S O Í O O Q Ê Â H N Â Ú O A F

À E F E X U S P C D V M F I B W P D A R É S Y G C

G D Â N D Q Ã T M W A H R N É W G L Ú R N K À Ú X

U A B D S R Q Ô E F Ê P O E D G X Ò E H L C Õ N Ã

L D O I Z I Á L Ã N B N Q Ü Ü Q K H Â R C E C Í J

H I J Z R G Ô U Ã Ò T Ê À À Á V E J D Y Ô Õ I Z Z

Ó É Ò G Ô G Z S N E V O J R Ô Â B Ç D Ü W P O S Ã

A E À Â E A W K Q M C A Â O L E D U C A Ç Ã O F T

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O que é o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente.

Para conhecer melhor o Eca assista ao vídeo disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=y5r6vThH_XU

Assista também a uma reportagem sobre o trabalho infantil disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=J3J2Ilala7g&feature=related

Agora leia o Capítulo V do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente disponível

na biblioteca da sua escola e responda:

Sobre o que fala o vídeo?

Como será a vida das crianças que precisam trabalhar?

Que tipos de trabalho infantil você conhece?

Como será o futuro dessas crianças se continuarem trabalhando agora?

Quem pode ajudar essas crianças e de que forma ocorre a ajuda?

Por que o Capítulo V do ECA não está sendo colocado em prática no caso

mostrado na reportagem?

Na sua opinião, quem está agindo erroneamente: as crianças, a família ou o

Estado por não fiscalizar o direito das crianças? Justifique sua resposta.

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Os alunos devem se dividir em grupos e escolher uma forma de

dramatização de sua preferência e fazer uma apresentação sobre o tema "Trabalho

Infantil" às outras turmas da escola. Pode ser um teatro, paródia, jogral, etc. O

trabalho será baseado em pesquisas referentes ao assunto. Algumas palavras-

chave como ECA, família, desempenho escolar, evasão escolar, soluções, números

do trabalho infantil e governantes, devem estar presentes nesta atividade.

Diante das controvérsias existentes sobre o trabalho infantil é interessante realizar

um debate entre os alunos para que possam expor suas opiniões, exercitar uma

postura crítica e aprofundar seus conhecimentos sobre o tema.

Sugere-se que os alunos façam pesquisas na internet e leiam textos previamente

disponibilizados para que possam aperfeiçoar seus argumentos para o dia do

debate.

Resultados: Desenvolve a apresentação em público, o debate e as habilidades de comunicação.

Cria oportunidade para construção da consciência da comunidade.

Material necessário:

Papel, canetas ou lápis.

Material de pesquisa sobre o trabalho infantil.

Acesso à internet, se disponível.

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Um microfone ou outro objeto a ser usado como "microfone mágico” durante a

atividade de debate.

Regras do debate:

Junte o grupo, de pé, em uma área no meio de uma sala e explique as regras do

exercício:

Você fará uma declaração do que será o assunto para o debate.

Aqueles jovens que concordarem com a declaração irão para uma parte da área.

Aqueles que são contra devem ir para o sentido oposto.

Os que estão inseguros ou indecisos podem permanecer no meio.

Se alguém desejar falar, tem de estar segurando o “microfone mágico”.

Ninguém mais pode falar ou interromper enquanto outra pessoa estiver segurando o

microfone mágico. Uma vez que o orador termine, os outros podem pedir o

microfone.

O professor passará o microfone mágico para quem pedir.

Qualquer um pode mudar de lado a qualquer hora. Se eles estão persuadidos pelos

argumentos colocados adiante, podem revisar seu ponto de vista inicial ou, até

mesmo, ficar no meio, enquanto falam, se sentirem menos seguros dos seus pontos

de vista. Ninguém deve se sentir inibido ou envergonhado por mudar de ideia. Não é

um sinal de fraqueza, e sim uma indicação de que eles estão dispostos a escutar

outros pontos de vista e talvez vir a concordar com um ponto oposto.

Não há vencedores ou perdedores. O objetivo não é ganhar ou conseguir mais

pessoas de um lado ou de outro, mas expressar e escutar pontos de vista.

O microfone mágico pode ser qualquer objeto que você escolha, o que interessa é o

que ele represente a permissão para falar sobre um assunto. Tendo um objeto

divertido como um microfone, você introduzirá um elemento humorístico no debate,

o que é positivo. Isto ajudará a desativar a tensão e fará o grupo rir.

Para fundamentar o debate o professor pode pedir aos alunos que pesquisem e

façam a leitura dos Mitos e Verdades sobre o Trabalho Infantil, da autora Jane

Araújo dos Santos Vilani disponível em:

http://revista.ibict.br/inclusao/index.php/inclusao/article/viewFile/57/79.

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ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

A elaboração desta Unidade Didática é resultado de um problema que atinge

o mundo todo: o trabalho infantil e suas consequências físicas e sociais, além dos

prejuízos ocasionados na vida escolar de crianças e jovens.

A implementação desta Unidade Didática ocorrerá no Colégio Estadual do

Campo Professor Argemiro Luiz de Lima, com alunos do 1º Ano do Ensino Médio,

onde a grande maioria dos alunos são filhos de agricultores e praticam o plantio do

fumo. Longe de escapar da realidade do problema, o trabalho infantil também faz

parte da vida dos estudantes deste colégio.

Em se tratando de literaturas que abordam o tema do trabalho infantil, se

percebe que organizações e autores compartilham da ideia de que a educação é

vista como uma solução para a sua erradicação. Já para o senso comum, a questão

é dúbia quando se trata do trabalho infantil. Sabe-se que é prejudicial ao

desenvolvimento das crianças e jovens, mas, por outro lado, existe a crença de que

o trabalho precoce possa trazer valores a formação do caráter que impedirão uma

possível marginalidade e preguiça de trabalhar no futuro.

Os conceitos errôneos e profundamente enraizados sobre o trabalho infantil

precisam ser discutidos dentro das escolas. Para corroborar na árdua tarefa, esta

Unidade Didática contém atividades variadas com a intenção de provocar a reflexão

e discussão sobre a influência do trabalho infantil no desempenho escolar e ao

mesmo tempo não saturar os estudantes com um mesmo tema.

As atividades são compostas de leitura e análise de textos, objetivando

ampliar o conhecimento sobre o assunto. Os alunos também farão produções de

textos, onde poderão relatar suas experiências de vida e suas aspirações quanto ao

futuro.

Para coletar dados sobre a realidade local, os estudantes responderão e

aplicarão questionários aos pais e alunos evadidos do espaço escolar por questões

de trabalho.

Outras atividades como análise de imagens, vídeo, documentário e mapa

foram organizadas com o objetivo de problematizar a questão de uma forma crítica

e fazer com os alunos cheguem as suas próprias conclusões.

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O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) será trabalhado

primeiramente através de vídeo, seguido de reportagem que mostra a realidade do

trabalho infantil em uma família carente e as ações tomadas pelos órgãos

competentes. As atividades sempre terminarão em questões para reflexão a fim de

que se observe se o objetivo está sendo alcançado.

Como atividade final, após muitas leituras de textos e imagens, espera-se

que os alunos estejam preparados para participar de um debate onde possam

expressar suas opiniões, se posicionando contra ou a favor do trabalho infantil.

Ainda para aprofundamento sobre o tema, são disponibilizados alguns textos

em anexos. Esta leitura complementar pode servir como informação e também para

embasamento do debate entre os alunos.

Esta Unidade Didática é aberta a outras disciplinas como a Sociologia,

História e Língua Portuguesa., também pode ser utilizada como projeto

interdisciplinar envolvendo outras áreas como, por exemplo: Ciências abordando as

questões dos riscos físicos e de saúde pertinentes ao trabalho infantil; Arte na

representação de teatros, confecção de cartazes e painéis que retratem o tema; ou

ainda a Matemática na tabulação de dados e elaboração de gráficos.

Com essas ações espera-se contribuir para a diminuição do trabalho infantil,

mesmo que em longo prazo, com futuras gerações mais conscientes dos prejuízos

físicos, psicológicos e sociais ocasionados por este grave problema existente em

nossa sociedade.

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REFERÊNCIAS AMARAL. C. C. G. Refletindo sobre o trabalho infantil. In: Fórum estadual pela erradicação do trabalho infantil e proteção do trabalhador adolescente no Ceará, 2006. Disponível em:< http://www.unicef.org/brazil/pt/Guia_TI_CE.pdf> . Acesso em: 21 maio 2013. ATIVIDADES EDUCATIVAS. Criar caça-palavras. Disponível em: < http://www.ticsnaeducacao.com.br/cacapalavras/fs.wordfinder.php> Acesso em:12 nov 2013 BRASIL. Ministério Público do Trabalho. Como abordar o trabalho infantil em sala de aula. Disponível em: <http://www.prt23.mpt.gov.br/webfiles/arquivosNoticias/5912dd39-7a2f-49e9-9745-bad01e365d25.pdf> Acesso em: 12 set 2013. ECOAR - Educação, Comunicação e Arte na Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. O fim do trabalho infantil. Brasília, OIT. 2007. Disponível em: <http://www.oit.org.br/sites/all/ipec/publi/ecoar/download/debate.pdf> Acesso em: 24 out 2013 FNPETI, OIT, ANDI. A opinião dos brasileiros sobre o trabalho infantil.

Disponível em:<http://www.fnpeti.org.br/estatisticas/outras-pesquisas/a-opiniao-

dos-brasileiros-sobre-o-trabalho-

infantil/?searchterm=A%20opini%C3%A3o%20dos%20brasileiros%20sobre%20o%20t

rabalho%20infantil> Acesso em: 15 out 2013.

KASSOUF. A. L. Aspectos socioeconômicos do trabalho infantil no Brasil.

Brasília: Secretaria de Estado dos Direitos Humanos, 2002. 124 p.

MARIN, J. O. B. Trabalho infantil: necessidade, valor e exclusão social.

Brasília: Plano Editora, Goiânia: Editora UFG, 2006. 124p.

ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Combatendo o trabalho infantil: Guia para educadores. IPEC. Brasília: OIT, 2001. Disponível em <http://white.oit.org.pe/ipec/documentos/escola1_br.pdf>. Acesso em 06 maio 2013.

PORTAL DO PROFESSOR. ECA - direitos e deveres das crianças. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=32142> Acesso

em: 13 nov 2013.

WIKIPÉDIA. Trabalho infantil no Brasil. Disponível em:

< http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_infantil_no_Brasil> Acesso em: 12 nov 2013.

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REFERÊNCIA DE IMAGENS BBCBRASIL.com. O trabalho infantil em números. Disponível em<http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1911_numeros/index.shtml> Acesso em 11 nov 2013

http://pixabay.com/pt/photos/?order=latest&image_type=clipart&cat=education&orientation= Acesso em: 29 nov 2013

http://www.publicdomainpictures.net/browse-category.php?c=ilustracoes&s=15 Acesso em 29 nov 2013

REFERÊNCIAS DE VÍDEOS

Estatuto da Criança e do Adolescente - UFG. Vídeo educativo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente produzido pelo Centro Integrado de Aprendizagem em Rede da Universidade Federal de Goiás. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=y5r6vThH_XU> Acesso em: 13 nov 2013

Trabalho infantil em SC - 2. Matéria do Jornal da Globo sobre denúncia de trabalho infantil

em Santa Catarina. Disponível em:

<http://www.youtube.com/watch?v=J3J2Ilala7g&feature=related> Acesso em: 13 nov 2013

Vídeo trabalho infantil na fumicultura. Realizado pelo Coletivo Catarse para a Superintendência Regional do Trabalho - RS. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=QBB51xFJx6M> Acesso em: 09 out 2013

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ANEXOS - LEITURA COMPLEMENTAR

ANEXO 1

Fórum defende prioridade para área rural no combate ao trabalho

infantil

15/09/2007 - 10h58

Adriana Brendler

Repórter da Agência Brasil

Brasília - As ações do Estado brasileiro para combater o trabalho de crianças devem

dar prioridade ao campo, onde estão 65,8% trabalhadores com 5 a 9 anos de idade.

O diagnóstico é do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.

“Mais grave é a situação no campo, onde não há escolas e nem pensar creches, que

são um direito dessas crianças, o de estarem protegidas enquanto os pais estão

trabalhando", afirma a secretária executiva do fórum, Isa Oliveira."Tem que se levar

essa sensibilização de uma forma mais extensiva, inclusive ouvindo as famílias que

trabalham no campo e dando a elas a oportunidade de que suas escolas tenham

acesso a essa proteção que é devida. Se há carência de escolas na área urbana,

isso se torna muito mais grave na área rural”, disse a secretária.Para ela, uma das

principais estratégias para reduzir o trabalho infantil no país é investir na educação.

“Promover o acesso à escola, mas também a permanência das crianças na escola

para que não engrossem os indicadores de evasão escolar. São formas de prevenir

e realmente combater o trabalho infantil: manter a criança na escola de qualidade,

aprendendo.”Isa Oliveira também destacou a necessidade de articulação de políticas

públicas para que a proteção à criança seja prioridade em todas as áreas –

educação, saúde, cultura, esporte. “É uma obrigação constitucional priorizar o

atendimento à criança, dar a ela o acesso a esses bens e serviços para que se

tornem jovens com escolaridade e acesso à profissionalização e possam ser

inseridas no mercado de trabalho na idade adequada e em condições dignas”,

ressaltou.O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil reúne

52 entidades, entre representantes do governo, empregadores, organizações não

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governamentais, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da

Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2007-09-15/forum-defende-

prioridade-para-area-rural-no-combate-ao-trabalho-infantil> Acesso em: 16 nov 2013

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ANEXO 2

UNICEF alerta para trabalho infantil como causa significativa do abandono escolar 31/08/2012 - 12h06 Educação Amanda Cieglinski Repórter da Agência Brasil Brasília – O relatório Todas as Crianças na Escola em 2015 – Iniciativa Global pelas

Crianças Fora da Escola, divulgado hoje (31) pelo Fundo das Nações Unidas para a

Infância (UNICEF), alerta para a persistência do trabalho infantil entre as crianças

em idade escolar, o que prejudica o direito dessa população à educação. De acordo

com o levantamento, 638 mil crianças entre 5 e 14 anos estão nessa situação,

apesar de a legislação brasileira proibir o trabalho para menores de 16 anos. O

grupo representa 1,3% da população nessa faixa etária, mas para o fundo não pode

ser desconsiderado porque o trabalho infantil é uma “causa significativa” do

abandono escolar. O estudo é uma parceria do UNICEF com a Campanha Nacional

pelo Direito à Educação.

Segundo o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), César

Callegari, o estudo do UNICEF traz uma fotografia importante dos desafios que o

Brasil tem pela frente: garantir a educação para todas as crianças e jovens

brasileiros, incluindo não só essa parcela da população, mas favorecendo sua

permanência na escola. Ele ressaltou, no entanto, que o país conquistou avanços

significativos principalmente na última década.

"Se olharmos não apenas a fotografia, mas o filme dos últimos anos, veremos que o

Brasil conseguiu incluir nos últimos 12 anos mais de 5 milhões de crianças e jovens

que estavam fora da escola. Tínhamos 8,7 milhões, entre 4 e 17 anos, nessa

situação em 1997 e agora são 3,69 milhões", disse Callegari. Ele citou a criação do

Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

dos Profissionais da Educação (FUNDEB) como um dos mecanismos mais

importantes para esse avanço, ao viabilizar "recursos firmes e mensais" para que

cada município e estado garanta a matrícula de crianças na pré-escola e de jovens

no ensino médio.

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Estudos mostram que os índices de trabalho infantil caíram nas últimas décadas,

mas ficaram estagnados nos últimos cinco anos. O levantamento do UNICEF inclui

tanto crianças e jovens que desenvolvem atividades econômicas, quanto aqueles

que se ocupam de serviços domésticos com duração superior a 28 horas semanais.

A coordenadora do Programa de Educação do UNICEF no Brasil, Maria de Salete

Silva, vai detalhar o estudo em entrevista ao jornal Repórter Brasil, que vai ao ar

hoje, às 21h, na TV Brasil.

Para ela, o momento econômico que o Brasil vive tem feito crescer o número de

meninos e meninas responsáveis pelas tarefas do lar. “Quando temos uma situação

de oferta de emprego grande, isso pode acarretar aumento do trabalho infantil

doméstico para as meninas, que substituem a mãe que foi para o mercado de

trabalho. Essas meninas ficam com a responsabilidade de cuidar dos irmãos, lavar

louça, arrumar a casa”, explica Salete.

Para a representante do UNICEF, uma das principais barreiras para superar essas

práticas é cultural. Em muitas famílias, o trabalho desde a infância é considerado

normal e importante para o desenvolvimento. Além das tarefas do lar, outro “nicho”

do trabalho infantil está na zona rural, onde logo cedo jovens ajudam a família no

trabalho do campo.

O trabalho agora é localizar essas famílias e entender o que leva aquela criança a

trabalhar e o que pode ser feito para convencer a família de que aquele trabalho não

é adequado”, aponta Salete. A questão socioeconômica também tem grande peso

no ingresso precoce no mercado de trabalho. O relatório mostra que mais de 40%

das crianças de 6 a 10 anos, de famílias com renda familiar per capita até um quarto

de salário mínimo, trabalham. Esse percentual cai para 1,2% no grupo de famílias

com renda superior a dois salários mínimos por pessoa.

Do total de crianças de 5 a 14 anos que trabalham, 93% estudam. O relatório mostra

o trabalho infantil como uma grande barreira tanto para as crianças que estão fora

do sistema de ensino, quanto para aquelas que frequentam a escola. Mesmo quem

está regularmente matriculado terá o desempenho escolar prejudicado pelas outras

tarefas que desempenha.

“Essa questão interfere de fato na qualidade do ensino, já que a criança que trabalha

tem menos condição de aprendizagem porque fica cansada e desatenta. E se ela

não está na escola, dificilmente vai largar o trabalho para estudar”, ressalta Salete.

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De acordo com o relatório, 375.177 crianças na faixa de 6 a 10 anos estão fora da

escola – o que corresponde a 2,3% do total dessa faixa etária. Dessas, 3.453

trabalham (0,9%) e, nesse grupo, a maioria é negra (93%). O número de crianças de

11 a 14 anos que só trabalham é cerca de 20 vezes maior que na faixa anterior:

68.289.

Edição: Graça Adjuto

Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2012-08-31/atualizada-unicef-alerta-para-trabalho-infantil-como-causa-significativa-do-abandono-escolar> Acesso em: 16 nov 2013

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ANEXO 3

Constituição Federal

Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao

adolescente, com absoluta

prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à

profissionalização, à cultura, à

dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de

colocá-los a salvo de toda

forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à

melhoria de sua condição social:

XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e

de qualquer

trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de

quatorze anos. (Redação

dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

Estatuto da Criança e do Adolescente

Capítulo V - Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo

na condição de aprendiz.

Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial,

sem prejuízo do disposto

nesta Lei.

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada

segundo as diretrizes e bases

da legislação de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular;

II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;

III - horário especial para o exercício das atividades.

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Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegurada bolsa de

aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são assegurados os

direitos trabalhistas e

previdenciários.

Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado trabalho protegido.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime familiar de trabalho, aluno

de escola técnica,

assistido em entidade governamental ou não governamental, é vedado trabalho:

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia

seguinte;

II - perigoso, insalubre ou penoso;

III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico,

psíquico, moral e social;

IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola

I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as cinco horas do dia

seguinte;

II - perigoso, insalubre ou penoso;

III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu desenvolvimento físico,

psíquico, moral e social;

IV - realizado em horários e locais que não permitam a frequência à escola.

Art. 68.

O programa social que tenha por base o trabalho educativo, sob responsabilidade de

entidade governamental ou não governamental sem fins lucrativos, deverá

assegurar ao adolescente que dele participe condições de capacitação para o

exercício de atividade regular remunerada.

Disponível em: <http://www.andi.org.br/sites/default/files/legislacao/Trabalho%20infantil%20e%20o%20direito%20de%20aprender.pdf> Acesso em: 10 out 2013

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ANEXO 4

Trabalho infantil: O que é, o que não é

O trabalho infantil pode ser definido como o que é feito por crianças e adolescentes

que estão abaixo da idade mínima para a entrada no mercado de trabalho, segundo

a legislação em vigor no país. No entanto, é preciso refinar essa definição,

considerando aspectos de tradições culturais em diferentes lugares do mundo.

Algumas sociedades não mantêm registros escritos de sua história, técnicas ou ritos:

a transmissão cultural realiza-se oralmente. Assim, na agricultura ou na produção

artesanal, crianças e adolescentes realizam trabalhos sob a supervisão das mães e

dos pais como parte integrante do processo de socialização – quer dizer, um meio

de transmitir, de mães e pais para filhas(os), conhecimentos e técnicas tradicionais.

Esse trabalho pode ser também motivo de satisfação para as próprias crianças e

adolescentes.

No entanto, essa situação de trabalho como parte do processo de socialização não

deve ser confundida com aquelas em que as crianças são obrigadas a trabalhar,

regularmente ou durante jornadas contínuas, para ganhar seu sustento ou o de suas

famílias, com consequentes prejuízos para seu desenvolvimento educacional e

social.

Assim, as condições de exploração e os prejuízos à saúde e ao desenvolvimento da

criança ou adolescente é que iriam definir o trabalho infantil. Mas é preciso lembrar

que o mero fato de trabalhar “em casa” ou “com a família” não o descaracteriza.

Mesmo no trabalho em família, muitas crianças e adolescentes são submetidas a

estafantes jornadas de trabalho na lavoura ou são encarregadas de todos os

serviços domésticos e cuidados com irmãos menores, sem que lhes seja garantido,

por exemplo, tempo para ir à escola ou brincar.

Atualmente, na luta pelo reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente,

um parâmetro mais claro tem sido adotado: ainda que seja para garantir a

continuidade de uma tradição familiar, para dividir responsabilidades no interior da

casa ou para ajudar na lide do campo, o trabalho de crianças e adolescentes não

pode impedir que elas exerçam seus direitos à educação e ao brincar, essenciais

para o pleno desenvolvimento. Mas, atenção: isso não quer dizer que crianças e

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adolescentes estejam dispensadas de ajudar: podem e devem assumir tarefas, de

forma compatível com suas idades, partilhando-se entre todos os membros da

família – masculinos e femininos – as tarefas domésticas necessárias a uma

convivência saudável.

Disponível em: <http://www.andi.org.br/sites/default/files/legislacao/Trabalho%20infantil%20e%20o%20direito%20de%20aprender.pdf> Acesso em: 10 out 2013

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ANEXO 5

Trabalho infantil atrapalha desenvolvimento da criança, diz pediatra

25/07/2011 - 20h30

Elaine Patrícia Cruz

Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Os males causados pelo trabalho infantil no desenvolvimento da

criança foram discutidos hoje (25) durante o Fórum Paulista de Prevenção e

Erradicação do Trabalho Infantil, em São Paulo. O tema foi apresentado pelo

pediatra e professor Roberto Teixeira Mendes, do Departamento de Pediatria Social

da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). De

acordo com ele, O trabalho infantil atrapalha o desenvolvimento da criança,

principalmente o mental. Além de provocar efeitos mais imediatos como doenças

infecciosas e traumas.

Segundo Mendes, os efeitos vão depender da faixa etária e do tipo de trabalho que

está sendo desenvolvido pela criança. Mas eles vão ocorrer. “O trabalho pode ser

exaustivo, pesado, insalubre e trazer efeitos imediatos, como intoxicação e traumas.

Mas mesmo que o trabalho não tenha nada disso, só por ser trabalho vai tirar a

criança do seu momento específico de vida que é brincar, fantasiar e elaborar o

mundo que a cerca à sua maneira. E a criança precisa de tempo e condições para

fazer isso”, disse.

De acordo com o pediatra, o ideal é que a criança não trabalhe, mas brinque. “A

partir dos 15 anos de idade, quando o adolescente é capaz de compreender o

mundo e a produção, o que é dinheiro e trabalho, ele pode eventualmente se inserir

- se for vontade dele também - no mundo do trabalho. Mas isso ainda não pode ser

a sua principal atividade. A principal atividade dele será se capacitar para o futuro”,

declarou.

O professor também falou sobre os problemas das doenças ocupacionais que, na

criança, elas só aparecem na fase adulta. “Doenças ocupacionais são idênticas em

crianças e em adultos. A única diferença é que as doenças ocupacionais que vão

causar malefícios a longo prazo não vão aparecer na criança. Vão aparecer no

adulto. Mas a criança já está sofrendo com aquilo”.

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Mendes ressaltou que há hoje uma grande dificuldade para identificar o universo de

crianças que trabalham no país, principalmente porque se trata de trabalho informal,

em geral. Por isso, o ideal seria a articulação entre os vários órgãos, associações e

profissionais que trabalham com a criança e o adolescente para inseri-las em

programas sociais que as livrem do trabalho. “Tem que haver diálogo entre a escola,

a família, a saúde, a sociedade de bairro e as regionais das secretarias das áreas de

educação, esporte e lazer e saúde”, disse.

Edição: Aécio Amado

Disponível em:< http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2011-07-25/trabalho-infantil-

atrapalha-desenvolvimento-da-crianca-diz-pediatra> Acesso em: 27 nov 2013