os dedos livres

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Os Dedos Livres Acredito firmemente que a expansão dos limites criativos no fraseado musical improvisado seja ligada a libertação dos movimentos dos dedos no instrumento

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Entertainment & Humor


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Conteúdo do Workshop Os Dedos Livres - uma abordagem para um novo aprendizado da criatividade. Teoria e exercícios.

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  • 1. Acredito firmemente que a expanso dos limites criativos no fraseado musical improvisado seja ligada a libertao dos movimentos dos dedos no instrumento

2. A dvida que sempre me assolou foi: deve haver um meio mais direto, um atalho para se acessar todo o nosso conhecimento musical adquirido desde que nascemos ou at antes, e poder traduzi-lo instantaneamente em nosso instrumento. A primeira resposta que me ocorreu foi o instinto. Sim, mas como acessar o instinto? 3. A independncia dos dedos foi o estalo que faltava na minha cabea para me permitir solucionar este puzzle. 4. De certa maneira a mente, quando induzida ao caos (atravs dos exerccios dos Dedos Livres), tende a criar uma nova organizao daquilo. Partindo de uma organizao mental para criar uma nova organizao, no se consegue. 5. Todavia em momento algum, esta tcnica quer se sobrepor ou eliminar as outras tcnicas tradicionais de ensino da improvisao. No prprio desenvolvimento do solo improvisado, como afirma Aebersold, precisamos de uma parte de criatividade para nos acharmos frases cada vez mais novas e de razo para nunca esquecermos em que parte do chorus a gente est, ou qual a forma da msica que estamos tocando, etc. 6. Existem milhares de guitarristas no mundo que tocam como o Eric Clapton, mas s h um Eric Clapton e quando o publico quer v-lo tocar, vai ver ele ao vivo, no vai se satisfazer decerto com uma copia, por quanto boa ela possa ser. 7. Em msica, usamos smbolos como as cifras D-7 ou G7 para representar uma rea mais ou menos extensa de sons. Essas cifras quase sempre atuam como inibidores em nossa criao... 8. Fazer msica atravs do mtodo Dedos Livres significa ativar definitivamente nosso lado criativo, aproveitando as reas que nos j dominamos e com as quais nos sentimos mais confortveis, para arriscar e desafiar novas reas sem medo de errar. 9. Aplicando o mesmo conceito de Desenho Gestual na msica, Dedos Livres simplesmente soltar os dedos, os braos ou a garganta, deixando a linha musical ir em qualquer direo, usando (gesticulando) livremente no instrumento todo ou gesticulando com nosso corpo todo. 10. Os dedos das nossas mos, nossos braos, a nossa voz conhecem o nosso instrumento e tem acesso a nossa msica muito mais do que nos podemos acreditar. Certamente eles esto mais diretamente ligados ao nosso lado criativo do que nos mesmos estamos. Precisamos acreditar firmemente nisso desde o incio. 11. Este treinamento deve ser feito diariamente como aquecimento assim, no seu devido tempo, voc entrar em contato com uma linguagem musical mais profunda e que, sem dvida alguma, conduzir a um nvel de criao musical mais completo e ao desenvolvimento de seu estilo pessoal. 12. Neste momento, no se espera um sentido musical perfeito e sim se quer trabalhar um momento de criatividade, por isto, mesmo que as primeiras vezes soe estranho, no se preocupe e continue fazendo. 13. a situao musical que define o que consoante e o que dissonante. medida que elevamos o nosso nvel de audio e percepo, estas categorias desaparecem. Com a pratica constante dos Dedos Livres, aprenderemos a relacionar igualmente entre si, todas as doze notas na escala cromtica, em vez de p-las em categorias (escalas). 14. Na medida em que nos aproximamos cada vez mais deste mundo criativo musical, iremos perceber que o nosso pensamento, ate ento somente baseado em smbolos (notas, cifras, digitaes), deixara lugar para um novo tipo de pensamento onde os sons estaro relacionados entre sim numa nova dimenso. 15. Comece tocando o seu instrumento por toda a parte (gesticulando). Relaxe seus msculos e comece a tocar seu instrumento deixando que seus dedos, ou braos, ou garganta o guiem. Lembre-se sempre da liderana dos dedos, braos ou garganta durante o exerccio... 16. ...pois a linha meldica criada nos sugere constantemente associaes de intervalos j conhecidas que levam nosso pensamento para um nvel mais racional, impedindo assim o fluir natural da criatividade. Exagere, exagere, exagere! No tenha medo de ser considerado louco, faa as maiores doideiras com o instrumento ou com seu corpo! 17. Exemplo 1 Comece tocando notas de 1/4, 1/2 ou maiores e esteja certo de no comear em uma posio que voc j domine. Relaxe seus dedos, os braos ou a garganta e comece a tocar seu instrumento por toda parte deixando que seus dedos o guiem. No se preocupe como isto ir soar. Voc est criando em um nvel puro. Num dado momento mude para notas de 1/8, isto acelerar o processo. Faa a mesma coisa novamente com notas de 1/16. Tente este exerccio lentamente por aproximadamente 5 a 10 minutos. D um intervalo e repita o processo. 18. Em seguida, repita o exerccio prvio, mas prestando ateno nas notas que seus dedos esto tocando. Neste momento voc est desenvolvendo seu instinto para criar e escutar o que voc est tocando. 19. Agora escolha um Blues simples ou uma msica que voc conhea bem, para que voc no tenha que pensar na harmonia dela. Guarde a harmonia em algum lugar na parte de trs de sua mente e comece a fazer os Dedos Livres usando o instrumento todo. No toque o que voc j sabe. Procure algo novo, relaxe e improvise. Se possvel, grave tudo para monitorar seu progresso. Voc est se divertindo? Faa frequentemente este exerccio. 10 a 15 minutos de cada vez. Se voc estiver cansado isto significa que voc est pensando muito. 20. Neste momento, acrescente algumas figuras rtmicas aos exerccios acima. No comeo, tente com alguma que voc saiba bem e que j tenha usado vrias vezes. De vez em quando acrescente uma figura nova. Escute os outros instrumentos para adquirir ideias novas. 21. Voc ouvir coisas que nunca esperaria ouvir, ainda mais tocadas por voc mesmo. As ideias musicais que surgiro estavam ai j fazia algum tempo. Provavelmente voc deve ter ouvido tal coisa num filme ou novela ou no radio anos atrs sem querer. Ficou gravado em algum lugar da memria onde somente o nosso crebro criativo tinha acesso. J era hora de ns incorporarmos estas nossas ideias em nosso jeito de tocar. 22. Exemplo 2 Sem ritmo, comece a tocar o instrumento por toda a parte, exagerando nos movimentos. Quanto mais louca a performance, melhores sero os resultados obtidos. A msica que sair neste momento ser bastante difcil de ser apreciada por um publico no apreciador de msica Free. Faa isto por 5 ou 10 minutos seguidos. 23. Vamos passar, portanto, ao nvel seguinte. Acrescentando um ritmo de bateria de um sequencer ou computador com Band in a Box, vamos repetir o processo por mais 10 minutinhos. A sensao que se tem que a msica que est saindo neste momento soe mais agradvel, e poderia ser apreciada por um publico maior do que o anterior. Na verdade, estamos estreitando o nosso raio de ao com a introduo da bateria. Nosso crebro ainda estar criando no seu nvel mais puro e instintivo, mas j no conseguiremos mais sair fora do "trilho" do tempo e do ritmo. 24. Vamos ao nvel seguinte. Introduzamos agora um baixo junto com a bateria tocando um acorde s (qualquer acorde). O nosso raio de ao se estreitar mais ainda e a msica produzida agora soar ainda mais agradvel do que a anterior. Estreitando mais nosso raio de ao, na mesma medida em que um pblico eventual ir gostar mais da nossa msica, nos estaremos cada vez mais, entrando em um "trilho" sem possibilidade de sada. A nossa mente ainda estar se esforando para criar em um nvel mais puro, mas o chamado da base rtmica e harmnica ser forte demais para ser ignorado. 25. No nvel seguinte, introduziremos um instrumento harmnico qualquer, somado ao nosso baixo e bateria j existentes. O acorde poder mudar como tambm a batida. Agora, o nosso raio de ao ficar completamente limitado. O chamado dos instrumentos harmnicos nos deixar num "trilho" mais firme ainda do que os anteriores. Proporcionalmente ao nosso nvel de estudo e conhecimento, nos sentiremos mais ou menos amarrados, mas, em todo o caso, teremos que continuar nos esforando para libertar a nossa mente de caminhos conhecidos como patterns, escalas, cifras, digitaes, etc. e manter o nosso estado de instintividade sempre presente. 26. De qualquer forma, por algum motivo inerente ao inexplicvel da natureza humana, quanto mais amarrados a uma linha de baixo, a um ritmo e a uma harmonia, quanto maior ser o nosso sentimento de felicidade com a liberdade adquirida. Isso nos realimenta de uma forma extraordinria, ao ponto de que, no final do exerccio, estaremos completamente revitalizados. 27. Opcionalmente, podemos agora introduzir uma base com harmonia e ritmo de uma msica qualquer que nos j dominamos. Dependendo do nosso grau de conhecimento terico, nos sentiremos agora mais amarrados ainda. O trabalho de libertao da nossa mente ser difcil, e s vezes quase impossvel. Acrescentaremos nesta fase acordes ao nosso solo, mas sem algum tipo de pensamento lgico nem racional. O divertimento garantido! 28. http://www.facebook.com/emilio.jazz.cantini http://emiliocantini.com