os desafios da escola pÚblica paranaense … sequencia didÁtica 22 mais sobre moneiro lobato 36...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013
Título:O RACISMO EM TEXTOS LITERÁRIOS, CANÇÕES E NA LINGUAGEM FÍLMICA
Autor:Zilda Medeiros
Disciplina/Área: Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Serafim França
Município da escola: Astorga
Núcleo Regional de Educação: Maringá
Professor Orientador: Dr. Pedro Luis Navarro Barbosa
Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Maringá
Relação Interdisciplinar: História
Resumo: Conscientes de que o sistema educacional paranaense necessita com urgência de ações concretas que minimizem os problemas de leitura nos anos finais do ensino fundamental, elaborou-se essa Produção Didática com o intuito de despertar nos alunos habilidades e competências para compreensão textual e análise crítica do que é lido. O propósito é a motivação de leitura de diferentes gêneros literários tendo como temática o racismo em diferentes contextos históricos, ampliando o vocabulário, a leitura de mundo, tornando o educando um cidadão crítico e capaz de produzir textos com maior competência.A escolha do tema deve-se à importância que tem o incentivo à leitura, com oportunidades para um envolvimento maior no mundo da leitura e da escrita, bem como a formação de leitores capazes de criticar e argumentar sobre diferentes assuntos em seu dia a dia como cidadão. Diante disso, a fim de trabalhar a proficiência da leitura e também a questão do racismo em diferentes gêneros literários optou-se por trabalhar o conto de Monteiro Lobato – Negrinha, o filme Sonho Possível e a letra da música Olhos de Luar.
Palavras-chave: Leitura. Estratégia. Leitor. Ensino e Aprendizagem.
Formato do Material Didático: Caderno Pedagógico
Público: Alunos do 6º ano do colégio Estadual Serafim França – EFM.
Universidade Estadual de MaringáPRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO E CULTURA
COORDENADORIA DE APOIO Á EDUCAÇÃO BÁSICA
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
ENTIVO À LEITURA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA: O RACISMO EM TEXTOS LITERÁRIOS, CANÇÕES E NA LINGUAGEM FÍLMICA
Professora PDE:
ZILDA MEDEIROS
Orientador IES:
PROFESSOR DR. PEDRO LUIS NAVARRO BARBOSA
MARINGÁ
2013
ZILDA MEDEIROS
INCENTIVO À LEITURA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA: O RACISMO EM TEXTOS LITERÁRIOS, CANÇÕES E NA LINGUAGEM FÍLMICA
Produção Didático Pedagógica a ser utilizada durante o processo de implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola, apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – Governo do Estado do Paraná – SEED – Turma 2013 – Disciplina de Língua Portuguesa, sob a orientação na UEM do Prof. Dr. Pedro Luis Navarro Barbosa.
MARINGÁ
2013
ZILDA MEDEIROS
INCENTIVO À LEITURA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA: O RACISMO EM
TEXTOS LITERÁRIOS, CANÇÕES E NA LINGUAGEM FÍLMICA
Google Imagem: http://www.google.com.br
2013
ZILDA MEDEIROS
INCENTIVO À LEITURA POR MEIO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA: O RACISMO EM TEXTOS LITERÁRIOS, CANÇÕES E NA LINGUAGEM FÍLMICA
Agradecimentos
A Deus
A minha família
Aos meus amigos
A meu orientador
APRESENTAÇÃO
escolha do tema deu-se devido à importância que tem o incentivo à leitura, com
oportunidades para um envolvimento maior no mundo da leitura e da escrita, bem como
a formação de leitores capazes de criticar e argumentar sobre diferentes assuntos em
seu dia a dia como cidadão.
A
Esse incentivo aos alunos no processo de interação na leitura cabe aos professores,
principalmente de Língua Portuguesa, porque "a leitura é muito importante para ampliar o saber".
Tal tema é justificado pela dificuldade de compreensão e interpretação que os alunos
apresentam nos mais diferentes gêneros textuais. Usa-se uma língua e expressa-se por meio de
diferentes gêneros, antes mesmo de adquiri-los na escola.
Sendo assim, cabe à escola aproveitar o conhecimento prévio que a criança traz,
sistematizá-lo e tornar consciente o uso dos diferentes gêneros textuais com os quais convivem
nas práticas sociais. É através dos gêneros textuais que se pode organizar as informações
linguísticas de acordo com finalidade do texto.
É preciso que a escola resgate a importância da leitura, como hábito prazeroso na vida
do ser humano, para que esteja preparado para atuar como cidadão. Nesse sentido, a leitura
nunca se fez tão necessária nos bancos escolares.
É papel da escola propiciar aos alunos os conhecimentos necessários para
compreender, adaptar-se e construir suas próprias opiniões com relação ao contato com
diferentes esferas sociais.
Para o desenvolvimento desse caderno pedagógico, foi usado o conto “Negrinha” de
Monteiro Lobato, a letra da música Olhos de Luar (Chrystian e Ralf - Compositor: Gilson / Carlos
Colla) e o filme Sonho Possível, dirigido por John Lee Hancock, que é o maior nome da literatura
infanto-juvenil de todos os tempos, sendo esse o motivo para que os alunos trabalhem com
obras clássicas e contextualizadas ao mesmo tempo nacional e internacional.
É de total responsabilidade dos educadores e equipe pedagógica propiciar momentos e
motivação aos alunos no processo de interação via leitura, porque ela é necessária para ampliar
conhecimentos, criticidade e criatividade na vida pessoal do sujeito. E assim através do hábito da
leitura os educandos poderão compreender e fazer interpretação dos textos apresentados em
todas as disciplinas. Segundo Solé (1998, p.155), “[...] ensinar a formular e a responder a
perguntas sobre um texto é uma estratégia essencial para uma leitura ativa”.
Conscientes de que o sistema educacional paranaense necessita com urgência de
ações concretas que minimizem os problemas de leitura nos anos finais do ensino fundamental,
elaboramos esse projeto de intervenção com o intuito de despertar nos alunos habilidades e
competências para compreensão textual e análise crítica do que é lido. O propósito é a
motivação de leitura de obras literárias, ampliando o vocabulário, a leitura de mundo, tornando o
educando um cidadão crítico e capaz de produzir textos com maior competência.
Assim, demos início ao processo de organização de um material didático voltado para alunos
da Educação Básica, oferecendo uma reflexão a respeito da importância da leitura.
Zilda Medeiros
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.............................................................................. 10
CONTO NEGRINHA..................................................................... 12
FALANDO SOBRE O AUTOR...................................................... 20
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO: NEGRINHA – MONTEIRO 21
LOBATO........................................................................................
SEQUENCIA DIDÁTICA............................................................... 22
MAIS SOBRE MONEIRO LOBATO.............................................. 36
MÚSICA: OLHOS DE LUAR......................................................... 37
FILME: UM SONHO POSSÍVEL................................................... 40
DESCONTRUÇÃO DO RACISMO................................................ 44
INTRODUÇÃO
trabalho de ensinar e incentivar a leitura requer que o professor pense as
metodologias utilizadas no processo de ensino e aprendizagem para que os
conteúdos sejam significativos ao aluno. Assim, para que o trabalho seja efetivo é
necessário que o professor amplie seus recursos para modificar a metodologia do livro didático.
O
Nesse sentido, o Caderno Pedagógico foi pensado com o objetivo de despertar no aluno o
prazer pela leitura, possibilitando o desenvolvimento de competências e habilidades que visam
torná-lo leitor competente, capaz de refletir sobre o que lê, percebendo as informações explicitas
no texto, por meio do estudo do gênero discursivo conto, canções e linguagem fílmica.
A educação pública nem sempre é bem sucedida em seu processo de ensino e
aprendizagem. Muitas vezes, no decorrer desse processo, deparamo-nos com problemas que
atingem nossos alunos em relação a sua compreensão. Estes podem ser rotulados como os que
não conseguem aprender ou não sabem ler. O termo dificuldade de aprendizagem sempre foi
muito debatido entre os profissionais da educação. Qual a razão dos fracassos e insucessos na
escola? Por que os alunos apresentam tantas dificuldades em áreas acadêmicas como a leitura?
Esses questionamentos são referência para discussão de professores e alunos sobre a
importância da leitura no cotidiano do ser humano. Constatado tal fato, também torna-se
constante a busca de estratégias no intuito de tentar amenizar essa falta de interesse pela leitura
por parte dos educandos, bem como entender a temática racial, discutir o tema racismo e buscar
na escola a superação dessa questão.
Assim, a Intervenção Pedagógica será norteada pelos seguintes documentos: Diretrizes
Curriculares da Língua Portuguesa (SEED/PR, 2008) e pelo Projeto Político Pedagógico do
Colégio Estadual Serafim França – Ensino Fundamental e Médio. A população atendida
compreenderá os alunos matriculados no 6º no do Ensino Fundamental. Por conseguinte, este
caderno traz as seguintes estratégias de ação: levantamento bibliográfico das obras de Monteiro
Lobato; do compositor da música Olhos de Luar, os cantores e uma pequena biografia sobre o
produtor do filme, Sonho Possível, em consulta no laboratório de informática; empréstimo de
livros na biblioteca; ciranda de leitura; exposição dos conhecimentos prévios sobre Monteiro
Lobato e sobre a obra Negrinha, previsões, inferências em relação à realidade do aluno para
depois ler as linhas, entrelinhas e além delas a fim de se obter uma nova visão sobre o conto; o
filme Sonho Possível; e leitura da letra da música Olhos de Luar; releitura da obra com questões
concernentes ao enredo, de modo a incentivar o aluno a descobrir suas próprias respostas;
utilização do dicionário como ferramenta de leitura; identificação das características do texto
conto, a letra da música e a linguagem fílmica, reconhecimento prévio, o qual possibilitará aos
alunos a identificação dessa tipologia.
O mundo é um belo livro, mas é pouco útil a quem não o sabe ler.
Carlo Goldoni
egrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos
ruços e olhos assustados.NNascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos
escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não
gostava de crianças.
Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com
lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma
cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando
audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma — “dama de grandes virtudes
apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo.
Ótima, a dona Inácia.
Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. Viúva sem
filhos, não a calejara o choro da carne de sua carne, e por isso não suportava o choro da carne
alheia. Assim, mal vagia, longe, na cozinha, a triste criança, gritava logo nervosa:
— Quem é a peste que está chorando aí?
Quem havia de ser? A pia de lavar pratos? O pilão? O forno? A mãe da criminosa abafava
a boquinha da filha e afastava-se com ela para os fundos do quintal, torcendo-lhe em caminho
beliscões de desespero.
— Cale a boca, diabo!
No entanto, aquele choro nunca vinha sem razão. Fome quase sempre, ou frio, desses
que entanguem pés e mãos e fazem-nos doer...
Assim cresceu Negrinha — magra, atrofiada, com os olhos eternamente assustados. Órfã
aos quatro anos, por ali ficou feito gato sem dono, levada a pontapés. Não compreendia a idéia
dos grandes. Batiam-lhe sempre, por ação ou omissão. A mesma coisa, o mesmo ato, a mesma
palavra provocava ora risadas, ora castigos. Aprendeu a andar, mas quase não andava. Com
pretextos de que às soltas reinaria no quintal, estragando as plantas, a boa senhora punha-a na
sala, ao pé de si, num desvão da porta.
— Sentadinha aí, e bico, hein?
Negrinha imobilizava-se no canto, horas e horas.
— Braços cruzados, já, diabo!
Cruzava os bracinhos a tremer, sempre com o susto nos olhos. E o tempo corria. E o
relógio batia uma, duas, três, quatro, cinco horas — um cuco tão engraçadinho! Era seu
divertimento vê-lo abrir a janela e cantar as horas com a bocarra vermelha, arrufando as asas.
Sorria-se então por dentro, feliz um instante.
Puseram-na depois a fazer crochê, e as horas se lhe iam a espichar trancinhas sem fim.
Que idéia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha,
diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata-choca, pinto gorado, mosca-morta, sujeira, bisca,
trapo, cachorrinha, coisa-ruim, lixo — não tinha conta o número de apelidos com que a
mimoseavam. Tempo houve em que foi a bubônica. A epidemia andava na berra, como a grande
novidade, e Negrinha viu-se logo apelidada assim — por sinal que achou linda a palavra.
Perceberam-no e suprimiram-na da lista. Estava escrito que não teria um gostinho só na vida —
nem esse de personalizar a peste...
O corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões. Batiam nele os da casa
todos os dias, houvesse ou não houvesse motivo. Sua pobre carne exercia para os cascudos,
cocres e beliscões a mesma atração que o ímã exerce para o aço. Mãos em cujos nós de dedos
comichasse um cocre, era mão que se descarregaria dos fluidos em sua cabeça. De passagem.
Coisa de rir e ver a careta...
A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão,
fora senhora de escravos — e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o
bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo — essa indecência de negro igual a branco e
qualquer coisinha: a polícia! “Qualquer coisinha”: uma mucama assada ao forno porque se
engraçou dela o senhor; uma novena de relho porque disse: “Como é ruim, a sinhá!”...
O 13 de Maio tirou-lhe das mãos o azorrague, mas não lhe tirou da alma a gana.
Conservava Negrinha em casa como remédio para os frenesis. Inocente derivativo:
— Ai! Como alivia a gente uma boa roda de cocres bem fincados!...
Tinha de contentar-se com isso, judiaria miúda, os níqueis da crueldade. Cocres: mão
fechada com raiva e nós de dedos que cantam no coco do paciente. Puxões de orelha: o torcido,
de despegar a concha (bom! bom! bom! gostoso de dar) e o a duas mãos, o sacudido. A gama
inteira dos beliscões: do miudinho, com a ponta da unha, à torcida do umbigo, equivalente ao
puxão de orelha. A esfregadela: roda de tapas, cascudos, pontapés e safanões a uma —
divertidíssimo! A vara de marmelo, flexível, cortante: para “doer fino” nada melhor!
Era pouco, mas antes isso do que nada. Lá de quando em quando vinha um castigo maior
para desobstruir o fígado e matar as saudades do bom tempo. Foi assim com aquela história do
ovo quente.
Não sabem! Ora! Uma criada nova furtara do prato de Negrinha — coisa de rir — um
pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim. A criança não sofreou a revolta —
atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias.
— “Peste?” Espere aí! Você vai ver quem é peste — e foi contar o caso à patroa.
Dona Inácia estava azeda, necessitadíssima de derivativos. Sua cara iluminou-se.
— Eu curo ela! — disse, e desentalando do trono as banhas foi para a cozinha, qual perua
choca, a rufar as saias.
— Traga um ovo.
Veio o ovo. Dona Inácia mesmo pô-lo na água a ferver; e de mãos à cinta, gozando-se na
prelibação da tortura, ficou de pé uns minutos, à espera. Seus olhos contentes envolviam a
mísera criança que, encolhidinha a um canto, aguardava trêmula alguma coisa de nunca visto.
Quando o ovo chegou a ponto, a boa senhora chamou:
— Venha cá!
Negrinha aproximou-se.
— Abra a boca!
Negrinha abriu aboca, como o cuco, e fechou os olhos. A patroa, então, com uma colher,
tirou da água “pulando” o ovo e zás! na boca da pequena. E antes que o urro de dor saísse, suas
mãos amordaçaram-na até que o ovo arrefecesse. Negrinha urrou surdamente, pelo nariz.
Esperneou. Mas só. Nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo. Depois:
— Diga nomes feios aos mais velhos outra vez, ouviu, peste?
E a virtuosa dama voltou contente da vida para o trono, a fim de receber o vigário que
chegava.
— Ah, monsenhor! Não se pode ser boa nesta vida... Estou criando aquela pobre órfã,
filha da Cesária — mas que trabalheira me dá!
— A caridade é a mais bela das virtudes cristas, minha senhora —murmurou o padre.
— Sim, mas cansa...
— Quem dá aos pobres empresta a Deus.
A boa senhora suspirou resignadamente.
— Inda é o que vale...
Certo dezembro vieram passar as férias com Santa Inácia duas sobrinhas suas,
pequenotas, lindas meninas louras, ricas, nascidas e criadas em ninho de plumas.
Do seu canto na sala do trono, Negrinha viu-as irromperem pela casa como dois anjos do
céu — alegres, pulando e rindo com a vivacidade de cachorrinhos novos. Negrinha olhou
imediatamente para a senhora, certa de vê-la armada para desferir contra os anjos invasores o
raio dum castigo tremendo.
as abriu a boca: a sinhá ria-se também... Quê? Pois não era crime brincar? Estaria tudo
mudado — e findo o seu inferno — e aberto o céu? No enlevo da doce ilusão, Negrinha
levantou-se e veio para a festa infantil, fascinada pela alegria dos anjos.
Mas a dura lição da desigualdade humana lhe chicoteou a alma. Beliscão no umbigo, e
nos ouvidos, o som cruel de todos os dias: “Já para o seu lugar, pestinha! Não se enxerga”?
Com lágrimas dolorosas, menos de dor física que de angústia moral — sofrimento novo
que se vinha acrescer aos já conhecidos — a triste criança encorujou-se no cantinho de sempre.
— Quem é, titia? — perguntou uma das meninas, curiosa.
— Quem há de ser? — disse a tia, num suspiro de vítima. — Uma caridade minha. Não
me corrijo, vivo criando essas pobres de Deus... Uma órfã. Mas brinquem, filhinhas, a casa é
grande, brinquem por aí afora.
— Brinquem! Brincar! Como seria bom brincar! — refletiu com suas lágrimas, no canto, a
dolorosa martirzinha, que até ali só brincara em imaginação com o cuco.
Chegaram às malas e logo:
— Meus brinquedos! — reclamaram as duas meninas.
Uma criada abriu-as e tirou os brinquedos.
Que maravilha! Um cavalo de pau!... Negrinha arregalava os olhos. Nunca imaginara
coisa assim tão galante. Um cavalinho! E mais... Que é aquilo? Uma criancinha de cabelos
amarelos... que falava “mamã”... que dormia...
Era de êxtase o olhar de Negrinha. Nunca vira uma boneca e nem sequer sabia o nome
desse brinquedo. Mas compreendeu que era uma criança artificial.
— É feita?... — perguntou, extasiada.
E dominada pelo enlevo, num momento em que a senhora saiu da sala a providenciar
sobre a arrumação das meninas, Negrinha esqueceu o beliscão,o ovo quente, tudo, e
aproximou-se da criatura de louça. Olhou-a com assombrado encanto, sem jeito, sem ânimo de
pegá-la.
As meninas admiraram-se daquilo.
— Nunca viu boneca?
— Boneca? — repetiu Negrinha. — Chama-se Boneca?
Riram-se as fidalgas de tanta ingenuidade.
— Como é boba! — disseram. — E você como se chama?
— Negrinha.
As meninas novamente torceram-se de riso; mas vendo que o êxtase da bobinha
perdurava, disseram, apresentando-lhe a boneca:
— Pegue!
Negrinha olhou para os lados, ressabiada, como coração aos pinotes. Que ventura, santo
Deus! Seria possível? Depois pegou a boneca. E muito sem jeito, como quem pega o Senhor
menino, sorria para ela e para as meninas, com assustados relanços de olhos para a porta. Fora
de si, literalmente... era como se penetrara no céu e os anjos a rodeassem, e um filhinho de anjo
lhe tivesse vindo adormecer ao colo. Tamanho foi o seu enlevo que não viu chegar a patroa, já
de volta. Dona Inácia entreparou, feroz, e esteve uns instantes assim, apreciando a cena.
Mas era tal a alegria das hóspedes ante a surpresa extática de Negrinha, e tão grande a
força irradiante da felicidade desta, que o seu duro coração afinal bambeou. E pela primeira vez
na vida foi mulher. Apiedou-se.
Ao percebê-la na sala Negrinha havia tremido, passando-lhe num relance pela cabeça a
imagem do ovo quente e hipóteses de castigos ainda piores. E incoercíveis lágrimas de pavor
assomaram-lhe aos olhos.
Falhou tudo isso, porém. O que sobreveio foi a coisa mais inesperada do mundo — estas
palavras, as primeiras que ela ouviu, doces, na vida:
— Vão todas brincar no jardim, e vá você também, mas veja lá, hein?
Negrinha ergueu os olhos para a patroa, olhos ainda de susto e terror. Mas não viu mais a
fera antiga. Compreendeu vagamente e sorriu.
Se alguma vez a gratidão sorriu na vida, foi naquela surrada carinha...
Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a mesma — na princesinha e na
mendiga. E para ambos é a boneca o supremo enlevo. Dá a natureza dois momentos divinos à
vida da mulher: o momento da boneca — preparatório —, e o momento dos filhos — definitivo.
Depois disso, está extinta a mulher.
Negrinha, coisa humana, percebeu nesse dia da boneca que tinha uma alma. Divina
eclosão! Surpresa maravilhosa do mundo que trazia em si e que desabrochava, afinal, como
fulgurante flor de luz. Sentiu-se elevada à altura de ente humano. Cessara de ser coisa — e
doravante ser-lhe-ia impossível viver a vida de coisa. Se não era coisa! Se sentia! Se vibrava!
Assim foi — e essa consciência a matou.
Terminadas as férias, partiram as meninas levando consigo a boneca, e a casa voltou ao
ramerrão habitual. Só não voltou a si Negrinha. Sentia-se outra, inteiramente transformada.
Dona Inácia, pensativa, já a não atazanava tanto, e na cozinha uma criada nova, boa de
coração, amenizava-lhe a vida.
Negrinha, não obstante, caíra numa tristeza infinita. Mal comia e perdera a expressão de
susto que tinha nos olhos. Trazia-os agora nostálgicos, cismarentos.
Aquele dezembro de férias, luminosa rajada de céu trevas adentro do seu doloroso
inferno, envenenara-a.
Brincara ao sol, no jardim. Brincara!... Acalentara, dias seguidos, a linda boneca loura, tão
boa, tão quieta, a dizer mamã, a cerrar os olhos para dormir. Vivera realizando sonhos da
imaginação. Desabrochara-se de alma.
Morreu na esteirinha rota, abandonada de todos, como um gato sem dono. Jamais,
entretanto, ninguém morreu com maior beleza. O delírio rodeou-a de bonecas, todas louras, de
olhos azuis. E de anjos... E bonecas e anjos remoinhavam-lhe em torno, numa farândola do céu.
Sentia-se agarrada por aquelas mãozinhas de louça — abraçada, rodopiada.
Veio a tontura; uma névoa envolveu tudo. E tudo regirou em seguida, confusamente, num
disco. Ressoaram vozes apagadas, longe, e pela última vez o cuco lhe apareceu de boca aberta.
Mas, imóvel, sem rufar as asas.
Foi-se apagando. O vermelho da goela desmaiou...
E tudo se esvaiu em trevas.
Depois, vala comum. A terra papou com indiferença aquela carnezinha de terceira — uma
miséria, trinta quilos mal pesados...
E de Negrinha ficaram no mundo apenas duas impressões. Uma cômica, na memória das
meninas ricas.
— “Lembras-te daquela bobinha da titia, que nunca vira boneca?”
Outra de saudade, no nó dos dedos de dona Inácia.
— “Como era boa para um cocre!...”
FALANDO SOBRE O AUTOR
onteiro Lobato, natural de Taubaté (SP), nasceu em 18/04/1882. É uma das figuras
excepcionais das letras brasileiras. Jornalista, contista, criador de deliciosas histórias
para crianças, suscitador de problemas, ensaísta e homem de ação, encheu com seu
nome um largo período da vida nacional. Com a publicação do livro de contos "Urupês", em julho
de 1918, quando já contava com 36 anos de idade, chama para o seu talento de escritor a
atenção de todo o país. Cita-o Ruy Barbosa, em discurso, encontrando no seu Jeca Tatu um
símbolo da realidade rural brasileira. Lança-se à indústria editorial, publica livros e mais livros —
"Onda Verde", "Idéias de Jeca Tatu", "Cidades Mortas", "Negrinha", "Fábulas", "O Choque", etc.
Fracassa como editor, ao lançar a firma Monteiro Lobato & Cia., mas volta com a Companhia
Editora Nacional, ao lado de Octales Marcondes, e triunfa. Tenta a exploração de petróleo, e
acaba na cadeia, perseguido pela ditadura de Getúlio Vargas. Não só escreve, como traduz sem
pausa, dezenas e dezenas de livros, especialmente de Kipling. Uma vida cheia. E uma grande
obra, que lhe preservará o nome glorioso. Foi um grande homem, um grande brasileiro e um dos
maiores escritores — em todo o mundo — de histórias para crianças. Basta dizer que, no
período de 1925 a 1950 foram vendidos aproximadamente um milhão e quinhentos mil
exemplares de seus livros.
M
Era, de fato, um ser plural: escritor precursor do realismo fantástico, escritor de cartas,
escritor de obras infantis, ensaísta, crítico de arte e literatura, pintor, jornalista, empresário,
fazendeiro, advogado, sociólogo, tradutor, diplomata, etc. Faleceu na cidade de São Paulo (SP),
no dia 04 de julho de 1948.
Fonte: http://anagabrielavieira.blogspot.com.br/2010/03/negrinha-monteiro-lobato.html
texto anterior foi publicado originalmente em livro do mesmo nome, tendo sido
selecionado por Ítalo Moriconi e consta de "Os cem melhores contos brasileiros do
século", editora Objetiva — Rio de Janeiro, 2000, pág. 78.O
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Negrinha – Monteiro Lobato
1 – Como era a relação entre Negrinha e D. Inácia?
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2 – Como era a relação de Negrinha com as sobrinhas de D. Inácia?
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3 – Por que Negrinha caiu em profunda tristeza com a partida das meninas?
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4 – Como foi a morte de Negrinha?
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5 – Que lembranças ficaram de Negrinha?
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SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Análise do conto "Negrinha", de Monteiro Lobato
Introdução
Em 1920, Monteiro Lobato (1882-1948) publicava o conto Negrinha no livro do mesmo
nome. Embora distante três décadas da proclamação da República e da extinção da escravidão,
o Brasil ainda vivia efeitos da transição da Monarquia para a República e do trabalho escravo
para o trabalho livre.
O país, que até então tinha sua estrutura social baseada no meio rural e a estrutura
econômica dependente da mão de obra escrava, passava por inúmeras transformações. A
indústria começava a se desenvolver, e o processo de urbanização avançava. O Brasil
modernizava-se, mas o preconceito racial contra aqueles que tinham a pele negra ou parda,
antigos escravos e seus descendentes, permanecia o mesmo.
Sensível observador, Lobato denunciou, em momentos de suas obras, a desigualdade
entre brancos e negros, herança do escravismo. O conto Negrinha é um desses momentos. Com
personagens que representam a população brasileira das décadas iniciais do século XX, Lobato
expõe a mentalidade escravocrata que ainda persiste tempos depois da abolição.
1ª etapa: Pesquisa prévia sobre Monteiro Lobato e o contexto histórico do início do século XX
Imagem de Monteiro Lobato
Fonte: https://www.google.com.br/search?q=monteiro+lobato
Cotidiano da sociedade de meados do século XIX e inícios do XX
São Paulo – Início do século XX - Fonte: smdu.prefeitura.sp.gov.br
Parque do Anhangabaú em 1915, com Theatro Municipal e o Hotel Esplanada
Fonte: smdu.prefeitura.sp.gov.br
Encontro de mulheres, na região do “mercado dos caipiras”, em 1910. Crédito: Vincenzo
Pastore.
Fonte: smdu.prefeitura.sp.gov.br
Quadros de Debret - Jean Baptiste Debret (1768-1848), pintor francês da Missão Artística
Francesa, esteve no Brasil em 1816. Retratou tipos humanos, costumes e paisagens brasileiras.
De volta à França, entre 1843 e 1839, editou o livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil,
ilustrado com litogravuras.
Jean-Baptiste Debret - Escravas
Pintura do artista francês Jean-Baptiste Debret (1768 -1848) de 1835, retratando a variedade de
etnias africanas que eram trazidas para o Brasil sob a condição de escravos. Esse quadro
também aponta a diversidade étnica do continente africano, geralmente retratado como algo
homogêneo.
Fonte: http://commons.wikimedia.org/ /
http://www.historia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=53&evento=1
AGORA É COM VOCÊ
s pinturas de Jean-Baptiste Debret são de fácil acesso na internet e excelentes para ilustrar os
costumes da época colonial. Os livros de História do Brasil também serão boas fontes de
pesquisa. Peça a cooperação dos professores de História e Arte. Convide-os para conversar com a
classe sobre o Brasil do final do século XIX e inícios do XX. Pesquise imagens desse pintor, da sociedade
do final do século XIX e início do século XX e organize um painel com as imagens.
A
Fale brevemente sobre Lobato. Comente a importância que tem na nossa literatura. Fale sobre
as obras desse autor, em especial, as que já leu ou ouviu falar:
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Em grupo, realize uma busca dos dados biográficos, época, obras e importância de Lobato para
a literatura brasileira.
Cada grupo ficará responsável por pesquisar cada um desses itens referentes ao escritor.
Grupo 1:
Membros da equipe:
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Grupo 2:
Membros da equipe:
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Grupo 3:
Membros da equipe:
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Grupo 4:
Membros da equipe:
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Dados biográficos:
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Época:
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Obras:
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Importância de Lobato para a literatura brasileira:
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Em data marcada, cada grupo apresenta para a classe as informações coletadas.
Confeccione cartazes para orientar a apresentação. Mantenha todo o material exposto pela
sala de aula até a conclusão das atividades com o conto.
PARA REFLETIR
importante observar o contexto histórico e imaginar como era a sociedade brasileira nos
inícios do século XX. Indague que fatos marcaram esse período no Brasil. As atividades
anteriores à leitura do texto são importantes para a ativação dos conhecimentos prévios
necessários para a compreensão do conto.
É
Realize a leitura do conto Negrinha.
Perceba o tratamento dado ao negro na época em que se desenvolve a narrativa.
Atente-se para o fato de a época não é exatamente citada, mas é possível inferir por elementos
do texto: Nascera na senzala, de mãe escrava.
À medida que for lendo, faça pausas para discutir e tirar dúvidas, isso poderá auxiliar na
construção dos sentidos do texto.
Em duplas, metade da classe faz um levantamento das palavras e expressões que caracterizam
a Negrinha, desde a ausência de nome próprio até idade, origem, aspecto físico, olhos, as
marcas do corpo, temperamento, onde vivia, com quem vivia etc.
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Fazer o mesmo com a personagem Dona Inácia. As descrições das personagens são
carregadas de emoção. Sua compreensão ajuda a continuar a construir sentidos do texto.
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O conto também é repleto de ironias - ironia é uma figura de linguagem que ocorre quando se diz
alguma coisa, querendo-se dizer exatamente o contrário. Descreva as ironias presentes no texto,
conforme exemplo a seguir:
Que ideia faria de si essa criança que nunca ouvira uma palavra de carinho? Pestinha, diabo,
coruja, barata descascada, [...] - não tinha conta o número de apelidos com que a mimoseavam.
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O emprego de "mimoseavam" tem efeito irônico, pois atribuir nomes depreciativos a uma pessoa
não é uma forma de agradá-la. Descreva os conceitos presentes no texto, como:
crueldade, cinismo, hipocrisia, piedade, gratidão. Atenção! Percebam as passagens em que tais
conceitos são evidenciados.
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Avance na reflexão. Os tipos de castigos físicos aplicados na menina negra parecem ser
herança do escravismo. Selecione no painel imagens em que apareçam escravos sendo
castigados.
Há semelhança com os castigos sofridos pela Negrinha?
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Evidencie o tratamento desigual dispensado à menina negra e às meninas louras, sobrinhas de
Dona Inácia.
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Reflita sobre os contornos que o texto vai adquirindo: que trechos mostram o que o narrador
pensa da importância do brincar para uma criança? O que aconteceu com a menina negra
depois que brincou com a boneca de louça? Por qual transformação ela passou?
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Brincara!... Construída apenas com uma palavra, a frase é carregada de significação. Faça a
comparação entre: Brincou!... e Brincava!... No uso de pretéritos diferentes, que mudanças de
sentido aconteceriam ao texto?
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Há o uso da pontuação expressiva da exclamação e das reticências. Que efeito de sentido
provoca no texto?
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desfecho com a morte da menina negra, depois de ter experimentado pela primeira
vez o sentimento da alegria, sugere a seguinte reflexão: aqueles que sofreram maus
tratos não têm salvação? Está determinado que serão infelizes para sempre? Monte O
um espaço democrático de discussão, em que todos os alunos dialoguem livremente com as
ideias do texto. Não há resposta certa. O importante é o debate, a circulação de pontos de vista.
Elaboração, em duplas, de uma narrativa, recontando a história da Negrinha, em primeira
pessoa, sob o ponto de vista da menina, uma criança de sete anos;
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PARA FICAR SABENDO MAIS
omparação entre Negrinha e os contos de Machado de Assis: O Caso da Vara e Pai
Contra Mãe. O primeiro apresenta muitas semelhanças com Negrinha: as personagens
principais são mulheres viúvas, bordadeiras, que vivem rodeadas de "crias". São
autoritárias e capazes de atos cruéis contra crianças. Em ambos também fazem parte do enredo
personagens meninas, Lucrecia e Negrinha, respectivamente. A descrição delas é semelhante:
CDamião olhou para a pequena: (Lucrecia) era uma negrinha, magricela, um frangalho de nada,
com uma cicatriz na testa e uma queimadura na mão esquerda. Contava onze anos.
Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. [...] Assim cresceu Negrinha - magra, atrofiada [...] O
corpo de Negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes, vergões.
O conto Pai Contra Mãe ambienta-se no Rio de Janeiro do século XIX, antes da abolição da
escravatura. Narrado em 3ª pessoa, é um dos contos em que o autor apresenta a escravidão da
maneira mais impressionante e brutal.
Comparação entre o tratamento dado à criança no conto Negrinha e os princípios 3º e 7º da
Declaração dos Direitos da Criança e o Adolescente: 7º Princípio - [...] A criança terá ampla
oportunidade para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação [...] 3º
Princípio - Toda criança tem direito a um nome e a uma nacionalidade. Estatuto da Criança e do
Adolescente: Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990 http://www.planalto.gov.br . Lei nº 11.645/
Diversidade Cultural.
Debate sobre a frase do conto Negrinha: Varia a pele, a condição, mas a alma da criança é a
mesma - na princesinha e na mendiga.
O conto pode ser um ponto de partida para a discussão do bullying, dentro e fora da escola.
AVALIAÇÃO
aça a elaboração, em duplas, de uma síntese da discussão provocada pela leitura e
análise do conto Negrinha. Escolha um trecho do conto de que tenha gostado, copie
caprichosamente numa tira de papel. Embaixo da cópia, escreva uma justificativa para a
escolha. Depois, cada aluno lê para os colegas o trecho escolhido e os motivos da escolha. Em
seguida, afixa a tira no mural. Ali estará uma síntese das impressões da classe diante do texto.
FFonte: cenfopportugues.files.wordpress.com/.../dicas-e-sugestc3b5es-de-sequc3..
MAIS SOBRE MONTEIRO LOBATO
Quais os personagens da obra Negrinha - Monteiro Lobato?
• Negrinha: personagem principal, o enredo circula ao seu redor. O conto é narrado sob a
perspectiva do olhar discriminatório dos demais ante ela que vivia de modo subumano, adotada
por dona Inácia. O nome “Negrinha”, que seria normalmente um adjetivo, é colocado como
substantivo próprio no conto, mais uma forma de Lobato destacar o preconceito visceral dos
demais. O conto se encerra com sua morte, que se torna uma libertação após tanto sofrimento.
• Dona Inácia: a mulher que adotou Negrinha. Solteirona, tornara-se viúva sem ter filhos. Para a
sociedade, mulher de caráter ilibado, digna, possuidora de riquezas e assídua freqüentadora e
colaboradora da igreja. Mas, através do conto descobrimos quem ela é de verdade. Utiliza-se do
fato de ter adotado uma menina para se gabar, sendo que, na verdade, trata a menina adotada
como um verdadeiro animal. Com a morte de Negrinha ao término do conto, ela lamenta de
saudade: “Como era boa para dar um cocre”.
• Reverendo: participação coadjuvante, somente para reforçar a ideia de “virtuosa senhora”, de
dona Inácia.
• Criada nova: participa do conto no momento em que Negrinha engole um “ovo quente” após a
reclamação da mesma. Em outro momento surge outra criada, mais amena e que não a
destratava.
• Duas sobrinhas: aparecem do meio ao fim do conto; brincam com Negrinha, achando-a
extravagante por nunca ter visto uma boneca.
• Cuco: metáfora do tempo, que aparece no conto como um elemento que traz fantasia para
Negrinha, quando ele apitava as horas. No final, o cuco aparece mais uma vez, alertando que o
tempo de Negrinha na terra estava se esvaindo.
Fonte: http://answers.yahoo.com/question/index?qid=20091027065907AAx8b1g
MÚSICA: OLHOS DE LUAR
Chrystian e Ralf
Dados Artísticos
ormada por José Pereira da Silva Neto, Chrystian - Goiânia, GO -3/11/1956 e Richardson
da Silva, Ralf - Goiânia, GO - 15/6/1961.F
Oriundos de família humilde, os irmãos gostavam de cantar desde pequenos. Incentivados pelo
pai, começaram a cantar em dupla. Gravaram seu primeiro disco, "Os pássaros", em 1971 pela
RCA. Nessa gravação (...)
Carlos Colla
compositor da música
BIOGRAFIA
ilho de imigrante italiano, Carlos Colla, como é conhecido, nasceu em agosto de
1944 em Niterói, no Rio de Janeiro, e hoje vive na capital fluminense. Desde muito
jovem, interessou-se por música. Aos 14 anos mudou-se com a família para
Teresópolis, região serrana do Rio, onde conheceu e fez amizade com o violonista
Alfredo Pessegueiro do Amaral. Foi lá, que recebeu sua primeira oportunidade de emprego feita
pelo Radialista Bandeira Júnior.
FTeve dois filhos no primeiro casamento, Carlos de Carvalho Colla Júnior e Daniela Colla, e, do
relacionamento de dois anos e meio com a Miss Brasil Marisa Fully Coelho, uma filha, Laura
Colla.
Durante anos, Carlos Colla custeou os estudos se apresentando nas noites do Rio, até ser
convidado por Mauricio Duboc para participar do conjunto musical O Grupo.
Compositor de Roberto Carlos
Fonte: http://saber-literario.blogspot.com.br/2013/06/carlos-colla-biografia.html
Olhos de luar Compositor Carlos Colla
Tião era um mulato forte alegre e destemido
Nasceu do amor feito na terra em meio a plantação
Pegava no cabo da enxada e campeava o gado
Tristeza era coisa que não se via do seu lado
Depois da roça ia pra venda um copo de cachaça
Cantava tocava viola e fazia graça
O peito largo o riso claro amigo dos amigos
Não tinha medo de ninguém zombava dos perigos
Um dia ele sentiu no rosto / Os olhos de luar da filha do patrão
E um doce amargo alegre e triste entrou no coração
Tião não era mais o mesmo desde que sentiu o brilho desse olhar
Sentiu pela primeira vez vontade de chorar
Mas o feitiço do olhar entrou feito veneno / O olhar da filha do patrão no seu corpo
Moreno.
Ah! Esse olhar tinha mais luz que o sol do meio-dia
A tentação era mais forte ele não resistia
Um dia ele chegou mais perto um raio de esperança
Um homem quando ama fica assim meio criança
E ele então falou de tudo aquilo que sentia
Pediu desculpas por amar assim quem não devia
E uma lágrima rolou dos olhos de luar da filha do patrão
Seu rosto branco avermelhou na força da paixão
Então o céu chegou na terra quando o amor existe fica tudo igual
E o amor aconteceu no meio do canavial
Mas o orgulho do patrão ainda era mais forte / A honra se lava com sangue uma
jura de morte
O fruto desse amor não pode ver a luz do dia
noite o som de um tiro e um corpo cai na terra fria
Mas tudo que aqui se faz aqui também se paga / A mancha do sangue na terra
nunca mais se apaga
Por sete anos nada mais nasceu naquele chão / E a noite escureceu de vez os olhos do patrão
Mas quando é noite de luar / Tem gente que já viu em meio à plantação
Um negro levando um menino louro pela mão
Os dois correndo pelo campo vão deixando um rastro de luz sem igual
O rastro de um amor no meio do canavial
O rastro de um amor no meio do canavial
Leia com a atenção a música, a seguir, transforme em um texto poético essa história.
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FILME: UM SONHO POSSÍVEL
Traz à tona os temas da superação, liderança, descoberta de talentos, entre outros. Trata-se do
filme “Um Sonho Possível”, do diretor John Lee Hancock, baseado na história real do jovem
Michael Oher que, após uma infância pobre e de ter crescido em lares adotivos, é acolhido por
uma família rica que lhe dá todo o suporte para mostrar o seu potencial, levando-o a se tornar
um astro do futebol americano. O filme, lançado em 2009, rendeu o Oscar de Melhor Atriz a
Sandra Bullock, que interpretou Leigh Ann, mãe adotiva de Michael.
Em seus 120 minutos, “Um Sonho Possível” é uma história que dá a possibilidade de fazer
uma analogia com pontos do mundo corporativo como, por exemplo, a liderança, que foi
exercida pela mãe do jovem Michael ao longo de toda a trama, que percebe o seu talento para o
esporte e investe no que ele tem de melhor: atitude que um bom líder deve ter diante de sua
equipe. Outro ponto é a superação mostrada pelo jovem que, mesmo diante das mudanças e
dificuldades, supera todos os obstáculos e contratempos para não desistir de seus sonhos.
Uma ótima opção para quem quer se emocionar e entender alguns valores que devem ser
usados na vida pessoal e profissional.
Ficha técnica
Título original: The Blind Side
Direção: John Lee Hancock
Gênero: Drama
Elenco: Quinton Aaron, Sandra Bullock, Kathy Bates, Lily Collins, Tim McGraw, Rhoda Griffis,
Ray McKinnon
Duração: 120 min.
Distribuidora: Warner Bros.
http://blogdadextera.wordpress.com/2013/07/26/dica-de-filme-um-sonho-possivel
SOBRE O DIRETOR
O diretor John Lee Hancock, nasceu em 1957.
Para aqueles que querem saber onde nasceu John Lee Hancock, ele nasceu em
na cidade do Longview no estado ou província de Texas que se encontra no pais Estados
Unidos.
Pesquise:
Os sites oficiais de John Lee Hancock para aqueles que querem ter informações reais e atuais
deste personagem são:
O facebook de John Lee Hancock:
http://www.facebook.com/pages/John-Lee-Hancock/107943439227322
Mais informações:
http://www.paginaoficial.org/do/john-lee-hancock.html#ixzz2ihZ5Yr3Y
Agora, faça uma pesquisa sobre esse diretor e anote suas observações:
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DESCONSTRUÇÃO DO RACISMO
Com base nos estudos sobre o conto Negrinha, a música Olhos de Luar e o filme Um
sonho possível escreva uma história em quadrinhos sobre os “Retratos da Diversidade”
refletindo sobre a diversidade humana:
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Vera Teixeira de. BORDINI, Maria da Glória. Literatura: a formação do leitor: 2.ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
FRANTZ, Maria Helena Zancan Frantz. O Ensino da Literatura nas séries iniciais. Ijuí. Ed. Unijuí, 2001.
KATO, Mary A. No mundo da escrita: Uma perspectiva psicolinguística. 7 ed. São Paulo: Ática, 2009.
KLEIMAN, A. B. Vinte anos de pesquisa sobre a leitura. In: ROSING, T.; BECKER, P. (Org.). Ensaios. Passo Fundo: UPF, 2000.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
MARTINS SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura em sala de aula: da teoria à prática escolar. Recife: Programa de Pós-Graduação da UFPE, 2005.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná – Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Trad. Cláudia Schilling – 6 ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. 194 p.