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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Ficha para identificação da Produção Didático-Pedagógica – Turma 2013

Título: Material didático-pedagógico para um trabalho com dois contos de Machado de Assis: “A carteira” e “Um apólogo”

Autora: Márcia Myszynski Cheron

Disciplina/Área: Português

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Souza Naves

Município da escola: Rolândia-PR

Núcleo Regional de Educação: Londrina-PR

Professor Orientador: Profª Drª Suzete Silva

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar: -

Resumo:

Este trabalho contém um material didático-pedagógico elaborado a partir de determinadas características de dois contos de Machado de Assis: “A carteira” e “Um apólogo”. Para sua elaboração foram considerados os pressupostos teóricos da leitura enquanto processo discursivo, da sequência didática (sob a visão dos gêneros discursivos) como instrumento metodológico e do conto como o gênero textual selecionado. O principal objetivo do Projeto de Intervenção consiste em aprimorar o nível de leitura dos alunos de um primeiro ano do Ensino Médio noturno e incentivá-los ao ato de ler. Espera-se que durante o tempo de aplicação do projeto, o envolvimento dos alunos com este gênero textual seja intenso e que todos participem de forma espontânea e prazerosa no decorrer de todas as atividades propostas.

Palavras-chave: Sequência didática. Conto. Machado de Assis.

Formato do Material Didático: Manual didático

Público:

Alunos de um primeiro ano do Ensino Médio noturno

2

MÁRCIA MYSZYNSKI CHERON

MÁRCIA MYSZYNSKI CHERON

MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

COM OS CONTOS DE MACHADO DE

ASSIS: “A CARTEIRA” E “UM APÓLOGO”

MACHADO DE ASSIS

2013

3

CAPA

SUMARIO

APRESENTAÇÃO

Oobjetivos

Encaminhamentos metodológicos

Atividades

referencias

XXX

MÁRCIA MYSZYNSKI CHERON

MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

COM OS CONTOS DE MACHADO DE

ASSIS: “A CARTEIRA” E “UM APÓLOGO”

Londrina – PR

2013

Este trabalho contém as atividades pedagógicas previstas no Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola produzido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE-PR, mantido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, em convênio com a Universidade Estadual de Londrina – UEL, a ser desenvolvido no Colégio Estadual Souza Naves, em Rolândia-PR, na disciplina de Língua Portuguesa, com alunos de 1° ano do Ensino Médio noturno. Orientadora: Profª Drª Suzete Silva

xxx

4

Caro estudante,

Este material é parte integrante de uma proposta de trabalho que consiste no

desenvolvimento de uma sequência didática com o gênero conto, no intuito de

aprimorar sua fluência em leitura, além de possibilitar a apropriação de alguns

elementos e da estrutura de narrativas e possibilitar seu contato com o trabalho de

um grande escritor brasileiro, que é Machado de Assis.

A sequência didática com gêneros textuais prevê o segmento de algumas

etapas que consistem:

a) no acesso aos textos do gênero selecionado;

b) na leitura destes e verificação se há ou não predomínio de determinadas

características;

c) na produção inicial de um conto;

d) na análise de dois deles, com estudos dirigidos;

e) na produção final de um conto.

Sua participação na resolução das atividades é fundamental.

Bom trabalho!

A autora.

APRESENTAÇÃO

4

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 3

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 6

CONTOS – Primeiros contatos com o conto .............................................................. 8

ATIVIDADE 1 – visita à biblioteca escolar ............................................................. 8

ATIVIDADE 2 – primeira produção de um conto ................................................... 8

ATIVIDADE 3 – contato com teorias sobre a estrutura e os elementos da narrativa .... 8

CARACTERÍSTICAS DOS CONTOS – os elementos e a estrutura da narrativa .......... 9

DEFINIÇÃO DE CONTO ........................................................................................ 9

ELEMENTOS DA NARRATIVA ............................................................................. 9

ESTRUTURA DA NARRATIVA ............................................................................ 12

ATIVIDADE 4 – estudos sobre o surgimento do conto no Brasil e sobre Machado

de Assis ................................................................................................................ 12

O SURGIMENTO DO CONTO NO BRASIL E SEU MAIOR REPRESENTANTE –

MACHADO DE ASSIS E O CONTO.................................................................... 13

Origem do conto no Brasil .................................................................................... 13

A importância de Machado de Assis na instituição do conto no Brasil e as

características desse gênero textual .................................................................... 14

Breve biografia de Machado de Assis .................................................................. 17

ATIVIDADE 5 – Leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis .................. 17

“A carteira” (texto para leitura) ............................................................................. 17

ATIVIDADE 6 – Exploração de aspectos formais do conto “A carteira”, de

Machado de Assis ................................................................................................ 19

ATIVIDADE 7 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem interpretação/compreensão ................... 20

ATIVIDADES COM O CONTO “A CARTEIRA”, DE MACHADO DE ASSIS ......... 21

ATIVIDADE 8 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador,

personagem, tempo, espaço, enredo) ................................................................. 32

Atividades sobre o narrador ................................................................................ 33

Atividades sobre os personagens ...................................................................... 34

Atividades sobre o tempo .................................................................................... 39

aaaaa

5

Atividades sobre o espaço .................................................................................. 41

Atividades sobre o enredo ................................................................................... 42

ATIVIDADE 9 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem a estrutura da narrativa (situação inicial,

conflito, desenvolvimento, clímax, desfecho) ....................................................... 43

Exercícios após a releitura do conto .................................................................... 46

ATIVIDADE 10 – Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem o tema .................................................... 48

ATIVIDADE 11 – Reflexões a partir do conto “A carteira” ................................... 50

ATIVIDADE 12 – Leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis ............ 55

“Um apólogo” (texto para leitura) ......................................................................... 55

ATIVIDADES COM O CONTO “UM APÓLOGO”, DE MACHADO DE ASSIS ..... 57

ATIVIDADE 13 – Observação de aspectos formais do conto “Um apólogo”, de

Machado de Assis ................................................................................................ 57

ATIVIDADE 14 – Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem interpretação/compreensão ................... 61

ATIVIDADE 15 – Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador,

personagem, tempo, espaço, enredo) ................................................................. 70

Atividades sobre o narrador ................................................................................ 71

Atividades sobre os personagens ...................................................................... 72

Atividades sobre o tempo .................................................................................... 75

Atividades sobre o espaço .................................................................................. 76

Atividades sobre o enredo ................................................................................... 77

ATIVIDADE 16 - Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem a estrutura da narrativa (situação inicial,

conflito, desenvolvimento, clímax, desfecho) ....................................................... 78

ATIVIDADE 17 - Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e

resolução de exercícios que envolvem o tema. ................................................... 79

ATIVIDADE 18 – Reflexões a partir do conto “Um apólogo” ............................... 82

ATIVIDADE 19 – Produção escrita de um conto ................................................ 84

CRONOGRAMA ....................................................................................................... 86

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 88

Xxxxxxx xxxxxxxx

6

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi elaborado a partir de alguns pressupostos teóricos que

envolvem concepções de leitura, de produções didáticas, gêneros textuais ou

discursivos e de conto.

A leitura é um processo discursivo, no qual autor e leitor são sujeitos

produtores de sentido, ambos sócio-historicamente determinados e ideologicamente

constituídos (CORACINI, 1995; ORLANDI, 1993).

Produções didáticas são aquelas desenvolvidas de modo que o aluno se

aproprie de determinadas características do gênero textual que estiver sendo

utilizado como objeto de estudo para que possa produzi-lo, da melhor maneira

possível, quando necessitar ou preferir. Conforme Schneuwly, Noverraz e Dolz

(2004), a estrutura de base de uma sequência didática segue um esquema:

primeiramente, há apresentação da situação; em seguida, há uma produção inicial;

depois disso, há resolução de módulos (tantos quantos forem necessários); e, por

fim, chega-se à produção final. Por isso, este material contempla essa maneira de

trabalho pedagógico.

Os gêneros textuais ou discursivos não podem ser definidos apenas e tão

somente por aspectos formais, sejam eles estruturais ou linguísticos, devem-se levar

em consideração, principalmente, os aspectos sócio-comunicativos e funcionais

(MARCUSCHI, 2005). Cada um dos envolvidos no processo de leitura atribui

sentidos de acordo com sua trajetória de vida. O homem, mesmo fazendo história,

não tem consciência de que é perpassado por formações ideológicas que permitem

extrair este ou aquele sentido de determinado texto. Por isso, tanto quem ensina

quanto quem aprende a ler deve procurar os mecanismos que levam à produção de

sentidos (ORLANDI, 1993).

O conto, gênero textual escolhido para compor este material pedagógico,

pertence à ordem do narrar, conforme classificação de Schneuwly e Dolz (1997),

contém muitas características comuns a outras narrativas, como o conto

maravilhoso, conto de fadas, fábula, lenda, narrativa de aventura, narrativa de ficção

científica, narrativa de enigma, narrativa mítica, anedota, biografia romanceada,

romance, romance histórico, novela fantástica, paródia, adivinha, piada, etc. O

conto, normalmente, é breve, condensado, apresenta um, dois ou três episódios,

7

apresenta elementos e estrutura próprios de narrativas (ABDALA JUNIOR, 1995;

PARRINE, 2009).

Ao escrever um conto, a preocupação do autor reside no tamanho (na

extensão do texto final), no conteúdo (na história a ser contada) e na forma por meio

da qual a história será exposta. Por isso, o autor busca enfatizar a profundidade,

verticalmente, já que não dispõe de espaço e tempo maiores horizontalmente, como

no caso de romances (PARRINE, 2009).

Este trabalho utiliza dois contos de Machado de Assis e é importante dizer

que, além das características comuns de seus contos em relação aos de outros

autores, como os elementos e a estrutura da narrativa, haverá preocupação,

principalmente, com a leitura minuciosa dos textos.

Sintetizando, cabe-nos enfatizar que este material apresentará um pouco de

teoria sobre contos, análise de dois deles e haverá preocupação em tentar fazer

com que os alunos se apropriem das características desse gênero textual e, acima

de tudo, aprimorem sua fluência em leitura, objetivo principal a ser alcançado no

final de todo o processo. Por isso, houve preocupação com um trabalho voltado à

análise dos contos selecionados, que são apenas dois, e não com a quantidade

deles.

8

Primeiros contatos com o conto

ATIVIDADE 1

Visita à biblioteca escolar.

� Você irá à biblioteca, juntamente com seus colegas e professor para escolher

um livro de contos para leitura;

� Dentre os contos do livro que você escolheu e leu, selecione um para contar

oralmente na sala de aula.

ATIVIDADE 2

Primeira produção de um conto.

� Você fará sua primeira produção textual escrita: um conto.

� O professor solicitará que você escreva um conto que seja de sua criação,

com tema de sua escolha.

ATIVIDADE 3

Contato com teorias sobre a estrutura e os elementos da narrativa.

� A parte seguinte contém um pouco de teoria sobre a estrutura e sobre os

elementos da narrativa. Ela será útil para a análise de alguns contos que

ainda será feita e também para sua produção futura. O professor conduzirá

um trabalho a partir das informações dadas.

CONTOS

9

OS ELEMENTOS E A ESTRUTURA DA NARRATIVA

Definir conto é uma tarefa difícil. Há uma grande diversidade de gêneros

discursivos pertencentes à ordem do narrar, como romance, novela, piada, contos

(dos mais variados: policiais, de fada, de terror, etc). Em todos esses gêneros há

elementos comuns: os componentes da estrutura e os elementos da narrativa.

Para Abdala Junior (1995), o conto consiste numa narrativa relativamente

curta em que as categorias da narrativa estão condensadas, não significando que

seja mais simples que o romance. No entanto, a brevidade é a sua marca e isso

“leva o escritor a hierarquizar os fatos a serem narrados de forma a provocar no

leitor um efeito marcante” (ABDALA JUNIOR, 1995, p. 17).

NARRADOR

Narrador (não confundir com autor) é aquele que narra a história sob determinado foco narrativo, que pode demonstrar: -onisciência do autor-editor (3ª pessoa e com total liberdade); -onisciência neutra (sabe de tudo, mas cria a ilusão de que não interfere); -“eu” como testemunha (1ª pessoa e narra o que houve com o protagonista); -“eu” como protagonista (narra o que houve consigo próprio, foco limitado); -onisciência multisseletiva (só ocorre no discurso indireto livre); -onisciência seletiva (o foco está em apenas uma personagem); -modo dramático (o narrador desaparece, só há diálogos); -câmara (cinematográfica; maior exclusão do narrador; ex: “Circuito fechado”).

CARACTERÍSTICAS DOS CONTOS

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PERSONAGEM

As personagens são construídas por palavras, referem-se a pessoas no plano ficcional, recebem predicações físicas (alto), psicológicas (corajoso), sociais (operário), podem ser simples (previsíveis, estáticas, não se transformam, também chamadas de planas, construídas de forma mais rápida e direta e referem-se, normalmente, a personagens secundárias) ou complexas (imprevisíveis, também chamadas de redondas, construídas de forma gradual, ambígua, se transformam e figuram entre as personagens centrais da história) e desempenham funções: 1)protagonista ou personagem sujeito (personagem central; se forem duas: protagonista maior e protagonista menor; se tiver predicados éticos positivos é herói, caso contrário, é anti-herói, se a predicação for ambígua, é um protagonista problemático); 2)Oponente (personagem secundária e coloca obstáculos à ação da protagonista; graças a ela temos o conflito; se disputar o mesmo objeto (um tesouro, a pessoa amada – personagem objeto -, uma ideia) da protagonista, é antagonista e se todos os predicados da antagonista forem éticos negativos, é chamada de vilão); 3)Adjuvante (auxilia a protagonista na busca do objeto, opondo-se à personagem oponente e pode mudar de função – para oponente). O termo “co-adjuvante” é utilizado para a personagem adjuvante no cinema, no teatro, na telenovela, mas na literatura o termo é “adjuvante”.

TEMPO

O tempo está relacionado ao período que dura a(s) cena(s) e a história. Ele pode ser: - tempo externo (é o tempo do escritor, época de sua vivência, é o tempo do leitor, época de sua vivência e o tempo histórico retratado na narrativa, que pode ou não coincidir com a época de vivência do escritor); -tempo interno (é o tempo que se localiza dentro da narrativa e envolve as relações entre a história e o discurso narrativo); -tempo cronológico (tempo da história, marcado por segundos, horas, dias, meses, elementos da natureza (sol, estações do ano, etc), etc); -tempo psicológico (quando há distorção no tempo cronológico. Ex: uma personagem está prestes a morrer e, em segundos, revive boa parte de acontecimentos essenciais de sua vida, em forma de memória.); -tempo do discurso (é a representação narrativa do tempo da história; é o tempo que o leitor leva para ler uma determinada unidade narrativa); -tempo de retrocesso (flashback, inserção de fatos ocorridos antes do tempo cronológico em que se está na narrativa); -tempo de antecipação (inclusão de fatos que ainda acontecerão); -tempo de encadeamento (quando uma sequência é ligada à outra; não é necessário detalhar tudo: ex: alguém saindo do

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escritório e, em seguida, aparece em casa. Mas isso pode ter sido intencional, para revelar algo mais tarde.); -tempo de encaixe (sequência entrecortada. Ex: “As mil e uma noites”); -alternância (conta-se uma história e depois outra, alternadamente). Em relação à proporção do tempo, há cinco classificações:

• escamoteamento (supressão de informações não relevantes ou até mesmo relevantes, mas mostradas mais tarde);

• resumo (tempo da história maior que o tempo do discurso; ex: cinco anos da vida de uma personagem podem ser resumidos em um parágrafo);

• discurso direto (tempo da história é igual ao tempo do discurso, pois o tempo que as personagens levam para falar é o mesmo que o leitor leva para ler);

• análise (o tempo da história é menor que o tempo do discurso, é mais lento, mais demorado);

• digressão (distanciamento do narrador em relação ao que estava narrando; permite a inserção de comentários).

ESPAÇO

Espaço é o local/ambiente em que se passa a história. Ele pode ser: -espaço físico (o local); -espaço social (ambiência social pela qual circulam os personagens); -espaço psicológico (atmosferas interiores). Exemplo: uma personagem vítima de uma crise socioeconômica (espaço social) que, devido a isso, fecha-se em seu quarto (espaço físico), tornando-se introspectiva (espaço psicológico). -espaço referencial (aquele em que o leitor busca correspondências com a realidade); -espaço textual (palavras escritas que provocam o efeito do real); Comentário: sob o ponto de vista do espaço referencial, apenas, não seria possível que um indivíduo se transformasse numa borboleta, mas sob a ótica textual, isso pode acontecer graças às estratégias discursivas que garantem a coerência interna. O espaço pode ser apresentado de duas formas: -apresentação simultânea do espaço (no cinema, no teatro, etc); -apresentação sucessiva do espaço (ou se descreve o espaço ou as ações das personagens).

ENREDO Sequência de ações que compõem a história. O conto pode ter um, dois ou mais episódios.

12

O quadro acima mostra os elementos da narrativa. Este material direciona o

trabalho para contos e, uma vez que o conto é uma forma de narrativa, torna-se

necessário observá-los.

Logo abaixo, há outro quadro com a estrutura da narrativa. Há narrativas que

seguem a ordem apresentada. No entanto, há narrativas que começam, por

exemplo, pelo clímax, pelo desfecho, etc.

SITUAÇÃO INICIAL

Situação inicial é aquela em que há apresentação dos personagens e ainda não aconteceu o conflito.

CONFLITO

Conflito é o momento em que um problema é instalado na narrativa.

DESENVOLVIMENTO

Desenvolvimento é o momento em que os personagens se movimentam de modo a resolver o problema instalado.

CLÍMAX

É o momento mais emocionante da narrativa e o enredo está prestes a ter um desfecho.

DESFECHO

É a resolução do conflito que foi instalado e, com o desfecho, a situação inicial se estabelece ou fica semelhante.

A classificação acima se enquadra naquela muito utilizada e denominada de

“começo, meio e fim”, mas permite descrever melhor a estrutura da narrativa que

estiver em análise.

ATIVIDADE 4

Estudos sobre o surgimento do conto no Brasil e sobre Machado de Assis.

� A próxima parte mostrará um pouco sobre o surgimento do conto no Brasil. O professor utilizará as informações nela presentes e poderá incluir outras. É

importante conhecer um pouco sobre o início da produção desse gênero

textual no Brasil e sobre seu maior representante: Machado de Assis.

13

MACHADO DE ASSIS E O CONTO

Origem do conto no Brasil

Não há uma data exata que fixe o marco inicial do conto no Brasil. No início,

esse gênero não teve muito prestígio porque o romance estava em evidência, no

século XIX. Na época, os jornais publicavam textos ficcionais que mais tarde se

tornariam os contos modernos (PARRINE, 2009).

Para Edgar Carvalho, o ano que instaura o surgimento do conto no Brasil é

1841, com a publicação de “Duas órfãs”, de Norberto de Sousa e Silva. Tratava-se

de “um folheto de 30 páginas posteriormente recolhido num volume chamado

Romances e novelas (note-se bem, não “contos”)” (PARRINE, 2009, p. 474 - grifos

da autora). Já para Barbosa Lima Sobrinho, o surgimento do conto no Brasil foi em

1836, com a publicação de uma espécie de gênero intermediário entre crônica e

conto, “A caixa e o tinteiro”, de Justiniano José da Rocha (PARRINE, 2009). No

entanto, esses marcos (discutíveis) não consideram a qualidade literária dos textos

mencionados. Se esta qualidade for exigida, o conto começa com a publicação de

“Três tesouros perdidos”, de Machado de Assis, em 5 de janeiro de 1858 (PARRINE,

2009).

Durante a segunda metade do século XIX, a sociedade brasileira viveu

mudanças significativas nas áreas política, social e econômica. Dentre as várias

transformações, nessa época, houve a substituição da forma de governo, que

passou do império para a república, substituição do trabalho escravo pelo trabalho

assalariado, as fazendas começaram a se modernizar, as cidades cresceram, as

indústrias começaram a se instalar, vários bancos foram fundados, etc (MAQUERA;

JOANILHO, 2010).

O SURGIMENTO DO CONTO NO BRASIL E SEU MAIOR

REPRESENTANTE

14

Havia, de um lado, uma classe de pessoas favorecidas financeiramente, que

colocava seus filhos para frequentar escolas, faculdades e tinham contato com os

jornais e revistas em circulação. Era a elite da sociedade. Por outro lado, havia uma

classe de pessoas que exerciam atividades de trabalho em condições precárias,

com jornada de trabalho que alcançava dezesseis horas diárias, com exploração de

mão-de-obra infantil, sem regulamentação salarial. Nos grandes centros urbanos, a

moradia em cortiços se multiplica. Esse é o perfil da classe operária. Nesse período

surgem as primeiras greves. A visão de mundo da elite desse momento não condiz

com a dos operários. As realidades são bem diferentes. Na área rural chegam os

imigrantes para a substituição do trabalho que antes era feito pelos escravos negros.

Eles vinham cheios de esperanças, pois muitas promessas eram feitas em seus

países de origem para incentivá-los a vir. Porém, aqui se defrontaram com uma

realidade bem diferente (MAQUERA; JOANILHO, 2010).

Todo artista, seja ele pintor, escultor, desenhista, escritor, etc demonstra, em

suas obras, o modo como vê o mundo que o cerca. Ao analisarmos uma criação

artística, podemos perceber aspectos relacionados ao contexto histórico de sua

produção. Com Machado de Assis, isso não é diferente. Por intermédio de seu olhar

podemos resgatar costumes e perceber o funcionamento da sociedade em que ele

viveu, principalmente a do grande centro urbano da época: a do Rio de Janeiro

(CANTO, 2010).

.

A importância de Machado de Assis na

instituição do conto no Brasil e as

características desse gênero textual

O primeiro livro de contos de Machado de Assis foi intitulado “Contos

Fluminenses”, e nele havia um texto que ele próprio chamou de “romance”, era o

“Miss Dollar”, escrito em capítulos. Observamos, assim, a dificuldade em classificar

15

o conto (PARRINE, 2009). Apesar da dificuldade em classificar um conto, é possível

fazer certas afirmações acerca desse gênero textual.

O conto tem uma extensão e uma unidade de impressão intimamente

ligadas. Ele não pode ser demasiadamente longo, pois se forem necessárias duas

ou mais sentadas para lê-lo, sua totalidade será perdida. Por isso, esta (a unidade)

só está assegurada pela curta extensão, o que torna o tamanho do texto uma

condição fundamental para se teorizar sobre o conto. E isso é percebido também

por Machado de Assis (2008 apud PARRINE, 2009), em “Várias histórias”, de 1896:

O tamanho não é o que faz mal a este gênero de histórias, é naturalmente a qualidade; mas há sempre uma qualidade nos contos que os torna superiores aos grandes romances, se uns e outros são medíocres: é serem curtos. (MACHADO DE ASSIS, 2008 apud PARRINE, 2009, p. 476).

O comentário de Machado de Assis demonstra certa ironia (sua “marca

registrada”) em relação à brevidade dos contos, pois se eles forem medíocres, o

fato de serem curtos diminuirá o desencanto do leitor ao lê-lo. Há, por outro lado,

dois aspectos a serem observados no trecho acima: a preocupação do autor em

relação à forma (“serem curtos”) e à qualidade, ao conteúdo (“medíocres”).

Além disso, Machado de Assis, de acordo com Parrine (2009, p. 479), “deixa

para a última frase o desfecho da história, a inversão de expectativa em relação aos

acontecimentos, mas, ainda, como uma história de detetive – gênero criado, aliás,

pelo próprio Poe – a sensação de que a verdade estava à mão todo o tempo.” Isso

é dito após a apresentação de alguns aspectos relacionados à análise do conto “A

cartomante”, que consistem em indicar ao leitor/narratário/enunciatário, por meio de

“pistas”, no início e no decorrer do texto, aquilo que se concretiza no final da

história. Este recurso é próprio de histórias policiais, criadas, inicialmente, por Edgar

Allan Poe (EUA, 1809-1849) e utilizado por Machado de Assis (1839-1908).

Ao escrever um conto, a preocupação do autor reside no tamanho (na

extensão do texto final), no conteúdo (na história a ser contada) e na forma por

meio da qual a história será exposta. Essas são características fundamentais para a

construção de um conto.

Um conto possui duas histórias: uma que aparece num primeiro plano, e

outra que é revelada aos poucos, cujo desfecho surpreende. Não se trata de uma

segunda história, que só se torna “visível” por intermédio de interpretação:

16

Não se trata de um sentido oculto que dependa de interpretação: o enigma não é outra coisa senão uma história contada de um modo enigmático. A estratégia do relato é posta a serviço dessa narração cifrada. Como contar uma história enquanto se conta outra? Essa pergunta sintetiza os problemas técnicos do conto. // Segunda tese: a história secreta é a chave da forma do conto e de suas variantes. (PIGLIA, 2004 apud PARRINE, 2009, p. 482)

Por isso, a análise de um conto vai muito além da observação dos elementos

da narrativa: narrador, tempo, espaço, personagens e enredo e de sua estrutura:

situação inicial, complicação, desenvolvimento, clímax e desfecho. É muito

importante detectar estes aspectos, observá-los, refletir sobre eles, mas é ao

estabelecer outras relações que se percebem os efeitos de sentido do conto e a

maestria de seu autor. É preciso desvelar, por exemplo, a quebra da linearidade

temporal e sua retomada (quando houver), o foco narrativo, as evidências de que

há algo não revelado, a surpresa ao descobrir que houve um encaminhamento para

se pensar isso ou aquilo, mas, na verdade, os fatos eram outros, a escolha lexical, a

temática, etc. Ou seja, os contos possuem características comuns, como os

elementos e os componentes da estrutura da narrativa, mas cada um possui um

arranjo singular, que o torna único e valioso.

Definir conto não é tarefa fácil. Parrine (2009, p. 483) afirma que:

Machado não previu o que seria dito a respeito do conto, mas o determinou. O que pensamos a respeito do gênero, hoje, não só na teoria literária, como de uma forma ainda mais geral, nossa resposta à questão posta ainda no século XIX, “o que é o conto?” está moldada profundamente pelas noções de Machado. Se ele decidiu responder a essa pergunta, não de forma direta, mas demonstrando os limites do conto, trabalhando sua organicidade e atingindo o máximo efeito, nossas teorias do conto estão invariavelmente moldadas pelas suas realizações. O que significa criar o conto no Brasil é exatamente isso: que quando, um dia, se disser “conto”, ou se discorrer a respeito disso, se está pensando necessariamente em Machado (PARRINE, 2009, p. 483).

Assim sendo, convém ressaltar que a escolha de dois contos de Machado de

Assis para o desenvolvimento deste trabalho não foi por acaso.

17

Breve biografia de Machado de Assis

Machado de Assis (1839-1908) nasceu numa família desprovida de recursos

financeiros, sua mãe era mestiça e isso o coloca em desprestígio social, pois a

escravidão ainda acontecia oficialmente no Brasil. Na infância perdeu sua mãe e foi

criado por sua madrasta, dividiu seu tempo de estudos com o trabalho de vender

doces. Esses fatos são indicadores de que Machado de Assis passou por muitas

dificuldades e não teve um direcionamento para o mundo das letras. Sua astúcia

com as palavras se desenvolveu por seu interesse próprio. Tornou-se leitor assíduo

de grandes nomes da literatura universal, aprendeu francês com a dona de uma

padaria da região em que morava e se transformou nesse grande nome da literatura

brasileira (SOUZA, 2008).

ATIVIDADE 5

Leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis.

� Leia o conto abaixo, silenciosamente.

AAA CCCAAARRRTTTEEEIIIRRRAAA

...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez. — É verdade, concordou Honório envergonhado. Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar

amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de

18

lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.

— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da casa.

— Agora vou, mentiu o Honório. A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos;

por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.

D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.

Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.

— Nada, nada. Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças

voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas.

A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.

Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.

Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.

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Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.

"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," pensou ele.

Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.

A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.

"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia

o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa. — Nada. — Nada? — Por quê? — Mete a mão no bolso; não te falta nada? — Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a

achou? — Achei-a eu, disse Honório entregando-lha. Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar

foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.

— Mas conheceste-a? — Não; achei os teus bilhetes de visita. Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou

novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.

Obra de domínio público. Disponível em : < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf > Acesso em: 09 jun. 2013.

ATIVIDADE 6

Exploração de aspectos formais do conto “A carteira”, de Machado de Assis.

20

� Observe a formatação, a disposição gráfica e os sinais de pontuação utilizados no

conto “A carteira”, de Machado de Assis, e resolva as questões propostas.

1)Quantos parágrafos há no texto? Numere-os, colocando aqui o total encontrado.

___________________________________________________________________

2)O texto contém travessões no início de alguns parágrafos. Indique os números dos

parágrafos iniciados por eles e depois responda: por que foram utilizados os

travessões?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)Por que será que o texto tem início com reticências?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4)Há dois parágrafos que têm início com aspas. Quais são eles? E por que será que

as aspas foram utilizadas nesse caso?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5)O texto é um poema? Como sabemos?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

ATIVIDADE 7

Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem interpretação/compreensão.

� O conto “A carteira” foi dividido em partes para que você releia cada uma delas e

resolva as questões propostas.

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A CARTEIRA

A CARTEIRA

O conto “A carteira”, de Machado de Assis, foi publicado originalmente na obra

“A estação”, em 1884, e posteriormente compilado no segundo volume de

“Contos fluminenses”.

Depois de reler o conto “A carteira”, de Machado de Assis, resolva os exercícios propostos:

PARTE 1

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez. — É verdade, concordou Honório envergonhado.

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Quem “viu uma carteira” e onde?

___________________________________________________________________

2)O que foi “obra de alguns instantes”?

___________________________________________________________________

3)O que significa o termo “o” no trecho “sem o conhecer”? Ou seja, quem não

conhecia quem?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

ATIVIDADES COM O CONTO “A CARTEIRA”, DE MACHADO

DE ASSIS

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4)O que o “homem que estava à porta de uma loja” quis dizer quando falou “—

Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.”?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5)Por que Honório se sentiu envergonhado? Sabemos o motivo pelo trecho acima?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

PARTE 2

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de

pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo

recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga;

mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não

podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois

por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus,

leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-

se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um,

trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares

a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Este parágrafo contém informações sobre Honório. Qual é a profissão dele?

___________________________________________________________________

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2)Como está a situação financeira dele? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)O que Honório precisa fazer “amanhã”?

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

4)O que significa “a carteira trazia o bojo recheado”?

___________________________________________________________________

5)Neste parágrafo, foi utilizada a palavra “cousa”. O que significa isso?

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

6)Quem “endividou-se”?

___________________________________________________________________

7)De acordo com os dicionários, “voragem” significa: redemoinho no mar; abismo na

terra; aquilo que é suscetível de consumir; aquilo que pode ser tragado com

violência; turbilhão; etc. A última palavra do primeiro parágrafo desta parte é

“voragem”. O que foi denominado de “voragem” e por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

PARTE 3

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e

familiar da casa. — Agora vou, mentiu o Honório. A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos;

por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.

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Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Para quem Honório mentiu? Qual terá sido o motivo da mentira?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2)O último parágrafo desta parte revela a atuação profissional de Honório. Como

está seu desempenho? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)No final do último parágrafo desta parte aparece o trecho “andavam mofinas nos

jornais”. De acordo com os dicionários, “mofinas” pode significar “difamando”. Quem

estava sendo difamado nos jornais e por que motivo?

___________________________________________________________________

4)Observe o trecho: “mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação

jurídica”. Assinale a alternativa correta: o termo destacado (“ele”) refere-se a:

a)( )Honório b)( )à causa que Honório perdeu c)( )Gustavo C...

PARTE 4

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios.

Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Quem é D. Amélia?

___________________________________________________________________

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2)Que habilidade tinha D. Amélia? E quem tinha admiração por essa habilidade

dela? Justifique sua resposta.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)De acordo com dicionários, “pilhéria” pode significar: algo que se diz com a

intenção de causar humor, graça, ou, até mesmo, bobagem. Sabendo disso, quem

dizia mais pilhérias e a quem? Justifique sua resposta.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

4)Como era a relação dos dois homens retratados até aqui? Justifique.

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

5)Quem “fingia-se tão alegre”?

___________________________________________________________________

PARTE 5

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e

viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era. — Nada, nada. Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças

voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas. Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)No trecho acima, descobrimos que o casal tinha uma filha de quatro anos. Quem

estava “dando muitos beijos à filha”? E por que estavam “os olhos molhados”?

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2)No trecho acima descobrimos a idade de quem?

___________________________________________________________________

3)Por que as “esperanças voltavam com facilidade”? E essas esperanças

alimentavam quais atitudes?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

PARTE 6

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros.

Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. Agora responda, de acordo com o trecho acima: 1)Quem estava devendo “uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis”? E qual é o

motivo da dívida?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2)Por que ele tem pressa em pagar a dívida?

___________________________________________________________________

3)Observe o trecho: “Tinha-se lembrado de ir a um agiota”. Você sabe o que

significa a palavra destacada? Se não souber, pesquise. Qual terá sido o motivo de

ele ter pensado em “ir a um agiota”? O que ele teria pensado em pedir? E por que

“voltou sem ousar pedir nada”?

___________________________________________________________________

27

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4)A última frase desta parte nos revela mais alguns dados. Quem vinha de onde?

Ele achou outra carteira no chão? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

PARTE 7

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando,

andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo. Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)A inquietude de Honório ao apanhar a carteira fica bastante evidente. O que ele

fez que demonstra isso?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2)Qual foi o maior motivo de sua inquietude?

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_________________________________________________________________

3)Quem “Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido,

ninguém iria entregar-lha”?

___________________________________________________________________

4)Observe o trecho: “e convidavam-no a ir pagar a cocheira”. O que é “cocheira”?

Assinale a alternativa que contém a resposta correta.

a)Cocheira é um local cheio de vasilhas nas quais se colocam água para o gado.

b)Cocheira é um local onde se alojam cavalos e, neste caso, é sinônimo de

estrebaria.

c)Cocheira é uma mulher que fabrica cochos (vasilhas nas quais sés colocam água

para o gado).

PARTE 8

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo,

quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.

Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.

"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," pensou ele. Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.

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Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Honório abriu a carteira?

___________________________________________________________________

2)O que havia na carteira além do dinheiro?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)Por que, efetivamente, Honório acreditou que a carteira era do Gustavo? Não é

possível que tenhamos o cartão de visita de alguém em nossa carteira? Explique.

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

4)Como Honório ficou ao descobrir o montante de dinheiro que havia na carteira?

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5)Há algo mencionado que nos revela um aspecto religioso de Honório. O que é?

Comente.

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___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

6)De quem era a carteira?

___________________________________________________________________

PARTE 9

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem

30

reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.

"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D.

Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.

— Nada. — Nada? — Por quê? — Mete a mão no bolso; não te falta nada? — Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém

a achou? — Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Qual foi a descoberta que deixou Honório triste?

___________________________________________________________________

2)Observe o trecho: “Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de

cartas.”. O castelo levantado representa o quê? E as cartas esboroadas

representam o quê?

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___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3)Podemos dizer que ele foi depressa para casa? Justifique sua resposta.

___________________________________________________________________

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_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

4)Observe: “Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele

resistiu.” Qual é a necessidade de Honório? E a que ele resistiu?

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5)Quando Honório pensou: "Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que

posso fazer.", ele estava se referindo a ver o que pode fazer com o quê?

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___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

6)Quando Honório chegou em casa, quem estava lá?

___________________________________________________________________

7)Qual será o motivo da preocupação de Gustavo e qual será o motivo da

preocupação de D. Amélia?

___________________________________________________________________

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_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8)Por que Gustavo respondeu que não faltava nada quando foi perguntado sobre

isso por Honório? Ele ainda não sabia que faltava a carteira? Explique.

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__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

9)Qual é o efeito de sentido do uso de travessões?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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PARTE 10

Leia o trecho abaixo e depois faça o que se pede:

Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.

— Mas conheceste-a? — Não; achei os teus bilhetes de visita. Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou

novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.

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Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Por que Gustavo olhou para Honório desconfiado?

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

2)Por que Honório sentiu aquele olhar desconfiado como se fosse “um golpe de

estilete”?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3)Quem perguntou “- Mas conheceste-a?”? E ao perguntar isso, o que ele queria

saber se o outro conhecia? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

4)O que descobrimos no final do conto?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

_________________________________________________________________

ATIVIDADE 8

Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador, personagem,

tempo, espaço, enredo).

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� Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página

8, para relembrar os elementos da narrativa e resolva os exercícios propostos.

ATIVIDADES SOBRE O NARRADOR

Os trechos abaixo servem para observar a presença do narrador no conto. Depois de observá-

los, resolva os exercícios propostos (considerando, também as teorias no início deste

material):

4° parágrafo: [...] Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por

agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão. [...] 13° parágrafo: [...] Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência

perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.

16° parágrafo: "Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro,"

pensou ele. 19° parágrafo: "Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." 27° parágrafo:

Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. [...]

1)Assinale a alternativa correta. Quem é o narrador do conto “A carteira”? a)O narrador do conto “A carteira” é Machado de Assis. b)O narrador do conto é Honório.

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c)O narrador do conto é alguém que não participa da história. Ele apenas conta o que vê e o que os personagens pensam ou sentem. Ele está em terceira pessoa e seu foco narrativo é onisciente. d)O narrador do conto é alguém que participa da história e narra os fatos em primeira pessoa (eu). Ele narra fatos que aconteceram consigo próprio. Seu foco narrativo é limitado, só pode contar o que ele mesmo ou os outros fazem, não sabe o que os outros pensam ou sentem.

2)Assinale V para verdadeiro e F para falso. A( )O narrador do conto sabe de tudo. Ele descreve as ações de Honório e também o que se passa na mente dele, e uma das provas disso está no fragmento: “a consciência perguntava-lhe...”. B( )Podemos dizer que o narrador no conto é onisciente (aquele que sabe de tudo o que se passa com a personagem), mas essa onisciência do narrador só se aplica a Honório, pois ele (o narrador) não sabe o que se passa no interior das outras personagens. C( )O narrador pretende disfarçar sua onisciência, pois usa aspas em dois momentos que demonstra o que Honório pensa. Com esse recurso, o leitor tem a impressão de que ele (o narrador) só sabe o que a personagem pensa naqueles momentos em destaque com as aspas. D( )Desde o primeiro momento, o narrador já sabia de tudo, inclusive do desfecho do conto, que nos revela ser outro o tema abordado, mas fez o leitor crer que o tema do conto girava em torno de “devolver ou não devolver a carteira”. E( )Quando o leitor, durante a primeira leitura do conto (sem conhecer ainda o desfecho), chega no 27° parágrafo, ele é induzido, pelo narrador, a crer que Gustavo “olhou desconfiado para o amigo” porque Honório poderia ter se apropriado do dinheiro. Isso se dá pelo uso da palavra “desconfiado”. F( )É sob o olhar do narrador que o leitor é conduzido pelo texto. O foco narrativo, o ponto de vista do narrador influencia as impressões do leitor a respeito do tema abordado.

ATIVIDADES SOBRE OS PERSONAGENS

1)Assinale a alternativa correta. Quem são os personagens do conto “A carteira”? a)Machado de Assis, Honório e Gustavo. b)Honório, um homem à porta de uma loja, Gustavo C... , D. Amélia, a filha de Honório e de D. Amélia, o credor (que “disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau” – 12° parágrafo), o agiota (que foi lembrado por Honório, “mas [ele – Honório] voltou sem ousar pedir nada” – 12° parágrafo) e pessoas desconhecidas na rua (transeuntes). c)Machado de Assis, Honório, um homem à porta de uma loja, Gustavo C... , D. Amélia, a

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filha de Honório e de D. Amélia, o credor (que “disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau” – 12° parágrafo), o agiota (que foi lembrado por Honório, “mas [ele – Honório] voltou sem ousar pedir nada” – 12° parágrafo) e pessoas desconhecidas na rua (transeuntes). d)Honório, D. Amélia e Gustavo C... .

2)Assinale a alternativa correta. A expressão “pessoas desconhecidas na rua” não aparece no texto. No entanto, há pistas de que há pessoas presentes na rua, como por exemplo: a)“[...] um homem que estava à porta de uma loja [...]” (1° parágrafo) b)“[...] o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau. [...]” (12° parágrafo) c) “[...] Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.” (12° parágrafo) d)“[...]Ninguém viu, ninguém soube; [...]” (15° parágrafo)

3)Associe os personagens abaixo com suas características. Coloque, na

primeira coluna da tabela, o número correspondente à personagem que tem a

característica apresentada (pode repetir as personagens):

( ( ( ( 1111 ))))Honório ( 5 )( 5 )( 5 )( 5 )Um homem à porta de uma loja

( ( ( ( 2222 ))))D. Amélia ( 6( 6( 6( 6 ))))Agiota

( ( ( ( 3333 ))))Gustavo C... ( 7 )( 7 )( 7 )( 7 )Credores

( ( ( ( 4444 ))))A filha de Honório e de D. Amélia

PERSONAGEM

CARACTERÍSTICAS

Nenhuma característica desses personagens é mostrada, mas, provavelmente,

não veem a hora de receber seu pagamento e, devido a um deles, que o pressionou, o protagonista ficou num conflito muito intenso entre devolver ou não a carteira.

Nenhuma característica física dele é apontada. Há menção apenas de sua espontaneidade e simpatia em conversar com os outros, pois ao se referir ao protagonista da história, ele “lhe disse [algo] rindo”. Ele poderia ser o dono do estabelecimento, mas não é dito.

Fingia estar alegre. Não permitia que ninguém soubesse de suas angústias. O único momento relatado em que demonstrou tristeza foi quando verteu lágrimas diante da filha.

Tem trinta e quatro anos de idade. Não há descrição nenhuma dessa personagem. Porém, devido à sua função,

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que é a de emprestar dinheiro e cobrar juros mais altos que o dos bancos, supomos que seja alguém com condição financeira favorável.

Era zombado pelos jornais devido a um processo que perdeu, na função de advogado. Além disso, seus clientes o procuravam por causa de pequenos serviços, que não rendiam o que ele precisava.

Tem 4 anos de idade. Gostava de música alemã. É advogado. Era poupada dos assuntos financeiros. Não sabia o que se passava com o

marido. Personagem que “vivia aborrecida da solidão”. Temia o futuro. Sentiu-se triste pela desconfiança do amigo. Era corno, não sabia e não ficou sabendo. Era bem sucedido em sua carreira profissional, a julgar pela quantia de

dinheiro que havia em sua carteira. Era inescrupuloso, pois frequentava a casa do amigo e tinha um caso com a

esposa dele. Tem quatro anos de idade.

4)Escreva sobre esta colocação: não parece contraditório: a esposa “vivia

aborrecida da solidão” (4° parágrafo), mas o marido estava endividado, dentre outros

motivos, para agradá-la com bailes, jantares, acessórios supérfluos, etc?

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5)Responda: por que aparece somente a primeira letra do sobrenome do Gustavo

C... ? Qual é o efeito do uso desse recurso em nós leitores?

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6)Responda: quem é a personagem protagonista do conto?

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7)Responda: Honório pode ser classificado como personagem plano (simples,

previsível, que não se transforma) ou complexo (imprevisível, também chamado de

personagem redondo, que se transforma no decorrer da história)? Justifique sua

resposta.

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8)Responda: D. Amélia pode ser classificada como personagem plana (simples,

previsível, que não se transforma) ou complexa (imprevisível, também chamada de

personagem redonda, que se transforma no decorrer da história)? Justifique sua

resposta.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9)Responda: Quais personagens podem ser considerados secundários no conto?

___________________________________________________________________

10)Responda: qual personagem pode ser considerada como oponente

(personagem que coloca obstáculos à ação da protagonista; graças ao oponente

temos o conflito; se disputar o mesmo objeto (um tesouro, a pessoa amada –

personagem objeto -, uma ideia) do protagonista, é antagonista)? E esse

personagem oponente é antagonista? Justifique sua resposta.

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11)Responda: há, no conto, algum objeto disputado? Explique.

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12)Descreva os personagens abaixo (reflita, inclusive, sobre seus nomes):

a)Honório: __________________________________________________________

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b)Gustavo C...: ______________________________________________________

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c)D. Amélia: _________________________________________________________

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ATIVIDADES SOBRE O TEMPO

1)Assinale V para verdadeiro e F para falso: A( )O conto “A carteira”, de Machado de Assis, foi escrito na segunda metade do século XIX, momento em que o autor vivia. Esse momento é o tempo externo ao conto, é a época de vivência do autor. Como o conto foi escrito no “momento atual” do autor, de sua época, o tempo histórico retratado no conto é o da sociedade da segunda metade do século XIX. B( )O contexto histórico da época do autor do conto “A carteira”, de Machado de Assis, é o mesmo da época do leitor de hoje. C( )O tempo interno da narrativa é aquele que se localiza dentro da narrativa. D( )Ao compararmos o tempo de leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis, com o tempo que dura a história lida, percebemos que no conto o tempo que Honório leva desde o achado da carteira até a devolução ao dono é maior que o tempo que demoramos para ler o conto. E( )O conto “A carteira”, de Machado de Assis, tem início na cena em que Honório encontra uma carteira e abaixa-se para apanhá-la. Notamos, porém, que antes disso, algo foi suprimido (retirado), como pode ser constatado pelo uso das reticências. Pode-se entender que houve uma ruptura no tempo cronológico do conto, já que algo aconteceu antes dessa cena inicial. F( )O tempo cronológico do conto “A carteira” é interrompido novamente após o terceiro parágrafo, pois o quarto parágrafo tem início com “Para avaliar a oportunidade desta carteira [...]” e, a partir desse trecho, Honório é apresentado, juntamente com a descrição de sua condição profissional e financeira. G( )A retomada do tempo cronológico do conto acontece na metade do décimo segundo parágrafo, no momento em que é dito: “Eram cinco horas da tarde.”

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2)Observe esse trecho do conto “A carteira”, de Machado de Assis e depois

faça o que se pede:

12° parágrafo: A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros.

Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.

Observe, também: no trecho acima (12° parágrafo do conto), os verbos estão destacados e podem ser assim classificados:

VERBOS NO PRESENTE

(causam efeito de presentificação, tornam a cena, os fatos presentes,

próximos)

VERBOS NO PRETÉRITO

PERFEITO

(indicam que a ação acabou de acontecer,

repentinamente, abruptamente e dão,

também, velocidade na sequência dos fatos)

VERBOS NO PRETÉRITO IMPERFEITO

(indicam algo que

acontecia antes de outro fato/evento, com efeito de

continuidade)

VERBOS NO PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO

(indicam um passado anterior ao passado do

pretérito perfeito)

são quer é

demorou cresceu disse voltou viu apanhou meteu foi

punha eram

tinha lembrado (que é igual a havia lembrado e igual a lembrara. Note: sem o acento: não é lembrará, é lembrara)

A)Agora assinale V para verdadeiro e F para falso em relação ao efeito do uso dos verbos no 12° parágrafo: a)( ) A alternância entre os tempos verbais não deveria ter sido feita, pois um mesmo tempo verbal deve ser mantido para que os sentidos fiquem coerentes. b)( ) Os verbos no tempo presente foram utilizados para indicar que o personagem Honório vive um drama pessoal que não tem solução. c)( ) Os verbos no tempo presente foram utilizados em três momentos: o “são” para indicar o horário do “tempo real” de Honório, justamente no momento em que tinha encontrado a carteira no chão; o “quer” para indicar o desejo no “tempo real” de Honório para saldar suas dívidas; o “é” ao aproximar o leitor do momento em que Honório vê a carteira no chão. O uso desse recurso presentifica o tempo da narrativa em relação ao tempo do leitor. Ou seja, o leitor fica com a impressão de que aquilo

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está acontecendo “naquele momento” (tanto no momento do leitor quanto no momento da personagem). d)( ) O fato de Honório ter se lembrado de ir ao um agiota e ter voltado sem pedir nada aconteceu antes das cinco da tarde e antes de ele ter encontrado a carteira no chão. e)( ) O parágrafo destacado contém alternância temporal, que pode ser verificada no uso de verbos em tempos verbais diferentes. Essa alternância provoca o efeito de aproximação ou de distanciamento da personagem (e, por consequência do leitor, que é guiado pelo narrador sob esse foco narrativo) em relação aos fatos ou ações apresentados. Se pensarmos no conflito vivido por Honório em todo o conto, pode-se dizer que esse recurso (de “vai-e-vem” temporal) condiz com o conflito de devolver ou não devolver a carteira. f)( ) Nesse parágrafo acontece o retorno ao início do conto. Isso é visível no trecho “Eram cinco horas da tarde. [...] Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão [...]”.

ATIVIDADES SOBRE O ESPAÇO

1)Complete as lacunas com os termos destacados: (1)espaço físico (2)espaço social (3)espaço psicológico a)O _________________________ é aquele em que os personagens circulam socialmente. No caso do conto “A carteira”, Honório circula socialmente pelos bailes, jantares, no escritório, em sua casa, na rua, por exemplo. b)O _________________________ de Honório acontece a partir do quarto até a metade do décimo segundo parágrafo. Nele descobrimos os dramas vividos pelo protagonista. O narrador, ao interromper a cena em que Honório encontra a carteira, coloca o leitor em contato com a rotina de Honório, com seu modo de se relacionar com as pessoas e com seu conflito interior: saldar as dívidas. c)No conto, há dois _______________________ pelos quais Honório transita em seu “tempo real”: a rua e sua casa. A maior parte do tempo da narrativa se passa no ____________________________ da rua e há preocupação em se destacar que havia uma loja, em nomear os locais: “Rua da Assembléia”, “Largo da Carioca”, “Rua Uruguaiana”, “Largo de S. Francisco de Paula”, um “Café”. O uso de nomes de ruas imprime certa verocidade (torna verdadeiro) aos fatos acontecidos. O leitor “acompanha” Honório em suas andanças, em seu conflito. Enquanto isso, na casa de Honório, outras coisas aconteciam...

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2)Assinale V para verdadeira e F para falso: a)( ) No conto não há descrição física dos espaços porque o destaque está nas relações de Honório com as pessoas. São as ações da personagem e seu conflito interior que estão em evidência. b)( ) Apesar de não haver descrição física dos espaços pelos quais Honório transita, podemos fazer algumas deduções acerca da aparência, por exemplo, de sua casa: ele, provavelmente, mora numa casa com pouco conforto, pois teve que se endividar comprando móveis essenciais para que sua esposa tivesse todo o conforto de uma esposa e dona de casa. c)( ) Apesar de não haver descrição física dos espaços pelos quais Honório transita, podemos fazer algumas deduções acerca da aparência, por exemplo, de sua casa: ele, provavelmente, mora numa casa com muito conforto. As dívidas que contraiu não são por causa de móveis essenciais ou por causa de problemas de saúde de alguém. As dívidas são por causa de gastos para “servir a parentes”, com “baile daqui, jantar dali, chapéus, leques” e carros (que na época eram cocheiras). Para destinar dinheiro com esses gastos, supõe-se que os elementos indispensáveis a uma casa já estão nela. d)( ) O lar de Honório, pelo qual ele se endividou, é o espaço de sua maior ruína. É um espaço violado. Enquanto ele se preocupa com as questões financeiras e com as aparências, sua esposa o trai sem que ele saiba, e tudo acontece sob seu próprio teto. e)( ) No conto, Honório vive um drama interior entre se apropriar ou não do dinheiro alheio. Esse conflito, em particular, é vivido em sua casa.

ATIVIDADES SOBRE O ENREDO

Enredo: sequência de ações que compõem a história. O conto pode ter um,

dois ou mais episódios.

1)Imagine que você tenha que contar o conteúdo do conto “A carteira” a alguém. Aquilo que você diria, na tentativa de seu interlocutor entender o conto, é o enredo. Agora releia o conto e faça isso por escrito. Reconte, com suas palavras, a história (o enredo) do conto (não ultrapasse o número de linhas destinadas para isso): ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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2)Agora responda e justifique: quantas histórias principais aconteciam no conto?

Quais são elas?

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___________________________________________________________________

ATIVIDADE 9

Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem a estrutura da narrativa (situação inicial, conflito,

desenvolvimento, clímax, desfecho).

� Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página

8, para relembrar a estrutura da narrativa e resolva os exercícios propostos.

Releia o conto “A carteira”, mas desta vez, exclua os parágrafos 4 a 12 por

completo. Ou seja, você deve reler o conto desconsiderando as partes que

estão em destaque (ver abaixo). Em seguida, leia somente o que está

destacado.

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AAA CCCAAARRRTTTEEEIIIRRRAAA

...De repente, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:

— Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez. — É verdade, concordou Honório envergonhado. Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de

pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.

— Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da casa.

— Agora vou, mentiu o Honório. A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes

remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais.

D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.

Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.

— Nada, nada. Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as

esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar mal, e a más horas.

A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.

Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, — enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a

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pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo.

Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la.

Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? Era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.

"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," pensou ele.

Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.

A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.

"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado, e a própria D. Amélia

o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa. — Nada. — Nada? — Por quê? — Mete a mão no bolso; não te falta nada? — Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a

achou? — Achei-a eu, disse Honório entregando-lha. Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar

foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas.

— Mas conheceste-a? — Não; achei os teus bilhetes de visita.

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Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor.

Obra de domínio público. Disponível em : < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf > Acesso em: 09 jun. 2013.

EXERCÍCIOS APÓS A RELEITURA DO CONTO

1)Agora, após reler o conto conforme as instruções, responda:

a)É possível entender o conto sem ler as informações que estão em destaque? Por

quê?

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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b)A parte em destaque contém informações que aconteceram antes ou depois do

momento em que Honório achou a carteira?

___________________________________________________________________

c)Podemos dizer que a estrutura da narrativa do conto é linear (começo, meio e

fim)? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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2)Copie os itens abaixo (referentes à estrutura da narrativa) em seus devidos

lugares. Considere isto: a descrição do primeiro item indica qual parte da

estrutura da narrativa? A resposta deve ser copiada no quadrinho que está

vazio, cujo título é “estrutura da narrativa”:

situação inicial conflito desenvolvimento clímax desfecho

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ESTRUTURA DA

NARRATIVA

PARTES DO CONTO

Honório encontra uma carteira na rua.

Honório está diante de Gustavo e de D. Amélia, que estão

preocupados.

Honório devolve a carteira para Gustavo sem ter aberto

os bilhetinhos e, por isso, sem descobrir que era traído.

Honório é advogado, tem uma família e está cheio de

dívidas.

Honório passa a se preocupar em ficar ou não com o

dinheiro que estava na carteira.

3)Depois de preencher o quadro acima, podemos perceber, claramente, que o

conto “A carteira” começa por qual parte? Associe a resposta ao uso das

reticências no início. O que havia naquelas reticências? Qual é o efeito disso

em nós, leitores? Qual é a impressão que temos? Escreva sobre isso.

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___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

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4)Assinale V para verdadeiro e F para falso:

a)( )Para a construção de um conto, por exemplo, é necessário situar os personagens, descrevê-los para, depois disso, apresentar um conflito. Os verbos utilizados para fazer a apresentação dos personagens, normalmente, estão no pretérito imperfeito (viviam, moravam, eram, estavam, trabalhavam, dormiam, etc). Ao observarmos o primeiro parágrafo do conto, temos os seguintes verbos: olhou, foi, viu e eles não estão no pretérito imperfeito. Eles estão no pretérito perfeito. Isso indica que o início do conto não se dá de forma tradicional, não tem início com a apresentação e descrição dos personagens.

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b)( )O conto tem início com o conflito, passa-se à apresentação do personagem Honório e de seus conflitos, retoma-se o achado da carteira e se encaminha para o desfecho.

ATIVIDADE 10

Nova leitura do conto “A carteira”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem o tema.

� Após reler o conto e pensar em sua temática, resolva os exercícios propostos.

1)Responda:

a)Qual é o tema do conto?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

b)Considerando a temática e o ponto de vista assumidos no conto, assinale V

para verdadeiro e F para falso:

1)( ) No conto, Honório precisava muito do dinheiro, mas mesmo assim, ele o

devolveu. A partir disso, depreende-se que a honestidade prevalece mesmo em

momentos de dificuldades extremas.

2)( ) No conto, Honório precisava muito do dinheiro, mas mesmo assim, ele o

devolveu. A partir disso, depreende-se que os princípios éticos sobrepõem-se às

necessidades mais urgentes.

3)( ) Honório preocupava-se em suprir as necessidade materiais da esposa e

em dar jantares, bailes, etc. Enquanto isso, a esposa mantinha um caso de adultério

com outro homem. A partir disso, depreende-se que pessoas como Honório

valorizam as aparências.

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4)( ) Honório preocupava-se em suprir as necessidade materiais da esposa e

em dar jantares, bailes, etc. Enquanto isso, a esposa mantinha um caso de adultério

com outro homem. A partir disso, depreende-se que pessoas como Honório

valorizam a essência.

5)( ) Ao lermos o conto, somos induzidos a crer naquilo que parecia ser o

problema instalado: Honório deveria ou não se apropriar do dinheiro? Quando

chegamos às últimas linhas, somos surpreendidos com um final tipicamente

machadiano: ao leitor é revelado que a história se tratava de outra coisa e, neste

caso, do adultério. Ao mesmo tempo, os personagens que atuam dentro daquela

sociedade aparentam algo e são outro. A partir disso, depreende-se que as

aparências enganam.

6)( ) A carteira encontrada por Honório se opunha à sua real condição financeira:

a carteira estava cheia de dinheiro, enquanto ele não tinha nenhum; a carteira

continha, além do dinheiro de que Honório precisava para saldar uma de suas

dívidas, um bilhete que desmascarava a esposa e o amigo. A partir disso, pode-se

dizer, por exemplo, que, muitas vezes, a verdade está onde menos se espera.

d)Em sua opinião, você acha que Honório fez certo? Por quê?

___________________________________________________________________

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e)Se você fosse Honório, o que teria feito?

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ATIVIDADE 11

Reflexões a partir do conto “A carteira”.

� O conto “A carteira” foi, originalmente, escrito em 1884 e retrata alguns

aspectos que foram elencados abaixo. Discuta cada um deles com os colegas

e utilize os espaços indicados para escrever seu parecer em relação a esses

mesmos aspectos atualmente, cento e trinta anos depois.

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 1)Havia pessoas que se endividavam por causas desnecessárias, como aconteceu com Honório, ao gastar mais do que ganhava com jantares, bailes, coisas materiais para a esposa.

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 2)Havia tentação em se apropriar de coisas encontradas na rua, conforme aconteceu com Honório, que vivenciou isso ao sentir-se tentado a se apropriar do conteúdo da carteira que encontrou. Mas ao mesmo tempo, ele tinha consciência da ilicitude do ato: “não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito” (18° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 3)Havia pessoas que “puxavam assunto” com pessoas desconhecidas, como é o caso daquele homem que estava à porta de uma loja no momento em que Honório apanhou a carteira do chão.

.

51

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 4)Havia preocupação com a aparência financeira, pois Honório cuidava para que os outros pensassem que ele era bem sucedido financeiramente: “Não contava nada a ninguém” (8° parágrafo). .

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 5)Os rendimentos de um advogado dependem do montante reclamado e das vitórias processuais. Se há perdas, o dinheiro se torna escasso e isso aconteceu com Honório: “A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e [...] perdera ultimamente um processo” (7° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 6)Havia exposição negativa dos outros publicamente, pois zombavam de Honório nos jornais, já que “perdera ultimamente um processo” e “andavam mofinas nos jornais” (7° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 7)Havia ausência de diálogo entre casais, pois D. Amélia não sabia de nada: “ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios” (8 parágrafo).

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Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 8)Havia a visita diária de um amigo, que era o Gustavo, pois “ia todas as noites à casa dele [de Honório]” (8° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 9)Havia sentimento paternal, de preocupação com o futuro da filha, demonstrado quando Honório chora diante da filha de quatro anos, “era o medo do futuro e o horror da miséria” (11° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 10)A jovialidade era um fator que interferia nas esperanças de uma evolução na carreira profissional. Isso é demonstrado quando Honório, ao se desesperar pelo futuro incerto, pensava em sua idade (trinta e quatro anos) e constatava que estava no princípio da carreira, enchia-se de esperanças para continuar a luta (11° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 11)Agiotas atuavam emprestando dinheiro e cobrando, de maneira diferenciada em relação aos bancos: “a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo” (12° parágrafo).

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Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 12)Conflito interior decorrente do ato de se apropriar ou não de um objeto alheio, tendo em vista a resolução de uma dificuldade pessoal. Isso aconteceu com Honório, pois andou por várias ruas e “sem saber como, achou-se” em tal lugar e depois em outro. Sua consciência o aconselhava a se apropriar devido “aos apuros da ocasião”, mas, por outro lado, a consciência dizia-lhe para não se apropriar, para levar a carteira à polícia (13° parágrafo).

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 13)O conteúdo da carteira era: muito dinheiro, cartas, bilhetinhos e cartões de visita (14° parágrafo).

Naquela éNaquela éNaquela éNaquela época...poca...poca...poca... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 14)O objeto alheio foi devolvido a seu dono. “Gustavo pegou dela [da carteira] precipitadamente” (27° parágrafo).

54

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 15)O uso de algumas palavras podem estremecer o interlocutor. Por exemplo: Honório devolveu a carteira a Gustavo e, ao ser perguntado se a conheceu, respondeu: “- Não; achei os teus bilhetes de visita.” No texto, antes dessa conversa, quando houve referência aos “bilhetes de visita”, foram chamados de “cartões”. A palavra “bilhetes” indicou, para Gustavo, uma possível descoberta do caso amoroso, pois ao ouvir a palavra “bilhetes”, deve ter pensado que fora descoberto. Mas, em seguida, com o uso da expressão “de visita”, ele, provavelmente, ficou aliviado.

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia... 16)O adultério estava presente “nas melhores famílias”. Honório trabalhava como advogado, mantinha a família e gastava, ainda, com jantares, etc. Naquela época, o adultério era algo muito estarrecedor. A sociedade não perdoava as pessoas que o cometiam, principalmente a mulher adúltera. Mas este aspecto não foi abordado pelo conto, pois a traição foi revelada para o leitor, mas não foi descoberta por Honório.

55

ATIVIDADE 12

Leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis.

� Leia o conto “Um apólogo”, abaixo, silenciosamente.

Ilustração feita pela autora

UM APÓLOGO

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para

fingir que vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um

ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não

tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é

que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que

quem os cose sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao

outro, dou feição aos babados...

56

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo

adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Obra de domínio público. Disponível em: < httphttp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf> Acesso em

09 jun. 2013.

57

UM APÓLOGO

O conto “Um apólogo”, de Machado de Assis foi publicado originalmente no

jornal “Gazeta de Notícias”, em 1885. Depois, esse conto foi novamente

publicado no livro “Várias histórias”(1896), que é uma coletânea de dezesseis

contos publicados naquele mesmo jornal, entre os anos de 1884 e 1891.

Alguns dos contos desse livro tornaram-se clássicos, como “A cartomante”,

“Uns braços”, “Um homem célebre”, “A causa secreta”, “O enfermeiro”, dentre

outros.

ATIVIDADE 13

Observação de aspectos formais do conto “Um apólogo”, de Machado de

Assis.

� Observe a formatação, a disposição gráfica e os sinais de pontuação utilizados no

conto “Um apólogo”, de Machado de Assis, e resolva as questões propostas.

1)Assinale a alternativa correta. Quantos parágrafos há no conto acima? Numere-

os.

a) 5. Porque somente aqueles que não têm travessão podem ser considerados

parágrafos.

b) 22. Porque cada vez que há um adentramento (espaço em branco) no início

considera-se um parágrafo e, para isso, tanto faz se o início tem ou não travessão.

ATIVIDADES COM O CONTO “UM APÓLOGO”, DE MACHADO DE ASSIS

58

c) 17. Porque somente aqueles que têm início com um travessão podem ser

considerados parágrafos.

2)Assinale a alternativa correta: a presença dos travessões no início dos

parágrafos no conto indicam o quê?

a)Indicam que o texto tem somente a presença de um narrador, sem personagens.

b)Indicam que aquilo que estiver em seguida do travessão não pertence diretamente

à história, pois trata-se apenas de uma explicação de algo que foi mencionado.

c)Indicam que há presença das falas de personagens.

3)Há uso de travessões em outros dois momentos no conto e eles não estão no

início dos parágrafos. Observe:

Trecho 1:

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

Trecho 2:

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Agora assinale a alternativa correta: por que será que os travessões foram

utilizados nos trechos acima?

a)No primeiro trecho, o travessão foi utilizado para indicar que em seguida dele

houve uma “intromissão” do narrador; e no segundo trecho, o travessão indica a fala

de um professor de melancolia. Como essa fala não pertence às falas anteriores

(entre a agulha e a linha), ela foi introduzida no comentário do narrador.

b)Nos dois trechos, o travessão foi utilizado de maneira inadequada. No primeiro

trecho, ele deveria ter sido substituído por uma vírgula e no segundo, o travessão

deveria, obrigatoriamente, ter vindo no início do parágrafo.

59

4)Releia o conto e, durante sua leitura, coloque (nas setas destacadas) a letra

A na frente do travessão que inicia a fala da AGULHA, coloque a letra L na

frente do travessão que inicia a fala da LINHA e coloque AF na frente do

travessão que inicia a fala do ALFINETE:

UM APÓLOGO

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir

que vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar

insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem

cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que

os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os

cose sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro,

dou feição aos babados... — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por

você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando... — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo

adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic

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da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Obra de domínio público. Disponível em: < httphttp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf> Acesso em

09 jun. 2013.

5)Assinale a alternativa correta. Após a colocação das letras A, L ou AF, conforme

indicação na questão 1, você percebeu que no último parágrafo também há um

travessão. Por que ele não está no início do parágrafo, como os demais? E de quem

é essa última fala?

a)Esse último travessão não está no início do parágrafo porque se estivesse,

teríamos a impressão de que essa fala pertenceria ao diálogo anterior, entre a

agulha, o novelo de linha e, por fim, ao alfinete. A fala é de um professor de

melancolia que pertence a uma outra história, posterior à história da agulha e da

linha.

b)Esse último travessão deveria estar no início do parágrafo, como os demais, e isso

caracteriza um erro cometido pelo autor do texto. A fala pertence a um professor de

melancolia que assistia à cena em silêncio.

c)Esse último travessão deveria estar no início do parágrafo, como os demais, e isso

caracteriza um erro cometido pelo autor do texto. A fala pertence ao narrador no

momento em que contava a história a um professor de melancolia.

61

ATIVIDADE 14

Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem interpretação/compreensão.

� O conto “Um apólogo” foi dividido em partes para que você releia cada uma delas e

resolva as questões propostas. Observe que, apesar da divisão, às vezes, é necessário

ler novamente a parte anterior àquela que estiver sendo estudada.

PARTE 1

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

UM APÓLOGO

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: — Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que

vale alguma coisa neste mundo? — Deixe-me, senhora. — Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar

insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. — Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem

cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)O conto tem início com “Era uma vez”. O que isso nos lembra? Por que o conto

teria sido iniciado assim?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

62

2)Quem iniciou a conversa? E esse início de conversa tem um tom de amizade, de

tristeza ou de quê? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)No trecho “e falarei sempre que me der na cabeça”, a palavra em destaque

“cabeça”, tem qual sentido? E foi esse o sentido atribuído pela linha no trecho “—

Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça.”

É o mesmo? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

__________________________________________________________________

4)Assinale a alternativa correta. Em relação à agulha e à linha no trecho acima,

pode-se dizer que:

a)ambas demonstraram uma grande amizade.

b)a linha provocou a agulha e a agulha tentou não se afastar das provocações, pois disse “- Deixe-me, senhora.”. No entanto, em seguida, a agulha revidou dizendo “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça.”. E, depois disso, ela tenta se afastar das provocações novamente: “ Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.”

c)a agulha provocou a linha e a linha, aparentemente, tentou se afastar das provocações, pois disse “- Deixe-me, senhora.”. No entanto, mais adiante, a linha revidou dizendo “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça.”. E, depois disso, a linha tenta se afastar das provocações novamente: “ Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.” 5)Assinale V para verdadeiro e F para falso:

a)( ) A linha, mesmo tentando se esquivar das provocações da agulha, o que nos

faria pensar que seria humilde, estava, sim, com um ar toda cheia de si, de

superioridade, o que já nos dá pistas acerca de sua personalidade.

b)( ) A agulha demonstrou-se incomodada com o ar de superioridade da linha e,

por isso, começou com as falas em tom de provocação. Mas, se considerarmos que

a agulha já estava com aquele ar, ela teria iniciado, de fato, as provocações.

63

PARTE 2

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

— Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê? — É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os

cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose

sou eu, e muito eu? — Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou

feição aos babados... — Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você,

que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando... — Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador? — Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante;

vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Por que a agulha disse que a linha era orgulhosa?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

__________________________________________________________________

2)E por que a linha se sente orgulhosa?

___________________________________________________________________

3)Associe as palavras abaixo considerando os sentidos utilizados no texto (observe

as palavras sublinhadas):

a)coso ( )o mais inferior, o mais insignificante b)ama ( )patroa c)feição ( )inferior, secundário, subordinado d)batedores ( )aspecto, feitio e)subalterno ( )costuro f)obscuro ( )soldados ou criados que vão à frente das pessoas da realeza g)ínfimo ( )sombrio, com falta de brilho

64

4)Assinale a alternativa correta. A agulha e a linha estão: a)disputando para ver qual das duas tem mais valor. b)se elogiando mutuamente. c)discutindo sobre o vestido.

5)Assinale a alternativa correta. No trecho “ — Sim, mas que vale isso?”, na fala da agulha, a palavra “isso” está substituindo: a)a discussão. b)a costura feita pela linha, que prende um pedaço de pano ao outro, dando feição aos babados. c)furar o pano. 6)Assinale a alternativa correta. A agulha disse que a linha obedece ao que ela faz e manda. O que permitiu que a agulha chegasse a essa conclusão? a)O fato de ela ter uma função superior à da linha. b)O fato de ela acreditar que abre caminho quando fura o pano, indo à frente e determinando o que a linha tem que fazer. c)O fato de ela acreditar que somente um trabalho em equipe pode ter um bom resultado.

7)Assinale a alternativa correta. O que a linha quis dizer com “- Também os batedores vão adiante do imperador.”? a)A linha quis destacar a posição da agulha, que, em sua opinião, é superior, assim como a função dos batedores em relação à função do imperador. b)A linha quis destacar a posição da agulha, que, em sua opinião, é inferior, assim como a função dos batedores em relação à função do imperador. c)A linha quis destacar a posição da agulha, que, em sua opinião, é de igualdade, assim como a função dos batedores em relação à função do imperador.

8)Assinale a alternativa correta. A agulha, ao perguntar “Você é imperador?” quis: a)menosprezar (diminuir) a condição da linha, pois esse não é o cargo da linha e, em seguida, a própria linha confirmou que não era “imperador”, dizendo: “-Não digo isso.” b)elogiar a condição da linha, pois esse é o cargo da linha, mas ela própria (a linha) negou que fosse imperador. c)saber, de fato, se a agulha tinha essa função.

9)Responda. Em sua opinião, alguém tem razão nessa discussão? Por quê? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

65

PARTE 3

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que

isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Quem “estavam nisto”? E “nisto” o quê? (Leia o trecho anterior – da parte 2 -

também.)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2)No trecho acima, descobrimos que a história se passa onde?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3)No trecho “Não sei se disse que isto se passava [...]” descobrimos que há um “eu”

dizendo isso. Quem é esse “eu”? Ele participa da história? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4)Quem chegou enquanto a linha e a agulha estavam conversando?

___________________________________________________________________

5)O que é ter “a modista ao pé de si para não andar atrás dela”?

___________________________________________________________________

6)No trecho “Uma e outra iam andando orgulhosas”, quem eram “uma” e “outra”?

___________________________________________________________________

66

7)A expressão “galgos de Diana” significa “cães ágeis e velozes de Diana (deusa da

caça na mitologia romana)”. Sabendo disso, quem estava sendo chamado de “ágeis

como os galgos de Diana”?

___________________________________________________________________

8)No trecho acima, como se sentem a agulha e a linha? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

9)O trecho “que era a melhor das sedas” refere-se a quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

PARTE 4

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima. A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)O que a linha dizia “ainda há pouco”? (Leia os trechos anteriores também.)

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2)Por que, na opinião da agulha, a costureira só se importa com ela (com a

agulha)?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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3)Quem provocou o “silêncio na saleta de costura”? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

4)O que é “plic-plic plic-plic”? E por que só se ouvia isso?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5)Em que momento do dia o trabalho com o pano era interrompido? Por quê?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

6)Quanto tempo demorou para o trabalho com o pano ficar pronto? E o que ficou

pronto?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7)No trecho “Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa

como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas.”

a) O termo destacado (“ela”) refere-se a quem? ____________________________

b)Quem estava “silenciosa e ativa como quem sabe o que faz”?_______________

c)E de quem é esse ponto de vista (quem considerou que ela estava “ativa”, “como

quem sabe o que faz” e “não está para ouvir palavras loucas”)?_______________

d)E de quem são as palavras chamadas de “loucas”? _______________________

8)Quem ficou esperando o baile? _______________________________________

PARTE 5

Leia o trecho a seguir e depois faça o que se pede:

68

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se,

levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora agora, diga-me quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico. Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

Obra de domínio público. Disponível em: < httphttp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf> Acesso em

09 jun. 2013.

Agora responda, de acordo com o trecho acima:

1)Que momento, enfim, chegou? ___________________________________________________________________

2)Quem colocou o vestido?

___________________________________________________________________

3)Onde estava a agulha quando o vestido foi posto? Por que estava lá?

___________________________________________________________________

4)Percebemos que o silêncio estabelecido no trecho anterior a este foi “quebrado”.

Quem “quebrou” esse silêncio? Com que intenção?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

5)Associe. Considere os significados e associe a primeira coluna com a segunda.

(A)compunha (B)acolchetando (C)mofar (D)mucamas (E)murmurou

( )prendendo ( )arrumava ( )zombar

( )falou baixo ( )escravas que faziam serviços caseiros

69

Agora responda:

6)Por que a agulha não respondeu nada para a linha?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7)Podemos deduzir que espécie de baile era aquele? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

8)Por que a agulha iria antes para “a caixinha da costureira” e depois “para o balaio

das mucamas”?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

9)A agulha realmente não disse nada em resposta para a linha? Qual é a prova

disso? E o que isso indica?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

10)O alfinete ouviu a conversa entre a agulha e a linha? Comprove sua resposta.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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11)As palavras do alfinete para a agulha foram de conforto? Explique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

12)Quem disse “Contei esta história a um professor de melancolia...”?

___________________________________________________________________

13)Para você, o que é um “professor de melancolia”?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

14)Que gesto o professor estaria fazendo ao abanar a cabeça?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

15)Como pode ser interpretada a última frase do conto?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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ATIVIDADE 15

Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem os elementos da narrativa (narrador, personagem,

tempo, espaço, enredo).

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� Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página

8, para relembrar os elementos da narrativa e resolva os exercícios propostos.

ATIVIDADES SOBRE O NARRADOR

Os trechos abaixo servem para observar a presença do narrador no conto. Depois

de observá-los, resolva os exercícios propostos (considerando, também, o texto

completo, assim como as teorias sobre narrador no início deste material):

1° parágrafo:

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: 16° parágrafo: Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que

isto se passava em casa de uma baronesa [...] 18° parágrafo: [...] E quando compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro,

arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

20° parágrafo:

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

22° parágrafo:

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

1)Assinale V para verdadeiro e F para falso:

a)( )O narrador se apresenta, na maior parte do texto, em terceira pessoa,

mas em dois momentos ele se revela em primeira pessoa. Para comprovar isto,

basta observar o 16° e o 22° parágrafos, respectivamente: “Não sei se [eu] disse...”

e “[eu] Contei esta história a um professor de melancolia que me disse...”

72

b)( )O narrador em terceira pessoa cria, para o leitor, a impressão de um

distanciamento dos fatos. Essa distância também é verificada no início do texto, com

a expressão “Era uma vez...”.

c)( )O distanciamento produzido pelo narrador em terceira pessoa é bastante

reduzido quando os personagens falam. Neste momento, o leitor “vê” os

personagens conversando.

d)( )O narrador do conto “Um apólogo” não emite opinião.

e)( )No conto, o narrador tem onisciência neutra, pois sabe de tudo o que se

passa com os personagens, mas cria a ilusão de que não sabe e de que interfere.

Ele adjetiva os personagens, e isso conduz o julgamento do leitor.

ATIVIDADES SOBRE OS PERSONAGENS

1)Assinale a alternativa correta: quem são os personagens do conto “Um

apólogo”?

a)A agulha, a linha, a costureira, a baronesa, o narrador (em primeira pessoa,

quando conta a história ao professor de melancolia), o alfinete e o professor de

melancolia.

b)A agulha, a linha e o alfinete.

c)A agulha, a linha, a costureira, o balaio das mucamas, a baronesa, o narrador

(quando conta a história ao professor de melancolia) e o professor de melancolia.

2)Assinale a alternativa correta. Como é a relação entre a agulha e a linha?

a)A relação entre eles é pacífica, de solidariedade, de harmonia.

b)A relação entre elas não pode ser determinada, pois não houve menção da

relação no texto.

c)A relação entre elas é de inveja, de competição, de provocação.

3)Assinale a alternativa correta. Quem iniciou a conversa e com que propósito?

a)Quem iniciou a conversa foi a agulha, dizendo “— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” para mostrar à linha que ela (a agulha) é orgulhosa, que se sente cheia de si,

73

fingindo que vale alguma coisa, conforme pode ser constatado nos itens que estão em negrito. b)Quem iniciou a conversa foi a agulha, dizendo “— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” para provocar a linha, conforme pode ser constatado nos itens que estão em negrito. c)Quem iniciou a conversa foi a linha, dizendo “— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” para provocar a agulha, conforme pode ser constatado nos itens que estão em negrito. 4)Assinale a alternativa correta. Em relação ao trecho “— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...” (15° parágrafo), podemos dizer que: a)A fala é da agulha e, segundo ela, aquele que “abre caminho” é valorizado, não é desprezado como aqueles que fazem papel subalterno (inferior). b)A fala é da linha e, segundo ela, aquele que “abre caminho”, que é o caso da agulha, faz um papel subalterno (inferior). 5)Assinale V para verdadeiro e F para falso: a)( ) A agulha provocou a linha e ambas trocaram palavras ásperas, até que a linha ficou em silêncio, parecendo ter ficado sem resposta. No entanto, quando a linha desfez esse silêncio, conseguiu, realmente, calar a agulha. b)( ) A baronesa é alguém que pertence à elite, à nobreza, tem recursos financeiros para ter uma “modista ao pé de si”, encomendou um vestido novo, feito de seda e ia a um baile. c)( ) O alfinete participou do conto e ao observarmos sua fala, percebemos que ele se beneficiou do sofrimento da agulha. 6)Responda. O título do conto é “Um apólogo”. De acordo com dicionários, “apólogo” significa: determinado tipo de narrativa em que seres inanimados falam. Existem, ainda, as fábulas e nelas os animais é que falam. Sabendo disso, quais são os personagens do conto que falam e que pertencem à configuração de um apólogo? ___________________________________________________________________

74

7)Associe. Consulte as páginas iniciais deste material sobre os personagens (dentro de “elementos da narrativa”) e associe:

(1)protagonista (5)personagens (2)antagonista (6)personagens simples (3)oponente (7)personagens complexas (4)adjuvante

São construídas por palavras, referem-se a pessoas no plano ficcional, recebem predicações físicas (alto), psicológicas (corajoso), sociais (operário).

É a personagem secundária e coloca obstáculos à ação da personagem principal; graças a ela temos o conflito; se disputar o mesmo objeto (um tesouro, a pessoa amada – personagem objeto -, uma ideia) da personagem principal, é antagonista e se todos os predicados da antagonista forem éticos negativos, é chamada de vilão.

São previsíveis, estáticas, não se transformam, também chamadas de planas, construídas de forma mais rápida e direta.

Auxilia a protagonista na busca do objeto, opondo-se à personagem oponente e pode mudar de função – para oponente). O termo “co-adjuvante” é utilizado para a personagem adjuvante no cinema, no teatro, na telenovela, mas na literatura o termo é “adjuvante”.

É a personagem que disputa algo com o protagonista. São imprevisíveis, também chamadas de redondas, construídas de

forma gradual, ambígua, se transformam e figuram entre as personagens centrais da história.

É a função da personagem central; se forem duas personagens centrais, uma será maior e a outra, menor; se tiver predicados éticos positivos é herói, caso contrário, é anti-herói, se a predicação for ambígua, é uma personagem principal problemática.

8)Assinale V para verdadeiro e F para falso. Para isso, considere o exercício

anterior (a atividade “7”):

a)( ) A agulha e a linha são protagonistas.

b)( ) A linha é a protagonista maior e a agulha é a protagonista menor.

c)( ) As protagonistas do conto disputam a ida ao baile.

d)( ) A agulha pode ser considerada adjuvante.

e)( ) A linha é uma personagem complexa.

f)( ) A costureira e a baronesa são protagonistas.

g)( ) A agulha e a linha são personagens simples.

75

ATIVIDADES SOBRE O TEMPO

1)Observe alguns parágrafos do conto “Um apólogo” e as palavras que estão

sublinhadas:

1° Parágrafo:

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: 2° ao 15° parágrafos: Diálogo entre a agulha e a linha. 16° Parágrafo: Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que

isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: a)Agora, assinale a alternativa correta: as palavras sublinhadas nos trechos acima, morfologicamente, são classificadas como? ( )substantivos ( )adjetivos ( )verbos b)Assinale a alternativa correta. Qual é o tempo das palavras sublinhadas? ( ) “era” e “estavam” estão no pretérito imperfeito e indicam que algo acontecia, demonstrando um distanciamento do leitor em relação ao que é narrado; e “chegou” está no pretérito perfeito, indicando uma proximidade do leitor com o que acontece. ( ) “era” e “estavam” estão no pretérito perfeito e indicam que algo acontecia, demonstrando um distanciamento do leitor em relação ao que é narrado; e “chegou” está no pretérito imperfeito, indicando uma proximidade do leitor com o que acontece. 2)Responda. Quanto tempo durou a conversa entre a agulha e a linha? Justifique com elementos do texto. Esse tempo é o mesmo que o leitor demora para ler o texto? Explique. ___________________________________________________________________

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3)Responda. O conto “Um apólogo” apresenta tempo cronológico ou psicológico? Explique. ___________________________________________________________________

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ATIVIDADES SOBRE O ESPAÇO

1)Responda. Qual é o espaço físico da história (onde ela se passa)? Isso é revelado já no início do conto? Explique. Qual é o efeito de sentido disso? ___________________________________________________________________

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2)Assinale V para verdadeiro e F para falso: a)( )No conto há espaço psicológico, uma vez que as atmosferas interiores dos personagens são exploradas. b)( )No conto, apesar de não chegarmos a “ver” o baile acontecendo, podemos dizer algo sobre ele: a baronesa estaria presente com um vestido de seda novo, haveria outras pessoas socialmente ilustres, como ministros e diplomatas. Estas são pistas da existência de um espaço social em que pessoas da alta sociedade se encontrariam.

ATIVIDADES SOBRE O ENREDO

Enredo: sequência de ações que compõem a história. O conto pode ter um, dois

ou mais episódios.

1)Imagine que você tenha que contar o conteúdo do conto “Um apólogo” a alguém.

Aquilo que você diria, na tentativa de seu interlocutor entender o conto, é o enredo.

Agora releia o conto e faça isso por escrito. Reconte, com suas palavras, a história

(o enredo) do conto (não ultrapasse o número de linhas destinadas para isso):

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ATIVIDADE 16

Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem a estrutura da narrativa (situação inicial, conflito,

desenvolvimento, clímax, desfecho).

� Consulte a parte “Características dos contos” deste material, que tem início na página

8, para relembrar a estrutura da narrativa e resolva os exercícios propostos.

2)Considerando a estrutura da narrativa, complete o quadro a seguir com

informações do conto “Um apólogo”:

ESTRUTURA DA

NARRATIVA

PARTES DO CONTO

SITUAÇÃO INICIAL

CONFLITO

DESENVOLVIMENTO

CLÍMAX

DESFECHO

79

4)Assinale V para verdadeiro e F para falso:

a)( )Para a construção de um conto de forma tradicional, por exemplo, é necessário situar os personagens, descrevê-los para, depois disso, apresentar um conflito. Os verbos utilizados para fazer a apresentação dos personagens, normalmente, estão no pretérito imperfeito (viviam, moravam, eram, estavam, trabalhavam, dormiam, etc). Ao observarmos o primeiro parágrafo do conto, temos o seguinte verbo: era e ele está no pretérito imperfeito, o que confirma o início de forma tradicional.

b)( )O conto tem início com a apresentação das personagens: a agulha e a linha, com a possibilidade de o próprio leitor extrair características de ambas pelo que falam uma à outra no diálogo que travam a partir do 2° até o 15° parágrafos. Em seguida, há uma interrupção feita pelo narrador para apresentar o local em que se passa a história e esse momento coincide, justamente, com os quatro dias que leva a costureira para preparar o vestido da baronesa. Após esse período, a agulha e a linha travam um novo diálogo, em que uma se sobrepõe à outra de forma categórica e final, encaminhando-se para o desfecho.

ATIVIDADE 17

Nova leitura do conto “Um apólogo”, de Machado de Assis e resolução de

exercícios que envolvem o tema.

� Após reler o conto e pensar em sua temática, resolva os exercícios propostos.

1)Assinale V para verdadeiro e F para falso:

a)( )Aquele que trabalha à frente (como é o caso da agulha e o do professor de

melancolia) abre caminho para os outros e, por isso, merece ser recompensado. No

entanto, isso não aconteceu no conto, já que o trabalho do outro não é valorizado.

b)( )Há prevalência de sentimentos egoístas: cada um só se preocupa consigo

mesmo. Ninguém se contenta com a alegria do outro, não valoriza o outro.

c)( )Há demonstração clara de muita solidariedade no conto, pois o trabalho em

conjunto da agulha, da linha e da costureira foram fundamentais para a produção do

vestido.

80

d)( )O ambiente de trabalho é prejudicado quando há relação de

superioridade/inferioridade entre os integrantes e isso é percebido entre a agulha e a

linha.

e)( )Mesmo em ambiente de trabalho, é possível a manifestação de amizade e

de companheirismo. É isso o que aconteceu no conto.

f)( )A falta de sentimento coletivo resulta em disputa. Isso é evidenciado no

conto.

g)( )No conto, o trabalho em equipe não é reconhecido, pois cada um quer ter o

reconhecimento por aquilo que faz individualmente.

h)( ) A alegria do outro é motivo de inveja: a linha tinha um ar de superioridade e,

portanto, de satisfação, de orgulho. A agulha, por sua vez, viu isso e a provocou,

tentando menosprezá-la, tentando tirar-lhe esse ar, tentando convencê-la de que ela

(a agulha) era “a” mais importante, “a” mais necessária.

i)( ) O individualismo é o tema central do conto.

2)Assinale a frase proverbial que se associa com o conto e explique-a

(associando-a ao conto):

a)( )Quem ri por último ri melhor.

b)( )Mais vale um pássaro na mão que dois voando.

c)( )Deus ajuda a quem cedo madruga.

d)( )Um por todos e todos por um.

Utilize o espaço abaixo para sua explicação:

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3)Leia o texto abaixo e faça comentários sobre ele:

A agulha, a linha e o alfinete são necessários para a confecção de roupas, cada um em determinado momento, mas isso não é motivo de alegria no conto. Muito pelo contrário, isso é motivo de disputa, para ver quem “vence”. Já que o baile é o “prêmio”, então quem venceu foi a linha. A hierarquia existe a começar pelos ministros, diplomatas, passando pela baronesa, pela costureira, pela linha, pela agulha, pelo alfinete e pelas mucamas. O professor pertence a outra dimensão da história e se identifica com a agulha.

81

Utilize este espaço para escrever sobre o trecho acima:

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d)Em sua opinião, quem “venceu”, de fato, a discussão: a agulha ou a linha?

Por quê?

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e)Se você fosse o alfinete, o que teria dito?

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f)Se pensarmos que a agulha, a linha e o alfinete representam seres humanos

e que suas atitudes também são de seres humanos, em que situação (ou

situações) poderíamos “ver” pessoas com as mesmas atitudes que eles?

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ATIVIDADE 18

Reflexões a partir do conto “Um apólogo”.

� O conto “Um apólogo” foi, originalmente, escrito em 1885 e retrata alguns

aspectos sociais e ideológicos da época. Encontre tantos quantos puder,

discuta-os com seus colegas e escreva-os na coluna intitulada “Naquela

época...”. Em seguida, faça comparações anotando-as na coluna “Hoje em

dia...”.

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

83

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

Naquela época...Naquela época...Naquela época...Naquela época... Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...Hoje em dia...

84

ATIVIDADE 19

Produção escrita de um conto.

� Você se lembra que lá no início de nosso trabalho com contos você leu vários

deles, expôs oralmente aquele que você escolheu e também chegou a

produzir um? Agora que você já foi exposto a algumas teorias e observou

algumas características próprias do gênero textual conto, você, certamente,

será capaz de produzir um conto. Bom trabalho!

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CRONOGRAMA

Observação: As datas abaixo são hipotéticas, visto que a elaboração do horário das

turmas ocorrerá somente em 2014. Foi considerado o número de três aulas de

Língua Portuguesa por semana, para primeiro ano do Ensino Médio. O início foi

previsto para março, com aulas às segundas, terças e quartas-feiras.

.DATAS ATIVIDADES N° DE

AULAS

03/03/2014 APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO

1

04/03/2014

05/03/2014

10/03/2014

11/03/2014

ATIVIDADE 1

- visita à biblioteca escolar;

- escolha de um livro de contos;

- leitura dos contos;

- contação oral de um conto para a sala.

4

12/03/2014 ATIVIDADE 2

- primeira produção escrita de um conto.

1

17/03/2014

18/03/2014

24/03/2014

ATIVIDADE 3

- teoria sobre a estrutura e os elementos de uma

narrativa.

3

25/03/2014 ATIVIDADE 4

- surgimento do conto no Brasil;

- a importância de Machado de Assis e breve biografia.

1

26/03/2014 ATIVIDADE 5

- leitura do conto “A carteira”

1

01/04/2014

ATIVIDADE 6

- exercícios com aspectos formais do texto.

1

02/04/2014

07/04/2014

08/04/2014

09/04/2014

ATIVIDADE 7

- exploração de compreensão/interpretação do texto.

4

14/04/2014

15/04/2014

16/04/2014

ATIVIDADE 8

- exploração dos elementos da narrativa do texto.

3

87

22/04/2014 ATIVIDADE 9

- exploração da estrutura da narrativa do conto “A

carteira”

1

23/04/2014 ATIVIDADE 10

- exploração do tema.

1

28/04/2014

29/04/2014

ATIVIDADE 11

- reflexões a partir do conto “A carteira”.

2

30/04/2014

ATIVIDADE 12

- leitura do conto “Um apólogo”.

ATIVIDADE 13

- exploração de aspectos formais do texto.

1

05/05/2014

06/05/2014

07/05/2014

ATIVIDADE 14

- exploração de compreensão/interpretação do texto.

3

12/05/2014

13/05/2014

14/05/2014

ATIVIDADE 15

- exploração dos elementos da narrativa.

3

19/05/2014

ATIVIDADE 16

- exploração da estrutura da narrativa.

1

20/05/2014

21/05/2014

ATIVIDADE 17

- reflexões a partir do conto “Um apólogo”

- exploração do tema.

2

26/05/2014 ATIVIDADE 18

- exploração do tema

1

27/05/2014

28/05/2014

ATIVIDADE 19

- produção escrita de um conto.

2

TOTAL DE AULAS A SEREM UTILIZADAS ............................................... 36

88

REFERÊNCIAS

ABDALA JUNIOR, Benjamin. Introdução à análise da narrativa. São Paulo: Editora Scipione, 1995. CANTO, Tafnes do. Um olhar sobre o século XIX brasileiro: a família patriarcal em Iaiá Garcia de Machado de Assis. In: Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. Vol. 2, número 3, jul. de 2010. ISSN: 2175-3423. Disponível em: < http://www.rbhcs.com/index_arquivos/Artigo.%20Um%20olhar%20sobre%20o%20s%C3%A9culo%20XIX%20brasileiro.pdf >. Acesso em: 19 ago. 2013. CORACINI, Maria José Rodrigues Faria. Leitura: decodificação, processo discursivo...? In: ______ (Org.). O jogo discursivo na aula de leitura: língua materna e língua estrangeira. Campinas: Pontes, 1995, p.13-20. MACHADO DE ASSIS. 1 figura. Disponível em: < http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=486&evento=9 >. Acesso em: 18 ago. 2013. ______. A carteira. Obra de domínio público. Disponível em: < Obra de domínio público. Disponível em : < http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000169.pdf >. Acesso em: 09 jun. 2013. ______. Um apólogo. Obra de domínio público. Disponível em: < httphttp://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000269.pdf >. Acesso em: 09 jun. 2013. MAQUERA, Angelita Cristina; JOANILHO, André Luiz. O anarquismo aos olhos dos outros: o movimento operário na grande imprensa do séc. XX. In: Anais do VIII Seminário de Pesquisa em Ciências Humanas - SEPECH (Organizado por Raquel Kritsch e Mirian Donat). ISSN 2177-8647. Londrina : Eduel, 2010. Disponível em: < http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/o_anarquismo_aos_olhos_dos_outros_o_movimento_operario_na_grande_imprensa_do_sec_xx.pdf >. Acesso em: 19 ago. 2013. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, A.P.: MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.) Gêneros Textuais & Ensino. 4.ed. Lucerna: Rio de Janeiro, 2005. (Texto disponibilizado no Grupo de Trabalho em Rede – GTR – 2010. Disponível em: < https://docs.google.com/document/d/17cbXWRRdpeFQGSn9yKu-

89

80VRkvVnvSd32jjBjV4EpIk/edit?hl=en&pli=1 >. Acesso em: 19 abr. 2013. ORLANDI, E. Pulcinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez. Campinas: Ed. da Unicamp, 1993. PARRINE, Raquel. Aspectos de teoria do conto em Machado de Assis. In: Revista Eutomia (Revista Online de Literatura e Linguística). Ano II, n° 01, ISSN 1982-6850, jul. 2009, p. 472-484. Disponível em: < http://www.revistaeutomia.com.br/volumes/Ano2-Volume1/literatura-artigos/Aspectos-de-Teoria-do-Conto-em-Machado-de-Assis_Raquel-Parrini.pdf >. Acesso em: 21 mai. 2013. SCHNEUWLY, Bernard. ; DOLZ, Joaquim. (1997) Os gêneros escolares – Das práticas aos objetos escolares. Tradução de Glaís Sales Cordeiro, 1997, p. 01-15. SCHNEUWLY, Bernard. ; NOVERRAZ, Michele; DOLZ, Joaquim. Seqüências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128 (cap.4).