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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO

DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

TÍTULO: Inclusão Escolar: Mito ou Realidade?

Autor: Rosemery Issa Rizk

Disciplina/Área: Educação Especial

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização:

Colégio Estadual 11 de Abril – EFM

Avenida Presidente Tancredo de Almeida

Neves, 440.

Município da Escola: Tapejara, Estado do Paraná

Núcleo Regional de Educação: Cianorte, Estado do Paraná

Professor Orientador: Dr.ª Nilza Sanches Tessaro Leonardo

Instituição de Ensino Superior: UEM – MARINGÁ

Relação Interdisciplinar: Todas as áreas do conhecimento

Resumo A relevância desta Unidade Didática, intitulada

Inclusão Escolar: Mito ou Realidade? justifica-

se por considerar que os educadores, em sua

maioria, não tiveram acesso a informações ou

até mesmo leituras sobre inclusão escolar em

sua formação inicial, e que continuam não

tendo acesso às mesmas. Sendo assim, a

intenção é colaborar com a formação

continuada de professores, proporcionando

momentos de estudos e reflexões entre estes,

sobre a temática da inclusão escolar e seus

desdobramentos. Será feito um resgate

histórico da educação especial, da deficiência e

das políticas públicas que versam sobre a

inclusão escolar, de forma que possibilite uma

análise de todos os aspectos envolvidos neste

processo. O projeto será desenvolvido tendo

por base os fundamentos teóricos de autores

que tratam sobre a educação especial, a

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inclusão escolar e a Psicologia Histórico-

Cultural. O material consiste em uma proposta

de um curso que será desenvolvido em

ambiente escolar, para os professores e demais

interessados da comunidade escolar, com

duração de 32 horas. Neste curso os

profissionais terão oportunidade de adquirirem

conhecimentos científicos sobre a temática em

questão, e assim pensarem em uma atuação,

que de fato leve a humanização das pessoas

com necessidades educativas especiais. Este

projeto será desenvolvido sob a orientação da

professora, Drª Nilza Sanches Tessaro

Leonardo.

Palavras chave: Educação; Educação Especial; Inclusão

Escolar; Formação de Professores.

Formato do Material didático Unidade didática

Público Alvo Professores, Funcionários e Comunidade

Escolar.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E

PROGRAMAS EDUCACIONAIS

UNVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

INCLUSÃO ESCOLAR: MITO OU REALIDADE?

MARINGÁ/PARANÁ

2014

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E

PROGRAMAS EDUCACIONAIS

UNVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

INCLUSÃO ESCOLAR: MITO OU REALIDADE?

Professora PDE – 2014

Rosemery Issa Rizk

Professora Orientadora

Dr.ª Nilza Sanches Tessaro Leonardo

MARINGÁ/PARANÁ

2014

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INTRODUÇÃO

A Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, proporciona aos professores

da rede pública estadual, uma formação continuada através do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, em parceria com a Universidade Estadual de Maringá – UEM.

Sendo assim, uma das estratégias desta formação continuada é o Projeto de

Intervenção Pedagógica, o qual será implementado na escola por meio da produção do

material Didático-Pedagógico.

O principal enfoque deste Projeto de Intervenção Pedagógica na escola consiste em

proporcionar estudos e reflexões aos educadores referentes: à Educação Especial, à inclusão e

à escolarização das pessoas com necessidades educativas especiais, de forma que os mesmos

possam rever e melhorar sua práxis pedagógica, desenvolvendo uma educação

contextualizada, planejada, significativa, organizada, com o objetivo de contribuir para o

desenvolvimento, transformação e humanização do sujeito, pautado na Psicologia Histórico-

Cultural.

Acreditamos na viabilidade desta Produção Didático-Pedagógica em virtude do tema

Inclusão Escolar proporcionar muita discussão no âmbito escolar e, de acordo com Leonel

(2014, p. 15):

[...] assegurar um ensino de qualidade às crianças com necessidades educacionais

especiais é um dever que envolve a responsabilidade e o compromisso de todos;

assim é papel da escola proporcionar condições para que este aluno desenvolva suas

potencialidades a partir da escolarização, de forma que esta promova o

conhecimento, garantindo o direito da pessoa com deficiência.

Quanto à originalidade, podemos dizer que esta produção foi elaborada a partir de

observação em nossa prática profissional, uma vez que os professores, em sua maioria,

durante sua graduação ou especialização, não tiveram oportunidade de estudar sobre o tema

Educação Especial. O que faz com que estes, não consigam desenvolver um trabalho que de

fato atenda os alunos com necessidades educacionais especiais de forma adequada, isto é, que

lhes possibilite um ensino que provoque o desenvolvimento das funções psicológicas

superiores (atenção voluntária, memória, pensamento abstrato, etc) com consequente

humanização destes.

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Por considerarmos que todas as pessoas, sejam elas com necessidades educativas

especiais ou não podem aprender e desenvolver, e que a escola tem um papel fundamental

neste processo, é que este projeto foi idealizado e elaborado.

Tomando por base os pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural, temos que o

papel do professor é fundamental no processo de aprendizagem e desenvolvimento humano,

pois ele exerce a função de mediador entre o conhecimento e o aluno. É por meio da

aprendizagem do conhecimento científico que o aluno, sobretudo aquele que possui alguma

deficiência pode ter funções psíquicas superiores desenvolvidas.

No entanto, o que evidenciamos em nova prática, são entraves que permeiam a

obtenção de um ensino de qualidade, uma vez que percebemos certo despreparo por parte de

alguns professores ao lidar com uma pessoa com necessidades especial.

Nesta perspectiva, este trabalho terá como base os fundamentos teóricos de autores que

tratam sobre a educação especial, a inclusão escolar e a Psicologia Histórico-Cultural. O

principal enfoque deste Projeto de Intervenção Pedagógica na escola consiste em proporcionar

estudos e reflexões aos educadores referentes: à Educação Especial, à inclusão e à

escolarização das pessoas com necessidades educativas especiais, de forma que os mesmos

possam rever e melhorar sua práxis pedagógica, desenvolvendo uma educação

contextualizada, planejada, significativa, organizada, com o objetivo de contribuir para o

desenvolvimento, transformação e humanização do sujeito.

Desta forma, será organizado um curso, em ambiente escolar, para os professores e

demais interessados da comunidade escolar, com duração de 32 horas, em que estes

profissionais terão oportunidade de adquirirem conhecimentos sobre assuntos e assim

pensarem em uma atuação, que de fato leve a humanização das pessoas com necessidades

educativas especiais. Este projeto será desenvolvido sob a orientação da professora, Drª Nilza

Sanches Tessaro Leonardo.

O suporte didático utilizado no desenvolvimento deste Projeto de Intervenção

Pedagógica na escola será o conhecimento adquirido nos cursos gerais, cursos específicos,

encontros de área, seminários, cursos de suporte tecnológico, encontros de orientação,

simpósios, atividades e eventos acadêmicos, bem como as bibliografias indicadas.

Por meio deste trabalho pretende-se num primeiro momento, averiguar juntamente

com os professores o contexto histórico da Educação Especial,

No segundo momento, pretende-se identificar e analisar as leis, decretos, resoluções e

declarações que amparam a pessoa com necessidades educacionais especiais.

E para concluir esta ação, será oferecido aos professores subsídios teóricos que lhes

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possibilitem atuar de forma que assegurem o desenvolvimento psíquico dos alunos com

necessidades educacionais especiais e consequente humanização destes.

1 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A DEFICIÊNCIA E A EDUCAÇÃO

ESPECIAL

Ao longo da trajetória da humanidade, várias transformações ocorreram no que se

refere à Educação Especial e às concepções sobre a deficiência e o deficiente. Assim sendo, é

recorrermos à história em seus diferentes momentos, para podermos compreender as relações

estabelecidas com o deficiente na atualidade, em seu processo de escolarização e

consequentemente, no seu desenvolvimento psíquico.

Iniciando pela Antiguidade, de acordo com Pessotti (1984, apud LEONEL, 2014, p.

19):

Platão (427-399 a. C.) e depois Aristóteles (384-322 a. C.) admitiam a prática do

abandono à morte dos deficientes, em nome do equilíbrio e da organização política.

Ainda para a sociedade espartana, os deficientes mentais eram considerados como

sub-humanos, e seu abandono, e até seu extermínio, eram práticas aceitáveis, pois

esses indivíduos não se enquadravam nos modelos estéticos da organização

sociocultural e política da sociedade de Esparta.

Uma vez que nesse período os povos eram nômades e para se sustentarem dependiam

da troca de habitat, sendo assim, os deficientes eram considerados obstáculos para esses

deslocamentos realizados pelos homens e, consequentemente, eram abandonados pela

comunidade.

De acordo com Santos (2002, apud LEONEL, 2014, p. 20), durante a Roma Antiga:

[...] as práticas de extermínio eram naturais e amparadas por lei

1 (“Lei das Doze

Tábuas”), que permitia ao pai eliminar o filho logo após o parto se este viesse a

apresentar alguma deformidade ou monstruosidade. Como forma de confirmação da

deficiência, o pai deveria apresentar a criança para os vizinhos, que iriam

testemunhar a deficiência, garantindo assim ao pai o poder para tal conduta.

Na Idade Média, o corpo do deficiente ganha direito à vida, mas é estigmatizado. “É o

momento em que surgem os primeiros escritos que trazem alguma forma de tratamento aos

deficientes; porém estes aconteciam de forma caritativa e dentro das instituições religiosas,

1 Essa lei era conhecida como Lei das Doze Tábuas, que vigorou do início da República até meados do século V

a. C., e que, entre outras coisas, dava o direito ao extermínio das crianças deficientes.

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como os conventos e igrejas, portanto, ainda estavam longe de corresponder à igualdade para

todos.” (LEONEL, 2014 p. 22). Segundo Pessotti (1984, apud LEONEL, 2014, p. 23):

[...] foi com o pensamento de John Locke (1632-1704) que as deficiências passaram

a ser percebidas como um estado de carência de ideias que necessitava ser suprida

pela experiência, ou seja, pelo ensino. Ainda o mesmo autor aponta que outros

pensadores da época, como Condilac (1715-1780), Itard (1774-1830) e Seguin

(1812-1880), contribuíram para a proposição de uma pedagogia da deficiência

mental, dando ênfase à educabilidade do deficiente, mas nem por isso sem o

ranço médico-biológico, já que se pautava na formação dos sentidos, no treino

sensorial (Grifos do autor).

Miranda (2003, apud LEONEL, 2014, p. 23) complementa:

[...] expondo que durante os séculos XVIII e XIX como forma de atendimento e

proteção aos deficientes surgiu à institucionalização, e, uma vez que a preocupação

era voltada ao cuidar, e não ao educar, as ações eram de caráter assistencialista e não

eliminavam as práticas de segregação. Com o desenvolvimento científico, a

psicologia se expandia e seus conhecimentos tornavam-se públicos.

No século XX ocorreu o crescimento da população urbana e com ele a democratização

do Ensino Básico, havendo uma busca por efetivação de matrículas na rede regular. De

acordo com Rossato, (2010, apud LEONEL, 2014, p. 24), “também surgiu a procura pela

efetivação da educação do deficiente; mas a forma encontrada de atender estes alunos foi

reuni-los em classes especiais e criar escolas especializadas, culminando na segregação do

aluno”.

Tessaro (2011, apud LEONEL, 2014, p. 30) acredita que:

“as limitações maiores na deficiência mental não estão relacionadas com a

deficiência em si, mas sim com a credibilidade e as oportunidades que são

oferecidas às pessoas portadoras de deficiência mental. É notável quão limitado é o

mundo dessas pessoas, quanto elas são segregadas, ou seja, privadas de interação

social”.

De acordo com a trajetória histórica, é possível perceber que os deficientes sempre

ficaram à margem da sociedade, muitas vezes estas ações são influenciadas tanto pela história

quanto pela cultura de cada povo, fortalecendo assim, as barreiras e o preconceito, bem como

reduzindo as oportunidades de avanço.

Vale ressaltar que o atual contexto histórico busca a igualdade de direitos e a

qualidade de ensino, assim percebemos que algumas tentativas ainda precisam ser

solidificadas.

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Por não existir registros históricos sobre a existência de escolas para se trabalhar com

deficientes, principalmente com os deficientes mentais é que somente nos séculos XVI e XVII

é que se iniciou um trabalho com a educação voltada para os surdos. Para Bueno (1993, apud

LEONEL, 2014, p. 31):

O surgimento de institutos assistencialistas e filantrópicos da época anuncia um

novo momento histórico, a fase que hoje se entende por segregação dos deficientes.

Estes institutos, muitas vezes, serviam como uma forma de livrar as famílias do

encargo de cuidar de uma criança deficiente, configurando-se como um instrumento

de isolamento social.

O autor ainda relata que “nos séculos XVI e XVII não havia distinção entre a

deficiência mental e a loucura, e esses indivíduos eram então encaminhados para asilos [...],

sendo os internamentos uma forma de livrar a sociedade dos que não se enquadravam em suas

normas”.

Porém, segundo Mendes (2006, apud LEONEL, 2014, p. 33), “os deficientes passaram

a significar um empecilho para os avanços, [...] implicariam em custos para essa sociedade,

sendo a institucionalização a saída para o “problema”. Assim, os asilos e manicômios foram a

forma encontrada pela sociedade para o atendimento aos desviantes”.

De acordo com Leonel (2014, p. 33):

Ainda percorrendo a história, encontramos que a educação do deficiente veio a

surgir com o médico Jean Marc Itard (1774-1830), no século XVIII. Itard, a partir

de suas experiências com crianças surdas no Instituto Imperial, desenvolveu uma

metodologia especial de ensino, a qual, aperfeiçoada por Séguin, trouxe avanços à

educação especial para os deficientes mentais.

Segundo Pessotti (1984, apud LEONEL, 2014, p. 34) “diante do pensamento de Itard,

influenciado por Pinel (ao colocar a idiotia como patologia cerebral), a deficiência mental era

tida como uma questão da área médica e seu tratamento era de competência dos profissionais

dessa área”.

Esse período foi marcado pela preocupação com a causa da deficiência, fator pelo qual

de acordo com seus sintomas é que a sociedade seria comprometida, o que consequentemente

tais ações favoreciam a segregação, uma vez que excluía estas pessoas do convívio social.

Assim, Esquirol (1838, apud LEONEL, 2014, p. 35) marca uma época compondo

quadros clínicos distintos entre a deficiência e a loucura:

A idiotia não é uma doença, é um estado no qual as faculdades intelectuais não se

manifestam jamais, ou não puderam se desenvolver o suficiente para que o idiota

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pudesse adquirir os conhecimentos relativos à educação que recebem os indivíduos

de sua idade, e colocados nas mesmas condições que eles. A idiotia começa com a

vida ou na idade que precede o desenvolvimento completo das faculdades

intelectuais e afetivas; os idiotas são aqueles que o serão durante todo o curso de sua

vida, e neles tudo revela uma organização imperfeita ou uma parada no seu

desenvolvimento. Não se concebe a possibilidade de mudar tal estado. (Grifos do

autor)

De acordo com Pessoti (1984 apud LEONEL, 2014, p. 35), “o pensamento de Esquirol

é um marco na história. [...], o critério de avaliação da deficiência passa a ser o rendimento

escolar, abalando, assim, a hegemonia da área médica e abrindo espaço para a atuação do

pedagogo no campo da deficiência mental”.

Para Leonel (2014, p. 36), “Outro nome na história da educação do deficiente foi

Maria Tecla Artemesia Montessori (1870-1952), que herdou de Séguin o seu método

fisiológico e o aperfeiçoou, e criou a Pedagogia Científica”.

Para Mazzotta (2011, apud LEONEL, 2014, p. 38), “no Brasil houve dois momentos

importantes na história da educação dos deficientes: o de 1854 a 1956 e o de 1957 a 1993: no

primeiro ocorreram iniciativas oficiais e particulares isoladas, e no de 1957 a 1993 surgiram

as iniciativas oficiais de âmbito nacional”.

Bueno; Mazzotta; Januzzi; (1993, 2011, 1985, apud LEONEL, 2014, p. 38) apontam

que:

As iniciativas ocorridas no período de 1854 tiveram como marco a criação do

Imperial Instituto dos Meninos Cegos e do Instituto dos Surdos-Mudos, no Rio de

Janeiro, por iniciativa do Governo Imperial de D. Pedro II. A criação do Instituto

dos Meninos Cegos também contou com a participação de um cego brasileiro, José

Alvares de Azevedo2, que estudou no Instituto dos Jovens Cegos de Paris e cujo

destaque despertou o interesse do ministro do Império, Conselheiro Couto Ferraz,

que incentivou D. Pedro II a criar o Instituto.

De acordo com Januzzi (1985, apud LEONEL, 2014, p. 39):

Estes Institutos foram marcos importantes para a Educação Especial, porém esta só

veio a consolidar-se a partir das políticas públicas e das mobilizações em prol da

criação de escolas especiais para essa clientela e em defesa dos direitos das pessoas

com deficiências, que ocorreram a partir de leis, decretos e normalizações como a

LDB 9394/963 (Brasil, 1996) e a Constituição Federal de 1988 (Brasil, 1988), a

2 Alvares de Azevedo, retornando ao Brasil após estudar no Instituto dos Jovens Cegos de Paris, surpreendeu-se

com o descaso para com o deficiente visual no Brasil, o que o levou a traduzir e publicar o livro de J. Dondet:

História do Instituto dos Meninos Cegos de Paris. Tendo o médico do Imperador, Dr. José Francisco Sigaud,

tomado conhecimento da obra, despertou o interesse de Couto Ferraz, surgindo a partir de então o Instituto

(JANUZZI, 1985). 3 No decorrer da história a LDB passou por várias reformulações, sendo a LDB9394/96 a lei atual que respalda a

educação brasileira.

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Declaração de Salamanca de 1994 (Unesco, 1998), entre outros documentos que

mudaram a história da deficiência e da Educação Especial nos âmbitos legais

Para Bueno; Januzzi; Mazzota (1993, 1985, 2005, apud LEONEL, 2014, p. 40):

As primeiras instituições destinadas ao atendimento para os deficientes foram o

Hospital Psiquiátrico da Bahia em 1874 (hoje Hospital Julio Moreira); a Escola

México, de 1887, na cidade do Rio de Janeiro, sendo a da Bahia especializada e a do

Rio de Janeiro de ensino regular, atendendo ainda deficientes físicos e visuais. Há

poucos escritos que discutem o tipo de atendimento prestado, de forma que

poderiam ofertar assistência médica ou médico-pedagógico, ou o atendimento

educacional, não ficando claro o tipo de trabalho prestado.

Aos poucos, a deficiência mental assumiu a primazia da educação especial, não

somente quanto à ampliação do número de instituições a ela dedicada que foram sendo

criadas, mas pelo peso que ela foi adquirindo com relação à saúde e à educação, uma vez que

a primeira pautava-se na preocupação com a eugenia da raça e a segunda se referia à

preocupação com o fracasso escolar, Bueno (1993, apud LEONEL, 2014, p. 40).

A partir da edição do Decreto nº 838, da Reforma do Ensino Primário, Normal e

Profissional, em 1911, Jannuzzi (2004, apud LEONEL, 2014, p. 41) “relata que no Estado do

Rio de Janeiro a educação do deficiente mental estava ligada à rede regular de ensino, com a

proposta de subclasses especiais para crianças hígidas e retardadas nas escolas-modelo da

capital”.

Segundo Bueno (1993, apud LEONEL, 2014, p. 41), estes fatos:

[...] apontavam o início da preocupação da sociedade com a educação dos

deficientes, contribuíram também para a ampliação do número de instituições

filantrópicas de atendimento a esse setor da população. Estas instituições

conquistaram espaço pelo atendimento ofertado na saúde e na educação. Com efeito,

tiveram papel de relevância na história, pela influência na política educacional e pela

quantidade de atendimentos ofertados.

Segundo Sahb (2003, apud LEONEL, 2014, p. 43), a marginalização quanto aos

deficientes esteve presente ao longo da história, bem como as ações para os deficientes

contaram com as contribuições da Psicologia, por meio de testes mentais. O fracasso escolar,

resultado das dificuldades escolares era explicado pela psiquiatria e pela neurologia. Criando

assim, pavilhões especiais para atender os nãos aptos, estes eram separados da turma e

encaminhados à Educação Especial, uma modalidade de ensino separada de educação.

Segundo Rossato (2010, apud LEONEL, 2014, p. 43), a Psicologia do Ensino

contribuiu para o início da legitimação dos diferentes pelos profissionais da área, separando

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nas classes os alunos ditos bons dos incapacitados, justificando assim, tanto a exclusão de

muitos alunos da rede regular quanto a expansão da Educação Especial o que

consequentemente causava a reprodução das desigualdades sociais.

2 POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EDUCAÇÃO ESPECIAL

Ao discutirmos sobre a qualidade de ensino de modo geral, automaticamente nos

reportamos às questões relacionadas às Políticas Públicas. De acordo com Mendonça (2012,

apud LEONEL, 2014 p. 49):

Na construção de uma sociedade de classes, questões de ordem política, econômica

e social estão interligadas na busca por atender às demandas do capitalismo. A

educação faz parte deste movimento, no qual a necessidade imposta pela produção

de bens materiais leva à busca de pessoas mais qualificadas para atender às

exigências de determinada comunidade. A forma encontrada para reestruturar este

mercado era o ensino, pois, para diminuir as desigualdades foram elaborados

documentos e leis que vinham nesta direção, ou seja, a educação para todos.

A Educação Especial também se encontra pautada nesta perspectiva, uma vez que visa

garantir aos alunos com necessidades educacionais seus direitos a partir da legislação vigente.

“É importante ressaltar que as mudanças ocorridas nas leis que regem a Educação

Especial também vinham para atender aos interesses de ordem econômica e política, e não só

à formação do indivíduo” (LEONEL, 2014, p. 49).

Desta forma, um dos grandes desafios para a sociedade é conhecer as leis e buscar sua

efetivação na práxis escolar, isso se atribui aos obstáculos apresentados em lidar com a

deficiência, bem como as limitações impostas que conhecemos através dos registros

históricos.

Ao longo da história, o direito da pessoa com deficiência está pautado na Declaração

Universal dos Direitos Humanos, elaborada em 1948, que reconhece a educação como um

direito de todos os seres humanos, de acordo com seu artigo 26:

Toda a pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos

graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A

instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior,

esta baseada no mérito (ONU, 1948).

Mendonça (2012, apud LEONEL, 2014. p. 50) “chama a atenção para este documento,

que fornece a base para a estruturação e organização da educação brasileira, garantindo o

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direito à educação para todos os cidadãos, com e sem deficiência, e firmando o compromisso

de formá-los desde o Ensino Básico até o Ensino Superior”.

Com a repercussão da Declaração dos Direitos Humanos na Educação Especial

brasileira, a fim da garantia de direitos, a luta em prol dos deficientes ganha força em nível

nacional, surgindo novos movimentos, bem como desperta o interesse político pela área.

A Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961, fixa as Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, e em seu artigo 88 reafirma: “A educação de excepcionais, deve, no que for

possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade”.

No entanto, em 1971 a Lei n.º 4.024/61 foi substituída pela Lei 5.692, de 11 de agosto

de 1971, a qual, em seu artigo 9º, estabelece que “Os alunos que apresentem deficiências

físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de

matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas

fixadas pelos competentes Conselhos de Educação”.

Vale ressaltar que os direitos à educação dos deficientes já vinham sendo apontados

também na Constituição Federal de 1967. O Título IV, Da Família, da Educação e da Cultura

referencia:

Art. 167. A educação é direito de todos, assegurada a igualdade de oportunidade,

inspirando-se no principio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e de

solidariedade humana. (BRASIL, 1967, p. 81).

De acordo com A. M. Silva (2010, apud LEONEL, 2014. p. 51):

[...] o interesse de alguns grupos e as mobilizações que vinham ocorrendo na época

em busca de benefício para os deficientes, e com a organização política da Educação

especial brasileira, começavam as políticas públicas a apresentar consistência na

área educacional a partir da década de 1970.

Diante desta perspectiva, fatores internacionais seriam importantes e, influenciariam

as decisões no que se refere à educação no país, entre elas, a Resolução da ONU nº 2542/75, a

Declaração Mundial de Educação para Todos de 1990 e a Declaração de Salamanca de 1994.

Desta forma, estas políticas públicas Internacionais contribuirão para elencar os

documentos que estruturaram a legislação brasileira, como a LDB e o Estatuto da Criança e

do Adolescente, que enfoca a importância em sua discussão no que se refere à Educação

Especial.

A Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (ONU, 1975) visa assegurar os

direitos das pessoas com deficiência. Em seu artigo 3º declara:

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As pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana.

As pessoas deficientes, qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas

deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma

idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar de uma vida decente, tão

normal e plena quanto possível.

A Declaração Mundial sobre Educação para Todos (JOMTIEN, 1990) enfoca a

importância da inclusão das pessoas com necessidades educacionais especiais quanto à

universalização ao acesso à educação para todos. Em seu artigo 3º - Universalizar o acesso à

educação e promover a equidade em seu quinto item declara:

As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências

requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de

acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte

integrante do sistema educativo (UNESCO, 1990).

De acordo com Mendonça (2012, apud LEONEL, 2014. p. 53):

[...] a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) aponta um norte para as

políticas educacionais brasileiras, com o objetivo de assegurar o direito à educação a

todos de forma igualitária, ou seja, uma educação democrática, uma educação

realmente para todos. A partir dos documentos, o ensino torna-se um dos maiores

desafios para os governantes: o de “ofertar uma educação democrática, no qual

fatores sociais e econômicos não podem afetar a produção e socialização do

conhecimento”.

A declaração acima citada foi de grande importância, no entanto, o marco para a

Educação Especial se deu com a Declaração de Salamanca de 1994, foi por meio dela que o

ensino para as pessoas com necessidades especiais começou a se definir:

[...] reafirmamos, por este meio, o nosso compromisso em prol da Educação para

Todos, reconhecendo a necessidade e a urgência de garantir a educação para as

crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais no quadro do

sistema regular de educação, e sancionamos, também por este meio, o

Enquadramento da Acção na área das Necessidades Educativas Especiais, de modo a

que os governos e as organizações sejam guiados pelo espírito das suas propostas e

recomendações. (UNESCO, 1994, p. viii)

Quanto à Estrutura de Ação em Educação Especial a Declaração de Salamanca

(UNESCO, 1994, p. 6) expõe:

O princípio orientador deste Enquadramento da Acção consiste em afirmar que as

escolas se devem ajustar a todas as crianças, independentemente das suas

condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito, terão de incluir-se

crianças com deficiência ou sobredotados, crianças da rua ou crianças que

trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias

Page 16: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · 1 Essa lei era conhecida como Lei das Doze Tábuas, que vigorou do início da República até meados do século V a. C., e que,

linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou

marginais (Grifos do autor).

Desta forma, o respeito pela diversidade e o direito à educação são para todos,

oficializando assim, as discussões sobre o ensino inclusivo. De acordo com Carvalho (1997,

apud LEONEL, 2014, p. 54):

[...] o documento é relevante para a Educação Especial, pois aponta a necessidade de

atender às diferenças individuais das crianças em seu processo de ensino-

aprendizagem e de respeitar suas características. Neste sentido, as ações devem

primar por mudanças efetivas em relação à práxis, para que sejam vencidas as

barreiras que as escolas vivenciam para oferecer um ensino de qualidade.

Vale ressaltar que outros documentos internacionais também discutem sobre a

educação de pessoas com necessidades educativas especiais que são enfocados nos

documentos estruturais da educação brasileira, que tem por objetivo promover a melhoria do

atendimento as pessoas com necessidades educacionais especiais.

Durante o contexto histórico, várias leis complementares foram sendo criadas, bem

como outras reformuladas, como a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que em 1993, com o

Projeto de Lei nº 101, da Câmara Federal, fixava as Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

e em 1996 sancionou a nova LDB 9394/96, que na atualidade é um instrumento fundamental

da educação brasileira.

A LDB 9394/96, trata da Educação Especial em seu Capítulo V, nos artigos 58, 59 e

60:

4Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade

de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para

educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades ou superdotação.

§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular,

para atender às peculiaridades da clientela de educação especial.

§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços

especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for

possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na

faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. 5Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:

I – currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para

atender às suas necessidades;

II – terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido

para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e

aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados:

4 Caput com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013.

5 Caput com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013.

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III – professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para

atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados

para a integração desses educandos nas classes comuns;

IV – educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em

sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de

inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,

bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,

intelectual ou psicomotora;

V – acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de

caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com

atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo

poder público. 6Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial, a

ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na própria rede pública regular

de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo (grifos

do autor).

Desta forma, percebe-se que as leis e documentos citados provocam mudanças de

suma importância na estruturação e organização da educação brasileira, afetando tanto a

educação como um todo, quanto a Educação Especial, a fim de minimizar as desigualdades e

construir uma educação para todos, sendo assim relevantes para o contexto histórico da

Educação Especial bem como das políticas públicas.

3 PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL E A DEFICIÊNCIA.

De acordo com Leonel (2014, p. 86), “A teoria Histórico-Cultural originou-se na

Rússia, concebida por L.S. Vygotski (1896-1934) por volta de 1920, a partir dos ideais do

Materialismo Histórico-Dialético proposto por Karl Marx (1818-1883)”. Todavia, as

pesquisas de Vygotsky iniciaram em meio a transformações sócio político econômico, em

virtude da Revolução Russa de 1917, e contava com seus seguidores Alexander Romanovich

Luria (1902-1977), e Alexei Nicolaevich Leontiev (1903-1979).

Segundo Silva (2010), esta abordagem analisa como o ser humano, ao longo da

evolução filo e ontogenética se apropria das objetivações humanas por uma perspectiva

histórica.

Para Rego, (2001, p. 16) Vygotsiky, portanto, foi “capaz de agregar diferentes ramos

do conhecimento em um enfoque comum que não separa os indivíduos da situação cultural

em que se desenvolvem”.

6 Parágrafo com redação dada pela Lei nº 12.796, de 4-4-2013.

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De acordo com Luria (2001, p. 25 e 26), Vygotsky influenciado por Max conclui:

Que as origens das formações superiores de comportamento consciente deveriam ser

achadas nas relações sociais que o indivíduo mantém com o mundo exterior. Mas o

homem não é apenas um produto de seu ambiente, é também um agente ativo no

processo de criação deste meio. [...] Nós precisamos, por assim dizer, caminhar para

fora do organismo objetivando descobrir as fontes das formas especificamente

humanas de atividade psicológica.

Segundo Luria (2001, p. 26), Vygotsky chamava este modo de estudo de psicologia

“cultural”, “histórica” ou “instrumental”, em virtude de ser proposto por ele, e por ser uma

nova maneira de estudar a psicologia, cada termo refletia um significado diferente, como

sendo:

“Instrumental” se refere à natureza basicamente mediadora de todas as funções

psicológicas complexas. Diferentemente dos reflexos básicos, os quais podem

caracterizar-se por um processo de estímulo-respostas, as funções superiores

incorporam os estímulos auxiliares, que são tipicamente produzidos pela própria

pessoa.

O aspecto “cultural” da teoria de Vygostsky envolve meios socialmente estruturados

pelos quais a sociedade organiza os tipos de tarefas, tanto mentais como físicos, de

que a criança pequena dispõe para dominar aquelas tarefas.

O elemento “histórico” funde-se com o cultural. Os instrumentos que o homem usa

para dominar seu ambiente e seu próprio comportamento não surgiram plenamente

desenvolvidos da cabeça de Deus. Foram inventados e aperfeiçoados ao longo da

história social do homem. A linguagem carrega consigo conceitos generalizados,

que são fonte de conhecimento humano.

Luria (2001, p. 27) relata que no início da década de 1930 teve a oportunidade de

avaliar essas mesmas ideias, uma vez que os três aspectos da teoria são aplicáveis ao

desenvolvimento infantil.

O autor ainda ressalta que visando planejar uma pesquisa necessária para desenvolver

suas ideias, Vygotsky, Leontiev e Luria se reuniam de uma a duas vezes por semana, para

reverem os mais importantes conceitos da psicologia cognitiva (percepção, memória, atenção,

fala, solução de problemas e atividade motora), propondo assim novos arranjos experimentais,

e a medida que os processos superiores tomavam forma a estrutura total do comportamento se

modificava.

Rego (2001, p. 25) aponta que Vygotsky não tinha como foco elaborar uma teoria do

desenvolvimento infantil, ele, “recorre à infância como forma de explicar o comportamento

humano geral, justificando a necessidade do estudo da criança reside no fato de ela estar no

centro da pré-história do desenvolvimento cultural devido ao surgimento do uso de

instrumentos e da fala humana”. A autora ainda expõe que entre 1920 e 1930 foi possível

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observar que Vygotsky tratou de questões variadas, além de iniciar a criação do Instituto de

Estudos da Deficiência, que tinha como objetivo estudar o desenvolvimento de crianças

anormais.

Dentre as principais ideias de Vygotsky podemos citar: a que se encontra em primeiro,

esta se refere à relação indivíduo/sociedade, e de acordo com Rego (2001, p. 41), “Vygotsiky

afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do

indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação

dialética do homem e seu meio sócio-cultural”.

A segunda ideia se refere à origem cultural das funções psíquicas, isto é, “As funções

psicológicas especificamente humanas se originam nas relações do indivíduo e seu contexto

cultural e social” (REGO, 2001, p. 41).

E a terceira diz respeito à base biológica do funcionamento psicológico: o cérebro

visto como órgão principal da atividade mental, pois para Rego (2001, p. 42), “O cérebro,

produto de uma longa evolução, é o substrato material da atividade psíquica que cada membro

da espécie traz consigo ao nascer”.

A quarta se relaciona à característica da mediação presente em toda atividade humana.

De acordo com Rego (2001, p. 42):

São os instrumentos técnicos e os sistemas de signos, construídos historicamente,

que fazem a mediação dos seres humanos entre si e deles com o mundo. A

linguagem é um signo mediador por excelência, pois ela carrega em si os conceitos

generalizados e elaborados pela cultura humana.

E, a quinta postula que a análise psicológica deve ser capaz de conservar as

características básicas dos processos psicológicos, exclusivamente humanos, segundo Rego

(2001, p. 43):

Este princípio está baseado na ideia de que os processos psicológicos complexos se

diferenciam dos mecanismos mais elementares e não podem, portanto, ser

reproduzidos à cadeia de reflexos [...] Assim, abordar a consciência humana como

produto histórico social, aponta na direção da necessidade do estudo das mudanças

que decorre no desenvolvimento mental a partir do contexto social.

De acordo com Rossato (2010), precisamos compreender o processo de transformação

e de constituição do homem cultural (com deficiência ou não), bem como nos embasar em

abordagem teórica que fundamentam uma educação escolar comprometida com os processos

de aprendizagem e desenvolvimento desse homem. Segundo a autora (2010, p. 53):

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Vigotski não só valoriza e prioriza o acesso à cultura como determinante para o

desenvolvimento da criança; ele defende que a deficiência não está relacionada

apenas a um comprometimento biológico, mas compreende também o uso cultural

dos processos psicológicos. Neste aspecto, ao relacionar-se e trabalhar com a

deficiência, é essencial contar com medidas culturais auxiliares, de maneira a

proporcionar mediações que possibilitem a apreensão de novos conhecimentos e

desenvolvimento.

Na visão de Vygotski7 (1997, apud ROSSATO, 2010. p. 75):

[...] não é a deficiência em si, no que tange ao seu aspecto biológico, que atua por si

mesma, e sim, o conjunto de relações que o indivíduo estabelece com o outro e com

a sociedade por conta de tal deficiência. Assim, para o autor há um decréscimo na

vida social da pessoa com deficiência, na sua participação e nos papéis sociais que

lhe são atribuídos, pelas oportunidades engendradas marcadamente pelas suas

supostas e deterministas limitações. Destarte, “o que decide o destino da pessoa, em

última instância, não é o defeito em si mesmo, se não as suas consequências sociais,

sua realização psicossocial” (p. 19).

Desta forma, Vygotski (1997, apud ROSSATO, 2010. p. 75):

[...] defende que a formação e desenvolvimento das funções psicológicas superiores

não ocorrem espontaneamente ou por um amadurecimento próprio. Para desenvolver

a fala e o pensamento lógico, por exemplo, é preciso que as crianças, sejam elas

normais ou não, constituam relações sociais com pessoas, que estabeleçam a fala e

tenham o domínio do pensamento lógico.

Nesta perspectiva, Rossato (2010, p. 76) defende “que o fazer-se humano se dá pela

troca de experiências adquiridas e transmitidas pelas relações sociais ocorridas entre os seres

humanos e outros seres humanos e entre estes e a natureza”.

De acordo com Barroco (2007, apud ROSSATO, 2010. p. 75), a criança não sente

diretamente a sua deficiência, e sim, as dificuldades dela decorrentes, seria então o limite ou a

deficiência “não só provocaria no indivíduo a necessidade de estabelecer formas alternativas

para estar e viver no mundo, como o estimularia a ir além do comportamento mediano”.

Vygotski (1997, apud ROSSATO, 2010. p. 78):

Aponta que o processo educativo deve estruturar-se de maneira a não atenuar nem

supravalorizar as dificuldades que surgem da deficiência, mas direcionar todas as

forças para a sua compensação, numa resposta gradual ao processo de formação de

toda a personalidade sob um novo prospecto, de modo que o defeito perde seu

caráter de arrebatado: “(...) o defeito é não apenas uma pobreza psíquica, senão que

também uma fonte de riqueza (...) de força” e o que a compensação pode propiciar é

uma direção, não a uma risca normalidade, mas a uma “(...) aproximação a um

determinado tipo social” (VYGOTSKI, 1997, p. 28).

7 Essa obra utilizada de Vygotski de 1997 denominada de Obras Escolhidas V: Fundamentos de Defectologia, foi traduzida pela

pesquisadora, haja vista que se encontra em espanhol.

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Caberia à educação inserir essas crianças na vida, bem como promover meios para

compensação de sua deficiência. Segundo Rossato (2010, p. 78), “A escola, em sua função de

formação e desenvolvimento das funções psicológicas superiores, ao utilizar seus meios

pedagógicos não deve se adaptar ao defeito, mas vencê-lo, num grande desafio do problema

prático da defectologia”.

Para Rossato (2010, p. 79), a pessoa com deficiência precisa de condições para

utilizar-se culturalmente de seus recursos naturais, mesmo que sejam necessárias certas

intervenções em seu meio, para que ela possa assim transpor as barreiras do mundo dos

normais.

Quanto à importância da organização das condições adequadas para o

desenvolvimento da pessoa com deficiência, Rossato (2010, p. 80), faz a seguinte colocação:

[...] é fundamental organizar propositalmente as condições adequadas de

desenvolvimento da pessoa com deficiência, haja vista que as suas possibilidades de

desenvolvimento não são qualidades psíquicas prontas, mas requerem para a sua

formação as condições correspondentes de educação e ensino. Exige-se, portanto,

uma educação intencionalmente organizada a fim de provocar experiências novas e a

formação de novos processos psíquicos, que em geral são inviabilizados por uma

educação estreita, fundamentada em conteúdos isolados, conceitos e ações limitadas

a “possíveis” necessidades e capacidades das pessoas com deficiência.

Rossato (2010, p. 81) ressalta ainda que: “Se a criança com deficiência permanecer à

margem dos modos culturais de desenvolvimento intelectual natural não conseguirá cumprir

completamente seu desenvolvimento cultural, então as transformações e crescimento

esperados ficarão comprometidos”.

Na compreensão de Vygotsky e Luria (1996, apud ROSSATO, 2010. p. 81), “é o meio

pelo qual a criança se desenvolve que promove avanços em suas capacidades psíquicas”.

Sendo assim, em concordância com Vygotski (1997, apud ROSSATO, 2010. p. 81),

destaca-se: “a importância de uma atuação pedagógica adequada ao desenvolvimento das

funções psíquicas superiores dessas crianças. O contrário disso pode resultar num acúmulo de

características negativas da deficiência intelectual, com um desenvolvimento social

incompleto”.

No entanto, para que se tenha uma ação pedagógica positiva que contribua para o

desenvolvimento da pessoa com deficiência, se faz necessário ressaltar a importância do

professor estar em formação continuada e adequada, o que consequentemente estará

preparado, e não irá se restringir tanto ao defeito quanto às características negativas dessa

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pessoa, e sim, irá trabalhar com recursos alternativos, bem como irá considerar sua

capacidade com o intuito de superar suas dificuldades.

4 IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA

A intenção deste trabalho é colaborar com a formação continuada de professores,

possibilitando a estes momentos de estudos e reflexões sobre a temática da inclusão escolar e

seus desdobramentos, a fim de instrumentalizá-los no sentido de terem condições de fazer

proposições de intervenção para os alunos que possuem necessidades educativas especiais, e

assim garantindo um ensino de qualidade a todos.

Sendo assim, o trabalho de intervenção será desenvolvido com os docentes e

funcionários do Colégio Estadual 11 de Abril – EFM na cidade de Tapejara – Paraná, bem

como se estenderá aos demais interessados da comunidade escolar. O mesmo será realizado

no próprio estabelecimento de ensino onde acontecerá a intervenção.

Diante do que foi exposto, e com base no público alvo, teremos oito encontros

presenciais para a implementação. O trabalho a ser desenvolvido apresenta os seguintes

objetivos:

Averiguar juntamente com os educadores o contexto histórico da Educação

Especial.

Identificar e analisar as leis, decretos, resoluções e declarações que amparam a

pessoa com necessidades Educacionais Especiais.

Oferecer aos professores subsídios teóricos que lhes possibilitem atuar de forma

que assegurem o desenvolvimento psíquico dos alunos com necessidades educacionais

especiais e consequente e humanização destes.

1º DIA

No primeiro dia da Implementação Pedagógica, os professores serão recebidos com

uma mensagem de incentivo afixada em um bombom. Em seguida, será apresentado aos

professores inscritos através de PowerPoint de forma sucinta os objetivos do curso, uma vez

que o mesmo, terá como base os fundamentos teóricos de autores que tratam sobre a educação

especial, a inclusão escolar e a Psicologia Histórico-Cultural. A fim de causar o impacto do

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primeiro encontro, acontecerá a Sessão Cinema, com pipoca e chá, e será apresentado aos

professores o Filme O Milagre de Annie Sullivana.

Figura 1: O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN

Fonte: CINE INCLUIR: O MILAGRE DE ANNE SULLIVAN. Disponível em: http://lepedi-

ufrrj.blogspot.com.br/2013/05/cine-incluir-o-milagre-de-anne-sullivan.html. Acesso 17 nov. 2014

O MILAGRE DE ANNIE SULLIVAN (Surdocegueira)

Ano: 1962

Duração: 106 min

Sinopse: A história se refere à Helen Keller, nascida em 27 de junho de 1880 em

Tuscumbia, Alabama, EUA, a qual desenvolveu uma febre aos 18 meses de idade e em

seguida ficou cega, surda e muda, e à incansável tarefa de Annie Sullivan, uma professora que

havia estudado na Escola Perkins para Cegos, pois, quando criança tinha sido cega, mas

recuperou a visão através de nove operações. Annie tenta fazer com que a garota se adapte e

entenda (pelo menos em parte) as coisas que a cercam. Para isto entra em confronto com os

pais da menina, que sempre sentiram pena da filha e a mimaram, sem nunca terem-lhe

ensinado algo nem terem-na tratado como qualquer criança.

Helen Keller, surdacega, conseguiu integrar-se à sociedade e tornou-se escritora,

filósofa e conferencista, além de trabalhar incessantemente pelo bem-estar das pessoas com

deficiência.

Contribuições: O filme retrata a história de uma menina que nasce sem deficiência,

porém, após uma febre aos 18 meses de idade ficou cega, surda e muda, a família a mima

muito e esquece-se de seu processo de humanização, com a chegada da professora Helen

Keller em sua casa, uma pessoa dedicada e comprometida, apesar de algumas divergências

com seus pais, ela prova para eles que seu intelectual não é comprometido, o que ele precisa é

de mediação em todo seu processo de aprendizagem.

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Questões elencadas para discussão ao final do filme:

1) Como foi conduzida a educação de Helen Keller até a chegada da Professora Annie

Sullivana?

2) Qual era expectativa da família em relação a sua aprendizagem e desenvolvimento

psíquico?

3) Qual seria a evolução de Helen Keller se a professora Annie Sullivan não tivesse

aparecido em sua vida? Como ficaria sua humanização?

4) O que seria o destino de Helen Keller sem as interferências desta professora?

5) O que foi então, decisivo na sua história de vida para que ela chegasse a ser uma

Filósofa, Escritora, entre outras?

6) A que a quem vocês atribuem o sucesso de Helen Keller?

7) Qual a contribuição deste filme para sua vida profissional?

2º DIA

O 2º dia de atividade será iniciado com uma dinâmica com os participantes, a fim de

testar o preparo dos professores frente à Inclusão Escolar, bem como se os mesmos estão com

o “Vírus da Exclusão”, na sequência dos trabalhos, será realizada a leitura e reflexão de

recortes de 2 capítulos do Livro “O processo de escolarização e a produção da queixa

escolar: reflexos a partir de uma perspectiva crítica em psicologia”, sendo eles: o primeiro

será o Capítulo 4 intitulado “A atuação do professor psicopedagogo na escola: suas

implicações no processo de escolarização” das autoras Pöttker e Leonardo (2014, p. 79 – 85)

e, o segundo será o Capítulo 2 intitulado “Desenvolvimento social do psiquismo: o mito da

autoestima na aprendizagem escolar” das autoras Franco e Davis (2014, p. 49 – 60).

O Teste de Poder de Inclusão – Ensinar Aprender, Aprender Ensinar. Disponível em:

http://www.ensinar-aprender.com.br/2009/12/teste-de-poder-de-inclusao-professor.html.

Acesso em 17 nov. de 2014.

A dinâmica será realizada da seguinte forma: serão afixadas nas carteiras as nove

questões abordadas no teste, bem como, será entregue aos participantes um cartão numerado

no qual ele ira fazer o registro da letra escolhida a cada questão, o rodízio dos participantes se

dará ao sinal de palmas executado pelo Professor PDE, ao término da dinâmica será

apresentado o valor a ser atribuído a cada questão para que eles façam a contagem de sua

pontuação, para que posteriormente possam refletir sobre nossa prática pedagógica.

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Modelo do Cartão

Nº da questão Letra escolhida Valor da letra

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Total de Pontos

Professor:

Você está preparado para trabalhar com a inclusão em sala de aula?

O teste de poder de inclusão foi criado pela Professora Maria Teresa Eglér Mantoan,

publicado no livro Humor e Alegria na educação (SUMMUS, 2006). O teste é simples, mas,

de acordo com Mantoan, pode ajudar a identificar o vírus da exclusão, latente nas escolas.

O teste, bem como seu gabarito, são apresentados a seguir, para esse breve

exame, as regras são:

1. Colocar-se na condição dos professores (as) que aqui apresentaremos.

2. Escolher a alternativa que você adotaria em cada caso, mas sem pensar muito,

respondendo com o que vem mais rápido à cabeça.

3. Descobrir e aprender mais sobre si mesma (o).

Responda às questões e confira.

1. A professora Sueli procura incluir um aluno com deficiência mental em sua turma

de 1ª série. Tudo caminha bem em relação à socialização desses educando, mas diante dos

demais colegas o atraso intelectual do aluno é bastante significativo.

Nesse caso, como você resolveria a situação?

(A) Encaminharia o aluno para o atendimento educacional especializado oferecido

pela escola?

(B) Solicitaria a presença de um professor auxiliar ou itinerante para acompanhar o

aluno em sala de aula?

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(C) Esperaria um tempo para verificar se o aluno tem condições de se adaptar ao ritmo

da classe ou precisaria de uma escola ou classe especial?

2. Júlia é uma professora de escola pública que há quatro anos leciona na 2ª série. Há

um fato que a preocupa muito atualmente: o que fazer com alguns de seus alunos, que estão

cursando pela terceira vez aquela série?

Para acabar com suas preocupações, qual seria a melhor opção?

(A) Encaminhá-los a uma sala de alunos repetentes, para ser mais bem atendidos e

menos discriminados?

(B) Propor à direção da escola que esses alunos sejam distribuídos entre as outras

turmas de 2ª série, formadas por alunos mais atrasados?

(C) Reunir-se com os professores e a diretora da escola e sugerir que esses alunos se

transfiram para turmas da mesma faixa etária e até mesmo para as classes de Educação de

Jovens e Adultos (EJA), caso algum já esteja fora da idade própria do ensino fundamental?

3. Cecília é uma adolescente com deficiência mental associada a comprometimentos

físicos; ela está frequentando uma turma de 3ª série do ensino fundamental, na qual a maioria

dos alunos é bem mais nova que ela. A professora percebeu que Cecília está desinteressada

pela escola e muito apática. Qual a melhor saída, na sua opinião, para resolver esse caso?

(A) Chamar os pais de Cecília e relatar o que está acontecendo, sugerindo-lhes que

procurem um psicólogo para resolver o seu problema?

(B) Avaliar a proposta de trabalho dessa série, em busca de novas alternativas

pedagógicas?

(C) Concluir que essa aluna precisa de outra turma, pois a sua condição física e

problemas psicológicos prejudicam o andamento escolar dos demais colegas?

4. Numa 2ª série de ensino fundamental, em que há alunos com deficiência mental e

outros com dificuldades de aprendizagem, relacionadas a outros motivos, o professor Paulo

está ensinando operações aritméticas. Esses alunos não conseguem acompanhar o restante da

turma na aprendizagem do conteúdo proposto. O que você faria se estivesse no lugar do

professor Paulo?

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(A) Reuniria esse grupo de alunos e lhes proporia as atividades facilitadas do currículo

adaptado de atemática?

(B) Distribuiria os alunos entre os grupos formados pelos demais colegas e trabalharia

com todos, de acordo com suas possibilidades de aprendizagem?

(C) Aproveitaria o momento das atividades referentes a esse conteúdo para que esses

alunos colocassem em dia outras matérias do currículo, com o apoio de colegas voluntários?

5. Fábio é um aluno com autismo que frequenta uma turma de 3ª série. É o seu

primeiro ano em uma escola comum e ele incomoda seus colegas, perambulando pela sala e

interferindo no trabalho dos grupos.

Que decisões você tomaria para resolver a situação, caso fosse o (a) professor (a)

desse grupo?

(A) Solicitaria à direção da escola que retirasse Fábio da sala, pois o seu

comportamento está atrapalhando o desempenho dos demais alunos e o andamento do

programa?

(B) Marcaria uma reunião com o coordenador da escola e solicitaria uma avaliação e o

encaminhamento desse aluno para uma classe ou uma escola especial?

(C) Reuniria os alunos e proporia um trabalho conjunto com a turma em que todos se

comprometeriam a manter um clima de relacionamento cooperativo de aprendizagem na sala

de aula?

6. Guilherme é uma criança que a escola chama de “hiperativa”. Ele gosta muito de

folhear livros de histórias. Ocorre que frequentemente rasga e/ou suja as páginas dos livros,

ao manuseá-los sem o devido cuidado.

O que você lhe diria, caso fosse seu (sua) professor (a)?

(A) “Hoje você não irá ao recreio, porque rasgou e sujou mais um livro”.

(B) “Vou ajudá-lo a consertar o livro, para que você e seus colegas possam ler esta

linda história.”

(C) “Agora você vai ficar sentado nesta mesinha, pensando no que acabou de fazer”.

7. Norma é professora de uma 4ª série de ensino fundamental e acabou de receber um

aluno cego em sua turma. Ela não o conhece bem, ainda. No recreio, propõe à turma um jogo

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de queimada. É nesse momento que surge o problema: o que fazer com Paulo, o menino

cego?

Arrisque uma “solução inclusiva” para esse caso.

(A) Oferecer-lhe outra atividade, enquanto os demais jogam queimada, fazendo-o

entender o risco a que essa atividade o expõe e a responsabilidade da professora pela

segurança e integridade de todos os seus alunos.

(B) Perguntar ao Paulo de quais jogos e esportes ele tem participado e se ele conhece

as regras da queimada.

(C) Reunir a turma para resolver a situação, ainda que na escola não exista uma bola

de meia com guizos.

8. Maria José é professora de escola pública e está às voltas com um aluno de uma

turma de 5ª série. Ele tem 12 anos, é muito agressivo e mal-educado, desbocado, desobediente

e não se submete à autoridade dos professores nem a das demais pessoas da escola; sempre

arruma uma briga com os colegas, dentro da sala de aula, ameaçando-os com um estilete. O

que você faria no lugar dessa professora aterrorizada?

(A) Estabeleceria novas regras de convivência entre todos e, em seguida, analisaria

com a turma os motivos que pode nos levar a agir com violência?

(B) Enfrentaria as brigas, retirando o aluno da sala de aula e entregando-o à direção da

escola?

(C) Tentaria controlar essas situações, exigindo que o menino entregasse o estilete,

para que os demais alunos se acalmassem?

9. Sérgio é um aluno surdo. Ele tem 13 anos de idade e frequentou, até o momento,

uma escola de surdos. Esse aluno está no seu primeiro dia de aula em uma escola comum. A

professora, percebendo que Sérgio não fazia leitura labial, procurou a diretora da escola para

questionar a admissão desse aluno em sua turma, uma vez que ele não sabe se comunicar em

Libras (Língua Brasileira de Sinais). Se você fosse o (a) professor (a) de Sérgio, antes de

tomar essa atitude:

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(A) Chamaria os pais desse aluno e os convenceria de que a escola de surdos era mais

apropriada para as necessidades dele?

(B) Procuraria saber quais as obrigações e direitos desse aluno e buscaria o recurso

adequado à continuidade de seus estudos na escola comum?

(C) Providenciaria a presença de um intérprete de Libras, solicitando um convênio

com uma entidade local especializada em pessoas com surdez?

Conte os pontos e confira o seu poder de inclusão, ou melhor, a sua imunidade ao

vírus da exclusão:

1 a) 3 b) 2 c) 1

2 a) 1 b) 2 c) 3

3 a) 2 b) 3 c) 1

4 a) 1 b) 3 c) 2

5 a) 1 b) 2 c) 3

6 a) 1 b) 3 c) 2

7 a) 1 b) 2 c) 3

8 a) 3 b) 1 c) 2

9 a) 1 b) 3 c) 2

Resultado:

De 27 a 23 pontos: Imune à exclusão!

Você está apto (a) a enfrentar e vencer o vírus da exclusão, pois já entendeu o que

significa uma escola que acolhe as diferenças, sem discriminações de qualquer tipo.

Compreendeu também que a inclusão exige que os professores atualizem suas práticas

pedagógicas para que possam oferecer um ensino de melhor qualidade para todos os alunos.

Parabéns! Não se esqueça, porém, de que o atendimento educacional especializado deve ser

assegurado a todos os alunos com deficiência, como uma garantia da inclusão.

De 22 a 16 pontos: No limite.

Você precisa se cuidar! Atenção, pois você está vivendo uma situação de fragilidade

em sua saúde educacional. Cuidado! É preciso que você tome uma decisão e invista na sua

capacidade de se defender do vírus da exclusão. Quem fica indeciso entre enfrentar o novo, no

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caso, a inclusão de todas as crianças nas escolas comuns, e incluir apenas alguns, ou seja, os

alunos que conseguem acompanhar a maioria, está vivendo um momento difícil e perigoso.

Você está comprometendo a sua capacidade de ensinar e a possibilidade dos alunos de

aprender com alegria!

De 15 a 9 pontos: Altamente contaminado.

Tome todas as providências para se curar dos males que o vírus da exclusão lhe

causou. Há muitas maneiras de se cuidar, mas a que recomendamos é um tratamento de

choque, porque o estrago é grande! Você precisa, urgentemente, se tratar, mudando de ares

educacionais, tomando injeções de ânimo para adotar novas maneiras de atuar como professor

(a). Outra medicação recomendada é uma alimentação sadia, muito estudo, troca de ideias,

experimentações, ousadia para mudar o seu cardápio pedagógico.

Tente colocar em prática o que tem dado certo com outros que se livraram desse vírus

tão voraz e readquira o seu poder de profissional competente. Boa recuperação!

Após a realização do teste e reflexão sobre o mesmo, a fim de contribuirmos na

formação dos professores, faremos de forma coletiva a leitura e reflexão dos textos acima

citados bem como discutiremos as questões abaixo elencadas.

Questões elencadas para discussão dos textos trabalhados:

1) Qual seu entendimento frente à indagação de Vigotski 2001, apud LEONARDO;

LEAL; FRANCO, 2014, p. 83) “cabe à escola a transmissão do saber sistematizado e é pela

mediação promovida pelo professor que a criança se apropria do conhecimento científico e

desenvolve-se psicologicamente”?

2) Sabendo que o desenvolvimento segue a aprendizagem, quais os níveis de

desenvolvimentos e como eles se dão segundo Vigotski (2014, p. 83)?

3) O que você entende com a afirmativa de Leontiev (1978, apud LEONARDO;

LEAL; FRANCO, 2014, p. 51) “o homem, ao nascer, é candidato à humanidade e é

introduzido no mundo da cultura por outros indivíduos; [...] cada indivíduo aprende a ser um

homem”.

4) Qual seu entendimento com relação as “Funções Psíquicas Superiores”?

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Vale ressaltar, que os textos trabalhados neste dia serão encaminhados aos e-mails dos

participantes para leitura antecipada, com intuito de melhor compreensão durante a exposição

dos mesmos.

3º DIA

No 3º dia, o trabalho será aberto com o vídeo “O sábio e a pedra” disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=u_mxmhuSL8s, a fim de refletirmos nossas ações frente à

Inclusão Escolar.

Contribuições: A parábola “o sábio e a pedra” evidencia que as pessoas estão

acostumadas a desviar dos problemas e atribuir a responsabilidade as outras pessoas, e só

percebemos que podemos fazer a diferença através da humildade e dedicação, e, que

certamente o estudo fará a diferença, uma vez que estamos em contínuo processo de

aprendizagem.

Na sequência dos trabalhos, o texto a ser explicado refere-se às “Diretrizes

Curriculares da Educação Especial para a construção de currículos inclusivos” da

página 16 a 25, abordando o tópico 1 Histórico da Educação Especial, disponível em:

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_edespecial.pdf. Vale

ressaltar, que os textos trabalhados neste dia serão encaminhados aos e-mails dos participantes

para leitura antecipada, com intuito de melhor compreensão durante a exposição dos mesmos.

A leitura e socialização do texto serão de forma coletiva, oportunizando espaço para

discussões e debates sobre o mesmo.

Questões elencadas para discussão do vídeo:

1) Porque sempre atribuímos a responsabilidade para outras pessoas?

2) A que ou a quem você atribui o desafio da efetiva inclusão escolar?

3) Quais as pedras que você considera estarem no meio do caminho da inclusão

escolar?

4) Que lição você pode tirar deste vídeo?

4º DIA

No 4º dia, os professores serão recebidos com uma mensagem afixada em uma bala, e

será dada continuidade a leitura referente às “Diretrizes Curriculares da Educação Especial

para a construção de currículos inclusivos” da página 25 a 35, que aborda o tópico 1

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Histórico da Educação Especial, vale ressaltar que o texto já foi enviado aos professores em

seus e-mails, porém será enviada uma mensagem reforçando o mesmo, com o intuito de

melhor compreensão durante a exposição. A leitura e socialização do texto serão de forma

coletiva, oportunizando espaço para discussões e debates sobre o mesmo.

Contribuições: Apresentar os professores o contexto histórico da Educação Especial.

5º DIA

No 5º dia, os professores serão recebidos com uma mensagem afixada em um pirulito,

iniciaremos a leitura e reflexão do Capítulo 2.1. Intitulado “As políticas para a Educação

Básica na modalidade de Educação Especial a partir das leis federais brasileiras e de

documentos internacionais” página 50-72 da Dissertação de Mestrado da autora LEONEL,

Waléria Henrique dos Santos. “O processo de escolarização do deficiente intelectual da

educação básica e os desafios da prática docente: um debate relevante ao Ensino Superior”.

Maringá: Universidade Estadual de Maringá – UEM, 2014. Disponível em: http://nou-

rau.uem.br/nou-rau/document/?view=vtls000212683. Os textos trabalhados neste dia serão

encaminhados aos e-mails dos participantes para leitura antecipada, com intuito de melhor

compreensão durante a exposição dos mesmos.

A leitura e socialização do mesmo serão de forma coletiva, oportunizando espaço para

discussões e debates sobre o mesmo.

Contribuições: Identificar e analisar as leis, decretos, resoluções e declarações que

amparam a pessoa com necessidades Educacionais Especiais.

6º DIA

No 6º dia serão abordadas noções básicas sobre Deficiência Intelectual, sendo assim,

faremos uma Sessão Cinema com pipoca e chá, e será apresentado aos professores o Filme:

COMO ESTRELAS NA TERRA, toda criança é Especial, disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=6rxSS46Fwk4.

Como estrelas na Terra: toda criança é especial, retrata os problemas enfrentados por

uma criança disléxica, bem como a dificuldade apresentada tanto pela escola quanto pela

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família ao enfrentar o problema, além da importância do papel da mediação para

aprendizagem e desenvolvimento da criança.

Figura 2: COMO ESTRELAS NA TERRA, toda Criança É Especial.

Fonte: Ludemberg Dantas: Como Estrelas na Terra, toda Criança é Especial. Disponível em:

http://ludembergdantas.blogspot.com.br/2010/12/como-estrelas-na-terra-toda-crianca-e.html. Acesso 17 nov.

2014

Gênero: drama

Origem: Índia

Ano: 2007

Duração: 140 minutos

Direção: Aamir Khan e Amole Gupte.

Objetivos: Repensar a importância do papel do professor mediador no

desenvolvimento das Funções Psíquicas Superiores da criança, bem como o processo de

humanização do sujeito e suas relações familiares e sociais, além de analisar as práticas

pedagógicas realizadas na escola.

Sinopse: Taare Zameen Par – filme da produção de Bollywood – conta a história de

uma criança que sofre com dislexia e custa a ser compreendida. Ishaan Awasthi, de nove

anos, já repetiu uma vez o terceiro período (no sistema educacional indiano) e corre o risco de

repetir de novo. As letras dançam em sua frente, como diz, e não consegue acompanhar as

aulas nem focar sua atenção. Seu pai acredita apenas na hipótese de falta de disciplina e trata

Ishaan com muita rudez e falta de sensibilidade. Após ser chamado na escola para falar com a

diretora, o pai do garoto decide levá-lo a um internato, sem que a mãe possa dar opinião

alguma. Tal atitude só faz regredir em Ishaan a vontade de aprender e de ser uma criança. Ele

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visivelmente entra em depressão, sentindo falta da mãe, do irmão mais velho, da vida… e a

filosofia do internato é a de disciplinar cavalos selvagens. Inesperadamente, um professor

substituto de artes entra em cena e logo percebe que algo de errado estava pairando sobre

Ishaan. Não demorou a que o diagnóstico de dislexia ficasse claro para ele, o que o leva a por

em prática um ambicioso plano de resgatar aquele garoto que havia perdido sua réstia de luz e

vontade de viver.

Contribuições: Em virtude de o filme retratar a história de uma criança que sofre com

dislexia e não é compreendida por seus pais, nem tão pouco por seus professores, torna-se

propício discutirmos a importância da atenção quanto à defasagem apresentada pelas crianças,

com o intuito de criar estratégias para a efetiva mediação, bem como refletirmos sobre a

afetividade no processo de ensino e aprendizagem.

Questões de discussão e debate:

1) Existe alguma semelhança entre a primeira professora de Ishaan e o professor de

artes: o que é percebido enquanto escola? Enquanto relação professor aluno? Enquanto

professor mediador?

2) Ao refletirmos sobre a intervenção pedagógica, que possibilidades percebe-se no

trabalho com aluno disléxico/dificuldade de aprendizagem quanto a atenção e as defasagens

apresentadas?

3) Qual o papel do professor, da escola e da família no processo de ensino e

aprendizagem da criança que apresenta dificuldade de aprendizagem?

7º DIA

No 7º dia os professores serão recebidos com uma mensagem de incentivo afixada em

um bombom. Na sequência será realizada a leitura e reflexão de recortes de dois capítulos do

Livro “Deficiências e inclusão escolar”, sendo eles: o primeiro texto trata-se do Capítulo 3

intitulado “Atendimento Educacional Especializado à Pessoa com Deficiência Intelectual”

das autoras Shimazaki e Mori (2012, p. 55 – 67) e, o segundo texto refere-se ao Capítulo 4

intitulado “Aprendizagem e Desenvolvimento das Funções Complexas do Pensamento e a

deficiência Intelectual na Perspectiva Histórico-Cultural” da autora Garcia (2012, p. 69 –

82).

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Contribuições: Os textos tem por objetivos subsidiar os professores envolvidos na

Implementação Pedagógica em relação às questões voltadas à Deficiência Intelectual, bem

como refletir sobre as contribuições da teoria Histórico-Cultural.

Os textos trabalhados neste dia serão encaminhados aos e-mails dos participantes para

leitura antecipada, com intuito de melhor compreensão durante a exposição dos mesmos.

8º DIA

No 8º dia serão abordadas noções básicas sobre altas habilidades/ superdotação. O

trabalho terá início com uma Sessão Cinema, com pipoca e chá, o filme abordado nesta noite

será “Mentes Que Brilham”, disponíveis em: http://depositfiles.org/files/79hlgilet.

O filme apresenta a história de uma criança com altas habilidades na área das artes e

matemática, mas que vive solitário, se sentindo diferente das demais pessoas, o que nos leva a

refletir que as sensações tanto de sucesso quanto de fracasso, ou seja, tanto de inclusão quanto

de exclusão, fazem com que a criança se sinta incomodada, vale ressaltar que é de suma

importância que toda criança esteja inserida em um ambiente que a estimule, favorecendo

assim o processo de ensino e aprendizagem.

Figura 3: Mentes Que Brilham.

Fonte: Capas de Filmes grátis. Disponível em: http://capaslancamentos.blogspot.com.br/2012/03/mentes-que-

brilham.html. Acesso 18 nov. 2014

Título no Brasil: Mentes Que Brilham

Título Original: Little Man Tate

País de Origem: EUA

Gênero: Drama

Tempo de Duração: 139 minutos

Ano de Lançamento: 1991

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Direção: Jodie Foster

Objetivos: refletir sobre o processo de humanização da criança, seja ela com altas

habilidades ou não, bem como, sensibilizar os professores quanto à identificação e respeito da

criança com altas habilidades.

Sinopse: Quando Fred tinha um ano de idade ele já sabia ler. Quando tinha quatro

anos já sabia escrever poesia. Hoje, aos sete anos, ele pinta quadros e resolve problemas de

matemática como um mestre. Isolado por sua incrível inteligência e sensibilidade, Fred (O

perfeito Adan Hann-Byrd) está dividido entre dois mundos que o rodeiam. O mundo

descomplicado e emocional de sua dedicada mãe Dede (a duas vezes vencedoras do Oscar,

Jodie Foster). E o mundo intelectual e intenso da professora e ex-menina prodígio, Jane (a

vencedora do Oscar, Diane Wiest). Confuso mas determinado, Fred tenta de todos os modos

fazer amigos e encontrar um lugar para si mesmo entre sua mãe e sua mentora. Dirigido com

talento por Jodie Foster e também estrelando Harry Connick, Jr, “Mentes Que Brilham” é

uma história emocionante e maravilhosa de um herói muito especial, lutando para descobrir

qual o lugar a que pertence.

Fonte: Arte Lanterna Mágica Filmes. Disponível em: http://artelanternamagica.blogspot.com.br/2012/01/mentes-

que-brilham-little-man-tate.html. Acesso 18 nov. 2014

Contribuições: O filme nos faz refletir a forma na qual estamos vendo nossas

crianças, não podemos apenas ver as dificuldade, mas sim, precisamos ver as habilidades, e,

desta forma, podemos identificar as crianças com altas habilidades, que também precisam de

mediação.

Questões de discussão e debate:

1) A quem você atribui a responsabilidade de identificar a criança com altas

habilidades?

2) Como seria sua prática pedagógica com as crianças que se sobressaem em sua aula?

3) Como deve ser o professor que irá atender a criança com altas habilidades?

4) Qual é a sua responsabilidade no processo de ensino e aprendizagem da criança

com altas habilidades?

5) Aponte as diferenças entre Dede e Jane.

6) Que lição este filme acrescentará em sua prática pedagógica?

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Após concluirmos a reflexão sobre o filme, será realizada a avaliação por escrito da

implementação de forma geral, ou seja, de todo conteúdo abordado, qual a contribuição deste

em seu processo de aprendizagem, bem como para sua prática pedagógica.

Questões elencadas para avaliação da Implementação:

1) Como você considera o material didático oferecido?

2) Os recursos audiovisuais estavam de acordo com a temática da Implementação?

3) A professora PDE demonstrou domínio do conteúdo abordado?

4) Durante a Implementação Pedagógica foi possível à troca de experiências entre os

participantes?

5) A temática abordada foi relevante e contribuiu para a sua prática pedagógica?

Justifique.

6) Como você avalia a contribuição desta Implementação em seu processo de ensino e

aprendizagem, bem como para a sua prática pedagógica?

Ao término desta avaliação, considera-se por concluída esta Implementação

Pedagógica realizada no Colégio Estadual 11 de Abril – EFM, bem como mais esta etapa do

PDE.

REFERÊNCIAS

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FIGURA 2: COMO ESTRELAS NA TERRA, toda Criança É Especial. Fonte: Ludemberg

Dantas: Como Estrelas na Terra, toda Criança é Especial. Disponível em:

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Acesso 17 nov. 2014

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