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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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FICHA CATALOGRÁFICA: PRODUÇÃO DIDÁTICO

PEDAGÓGICA

Professor PDE/2013

Título Recebendo o aluno no 6º ano com ludicidade

e criatividade

Autora Vilma Negrini Ciconhini

Escola de atuação Colégio Estadual Guilherme Pereira Neto

Ensino Fundamental e Médio

Município da escola Curitiba

Núcleo Regional de Educação Jacarezinho

Orientador Profª. Dra. Marivete Bassetto de Quadros

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Norte do Paraná

Centro de Ciências Humanas e da Educação

CCHE Campus Jacarezinho - Paraná

Área do Conhecimento Pedagogia

Produção Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola

Relação Interdisciplinar Todas as disciplinas do 6° ano do Ensino

Fundamental

Público Alvo Alunos do 6º ano, Professores e Equipe Gestora.

Localização

Colégio Estadual Guilherme Pereira Neto EFM

Estrada Delegado Bruno de Almeida, 4386 - 81480

000

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Apresentação:

O presente projeto tem como objetivo principal,

receber com entusiasmo por meio da atividade

lúdica os alunos de 6° ano. Ele propõe gincanas,

com conteúdo: esportivo, cultural e de

aprendizagem. Todas estas atividades serão

elaboradas com os professores coordenadas pela

autora do projeto, estudando a história da criança

enfocando a importância da brincadeira no

desenvolvimento delas. Fundamenta-se na análise

dos problemas encontrados nas turmas de 6° ano do

Ensino Fundamental que são causados pela troca de

escolas. Busca-se diminuir os transtornos e em

contrapartida criar um clima favorável para toda

comunidade escolar e consequentemente às suas

famílias. Num trabalho de conquista e numa parceria

comprometida à organização da melhoria proposta

por este projeto, os resultados serão alcançados.

Palavras-chave (3 a 5 palavras) Afetividade, gincana, lúdico, 6° ano

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ – SEED

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO - COORDENAÇÃO

ESTADUAL DO PDE

PROJETO DE INTERVENÇÃO

PROFESSOR PDE – TURMA 2013

VILMA NEGRINI CICONHINI

RECEBENDO O ALUNO DE 6° ANO

COM LUDICIDADE E CRIATIVIDADE

QUATIGUÁ – PR

2013

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VILMA NEGRINI CICONHINI

Recebendo o aluno de 6° ANO

COM LUDICIDADE E CRIATIVIDADE

Produção Didát ica Pedagógica apresentada à Secretar ia de Estado de Educação do Paraná, Departamento de Polít icas e Programas Educacionais, Coordenação Estadual do PDE, para o cumprimento do primeiro Período do Plano Integrado de Formação Cont inuada.

Orientadora: Profa. Me. Marivete Bassetto de Quadros (UENP/CCHE/CJ).

QUATIGUÁ – PR

2013

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APRESENTAÇÃO

Por longos anos os pais assistem com muita preocupação a passagem

de seus filhos de uma escola para outra. Sem coragem ou sem condições de

intervir na situação, apenas aceitam e encorajam os filhos pedindo-lhes calma e

confortando-os dizendo que logo vai passar e que tudo ficará normal. Os filhos,

no auge da fase pré-adolescente, se empolgam pelo novo e mesmo assustados

julgam estarem amadurecendo por conviver com jovens maiores, chegam até a

pensar que está na hora de namorar. Com os hormônios gritando e as condições

sociais contribuindo para o aceleramento das mudanças, estes “alunos” têm

grandes chances de pensar errado e consequentemente agir errado. Os

professores, infelizmente com carga de trabalho sempre maior do que é

possível, até se preocupam com estes alunos, mas isso não passa de duas ou

três semanas. Os alunos veteranos sentem um prazer imenso em pagar na

mesma moeda a recepção que tiveram quando chegaram, no sentido de brincar

judiando, colocando-os em situações embaraçosas, promovendo o bullyng .

Faz-se necessário transformar esta realidade não apenas no sentido de

preparar uma recepção, mas uma atividade contínua, lúdica, alegre, que

incentive os alunos a vir para escola com entusiasmo e nela permanecerem

cumprindo seus deveres sem deixar de aproveitar esta fase tão importante de

sua vida. Materializar esta transformação, senão eximindo, ao menos

amenizando a situação por meio de gincanas socioeducativas, interagindo

alunos de toda a escola, professores e comunidade.

No início de cada ano letivo a escola recebe seus calouros, alunos

oriundos de uma escola municipal que oferta o Ensino Fundamental anos iniciais,

como não podia ser de outra maneira, chegam com os mais variados

comportamentos, há os que chegam tímidos, com medo, inseguros, muitos

alegres, realizados, esperançosos, ansiosos e também aqueles que vêm

indisciplinados, querendo dominar tanto os que já conheciam como os caçulas

que não veem a um, dois ou três anos. Por estarem sendo tratados como os

caçulas há um certo abuso e em pouquíssimo tempo tem início os rumores de

que está sendo impossível trabalhar com os sextos anos.

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O projeto de intervenção tem por objetivo analisar os problemas

encontrados nas turmas de 6º ano do Ensino Fundamental causados pela troca

de escolas, e interferir com ações pedagógicas que amenizem tais

comportamentos, levando em consideração, a história da infância,

desenvolvimento da criança à adolescência, importância da ludicidade na

aprendizagem.

No mundo contemporâneo as pessoas estão mais preocupadas com o

quanto ainda vão viver do que o quanto já viveram, isto é, qual a idade que se

tem. Mas não foi sempre assim, conforme relatos de Fhilippe Ariès a idade das

pessoas só passou a ser revelada com precisão no séc. XVI, porque antes isto

era muito particular para ser revelado, isto só dizia respeito aos Físicos e aos

Filósofos.

Nem mesmo as etapas do desenvolvimento humano eram determinadas,

estas etapas relacionavam-se mais com a produção, do que a formação do

homem segundo Ariés (1981), descreve:

As “idades da vida” ocupam um lugar importante nos tratados

pseudocientíficos da Idade Média. Seus autores empregam uma terminologia que nos parece puramente verbal: infância e puerilidade, juventude e adolescência, velhice e senilidade – cada uma dessas palavras designando um período diferente da vida (ARYÉS,1981, p 4)

Vários autores da Idade Média descrevem, as idades, de diferentes

formas, entre elas encontramos Constantino (apud, Ariés 1981, p.4), divide a vida

em sete etapas, de acordo com o número de planetas, sendo elas: Infância,

(enfant – falante) inicia-se no nascimento e vai até os sete anos; a segunda

idade é chamada pelo autor de pueritia (ainda é uma criança); a terceira é a

adolescência ( a pessoa é grande , pode procriar e estão aptos crescer); segue-

se a juventude (está no meio da juventude e da velhice), vai até os cinquenta

anos; segue-se a idade senectude (passou a juventude); chegando a senies

(velhice- dura nos hábitos e costumes).

As colocações embora em tempos cronológicos não diferem do que temos

hoje, em análise psicológica, subjetiva é oposto ao conceito de desenvolvimento

da modernidade. Ariés (1981)

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Até o século XVI se falava nestas “idades da vida” como quatro períodos

de 20 anos, (ARIÉS 1981, p.5). No decorrer de toda história as idades em uma

afinidade que representam a atividade de cada tempo, e não havia espaço para

adolescência, está fase se confundia com a infância, numa mudança de

nomenclaturas que perpassa os séculos XVII, XVIII e XIX, entre o inglês e o

francês havia uma preocupação em como denominar as diferentes fases que

vinham sendo observadas, mas ainda não se preocupavam com o

desenvolvimento propriamente dito, em cada fase, quanto aos “lyttle petties”,

“petits”, “enfant” (crianças pequenas) não eram nem estudadas, não tinham

direitos e nem tampouco deveres, eram simplesmente crianças que precisavam

ser tratadas e cuidadas, por todos esses séculos a criança era considerada uma

“tábua rasa” ou “tabula rasa”, não havia preocupação em uma educação moral,

deixando o período de paparicação a criança logo era colocada no meio dos

adultos para aprender com eles um ofício, desta forma pouco conhecimento

temos sobre a história da infância.

Uma das mais importantes fontes de conhecimento sobre o assunto foi a

produzida por Fhilippe Ariès, que utiliza a iconografia para observar e traça o

conceito de infância em cada época, até a modernidade. O autor Ariés

(1981,p.21) narra, que as crianças não tinham representação própria, eram

apresentadas nas pinturas a princípio apenas com traços, e depois como adultas

em miniatura, pois sobreviviam algumas poucas crianças, e as que não morriam

até o primeiro ano de vida, o grande índice de mortalidade infantil o que para

nós é uma aberração, na época era considerado normal, as crianças que

sobreviviam eram consideradas insignificantes, portanto não havia necessidade

de se registrar sua presença.

Na interpretação do autor acima citado todas as vezes que aparecia uma

criança numa pintura era sempre ao lado de um adulto, nunca sozinha. Só no

séc. XVII a criança é representada sozinha. Muitos pintores famosos começaram

a pintar os filhos dos grandes senhores. Agora cada família queria um retrato de

seus filhos, mesmo que fossem bem pequenos. As pinturas foram substituídas

pelos retratos no século. XIX, mas o sentimento em relação aos pequenos não

mudou. A mortalidade infantil ainda continua elevada como nos séculos

anteriores.

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Depois de começar a valorizar mais a criança, houve quem se preocupou

em fazer para elas brinquedo-miniatura, isto é, réplicas dos móveis em tamanho

pequeno, do mesmo jeito que as bonecas representavam o ser humano em

tamanho menor, estas réplicas que receberam o nome de bibelô e chegavam a

confundir os historiadores de brinquedos e os colecionadores de bonecas e

bibelôs, pois tanto adultos quanto crianças se encantavam com eles. Em 1747,

Barbier (apud ARIÉS, 1981, p.49) escreve: “Inventaram em Paris uns brinquedos

chamados fantoches” e estes também eram usados por adultos e crianças. Não

foi diferente quanto ao teatro de marionetes no século XIX. Além de brincarem

com adultos e iniciarem atividades de adultos com pouca idade, elas também

tinham costumes, que hoje são considerados absurdos como beber vinho ou

outra bebida alcoólica, fumar e até o próprio sexo, no caso dos meninos

principalmente. Continuando o relato temos que, a educação praticamente só

começava depois dos sete anos, é como se aprender só tivesse importância na

idade adulta, somente com a renovação religiosa e moral do séc. XVII é que

estes valores começaram a mudar.

Seguindo esta linha de pensamento Ariés cita entre outros, Faret,

Chatauniers, Grenaille, Santo Agostinho, São Luís, Cardeal Bellarmin,

Montaigne, pessoas que marcaram uma época que se pensou realmente na

fragilidade e na debilidade da infância. No séc. XVII há uma relação forte com a

religião por Jesus se referir positivamente a elas e culmina com a citação: “Deus

dá o exemplo ordenando aos Anjos que acompanhem as crianças em todos os

seus passos, sem jamais abandoná-las. ”

Neste breve histórico temos que a infância realmente era renegada,

ninguém se preocupava com os pequenos, ainda no século XVII Varet 1666,

(apud ARIÉS, 1981 p. 87) escreve, “é tão importante cuidar das crianças, que

devemos preferir esta obrigação a todas as outras”. É dessa criança que

estamos falando, que necessita de cuidado, de atenção de carinho, de respeito

ao seu tempo, a sua maturidade, e é para essa criança que vamos proporcionar

tranquilidade num momento tão importante de sua vida, onde novos valores são

formados, diferentes visões de mundo são construídas, o pensamento abstrato

desenvolve-se permitindo um repensar de atos e atitudes, com verdadeiros

educadores ao seu lado é possível apostar em uma juventude equilibrada com

capacidade de transformar o seu meio promovendo uma melhor sociedade.

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Os professores das séries finais do Ensino Fundamental, em diferentes

momentos questionam sobre a mudança do comportamento de alunos que

eram dóceis, ávidos por conhecimento, de repente na transição do 5º para o 6º

ano tornam-se rebeldes, desobedientes, bem sabemos que esta fase revela um

momento bastante conflituoso para o aluno, alguns estudos já destacam este

conflito e afirmam a importância dos cuidados que devem ser tomados pela

escola e pela família para evitar futuros fracassos tanto escolares como sociais.

O aluno, os seus colegas e a sua própria família criam uma expectativa

em torno desse “novo”, “passar para o 6º ano”, ou ainda como dizem alguns pais

“ir para o ginásio”, o sinal de transformação total, é como se estivesse dizendo

“acabou a brincadeira”, “agora o negócio é sério”, chegam a exigir mudanças de

comportamento até nas tarefas do lar, por conta de estarem às portas de uma

nova etapa da vida.

[...] a escola de ensino fundamental cobra dos alunos de quinta série papéis diferentes dos que vinham desempenhando durante as quatro primeiras séries e essa cobrança está baseada nas expectativas de que na quinta série dá início à segunda fase do ensino fundamental e se constitui uma nova etapa escolar para o indivíduo (DOMINGUES (1985) (apud HAUSER 2002, p.29).

A mudança estrutural das aulas demanda muita agilidade, nas séries

iniciais, com um único professor, além de criar vínculo, favorece uma sensação

de segurança, as aulas parecem ser mais lentas. Já no 6º ano com períodos de

cinquenta minutos, a dinâmica da aula se acelera, além da agilidade exige-se

concentração, o aluno mal consegue fazer a ligação do professor com a

disciplina que ele ministra e a aula já acabou e antes mesmo que possa

conversar com alguém, entra outro professor que age diferente, que cobra

diferente e assim o aluno sente-se numa corda bamba.

A pluridocência complica o vínculo professor/aluno, pois o contato que mantêm ocorre em, no máximo, quatro horas semanais alternadas com as demais disciplinas. Além disso, agravando a situação, os professores dessa etapa de ensino têm formação específica em sua matéria com pouco estudo quanto às fases de desenvolvimento, o que compromete sua compreensão e atuação em relação aos comportamentos de seus alunos púberes/adolescentes. (BÖCK 2008, p. 72).

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Equivocados, alguns professores tratam os alunos do 6º ano como se eles

já tivessem maturidade para entender todas estas mudanças, os pais cobram

mais, os professores são exigentes. O corpo grita com as transformações e eles

próprios querem ser diferentes, mas não têm estrutura para isso. Todos esses

fatores contribuem para gerar os tão discutidos problemas de adaptação. A

escola é para estes alunos o seu segundo lar e pela pouca idade eles esperam

estar seguros, recebendo carinho e querendo falar com os professores como se

fossem seus pais, contar como foi o passeio, o que viram de errado no recreio,

contar até aquelas atitudes infantis que eles tomaram em relação a um

determinado fato, esta atitude de relação familiar é natural.

Depois da família, a escola é a instância mais importante para a socialização da criança e do adolescente. É onde encontra os seus colegas e aprende a relacionar-se fora do ambiente doméstico e familiar, necessitando dividir, esperar, impor, aceitar e negociar desejos ( BÖCK 2008, p.42).

A escola de Ensino Fundamental séries finais, já não é mais um espaço

de amigos tanto nas relações interpessoais como nas atitudes, entre elas a

ausência das brincadeiras, perde-se o momento de brincar, com tristeza os

alunos percebem que isso ficou do lado de fora da sala de aula, não se fala mais

naquelas brincadeiras tão gostosas que há bem pouco tempo era um bom motivo

de se ir à escola onde os colegas já aguardavam a chegada da turma para a

alegria começar, ao invés disso, eles passam a ter pesadas obrigações tendo de

se interessar pelos estudos.

De todas as séries do Ensino Fundamental, o 6º ano lidera o ranking de

reprovações e evasão, não existe apenas um problema que leve a este

resultado, muitos podem ser os motivos que contribuem para este desfecho, à

idade que culmina com a entrada na adolescência, a falta de interesse, a má

preparação na primeira fase, o descaso da família e a falta de preparação dos

próprios professores. Essas situações geram conflitos e produzem crianças

estressadas.

Um problema vindo da educação familiar que acarreta um quadro de

stress para a criança é a cobrança por um desempenho perfeito em todas as

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disciplinas, normalmente esses pais são exigentes com eles mesmos. Isto é

prejudicial à criança, tanto professores como pais têm que entender que nenhum

ser humano é bom em tudo, cada pessoa é dotada de facilidades e dificuldades,

e no 6º ano ainda não é possível ao aluno demonstrar suas preferências.

Muitas vezes por medo de não conseguir a perfeição exigida pelos pais,

a criança opta por não fazer a atividade proposta pelo professor, pelos pais, e

até mesmo nas brincadeiras com os colegas.

Como modo de prevenir esse tipo de situação, os pais devem estar atentos aos seguintes aspectos: 1) o nível de exigência colocado sobre a criança não deve ser excessivo; 2) o grau de cobranças feitas à criança deve ser proporcional a seu amadurecimento; 3) a frequência com que se afirma que ela pode desempenhar melhor suas atividades: incentivar a criança é bom, mas parecer nunca estar satisfeito com o que ela alcançou pode levá-la a sentir-se frustrada desmotivada, e 4) a forma de elogiar a criança. Se ela é elogiada apenas por suas produções, e não por suas qualidades pessoais, pode passar a ser rejeitada como ser humano. (MARILDA LIPP, 2000, p.116).

A competição é na maioria das vezes usada como incentivo não só com

relação às crianças, como também é uma grande aliada entre jovens e adultos.

O que tem que se tomar cuidado quanto à competitividade é em relação ao

resultado, vencer ou perder, vitória ou derrota. Não é fácil passar para uma

criança a ideia de que o mais importante é competir, visto que, quando a

incentivamos usamos predicados que elevam sua estima e os fazem acreditar

que são capazes e que consequentemente vencerão, aí surge o perigo de se

apresentar um elevado espírito competitivo e, o desespero de sempre vencer,

crianças especialmente nesta idade que chegam no 6º ano, têm uma sede de

estarem sempre “em primeiro lugar”, os pais por sua vez, conhecedores do

elevado nível de competitividade da sociedade atual, incutem, mesmo que

muitas vezes inconscientes, na formação dos filhos que para se dar bem na vida,

tem que sempre vencer, tem que ser o melhor em tudo, que quem é bom nunca

perde e ainda enfeitam este discurso dando exemplos das várias pessoas que

estão em destaque naquele momento histórico, como se esses heróis fossem

bons em tudo; o adulto mesmo sendo conhecedor de que isso não é verdade,

entra na ilusão de que ídolo não tem defeito, com isso as crianças acreditam que

é “proibido” perder qualquer competição e que têm que estar sempre em primeiro

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lugar. Portanto, pais e professores têm o dever de preparar as crianças para

competirem e não necessariamente para vencerem.

É importante os pais compreenderem que: 1) nem todas as crianças possuem um espírito de competição: muitas vezes, atividades competitivas acabam por ser prejudiciais; 2) é importante que a criança aprenda a perder e a aceitar que isso é natural e faz parte da própria competição; 3) não é verdade que estar em primeiro lugar significa ser “bom em tudo” nem, tampouco, “ser feliz”, e 4) quando se quiser incentivar uma criança à prática de esportes, deve-se tomar cuidado para que vencer não seja o único objetivo da atividade (MARILDA LIPP, 2000, p.118)

Levando em consideração que a criança e o adolescente necessitam da

presença do adulto em sua vida e que essa presença tem que ser de qualidade

e de grande responsabilidade, não basta apenas estar presente, é necessário

envolver-se com a criança, com sua vida, com suas preferências, dando-lhe

suporte nas suas decisões.

Enquanto todo esse comportamento está sendo trabalhado e formado na

criança, ela está aí totalmente exposta a uma escola que ela não conhece que é

diferente, que é relativamente grande, que está nos sonhos embora muitas vezes

do tipo “quero, mas tenho medo”, ela está indo para o 6º ano. Será que esta

criança está preparada para este desafio? Os pais estão preparados para

enfrentarem os obstáculos dessa mudança? E a escola com toda a sua

comunidade estão preparadas para receber este alunado?

Com relação ao ingresso em uma escola e à adaptação da criança a ela, é muito importante que pais e profissionais estejam sempre atentos, pois, embora haja situações em que a dificuldade é realmente da criança, há outras em que de fato pode estar ocorrendo um problema na escola. Sendo assim, é muito importante ter cuidado e atenção, pois um aluno estigmatizado terá todo o seu potencial desperdiçado (MARILDA LIPP, 2000, p.130).

Outros fatores podem estar relacionados às barreiras encontradas

quando da mudança de escola, muitas vezes os professores dizem que os

alunos do 5º ano, vem da outra escola, cheios de vícios e totalmente defasados,

principalmente naquelas disciplinas que dependem dos conteúdos anteriores

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para darem continuidade no processo, estas crianças, como relata

(LIPP,2000,p.131), podem estar ainda imaturas, ou ainda sofrerem de

transtornos que levam a dificuldade de aprendizagem, não sabendo e não tendo

estimulação adequada nem em casa nem na escola, vão se distanciando do

grupo e sem interação, com medo aprendem menos.

A interação o direcionamento para a criança não se restringe a conteúdos

escolares ou adaptação na nova escola, é necessário um olhar crítico, pois

mesmo na infância, seguida da adolescência, todos são capazes de

compreender o que é certo e o que é errado. Engana-se pensar que crianças

não entendem nada de regras e limites, muito pelo contrário, elas sentem

necessidade de alguém que cobre, que mostre o seu limite, porque essas

atitudes lhes dão segurança, na pré-adolescência fica eminente esta

necessidade quando o mesmo se rebela, muitas vezes essa rebeldia é um

pedido de socorro, um pedido para que o adulto coloque limite em suas ações.

Cada atitude a seu tempo, os pais não podem exigir que uma criança de

4 anos arrume sozinha sua cama, como também não podem arrumar a cama de

uma criança de 10 anos. Na escola, quando chegam ao 6º ano, o professor não

pode exigir um trabalho feito sob as normas da ABNT, assim como não devem

pensar pela criança, como contar respostas, dar entonação na leitura para que

a interpretação fique clara, por tudo isso podemos concluir que o equilíbrio é a

melhor opção, nesta idade a criança precisa ser preparada para a transição de

uma escola para outra (LIPP,2000, p.131) .

O professor é peça fundamental para o sucesso dessa brusca mudança

que acontece na vida do estudante de Ensino Fundamental. Cabe à escola

especificamente ao gestor, tratar com carinho essa situação, preenchendo

primeiro a demanda dos 6ºs anos com professores que estejam mais próximos

do ideal para esse trabalho, pois somos conhecedores de que o stress não atinge

somente a criança, mas sobretudo os professores que as atendem.

É raro você encontrar um professor que se estresse com uma criança que

tem dificuldade de aprendizagem, o que tira o estímulo e consequentemente o

entusiasmo são os problemas de comportamento, falta de limite e falta de

educação propriamente dita que tem suas origens em diferentes causas, sendo

uma delas o estresse.

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Nas conversas informais é comum ouvirmos os professores dizerem que

os alunos menores, principalmente dos 6ºs anos não prestam atenção nas aulas

porque estão o tempo todo preocupados com sua aparência e com a dos

colegas; paralelamente sabemos que em casa estão aborrecendo seus pais por

conta de roupas, calçados, cabelos e moda em geral. Agora mais do que nunca

eles sentem necessidade de ser o centro das atenções, por isso julgam que têm

que estarem impecáveis (LIPP,2000, p.131).

Uma verdade que sempre soubemos e que a cada ano confirmamos, é

que não basta ser professor, tem que ser mestre, tem que ter conhecimento dos

seus conteúdos, mas acima de tudo tem que ter amor ao trabalho e à sua

matéria-prima, o aluno.

Como pudemos verificar, a escola é muito importante na vida da criança, seja porque ela permanece grande parte de seu dia nesse lugar, seja em razão das atividades acadêmicas. Assim sendo, uma maior compreensão do que é o stress infantil é fundamental para seu manejo e prevenção (LIPP, 2000, p.146).

Até quando a criança precisa de material concreto para aprender? Até

quando a criança precisa brincar? Os pais se encantam com o progresso dos

filhos quando estes estão na educação infantil. Os professores da educação

infantil cumprem o compromisso de ensinar, de ensinar muito, mas não estão

nem um pouco preocupados com a cobrança destes aprendizados, ou seja, não

vão aplicar nenhum instrumento de avaliação para aferirem o que as crianças

aprenderam ou ainda falta a aprender, pelo contrário procuram sempre

atividades lúdicas diferentes para ensinar aquele conteúdo que ele percebeu que

alguns ainda estão confundindo ou mesmo não entenderam nada do que lhes

foi ensinado, tudo isso mesclado com muita brincadeira, muita competição. E o

resultado? O resultado é excelente sempre, assim sendo a resposta correta

seria: o material concreto tem que acompanhar a criança pelo menos até os 12

anos, já a brincadeira deveria fazer parte da vida para sempre.

Os professores das séries mais avançadas têm medo brincar, têm medo

de competir, sufocando assim o entusiasmo da criança, levando-a passo a passo

a se desestimularem pela escola, conforme ELKIND (2004, p.233), por conta do

estilo de vida atual, apressado; brincar perdeu seu significado e importância, não

se conota mais brincadeira com aprendizagem, perdeu-se o sentido de escola,

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“école”, “ócio”, tempo livre pra aprender. O ritmo acelerado e a falta de tempo

dos pais transmitem para a criança o mesmo estado de stress, nossas escolas

estão repletas de crianças que não têm mais paciência, não conseguem parar

para prestar atenção, não se concentram, como toda ação tem uma reação,

estas crianças são hoje rotuladas de hiperativas, algumas com certeza o são,

mas a grande maioria só precisa ser criança. A escola precisa retomar seu papel,

ser lúdica, ensinar arte, música, teatro, jogos, para que a criança sinta-se no seu

tempo, afirmando, o autor descreve, “Na verdade, o que aconteceu com os

adultos na nossa sociedade está acontecendo agora com as crianças – a

brincadeira foi transformada em trabalho. O que anteriormente era recreação –

esportes, acampamentos de verão, treinamento musical – agora está

profissionalizado competitivo” (ELKIND (2004, p.233).

Brincar teorizando Karl Gros (1901), (apud ELKIND (2004, p.233), é

preparar-se para o mundo do trabalho, é preparar-se para a vida adulta, o

mesmo autor cita Montessori (1967), que escreve.

A imaginação tem sempre recebido um lugar predominante na psicologia infantil, e em todo o mundo as pessoas contam às crianças histórias de fadas que são muito apreciadas, como se as crianças quisessem exercer este grande dom que a imaginação certamente é. Mas quando todos nós concordamos que uma criança adora imaginar, por que só lhes damos histórias de fadas e brinquedos para praticar esse dom? Se uma criança consegue imaginar uma fada e um reino das fadas, não lhe será difícil imaginar a América. Em vez de ouvir falar vagamente sobre a América nas conversas, ela pode ajudar a esclarecer suas próprias ideias a respeito olhando no globo onde ela é representada. (ELKIND, 2004, p.233)

Brincar não é perder tempo, brincar é desenvolver-se plenamente, de

forma integral e sadia, a sociedade contemporânea precisa voltar seu olhar para

infância, mais que a sociedade a escola deve oportunizar espaços lúdicos, de

brincadeiras, de movimento de socialização, para que a sociedade seja

humanizada.

O lúdico passou a ser reconhecido como traço essencial de psicofisiologia

do comportamento humano. De modo que a definição deixou de ser o simples

sinônimo de jogo. As implicações da necessidade lúdica extrapolaram as

demarcações do brincar espontâneo. Passando a necessidade básica

da personalidade, do corpo e da mente. O lúdico faz parte das atividades

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essenciais da dinâmica humana. Caracterizando-se por ser espontâneo

funcional e satisfatório. São atividades que propiciam uma experiência de

plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis. Na

atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que dela

resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem a vivencia,

momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de

realidade, de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e

conhecimento do outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos da vida.

Uma aula com características lúdica não precisa ter jogos ou brinquedos.

O que traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma “atitude” lúdica do

educador e dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade,

envolvimento, uma mudança interna, e não apenas externa, implica não somente

uma mudança cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A

ludicidade exige uma predisposição interna, o que não se adquire apenas com a

aquisição de conceitos, de conhecimentos, embora estes sejam muito

importantes. Uma fundamentação teórica consistente dá o suporte necessário

ao professor para o entendimento dos porquês de seu trabalho. Trata-se de

formar novas atitudes, daí a necessidade de que os professores estejam

envolvidos com o processo de formação de seus educandos. Isso não é fácil,

pois, implica romper com um modelo, com um padrão já instituído, já

internalizado. São lúdicas as atividades que propiciem a vivência plena do aqui

- agora, integrando a ação, o pensamento e o sentimento. Tais atividades podem

ser uma brincadeira, um jogo ou qualquer outra atividade que possibilite instaurar

um estado de inteireza: uma dinâmica de integração grupal ou de sensibilização,

um trabalho de recorte e colagem, uma das muitas expressões dos jogos

dramáticos, exercícios de relaxamento e respiração, uma ciranda, movimentos

expressivos, atividades rítmicas, entre outras tantas possibilidades. Mais

importante, porém, do que o tipo de atividade é a forma como é orientada e como

é experimentada, e o porquê de estar sendo realizada. O jogo e a brincadeira

estão presentes em todas as fases da vida dos seres humanos, tornando

especial a sua existência. De alguma forma o lúdico se faz presente e acrescenta

um ingrediente indispensável no relacionamento entre as pessoas, possibilitando

que a criatividade aflore.

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Por meio da brincadeira a criança envolve-se no jogo e sente a

necessidade de partilhar com o outro. Ainda que em postura de adversário, a

parceria é um estabelecimento de relação. Esta relação expõe as

potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões

testando limites. Brincando e jogando a criança terá oportunidade de

desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional, tais

como atenção, afetividade, o hábito de permanecer concentrada e outras

habilidades perceptuais psicomotoras. Brincando a criança torna-se operativa. A

ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser

vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a

aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma

boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de

socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. A

formação do sujeito não é um quebra-cabeça com recortes definidos, depende

da concepção que cada profissional tem sobre a criança, homem, sociedade,

educação, escola, conteúdo, currículo. Quanto mais o adulto vivenciar sua

ludicidade, maior será a chance deste profissional trabalhar com a criança de

forma prazerosa, enquanto atitude de abertura às práticas inovadoras. Tal

formação permite ao educador saber de suas possibilidades e limitações,

desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do

brinquedo para a vida da criança.

Hansen (2007), diz que as brincadeiras e os brinquedos são muito

importantes, pois ajudam a criança a integrar a sua vida psíquica e a relação

desta com o corpo em formação, auxiliando ainda na construção e estruturação

do eu.

Para Kishimoto (2005), “brincar é a ação que a criança desempenha ao

concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é

o lúdico em ação”. Neste sentido podemos nos referir ao termo lúdico não

apenas relacionados ao jogo, como pressupõe a origem desse termo que vem

do latim “ludus”, que significa jogo, e sim a ação do brincar espontâneo.

As atividades lúdicas correspondem a um impulso natural da criança e,

portanto, satisfazem uma necessidade interior. Apresentam dois elementos que

as caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo (MAURÍCIO, 2006, p. 4). O

prazer é a capacidade que a brincadeira tem de envolver a criança, gerando um

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clima de alegria, excitação e orgulho, ou seja, é algo que motiva e a envolve

emocionalmente. Esse prazer é gerador de um interesse intrínseco, voluntário

no sentido de alcançar os seus objetivos.

O processo lúdico envolvendo contextos de brincadeira e jogos,

possibilitam a interação entre as pessoas, a partir do momento em que elas se

encontram, conversam, discutem as regras, uma situação onde há socialização,

competição, cooperação. O jogo é uma das formas de brincadeira, porém

diferencia-se do brincar livre por apresentar regras que permeiam a ação. Ao

jogar, a criança é convidada a raciocinar, pensar, agir com atenção e

concentração.

No trabalho educativo, nada está finalizado, romper paradigmas, acreditar

nas brincadeiras, criar e fazer cumprir regras de convivência, enaltecer as boas

atitudes, incentivar o esporte, valorizar o trabalho em grupo, são opções que tem

tudo para dar certo, num trabalho coletivo, bem estruturado e com fins claros. O

resultado final não será outro senão SUCESSO.

Partindo do princípio que o tempo é o inimigo nº 1 dos professores em

sala de aula, faz-se necessário a intervenção da equipe pedagógica para somar

no sentido de auxiliar nas atividades lúdicas que mesclam o conteúdo que muitas

vezes é de difícil assimilação, numa estrutura chamada GINCANA- é um tipo de

competição entre equipes (AURÉLIO, 1988. P. 850). Conforme foi

fundamentado, a brincadeira é muito importante para o desenvolvimento da

criança, ela amplia seus conhecimentos, aprende respeitar regras, desenvolvem

o intelectual, o afetivo e o social, aprendem mais sobre si, esse conjunto fortalece

o crescimento de pessoas sem preconceitos, melhor preparadas para o trabalho

e acima de tudo respeitando o próximo. Sendo a gincana uma atividade que

desenvolve todos esses fatores por meio de suas provas, fica explicado o porquê

de sua escolha.

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2 MATERIAL DIDÁTICO E ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS

ATIVIDADES

2.1 recebendo os alunos dos 6ºs anos

Imediatamente após a chegada dos alunos, primeiro dia de aula, com

entusiasmo eles serão informados de tudo que está previsto para eles no ano

letivo, com o desejo de que chegue em casa dizendo: “Pai, mãe, gostei da

escola”. Toda a comunidade escolar deve batalhar para que esta empolgação

não se acabe, pelo contrário, aumente a ponto de contagiar as outras turmas e

também os professores envolvidos.

Em cada sala de aula de 6º ano será colocado um painel com nome e foto

das pessoas que terão contato direto com a turma, para que se familiarizem com

mais segurança.

2.2. Atividades com os alunos

Os calouros do colégio já conheceram as dependências da sua nova

escola, agora vão estruturar a primeira gincana.

Cada turma será representada, durante todo o percurso da gincana, por

uma cor, escolhidas previamente por serem as cores mais fáceis de adquirir

materiais: verde, vermelho, amarelo e azul; para que não se preconize as letras

das séries com “C” melhor que “A”, essas cores serão sorteadas, com a presença

de todas as turmas, na quadra. Definida a cor de cada turma, cada um receberá

uma pequena faixa, da sua devida cor, para ser usada no punho, toda vez que

tiver provas da gincana. Para que cada um tenha responsabilidade, se vier a

perder a faixa, deverá pagar um valor de R$0,10 (dez centavos) para obter outra.

2.3 Eleição para escolha dos Coordenadores

Cada turma, em sua própria sala, sob a orientação do professor, que

antecipadamente foi instruído, ou a própria pedagoga fará a eleição para a

escolha de seus representantes. O orientador expõe as funções dos

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coordenadores, em cédula preparada os alunos democraticamente escolhem se

querem ou não ser Coordenadores de sua Turma, cada aluno escreve o nome

de um menino e uma menina, dos que aceitaram ser votados, em cédula

preparada, os dois mais votados serão os candidatos. Para finalizar, todos

receberão a última cédula de votação, com o resultado será conhecido o

coordenador e a coordenadora da turma na gincana, para não confundir com os

representantes da turma;

2.4 Gincanas

Construção de uma mascote contando com a participação efetiva dos

professores de Arte, será lançada a proposta. Todos os grupos são convidados

a trazer para escola material reciclável do uso comum, bem como sucata de

brinquedos, contando ponto para cada aluno de cada grupo que efetuar a tarefa.

O material será todo misturado na quadra, evitando que alguém leve vantagem

com alguma peça exclusiva e numa elipse humana (os alunos) de sequência,

(um verde, um vermelho, um amarelo, um azul e assim por diante) cada um

passa para recolher o que lhe interessa uma peça de cada vez para igualar a

oportunidade. Com material suficiente, vão abusar de sua criatividade para

montar a melhor mascote que marcará ponto para equipe. Os professores da

hora atividade receberão uma cédula, e serão convidados para a escolha da

melhor mascote.

Escada da vitória. Para uma competição cultural os professores

colaborarão com perguntas pertinentes as suas disciplinas. Com suas faixas nos

braços, os grupos vão para a quadra, numa escada existente ou providenciada,

os mascotes são colocados no primeiro degrau, cada grupo manda o seu

representante para responder a pergunta que será feita, quem chegar na linha

primeiro responde e a cada acerto a mascote sobe um degrau e os pontos são

registrados em tabela própria, e assim todos participam.

Os grupos serão subdivididos em grupos menores, na quadra. Serão

impressas quatro atividades de cada uma que são numeradas, assim teremos

quatro atividades número um, quatro números dois, e assim até que tenha

atividade para todos os alunos ao mesmo tempo. Dado o tempo necessário, os

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professores que estão em hora atividade, ajudam na correção e numa escada,

as mascotes vão subindo conforme os acertos e estes marcados em tabela

própria. Será vencedor o grupo que galgar mais degraus.

Gincana para o dia das mães. As mães serão convidadas ou quem as represente

para participarem de provas que pontuarão a turma de seus filhos; em todas as

provas, um participante de cada equipe leva um convite antecipado para as mães

evitando constrangimento. Provas: Reconhecer a mão da mãe; Vestir a mãe;

Estourar a bexiga no colo da mãe; Buscar o líquido pra mãe encher o recipiente;

Vencer corrida de obstáculos para chegar até a mãe, vários obstáculos, incluindo

as disciplinas de Geografia (montar quebra-cabeças de mapa), História (ordenar

fatos históricos, conforme conteúdos da série) e Inglês (montar jogo com

palavras e figuras). Em cada mesa fica uma mãe de cada turma, como fiscal.

Como lembrança as mães levarão um vasinho feito na aula de Arte, com uma

flor plantada na aula de Ciências e um poema feito na aula de Língua

Portuguesa. O total de pontos só será revelado no encerramento.

Os Sentidos Os alunos se inscrevem, conforme vagas e de acordo com suas

preferências, se são melhores no tato, na audição, na visão, no olfato ou no

paladar. Cinco alunos para cada sentido. Os professores envolvidos no projeto

serão os responsáveis pelos materiais. Todos os alunos participarão destas

provas por serem muito divertidas.

Coordenação motora e paciência De cinco em cinco vão pras mesas e ordenam

as peças fracionadas dentro das caixas. A cada rodada são colocados os

ordinais de 1º ao 5º, soma-se como números naturais, e a melhor pontuação é

decrescente.

Vale Ponto pra gincana A média geral da turma, a turma que tem menos falta,

a turma que tem menos ocorrências registradas, a maior porcentagem de

presença de pais nas reuniões, etc.

A grande final acontecerá numa noite, na quadra da escola com a participação

de todas as famílias, onde os representantes das turmas participarão de um

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circuito de provas e será apresentada a soma dos pontos de toda a gincana para

proclamar o vencedor. O prêmio para a turma vencedora será combinado com a

direção do colégio.

3. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES

3.1 Estudo e discussão de textos

Uma história da infância: da idade média à época contemporânea no

ocidente,xdisponívelxemxhttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-

15742005000200014&script=sci_arttext. Acesso em 12/11/2013

3.2 Discussões

Que leitura você professor faz do tratamento dado às crianças na Idade Média?

É possível alguma relação entre situações da infância no passado e hoje?

3.3 A importância do brincar,

disponívelxem:http://www.educardpaschoal.org.br/web/fundacao-artigos-

ver.asp?aid=39. xAcesso em 14/11/2013

3.4 Discussões

Qual a sua opinião quanto a “idade” dos nossos alunos?

O aluno do 6º ano ainda precisa brincar?

A brincadeira é uma forma de motivar a aprendizagem escolar?

3.5. Elaborando estratégias para ensinar com ludicidade.

Neste encontro os professores, no laboratório de informática, irão pesquisar

sobre diferentes meios de ensinar com brincadeiras e jogos, na sequencia as

atividades serão socializadas e contextualizadas para o ambiente escolar do

Colégio Estadual Guilherme Pereira Neto.

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Os resultados de todo o desenvolvimento do Projeto de Intervenção serão

descritos no Artigo final, conclusão do PDE.

4. atividades com os Pais

4.1 Projeção de vídeo: Família e Escola

Os pais serão convidados a virem à escola, antes do vídeo será esclarecido o

motivo de estarem ali, na sequencia será repassado o Projeto PDE e algumas

informações sobre a dinâmica da escola.

Após o vídeo será aberto a discussão sobre anseios e necessidade de pais e

professores na educação.

A reunião será encerrada com uma confraternização.

Participação nas gincanas

Participação na gincana do dia das mães e na gincana final.

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REFERÊNCIAS

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Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988, p. 214.

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MAURÍCIO, Juliana. Tavares., Aprender Brincando: O Lúdico na

Aprendizagem, disponível em http://www.profala.com/arteducesp140.htm ,

consultado a 24 de Fevereiro de 2012

SERRÃO, Margarida; BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e a

conviver. 2. Ed. São Paulo: FTD, 1999.