inversor monofÁsico conectado À rede elÉtrica · primeiramente é realizado um breve estudo do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PIETRO DI BERNARDO NETO INVERSOR MONOFÁSICO CONECTADO À REDE ELÉTRICA CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PIETRO DI BERNARDO NETO

INVERSOR MONOFÁSICO CONECTADO À REDE ELÉTRICA

CURITIBA

2016

PIETRO DI BERNARDO NETO

INVERSOR MONOFÁSICO CONECTADO À REDE ELÉTRICA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para conclusão do Curso de Engenharia Elétrica, do Departamento de Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia, da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr João Américo Vilela Junior.

CURITIBA

2016

TERMO DE APROVAÇÃO

PIETRO DI BERNARDO NETO

INVERSOR MONOFÁSICO CONECTADO À REDE ELÉTRICA

Trabalho aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de graduação,

pelo Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Paraná, pela

seguinte banca examinadora:

__________________________________

Prof. Dr. João Américo Vilela Junior

Universidade Federal do Paraná

Prof. Orientador

___________________________________

Prof. Dr. Eduardo Gonçalves de Lima

Universidade Federal do Paraná

___________________________________

Prof. Dra. Juliana Luísa Müller Iamamura

Universidade Federal do Paraná

Curitiba, 06 de julho de 2016.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pois Ele quem me deu a oportunidade de cursar

Engenharia Elétrica e toda a força e sabedoria necessária para chegar até aqui.

Ao meu orientador, Prof. Dr. João Américo por todos os conselhos, auxilio

e motivação para realização deste trabalho.

E finalmente à minha família e a minha esposa Tamires Julie de Miranda

Di Bernardo, que sempre me apoiaram e incentivaram a buscar fazer o meu melhor.

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso apresenta o projeto de um inversor

monofásico controlado digitalmente por um microcontrolador ARM, utilizando-se de

modulação PWM a três níveis. Neste trabalho serão descritas as etapas de projeto

de um circuito de aquisição e controle para um módulo trifásico de IGBTs, para

operação com inversor monofásico conectado a rede elétrica, capaz de injetar

potência ativa na rede elétrica de até 1,5 KVA.

Primeiramente é realizado um breve estudo do funcionamento básico de

um inversor em ponte completa. Em seguida, é apresentada a técnica de modulação

PWM a três níveis. Posteriormente, são apresentadas as etapas do projeto físico do

inversor, detalhando os cálculos para dimensionamento dos elementos presentes no

projeto.

Na sequência, é apresentado o desenvolvimento dos controles digitais

necessários, bem como o código em C para o microcontrolador. Por fim, são

mostrados os testes e resultados obtidos.

Palavras chaves: Inversor monofásico. Modulação PWM. Controle digital.

ABSTRACT

This undagraduation final project presents the design of a digitally

controlled single-phase inverter programed in a ARM microcontroler using a three

level PWM modulation. In this document we will describe the design stages of an

acquisition and control circuit for a three-phase IGBT module for operation with

single-phase inverter connected to the grid, able to inject active power into the grid

up to 1.5 kVA.

First we conducted a brief study of the basic operation of a full bridge

inverter. Then the three level PWM modulation technique is presented. Then the

steps of the inverter physical design are presented, reporting the calculations for the

elements of this project.

Subsequently, the digital control design is presented as well the C code for

the microcontroller. Finally, tests and obtained results are shown.

Key words: single-phase inverter. PWM modulation. digital control.

INDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Relação entre consumo de energia proveniente de autogeração e

consumo na rede. ...................................................................................................... 10

Figura 2 - Diagrama de blocos de um inversor trifásico. ........................................... 12

Figura 3 - Circuito básico do inversor de tensão em ponte completa, VSI-FB. ......... 13

Figura 4 - Interruptor (transistor) com diodo de proteção. ......................................... 14

Figura 5 - (a) Modulação a dois níveis e (b) Modulação a três níveis. ...................... 15

Figura 6 – Modulação SPWM a três níveis. Formas de onda: Vt – Senoides

defasadas em 180° comparadas com onda triangular. S3 – Resultado da

comparação entre a onda triangular e senoide fase 0º, sinal de comando das chaves

S3 e S2 (Figura 2). S1 – Resultado da comparação entre a onda triangular e senoide

fase 180º, sinal de comando das chaves S1 e S4 (Figura 2). ................................... 16

Figura 7 - Forma de onda da corrente de saída ........................................................ 17

Figura 8 - Blocos de controle..................................................................................... 18

Figura 9 - Blocos de controle da malha de corrente. ................................................. 19

Figura 10 - Blocos de controle da malha de tensão .................................................. 20

Figura 11 - Esquemático do circuito de potência do inversor monofásico. ................ 21

Figura 12 - Variação do ripple de corrente durante um período completo da senoide

de referência. ............................................................................................................ 23

Figura 13 - Representação do efeito pelicular. .......................................................... 24

Figura 14 - Ligação dos indutores no projeto. ........................................................... 24

Figura 15 - Dimensões do núcleo do indutor fornecido para o projeto. ..................... 25

Figura 16 - Banco de capacitores. ............................................................................. 26

Figura 17 - IGBT LWH400G1207. ............................................................................. 27

Figura 18 - Circuito de potência com blocos referentes aos circuitos auxiliares. ...... 27

Figura 19 - Bloco do sensor de tensão de corrente. .................................................. 28

Figura 20 - Circuito Integrado 6n139 ......................................................................... 28

Figura 21 - Circuito de aquisição e condicionamento do sensor de tensão CC. ....... 29

Figura 22 - Circuito de aquisição e tratamento do sinal de corrente. ........................ 30

Figura 23 - Circuito de aquisição da tensão da rede elétrica. ................................... 31

Figura 24 - Equipamentos de proteção. .................................................................... 32

Figura 25 - Blocos da malha de corrente. ................................................................. 33

Figura 26 - Diagrama de Bode da FTMA de corrente. .............................................. 34

Figura 27 - Diagrama de Bode da FTMA de corrente com o compensador projetado.

.................................................................................................................................. 36

Figura 28 - Resultado da simulação do sistema controlado. ..................................... 36

Figura 29 - Blocos da malha de tensão. .................................................................... 37

Figura 30 - Diagrama de Bode da FTMA de tensão. ................................................. 38

Figura 31 - Diagrama de Bode da FTMA de corrente com o compensador projetado.

.................................................................................................................................. 40

Figura 32 - Resultado da simulação do sistema controlado. ..................................... 41

Figura 33 - Diagrama de pinos de entrada e saída. .................................................. 42

Figura 34 - Diagrama de blocos do módulo PWM do microcontrolador

TM4C123gh6pm ........................................................................................................ 43

Figura 35 - Layout da placa de circuito impresso. ..................................................... 46

Figura 36 - Placas de circuito impresso e relay de estado sólido. ............................. 46

Figura 37 - Layout da placa de sensores de corrente. .............................................. 47

Figura 38 - Protótipo final. ......................................................................................... 47

Figura 39 - Diagrama de conexões do teste isolado. ................................................ 48

Figura 40 – Formas de onda do indutor operando isolado da rede elétrica. Em azul a

corrente injetada, em amarelo o sinal de referência. ................................................. 48

Figura 41 - Diagrama de ligações dos equipamentos para teste do inversor. ........... 49

Figura 42 - Formas de onda obtidas no teste de baixa tensão. Em azul a corrente

injetada na rede, em amarelo a rede de baixa tensão. ............................................. 50

Figura 43 - Formas de onda obtidas no teste de média tensão. Em azul a corrente

injetada na rede, em amarelo a rede elétrica simulada. ............................................ 50

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sinais de comutação. .................................. Erro! Indicador não definido.

Tabela 2 - Especificações do módulo inversor. ............ Erro! Indicador não definido.

Tabela 3 - Especificações de operação com limitações do projeto ..... Erro! Indicador

não definido.

LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

ADC - Conversor analógico para digital

Ap - Área de penetração da corrente

CA - Corrente Alternada

CC - Corrente Contínua

𝐶𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 - Compensador de Corrente

𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑏𝑎𝑟𝑟 - Variável de saída do compensador de tensão

𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜 - Variável de saída do compensador de corrente

𝐶𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 - Compensador de tensão

∆𝐼𝑚𝑎𝑥 - Valor máximo da função do ripple de corrente

∆𝐼𝑚𝑎𝑥 - Valor máximo do ripple de corrente em ampére

𝜀𝑖 - Erro de corrente

𝜀𝑣 - Erro de tensão

𝑓𝑐 - Frequência de cruzamento

𝑓𝑐𝑜 - Frequência de corte

𝑓𝑜𝑝 - Frequência de operação

𝑓𝑝 - Frequência do polo

𝑓𝑝𝑐 - Frequência do polo compensada

𝐹𝑇𝑀𝐴 - Função de transferência em malha aberta

𝐹𝑇𝑀𝐹 - Função de transferência em malha fechada

𝑓𝑧 - Frequência do zero

𝑓𝑧𝑐 - Frequência do zero compensada

𝐺𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜 - Função de transferência do circuito de aquisição da

corrente

𝐺𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 - Função de transferência do inversor para corrente

𝐺𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜_𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑙 - Função de transferência do filtro digital

𝐺𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 - Função de transferência do inversor para tensão

𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑖 - Função de transferência da malha de corrente

𝐺𝑣𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 - Função de transferência da malha de tensão

𝐻𝑖 - Ganho de realimentação da malha de corrente

𝐻𝑣 - Ganho de realimentação da malha de tensão

𝐼𝑒𝑟𝑟𝑜 - Variável digital do erro de corrente

IGBT - ‘Insulated Gate Bipolar Transistor’, Transistor Bipolar de

Porta Isolada.

Iref - Sinal de referência

𝐼𝑟𝑒𝑓_𝑝𝑖𝑐𝑜 - Ganho digital que define a máxima corrente de saída do

inversor

𝐽 - Densidade de corrente

𝐾𝑎𝑑 - Ganho do conversor analógico digital

𝑘𝑐 - Ganho do compensador

𝐾𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜𝐶𝐴 - Ganho do circuito de aquisição do sinal de referência CA

𝐾ℎ𝑎𝑙𝑙 - Ganho do sensor de corrente

𝐾𝑝𝑤𝑚 - Ganho do PWM

𝐾𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 - Ganho do sensor de tensão CC

𝐾𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜𝐶𝐴 - Ganho total do sinal de referência

𝐾𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟𝐶𝐴 - Ganho do sensor do sinal de referência CA

𝐿𝑓 - Indutor de acoplamento

𝑙𝑔 - Comprimento do entreferro

MF - Margem de Fase

𝑀𝑖 - Índice de modulação

MOSFET - ‘Metal-Oxide Semiconductor Field-Effetc Transistor’,

Metal-Óxido Semicondutor Transistor de Efeito de Campo

PLL - ‘Phase-locked loops’, Elo Travado em Fase, multiplicador

de frequência

PWM - ‘Pulse Width Modulation’, modulação por largura de pulso

SPWM - ‘Sinusoidal Pulse Width Modulation’, modulação senoidal

por largura de pulso

𝑉_𝑏𝑎𝑟𝑟 - Tensão do Barramento CC

𝑉_𝑟𝑒𝑑𝑒_𝑝𝑖𝑐𝑜 - Tensão de pico da rede elétrica

Vab - Tensão nos terminais de saída do inversor

Vcc - Tensão de alimentação do barramento CC

𝑉𝑒𝑟𝑟𝑜 - Variável digital do erro de tensão

Vref - Valor de referência do controle de tensão

Vsin - Sinal senoidal de referência

wz - Frequência angular do zero

µ0 - Permeabilidade magnética do ar

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9

1.1. CONTEXTO....................................................................................................... 9

1.2. JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO TEMA .................................................. 9

1.3. OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 11

1.4. OBJETIVO ESPECÍFICO ................................................................................ 11

2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA ........... 12

2.1. O INVERSOR DE FREQUÊNCIA EM PONTE COMPLETA .......................... 12

2.2. MODULAÇÃO ................................................................................................. 15

2.3. ESTRATÉGIA DE CONTROLE ....................................................................... 17

2.3.1. Malha de Corrente........................................................................................ 18

2.3.2. Malha de Tensão ......................................................................................... 19

3. PROJETO DOS CIRCUITOS ............................................................................. 21

3.1. INDUTOR ........................................................................................................ 22

3.2. CAPACITOR .................................................................................................... 26

3.3. IGBT ................................................................................................................ 26

3.4. CIRCUITOS AUXILIARES ............................................................................... 27

3.4.1. Circuito de aquisição da tensão de barramento ........................................... 28

3.4.2. Circuito de aquisição e tratamento da corrente. ........................................... 29

3.4.3. Circuito de aquisição da rede. ......................................................................... 31

3.4.4. Equipamentos de proteção .......................................................................... 31

3.4.5. Fonte de alimentação ................................................................................... 32

3.4.6. Microcontrolador .......................................................................................... 32

4. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE ......................................................... 32

4.1. CONTROLE DA MALHA DE CORRENTE ...................................................... 33

4.2. CONTROLE DA MALHA DE TENSÃO ............................................................ 37

4.3. PROGAMAÇÃO DO MICROCONTROLADOR ............................................... 41

4.3.1. ConFiguração dos dispositivos .................................................................... 41

4.3.1.1. Frequência de operação ........................................................................... 42

4.3.1.2. Saídas analógicas ..................................................................................... 42

4.3.1.3. Leituras Analógicas ................................................................................... 43

4.3.2. Implementação dos compensadores............................................................ 44

5. MONTAGEM DO PROTÓTIPO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS ................ 45

5.1. MONTAGEM DO PROTÓTIPO ....................................................................... 45

5.2. RESULTADOS EXPERIMENTAIS .................................................................. 48

6. CONCLUSÃO GERAL ........................................................................................ 51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 52

APÊNDICES .............................................................................................................. 54

9

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTO

O crescimento do consumo de energia elétrica, impulsionado pelo avanço

da tecnologia, traz consigo a preocupação com o gerenciamento dos recursos

naturais e novas fontes de energia. Atualmente no Brasil, a maior parte da energia

consumida é proveniente do sistema interligado nacional, alimentada por grandes

unidades geradoras, em sua maioria centrais hidroelétricas e termoelétricas.

As indústrias são os principais consumidores de energia. No Brasil

aproximadamente 40,7% da energia elétrica gerada é destinada para os diversos

setores industriais (ELETROBRAS, 2009, p.16). Com altas cargas tributárias

aplicadas sobre a compra de energia, aliada com a baixa competitividade do

mercado, existe grande preocupação entre os setores industriais em tecnologias que

permitam a redução do consumo sem a necessidade de reduzir a produção. A

geração distribuída pode auxiliar na redução de gastos com relação a compra de

energia, pois pode alimentar unidades consumidoras a partir de fontes renováveis e

unidades geradoras próprias.

1.2. JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO TEMA

Existem basicamente duas formas de reduzir gastos com relação ao

consumo de energia elétrica, são elas: redução do consumo desnecessário e

autogeração de energia. Segundo o Ministério de Minas e Energia, em 2014 22,4%

da energia consumida pelo setor industrial brasileiro é proveniente de geração local,

e esses números tendem a aumentar nos próximos anos, conforme mostra a Figura

1.

10

Figura 1 - Relação entre consumo de energia proveniente de autogeração e consumo na rede.

Fonte: Ministério de Minas e Energia, 2014.

Apesar disso, existem poucos programas de incentivo para fomentar a

autogeração de parques industriais, o que causa certa relutância para a

implementação de sistemas de geração local, devido aos altos custos de

implementação e manutenção. Contudo, com a redução dos custos das tecnologias

envolvidas, a implementação deverá se tornar mais viável.

Uma forma eficiente de utilização de uma fonte de energia renovável é

através da sua conexão com a rede de distribuição, dispensando a necessidade de

armazenamento da energia gerada. Isso também possibilita o fornecimento de

energia não utilizada localmente para a rede de distribuição, alimentando outras

unidades consumidoras. Considerando, por exemplo, a energia proveniente de

paineis fotovoltaicos, a corrente contínua gerada deve ser convertida para uma

corrente alternada em fase com a tensão da rede elétrica. A conversão da corrente

contínua para corrente alternada pode ser feita através do uso de inversores que,

conectados a rede elétrica, podem suprir totalmente ou parcialmente as

necessidades da unidade consumidora.

11

1.3. OBJETIVO GERAL

O objetivo principal deste trabalho visa desenvolver um inversor de

frequência monofásico de 1,5 kVA, controlado de forma digital por um

microcontrolador TIVA TM4C123gh6pm. O inversor irá operar injetando potência

ativa na rede elétrica e também poderá operar como retificador de alto fator de

potência, drenando potência da rede de distribuição. Os testes de validação serão

feitos injetando corrente na rede com fator de potência unitário .

1.4. OBJETIVO ESPECÍFICO

Projetar e implementar um circuito de controle para um conjunto inversor

trifásico disponibilizado pelo departamento de Engenharia Elétrica da UFPR. O

circuito deve realizar leitura da tensão de rede elétrica, leitura da corrente injetada

na rede elétrica, leitura da tensão de barramento, controle de chaveamento do

módulo. Deve ser projetado também um sistema de proteção para operação do

inversor e um indutor de acoplamento.

12

2. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO INVERSOR DE FREQUÊNCIA

Neste capítulo serão apresentados os conceitos pertinentes ao projeto de

inversores de frequência bem como os princípios de funcionamento e controle.

2.1. O INVERSOR DE FREQUÊNCIA EM PONTE COMPLETA

Os inversores de frequência surgiram devido à necessidade de controle

de velocidade de motores elétricos. As primeiras aplicações surgiram nos anos 80,

devido ao desenvolvimento dos semicondutores de potência com capacidade de

comando, condução e bloqueio em elevada tensão. Desde então, a conversão CC-

CA é um dos campos mais explorados da eletrônica de potência, pois as aplicações

não se restringem apenas a motores elétricos, mas estão presentes em muitas

outras aplicações, dentre elas, a geração distribuída, aplicações embarcadas e os

sistemas ininterruptos de energia.

A ideia básica dos inversores de frequência é converter a tensão CC,

chamada de tensão de Barramento CC, em uma tensão alternada, onde é possível

alterar tanto a amplitude como a frequência deste sinal de saída. Em algumas

aplicações específicas, a tensão de Barramento CC é obtida através da rede

elétrica. Então, nestes casos, é necessário retificar a tensão da rede e, através de

um elo de corrente contínua, fazer a alimentação para o inversor de frequência,

como na Figura 2.

Figura 2 - Diagrama de blocos de um inversor trifásico. Fonte: BORBA, 2009.

13

Conforme a Figura 2, o Elo CC entre o retificador e o inversor de

frequência é um capacitor, que mantém a tensão constante. Este elo é composto por

componentes que armazenam energia elétrica, dentre eles capacitores, indutores e

baterias, fator esse que depende do tipo de fonte e da conFiguração do inversor,

que pode operar como fonte de corrente ou como fonte de tensão. Será estudado

nesse trabalho o inversor de tensão em ponte completa (VSI-FB – Voltage Source

Inverter - Full Bridge), representado na Figura 3. Este inversor será conectado a

rede elétrica de distribuição, realizando o papel de injetar energia na rede, podendo

ser aplicado em sistemas de geração distribuída.

Figura 3 - Circuito básico do inversor de tensão em ponte completa, VSI-FB. Fonte: RANIEL, 2011.

Como explicado anteriormente, o inversor transforma a tensão do

barramento CC em tensão alternada. Isto é feito através da comutação dos

interruptores S1, S2, S3 e S4. Para evitar que os interruptores de um mesmo braço

conduzam simultaneamente, os interruptores de baixo (S4 e S2) recebem sinais de

comando complementares aos interruptores de cima (S1 e S3 respectivamente).

O controle dos interruptores é feito através de sinais representado de

forma binária, onde sinal 1 significa que o interruptor está fechado, ou seja,

conduzindo, e 0 significa que o interruptor está aberto. Na Tabela 1 são mostrados

os estados de comutação.

14 Tabela 1 - Sinais de comutação. Fonte: Brockveld, 2015.

Sinal de comando S1

Sinal de comando S3

Saída de tensão (Vab)

1 0 Vcc

1 1 0

0 1 -Vcc

0 0 0

A forma de onda da corrente de saída do inversor é retangular, devido à

forma de comutação apresentada. Para que o sinal comporte-se como um sinal

senoidal, é necessário realizar o acionamento dos interruptores obedecendo às

técnicas de comutação mais avançadas. Além disso, para a aplicação em questão, é

necessário um indutor de acoplamento entre o inversor e a rede elétrica de

distribuição. Esse indutor possui a função de filtrar componentes de alta frequência,

suavizando a corrente de saída.

Na próxima seção, será estudada a técnica de modulação utilizada nesse

documento.

Em aplicações com cargas indutivas podem aparecer tensões inversas

elevadas. Os interruptores devem ser protegidos dessas tensões e, para isso, um

diodo pode ser conectado entre o coletor e o emissor do transistor, como mostrado

na Figura 4. (BARBI, 2007)

Figura 4 - Interruptor (transistor) com diodo de proteção. Fonte: Brockveld, 2015.

15

2.2. MODULAÇÃO

Para obter um sinal de baixa frequência, pode ser feita uma modulação

em alta frequência, como a modulação senoidal por largura de pulso (SPWM -

Sinusoidal Pulse Width Modulation). Este tipo de modulação mantém a amplitude

dos pulsos constantes e varia a sua largura proporcionalmente aos valores do sinal

de baixa frequência (sinal de controle), como apresentado na Figura 5, onde Vsin é

o sinal de controle.

A modulação PWM pode trabalhar com dois ou três níveis, como

mostrado na Figura 5, sendo que a quantidade de níveis depende principalmente do

número de interruptores. A estrutura do inversor proposto pode operar com até 3

níveis, sendo eles +Vcc, -Vcc e 0. Na modulação a três níveis, a frequência de

comutação é o dobro da frequência a dois níveis.

Figura 5 - (a) Modulação a dois níveis e (b) Modulação a três níveis. Fonte: LINDEKE, 2003.

A geração dos sinais de comando dos interruptores é feito através da

comparação de um sinal de controle com uma onda triangular de maior frequência.

Para as chaves S3 e S2, os sinais são gerados tomando como base uma senoide

com fase zero. Para as chaves S1 e S4, o sinal é gerado tomando como base uma

senoide com fase 180º. Na Figura 6 são apresentadas as duas senoides de

referência e a onda triangular usada para gerar os sinais de controle (S3 e S1), que

produzem uma tensão nos terminais de saída do inversor conforme Figura 6 (Vab).

16

Figura 6 – Modulação SPWM a três níveis. Formas de onda: Vt – Senoides defasadas em 180° comparadas com onda triangular. S3 – Resultado da comparação entre a onda triangular e senoide fase 0º, sinal de comando das chaves S3 e S2 (Figura 2). S1 – Resultado da comparação entre a onda triangular e senoide fase 180º, sinal de comando das chaves S1 e S4 (Figura 2). Fonte: LINDEKE, 2003.

Dessa forma, a tensão média de saída do inversor obedece a uma função

senoidal. A forma de onda da corrente sobre o indutor de acoplamento mostrada na

Figura 7. À medida que se aumenta a indutância ou a frequência, a corrente no

indutor aproxima-se de uma onda senoidal.

17

Figura 7 - Forma de onda da corrente de saída Fonte: AUTOR, 2016.

A geração dos sinais PWM pode ser feita através de um circuito analógico

ou, digitalmente, usando um microcontrolador. Apesar de representar um maior

custo, o uso do microcontrolador proporciona ao projeto uma maior versatilidade,

pois este poderá ser usado para supervisionar o circuito e realizar um controle

digital, podendo ter seus parâmetros alterados caso necessário.

Sendo assim, será usada aqui uma placa de desenvolvimento da Texas

Instrument, TIVA launchpad, que possui um microcontrolador ARM® Cortex®-M4F

Based MCU TM4C123G. Outros circuitos necessários serão detalhados

posteriormente.

2.3. ESTRATÉGIA DE CONTROLE

A técnica de controle utilizada consiste em monitorar a corrente injetada

na rede, fazendo com que a corrente siga um sinal de referência, cujo valor máximo

é determinado pelo nível de tensão do barramento CC. Desta forma, faz-se

necessária a utilização de um sensor de corrente, um sensor de tensão CA para

aquisição da senoide de referência da rede de distribuição e um terceiro sensor para

monitorar a tensão CC do barramento. Os blocos da malha de controle são

apresentados na Figura 8.

18

Figura 8 - Blocos de controle. Fonte: Melo, 2013.

2.3.1. Malha de Corrente

A malha de controle de corrente tem a função de fazer com que a forma

de onda da corrente de saída do inversor siga uma referência amostrada da rede

elétrica. Como o sinal de referência do inversor, neste caso, é na frequência da rede

elétrica, esta malha precisa apresentar respostas rápidas para que a corrente de

saída siga o sinal de referência sem nenhum (ou quase nenhum) atraso, estando em

fase com a tensão da rede elétrica.

O diagrama que representa a malha de controle de corrente é

apresentado na Figura 9.

19

Figura 9 - Blocos de controle da malha de corrente. Fonte: Melo, 2013.

Para garantir que a corrente na saída do inversor, que está sendo

transferida para rede de distribuição, está em fase com a tensão da rede elétrica, a

malha de controle toma como sinal de referência (Iref) a tensão da rede elétrica. A

corrente de saída é subtraída do sinal de referência, o que resulta em um sinal de

erro 𝜀𝑖, que é tratado por um compensador, resultando em um sinal de controle

usado como referência para a modulação PWM. O papel do compensador é fazer

com que o erro 𝜀𝑖 tenda a zero.

2.3.2. Malha de Tensão

A malha de tensão é responsável por atuar na amplitude da corrente de

saída garantindo que a tensão do barramento seja pelo menos 30% maior que a

20

tensão de pico da rede e menor que o limite suportado pelo barramento (ou valor

estipulado). Basicamente, esta malha de controle deve controlar a potência injetada

na rede, realizando a manutenção da tensão do barramento. À medida que a tensão

CC aumenta, a amplitude da corrente injetada na rede elétrica aumenta.

A malha de tensão deve possuir uma resposta bastante lenta, pois atua

diretamente na amplitude da corrente de saída. Uma malha rápida distorceria a

forma de onda da saída. O diagrama que representa a malha de tensão é

apresentado na Figura 10.

Figura 10 - Blocos de controle da malha de tensão

Fonte: Melo, 2013.

O valor amostrado da tensão do barramento CC é subtraído do valor de

referência da tensão (Vref), definida e ajustada digitalmente, gerando um sinal de

erro 𝜀𝑣, tratado pelo compensador de tensão, que gera um sinal de controle, fazendo

com que o erro tenda a zero. O sinal resultante multiplica o sinal amostrado da rede,

alterando o valor de Iref. Desta forma, Vref define a tensão no barramento CC

Detalhes do projeto das malhas de controle serão apresentados no

Capítulo 4.

21

3. PROJETO DOS CIRCUITOS

Neste capítulo serão apresentados os cálculos para os componentes do

estágio de potência do inversor: capacitores, indutores e chaves eletrônicas

apresentados na Figura 11. Também serão apresentados os circuitos de aquisição e

tratamento dos sinais provenientes dos sensores presentes no projeto, bem como os

circuitos auxiliares e de proteção.

Foi fornecido pelo departamento de Engenharia Elétrica um módulo

inversor trifásico com IGBTs utilizando a topologia meia ponte, drivers de

acionamento e capacitores. As especificações técnicas do módulo são apresentadas

na Tabela 2. Também foram fornecidos três indutores, que foram modificados para a

aplicação deste projeto.

Figura 11 - Esquemático do circuito de potência do inversor monofásico.

Fonte: Autor, 2016.

Tabela 2 - Especificações do módulo inversor.

Fonte: SUPLIER.

Especificações Valor

Potência Nominal 45 kVA

Tensão máxima de barramento 600 V

Ondulação máxima da tensão no capacitor 10%

Corrente máxima de saída 65 A

Frequência máxima de chaveamento 15 kHz

22

Devido à limitação de tensão CC que é possível obter nos laboratórios do

departamento e também a limitação de corrente nos fios de cobre no enrolamento

do indutor, as caraterísticas de operação serão conforme a Tabela 3, para operação

monofásica. Tais limitações serão apresentadas nos tópicos a seguir.

Tabela 3 - Especificações de operação com limitações do projeto

Fonte: AUTOR, 2016

Especificações Valor

Potência Nominal 1,5 kVA

Tensão de barramento 240 V

Ondulação máxima da tensão no capacitor 10%

Corrente máxima de saída 17 A

Frequência de chaveamento 15 kHz

3.1. INDUTOR

Para iniciar o projeto, é necessário calcular o índice de modulação 𝑀𝑖 que

fornece uma relação entre a tensão de pico da rede (𝑉𝑟𝑒𝑑𝑒𝑝𝑖𝑐𝑜) e a tensão de

barramento CC (𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟), de acordo com:

𝑀𝑖 =𝑉𝑒𝑝𝑖𝑐𝑜

𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟=

180𝑉

240𝑉= 0,75. (3.1)

Para dimensionamento do indutor deve ser considerada a corrente

máxima de operação, a máxima ondulação de corrente (ripple de corrente) permitida

e a frequência de operação. O valor mínimo do indutor é calculado através de:

𝐿𝑓 =∆𝐼 𝑚𝑎𝑥𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟

∆𝐼𝑚𝑎𝑥𝑓𝑜𝑝, (3.2)

∆𝐼 = 𝑀𝑖𝑠𝑒𝑛𝑤𝑡 − (𝑀𝑖𝑠𝑒𝑛𝑤𝑡)2, 𝑜𝑛𝑑𝑒 0 ≤ 𝑤𝑡 ≤ 𝜋, (3.3)

23

Onde ∆ representa a função que determina a variação do ripple ao longo de um

período. A Figura 12 representa a forma de onda dessa função, apresentada para o

índice de modulação utilizado neste projeto. Para o dimensionamento do indutor,

considera-se a pior situação possível (valor de pico da função). Essa situação ocorre

quando o PWM opera em 50%.

Figura 12 - Variação do ripple de corrente durante um período completo da senoide de referência. Fonte: Autor, 2016.

Geralmente, utiliza-se a máxima frequência de chaveamento permitida.

Neste caso a frequência máxima de chaveamento suportada pelo IGBT é 15 kHz.

Devido à modulação SPWM a três níveis, a frequência de saída do inversor é o

dobro da frequência de chaveamento, 𝑓𝑜𝑝 = 30 𝑘𝐻𝑧.

Como mencionado anteriormente, foram fornecidos pelo departamento

três indutores com indutância de 3,3 𝑚𝐻. Os fios de cobre utilizados nesse indutor

possuem o diâmetro 𝐷 = 3,3 𝑚𝑚. Devido ao efeito pelicular, a corrente elétrica tende

a circular na superfície do condutor. Este efeito aumenta com a raíz quadrada da

frequência. Utilizando a equação:

𝐴𝑝 =𝜋

4[4𝐷𝑝 − 4𝑝2], (3.4)

onde,

𝑝 =7,5

√𝑓 𝑚𝑚 (3.5)

obtém-se o valor da área da penetração (𝐴𝑝) da corrente no condutor do indutor,

apresentada na Figura 13.

24

Figura 13 - Representação do efeito pelicular.

Fonte: Autor, 2016.

E, portanto:

𝐴𝑝 = 3.9𝑚𝑚2 (3.6)

O valor da densidade de corrente, que indica a capacidade de corrente

por unidade de área, depende dos condutores utilizados nos enrolamentos.

Tipicamente utiliza-se a densidade de corrente 𝐽 = 4,50𝐴

𝑚𝑚2. Desta maneira, a

corrente máxima suportada no condutor é 𝐴𝑝 × 𝐽 = 17,55 𝐴.

Para calcular o indutor, foi definida uma ondulação máxima de corrente de

1,5%, logo ∆𝐼𝑚𝑎𝑥 = 17,55 × 0,015 = 0.26325 𝐴. Assim, usando a equação 3.2, foi

encontrado o valor de indutância 𝐿𝑓 = 7,597 𝑚𝐻, dividida em dois indutores 𝐿𝑓1 =

𝐿𝑓2 = 3,799 𝑚𝐻, conectados conforme a Figura 14.

Figura 14 - ligação dos indutores no projeto. Fonte: Autor, 2016.

25

Para ajustar os indutores a fim de se obter a indutância desejada, foi calculado o

número de espiras presente no enrolamento. A partir das dimensões presentes na

Figura 15, foi calculada a área 𝐴𝑔 = 13,22 𝑚𝑚2. Aplicando a equação

𝑁 = √𝐿𝑓𝑙𝑔

µ0∗𝐴𝑔 , (3.7)

encontramos o número de espiras no enrolamento do indutor, 𝑁 = 132 espiras.

Figura 15 - Dimensões do núcleo do indutor fornecido para o projeto. Fonte: Autor, 2016.

Tendo o número de espiras e o valor de indutor desejado, é possível calcular

o entreferro, fazendo novamente o uso da equação (3.7). Dessa forma, o

comprimento do entreferro encontrado foi lg = 7,62𝑚𝑚.

Foi obtida na montagem dos indutores uma indutância de 4𝑚𝐻, o que atende

aos parâmetros do projeto. Entretanto, o núcleo do indutor é composto por um

material ferromagnético, não sendo o adequado para operar na frequência do

projeto em questão. Este material foi utilizado devido à disponibilidade, já que a

compra de indutores adequados elevariam significativamente o custo do projeto. Por

ser um protótipo, perdas devido ao material ferromagnético serão aceitas.

26

3.2. CAPACITOR

O módulo inversor fornecido pelo departamento possui um banco de

capacitores como apresentado na Figura 16. Todos os capacitores são de 4700 µF e

os resistores são de 22 kΩ. O banco suporta até 600 V e ciclo de carga e descarga

de 65 A. O esquemático de ligação dos capacitores é apresentado na Figura 16.

Figura 16 - Banco de capacitores.

Fonte: Autor, 2016.

3.3. IGBT

Os IGBTs são semicondutores de potência que aliam a característica de

chaveamento dos transistores bipolares com a alta impedância dos MOSFETs. O

módulo fornecido pelo departamento possui 3 IGBTs LWH400G1207 que suportam

correntes de até 400 A. Entretanto, a limitação de corrente e da vida útil do módulo

trifásico é devido ao banco de capacitores, que suportam até 65 A. A Figura 17

contém a representação e a imagem do componente em questão.

27

Figura 17 - IGBT LWH400G1207. Fonte: LS Industrial Systems, 2011.

Para o acionamento deste componente, é necessário aplicar uma tensão

entre a porta e o emissor, tipicamente entre 12,5 V e 18 V. Para isso é utilizado,

juntamente ao IGBT, um driver para acionamento. Especificações desse driver serão

apresentadas na seção seguinte.

3.4. CIRCUITOS AUXILIARES

Serão apresentados na seção os circuitos de aquisição e tratamento dos

sinais, os drivers de acionamento dos IGBTs e o microcontrolador utilizado. Os

blocos que representam os circuitos auxiliares são apresentados na Figura 18. O

esquemático completo da placa de aquisição é apresentado no Apêndice A.

Figura 18 - Circuito de potência com blocos referentes aos circuitos auxiliares.

Fonte: Autor, 2016.

28

3.4.1. Circuito de aquisição da tensão de Barramento

Foi apresentada na seção 2.3.2 a malha de controle da tensão de

barramento CC. Para realizar esse controle é necessário um sensor de tensão de

corrente contínua. Esse monitoramento pode ser feito simplesmente com um divisor

resistivo, mas, por motivos de proteção, optou-se por utilizar um opto-acoplador que

fornece uma amostra da tensão do barramento e isola o circuito de potência do

circuito de controle.

Figura 19 - Bloco do sensor de tensão de corrente. Fonte: Autor, 2016.

O opto-acoplador escolhido foi o circuito integrado 6n139, apresentado na

Figura 20. Esse circuito foi escolhido, pois, em correntes da ordem de 500 µA, ele

apresenta uma resposta linear. O circuito em questão deve operar com correntes na

ordem de µA, pois a potência dissipada no resistor na entrada do opto acoplador

deve ser menor que 0,25 W evitando perdas por aquecimento e queima dos

componentes.

Figura 20 - Circuito Integrado 6n139 Fonte: Vishay, 2008.

29

O circuito esquemático apresentado na Figura 21 foi implementado para

que opere na região linear. Os resistores R1 e R2 foram dimensionados para que a

corrente de entrada seja 480 µA quando a tensão de barramento CC estiver em

240V. O resistor R3, entre Vo e Vcc (vide Figura 20), foi dimensionado para que os

transistores internos não saturem. O capacitor C1 mantém a tensão da fonte

constante e o capacitor C2 evita alterações rápidas do sinal de saída, mantendo-se

constante durante a amostragem do ADC.

Figura 21 - Circuito de aquisição e condicionamento do sensor de tensão CC.

Fonte: Autor, 2016.

3.4.2. Circuito de aquisição e tratamento da corrente.

Para realizar o controle de corrente, são necessários um sensor de

corrente e um sensor de tensão de referência da rede elétrica. O sensor de corrente

utilizado é o LA-100p, que permite leitura de corrente de até 100 A , com resolução

de 1 A para 2000 A.

Como a saída do sensor tem a caraterística de uma fonte de corrente,

foi utilizado um resistor de 100 Ω para efetuar a conversão de corrente em tensão.

Assim, quando a corrente no condutor chega ao valor de 60 A, a tensão sobre o

resistor será de 3 V. Como a corrente de saída possui picos positivo e negativo, a

30

tensão sobre esse resistor varia de 3 V até -3 V. Isso implica em um problema para a

leitura do sinal, que será feita através da unidade de processamento de dados e

controle, no caso, microcontrolador ARM Cortex TM4C123gh6pm. Esse

microcontrolador aceita leituras de sinais entre 0 e 3,3 V. Por isso, o sinal do sensor

de corrente precisa ser condicionado.

O circuito proposto para este tratamento foi o da Figura 22, que recebe o

sinal do sensor de corrente e escalona dentro da faixa de operação do

microcontrolador. O projeto deste circuito foi feito através da análise CC e análise

CA. Da análise CC, obteve-se a equação:

R3 = R2 + R1, (3.8)

determinada através do offset desejado (1,5 V). Da análise CA, foi calculada a

função de transferência deste circuito:

H(S) =

1001,62

(1 + 1544,4 ∗ sC1), (3.9)

definida assim a frequência de corte (𝑓𝑐 = 10𝐾𝐻𝑧) e o ganho do circuito (61,73 𝑉𝐴⁄ ).

Por exemplo, quando a corrente no sensor for de 20 A, a corrente de saída do

sensor será de 10 mA, logo a tensão no AD terá um offset de 1,5 V e uma oscilação

de 0,6173 V.

Figura 22 - Circuito de aquisição e tratamento do sinal de corrente. Fonte: Autor, 2016.

31

3.4.3. Circuito de aquisição da rede.

O sensor de tensão da rede elétrica é necessário para que a corrente

injetada pelo inversor tenha a mesma forma de onda da tensão da rede. Assim, a

corrente também ficará em fase com a tensão da rede elétrica. Foi utilizado um Trafo

de 6 Vrms com relação 3

110V

V⁄ e um circuito de condicionamento, projetado da

mesma maneira que na seção. O circuito projetado é apresentado na Figura 23.

Possui ganho KcircuitoCA = 0,1666 e frequência de corte fco = 10KHz.

Figura 23 - Circuito de aquisição da tensão da rede elétrica. Fonte: Autor, 2016.

3.4.4. Equipamentos de proteção

Para evitar sobrecargas, foram adicionados ao circuito um disjuntor

diferencial e fusíveis de 20A. Além disso, um contator isola o circuito quando está

inoperante. Os elementos de proteção são apresentados na Figura 24.

O contator é acionado com tensão CA 220 𝑉𝑟𝑚𝑠 da rede elétrica. Por isso

foi necessário utilizar um relay de estado sólido para acionamento, comandado pelo

microcontrolador.

32

Figura 24 - equipamentos de proteção. Fonte: Autor, 2016.

3.4.5. Fonte de alimentação

Para operação do circuito de controle e dos sensores, foi montada uma

fonte de tensão que fornece +15V, -15V, +5V, +3V. Além disso, uma fonte auxiliar de

15V foi necessária para a alimentação dos drivers dos IGBTs.

3.4.6. Microcontrolador

O microcontrolador escolhido foi o TIVA TM4C123gh6pm, que possui dois

conversores analógico para digital (ADC) e dois PWMs de 12 bits. A velocidade

máxima de operação é de 80 MHz, sendo que o AD opera com no máximo 1 MHz.

Foi desenvolvido um código sem interrupções, buscando uma frequência de

amostragem fixa de 30KHz. Os PWMs foram conFigurados para operar na

frequência de 15KHz.

4. PROJETO DO SISTEMA DE CONTROLE

Como apresentado no Capítulo 2, o inversor monofásico projetado possui

duas malhas de controle, uma para controle de corrente e outra para controle da

tensão de barramento. Nas seções a seguir serão apresentados os métodos para

projeto dos compensadores das duas malhas apresentadas.

33

Para o projeto do controlador, deve-se analisar a função de transferência e

malha aberta do sistema (FTMA) e ajustar os parâmetros das malhas de corrente e

tensão, a fim de se obter a velocidade de resposta desejada e a estabilidade em

malha fechada.

4.1. CONTROLE DA MALHA DE CORRENTE

O projeto deve ser iniciado definindo a função de transferência em malha

aberta (FTMA) da malha de corrente, apresentada na Figura 25. A FTMA é

composta de todos os blocos da malha no domínio da frequência complexa,

conforme:

𝐹𝑇𝑀𝐴(𝑠) = 𝐶𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) ∗ 𝐺𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) ∗ 𝐺𝑐𝑟𝑖𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜(𝑠) ∗ 𝐻𝑖(𝑠), , (4.1)

onde 𝐶𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) é o compensador a ser projetado, 𝐺𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) é a função de

transferência do inversor, 𝐺𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜(𝑠) é a função de transferência do circuito de

aquisição do sensor de corrente e 𝐻𝑖(𝑠) é o ganho da realimentação, composto

pelos ganhos do A/D, PWM e do sensor de corrente.

Figura 25 – Diagrama de blocos da malha de corrente. Fonte: Autor, 2016.

A primeira etapa em um projeto de controle é determinar um modelo que

represente de modo satisfatório a função de transferência do inversor. Conforme

apresentado por Souza [5], a equação

𝐺𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) = 𝑉𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

𝑠 ∗ 𝐿𝑓=

240

8 × 10−3𝑠, (4.2)

34

que estabelece a função de transferência do modelo de pequenos sinais da corrente

de saída do inversor em função da razão cíclica.

Juntamente à função de transferência do inversor, é acrescida a função de

transferência do circuito de aquisição da corrente, apresentada na equação 3.9.

Realizando o produto das duas funções, temos a função a ser controlada, dada por:

𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑠) = 𝐺𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) ∗ 𝐺𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜(𝑠) = 1,482 × 104

1,236 × 10−7𝑠2 + 0,008𝑠 (4.3)

O diagrama de Bode da função de transferência 𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é apresentado na

Figura 26. Foi escolhida uma frequência de cruzamento de 8𝑘𝐻𝑧. Assim, através do

diagrama de Bode, tiramos o ganho e a fase do sistema na frequência de

cruzamento. Os valores encontrados foram, respectivamente, |𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑠)|𝑓𝑐 =

29,2 𝑑𝐵 e ∠𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑠)𝑓𝑐 = −128°.

Figura 26 - Diagrama de bode da FTMA de corrente. Fonte: Autor, 2016.

Por fim, é calculado o Ganho total da malha, conforme:

𝐻𝑖(𝑠) = 𝐾𝐴/𝐷 ∗ 𝐾𝑝𝑤𝑚 ∗ 𝐾ℎ𝑎𝑙𝑙 , (4.4)

35

𝐻𝑖(𝑠) =4096

3.3

2

2700

1

2000= 4,5971 × 10−4 (4.5)

Utilizando desses valores, foi aplicado o método de alocação de polos e

zeros e obteve-se os seguintes polo, zero e ganho, calculados para uma margem de

fase (𝑀𝐹) de 30º e frequência de cruzamento em 8𝑘𝐻𝑧,

fz = 1555.0424 (4.6)

fp = 41156.4321 (4.7)

kc = 736950.2539 (4.8)

O compensador de corrente obtido é apresentado por:

Ccorrente(s) = 7,37 × 105s + 7,2 × 109

s2 + 2,586 × 105s (4.9)

Foi necessário mudar o domínio do compensador de s para z para a

devida implementação em microprocessador digital. Para isso, os polos e zeros da

função foram realocados para minimizar efeitos da transformação bilinear. O cálculo

para compensar a frequência do polo e do zero do compensador e o compensador

obtido é apresentado abaixo, onde 𝑇𝑠 é período de amostragem que corresponde a

0,333𝜇𝑠 (frequência de amostragem de 30KHz).

fzc = (1

pi ∗ Ts) ∗ tan(fz ∗ pi ∗ Ts) (4.10)

fpc = (1

pi ∗ Ts) ∗ tan(fp ∗ pi ∗ Ts) (4.11)

Ccorrente(z) = 4.27 z2 + 1.205 z − 3.065

z2 − 0.5972 z − 0.4028 (4.12)

A resposta em frequência do sistema em malha fechada é apresentada

na Figura 25. A frequência de cruzamento obtida foi de 4,35kHz e a margem de fase

obtida foi de 45°. O script feito no software MATLAB para cálculo deste

36

compensador pode ser encontrado no apêndice B. Este compensador foi projetado

para uma frequência de amostragem de 30KHz.

Figura 27 - Diagrama de bode da FTMA de corrente com o compensador projetado. Fonte: Autor, 2016.

O compensador projetado foi validado utilizando a ferramenta SIMULINK

e obtiveram-se os resultados da Figura 28, onde o primeiro gráfico apresenta a

corrente de saída e o segundo apresenta o sinal de referência. O circuito simulado

encontra-se no Apêndice E.

Figura 28 - Resultado da simulação do sistema controlado. Fonte: Autor, 2016.

37

4.2. CONTROLE DA MALHA DE TENSÃO

Da mesma forma que na seção anterior, o projeto iniciou-se definindo a

função de transferência em malha aberta (FTMA) da malha de tensão, apresentada

na Figura 29. A FTMA da malha de tensão é composta de todos os blocos da malha

no domínio z, conforme:

𝐹𝑇𝑀𝐴(𝑧) = 𝐶𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑧) ∗ 𝐺𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑧) ∗ 𝐺𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜_𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑙(𝑧) ∗ 𝐻𝑣(𝑧), (4.13)

onde 𝐶𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑧) é o compensador a ser projetado, 𝐺𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑧) é a função de

transferência do inversor, 𝐺𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜_𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑙(𝑧) é a função de transferência do filtro

digital utilizado no projeto, com frequência de corte de 100Hz, e 𝐻𝑣(𝑧) é o ganho da

realimentação.

Figura 29 - Blocos da malha de tensão. Fonte: Autor, 2016.

Foi determinado um modelo que represente de modo satisfatório a função de

transferência do inversor. Conforme apresentado por Fenili [6], a equação

𝐺𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑠) = 𝑀𝑖

𝑠 ∗ 𝐶𝑓 ∗ 2=

0,75

14,1 × 10−3𝑠 (4.14)

estabelece a função de transferência do inversor, onde 𝑀𝑖 é o índice de modulação

calculado na seção 3.1. Então a função foi digitalizada usando o software MATLAB,

o que resultou em

𝐺𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑧) = 0.0008865 𝑧 + 0.0008865

𝑧 − 1. (4.15)

Foi utilizado um filtro digital do tipo média móvel exponencial, cuja função de

transferência é

38

𝐺𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜_𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑙 = 0,05

𝑧 − 0,95 (4.16)

.

A função de transferência do filtro foi multiplicada à função de transferência do

inversor, o que resultou em

𝐺𝑣𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑧) = 𝐺𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜(𝑧) ∗ 𝐺𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜_𝑑𝑖𝑔𝑖𝑡𝑎𝑙(𝑧) = 4,433 × 10−5(𝑧 + 1)

𝑧2 + 1,95𝑧 + 0,95, (4.17)

que será a função do sistema controlado.

O diagrama de Bode da função de transferência 𝐺𝑣𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é apresentado na

Figura 30. Foi escolhido uma frequência de cruzamento de 3𝐻𝑧. Assim, a resposta

da malha será lenta. Através do diagrama de Bode, tiramos o ganho e a fase do

sistema na frequência de cruzamento. Os valores encontrados foram,

respectivamente, |𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑠)|𝑓𝑐 = 4,75 𝑑𝐵 e ∠𝐺𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙(𝑠)𝑓𝑐 = −91,2°.

Figura 30 - Diagrama de bode da FTMA de tensão. Fonte: Autor, 2016.

Como a malha de tensão atua diretamente sobre a malha de corrente, é

necessário calcular a função de transferência em malha fechada da malha de

corrente (FTMF_corrente). A malha de corrente possui uma resposta rápida, já a

malha de tensão deve possuir uma resposta lenta. Então, para a malha de tensão, a

𝐹𝑇𝑀𝐹_𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 comporta-se como um ganho, mais especificamente com o valor do

ganho de realimentação da malha de corrente. O cálculo da 𝐹𝑀𝑇𝐹_𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 é:

39

FTMF_corrente = 1

Khall ∗ Kcircuito =

1

12000 ∗

1001,62

= 32,4. (4.18)

Para definir os limites de corrente em função da tensão de barramento, é

criado um ganho digital 𝐼𝑟𝑒𝑓_𝑝𝑖𝑐𝑜, que define a corrente em função da tensão de

operação escolhida. Esse ganho pode ser incorporado ao compensador, caso fosse

desconsiderado no cálculo do Hv. No entanto, optou-se por separá-lo, pois assim o

ganho pode ser alterado caso deseje que o inversor opere com correntes menores.

O calculo de 𝐼𝑟𝑒𝑓_𝑝𝑖𝑐𝑜 é:

Iref_pico = Imax ∗ Khall ∗ Kcirc ∗ Kad

Voper=

171

20001001,62

40963,3

2933= 0,222 (4.19)

Por fim, é calculado o Ganho total da malha conforme

Hv(s) = Kad ∗ Ktensão ∗ Iref_pico ∗ FTMA_corrente ∗ KtensãoCA, (4.20)

onde 𝐾𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜𝐶𝐴 é o valor de pico da senoide de referência amostrada da rede

elétrica definido por:

𝐾𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜𝐶𝐴 = 𝐾𝑠𝑒𝑛𝑠𝑜𝑟𝐶𝐴 ∗ 𝐾𝑐𝑖𝑟𝑐𝑢𝑖𝑡𝑜𝐶𝐴 ∗ 𝐾𝑎𝑑 = 0,0471 ∗ 0,1666 ∗4096

3,3= 9,74 (4.21)

e 𝐾𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 é o ganho do circuito de aquisição da tensão de barramento. Assim, o valor

do ganho total da malha é:

Hv(s) =4096

3.3× 0,0099 × 0,0228 × 32,4 × 9,74 = 856,722 (4.23)

Utilizando-se desses valores, foi aplicado o método de alocação de polos

e zeros e obteve-se os seguintes zero e ganho,

kc = 0,004305, (4.24)

wz = 0,9995. (4.25)

Calculados para uma margem de fase (𝑀𝐹) de 70º e frequência de cruzamento em

5𝐻𝑧. O compensador de tensão obtido é:

40

Ctensão(s) = 0,004303 − 0,004305z

z − 1 (4.26)

A resposta em frequência do sistema em malha fechada é apresentada

na Figura 31. A frequência de cruzamento obtida foi de 2,75Hz e a margem de fase

obtida foi de 48,4°. Este compensador foi projetado para uma frequência de

amostragem de 30KHz. O script feito no software MATLAB é apresentado no

apêndice C.

Figura 31 - Diagrama de bode da FTMA de corrente com o compensador projetado. Fonte: Autor, 2016.

O compensador projetado foi validado utilizando a ferramenta SIMULINK

e obtve-se o resultado da Figura 32. O gráfico apresenta a tensão de barramento

sendo que , durante a simulação, a referência foi alterada. O circuito simulado

encontra-se no Apêndice E.

41

Figura 32 - Resultado da simulação do sistema controlado. Fonte: Autor, 2016.

4.3. PROGAMAÇÃO DO MICROCONTROLADOR

Nessa seção, será apresentado o programa escrito em linguagem C,

utilizado no microcontrolador ARM TM4C123gh6pm. A apresentação se dará em

dois tópicos, são eles: conFiguração do dispositivo e implementação dos

compensadores.

4.3.1. ConFiguração dos dispositivos

Quando se trata de programação de microcontroladores, no início de cada

programa é necessário conFigurar a frequência de operação, os pinos utilizados e

suas respectivas funções. No caso do microcontrolador utilizado, os pinos de

entrada e saída são apresentados na Figura 33, bem como as possíveis finalidades

de cada pino.

42

Figura 33 - Diagrama de pinos de entrada e saída.

Fonte: Texas Instruments, 2014.

4.3.1.1. Frequência de operação

No início do programa, foi conFigurada a frequência de operação do

processador, para que opere na frequência máxima. O dispositivo em questão

possui um oscilador interno de frequência de 16MHz e um multiplicador de

frequência (PLL) que permite que o dispositivo opere em 80MHz.

4.3.1.2. Saídas analógicas

O microcontrolador utilizado possui quatro blocos por módulo PWM que

geram até 16 sinais PWM, são dois módulos disponíveis nesse processador. A

Figura 34 apresenta os blocos presentes em 1 módulo PWM. A conFiguração é feita

através de registradores, neste caso, foram configurados quatro sinais PWM,

gerados por dois blocos geradores. Cada bloco fica responsável pela geração de

dois sinais complementares, com um atraso de 20 ciclos de tempo morto. O clock do

PWM é de 40MHz, e possui 2700 pontos.

43

Figura 34 - Diagrama de blocos do módulo PWM do microcontrolador TM4C123gh6pm

Fonte: Texas Instruments, 2014.

4.3.1.3. Leituras Analógicas

O conversor analógico digital (ADC) disponível no ARM TM4C123gh6pm

possui resolução de 12 bits e frequência de amostragem máxima de 1MHz. Foi

conFigurado apenas um dos dois módulos ADCs disponíveis. Através da

conFiguração dos registradores, foi criada uma sequência de amostragem que

realiza a leitura de cada um dos pinos dos sensores utilizados. O microcontrolador

foi conFigurado para que realize apenas uma amostra por sequência, sem realizar

médias por hardware.

44

4.3.2. Implementação dos compensadores

Os compensadores digitais apresentados nas seções 4.1 e 4.2 devem ser

programados no microcontrolador para realizar o controle da corrente injetada na

rede e da tensão de barramento. Para isso, é necessário ajustar a função de

transferência de maneira que esteja adequada com as variáveis lidas pelo

microcontrolador. A função de transferência no domínio Z é definida por atrasos, isto

é, estados anteriores. Portanto, na programação do microcontrolador, é necessária a

utilização de uma variável que salve os estados anteriores da saída e da entrada do

compensador. A equação

𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑏𝑎𝑟𝑟[1] = 𝑉𝑒𝑟𝑟𝑜[0] ∗ 0.004303 − 0.004305 ∗ 𝑉𝑒𝑟𝑟𝑜[1] + 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑏𝑎𝑟𝑟[0] (4.25)

que representa o compensador de tensão, onde 𝑉𝑒𝑟𝑟𝑜[0] e 𝑉𝑒𝑟𝑟𝑜[1] representa o

erro anterior (período de amostragem anterior) e atual (período de amostragem

atual), obtidos pela diferença entre o sinal de referência e a realimentação

(proveniente do sensor de tensão DC), 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑏𝑎𝑟𝑟[1] representa o sinal de

controle na saída do compensador e 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑏𝑎𝑟𝑟[0] o valor anterior do erro

compensado.

Da mesma forma, ajustada a equação do compensador de corrente,

apresentada nas equaçõs

𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜[2] = ɛ + 𝛥, (4.26)

ɛ = 4.271𝐼𝑒𝑟𝑟𝑜[2] + 1.205𝐼𝑒𝑟𝑟𝑜[1] − 3.065𝐼𝑒𝑟𝑟𝑜[0], (4.27)

𝛥 = 0.5973𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜[1] + 0.4027𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜[0], (4.28)

onde 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜[2] é o sinal de controle na saída do inversor, 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜[1] e

𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒_𝑐𝑜[0] são os estados anteriores (amostragem anterior) do sinal de controle.

𝐼𝑒𝑟𝑟𝑜[1] é o erro obtido pela diferença entre a referência e o sinal realimentado

(proveniente dos sensores de corrente) e 𝐼𝑒𝑟𝑟𝑜[0] é o erro anterior (período de

amostragem anterior).

Na programação do microcontrolador, foram definidos limites máximos de

operação evitando que o compensador atue como retificador. Para isso o valor

mínimo de corrente injetada definida pelo compensador é de 1,5A e o valor máximo

é de 17A. O código completo é apresentado no Apêndice D. Foi verificado que,

45

devido à quantidade de cálculos com vírgula flutuante, a frequência de amostragem

ficou na ordem de 26KHz, abaixo da frequência projetada de 30KHz.

5. MONTAGEM DO PROTÓTIPO E RESULTADOS EXPERIMENTAIS

A última etapa do projeto é a montagem dos circuitos e implementação do

programa no microcontrolador. Foram feitos então, testes que permitiam validar as

funcionalidades do inversor e verificar se seu desempenho atende aos parâmetros

do projeto. A montagem do protótipo foi feita visando a utilização de toda a

capacidade do módulo trifásico fornecido pelo departamento. Então todas as placas

foram montadas para operação como inversor trifásico. Apesar disso, a validação do

projeto foi feita como inversor monofásico. Na seção , serão apresentado o protótipo

final e os resultados obtidos.

5.1. MONTAGEM DO PROTÓTIPO

A primeira etapa da montagem do protótipo foi a fabricação da placa de

circuito impresso, feita através do processo de transferência térmica. O layout da

placa foi desenhado utilizando o software Eagle, com licença gratuita para

estudantes. O diagrama esquemático pode ser verificado no Apêndice A, o layout

final e as placas de circuito impresso com todos os componentes são apresentados

nas Figuras 35 e 36.

46

Figura 35 - Layout da placa de circuito impresso.

Fonte: Autor, 2016.

Figura 36 - Placas de circuito impresso e relay de estado sólido.

Fonte: Autor, 2016.

47

Devido ao posicionamento dos sensores de corrente no equipamento, foi

feita uma placa separada apenas com os sensores. Nas Figuras 37 e 38 são

apresentados o layout da placa dos sensores e o protótipo final com todos os

componentes.

Figura 37 - Layout da placa de sensores de corrente.

Fonte: Autor, 2016.

Figura 38 - Protótipo final.

Fonte: Autor, 2016.

48

5.2. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Os testes foram iniciados com o inversor operando isolado da rede

elétrica. Foi definida uma corrente de pico de 1,5 A e uma carga resistiva de

aproximadamente 10 Ω. Utilizando uma ponteira de corrente, foi monitorada a

corrente injetada na carga e, com uma ponteira de tensão, foi monitorado o sinal de

referência. O diagrama de conexões deste teste e o resultado obtido são

apresentados nas Figuras 39 e 40.

Figura 39 - Diagrama de conexões do teste isolado.

Fonte: Autor, 2016

Figura 40 – Formas de onda do indutor operando isolado da rede elétrica. Em azul a corrente injetada, em amarelo o sinal de referência.

Fonte: Autor, 2016.

49

Foi utilizada uma ponteira de medição de corrente por efeito hall. Esse

equipamento realiza leituras de correntes de até 100 A. Porém, isso implicam uma

grande captação do ruído apresentado no osciloscópio.

Em seguida, foi realizado o teste do inversor operando em uma rede cuja

tensão pode ser controlada. Neste teste, foram utilizados dois varivolts, um com

tensão retificada que alimenta o barramento CC, e outro que simula uma rede

elétrica em baixa tensão. Para alimentação do barramento, foi utilizado um

transformador de relação unitária a fim de isolar o circuito. Na saída do segundo

varivolt foi utilizado um capacitor de 𝐶𝑡ℎé𝑣𝑒𝑛𝑖𝑛 = 3,3µ𝐹 com o intuito de reduzir a

reatância equivalente de Thévenin no ponto de conexão do inversor, simulando uma

rede elétrica com tensão controlada. Os testes foram iniciados com uma rede de

tensão CA de 20V de pico e com tensão de barramento CC de 60V. O diagrama de

ligações do teste realizado e o resultado obtido são apresentados nas Figuras 41 e

42, respectivamente.

Figura 41 - Diagrama de ligações dos equipamentos para teste do inversor.

Fonte: Autor, 2016.

50

Figura 42 - Formas de onda obtidas no teste de baixa tensão. Em azul a corrente injetada na rede, em amarelo a rede de baixa tensão.

Fonte: Autor, 2016.

O mesmo teste foi realizado novamente, porém com tensões mais

elevadas. Foi possível chegar a uma tensão CA de 180 V, e uma tensão de

barramento CC de 240V. O resultado obtido segue na figura 43.

Figura 43 - Formas de onda obtidas no teste de média tensão. Em azul a corrente injetada na rede, em amarelo a rede elétrica simulada.

Fonte: Autor, 2016.

51

6. CONCLUSÃO GERAL

O inversor operou com dois IGBTs, cada um formando um braço de

ponte, controlados por um microcontrolador ARM TM4C123gh6pm realizando uma

modulação PWM a três níveis. A topologia mostrou ser eficiente, cumprindo os

requisitos para funcionamento do projeto. Juntamente ao microcontrolador, os

sensores de tensão CA e CC e os sensores de corrente apresentaram bons

resultados, mesmo operando próximo dos limites mínimos suportados.

Todos os circuitos auxiliares projetados e implementados garantiram o

funcionamento do projeto.

Foram alcançados resultados do inversor operando em malha aberta, o

que valida o funcionamento dos circuitos projetados. Além disso, os testes em

operação com rede CA de baixa tensão mostrou um bom desempenho do

compensador de corrente, mesmo que operando com frequência de amostragem

inferior à esperada.

Em estudos futuros poderão ser realizados testes com o inversor em

potência nominal e testes de operação como inversor bidirecional, validando a malha

de tensão. Estes estudos podem ser feitos em um futuro projeto de mestrado.

52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BORBA, J. L. Sistema de Transmissão Elétrica. 2009. 242 p. Programa de

especialização profissional (Curso de Pós-Graduação em Engenharia Ferroviária) –

Pontifícia Universidade Católica, Minas Gerais, 2009.

[2] MARTINS, D. C., BARBI, I. Eletrônica de potência: introdução ao estudo dos

conversores CC-CA. Florianópolis: Ed. dos Autores, 2005. 394p.

[3] RANIEL, T. Desenvolvimento e Implementação de um Sistema de Controle de

Posição e Velocidade de uma Esteira Transportadora usando Inversor de

Frequência e Microcontrolador. Ilha Solteira : [s.n.], 2011.

[4] M. P. FENILI, “Estudo e Implementação de um Filtro Ativo Paralelo Monofásico

de 8kVA,” Dissertação de Mestrado UFSC, Florianópolis, SC, 2007.

[5] F. P. SOUZA, “Correção do Fator de Potência para Instalações de Baixa Potência

Empregando Filtros Ativos,” Tese de Doutorado UFSC, Florianópolis, SC, 2000.

[6] D. LINDEKE, ”Projeto de um Filtro Ativo Paralelo de 1kVA Usando Técnicas de

Controle Analógico e Digital” Dissertação de Mestrado UFSC, Florianópolis, SC,

2003.

[7] E. KASSICK, “Harmonicas em Sistemas Industriais de Baixa Tensão,” Apostila

INEP UFSC, Florianópolis, SC, 2008.

[8] J. A. VILELA, “Aula 3.3 - Projeto de Sistema de Controle Linear,” Notas de Aula,

Curitiba, PR, 2013.

[9] S. L. B. JUNIOR, “Embasamento Teórico para o Projeto de um Inversor de

Frequência,” Trabalho de Conclusão de Curso UFSC, Joinville, SC, 2015.

53

[10] Ministério de Minas e Energia, “Consumo de Energia no Brasil, Análises

Setoriais,” NOTA TÉCNICA DEA 10/14, Rio de Janeiro, 2014.

[11] Ministério de Minas e Energia, “Projeção da demanda de energia elétrica para

os próximos 10 anos (2015-2024),” NOTA TÉCNICA DEA 03/15, Rio de Janeiro,

2015.

[12] Manual do Usuário, Supplier, SPCIT 4500-60-15.

[13] Datasheet, Supplier, DRM100D80A.

[14] Datasheet, LS Industrial System, LWH400G1207.

[15] Datasheet, Texas Instruments, 6N138, 6N139 Optocouplers/Optoisolators

[16] Datasheet, Cosmo Electronics Corporation, SOLID STATE RELAY:

KSD210AC8.

[17] Datasheet, Texas Instruments, Tiva™ TM4C123GH6PM Microcontroller.

[18] J. L. G. G. Melo, “PROJETO E IMPLEMENTAÇÃO DE UM FILTRO ATIVO

PARALELO MONOFÁSICO PARA CORREÇÃO DE DISTORÇÃO HARMÔNICA DE

CORRENTE”, Trabalho de Conclusão de Curso UFPR, Curitiba, PR, 2013.

[19] M. F. Oliveira, “Projeto de Implementação de um Inversor de Frequência

Bidirecional para uso em Redes Inteligentes”, Trabalho de Conclusão de Curso

UFPR, Curitiba, PR, 2014.

54

APÊNDICES

APÊNDICE A – ESQUEMÁTICO DO CIRCUITO DE AQUISIÇÃO E

CONDICIONAMENTO................................................................................................52

APÊNDICE B – SCRIPT MATLAB DA MALHA DE CORRENTE...............................53

APÊNDICE C – SCRIPT MATLAB DA MALHA DE TENSÃO....................................55

APÊNDICE D – CÓDIGO DO MICROCONTROLADOR............................................57

APÊNDICE E – CIRCUITO SIMULADO NO SIMULINK............................................66

55

APÊNDICE A – ESQUEMÁTICO DO CIRCUITO DE AQUISIÇÃO E

CONDICIONAMENTO

56

APÊNDICE B – SCRIPT MATLAB DA MALHA DE CORRENTE

clear all;

close all;

clc;

%======================================%

%Função de transferência do circuito de aquisição de corrente:

%======================================%

numGcirc = [100/1.62];

C1 = 10E-9;

denGcirc = [1544.4*C1 1];

Gcirc = tf(numGcirc,denGcirc);

%======================================%

%Função de transferência do inversor:

%======================================%

f=30000;

Ts=1/f;

Vcc = 240;

Lf = 8E-3;

Gi = tf(Vcc,[Lf 0]);

%======================================%

%Ganhos do malha de corrente:

%======================================%

%Ganho do conversor AD

Kad = (2^12)/3.3;

%Ganho do PWM

pwm_pontos = 2700;

Kpwm = 2/pwm_pontos;

%Ganho do sensor

Khall = 1/2000;

%======================================%

%Função de transferencia da malha:

%======================================%

Gtotal = Gcirc*Gi

kgt = 1851250

fpi = 1.03E4;

fpci=(1/(pi*Ts))*tan(fpi*pi*Ts)

57

wpc_inv= 2*pi*fpci;

Gtotalc = tf([kgt],[1/wpc_inv 1 0])

Gtotald = c2d(Gtotalc,Ts,'trusten')

Ktotal = Kad*Kpwm*Khall

%======================================%

% Compensador tipo 2 projetado em S

%======================================%

fz = 1555.042473;

fp = 41156.43213;

kc = 736950.2539;

wz=2*pi*fz;

wp=2*pi*fp;

Cs = tf([kc/wz kc],[1/wp 1 0])

Cs3 = tf(Cs);

%======================================%

% Determinação do compensador digital

% utilizando os polos e zeros compensados

%======================================%

fzc=(1/(pi*Ts))*tan(fz*pi*Ts)

fpc=(1/(pi*Ts))*tan(fp*pi*Ts)

wzc=2*pi*fzc;

wpc=2*pi*fpc;

Ccs = tf([kc/wzc kc],[1/wpc 1 0])

Gcd = c2d(Ccs,Ts,'trusten')

Gcd2 = tf([4.27 1.205 -3.065],[1 -0.5972 -0.4028],Ts)

58

APÊNDICE C – SCRIPT MATLAB DA MALHA DE TENSÃO

clear all;

close all;

clc;

%======================================%

%Função de transferência da planta de tensão:

%======================================%

f=30000;

Ts=1/f;

Vcc = 240;

Vrede_pp = 180;

Cf = 1.5*4700E-6;

Gv = tf(Vrede_pp/Vcc,[2*Cf 0]);

Gvd = c2d(Gv,Ts,'trusten');

%======================================%

%Filtro digital EWMA com Nm amostras:

%======================================%

fs = 30000;

Nm = 20;

a = (Nm-1)/Nm;

numd = [1-a];

dend = [1 -a];

Gfd = tf(numd, dend, Ts);

%======================================%

%Ganhos do malha de tensão:

%======================================%

%Ganho do conversor AD

Kad = (2^12)/3.3;

%Ganho do circuito de corrente

Kcirc = 100/1.62;

%Ganho do sensor de corrente

Khall = 1/2000;

%Ganho do sensor ten tensão de barramento;

Ktensao = (2^12/335)/Kad;

%ganho do sensor de tensão da rede

KtensaoAC = 0.0471*0.1666*Kad;

%Ganho da malha de corrente para baixas frequências;

KFTMAcorrente = 1/(Khall*Kcirc);

%Iref;

Voper = 2933;

Imax = 17;

Iref = Imax*Khall*Kcirc*Kad/(Voper)

%======================================%

%Função de transferencia da malha:

59

%======================================%

Gtotald = Gvd*Gfd;

%Ganho total;

Hv = Kad*Ktensao*Iref*KFTMAcorrente*KtensaoAC

%======================================%

%Compensador:

%======================================%

kc = 0.004305;

wz = 0.9995;

Gcd = tf([-kc kc*wz],[1 -1],Ts)

60

APÊNDICE D – CÓDIGO DO MICROCONTROLADOR

/*################################################ Inversor Monofásico Autor: Pietro Di Bernardo Neto Sistema de controle de inversor monofásico apresentado como trabalho de conclusão de curso ao departamento de Engenharia Elétrica da UFPR, utilizando o microcontrolador TIVA TM4C123GH6PM. Dados: Sensores de corrente conectados à placa de aquisição: Sensor 1: PE1 - AIN2 Sensor 2: PE2 - AIN1 Sensor 3: PE3 - AIN0 Sensores de tensão AC conectados à placa de aquisição: Sensor 1: PD1 - AIN6 Sensor 2: PD2 - AIN5 Sensor 3: PD3 - AIN4 Sensores de tensão DC conectados à placa de aquisição: Sensor 1: PD0 - AIN7 #################################################*/ #include "inc/tm4c123gh6pm.h" #include <stdint.h> #include <stdbool.h> #include "inc/hw_memmap.h" #include "inc/hw_types.h" #include "driverlib/sysctl.h" #include "driverlib/gpio.h" #include "driverlib/debug.h" #include "driverlib/interrupt.h" #include "driverlib/pwm.h" #include "driverlib/pin_map.h" #include "inc/hw_gpio.h" #include "driverlib/rom.h" #include "driverlib/can.h" #include "driverlib/adc.h" #include "seno_fase.h" int main(void) int period = 2700; uint32_t ulADC0Value[3]; int s1, s2; int tensaoAC; int tensaoDC; int corrente; float tensaoDCf[2] = 0,0; float Iref = 0.2220; int Vbarr_ref = 2933; float Vref; float Ierro [3] = 0,0,0; float Verro [2] = 0,0; int controle_co [3] = 0,0,0;

61 float controle_barr[2] = 0,0; char loop = 21; float offset[2] = 0,0; //Set the clock

SysCtlClockSet(SYSCTL_SYSDIV_2_5|SYSCTL_USE_PLL|SYSCTL_OSC_MAIN|SYSCTL_XTAL_16MHZ);

//Configure PWM Clock to match system SysCtlPWMClockSet(SYSCTL_PWMDIV_2); //Enable the peripherals used by this program. SysCtlPeripheralEnable(SYSCTL_PERIPH_GPIOA); SysCtlPeripheralEnable(SYSCTL_PERIPH_GPIOE); SysCtlPeripheralEnable(SYSCTL_PERIPH_GPIOF); SysCtlPeripheralEnable(SYSCTL_PERIPH_PWM0); SysCtlPeripheralEnable(SYSCTL_PERIPH_PWM1); SysCtlPeripheralEnable(SYSCTL_PERIPH_ADC0);

//ADC - conFigurar como monofásico (1 sensor de tensao, 1 de corrente e 1 do barramento) ADCHardwareOversampleConfigure(ADC0_BASE, 4); //Média por hardware de 4 amostras

ADCSequenceDisable(ADC0_BASE, 1); //Desabilitar ADC0 para conFiguração ADCSequenceConfigure(ADC0_BASE, 1, ADC_TRIGGER_PROCESSOR, 0); //conFigura o ADC0 para uso, com sequenciador 1, trigger por processo e prioridade 0

ADCSequenceStepConfigure(ADC0_BASE, 1, 0, ADC_CTL_CH2); //lER o PE3 - AIN2 ADCSequenceStepConfigure(ADC0_BASE, 1, 1, ADC_CTL_CH6); //lER o PD1 - AIN6

ADCSequenceStepConfigure(ADC0_BASE, 1, 2, ADC_CTL_CH7 | ADC_CTL_IE | ADC_CTL_END); //lER o PD0 - AIN7

ADCSequenceEnable(ADC0_BASE, 1); //Habilita o ADC0 //Configure Pins as PWM GPIOPinConfigure(GPIO_PA6_M1PWM2); GPIOPinConfigure(GPIO_PA7_M1PWM3); GPIOPinConfigure(GPIO_PE4_M0PWM4); GPIOPinConfigure(GPIO_PE5_M0PWM5); GPIOPinConfigure(GPIO_PF2_M1PWM6); GPIOPinConfigure(GPIO_PF3_M1PWM7); GPIOPinTypePWM(GPIO_PORTA_BASE, GPIO_PIN_6 | GPIO_PIN_7); GPIOPinTypePWM(GPIO_PORTE_BASE, GPIO_PIN_4 | GPIO_PIN_5); GPIOPinTypePWM(GPIO_PORTF_BASE, GPIO_PIN_2 | GPIO_PIN_3); //Configure PWM Options

PWMGenConfigure(PWM1_BASE, PWM_GEN_1, PWM_GEN_MODE_UP_DOWN | PWM_GEN_MODE_NO_SYNC); PWMGenConfigure(PWM0_BASE, PWM_GEN_2, PWM_GEN_MODE_UP_DOWN | PWM_GEN_MODE_NO_SYNC); PWMGenConfigure(PWM1_BASE, PWM_GEN_3, PWM_GEN_MODE_UP_DOWN | PWM_GEN_MODE_NO_SYNC);

//Set the Period (expressed in clock ticks) PWMGenPeriodSet(PWM1_BASE, PWM_GEN_1, period); PWMGenPeriodSet(PWM0_BASE, PWM_GEN_2, period); PWMGenPeriodSet(PWM1_BASE, PWM_GEN_3, period);

62

// Enable the PWM generator PWMGenEnable(PWM1_BASE, PWM_GEN_1); PWMGenEnable(PWM0_BASE, PWM_GEN_2); PWMGenEnable(PWM1_BASE, PWM_GEN_3); // Enable Dead Band delay (10 cyclos) PWMDeadBandEnable(PWM1_BASE, PWM_GEN_1, 20, 20); PWMDeadBandEnable(PWM0_BASE, PWM_GEN_2, 20, 20); PWMDeadBandEnable(PWM1_BASE, PWM_GEN_3, 20, 20); // Turn on the Output pins

PWMOutputState(PWM1_BASE, PWM_OUT_2_BIT | PWM_OUT_3_BIT | PWM_OUT_6_BIT | PWM_OUT_7_BIT, true);

PWMOutputState(PWM0_BASE, PWM_OUT_4_BIT | PWM_OUT_5_BIT, true); PWMPulseWidthSet(PWM1_BASE, PWM_OUT_2, period/2); PWMPulseWidthSet(PWM0_BASE, PWM_OUT_4, period/2); PWMPulseWidthSet(PWM1_BASE, PWM_OUT_6, period/2); while(loop--)//leituras com o inversor inoperante

ADCProcessorTrigger(ADC0_BASE, 1); //trigger do ADC0 while(!ADCIntStatus(ADC0_BASE, 1, false)); //Aguarda o ADC0 terminar a conversão ADCSequenceDataGet(ADC0_BASE, 1, ulADC0Value); //Guarda em ulADC0value[0]=Linv, ulADC0value[1]=Iref e ulADC0value[2]=Vsin, corrente = ulADC0Value[0]; tensaoAC = ulADC0Value[1]; tensaoDC = 3885 - ulADC0Value[2]; tensaoDCf[0] = tensaoDCf[1]; tensaoDCf[1] = 0.95*tensaoDCf[0] + 0.05*tensaoAC; offset[0] = offset[1]; offset[1] = 0.95*offset[0] + 0.05*corrente;

// Enable the GPIO port that is used for the on-board LED. GPIOPinTypeGPIOOutput(GPIO_PORTF_BASE, GPIO_PIN_1); //relay GPIOPinTypeGPIOOutput(GPIO_PORTF_BASE, GPIO_PIN_4); //sample frequency measure SysCtlDelay(40000000); GPIOPinWrite(GPIO_PORTF_BASE, GPIO_PIN_1, GPIO_PIN_1); while(1)

//leitura ADCs ADCProcessorTrigger(ADC0_BASE, 1); //trigger do ADC0 while(!ADCIntStatus(ADC0_BASE, 1, false)); //Aguarda o ADC0 terminar a conversão ADCSequenceDataGet(ADC0_BASE, 1, ulADC0Value); //Guarda em ulADC0value[0]=Linv, ulADC0value[1]=Iref e ulADC0value[2]=Vsin, corrente = ulADC0Value[0] - 1973; tensaoAC = ulADC0Value[1] - 1787; tensaoDC = 3885 - ulADC0Value[2]; GPIOPinWrite(GPIO_PORTF_BASE, GPIO_PIN_4, GPIO_PIN_4);

63

//teste 1 - controle corrente /* Ierro[0] = Ierro[1]; Ierro[1] = Ierro[2]; Ierro[2] = corrente - 0.0218*tensaoAC*1; controle_co[0] = controle_co[1]; controle_co[1] = controle_co[2]; controle_co[2] = 4.271*Ierro[2] + 1.205*Ierro[1] - 3.065*Ierro[0] + 0.5973*controle_co[1] + 0.4027*controle_co[0]; */ //teste 2 - controle corrente + tensão: tensaoDCf[0] = tensaoDCf[1]; tensaoDCf[1] = 0.95*tensaoDCf[0] + 0.05*tensaoDC; Verro[0] = Verro[1]; Verro[1] = Vbarr_ref - tensaoDCf[1]; controle_barr[0] = controle_barr[1]; controle_barr[1] = Verro[0]*0.004303 - 0.004305*Verro[1] + controle_barr[0]; Vref = controle_barr[1]*Iref; if(Vref>0.371) Vref = 0.371; if(Vref<0.0218) Vref = 0.0218; Ierro[0] = Ierro[1]; Ierro[1] = Ierro[2]; Ierro[2] = corrente - Vref*tensaoAC; controle_co[0] = controle_co[1]; controle_co[1] = controle_co[2]; controle_co[2] = 4.271*Ierro[2] + 1.205*Ierro[1] - 3.065*Ierro[0] + 0.5973*controle_co[1] + 0.4027*controle_co[0]; GPIOPinWrite(GPIO_PORTF_BASE, GPIO_PIN_4, 0); //teste em malha aberta - ok. //s1 = 1350 + tensaoAC*1350/2048; //s2 = 1350 - tensaoAC*1350/2048; //Teste em malha fechada com controle de corrente e tensão - ok. s1 = 1350 + controle_co[2]; s2 = 1350 - controle_co[2]; if(s1>2430) s1 = 2430; if(s1<270) s1 = 270; if(s2>2430) s2 = 2430; if(s2<270) s2 = 270; //PWMPulseWidthSet(PWM1_BASE, PWM_OUT_2, s1); PWMPulseWidthSet(PWM0_BASE, PWM_OUT_4, s2); PWMPulseWidthSet(PWM1_BASE, PWM_OUT_6, s1);

64

APÊNDICE E – CIRCUITO SIMULADO NO SIMULINK