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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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FONTES HISTÓRICAS NA SALA DE AULA: O USO DO CINEMA E DE

IMAGENS NA APRENDIZAGEM HISTÓRICA DOS ALUNOS.

Elaine M. B. M. Rusczak1 Drª Maria Paula Costa2

Resumo: Este artigo apresenta o estudo realizado durante o PDE/2013 com estudantes do 8º ano da Educação Básica do Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves, do município de Goioxim/PR. No cotidiano das aulas de História percebe-se a necessidade de utilizar novas abordagens, com uso de fontes para o ensino e aprendizagem histórica escolar, de maneira que este torne-se mais próximo à realidade dos estudantes. A partir das atividades propostas na Unidade Didática buscou-se identificar as possibilidades do uso do cinema e fotografia em sala de aula, como documento histórico para a produção da aprendizagem histórica dos estudantes sobre o tema Revolução Industrial. O trabalho envolveu a exibição dos filmes "Germinal", "Tempos Modernos", e "Oliver Twist" e algumas imagens sobre o tema em questão. Os resultados foram positivos, sendo possível afirmar que o uso de tais fontes em sala de aula para a aprendizagem de História mostrou-se um recurso eficaz, onde os estudantes, partindo de conhecimentos que já possuíam sobre o tema, desenvolveram uma aprendizagem significativa. Palavras Chaves: Revolução Industrial; ensino e aprendizagem; História; fotografia; cinema.

1- INTRODUÇÃO:

Este artigo, parte integrante do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, realizado pela Secretaria de Educação do Paraná,

problematiza os resultados da implementação da produção didático-

pedagógica do Programa da turma de História de 2013, tendo como

título:Fontes Históricas na Sala de Aula: O Uso do Cinema e de Imagens na

Aprendizagem Histórica dos Alunos. Este trabalho foi orientado integralmente

pela doutora Maria Paula Costa.

1 Professora de História do Quadro Próprio do Magistério da Secretaria de Estado da Educação

do Paraná. Graduada em História (UNICENTRO) especialista em Gestão Escolar (IBPEX), em Ensino de História e Geografia (FACINTER) e em Mídias na Educação (UNICENTRO), participante do PDE-turma 2013. 2 Doutora em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP/Assis). Graduada em

História pela mesma instituição. Professora do Departamento de História da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) e ocupa o cargo de Coordenadora do Laboratório de Ensino de História (LEHIS - Guarapuava).

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Desenvolvido pela Secretaria Estadual de Educação do Paraná - SEED,

em parceria com a Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO – a

produção didático-pedagógica foi implementada junto a vinte e dois alunos do

8º ano “C” do Colégio Estadual Dr. João Ferreira Neves, localizado na cidade

de Goioxim/Pr.

A Unidade Didática foi elaborada a partir do objetivo apresentado no

projeto de intervenção pedagógica, o qual propõe desenvolver a aprendizagem

Histórica com uso de fontes históricas, especificamente o cinema e a imagem,

utilizando uma metodologia para desenvolver relações entre a teoria e a prática

em sala de aula de forma reflexiva, centrada em temáticas contextualizadas

com o cotidiano do estudante para que assim possa ocorrer a produção do

conhecimento histórico.

A proposta da Unidade Didática integra-se às Diretrizes Curriculares

para o ensino de História na Educação Básica, pois essas Diretrizes orientam

o ensino de História buscando despertar reflexões a respeito de aspectos

políticos, econômicos, culturais, sociais, e das relações entre o ensino da

disciplina e a produção do conhecimento histórico permeado pelo uso de

diferentes fontes integradas e pelos diferentes aspectos da vida humana e

seus vestígios conforme destaca-se:

[...] os alunos perceberão que a História está narrada em diferentes fontes (livros, cinemas, canções, palestras, relatos de memória, etc.), sendo que os historiadores se utilizam destas fontes para construírem suas narrativas históricas (PARANÁ, DCE, 2008, p.68/69).

Nos Conteúdos Básicos da Disciplina de História, presentes nas

Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica do Estado do

Paraná (PARANÁ, 2006, p. 90) apresenta-se para o 8º ano do Ensino

Fundamental, os seguintes Conteúdos Estruturantes: “O Mundo do Trabalho e

a Luta pela Cidadania”, o qual em seus Conteúdos Básicos apresenta: “O

Trabalho e a Vida em Sociedade”, “Os trabalhadores e as conquistas de

Direitos”. Estes Conteúdos Básicos têm entre seus Conteúdos Específicos: “O

Nascimento das Fábricas e a Vida Cultural ao seu redor”, “A vida cotidiana das

classes trabalhadoras”, que trata da Revolução Industrial e suas

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consequências políticas, econômicas, sociais e culturais ocorridas na Inglaterra

a partir da segunda metade do século XVIII e início do século XIX. Ao tratar da

Revolução Industrial, foca-se na formação da classe operária e na luta pelos

direitos trabalhistas, na formação dos cortiços e vilas operárias e no

crescimento das cidades, no trabalhador da Revolução Industrial, abordando o

trabalho infantil e feminino, o desenvolvimento tecnológico e o desemprego,

bem como o desenvolvimento do capitalismo, aumento da produtividade e

incentivo ao consumismo.

Assim, por meio do uso de filmes e imagens, procurou desenvolver-se

uma proposta de trabalho sobre a Revolução Industrial com estudantes do 8º

ano do Ensino Fundamental, onde estes possam desenvolver sua consciência

histórica3 a respeito de um processo histórico, favorecendo a organização do

pensamento histórico dos estudantes.

Ressalta-se que as análises apresentadas na sequência tem o intuito de

compartilhar parte dos resultados detectados a partir do trabalho com os

estudantes, procurando manter conexões com o contexto social e político da

educação no que diz respeito ao Ensino de História para as séries finais do

Ensino Fundamental.

2. A IMAGEM FÍLMICA E FOTOGRÁFICA COMO FONTE HISTÓRICA E

SEU POTENCIAL COGNITIVO NO ENSINO DE HISTÓRIA

Ao longo das últimas décadas do século XX, as propostas do Ensino de

História deixam a forma tradicional de ensino baseado no livro didático com

conteúdos que retratam uma História forjada, enaltecendo “heróis”, História

vista de cima, que por muito tempo foram tratados como verdades

inquestionáveis e torna-se um instrumento de problematização dos

acontecimentos históricos onde o principal objetivo é compreender e

interpretar as várias versões dos eventos e não apenas memorizá-los. No

decorrer da década 1980, no Brasil, novas propostas teóricas e

metodológicas para a abordagem do Ensino de História passam a ser

3 Segundo o historiador Jörn Rüsen (2001, p.58), a consciência histórica é o conjunto "das

operações mentais com as quais os homens interpretam sua experiência" da mudança temporal "de seu modo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar, intencionalmente, sua vida prática no tempo". É, portanto, a "constituição do sentido da experiência do tempo" expressa pela narrativa histórica. (PARANÁ, DCE, 2008, p.57).

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difundidas e incorporadas na prática dos docentes, ao mesmo tempo em que a

nova historiografia aponta para novas concepções de História, com novos

sujeitos, fontes, temas e uso de novas ferramentas e a crítica ao ensino

tradicional da história torna-se mais acirrada.

Com a elaboração das Diretrizes Curriculares Para a Educação Básica

(História), entre os anos de 2004 e 2008, esta sofre influência de correntes

historiográficas e procura desconstruir a ideia da História como verdade. Deste

modo encontramos no seu texto a discussão da Escola dos Annales da

França, da História Social da Inglaterra ou na Micro-história da Itália, entre

outras, com a proposta de inserção de novas fontes, novos sujeitos, novas

narrativas e novas ferramentas aos conteúdos da História no Paraná:

[...], a História tem como objeto de estudo os processos históricos relativos às ações e às relações humanas praticadas no tempo, bem como a respectiva significação atribuída pelos sujeitos , tendo ou não consciência dessas ações. As relações humanas produzidas por essas ações podem ser definidas como estruturas sócio históricas, ou seja, são as formas de agir, pensar, sentir, representar, imaginar, instituir e de se relacionar social, cultural e politicamente (PARANÁ, DCE, 2008, p.46).

Desta forma, as DCEs oportunizaram uma nova proposta de Ensino de

História deixando de lado o discurso da Historiografia Tradicional tornando-se

um instrumento de problematização dos acontecimentos históricos onde o

principal objetivo é compreender e interpretar as concepções de História e as

construções das narrativas por meio da teoria da História. Procura-se com isso

desvincular a ideia de que ensinar e aprender História é memorizar fato do

passado.

Assim, buscando superar o discurso tradicional da História sobre a

Revolução Industrial e ao mesmo tempo motivar o estudante para a produção

da aprendizagem, optou-se pelo uso de fontes históricas, onde, segundo

Schmidt e Cainelli:

O contato com as fontes históricas facilita a familiarização do aluno com formas de representação das realidades do passado e do presente, habituando-o a associar o conceito histórico à análise que o origina e fortalecendo sua capacidade de

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raciocinar baseado em uma situação dada. (SCHMIDT e CAINELLI, 2005, p.94)

No campo do ensino de História, pesquisas têm demonstrado que o

cinema como fonte histórica para o ensino e aprendizagem possibilita

integração com os conteúdos, ao mesmo tempo em que propicia ao estudante

uma análise crítica da sociedade e do mundo em que vive. Marcos Napolitano

(2010) salienta:

Trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sistematizados numa mesma obra de arte (NAPOLITANO, 2010, p.11/12).

Usada como fonte de pesquisa em sala de aula, a imagem (fotográfica

ou cinematográfica) permite ao professor aproximar o estudante do cotidiano,

das linguagens de aprendizagem e comunicação da sociedade, propondo

leituras destas, incentivando o estudante a se tornar mais crítico, ao mesmo

tempo em que produz sua narrativa histórica. Para Abud (2010):

[...] o professor, como agente fundamental na construção do conhecimento escolar, também pode utilizar a fotografia como um poderoso documento de desenvolvimento do conhecimento histórico de seus alunos. (ABUD, 2010, p.147)

Procurando compreender a importância que a análise fílmica e

fotográfica tem nas aulas de História, iniciou-se o desenvolvimento da Unidade

Didática com os estudantes aplicando um questionário para verificar suas

idéias prévias a respeito da História, do conteúdo Revolução Industrial e das

fontes históricas.

Pesquisas a respeito da Educação Histórica tem demonstrado que a

sondagem dos conhecimentos prévios referentes aos conteúdos curriculares

demonstra que os estudantes apresentam idéias relacionadas aos mesmos, as

quais são apreendidas através das mídias, pela convivência familiar, social ou

escolar e que, embora seja de senso comum, esses conhecimentos prévios

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podem servir de ligação para a aprendizagem histórica do estudante. E ainda,

a partir desses dados, o professor pode estruturar sua intervenção pedagógica

atuando como mediador e conduzi-los para a produção de seu conhecimento

(BARCA, 2004).

Os conhecimentos prévios ou idéias tácitas influenciam

significativamente a maneira do estudante interpretar e organizar sua

aprendizagem. Conforme nos aponta Schmidt e Cainelli (2009):

Essas idéias tácitas são marcos de referencia que os alunos vêm construindo no decorrer de seu desenvolvimento cognitivo e, do ponto de vista da História servem para problematizar, interpretar e explicar a realidade social. (SCHMIDT e CAINELLI, 2009, p.187).

Analisando as respostas dos estudantes a respeito dos conhecimentos

prévios, constatou-se que dos vinte e dois alunos da turma, dez deles

responderam que não sabiam nada sobre a Revolução Industrial. Os demais

relacionaram a Revolução Industrial com respostas como: “Troca do trabalho

humano por máquinas”, ou palavras soltas como: produtos, emprego,

tecnologia, máquinas, trabalho, miséria, evolução e artesanato.

Com relação ao levantamento de dados sobre o gosto dos estudantes

pelo cinema, a maioria, com exceção de dois, responderam que gostam de

cinema e que os filmes que mais assistem são os que são exibidos pelas

emissoras de televisão. A diferença foi com relação ao gênero, ficando bem

variado. O fato de grande parte da turma demonstrar que gosta de filmes e que

tem o hábito de assisti-lo nos fornece indícios de que realmente o trabalho com

cinema em sala de aula aproxima a prática pedagógica do cotidiano do

estudante e pode transformar-se em um aliado do professor, podendo

despertar o interesse dos estudantes ao ensino e aprendizagem, conforme

afirma Napolitano:

Há mais de um século o cinema encanta, provoca e comove bilhões de pessoas em todo o mundo. Dentre estes bilhões de pessoas que regularmente foram, vão e irão assistir a filmes na sala escura do cinema, certamente estão incluídos milhões de professores e alunos. (NAPOLITANO, 2010, p. 7).

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Já a questão que versava sobre o uso de filmes e de fotografias para

aprendizagem da História, as respostas foram muito parecidas, referindo-se

aos filmes como uma maneira de aprender sobre o passado e sobre como as

pessoas viviam e se vestiam. Sobre fotografias citou-se a observação de

aspectos como paisagem, pessoas retratadas e suas vestimentas como

maneiras de aprender História com o seu uso.

A análise das respostas permitiu delinear o perfil da turma e então dar

continuidade ao trabalho da Unidade Didática, passando à exibição e trabalho

dos filmes selecionados.

Nessa etapa do trabalho, foram exibidos trechos previamente

selecionados dos Filmes “Germinal” e “Oliver Twist” e na íntegra o filme

“Tempos Modernos”.

A exibição das cenas do filme “Germinal” foi precedida pela ficha

técnica, sinopse e uma breve contextualização do período retratado nas cenas.

Depois da exibição, trabalhou-se com o roteiro de interpretação e informações

a respeito da obra literária que originou o filme, bem como seu escritor e o

período em que este viveu. Os estudantes puderam expressar-se oralmente a

respeito das cenas exibidas e fizeram seus registros de acordo com o solicitado

na atividade.

Segundo Abud:

Ao fazer uso de filmes e da história construída no interior de suas narrativas, podemos confrontar outras fontes de conhecimento, o que nos permite despertar nos alunos uma série de operações metais que estimulam a análise das relações entre as diferentes causas das mudanças históricas. (ABUD, 2010, p.171)

Conforme abordado acima, percebe-se que a partir do trabalho com o

filme os estudantes puderam produzir conhecimento histórico sobre a

Revolução Industrial, especificamente o trabalho nas minas de carvão,

estruturando narrativas, conforme trecho a seguir:

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[...]Os trabalhadores levantavam muito cedo para ir trabalhar[...] erguiam muito peso, as mulheres e as crianças eram as que mais sofriam no trabalho nas minas além de que as moças sofriam coação moral... [...]As condições de vida dos trabalhadores é muito precária, em casa eles tem muito pouco comida para saciar a fome de todos na família [...] Como nas ruas é muito sujo e nojento eles pegam doenças mais fácil, além de outros componentes no trabalho que ajudam as pessoas adoecerem. [...]O local das minas de carvão é sempre sem iluminação, ventilação e tem muita umidade. Os trabalhadores trabalham tanto para ganhar tão pouco[...] (Aluno L)

Conforme o exemplo acima, as informações trazidas pelos estudantes

através de suas narrativas foram importantes no sentido de observarmos a sua

aprendizagem com relação ao conteúdo em questão a partir da percepção que

tiveram do filme e de sua relação com os outros elementos como a sinopse,

ficha técnica e informações sobre a obra literária “Germinal”, seu escritor e

período em que foi escrita. Mesmo os estudantes afirmando que de uma forma

geral, não gostaram do filme, pelo seu gênero, legendas e os recortes,

tornando-o mais difícil de se acompanhar a trama, houve aprendizagem. Outro

ponto relevante a ser considerado foi a ruptura no desenvolvimento do

trabalho, em decorrência da duração da hora-aula. As cenas foram exibidas em

um dia, e, as demais atividades foram realizadas nas aulas da semana

seguinte.

Na continuação do trabalho, a próxima atividade desenvolvida foi com o

filme “Oliver Twist”. O propósito do trabalho com este filme era trabalhar com o

estudante a exploração do trabalho infantil destacando os órfãos, os castigos

físicos, a exploração dos menores aprendizes, o crescimento dos centros

urbanos, a explosão demográfica decorrente do êxodo rural, onde os

espoliados do campo vão procurar emprego na indústria têxtil e o extremo

entre as classes sociais da Inglaterra do século XIX ao retratar a miséria e

desigualdades sociais.

No decorrer da atividade com o filme, que envolveu um trabalho em sete

horas aulas, os estudantes assistiram ao filme, fizeram a análise, e

trabalharam com a ficha técnica contendo as informações e sinopse do filme e

o roteiro de interpretação na seqüência, assim como o contexto em que foi

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escrito a obra Oliver Twist com exposição de dados sobre o autor do livro

Charles Dickens e o período em que a obra foi escrita.

Ainda, objetivando uma contextualização histórica a respeito dos temas

abordados no filme, apresentou-se aos estudantes um texto relacionado ao

trabalho infantil na Revolução Industrial, êxodo rural, crescimento das cidades

e os bairros operários.

Na continuação deste trabalho, os estudantes realizaram narrativas

escritas sobre a leitura e interpretação que fizeram das fontes com relação ao

conteúdo estudado. Através de suas narrativas podemos perceber a produção

do conhecimento histórico. Vejamos algumas narrativas produzidas por eles:

[...]no começo, as cidades e áreas industriais eram pequenas, mas cresceram rapidamente, sem planejamento ou supervisão. As pessoas vieram para as cidades por ter começado a surgir cercamentos. Muitas vezes eram expulsos por proprietários que falavam que as terras eram deles ou os camponeses vendiam suas terras ou ainda abandonavam-nas por não ter mais condições. Por isso o jeito foi ir à busca de emprego nas cidades. As pessoas mais pobres e trabalhadoras moram em periferia, longe do centro. Os proprietários das fábricas ou dos comércios eram de classe alta e média. Seus aprendizes eram crianças que tinham de sete a quinze anos, ganhavam e comiam pouco [...]. Além de que as crianças e mulheres eram tratadas como inferiores aos homens, por isso ganhavam menos.[...](Aluno L) [...] E nas fábricas eles também iam como aprendizes, se eles ficassem sonolentos os supervisores colocavam a cabeça em uma vasilha cheia de água para eles acordarem e voltar trabalhar. Os centros urbanos tinham ruas largas, casas grandes, bem organizados e se fosse para o interior já via ruas estreitas, as casas eram pequenas, ratos, [...], lama, sujeira, lixos nas ruas.[...] As pessoas vinham para os centros urbanos porque não tinha emprego no campo e não tinha dinheiro para comprar produtos. Os grandes proprietários expulsavam os camponeses. Alguns conseguiam ficar, nas não muito tempo porque ficava endividados ou abandonava suas propriedades e indo para os centros urbanos para o emprego assalariado. As vezes não conseguiam e iam viver na rua, ou pegava os emprego nas fábricas e viviam na miséria.[...](Aluno T)

Através de seus saberes históricos os estudantes demonstraram seus

conhecimentos com relação ao trabalho infantil, centros urbanos, êxodo rural,

que obtiveram a partir das fontes analisadas, abordando informações que

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apontaram o seu entendimento do passado envolvendo aqueles sujeitos e suas

experiências e modo de vida, conforme nos aponta Abud (2003):

[...] o filme promove o uso da percepção, uma atividade cognitiva que desenvolve estratégias de exploração, busca de informação e estabelece relações. Ela é orientada por operações intelectuais, como observar, identificar, extrair, comparar, articular, estabelecer relações, sucessões e causalidade, entre outras. (ABUD, 2003, p.191)

Importante ressaltar que para a exibição deste filme e o

encaminhamento da maior parte das atividades relacionada a ele propostas no

material didático foi realizado no mesmo dia, em uma tarde com a duração de

cinco horas aulas, sem fragmentação, como havia sido com o filme anterior.

Analisando o resultado, percebi que houve maior qualidade e melhor

aprendizagem. Outro fator positivo foi o fato de o filme ser dublado. A trama

também contribuiu para um maior envolvimento e atenção dos estudantes.

Dando continuidade, o filme seguinte a ser exibido foi “Tempos

Modernos”, com o qual se pretendia trabalhar com os estudantes os impactos

da Revolução Industrial com seus processos mecânicos que aumentaram a

produtividade e lucros ao mesmo tempo em que promoveram o desemprego e

o aumento das desigualdades sociais, assim como as diferenças sociais

abordadas no decorrer do filme. Enfocar questões relacionadas ao trabalho

repetitivo, alienante e rigidamente controlado no interior das fábricas.

Antes da exibição do filme, informaram-se aspectos gerais como:

duração, personagens principais, música, época da filmagem e o contexto

social deste período, o qual mostra a vida urbana dos Estados Unidos após a

grande depressão econômica de 1929, assim como as condições técnicas de

filmagem.

Durante a exibição do filme, percebeu-se um grande interesse

demonstrado pelos estudantes, onde os mesmos ficaram atentos no decorrer

de toda a projeção. Para o trabalho com esse filme também pudemos

concentrar as atividades em uma tarde toda, sem interrupção na projeção e

realizando parte do trabalho proposto para o filme ainda neste mesmo dia,

sendo possível, graças à colaboração de colegas professores de outras

disciplinas.

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O trabalho com o filme “Tempos Modernos” foi realizado por meio de

discussão, roteiro para análise do filme e cenas congeladas em imagens e

impressas. A atividade com o roteiro de interpretação, após a discussão sobre

o mesmo, possibilitou aos estudantes perceberem, por exemplo, a alienação do

trabalhador frente à divisão de tarefas, a substituição do homem pela máquina

no mercado de trabalho, os problemas causados pela repetição de movimentos

durante toda a etapa de trabalho, a preocupação constante do diretor da

empresa representada no filme com relação ao aumento da produtividade, sem

se preocupar com as condições de trabalho e limites dos trabalhadores. Outro

fator apresentado pelos estudantes foi com relação ao controle do tempo e

ritmo de trabalho. A maioria das respostas foi semelhante às apresentadas a

seguir:

Havia uma divisão de trabalhos, em um trabalho repetitivo que causava muitos problemas de saúde. E houve um momento em que as pessoas eram comandadas pelo relógio. Após o seu expediente elas acabavam efetuando os mesmos movimentos que efetuavam no seu trabalho. (Alunos C,J e M) Nas fábricas os trabalhadores não tinham direito a descanso, enquanto seus patrões só mandavam que eles trabalhassem. [...] o autor faz uma crítica ao controle dos funcionários pelos seus superiores. (alunos B,I e L) [...] os trabalhadores não tinham vós ativa, que o mundo é constituído por máquinas. (Aluno D) [...] os operários não tinham vós ativa em um mundo de trabalho predominantemente constituído por máquinas. [...] no filme só passava os ruídos e barulhos das máquinas. (Aluno C) [...] eles tentam mostrar a realidade, como era na fábrica, como exploração do trabalho, crises, o desemprego [...] (Aluno T)

Analisando as respostas dos estudantes, podemos afirmar que estes

estabeleceram relações entre a narrativa do filme e os conteúdos históricos,

utilizando-se do filme como fonte para transformar a informação recebida em

conhecimento, como nos mostra Abud (2003), com relação a utilização deste

recurso como material a ser trabalhado em sala de aula para a produção do

conhecimento histórico, afirmando que o uso do cinema conduz o estudante a

elaborar a consciência histórica, constituindo-se esta no objetivo maior do

ensino de História.(ABUD, 2003. p.183)

A análise das narrativas construídas pelos alunos nos leva a refletir

sobre o papel da escola na necessidade de orientar e conduzir o estudante a

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transformar a informação recebida em conhecimento. No entanto, o trabalho

com fontes em sala de aula para o ensino e a aprendizagem de História

também representar tanto um aliado na compreensão do processo histórico, ou

um perigoso recurso para reforçar a idéia de tomar o filme ou outra fonte como

verdade histórica. Constatou-se nas narrativas dos estudantes, que faz-se

necessário sempre ficar atento, cuidadoso e termos a consciência de que para

o trabalho com fontes em sala de aula, além de este estar planejado, de acordo

com a metodologia especifica para cada fonte, estar alerta para a

desconstrução de que as fontes não são verdades históricas, que vem

confirmar o que o professor trabalhou ou o que se constatou em outra fonte.

Percebi em parte das narrativas dos estudantes que estes consideraram

os filmes como verdades históricas, sendo necessária a intervenção do

professor no intuito de ajudá-los a compreender que este, assim como outras

fontes, são uma construção, passível de influências, intencionalidades,

ocultações, valores de acordo com as intenções e interesses dos produtores do

cinema e que assim como na História, é uma construção.

O uso da fotografia pode contribuir para a formação do conhecimento

histórico escolar. Segundo Mauad (1996), a partir da análise das imagens e

informações que acompanham as mesmas o estudante pode identificar

elementos como o tema central, contexto histórico da data de produção da

imagem, elementos constitutivos, análise dos conteúdos e ideias significativas

expressas pela imagem.

Durante o trabalho com as imagens, pode-se constatar que esta fonte é

de grande valor didático-pedagógico, para a aprendizagem histórica escolar,

conforme afirma Abud (2010):

Da mesma forma que o historiador, o professor, como agente fundamental na construção do conhecimento escolar, também pode utilizar a fotografia como um poderoso instrumento de desenvolvimento do conhecimento histórico de seus alunos. (ABUD, 2010. p.147)

O primeiro momento do trabalho com as imagens foi em grupos, para a

realização da análise destas a partir de uma ficha onde os estudantes

identificaram as informações sobre cada imagem, elencando dados como:

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tema central, local, data e produtor, principais informações,elementos

constitutivos (pessoas retratadas e atribuições, objetos, paisagem, espaço,

tempo), análise dos conteúdos ( descrição do local, objetos e enquadramento)

e ideias significativas expressas pela imagem. Com este trabalho, observei que

os estudantes puderam experimentar a aprendizagem sobre como olhar a

fotografia, bem como em quais pontos deveriam centrar-se e focar suas

observações, onde os estudantes puderam perceber que, as imagens não são

o real, conforme afirma Schmitd e Caineli (2009,p.114), mas representação

dele, e que o trabalho com imagens como documento histórico em sala de aula

se mostra importante para a desconstrução de determinadas imagens.

O segundo momento de trabalho com as fotos, realizou-se de forma

individual, com a produção de uma narrativa sobre o conhecimento histórico

aprendido com o uso das imagens a cerca do conteúdo Revolução Industrial.

Nas narrativas produzidas pelos estudantes percebe-se claramente a

aprendizagem ocorrida acerca do conteúdo, como expresso nos trechos a

seguir:

Analisando as imagens eu aprendi que as crianças eram exploradas nas fábricas de tecidos, que os ambientes não eram nada agradáveis e limpos e que nesse tempo era muito comum o trabalho infantil. As cidades eram divididas com a classe da burguesia que era um lugar chique e muito rico [...] já nos bairros dos operários as casas eram feias e caindo aos pedaços e um lugar pobre. Com a Revolução Industrial [...] os trabalhadores eram divididos em sessões, que muitas vezes causava problemas de saúde nos operários. (Aluno C) Eu aprendi que as crianças que trabalhavam não eram felizes, trabalhavam em um lugar sujo e de pouca ventilação.Essa era a realidade na maioria das fabricas daquela época.[...] Muitas coisas ainda não mudaram, os pobres geralmente não ficam nos mesmos bairros que os ricos mas sim em favelas e também não freqüentam os mesmos lugares como naquele tempo. As fabricas de hoje em dia a maioria são mecanizadas, os humanos só comandamos movimentos das maquinas, mas são elas que fazem o trabalho. (Aluno B) [...]As fábricas também tem muitos trabalhadores, onde cada trabalhador tem sua tarefa. [...]as fabricas de tecidos, fabricas com um ambiente e lugar não muito agradáveis. Espaço sujo,não tinha condições boas de ventilação, era ruim de trabalhar um lugar sujo,cada trabalhador trabalhava em uma função [...] (Aluno U)

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[...]na Revolução Industrial o trabalho infantil era comum, muitas crianças trabalhavam em diferentes serviços, mas o pior de todos era nas minas.[...]aconteceu vários acidentes, muitas crianças se machucavam e outras até mesmo morriam.Com o passar dos tempos muitas fabricas foram se modificando, mas mesmo assim o trabalho infantil continuou até um bom tempo. [...] hoje muitas fabricas se modificaram e utilizam robôs. (Aluno P)

Nas narrativas produzidas pelos estudantes percebe-se claramente que

os alunos têm consciência de que a Revolução Industrial mostrou-se como um

processo de mudança na vida dos trabalhadores, assim como as dificuldades

enfrentadas, a exploração do trabalho infantil e feminino e o crescimento das

cidades, com a "segregação de classes, que empurrava os novos

trabalhadores pobres para as grandes concentrações da miséria" conforme

afirma Hobsbawm (1981, p.224)

Através da análise das narrativas dos estudantes notou-se mudanças e

avanços relacionados ao conteúdo abordado e à maneira de pensar

historicamente, com o uso das fontes, cinema e imagens, para aprendizagem

histórica escolar, visto que:

O contato com as fontes históricas facilita a familiarização do aluno com as formas de representação das realidades do passado e do presente, habituando-o a associar o conceito histórico à análise que o origina e fortalecendo sua capacidade de raciocinar baseado em uma situação dada. (SCHMITD e CAINELI 2009,p.116)

Percebeu-se que os estudantes adquiriram, além de uma visão mais

critica sobre o conteúdo estudado, mais fundamentação, conforme no descrito

a seguir:

A Revolução Industrial foi um impacto muito grande na sociedade, pois os trabalhadores passaram a ser controlados pelo relógio. Na revolução industrial houve o êxodo rural onde muitos colonos deixaram o campo e foram para a cidade. Com isso as cidades não tinham estrutura suficiente para tantas pessoas e os trabalhadores tinham condições de vida precária. Na industrialização muitas crianças foram postas para trabalhar mesmo com as condições precárias das fábricas. Elas eram exploradas porque recebiam menos mesmo com a mesma carga horária dos adultos. O trabalho feminino também era

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preferencial, pois sua remuneração era menor que dos homens. A partir dessas precariedades os trabalhadores passaram a reivindicar seus direitos. Os órfãos também trabalhavam mas não eram remunerados e sim pela alimentação e moradia, mesmo elas sendo precárias. Com a revolução industrial muitos sofreram, mas mesmo assim ela foi importante porque com isso veio por exemplo as industrias de remédios para as sociedades. Mas também, ao longo do tempo, com seus trabalhos repetitivos as pessoas ficavam com problemas de saúde e muitos perdiam até membros do corpo como pernas e braços. Também havia uma grande diferença de moradia e alimentação entre as pessoas pobres operárias e os burgueses donos de indústrias. Mas com as industrias houve degradação ambiental. ( Aluno M)

A maioria dos estudantes estruturam narrativas como a citada acima.

Com a análise destas, podemos afirmar que os mesmos conseguiram adquirir

conhecimento histórico a partir da análise e interpretação de filmes e imagens.

Importante considerar que estes já possuíam um conhecimento prévio sobre a

temática estudada, sendo este ampliado a partir da interação com novas

informações, permitindo-se assim, através do ensino e aprendizagem tornar o

conhecimento destes mais rico, com um nível de compreensão maior, com

avanços significativos com relação à sua aprendizagem.

4- CONSIDERAÇÕES FINAIS:

A compreensão crítica da sociedade e dos fatores que a integram e a

construíram é requisito para formar cidadãos conscientes. Enquanto

educadores, eis nosso desafio e objetivo maior. Como disciplina curricular, o

ensino crítico da História constitui-se como um dos elementos essenciais na

formação da consciência histórica do estudante de forma que este seja capaz

de viver e participar conscientemente na sociedade em que está inserido, não

sendo alheio e alienado às constantes transformações desta.

A Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola teve

o objetivo de proporcionar aos estudantes a aprendizagem histórica a partir da

leitura, análise e interpretação de fontes históricas (cinema e imagens),

procurando fazer com que estes tenham a compreensão de que a História está

presente em seu dia-a-dia, tornando-se significativa para eles.

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Com respaldo na fundamentação pesquisada, em que apresenta novas

abordagens sobre o ensino e aprendizagem escolar de História com o uso de

fontes, pode-se constatar a partir das narrativas construídas pelos estudantes

que tal recurso mostrou-se eficiente para a aprendizagem e desenvolvimento

do pensamento histórico dos estudantes envolvidos.

Com o desenvolvimento do trabalho, refletiu-se sobre o real aprendizado

dos estudantes com relação à disciplina de História, constatando-se que

existem muitos desafios a serem superados, principalmente com relação a um

ensino que seja significativo e motivador para o estudante, almejando a

formação de sua consciência histórica.

REFERENCIAS: ABUD, Katia Maria. A construção de uma didática da história: Algumas idéias sobre a utilização de filme. História. São Paulo, v.22, n.1, 2003, p. 183 – 193 Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/his/v22n1/v22n1a08.pdf . Aceso em: 30/06/14 ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo, Cardoso (orgs.). Ensino de História. São Paulo: Cengage Learning, 2010. BARCA, Isabel. Aula Oficina: do projecto à avaliação. In. Para uma educação histórica de qualidade. Actas das IV Jornadas Internacionais de Educação Histórica. Braga (PT): Ed. Universidade do Minho, 2004. CERRI, Luis Fernando. Ensino de História e consciência Histórica: implicações didáticas de uma discussão contemporânea. Rio de janeiro: FGV editora, 2011. CIAVATTA, Maria. O mundo do trabalho em imagens. Rio de Janeiro: DpeA, 2010. HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções: Europa 1789 – 1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. MAUAD, Ana Maria. Através Da Imagem: Fotografia e História Interfaces. Rio de Janeiro: Tempo, vol.1, nº2,p. 73-98,1996. NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 4ª.ed.São Paulo: Contexto, 2010. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendência da Educação. Diretrizes curriculares de História para a educação básica. Curitiba: SEED, 2008.

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SCHMIDT, Auxiliadora; BARCA, Isabel(orgs). Aprender História: perspectivas da educação histórica. Ijuí: Ed. Unijuí, 2009. SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2009. FILMOGRAFIA:

GERMINAL.Direção: Claude Berri. Produção:BodoScriba, Claude Berri e Pierre Grunstein. Música:Jean-Louis Roques. Roteiro: Claude Berri e Arlette Langmann , baseado no romance de Emile Zola. Nacionalidade: Bélgica/França/Itália. ANO:1993 (duração 158 min),son.,color. Filme disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=vzVSlxWyxdc acesso em 25/10/13 OLIVER TWIST. Direção: Roman Polanski. Produção: Robert Benmussa, Alain Sarde e Roman Polanski. Música: Rachel Portman. Roteiro: Ronald Harwood, baseado em romance de Charles Dickens. Nacionalidade:EUA/RTCH/FRA/ITA/INGLATERRA. ANO: 2005 (duração 130 min),son.,color. TEMPOS MODERNOS ( MODERN TIMES ). Direção: Charles Spencer Chaplin. Produção: Charles Spencer Chaplin. Música: Charles Spencer Chaplin. Roteiro: Charles Spencer Chaplin. Nacionalidade: EUA. ANO: 1936 (duração 87 min).

CRÉDITOS DE IMAGEM:

Imagem 04.Fábrica Nacional de Tecidos Juta, 1931 Fonte: Fundação Getúlio Vargas- CPDOC. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/historia.pdf Acesso em :30/09/13. Imagem 05. Crianças trabalhadoras em minas de carvão, em 1908, na Pensilvânia, EUA. Disponível em: http://cafehistoria.ning.com/photo/1980410:Photo:13595 Acesso:30/09/13

Imagem 06. Trabalho feminino na Revolução Industrial. Disponível em:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=35736 Acesso 07/11/13 Imagem 07. Londres no início da Revolução Industrial, final do século XVIII Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/historia.pdf Acesso: 20/05/13

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Imagem 08. Cortiço no Rio de Janeiro. Disponível em: portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=38940 Acesso: 30/09/13

Imagem 09. Imagem de realidades diferentes do Rio de Janeiro Disponível em: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=60&evento=2 Acesso: 20/05/13

Imagem 10. Fábrica de motores. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/historia.pdf Acesso: 25/04/13 Imagem 11. Fábrica da Mercedes-Benz em Juiz de Fora- MG. Montagem bruta, onde trabalham cerca de 300 colaboradores, 13% são mulheres e 40% robôs nas atividades ergonomicamente desfavoráveis. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/livro_didatico/historia.pdf Acesso: 06/10/13