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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

Page 2: OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …€¦ · No 3º encontro foi realizada a mostra da produção do trabalho coletivo, para socializar os resultados obtidos na WebQuest

Aprendizagem versus aplicabilidade de recursos tecnológicos no

ensino de ciências

Maria Cristina de Moura11

Dalva Cassie Rocha2

Resumo

O artigo aborda fundamentos teóricos e a importância da utilização de recursos

tecnológicos como estratégias metodológicas no ensino de ciências. Tem como

objetivo apresentar a importância da inserção da aplicabilidade de recursos

tecnológicos disponíveis no ambiente escola, levar em consideração que a utilização

de mídias educativas não poderá ter caráter meramente mecânico e instrumental. A

formação tecnológica do professor deve permitir o planejamento de aulas, aliando o

uso de recursos tecnológicos com o fato de que estes devam estar voltados para a

elaboração de atividades diferenciadas, que proporcionem, de fato, a aprendizagem

significativa para o aluno.

Palavra Chave: Tecnologias educacionais; recursos metodológicos; WebQuest.

1 Especialista em Instrumentalização para o Ensino de Ciências – FAFIJA. [email protected]

2Orientadora.Doutora em Ciências Biológicas - Universidade Estadual de Ponta [email protected]

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INTRODUÇÃO

Em todos os tempos, pensar a educação, requer um olhar crítico sobre alguns

fatores determinantes no processo de ensinar e aprender. Assim na atualidade não

pode ser diferente. Vivemos em uma era, na qual, os aparatos tecnológicos estão

cada vez mais presentes, dentro e fora da escola.

Neste sentido, não cabe ao professor ter conhecimento apenas dos

conteúdos que ministra, espera-se que ele domine as novas práticas e metodologias

e saiba usar os recursos para atingir objetivos bem definidos. Para tanto, o professor

precisa aperfeiçoar continuamente sua prática docente e habilitar-se para o uso dos

diversos instrumentos modernos. Deve ter acesso a estes recursos e conhecimento

de como utilizá-los, com criatividade e criticidade em suas aulas. Deve receber e

promover inclusão digital, superando o uso da tecnologia como mero instrumento

mecânico.

Embora as escolas da rede estadual de ensino há muito, venham sendo

equipadas com instrumentos tecnológicos advindos de recursos do governo estadual

e também federal, a utilização da tecnologia em sala de aula como instrumento

metodológico, é ainda, um desafio que carece de ações efetivas, as quais apontem

para novas possibilidades.

Ressaltamos, neste sentido, que embora este artigo tenha por intuito

incentivar o uso das tecnologias no âmbito educacional, é fundamental

considerarmos que a incorporação das TICs, por si só, não tem a propriedade de

transformar a educação, podendo em contra partida, até mesmo vir reforçar prática

ruins.

Não basta ao professor ter conhecimento de como operar um instrumento

tecnológico pois,se este não estiver aliado com as oportunidades de aprendizagens,

a utilização dos aparatos tecnológicos passa a ter apenas caráter instrumental. O

instrumento tecnológico é apenas parte da estratégia de ação que o professor

planeja, como meio para alcançar objetivos de aprendizagem.

Diferente dos jovens estudantes dessa segunda década do século XXI, os

professores da atualidade não são nativos digitais, ou seja, não tem familiaridade

com equipamentos midiáticos e precisam aprender a utilizá-los.

A geração intitulada de nativos digitais está habituada a versatilidade,

imediatismo e tantas outras facetas comportamentais que os recursos tecnológicos

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lhes proporcionam. Diante desse cenário, para trabalhar em sala de aula com esta

geração o quesito “interatividade” por parte dos professores precisa ser consolidado.

Segundo Moran (2007):

Com escolas cada vez mais conectadas a internet, os papeis do educador se multiplicam, diferenciam e complementam, exigindo uma grande capacidade de adaptação, criatividade diante de novas situações, propostas (MORAN, 2007, p. 35).

As aulas apenas expositivas ou com utilização de uma única metodologia

durante todo o ano letivo, certamente não atendem as necessidades gerais de

aprendizado dos alunos, tão pouco propiciarão para a grande maioria, a construção

de um conhecimento significativo. Ainda segundo Moran (2007):

Variar a forma de dar aula, as técnicas usadas em sala de aula e fora dela, as atividades solicitadas, as dinâmicas propostas, o processo de avaliação. A previsibilidade do que o docente vai fazer pode tornar-se um obstáculo intransponível. A repetição pode tornar-se insuportável, a não ser que a qualidade do professor compense o esquema padronizado de ensinar (MORAN, 2007, p. 31).

Assim, considerando que desmerecer a importância dos recursos

tecnológicos como estratégias metodológicas corresponde a situar-se fora da

realidade que urge, o desafio aqui proposto para todos os professores foi o de

descobrir como apropriar-se dos novos aparatos tecnológicos (novo conhecimento)

e utilizá-los de forma que contribuíssem positivamente no processo de ensino

aprendizagem (reelaboração do conhecimento adquirido para a transformação).

Ao considerarmos a prática educativa, como sendo a forma de condução do

ensino de um determinado tema, é importante destacar que a proposição de uma

tarefa está sujeita a diversos fatores que permitem contribuir, ou não as

oportunidades de aprendizagem (MOREIRA e PEDROSA, 2011, p.35).

Para tanto cabe destacar a importância do reconhecimento dos

diferentes estilos de conduta que ocorrem no processo de ensino-aprendizagem e

que se estabelecem na interação com os objetos de conhecimento. Conforme, Leffa,

(2005), o aprendiz é estimulado pelos objetivos, ou seja, o que dá significado à ação

é a consciência do objetivo:

Na sala de aula, por exemplo, quando o aluno conhece e deseja o objetivo de uma determinada atividade não precisa do incentivo do professor; precisa apenas do domínio do instrumento de mediação que lhe permita chegar ao objetivo desejado, cujo domínio ele mesmo se empenhará em conseguir. Se o professor o ajudar, o aluno se aliará ao professor; se não, ele tentará por outros caminhos (LEFFA, 2005, p. 4).

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Embora nem sempre objetivos e metas na realização de atividades, sejam

compatíveis para educador e aprendiz, cabe ao educador estabelecer os

objetivosmais claros possíveis. Com essa atitude dará suporte, para que o aluno

chegue ao objetivo almejado. Por outro lado, este professor precisa ter se

apropriado do conhecimento que pretende transmitir ao seu estudante.

Entende-se que tanto o ato de ensinar como o de aprender são “faces da

mesma moeda”., ou seja, é um processo de aquisição permanente de conhecimento

e que convergem incisivamente na ação-reflexão-ação educativa.

É inadmissível que ainda hoje existam professores que se pautam na

inflexibilidade em sua prática educativa. Em crítica àqueles que se vangloriam por

suas aulas expositivas, Demo (2001) é categórico quando enfatiza:

Não há educação nenhuma em assistir a aulas, tomar notas e ser avaliado no final do bimestre. A isso ele chama ora de instrução, ora de transmissão de conhecimento. Pior: para instruir, os professores seriam dispensáveis. A eletrônica cumpriria esse papel sem maiores problemas (DEMO, , 2001).

Assim, dentro da educação reconstrutiva, defendida por esse mesmo autor

citado acima, o professor assume um papel fundamental no processo reconstrutivo,

adotando a posição de orientador e avaliador do aluno. Entende-se que a proposta

instrucionista (ter acesso apenas a instrução e ao treinamento), embora seja

importante, isto não é exatamente um processo de educação, pois o nível educativo

só se atinge quando o sujeito é capaz de propor e questionar (DEMO, 2001).

Pode-se propor a proximidade entre teoria e prática, possibilitando que a

aplicabilidade do conhecimento ministrado nas escolas não caia no utilitarismo. É

necessário incentivar o aluno para elaboração própria, para que este busque

informação e tome a iniciativa no processo de aprendizado.

Os objetivos desse trabalho foram discutir e propor subsídios para que os

professores ampliem as possibilidades do uso dos recursos de Tecnologia de

Informação e Comunicação (TICs) disponíveis na escola, preparando tarefas que

possibilitarão atividades de aprendizagem.

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METODOLOGIA

A abordagem do uso de tecnologias deu-se, neste trabalho, com a execução

de uma WebQuest (WQ), que é um recurso didático-tecnológico que além de

instrumento é também uma metodologia que reforça o aprendizado pela pesquisa

com participação colaborativa.

Essa proposição ofereceu espaço para discussão e reflexão sobre a

aplicabilidade dos recursos tecnológicos no processo de ensino aprendizagem,

usando como tema as próprias TICs na educação, no contexto do ensino de

ciências.

Ofertou-se para oito professores da rede estadual pública de ensino básico de

um município de pequeno porte do Estado do Paraná uma oficina de 40h semi-

presencial (20 horas em cinco encontros presenciais e 20 horas à distancia).

No 1º encontro buscou-se identificar os recursos tecnológicos disponíveis na

escola, analisando o uso e a aplicabilidade dos mesmos, como estratégias

metodológicas. Para tanto, os participantes responderam questionário online,

disponível em:

<https://docs.google.com/forms/d/14MVUNYjj_H_pU-

T2hgYk4788Db7W5F3XqXBWgzxacDg/viewform>

Questionário este, referente às mídias educacionais disponíveis no colégio,

bem como a sua utilização em sala de aula.

Em seguida, foi realizada uma atividade utilizando o recurso hipertexto,

disponível em:

<https://sites.google.com/site/cbtrecursoseducacionais/home/recursos-

educacionais/hiperlink/d---avaliacao/o-hipertexto-no-contexto-educacional>.

No 2º encontro os participantes executaram uma WebQuest sobre TICs, com

a análise reflexiva da prática pedagógica. Disponível em:

<https://sites.google.com/site/wqwebquest/>.

No 3º encontro foi realizada a mostra da produção do trabalho coletivo, para

socializar os resultados obtidos na WebQuest executada pelos grupos.

No 4º encontro os participantes, também divididos em grupos, produziram

outras WebQuests com enfoque interdisciplinar.

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No 5º encontro foi realizada a apresentação das WebQuests produzidas

pelos participantes. Disponíveis em:

<http://www.anossaescola.com/cr/webquest_id.asp?questID=2784>

<http://www.anossaescola.com/cr/webquest_id.asp?questID=2783>

Em uma outra frente, o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE

previu que professores de outros estabelecimentos de ensino e municípios do

estado participassem de um Grupo de Trabalho em Rede – GTR e, para tanto,

esses participantes do GTR tiveram acesso pirmeiramente, ao projeto e, na

sequencia, à Unidade Didática Pedagógica sobre TICs, ambos, documentos de

palnejamento elaborados para a proposição da oficina de TICs acima citada.

Através da participação nesse GTR, outros professores também puderam

tecer reflexões, críticas, sugestões, bem como, fazer uso dos instrumentos

disponibilizados, das seus espaços de trabalho.

O diálogo nesse GTR se deu no ambiente virtual de aprendizagem (AVA) <e-

escola.pr.gov.br> na plataforma moodle da Secretaria Estadual de Educação do

Paraná – SEED. As ferramentas para as discussões foram Forum e Diários.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Considerando, que atualmente as informações já estão disponíveis para

pesquisa em toda a rede de internet, nos coube ressaltar aos professores

participantes que, a ele fica a tarefa de mediar o aprendizado ensinando o estudante

a selecionar e a ponderar a validade e confiabilidade de tais informações.

A primeira provocação feita aos participantes da oficina semi-presencial foi a

possibilidade de responder a um questionário disponibilizado virtualmente. Essa

ação já se configurou como o levantamento da realidade e do conhecimento prévio

daqueles sujeitos. Todos os oito professores participantes acessaram e

responderam o questionário, indicando que estavam aptos para realizar tarefas

propostas mais elaboradas (Figura 1A e B).

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FIGURA 1. Oficinas de Tecnologias aplicadas à educação (mídias educacionais) ofertada

para professoresdo Núcleo Regional de Educação de Wenceslau Braz, Paraná, 2014. A. 1º Encontro - B. 2º Encontro no laboratório de informática da escolas. C-D. Apresentações das WebQuests produzidas pelos participantes das oficinas.

Assim, na sequência, os professores foram colocados diante de novo desafio

utilizando outro recurso midiático, um hipertexto. Todos compreenderam a

ferramenta e se mostraram capazes de construi-la. Essa mesma ferramenta foi

novamente solicitada dentro da WebQuest que eles executaram no 3º encontro

presencial da oficina.

A abordagem das TICs usando a WebQuest como recurso foi mais uma

provocação apresentada aos participantes para que esses demonstrassem suas

habilidades de forma mais elaborada. Também serviu como mais um exemplo da

necessidade do preparo antecipado e da fundamentação que o professor deve

oferecer ao aluno quando apresenta esse tipo de recurso didático. No 4º encontro

eles puderam elaborar novas WebQuests e apresentá-las (Figuras 1 C-D e Figura

2).

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FIGURA 2. WebQuests produzidas pelos participantes das oficinas de Tecnologias aplicadas

à educação (mídias educacionais) ofertada em 2014. A. Copa no Brasil – 2014. B. Paulo Leminski

Segundo os autores Coll et al. (2010), grandes estudiosos da área das

tecnologias voltadas à prática pedagógica

A incorporação das TICs na educação não transforma nem melhora automaticamente os processos educacionais, mas, em compensação, realmente modifica substancialmente o contexto no qual estes processos ocorrem e as relações entre esses atores e as tarefas e conteúdos de aprendizagem, abrindo, assim, o caminho para uma eventual transformação profunda desses processos, que ocorrerá, ou não, e que representará, ou não, uma melhora efetiva, sempre em função dos usos concretos que se dê à tecnologia” (COLL et al., 2010, p. 11).

Como resultado das discussões e reflexões com os professores que

realizaram o GTR, houve 18 inscritos e participação efetiva de 14, os quais

entenderam os princípios do projeto, havendo reflexões conclusivas sobre o uso de

recursos didático-pedagógicos e tecnológicos

Sob uma perspectiva de construção coletiva do conhecimento, o uso das TICs

como recursos metodológicos, possibilitou ao professor entender-se como mediador

da prática pedagógica com papeis definidos para cada sujeito no processo ensino-

aprendizagem.

Dentre os diálogos postados nos Diários, destacamos a fala de três

participante que demonstram ter se reconhecidos como mediadores do uso das TICs

para provocar a atividade de aprendizagem

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Professor 1. Os recursos tecnológicos devem servir como extensões do

professor. Ideias abstratas tornam-se passíveis de visualização; o passado torna-se

presente, facilitando o aprendizado e transformando o conteúdo em objeto de curiosidade e

interesse. O essencial é que as aulas obedeçam a uma cadeia de ideias que deixe o aluno

orientado em relação ao que está aprendendo. O aprendizado deve ser interligado.

Febre entre a garotada, e agora ferramenta para a sala de aula, são os sites de

relacionamento, os blogs e no momento que eu vejo é a criação de vídeos que são feitos

por eles mesmos no qual há uma inscrição por parte dos seguidores.

A frase “O essencial é que as aulas obedeçam a uma cadeia de ideias que

deixe o aluno orientado em relação ao que está aprendendo” indica que o planejamento

do professor é essencial e que os objetivos devem ter sido claramente estabelecidos

para direcionar as ações dos alunos.

Professor 2. (...) trabalhos como este são de suma importância na realidade de

nossas escolas públicas, muitas vezes com a correria do dia-a-dia e os compromissos

burocráticos, que são também tarefas dos educadores, acabamos por nos acomodarmos

com a maneira tradicional de lecionar os conteúdos de nossa disciplina, procurando o meio

mais fácil, para nós, de transmitir o conhecimento e cumprirmos com nosso PTD. Porém, o

que para nós pode ser mais cômodo, muitas vezes não tem efeito prático para os alunos,

que não percebem o significado do que estamos tentando transmitir.Esta produção didática

que você nos apresenta, porém, poderá mudar em muito o significado dos conteúdos para

os educandos e ainda mostrar a eles como desenvolver um trabalho cooperativo, onde o

grupo poderá, utilizando-se dos recursos tecnológicos à disposição na escola, trabalhar em

prol de um objetivo comum e com certeza ter como resultado o aprendizado.

Nessa fala, é possível observar que o professor 2 reconhe a necessidade

de mudança na sua conduta e na sua prática em sala de aula.

Foram apresentados apenas alguns exemplos de como o uso das TICs

como recursos metodológicos possibilitam ao professor e ao aluno colaboração

mútua na prática pedagógica. Com papeis definidos, cada sujeito, em particular

apropria-se de instrumentos e elementos que lhes são significativos no processo de

ensino-aprendizagem. Esse professor 2, realizou uma reflexão sobre suas próprias

ações.

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Professor 3. Entendo que dentro da educação ocorrem variadas formas de

inovações tecnológicas e toda a população deveria ter a possibilidade de acessá-las.

Costumamos dizer que tudo está cada vez mais rápido e que não conseguimos acompanhar

o que ocorre. Por isso os professores devem estar atentos ao que acontece no mundo ou

ao nosso redor. As atividades propostas do projeto apresentado são muito interessantes e

devem ser utilizadas no cotidiano escolar. Entendo que muitos profissionais tem aversão ao

uso destas tecnologias, simplesmente por não saber ou entender seu funcionamento, mas é

preciso que eles mudem seu pensamento e se adéquem a estes recursos que nos dias

atuais são indispensáveis a qualquer ação em nossas vidas. Entre muitas situações o

aluno tem uma compreensão muito mais elevada dentro destas tecnologias e mídias do que

o próprio professor, e eu não vejo problema nenhum em este aluno auxiliar os colegas e até

mesmo o professor. O bacana é que através de webquest , blogs ou mesmo em grupos de

redes sociais é possível postar conteúdos de sala de aula, exercícios, atividades de uma

forma geral, permitindo um diálogo entre os integrantes, isto é fenomenal. O que o

estudante precisa entender é que tem de ser disciplinado e utilizar estas ferramentas

quando solicitado e não quando ele quiser ou durante uma aula, quando o professor estiver

falando /expondo suas ideias.

Na fala do professor 3 é possível identificar vários aspectos abordados nesse

trabalho. Quando ele fala: ... tudo está cada vez mais rápido [...] não conseguimos

acompanhar o que ocorre. Ele se reconhece como incompleto e que uma parceria

pode se estabelecer com o seu aluno quando afirma [...] eu não vejo problema

nenhum em este aluno auxiliar os colegas e até mesmo o professor. Provavelmente, esse

docente está disposto a continuar aprendendo enquanto professor, numa verdadeira

interação entre ensino e aprendizagem. No final da sua fala, esse docente ainda

relata a necessidade do estabelecimento de regras e objetivos claros por parte do

professor que devem ser apropriados pelos seus alunos para que a conduta desse

estudante seja a mais adequada para o ambiente de aprendizagem.

É importante perceber que cada sujeito, em particular, apropria-se de

instrumentos e elementos que são significativos, sendo historicamente construídos

dentro de uma dinâmica de participação inerentemente coletiva.

Assim, um conhecimento significativo é aquele que se transforma em

instrumento cognitivo, ampliando tanto o conteúdo quanto a forma do seu

pensamento. Dentro desta perspectiva, a prática educativa deve atuar como

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formadora ao transmitir, tanto sistemas organizados de conhecimento, bem como, o

modo de sua apropriação pelo sujeito aprendiz (seja ele o estudante ou o professor).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os termos “novas tecnologias” há muito vêm sendo utilizados no ambiente

escolar, porém, estas encontram-se disponíveis para uso dos professores ha muito

tempo. Nesse sentido, a superação das dificuldades em usar estes recursos

transcende à categoria “novo”, mas está atrelada à utilização do recurso em si por

falta de conhecimento e habilidades.

Mesmo fora do ambiente escolar, o professor tem pouco domínio da

operacionalização da tecnologia e, na escola, sente-se limitado para fazer uso de

recursos tecnológicos como ferramentas pedagógicas.

Entretanto, o professor entender-se como mediador entre o aluno e o

conhecimento e, então surge o conflito: como mediar o uso de tecnologias com

pouco domínio? Ao estabelecer a parceria com seu aluno, ambos os sujeitos se

reconhecem responsáveis pelo processo da construção de novos conhecimentos e

ambos aprendem enquanto ensinam.

Novas tecnologias no ambiente educacional por si só, não garante resultados

de aprendizagem enquanto o professor desconsiderar a importância do

planejamento que propicie um fazer pedagógico colaborativo.

REFERÊNCIAS

COLL, C.; MAURI, T.; ONRUBIA, J.. A incorporação das tecnologias da

informação e da comunicação na educação: do projeto técnico-pedagógico às

práticas de uso . In: COLL, Cesar; MONEREO, Charles. Psicologia da educação

virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação.

Cap. 03. Porto Alegre: Artmed, 2010, disponível em: http://resenha-

fisica.blogspot.com.br/2011/11/coll-cesar-mauri-teresa-onrubia-javier.html. Acesso

em 25 de agosto 2014.

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DEMO, P. A criança é um pesquisador in: Revista Nova Escola ; Número

142, Maio 2001, disponível em:

http://www.educacional.com.br/entrevistas/entrevista0035.asp, acesso em: 01de

outubro de 2014, entrevista concedida a Vitor Casemiro.

LEFFA, V. J. Aprendizagem mediada por computador à luz da Teoria da

Atividade. Calidoscópio, São Leopoldo, v. 3, n. 1, p. 1-19, 2005.

MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida.

Novas tecnologias e mediação pedagógica. 13ª ed. Campinas: Papirus, 2007.

MOREIRA, F. Adelson; PEDROSA, José Geraldo. O conceito de atividade e suas

possibilidades na interpretação de práticas educati vas. Belo Horizonte: Rev.

Ensaio, v. 13, n. 03, p. 17, set-dez, 2011.