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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

LEITURA DE FÁBULAS ONLINE

Delma Terezinha Fabrício Da Silva Druzyk

Maurini de Souza

Resumo O tema “Leitura de Fábulas Online”, desenvolvido durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, explora o interesse pela leitura on-line, relacionado ao gênero fábulas, gênero que faz parte do cotidiano escolar na faixa etária dos 10 a 11 anos. Pretende-se, neste projeto, criar possibilidades para despertar nos alunos o gosto pela leitura desse gênero. Para isso, esta produção pedagógica tem como objetivo propor a leitura de fábulas online, estímulo necessário nos relacionamentos sociais. As fábulas escolhidas pretendem favorecer e aprimorar os saberes linguísticos, textuais e discursivos, favorecendo, assim, a integração entre os estudantes e o mundo social, além de buscar condições favoráveis para que os alunos envolvam-se com os bens culturais e familiares ao instigarmos o seu conhecimento prévio e estimularmos a sua criatividade e o gosto pela leitura, vivenciando mundos diferentes e fascinantes. Enfim, propõe-se situações desafiadoras para que nossos educandos aprendam sobre a língua e aprimorem-se do gênero discursivo da fábula. Palavras-chave: Fábula. Leitura Online. Criatividade. Conhecimento Social.

Introdução

Vive-se numa sociedade letrada. Imersos em imagens, letreiros, manchetes

de jornais, a habilidade de leitura se torna indispensável á vida. Essas situações de

leitura têm cenário, contexto e finalidades peculiares: divertir-se, emocionar-se,

manter-se informado e atualizado, aprender a utilizar as tecnologias; sobretudo,

enquanto lemos, dialogamos com lembranças, emoções e informações que nos

ajudam a interagir e compreender o que dizem os escritores em suas obras.

A leitura de fábulas online é um recurso rico em informações, e nos oferece

um método prazeroso e divertido de ensinar os adolescentes do 6º ano, lições

variadas e importantes para uma vida toda. Neste trabalho vamos poder conhecer e

evidenciar a utilização das fábulas online começando com os aspectos e a

importância do trabalho de professor mediador e os procedimentos que podem ser

realizados para uma boa formação de adolescentes leitores.

Essa pesquisa visa demonstrar como a utilização das fábulas online pode ser

trabalhada na escola; é uma tarefa de transformar leitores que coloca escola e

professores diante do desafio de demonstrar a crianças e adolescentes a

importância para a sociedade e os indivíduos dos escritos e dos pensamentos

produzidos por histórias coletivas e pessoais. Despertar no aluno o gosto pelo texto

literário significa favorecer-lhe o contato com diferentes olhares e entendimentos

acerca da realidade, e submetê-lo ao poder transformador da literatura, em uma

atividade de descoberta do fascínio causado pelo caráter estético da linguagem. É

um investimento em prol ao despertar de novos e competentes leitores, a fim de que

essa concepção literária contribua para reflexões e aperfeiçoamento da formação

docente.

Ao longo da história da humanidade, a leitura passou por vários momentos,

com características próprias de cada época. Essa nova cultura se manifesta pela

presença constante e atrativa de computadores em vários ambientes destacando as

escolas, que devido à facilidade de acesso e articulação com outros meios digitais,

cria outra maneira de construir e dominar a leitura na sociedade.

Defende-se que é função da escola promover discussões sobre a relevância

da leitura online, sobretudo as fábulas, para o desenvolvimento do gosto pela leitura

nos alunos do 6º ano como uma das ferramentas para incentivar a formação de

leitor. Para isso o trabalho vai se utilizar da proposta de Morais (2009, p.52), que

salienta que a leitura é um ato complexo porque requer uma variedade de

procedimentos, de posturas e de conexões físicas e mentais para que, ao final,

sejam produzidos sentidos coerentes para o que foi lido.

A escolha deste tema originou-se devido à observação, em sala de aula, do

exercício da leitura como imprescindível para a apropriação de novas

aprendizagens. O brasileiro não é considerado, em comparação com países tais

quais: Alemanha e França, um povo leitor. Nos últimos anos, porém o

desenvolvimento do mercado editorial – tanto físico quanto virtual – vem

demonstrando que o investimento que se faz no incentivo à leitura já está dando

frutos. Atualmente o crescimento editorial de fábulas online já está tendo um

destaque favorável para a leitura, tanto nas escolas como na sociedade em geral;

assim, é importante ampliar esse aspecto.

Quando se trata de ter o gosto pela leitura, o grande desafio é assegurar a

qualidade e a variedade de textos que circulam na sociedade, associando as

atividades de leitura do gênero fábula online, em que podem ser vislumbradas as

situações reais de comunicação.

No decorrer do trabalho, vamos poder observar a formação do professor,

como trabalhar com a Leitura de fábulas online, como deve ser desenvolvida a

sensibilidade para o texto literário, o que ele precisa adquirir como conhecimento a

respeito de obras, edições e autores da história da literatura infantil e conhecer as

funções da literatura para que tenha condições de escolher adequadamente textos

para desenvolver atividades de formação de leitores.

A escola é um dos melhores lugares para o incentivo da leitura, sendo que o

espaço de ensino tem que ir além do ensinar a ler e fazer as quatro operações. É

preciso investir em livros, uma vez que representam a única oportunidade que muita

criança tem de entrar em contato com a leitura.

A escola tem o papel de fazer a criança avançar em sua compreensão de mundo a partir de seu desenvolvimento já consolidado e tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas... O professor tem o explícito papel de interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos provocando avanços que não ocorreriam espontaneamente (VYGOTSKY apud REGO, 1999, p.85).

Cabe ao professor desempenhar seu papel levando em conta o conhecimento

já adquirido pela criança, utilizando-se do senso comum para motivar e promover o

interesse científico e interferindo na zona de desenvolvimento proximal dos alunos.

O principal propósito da leitura de fábulas online é fazer com que os

adolescentes unam o entretenimento e a instrução ao prazer da leitura. As fábulas

associam palavras às imagens, levando o adolescente ao mundo da imaginação,

desenvolvendo várias capacidades, enriquecendo seu repertório de experiências

sociais, o que faz delas elementos pertinentes para desenvolver o encanto pelos

escritos.

A escolha deste tema justifica-se pelas constantes modificações que vêm

ocorrendo na educação, as quais necessitam de um profissional eficaz e capaz de

produzir conhecimentos partindo da reflexão de suas práticas pedagógicas,

buscando novas formas de atuação.

Este estudo servirá, por fim, para melhor conhecer a realidade social da

leitura, a fim de averiguar as suas características atualmente, bem como uma

condição necessária para a prática docente coerente na qual a aprendizagem do

educando se fará de forma prazerosa e significativa.

A tecnologia em sala de aula

Entre os benefícios mais evidentes que as tecnologias de informação e

comunicação oferecem para a sociedade estão o acesso à cultura e educação, os

avanços tecnológicos e os benefícios envolvidos na era da comunicação em que se

mostram um equilíbrio e uma visão positiva. No entanto, alguns especialistas

salientam que deve haver uma relação entre as informações fornecidas e a

capacidade de assimilação pelas pessoas. Por conseguinte, é desejável uma

formação adequada na utilização dessas ferramentas poderosas.

Conhecimento muda o mundo e o mundo está em transformação com a

velocidade do conhecimento novo. Então, ousa-se dizer que o tempo atual é

diferente, portanto, a educação deve repensar seus objetivos, suas metas, suas

pedagogias, suas didáticas se quiser cumprir sua missão no século, proporcionando

satisfações para as necessidades do homem, pois as mesmas forças tecnológicas

que tornam a aprendizagem tão necessária a tornará agradável e prática.

Brignol (2004, p. 11) cita que

Na sociedade da informação o uso de novas tecnologias no ensino se faz necessária para o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade contextualizando-os num sistema maior e mundial de acesso a informação e democratização do conhecimento.

Para o autor, virtualidade do conhecimento não representa um saber menor,

ou pobre. Nem supõe um saber de segundo grau ou de segunda categoria. Pelo

contrário, corresponde a uma transformação dos processos pelos quais se aprende,

constata e explica o mundo, processos que estão em sintonia e dependência com o

nível de desenvolvimento dos meios tecnológicos do momento histórico atual. “O

uso de ambientes digitais é, entre outras, uma das possibilidades de ligação entre os

conteúdos, linguagem, problemas e diversidades” (BRIGNOL, 2004, p. 10).

Portanto, torna-se necessário projetar novos cenários e atividades

educacionais, ou seja, propor uma política educacional específica para o ambiente

cibernético. Isto requer a concepção de novas atividades educacionais.

Deve-se visar à capacitação de pessoas para que possam executar as várias

fases deste ambiente de forma eficaz. Portanto, além da aplicação de novas

tecnologias voltadas à educação, devem ser concebidos, principalmente, novos

ambientes educativos onde os alunos possam aprender a se movimentar e agir no

novo espaço telemático.

Com o uso das TICs, a abordagem pedagógica deve tratar a gestão e a

internalização de novas linguagens que se derivam da transformação provocada

pela implementação da tecnologia nos espaços educacionais, que trazem consigo

uma reorganização na perspectiva, objeto, missão e visão dos processos de ensino

e aprendizagem na educação.

Considerações sobre Fábulas online

Em pesquisa realizada no Google Acadêmico (http://scholar.google.com.br/),

verificou-se que não há literatura específica sobre o tema “Fábulas Online”,

restringindo-se, os estudos ali registrados, ao gênero fábula em outros contextos.

O primeiro trabalho encontrado e que está em consonância a esta pesquisa

foi realizado na Universidade Estadual de Londrina por Monteiro intitulado Fábula No

Livro Didático: Um Gênero Em (Des) Uso? Apresenta uma introdução sobre o

gênero fábula no ambiente escolar e utilizou como teoria o Grupo de Genebra

conhecido como Interacionismo-Sóciodiscursivo. Nos pressupostos teóricos, foram

citados os seguintes autores: Bakhtin (2006), Bronckart (2006-2003) e Dolz e

Shneuwly (2004).

Na sua transposição didática, o trabalho caracterizou o gênero fábula na visão

de Nelly Novaes Coelho, estudando a sua etimologia e o contexto histórico das

fábulas, perpassando pelo francês La Fontaine e pelo brasileiro Monteiro Lobato. A

proposta executada foi análise de uma coleção de livro didático de Língua

Portuguesa do ensino fundamental, adotado nas escolas particulares de Maringá.

Finalizando o artigo da autora Monteiro, chegou-se à conclusão de que o gênero

fabula está presente no livro didático, mas sabemos que não é somente este gênero

trabalhado no cotidiano escolar.

O segundo trabalho encontrado na revisão de literatura é o de Alves, sobre

“Mito de crises na fábula 121 de Higino: um argumento singular.” Publicado na

revista língua, literatura e ensino, Outubro/2010 - Vol. V., relata a obra Fabulae,

atribuída a Higino (64 – 15 a.C), na tradução grega; em alguns momentos da obra, e

explicita a mitologia Greco romana. Apresenta o surgimento do mito e narra a Fábula

de Chryses, falando sobre Tróia em Latim. O texto é de difícil compreensão, pois

apresenta termos em latim e não realiza conclusão.

Já no terceiro trabalho, um artigo que faz parte da dissertação de mestrado de

Oliveira, há a apresentação da A Fábula da Origem, em que ele relata o filme

“Narradores de Javé (2003)”, filme brasileiro realizado em 2003, e onde comenta

sobre três fábulas sem nome. O texto não apresenta conclusão, pois é apenas uma

parte da dissertação de mestrado. As principais referências bibliográficas utilizadas

foram: Barros e Focault (2006). No que se refere ao quarto trabalho a iconicidade

interdiscursiva em “Eros uma vez...” De Millôr Fernandes, descrita por Aquino da

UERJ.

O artigo relata sobre a Intersemiose, e, baseado nas teorias de Bakhtin e

Vigotsky, discorre sobre a relação do texto-proficiente, como o leitor é capaz de

seguir as pistas textuais apresentadas pelo produtor do texto. Em seguida comenta

sobre a iconicidade do gênero textual, que distingue o método e o ponto de vista na

produção textual.

O autor faz uma alusão ao texto “Eros uma vez”.... de Millor Fernandes, o

texto apresenta a intertextualidade entre a fábula e a mitologia. Analisando as

considerações finais, observa-se que o leitor, ao produzir um texto, deve deixar

pistas claras para que todos os leitores compreendam o seu texto.

O diferencial deste trabalho com relação aos acima citados é o destaque ao

online, o que o iguala é o gênero fábula, com as diferentes concepções. A partir das

reflexões dos textos ofertados, percebe-se que a literatura online atrai os alunos

servindo como adendo para que estes desenvolvam o gosto pela leitura.

A leitura de fábulas na escola

O direito de ler é um direito garantido na Constituição Brasileira e, além disso,

um pressuposto para a cidadania, já que é a partir da leitura que cada indivíduo

consegue se desenvolver, aprender e progredir.

Todos os professores, pais e pedagogos precisam estar seriamente convencidos da importância da leitura e dos livros para a vida individual, social e cultural, se quiserem contribuir para melhorar a situação. Essa mesma convicção deve ser então transmitida aos que estão aprendendo a ler de modo apropriado a fase do seu desenvolvimento (BAMBERGER, 1987, p.9).

A leitura foi outrora considerada como um meio simples de receber uma

mensagem importante, mas, hoje, a pesquisa nesse campo definiu o ato de ler, por

si mesmo, como um processo mental de vários níveis, que contribui para o

desenvolvimento do intelecto.

A leitura é uma forma exemplar de aprendizagem, (...) o aprimoramento da capacidade de ler também redunda no da capacidade de aprender como um todo, indo muito além da mera recepção. A boa leitura é uma confrontação crítica com o texto e as ideias do autor. A leitura é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento sistemático da linguagem e da personalidade. Trabalhar com a linguagem é trabalhar com o homem (BAMBERGER, 1991, p.10).

Para se tornar um bom leitor, a criança ou adolescente deve ter uma relação

prazerosa com o livro infantil, em que prevalece o mundo dos sonhos e fantasias e

imaginação se misturam em uma realidade única, levando-os a vivenciar as

emoções em parceria com os personagens da história, introduzindo, assim situações

da realidade.

A leitura de fábulas tradicionalmente é um dos elementos mais importantes na

literatura destinada às crianças. Por meio do prazer e da emoção que as estórias

lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito nos tramas e personagens

podem agir no inconsciente infantil, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver os

conflitos interiores normais numa fase da vida.

De acordo com Bamberger (1987, p.92)

O desenvolvimento de interesses e hábitos permanentes de leitura é um processo constante, que começa no lar, aperfeiçoa-se sistematicamente na escola e continua pela vida afora, através das influências da atmosfera cultural geral dos esforços conscientes da educação e das escolas públicas, a oportunidade de ler, ou seja, a disponibilidade de livros representa uma papel decisivo no despertar interesses de leitura.

Estudos realizados demonstram a importância da leitura de fábulas no

ambiente escolar e as funções que ela pode desempenhar ao longo de seu

amadurecimento, onde surge a grande necessidade de defender sua vontade e

independência própria.

O termo literatura aplicado para distinguir e classificar textos de escrita

imaginativa foi empregado a partir do final do século XVIII, com sentido semelhante

ao que hoje atribuímos a essa palavra, foi na obra sobre literatura considerada em

suas relações com as instituições sociais que Madame de Staël defendeu a ideia da

especificidade do texto literário em relação às demais produções escritas. (COSTA,

2007).

O estudo e escolha do gênero textual são relevantes nesta empreitada, e são

diversos os textos e os objetivos da leitura. No que diz respeito ao gênero fábulas, a

escola assume o importante papel de apresentar aos alunos um mundo lúdico,

prazeroso, divertido e emocionante, levando as crianças a compreenderem e

apreciarem o universo da literatura.

A leitura das fábulas pode ser feita de maneira silenciosa ou em voz alta e

não deve ser encarada como exercício de avaliação ou de decodificação da criança.

Ela precisa ser um momento de exercício prazeroso de contato com o livro e com os

ouvintes; em qualquer leitura silenciosa ou em voz alta, a interpretação expressa

pelo leitor é importante para o desenvolvimento da alfabetização. “A leitura é uma

questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de modos, de relação,

trabalho e produção de sentidos, uma palavra de historicidade” (ORLANDI, 2006,

p.9).

Na sociedade contemporânea, a alfabetização é condição sine qua non para

a compreensão da própria história.

Esse investimento não se reduz ao ato de decodificação da palavra escrita,

pois, conforme Freire (1981, p. 73) “a leitura do mundo precede a leitura da

palavra”. O indivíduo, ao ler o mundo, pode ter consciência dos processos que

interferem na sua existência como ser social e político. Por isso, a leitura da

comunicação impressa só se efetiva e se reproduz quando está ligada ao

ambiente em que o homem ou a mulher se sentem sujeitos, atores decisivos para

configurar a ação existencial de que participam.

As fábulas, segundo Marcos Bagno, correspondem a um gênero universal

devido a sua íntima ligação com a sabedoria popular. Trata-se de “uma pequena

narrativa que serve para ilustrar algum vício ou alguma virtude, e termina,

invariavelmente, com uma lição de moral” (BAGNO, 2006, p. 51).

Ao trabalhar com o gênero fábula em sala de aula, o professor deve explicar

aos alunos que este gênero é diferente dos demais, pois no final da fábula sempre

há uma moral, no qual o aluno deve interpretá-la no seu cotidiano.

Moisés (1999, p. 226) introduz a etimologia da palavra fábula

Latim – fábula, narração. Narrativa curta, não raro identificada com o apólogo e a parábola, em razão da moral, implícita ou explícita, que deve encerrar, e de sua estrutura dramática. No geral, é protagonizada por animais irracionais, cujo comportamento, preservando as características próprias, deixa transparecer uma alusão, via de regra, satírica ou pedagógica, aos seres humanos (MOISÉS, 1999, p. 226).

Assim, pensar na leitura é investir na formação do leitor, inserir o aluno no

mundo do prazer pela leitura, provocar a reflexão, emocionar, divertir, contribuir para

a humanização da pessoa e a construção da sua sociabilidade, de favorecer o

relacionamento entre o mundo da ficção com a realidade, levando o aluno a

extrapolar sua imaginação.

Implementação, análise e resultados

Trabalhar com leitura de Fábulas online favorece o processo de

aprendizagem, já que ler fábulas é uma prática diária nas instituições de ensino

fundamental e médio, pois é esse o momento em que a criança e o adolescente

estabelecem relações com a forma de pensar e o modo de interagir com o grupo ao

qual pertencem.

Os encaminhamentos metodológicos utilizados neste estudo estão descritos a

seguir:

Apresentação do projeto de intervenção aos professores para articulação de

ideias e ações.

Apresentação do projeto de intervenção aos alunos do 6º ano do Ensino

Fundamental.

Leitura oral de obras selecionadas de alguns escritores do século XIX.

Reflexão de elementos da língua escrita.

Estudo do vocabulário.

Dramatizações das fábulas trabalhadas com os alunos.

Realização do dia F da leitura de fábulas no pátio da escola.

Interpretações orais e escritas de fábulas lidas pelos professores e alunos.

Estudo do vocabulário nas fábulas lidas pelos alunos.

Criar fábulas em grupos, juntando todos e formando um livro de fábulas.

Pesquisar fábulas de autores famosos, tais como: Leonardo da Vince, Esopo,

La Fontaine).

Criação de fábulas “engraçadas”.

Em duplas, escolher uma fábula, definir os personagens e criar um cenário

para apresentar em sala de aula. As três melhores duplas serão escolhidas

para apresentar no pátio da escola.

Ressalta-se, neste trabalho, a importância de um espaço apropriado para a

leitura de fábulas online, em que o aluno possa se sintonizar com o ambiente, e a

constituição de bibliotecas equipadas, que devem conter diversos gêneros de leitura

e mobiliário adequado. A preparação do professor que deve conhecer o material,

também enfatiza uma boa utilização dele de forma construtivista. O professor deve

ser intermediador do conhecimento.

Observou-se o interesse dos alunos no assunto por ser uma temática de fácil

compreensão, com retorno imediato e uma boa aceitação referente ao conteúdo.

A leitura de Fábulas online deve estar presente no cotidiano da sala de aula,

tendo em vista que os alunos do 6o ano apresentaram-se curiosos e criativos e

estavam abertos às novidades; eles aprenderam a questionar os valores e analisar

as mensagens trazendo-as para a vida.

Unir o recurso tecnológico com a leitura tradicional fez com que os alunos

encontrassem, na atividade, uma motivação a mais para o envolvimento com a

proposta, contribuindo assim, com o trabalho em sala de aula, promovendo

aprendizagem, que é o objetivo maior do professor.

Considerações Finais

Com este projeto, pretendeu-se formar, dentre os alunos, pessoas

interessadas pela leitura, algo um pouco complexo, porém, possível. Sabe-se que é

o que é necessário, neste sentido, acreditar que a base do investimento está na

criação de hábitos de leitura na escola.

O projeto trouxe uma ideia inovadora para a prática de leitura, pois, nos sites,

os alunos podem enriquecer seu repertório, despertando o interesse pela leitura.

Ressalta-se a importância do valor da leitura na vida das pessoas e quanto a

necessidade de manter esse hábito, pois não só promove a reflexão, mas também

serve de exemplo para o ensino ético-moral.

Espera-se contribuir, por meio desta proposta, para que a escola possa

proporcionar ao aluno estratégias que lhe permitam aprofundar a relação afetiva e

intelectual com as obras, a fim de que possam delinear de forma progressiva o seu

próprio percurso enquanto leitor e construir a sua autonomia ao conhecimento.

Tal percurso pode ter as tecnologias como aliada, as quais estão

proporcionando novas oportunidades todos os dias para acessar, por meio de

sistemas de comunicação, a nova informação que deve ser transformada em

conhecimento.

Dentro deste contexto, a tecnologia desempenha um papel importante, a fim

de recolher todas as oportunidades que surgirem, testá-las, avaliá-las e oferecer o

seu aproveitamento máximo. Há o desafio de desenvolver sistemas tecnológicos

que permitam desenvolver materiais e recursos com altos níveis de interatividade

para os alunos. Recursos com os quais realmente seja possível converter a

informação interessante em verdadeiro conhecimento.

Referências

BAGNO, Marcos. Fábulas Fabulosas. In: Práticas de leitura e escrita In / Maria Angélica Freire de Carvalho, Rosa Helena Mendonça (org.) – Brasília: MEC, 2006. Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/images/stories/publicacoes/salto_para_o_futuro/livro _salto_praticas_de_leitura_e_escrita.pdf#page=51. Acesso em: 10 jun. 2011 BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. São Paulo: Ática, 2006. BRIGNOL, Sandra Mara Silva. Novas Tecnologias De Informação e Comunicação nas Relações de Aprendizagem da Estatística no Ensino Médio. 2004. Disponível em: <http://www.redeabe.org.br/Monografia.pdf> Acesso em 16 de out de 2013. COSTA, Marta Morais da. Sempreviva, a leitura. Curitiba: Aymará, 2009. FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler, em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, Cortez, 1989. FREIRE, Paulo. Medo e Ousadia: o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986, 3ª edição.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 4. ed. 2002. MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. São Paulo: Cultrix, 1999. MONTEIRO, Andréia Cardoso. Fábula no livro didático: um gênero em (des) uso? Anais do, v. 4, p. 589-597. ORLANDI, E. P. Primeiros Passos. 2. Ed. São Paulo: Editora Brasil, 1986 http://sitededicas.ne10.uol.com.br/cfab.htm http://www.cedae.iel.unicamp.br/revista/index.php/lle/article/view/1182/958 http://www.labeurb.unicamp.br/ruateste/pages/pdf/17-1/8-17-1.pdf http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/tomo_3/2188-2198.pdf

ANEXOS

ANEXO 1

Fábula o Touro e a Cabra

O Touro e a Cabra

Autor: Esopo[1]

Certa vez, um Touro, fugindo da

perseguição de um feroz Leão, se escondeu numa caverna que os Pastores costumavam usar para abrigar seus rebanhos durante as tempestades ou à noite. Ocorre que um dos animais, uma

Cabra, que tinha ficado para trás, se achando dona do lugar, tão logo o Touro entrou na caverna, ainda distraído, extenuado e ainda se recuperando do tremendo susto que levara, aproveitando-se da situação, pelas costas, covardemente o atacou dando-lhe marradas com seus chifres. Como o Leão ainda estava circulando

em volta da entrada da gruta, o Touro teve que se submeter a aquela incompreensível agressão e injustificável insulto.

Então ele disse em tom de alerta:

"Você não acredita que estou me submetendo, sem reagir, a esse injusto e covarde tratamento porque tenho medo de você não é? Mas te prometo uma coisa, Quando o Leão for embora, aí sim, te colocarei no teu devido lugar, e acredite, disso tenho a mais absoluta certeza, te darei tamanha lição, que decerto, dela, jamais irás esquecer enquanto viveres.". Moral da História: Maldade mais profunda e desumanidade igual não há, do que tirar vantagem sobre os outros, aproveitando-se de um momento de vulnerabilidade.

ANEXO II

A Raposa e as Uvas

Autor: Esopo[1]

Uma Raposa, morta de fome, viu, ao passar

diante de um pomar, penduradas nas ramas de uma viçosa videira, alguns cachos de exuberantes Uvas negras, e mais importante, maduras. Não pensou duas vezes, e depois de certificar-se que o caminho estava livre de intrusos, resolveu colher seu alimento. Ela então usou de todos os seus dotes, conhecimentos e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu. Desolada, cansada, faminta, frustrada com o insucesso de sua empreitada, suspirando, deu de ombros, e se deu por vencida. Por fim deu meia volta e foi embora. Saiu consolando a si mesma, desapontada, dizendo: "Na verdade, olhando com mais atenção, percebo agora que as Uvas estão todas estragadas, e não maduras como eu imaginei a princípio..."

Moral da História:

Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade.

ANEXO III

A Águia e a Gralha

Autor: Esopo[1]

Uma Águia, saindo do seu ninho no alto

de um penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras. Uma Gralha, que a tudo testemunhara,

tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa. Ela então voou para alto e tomou

impulso. Então, com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a intenção de também carregá-la presa às suas garras. Ocorre que suas garras, pequenas e

fracas, acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças. O Pastor das ovelhas, vendo o que

estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar. À noite a levou para casa e entregou

como brinquedo para seus filhos.

"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.

"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."

Moral da História: Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

APÊNDICES

APÊNDICE 1

Fotos das dramatizações envolvendo fábulas realizadas com os alunos