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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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1 Professora da Rede Pública Estadual do Paraná. Participante PDE 2013, disciplina Física, graduada em Ciências com habilitações em Matemática e Física. Pós-Graduada em Educação Matemática e em Ensino de Física. E-mail: [email protected] 2 Professor Orientador Doutorando Michel Corci Batista – UEM (Universidade Estadual de Maringá).E-mail: [email protected]

OLHO HUMANO: A JANELA DE ENTRADA PARA O ESTUDO DA ÓPTICA

Autora: Nilda Von Knoblauch¹ Orientador: Prof.Msc Michel Corci Batista

2

RESUMO

Mais do que fornecer informações, hoje se torna imprescindível no Ensino de Física explorar as questões envolvidas com o estudo da formação de imagens (lentes), os defeitos da visão e os cuidados necessários com o sistema visual, contribuindo para o desenvolvimento de uma postura crítica quanto aos elementos prejudiciais à saúde da visão. Este trabalho teve como objetivo oportunizar ações no ambiente escolar que permitiram ao aluno refletir sobre a importância dos cuidados com a saúde ocular, buscando subsídios que fortaleçam o conhecimento científico no estudo da óptica geométrica contribuindo desta forma para uma aprendizagem consistente e prazerosa do Ensino da Física. Neste estudo apresentou-se uma Unidade Didática, desenvolvida com os alunos do 2º ano do Ensino Médio do período matutino com uma sequência de atividades didáticas de forma a explorar os conceitos básicos de óptica geométrica no fortalecimento do conhecimento científico, que incluíram: testes de sondagem, atividades prática, vídeos, palestra, medida da acuidade visual, pesquisa, produção de cartazes, divulgando os malefícios e as formas de prevenção. Ações estas que despertaram a curiosidade e a atenção dos estudantes ao se utilizar metodologias diferenciadas que melhor correspondiam às situações do cotidiano, proporcionando oportunidades de perceber a importância deste órgão (o olho) e contribuindo para minimizar os problemas relacionados com a saúde ocular, evitando maus hábitos e situações prejudiciais com os órgãos da visão. Sobretudo possibilitando aos alunos condições favoráveis para que os mesmos estabelecessem relações entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento científico podendo assim “evoluir” sua estrutura de pensamento.

Palavras-chave: Olho humano; Saúde Ocular; Óptica Geométrica.

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1 INTRODUÇÃO:

“O olho é a janela do corpo humano pela qual ele abre os

caminhos e se deleita com a beleza do mundo”.

Leonardo da Vinci 1452-1519

A Física é de grande importância nas várias ciências, está sempre em

contínua evolução, buscando analisar, explicar, entender e descrever os fenômenos

naturais que ocorrem na natureza e o comportamento do mundo em seus diferentes

aspectos, bem como fatos históricos e avanços que a tecnologia vem sofrendo.

Desde o início da vida percebemos dentre muitos órgãos dos sentidos do

corpo humano o órgão da visão, capaz de adaptar-se a alguns estímulos do

ambiente, dentre eles a luz, que nos dá uma ideia visual do mundo. Porventura já foi

dito, por muitos poetas, que “os olhos são a janela da alma”. Parafraseando,

podemos dizer que “os olhos são a janela aberta para a luz” (SILVA; FILHO, 2010,

p.316). A luz que conhecemos desde muito cedo é um elemento essencial para o

sistema visual, pois possibilita ver.

Ainda conforme Mueller e Rudollph (1968, p.53):

[...] a visão é sempre a mesma num aspecto fundamental: o processo começa com a luz entrando no olho e trazendo consigo as informações que encontrou ao tocar ou passar pelos objetos em seu caminho. Essas formas luminosas atravessam as várias partes do olho até que a imagem é projetada na parede posterior do olho, ou retina, do mesmo modo que a imagem é lançada no filme pela câmera.

Portanto é pelo sistema visual que enxergamos, recebemos grande parte das

informações, percebemos cor, formas, movimentos e a luminosidade dos objetos. A

visão é considerada como o sentido mais desenvolvido, é ela que domina a nossa

vida, fundamentalmente necessária para as tarefas que exigem boa visão, como

trabalhos artesanais, dirigir um veículo, entre outros. Porém é necessário lembrar

que o processo de ensino aprendizagem depende dela como um elemento direto

para que o conhecimento seja efetivado na sua totalidade tanto nos seus aspectos

pedagógicos como tecnológicos.

Apesar do crescente avanço tecnológico e da evolução do conhecimento,

atualmente é muito grande o número de pessoas que fazem uso de óculos e lentes

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deixando evidente a existência de alguma deficiência oftalmológica, pois muitas são

as doenças que prejudicam a integridade anatômica do olho. Os dados do Censo

2000, realizado pelo IBGE, indicam que aproximadamente 10% da população

(16.644.842) têm algum problema visual (BRASIL, 2007, p.02). Segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Censo 2000 contabilizou 148 mil

cegos no Brasil [...] O detalhe é que mais de 16 milhões de pessoas declararam ter

algum tipo de dificuldade de enxergar. Desse, estima-se que 2 milhões têm baixa

visão( VEJAM..., 2008).

Segundo o blog do Vejam (25/12/2008), dados da OMS e do IBGE enfatizam

que:

Atualmente, estima-se que existam 180 milhões de deficientes visuais em todo o mundo, dentre os quais 45 milhões são cegas e 135 milhões apresentam algum tipo de baixa visão. [...] Previsões atuais estimam que o número de pessoas cegas dobrará até o ano 2020. Isto se deve a fatores como o crescimento populacional mundial, com um aumento do número de pessoas acima dos 65 anos, além da falta de diagnóstico de algumas doenças crônicas como o glaucoma e de uma maior sobrevivência de bebês prematuros que podem vir a ter a retinopatia pediátrica, a segunda maior causa de cegueira infantil.

Além disso, os olhos podem ser afetados facilmente por outros fatores

inerentes do dia a dia, até mesmo pela luz do sol, podendo causar danos por um

determinado tempo ou muitas vezes irreversíveis. Embora os olhos sejam

considerados por muitos como sendo capaz de somente captar a luz, consideramos

que os mesmos merecem um destaque maior, por isso precisamos dar mais atenção

a este órgão, com simples ações, evitando riscos que podem ser prejudiciais para

uma visão saudável.

Dessa forma consideramos a necessidade de mudanças no comportamento

dos alunos relacionado à importância dos cuidados com a visão visto que tanto na

escola como fora dela se criam maus hábitos e situações prejudiciais ao olho,

lembrando que existem muitos fatores que desestimulam os educandos acarretando

a diminuição do interesse pelo aprendizado, podendo ser de alguma forma um

desses fatores a deficiência oftalmológica ora não percebida pelo educador.

Segundo dados da Fiocruz, “os problemas de visão ocorrem na infância e

adolescência. Pesquisas revelam que 1 em cada 5 crianças em idade escolar sofre

de problemas de visão. Uma criança não tem como comparar se está enxergando

bem ou não e dificilmente vai se queixar o que pode trazer sérios problemas para o

aprendizado e a saúde”.

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Considerando todos estes fatores, torna-se evidente que os olhos merecem

cuidados especiais, pois até mesmo problemas simples relacionados à visão

presente entre pessoas de diferentes faixas etárias e aliados à falta de informações,

podem colocar em risco a saúde ocular bem como prejudicar a aprendizagem e a

produção do aluno, podendo interferir na inserção e no relacionamento do mesmo

em sociedade.

Acredita-se que frente a essa situação, para possibilitar a ligação entre o

conhecimento científico e problemas de natureza física e social, o momento atual é o

de repensar o ensino da física como facilitador do ensino-aprendizagem, buscando

metodologias e estratégias que levem a uma pratica significativa e mais próxima da

realidade social em que o aluno está inserido contribuindo para a aquisição e

renovação de conhecimentos, formação de atitudes e adoção de comportamentos

saudáveis.

Ao considerarmos que o ensino de Física hoje permite aos professores

vincular teoria e prática, a busca por recursos didáticos torna-se um ponto que

norteia a “práxis” dos educadores, tendo em conta a importância e a necessidade de

que se planejem atividades didáticas variadas, possibilitando aos alunos um maior

acesso às informações, apropriação e mudanças de atitudes, levando-os a

perceberem a amplitude que envolve o conteúdo, para a construção e produção de

novos saberes estabelecendo relações nas diferentes linguagens para uma nova

forma de atuar no meio em que vive.

Diante desse contexto o objetivo deste trabalho é oportunizar ações no

ambiente escolar que permitam ao aluno refletir sobre a importância dos cuidados

com a saúde ocular, buscando subsídios que fortaleçam o conhecimento científico

no estudo da óptica geométrica contribuindo desta forma para uma aprendizagem

consistente e prazerosa do Ensino da Física.

2 DESENVOLVIMENTO

O ramo de estudo da Óptica dentro do currículo escolar é grande, mas muitos

aspectos que fazem parte do conteúdo programático são negligenciados com pouca

ênfase, principalmente os conteúdos físicos relacionados à visão e o processo de

formação da imagem. A luz, nesse contexto, passa quase despercebida, com

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respeito as suas características e propriedades intrínsecas (GIRCOREANO; PACCA,

2001, p.29).

Gircoreano, e Pacca (2001, p. 27) ainda salientam:

“Quando se estuda Óptica no curso de ensino médio, o enfoque tradicionalmente se restringe ao estudo de aspectos geométricos, baseados no conceito de raio de luz e na análise das características de alguns elementos específicos, como por exemplo, espelhos, lâminas de faces paralelas, prismas e lentes. Todos esses elementos sempre são indicados por retas e pontos num plano, sem ficar evidente que a luz se propaga num espaço tridimensional, que há uma fonte de luz e que existem obstáculos para a propagação. Os aspectos concernentes à natureza da luz, sua interação com a matéria e sua ligação com o processo de visão, também são, em geral, desconsiderados.”.

Por isso, nesse sentido torna-se hoje imprescindível explorar as questões

envolvidas com o estudo da formação de imagens (lentes), os defeitos da visão e os

cuidados necessários com o sistema visual, planejando ações que despertem a

curiosidade e chamem a atenção dos estudantes, utilizando metodologias

diferenciadas que melhor correspondam às situações do cotidiano. Desse modo,

visando uma pratica pedagógica significativa, buscamos estratégias de ensino que

levassem em conta os conhecimentos prévios não sistematizados que os alunos

possuem articulando-os com o conhecimento científico, de forma contextualizada e

menos fragmentada, motivando momentos de reflexões e discussões, dando assim

um novo sentido para o processo de ensino aprendizagem mais consistente e

prazeroso.

Portanto utilizando o olho como objeto didático e explorando os conceitos

básicos de óptica geométrica pretendemos possibilitar aos alunos condições

favoráveis para que os mesmos estabeleçam relações entre o conhecimento do

senso comum e o conhecimento científico podendo assim “evoluir” sua estrutura de

pensamento. Gasparin (2002, p.59), enfatiza que para compreender com maior

clareza as ações didático-pedagógicas na construção dos conceitos científicos, é

necessário observar que o desenvolvimento destes conceitos se dá por um caminho

diverso daquele que propicia o desenvolvimento dos conceitos cotidianos. Nesta

perspectiva torna-se indispensável à problematização para a ampliação dos saberes

e compreensão de determinadas situações, possibilitando ao aluno refletir e

expressar suas ideias referentes ao conteúdo que será abordado pelo professor em

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sala de aula, envolvendo o mesmo na construção do saber, despertando assim à

vontade e o gostar em aprender Física.

2.1 METODOLOGIA

O projeto de intervenção pedagógica foi implementado no Colégio Estadual

Professor João Farias da Costa, Ensino Fundamental e Médio do Município de Nova

Cantú-Paraná, Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão, com um grupo de

31 alunos do 2º ano do Ensino Médio, período matutino. Este projeto de

implementação pedagógica foi executado no período de fevereiro a junho no ano

letivo de 2014, tendo em vista 32 horas/aulas para a realização das atividades. As

atividades de intervenção pedagógica visaram explorar os conceitos básicos de

óptica geométrica, buscando metodologias e estratégias que facilitassem a

apropriação do conhecimento proporcionando ao aluno refletir ativamente sobre o

conhecimento científico, estabelecendo relações entre os diversos contextos do dia

a dia. Bem como, especialmente contribuir para minimizar os problemas

relacionados com a saúde ocular, evitando maus hábitos e situações prejudiciais

com os órgãos da visão.

Elaboramos um material didático seguindo uma ordem de ações que se

configurava com atividades relacionadas a um mesmo assunto visando subsidiar a

prática pedagógica do professor e contribuir para uma compreensão mais clara dos

elementos que compõem o Ensino da Física. Entretanto durante a aplicação na

prática diária ocorreram mudanças nesta ordem das atividades propostas, devido à

realidade do ambiente escolar, das dificuldades que surgiram, dentre outros.

Foi aplicada uma sequência de atividades didática composta por dez

atividades diferenciadas, desenvolvidas em grupo, correlacionadas ao tema

supracitado, além do emprego de aulas teóricas sobre o conteúdo físico óptica, em

que incluíram: a aplicação de um pré-teste de sondagem das concepções

preexistentes sobre óptica e os cuidados com a saúde ocular; atividade prática com

lentes; construção do modelo de olho humano no isopor; dissecação do olho do boi;

utilização de vídeos na construção de conceitos relacionados à Óptica Geométrica;

atividade de pesquisa no laboratório de informática; produção de cartazes; triagem

por meio da medida da acuidade visual; palestra com a participação de um

oftalmologista; aplicação de um pós-teste de sondagem para uma análise das

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possíveis mudanças conceituais e de postura nos alunos em relação ao

conhecimento científico e as ações preventivas. Para o desenvolvimento das

atividades de ensino aprendizagem citadas, utilizamos vários ambientes de

aprendizagem, tais como: a sala de aula, o laboratório de Biologia, Física e Química,

o refeitório, a biblioteca, o pátio da escola e o laboratório de informática.

2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Inicialmente aplicou-se um pré-questionário contendo dezenove questões que

foram respondidas pelos alunos, enfocando aspectos como os cuidados com a

saúde ocular, tendo como o objetivo realizar um levantamento com base nas

concepções preexistentes e algumas informações para a verificação do

conhecimento que os alunos possuíam.

Após o questionário, o professor propôs uma atividade prática com lentes,

essa foi realizada no Laboratório Física. A intenção desta atividade foi de favorecer o

entendimento dos conceitos para uma melhor compreensão dos fenômenos físicos,

criando relações entre os saberes teóricos e práticos. Para a compreensão do

fenômeno, em algumas aulas expositivas anteriores a esta os alunos estudaram

sobre os conceitos de óptica geométrica, os fenômenos ópticos como: a reflexão,

refração, difração e decomposição da luz bem como as aplicações dos fenômenos

luminosos. Depois de uma breve explicação sobre como realizar a prática,

solicitamos aos alunos que se organizassem em grupos, se dirigissem ao pátio do

colégio, ambiente com espaço aberto um local ensolarado, facilitando assim a

concentração da radiação solar.

A prática consistiu em utilizar uma lupa, um tipo de lente de aumento esférica

convergente de vidro, uma tabela estabelecendo uma ordem das cores das folhas

de papéis a serem utilizadas fornecendo assim um referencial adequado para todos.

Os alunos observaram as imagens vistas ao seu redor ao aproximar e afastar a lupa

e evidenciar visualmente a projeção dos raios solares, um feixe de luz solar (feixe de

raios paralelos) através da lente sobre a folha de papel, focalizando a imagem do

Sol, tal que a imagem estava bastante nítida de forma que se reduzisse a um círculo

de menor tamanho possível até queimá-lo comprovando os conceitos teóricos

descritos no livro didático sobre a Óptica.

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A fim de comparar, discutir, contextualizar e avaliar o aprendizado dos

conceitos físicos solicitamos aos grupos, que a cada utilização da lente coletassem

os dados, documentasse os resultados e suas observações na tabela

disponibilizada.

Em continuidade utilizando o Laboratório Física, construiu-se um modelo de

olho a partir de uma esfera de isopor e recursos como estilete, papel vegetal, tinta e

lentes. Com a finalidade de explorar o globo ocular em um primeiro momento

trabalhou-se com a leitura e discussão de pequenos textos científicos previamente

selecionados com informações preliminares a respeito da fisiologia do olho,

destacando a evolução histórica das descobertas e teorias bem como suas

interações com a luz e o processo de formação de imagens.

Juntos professora e alunos elaboraram e construíram somente um modelo de

olho no isopor, pois em uma cidade pequena do interior as dificuldades foram

grandes na aquisição do material, principalmente com relação às lentes. Tendo

como propósito demonstrar através da experimentação, utilizando diversas lentes e

um modelo de olho humano, a visão normal e alguns distúrbios visuais. Durante a

atividade foram feitos alguns questionamentos aos alunos acerca do processo da

visão com o intuito de problematizar o tema em questão, facilitando o entendimento

dos conceitos físicos abordados com os problemas de saúde ocular, através da

experimentação.

Após a atividade experimental foi realizada a dissecação do olho de boi

buscando despertar o interesse dos educando ao observar as semelhanças do olho

de boi com o olho humano. E como objeto de estudo, compreender o funcionamento

do olho e o processo de formação de imagens. Foi realizada no Laboratório de

Física da escola, onde os alunos foram reunidos em um único grupo, pois tivemos

grande dificuldade em conseguir um par de olhos de boi devido ao abatedouro ser

localizado em local distante da cidade. Para esta atividade nos baseamos nos

procedimentos e informações extraídas dos sites:

http://www.subfisica.org.br/fne/vol2/num2/a05.pdf e

http://pt.slideshare.net/paatriciaprates/projeto-olho-de-boi.

A prática consistia em ouvir as orientações e explicações do professor

simultâneas ao processo de dissecação do olho do boi e as diferenças deste com o

olho humano. Foi possível aos alunos durante a dissecação do globo ocular bovino

comparar os mecanismos de funcionamento, observar e visualizar as principais

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partes do olho, evidenciando sua localização e características, tais como: gordura,

músculos, nervo óptico, córnea, íris, humor aquoso e vítreo, cristalino, retina e

aspectos como a cor e tamanho vivenciando na prática semelhanças e diferenças.

Ao final da realização destas três atividades supracitadas procurou-se ampliar

as estratégias pedagógicas solicitando aos alunos que respondessem a algumas

questões norteadoras que buscavam problematizar o conteúdo, favorecendo avaliar

a capacidade de compreensão dos conceitos abordados, oportunizando aos

mesmos expressar suas concepções a respeito do fenômeno estudado e suas

implicações no cotidiano, contribuindo de maneira significativa para o processo de

ensino-aprendizagem.

Após a realização do pré-questionário e das atividades práticas procurou-se

uma mudança nos instrumentos metodológicos desenvolvendo com os alunos ações

que despertassem o interesse e a curiosidade por mais informações permitindo ler,

analisar, discutir, descrever e produzir seu próprio conhecimento.

Considerando todos esses fatores a próxima atividade teve como objetivo a

apresentação de alguns vídeos com o auxílio do multimídia abordando assuntos

relacionados ao cotidiano dos alunos bem como elementos que compõem a Física

possibilitando assim um novo mundo de informações com a utilização de mais um

recurso. Como proposta metodológica primeiramente comentou sobre o objetivo

desta atividade, informamos que os assuntos a serem abordados nos vídeos seriam:

os conceitos sobre Óptica Geométrica, alguns fenômenos ópticos, refração, lentes,

retina e os defeitos da visão bem como aspectos gerais do vídeo (duração, autor).

Para a abordagem do conteúdo desta aula utilizamos os vídeos do Telecurso 2000

aula de Física extraídos dos seguintes links: aula 31:

https://www.yotube.com/watch?v=1lC6TatGcNg, aula 33:

https://www.yotube.com/watch?v=kgy2T-16eXw e aula 34:

https://www.yotube.com/watch?v=7yVvQkyx-H0.

Para avaliar o nível de aproveitamento e a metodologia aplicada e como

atividade posterior ao uso destas mídias foi proposto aos alunos a sintetização em

um texto do assunto abordado nos vídeos, transformando o audiovisual em

conhecimento.

Como busca por mais informações foi solicitada aos alunos uma pesquisa

direcionada utilizando os recursos do laboratório de informática contemplando as

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várias anomalias que afetam a visão, bem como as causas e a importância dos

cuidados com a saúde ocular.

Portanto os alunos em grupo foram instruídos a observar as informações

relevantes, lendo, refletindo e comparando as diversas informações encontradas

através de um levantamento dos dados considerados mais importantes, e assim

realizando a sintetização dos registros em seu caderno que posteriormente serão

usados para a próxima atividade. Lembrando-se de referenciar os trechos da

pesquisa.

Com o conhecimento construído á partir da pesquisa realizada no laboratório

de informática, foi proposto aos alunos que se organizassem novamente em grupos

para a produção de cartazes, apresentação e posteriormente confecção de um

painel de divulgação dos malefícios causados pelas doenças e as formas saudáveis

de prevenção da saúde ocular. Esse painel foi exposto no mural do colégio

Mediante a problemática exposta, esta atividade teve como intenção fornecer

um referencial adequado aos alunos envolvendo o profissional ligado a área da

saúde (enfermeiro). O objetivo foi diagnosticar a limitação visual dos alunos através

do uso da técnica de triagem por meio da medida da acuidade visual utilizando a

Escala de Sinais de Snellen, contribuindo desta forma para a melhoria da qualidade

de vida dos educandos.

Como a Colégio não dispunha de uma sala ociosa para a realização da

triagem utilizou-se o Laboratório de Física da escola, ambiente este tranquilo e bem

iluminado. Para tanto o ambiente foi preparado de acordo com as instruções

preconizadas no Projeto Olhar Brasil fornecido pelo Ministério da Saúde aos

profissionais ligados a área da saúde. Depois de preparado o local os alunos foram

encaminhados a este local onde o profissional da saúde em um grande grupo fez

uma breve explicação sobre as finalidades da triagem e de maneira sucinta o

procedimento ao qual seriam submetidos, aplicando-se individualmente entre os

alunos, os que usam óculos também foram examinados. Durante o teste os dados

foram anotados em uma ficha previamente reproduzida para esta finalidade

conforme modelo do Projeto Olhar Brasil.

Após a atividade, a palestra mais uma das atividades realizadas foi

programada com um médico oftalmologista abordando os diferentes problemas que

afetam a visão ou que podem surgir, os tipos de correções utilizadas, bem como os

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avanços da pesquisa e tecnologia neste campo da Ciência permitindo assim uma

evolução do saber acumulado e um crescimento pessoal e intelectual.

Ao término da palestra foi reservado um tempo aos alunos para a elaboração

de um relatório sobre o assunto, oportunizando o reforço dos conceitos já vistos nas

aulas anteriores e consolidando os conhecimentos adquiridos durante a palestra.

Após a realização de todas as atividades programadas foi aplicado aos alunos

um pós-questionário contendo as mesmas questões do pré-questionário para o

levantamento final do conhecimento adquirido por eles a respeito da óptica e saúde

da visão, além destas, duas outras questões foram acrescentadas a fim de verificar

como eles avaliam esse tipo de atividade, se houve compreensão dos conceitos

abordados e suas atitudes em relação aos cuidados com a visão, bem como a

motivação para o estudo da Física.

2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir desta implementação, pode-se visualizar o quanto uma sequência de

atividades variada desenvolvida e ambientes diferenciados de aprendizagem

colaboraram para o esclarecimento de alguns conteúdos e apropriação de outros,

podendo ser visto como fator contribuinte para a construção do conhecimento,

rompendo com a forma tradicional com que eram tratados.

Percebemos que além da ampliação do conhecimento houve um aumento no

nível de participação, comprometimento, motivação e envolvimento dos alunos ao

participar e realizar as atividades propostas, demonstrando maior interesse

principalmente nas reflexões e discussões e assim dando mais importância as aulas

de física, vendo sentido e significado nos conteúdos. Comprovou-se durante a

implementação a descontração, melhoria no relacionamento e socialização dos

alunos mais tímidos com os mais extrovertidos, propiciando assim um nível maior de

assimilação e aprendizagem, de forma colaborativa e produtiva para todos os

envolvidos, resultando em uma considerável fonte de aprendizado, prazeroso e

atrativo.

Nesse sentido tornou-se fundamental a exploração de situações relacionadas

com problemas do cotidiano, pois os alunos tiveram oportunidade de trocar

experiências e opinar em vários momentos e em contextos diferentes que

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possibilitaram a compreensão dos conceitos físicos de modo significativo para o

desenvolvimento do potencial participativo e criativo.

Diante dos resultados podemos afirmar que o emprego de atividades simples

envolvendo várias metodologias e ambientes diferenciados de aprendizagem muito

contribui para a aprendizagem, favorecendo o envolvimento e uma mudança de

postura dos alunos frente às atividades propostas e como elemento sensibilizador no

que se refere às questões sobre saúde ocular.

E com o objetivo de verificar se esse ambiente diferenciado de aprendizagem

influenciou de alguma forma nos saberes de conteúdo além de possíveis mudanças

conceituais e de postura nos alunos em relação ao conhecimento científico e as

ações preventivas aplicamos aos alunos um pré-questionário e um pós-questionário

com questões sobre o conteúdo que estaríamos trabalhando e os cuidados com o

sistema visual sendo o ponto de partida para dar subsídio ao projeto e também vindo

a encerrar todas as atividades desenvolvidas neste projeto. Para que pudéssemos

verificar como eles avaliam esse tipo de atividade nas aulas, acrescentamos duas

questões no pós-questionário dando uma ênfase à metodologia e aos diversos

recursos utilizados na aprendizagem dos alunos.

Inicialmente foi comentado sobre o objetivo da entrega/resposta deste

questionário e da importância da participação na etapa da implementação deste

projeto de pesquisa, afim de que os alunos se sentissem mais motivados a

respondê-los, sendo esta aplicação conduzida dentro de um ambiente escolar

acolhedor e organizado em que o mesmo se sentiu participante. Durante a aplicação

dos questionários os alunos se concentraram ao responder, mantendo a calma e

tranquilidade, percebendo certa preocupação dos mesmos quanto a prejudicá-lo em

seu rendimento escolar e principalmente se as suas respostas estavam corretas,

surgindo simultaneamente por parte dos mesmos, várias dúvidas a respeito do

significado de algumas palavras tais como: poluição sonora, hereditariedade e os

nomes de algumas doenças citadas. Emergindo entre os respectivos alguns

comentários tais como: a última pergunta deste questionário ficou uma resposta

insatisfatória, sem pé nem cabeça, como resposta de 5º ano; eu escrevi qualquer

coisa na ultima questão.

As informações obtidas são provenientes da analise dos questionários

respondidos pelos 31 alunos do 2º ano do Ensino Médio período matutino com base

nas concepções preexistentes que os referidos possuíam e nos conhecimentos tanto

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formal como informal que os mesmos construíram sobre os conceitos da Óptica

geométrica, bem como os cuidados necessários com seus olhos.

Gráfico 1: Resultado da pesquisa sobre a afirmação de que na retina estão localizadas as células fotorreceptoras responsáveis pelo processo da visão referente aos alunos do 2ª série do Ensino

Médio do Colégio Estadual Professor João Farias da Costa, ano de 2014.

De acordo com as respostas obtidas, percebe-se que os alunos já dispunham

de um entendimento sobre conceitos de outras áreas do saber científico. Conforme

pudemos perceber concretizaram ainda mais as informações recebidas reordenando

as concepções existentes, elucidando elementos constitutivos que envolvem a

Óptica geométrica e o processo da visão. Nesse aspecto apresentamos o gráfico 2

demonstrando o conhecimento dos alunos sobre o processo da visão.

Gráfico 2: Você sabe como acontece o processo da visão? Resultado da pesquisa realizada com os alunos do 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Professor João Farias da Costa, ano de

2014.

Diante dos resultados apresentados ouve uma inversão, pois no início 3,2%

dos alunos sabiam como ocorria o processo da visão no final 64,5% dos alunos se

58%

9,7%

32,3%

83,8%

6,5% 9,7%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Sim Não Em parte

Pré-questionário Pós-questionário

3,2%

64,5%

32,3%

74,2%

3,2%

22,6%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Sim Não Em parte

Pré-questionário Pós-questionário

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sentem aptos a responder como ocorre o processo e 22,6% já se encontram em um

processo de transição, o que é indispensável para que o aprendizado ocorra. Os

resultados confirmam que os alunos desconheciam o processo da visão. Portanto a

meta principal era que os alunos entendessem como acontece o processo da visão

aliada aos conceitos físicos, levando-os a estabelecer relações entre diversos

contextos, pois o conhecimento que tem hoje sistematizado implica na construção

de um novo saber que partiu dos conceitos do cotidiano.

No que se refere ao estabelecer uma relação entre fatos ou atividades do seu

cotidiano e o conhecimento físico ensinado, obtivemos o seguinte resultado.

Gráfico 3: Você consegue relacionar fatos ou atividades do seu cotidiano ao conhecimento físico ensinado? Resultado da pesquisa realizada com os alunos do 2ª série do Ensino Médio do Colégio

Estadual Professor João Farias da Costa, ano de 2014.

Os resultados evidenciam que o número de alunos que após a realização das

atividades propostas conseguem relacionar com facilidade aumentou em 66,5%.

Mas em contrapartida o número de alunos que não conseguem relacionar caiu

75,2%, o que é desejável no ensino de física que o aluno reconheça a importância

do que estuda no dia a dia. Ao analisar os resultados e as informações nos

questionários respondidos o mesmo nos serviu como fonte para diagnosticar a

eficácia das atividades desenvolvidas possibilitando avaliar a prática pedagógica,

nos fornecendo subsídios para uma forma diferente de ensinar ao se abordar vários

assuntos em um único conteúdo de uma maneira mais próxima da realidade do

aluno, contribuindo assim para superar a fragmentação na aprendizagem dos

conteúdos físicos. No gráfico 4 apresentamos em dados percentuais algumas

doenças que os alunos consideram estar relacionadas ao sistema visual

48,4%

12,9%

38,7%

80,6%

3,2%

16,2%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Sim Não Em parte

Pré-questionário Pós-questionário

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Gráfico 4: Itens sugeridos que o aluno considera que são doenças relacionadas ao sistema visual. Resultado da pesquisa realizada com os alunos do 2ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual

Professor João Farias da Costa, ano de 2014.

Nos trinta e um questionários respondidos relacionamos doze tipos de

doenças, dentre estas, nove foram citadas pelos alunos como as doenças que

causam problemas visuais. Dentre elas verificamos que algumas são mais

conhecidas pelos alunos enquanto outras não, devido à falta de informações

consistentes sobre o assunto abordado. Portanto as informações nos relatam que os

alunos ampliaram seus conhecimentos contendo um conhecimento atualizado e

sistematizado sobre as doenças, cuidados, prevenção e as causas que afetam o

sistema visual e assim tendo condições de utiliza-lo no meio social ao qual está

inserido.

Podemos afirmar que a palestra, a triagem de acuidade visual e a dissecação

do olho do boi, foram dentre às várias atividades realizadas consideradas as mais

significativas pelos educandos, pois, levantaram muitos questionamentos sobre o

tema e se mostraram completamente envolvidos pelas atividades, o que é desejado

para que firmem o conhecimento e entendam o conteúdo.

Apesar de utilizarmos vários recursos didáticos e metodologias diferenciadas

os educandos se mostraram favoráveis à maneira como esse conteúdo foi abordado

e a metodologia utilizada, considerando satisfatório para uma aprendizagem efetiva.

Além disso, visa oferecer ao professor elementos importantes que permitem a

reflexão de questões significativas vinculados a uma prática pedagógica centrada no

aluno.

12,9% 0

80,6% 70,9% 74,1%

3,2% 16,1%

3,2% 9,6% 3,2%

29%

96,7% 87% 90,3%

32,2%

87%

45,1% 41,9%

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

Pré-questionário Pós-questionário

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das ações desenvolvidas os saberes adquiridos pelos alunos foram

ampliados favorecendo o entendimento das leis e conceitos relacionados à Óptica

Geométrica, levando o aluno a associar a aprendizagem a fatos da realidade e

assim construindo o seu próprio conhecimento. Além disso, puderam avaliar suas

ações levando-os a reflexão de seus atos e o desenvolvimento de uma mudança de

postura quanto aos elementos prejudiciais à saúde da visão assumindo um estilo de

vida saudável para atuar na prevenção e melhoria da qualidade de vida e como

possíveis multiplicadores do conhecimento adquirido.

Desenvolvemos atividades simples que despertaram a curiosidade e a

atenção dos estudantes ao se utilizar metodologias diferenciadas que melhor

correspondiam às situações do cotidiano, proporcionando oportunidades de

perceber a importância deste órgão (o olho) e contribuindo para minimizar os

problemas relacionados com a saúde ocular, evitando maus hábitos e situações

prejudiciais com os órgãos da visão. Sobretudo possibilitando aos alunos condições

favoráveis para que os mesmos estabelecessem relações entre o conhecimento do

senso comum e o conhecimento científico podendo assim “evoluir” sua estrutura de

pensamento.

Diante de todas as ações realizadas observou-se que os alunos

demonstraram grande interesse e motivação no desenvolvimento das várias

atividades, envolvendo várias metodologias e ambientes de aprendizagem

diferenciados, o entusiasmo foi contagiante, a participação foi unanime, estavam

mais comunicativos com um grande nível de interatividade ocorrendo à socialização

entre os alunos mais tímidos com os mais extrovertidos, além disso, percebeu-se

posicionamentos divergentes permitindo assim a reflexão e sintetização dos

conhecimentos de forma divertida e prazerosa envolvendo a todos do grupo.

Todavia os resultados mostraram que o objetivo do trabalho foi alcançado,

pois buscamos utilizar diferentes metodologias construindo conceitos com enfoque

interdisciplinar, concebendo assim um ensino baseado não somente em conteúdos

físicos, mas em conceitos do contexto social presentes em nosso meio, que viessem

a atender as necessidades dos alunos e do projeto num ambiente de aprendizagem

diferente do tradicional. Para Cavalcante (2006), “a escola não se resume a lápis,

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caneta, caderno, giz, lousa e professor. É o lugar da diversidade, que se reflete na

quantidade de recursos, que têm por objetivo fazer o aluno progredir”.

Considera-se, necessário diante de todo o resultado favorável junto ao

processo educacional dar continuidade no desenvolvimento de ações a promoção

da saúde que contribuam de forma prática e objetiva condições de intervenção

simples e viáveis necessárias para a qualidade da saúde ocular, buscando

alternativas de prevenção e compreensão das patologias da visão que ajudem a

minimizar tais problemas.

Sendo assim é relevante que os profissionais da educação disseminem um

olhar diferente para os fatores relacionados à saúde visual, orientando, ressaltando

a valorização do sentido da visão, fornecendo informações e conhecimentos para

que o aluno possa tornar-se um cidadão ciente e consciente, atento as

necessidades de mudança de atitudes e atuante no meio social em que vive.

4 REFERÊNCIAS

BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Projeto Olhar Brasil. Proposta de Implementação de o Projeto Olhar Brasil, 2007. Ministério da Saúde/ Ministério da Educação. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/projeto_olhar_Brasil.pdf. Acesso em 22 de maio de 2013.

CAVALCANTE, Meire. Revista Nova Escola: Inclusão. Edição Especial n° 11. – São Paulo: Abril, 2006.

GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.

GIRCOREANO, José Paulo; PACCA, Jesuína Lopes de Almeida. Caderno Catarinense Ensino de Física. O Ensino da Óptica na Perspectiva de Compreender a Luz e visão, v.18, nº1: p.26-40, ed. UFSC, São Paulo, 2001.

MULLER, Conrad G.; RUDOLPH Mae. Luz e Visão. Biblioteca Científica Life. Livraria José Olympio. Editora S.A.. Rio de Janeiro: RJ, 1968.

RIGEL, Ricardo. Volta às Aulas: problemas de visão comprometem aprendizagem. O Fluminense. Ciência e Saúde, 18/01/2013. Disponível em: http://www.ofluminense.com.br/editorias/cultura-e-lazer/volta-aulas-problemas-de-visao-comprometem-aprendizagem. Acesso em 04 de junho de 2013.

SILVA, Claudio Xavier da; FILHO, Benigno Barreto. Física Aula por Aula: mecânica dos fluidos, termologia, óptica. São Paulo: FTD, 2010.

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VEJAM Blog do. Estatísticas e Dados. Vejam.com. br, 26/12/2008. Disponível em: http://www.vejam.com.br/node/39. Acesso em 04 de junho de 2013.