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OS BENEFÍCIOS DA DANÇA DE SALÂO PARA IDOSOS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO DANÇA DE SALÃO E ENVELHECIMENTO Autoras: Daniela Pinto de Souza RA.001200601221 Dausilei Teixeira RA.001200601322 Orientadora Científica: Prof.(a).Dra. Mônica de Ávila Todaro Universidade São Francisco Curso de Educação Física – Licenciatura Avenida São Francisco de Assis, 218 Jardim São José CEP 12916-900 Bragança Paulista-SP e-mail: [email protected]

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OS BENEFÍCIOS DA DANÇA DE SALÂO PARA IDOSOS:

UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

DANÇA DE SALÃO E ENVELHECIMENTO

Autoras: Daniela Pinto de Souza RA.001200601221

Dausilei Teixeira RA.001200601322

Orientadora Científica: Prof.(a).Dra. Mônica de Ávila Todaro

Universidade São Francisco

Curso de Educação Física – Licenciatura

Avenida São Francisco de Assis, 218

Jardim São José

CEP 12916-900

Bragança Paulista-SP

e-mail: [email protected]

Resumo

O presente trabalho objetivou estudar o valor da dança de salão para

idosos, bem como, a promoção da saúde na 3ª idade. É importante saber a

função da ação promotora da dança dentro do conhecimento teórico e prático

como estratégia que favorece melhor aproveitamento de vida. Muitos idosos

sentem dificuldade na comunicação efetiva em determinados momentos da

vida e o fluxo das atividades da dança é reconhecido, também, como recurso

facilitador da saúde na velhice. Parte-se de uma análise evolutiva do

surgimento desta estratégia e questiona-se o papel das práticas habituais em

relação ao desempenho dos idosos na evolução desta dinâmica. Esta pesquisa

sugere a busca de conhecimentos preciosos para o processo de ativação de

energia dentro da própria vida, através de uma interação entre idosos e

atividades por meio da dança. Portanto, os benefícios da atividade física por

meio da dança contribuem para um estilo de vida independente e saudável,

melhorando a capacidade funcional e a qualidade de vida para essa

população.

Palavras – chave: Dança de salão – idosos – saúde – desenvolvimento físico

Abstract

This work aims to study the value of the dance hall for the elderly and

health promotion in the third age. It is important to know the function of action

promoter of dance within the theoretical and practical knowledge as a strategy

that promotes better use of life. Many elderly have difficulty in communicating

effectively at certain points in life and the flow of the activities of dance is

recognized also as a resource facilitator of health in old age. Part is an

3

evolutionary analysis of the appearance of this strategy and is questioning the

role of practice in relation to the performance of the elderly in the evolution of

this dynamic. This research suggests the search for knowledge valuable to the

process of activation of energy within the life through offering the elderly the

opportunity of dance experiences. So the benefits of physical activity through

dance contribute to a style of living independent and healthy, much to improving

functional capacity and quality of life for this population.

Keywords: Ballroom dance – elderly – health – physical development

1

1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a

população de idosos no Brasil deve triplicar até 2050 e o país precisará investir

em instituições para cuidar dessa grande parcela da população, que passará a

representar cerca de 13% do povo brasileiro (IPEA, 2007).

A Constituição Federal menciona o limite de 65 anos para a terceira idade,

mas na Política Nacional do Idoso esse limite é de 60 anos, conforme é

adotado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), enquanto que o código

penal brasileiro menciona a idade de 70 anos. Apesar de toda essa discussão,

a Organização Mundial de Saúde considera a idade de 65 anos, como limite

inicial, caracterizador da velhice, para os moradores de países desenvolvidos,

enquanto a ONU considera a partir dos 60 anos de idade para os idosos que

vivem em países em desenvolvimento como o Brasil (OMS, 2008).

Ultimamente são usados vários rótulos para denominar as pessoas que

chegaram ou passaram dos 60/65 anos, porém no intuito de minimizar um fato

comum e bem normal da humanidade, resolveram rotular as pessoas de

“terceira idade” ou ainda “melhor idade" (OMS, 2006).

Nesse contexto, nos próximos anos as pessoas da terceira idade terão

uma idade maior, tendo em vista o seguinte comparativo de expectativa de

vida: Em 2006, a esperança de vida do brasileiro ao nascer era de 72,3 anos.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2008). Em relação à de 1960 (54,6 anos), este número é maior em

32,4% (ou 17 anos, 8 meses e 1 dia).

Em média, no Brasil, no período de 2006 a 2007, houve um aumento de

quatro meses e 18 dias quanto à expectativa de vida, sendo de quatro meses

2

para os homens e de cinco meses e 7 dias para as mulheres. Em 2005, a

esperança de vida era de 71, 9 anos, sendo a masculina 68,2 e a feminina 75,8.

Nesses 46 anos, a esperança de vida das mulheres teve a maior alta

(35,7%), chegando 76,1 anos, contra 68,5 anos para os homens (28,9%). Em

relação a 1960, elas estão vivendo a mais, em média, 20 anos e 34 dias, e eles,

15 anos, 10 meses e 14 dias. Alguns dos fatores que contribuíram para esta

mudança foram à melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, as

campanhas de vacinação, o aumento da escolaridade, a prevenção de doenças

e os avanços da medicina (BRASIL, 1996).

Para Moragas (1997), cada vez mais, a prática regular de atividade física

vem sendo recomendada como elemento de promoção de saúde. Vive-se um

período de desenvolvimento tecnológico que gera conforto e comodidades da

realização de nossas tarefas diárias e, conseqüentemente, um estilo de vida

mais sedentário.

Para Todaro e Jacob Filho (2006) nas instituições asilares, pela freqüente

denominação eufemista de “Casa de Repouso”, o conseqüente “direito ao

descanso” se transforma naturalmente em abstinência de atividades físicas.

A dança como atividade física ajuda a garantir a independência funcional

do indivíduo através da manutenção da sua força muscular, principalmente de

sustentação, equilíbrio, potência aeróbica, movimentos corporais totais e

mudança no estilo de vida.

Segundo Ribeiro (1995), a dança se destaca porque permite que o

praticante sinta a leveza, fluência, alegria, liberdade. Distrai, colocando a

pessoa em contato a sua verdadeira essência, o que é uma estratégia

3

particularmente eficaz no combate ao estresse, à ansiedade, tensão muscular;

na busca da autoconfiança, da melhora do autoconceito e da imagem corporal.

Barbosa (2000) relata ainda a forte associação entre qualidades físicas

(tais como: resistências, coordenação, velocidade, força, equilíbrio, flexibilidade,

relaxamento, ritmo, agilidade etc) e habilidades motoras (movimentos mais

precisos como receber, passar, quicar, arremessar, costurar, cortar, escrever

etc).

De acordo com Corazza (2001, p.28)

Os profissionais que trabalham com idosos têm como

funções básicas: orientar e conhecer seus idosos em toda

a concepção "biopsicossocial", saber falar com respeito,

saber ouvir, respeitar a individualidade "psicofísica",

sempre considerar as opiniões e as críticas, saber elogiar

naturalmente, demonstrar confiança e segurança em sua

metodologia.

Todas as explicações e informações que tenha a passar para os idosos, a

ensinar, nem sempre serão absorvidas em um primeiro momento. Dessa forma,

sempre serão passíveis de várias repetições para perfeito entendimento e

assimilação do grupo. Nesses casos, não se deve demonstrar enfado ou

descontentamento, repetindo-se quantas vezes se fizerem necessárias e,

sempre, como se fora à primeira vez (BARBOSA, 2000).

2. OBJETIVO

Estudar o valor da dança de salão para idosos, bem como a promoção

da saúde na 3ª idade.

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3. DESENVOLVIMENTO

O envelhecimento da população mundial é um fenômeno novo ao qual

mesmo os países desenvolvidos estão tentando se adaptar, o que era marca

de alguns países passou a ser crescente em todo mundo. O conceito de

capacidade funcional é particularmente útil no contexto do envelhecimento.

Quando a capacidade funcional começa a se deteriorar é que os problemas

começam a surgir (PAPALIA, 2002).

O conceito está intimamente ligado à manutenção da autonomia,

dependência e a transferência do idoso para uma instituição, caso não seja

possível mobilizar recursos financeiros e familiares para cuidar do idoso em

sua própria casa, recorrendo à internação quando a sobrecarga torna-se

insuportável ou supõem que o idoso não está recebendo assistência

adequada (PAPALIA, 2002).

O envelhecimento é marcado por fases onde muitas transformações

ocorrem na vida dos indivíduos. Os sentidos não têm a mesma eficiência, os

ossos e músculos começam a ficar comprometidos e outros órgãos começam

a sofrer dificuldades para exercer sua função com eficácia. Cabem as

instituições que asilam idosos, cuidar para que essas qualidades restantes

sejam preservadas ou melhoradas e para que o processo de envelhecimento

não seja só visto como o fim de uma vida (WALDOW, 1998a; WALDOW,

2001) e sim como um processo natural e inevitável.

Papaleo Netto (2002, p.122), afirma que:

[...] uma das formas de conceituar o envelhecimento

seria um processo dinâmico e progressivo, onde

ocorrerá alteração morfológica, funcional e bioquímica

5

que vão alterando progressivamente o organismo,

tornando mais suscetível às agressões intrínsecas e

extrínsecas.

Inerente a qualquer organismo, a memória vem fascinando vários

pesquisadores. Ao mesmo tempo em que são feitas novas descobertas mais

nos questionamos sobre o funcionamento desta atividade tão fundamental para

adaptação do indivíduo ao ambiente que o cerca (VIUDE, TAMAI e BORSOI,

2003). Assim sendo os indivíduos envelhecerem mantendo-se autônomos e

independentes, as dificuldades serão mínimas para eles, sua família e a

sociedade (ABREU et al, 2003).

A longevidade humana propõe aos idosos a preservação da qualidade

de vida, na presença das ameaças de restrição da autonomia e da

independência, causadas pela depleção da saúde e pelo empobrecimento da

vida social (DUARTE e DIOGO, 2000).

Para prevenir ou minimizar os efeitos do envelhecimento, é necessário

que se inclua a atividade física. Essa preocupação tem sido abordada não

somente nos países desenvolvidos, como também nos países em

desenvolvimento, como é o caso do Brasil (MATSUDO, 2002).

A prática de exercício físico, além de combater o sedentarismo, contribui

de maneira significativa para a manutenção da aptidão física do idoso, seja na

sua vertente da saúde como nas capacidades funcionais (PASSARO, 1996).

A atividade física aeróbia regular é capaz de promover um aumento na

capacidade física a um nível pelo menos moderado, pode ser benéfica, tanto

para a prevenção, como para o tratamento da hipertensão. No entanto, os

efeitos do treinamento não persistem por mais de duas semanas, após a

interrupção da atividade física regula (PASSARO, 1996).

6

Nesse contexto pode-se dizer que os exercícios físicos minimizam os

efeitos advindos do envelhecimento e permitem prevenir possíveis

complicações.

3.1 Idosos institucionalizados

Institucionalização é o ato ou efeito de institucionalizar. Institucionalizar,

por sua vez, é dar o caráter de instituição, adquirir o caráter de instituição

(HOLANDA, 1999, p.323).

Para os idosos institucionalizados é importante que as instituições de

caráter asilar, que muitas vezes tornam-se a única opção para os idosos e suas

famílias, possuam aparatos infra-estruturais, recursos humanos e materiais,

para atender, convenientemente, a essa clientela, dadas as especificidades

relacionadas à faixa etária (PAPALIA, 2002).

Salgado (1982) revela que as instituições para idosos contam com um

novo tipo de clientela: o idoso independente. Mas nem sempre essas

instituições estão prontas para recebê-lo, já que as mesmas não suprem suas

necessidades sociais mais comuns levando-o a apressar o seu declínio

psicofísico até a morte. Ressalta ainda que a vida institucional não seja

característica de nossa cultura, pois violenta todas as conquistas do processo

de vida e traumatiza a existência.

O idoso, ao entrar para uma instituição, é levado a um mundo à parte,

perde sua individualidade, entra aos poucos num processo de isolamento e

deixa de existir. Negam-se as possibilidades de elaboração de projetos já que

está vivendo num mundo sem significado pessoal (SALGADO, 1982).

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Fica claro que o idoso ao perder (total ou parcial) as suas construções

simbólicas, conseqüentemente sofrerá um corte com o seu mundo de relações

e com sua história (PIMENTEL, 2001).

3.2 Idosos não institucionalizados

Entende-se por idosos não institucionalizados aqueles que não recebem

assistência de entidade asilar (PAPALIA, 2002).

Considerando este aspecto para os idosos não institucionalizados, na

maioria dos casos é a família que assume o cuidado do idoso. Esta, muitas

vezes sem recursos econômicos, ou de conhecimentos específicos,

necessários a esta ação, pois as políticas de saúde não oferecem recursos e

suporte a assistência/cuidado da população idosa e, menos ainda, à família

cuidadora (KARSCH apud CREUTZBERGE e SANTOS, 2000).

Com relação às idosos não institucionalizados e que praticam atividades

físicas, tem-se observado que a capacidade cognitiva, bem como a memória

ainda está bem preservada, o que pode indicar que a institucionalização aliada

ao sedentarismo pode levar a uma perda significativa da memória (PAPALIA,

2002).

Nesse contexto faz-se necessário conceituar a dança para que se possa

ter melhor conhecimento de seus benefícios para as pessoas idosas, é o que

se enfoca no capítulo a seguir.

3.2.0 Dança

A dança, por se tratar de uma forma de expressão corporal e muitas vezes

por não fazer parte do cotidiano de muitas pessoas, deve ser encarada como

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uma nova situação e como tal deve ser analisada e executada com harmonia

entre cérebro e corpo (FREITAS, 2008). Como qualquer nova atividade física

que exija uma comunicação entre corpo e cérebro, só será efetuada com

exatidão quando o corpo estiver recebendo corretamente os dados que lhe

estiverem sendo enviado (FREITAS, 2008).

Deve-se estar consciente de que a expressão corporal é de fundamental

importância para o ser humano, fazendo com que se aperfeiçoe a coordenação

motora, trazendo ao cotidiano uma grande paz de espírito; quando efetuada em

grupo proporciona a convivência social saudável, além de se estar fazendo

exercícios físicos que com certeza beneficiarão o organismo (FREITAS, 2008).

A dança como qualquer outra situação inusitada, às vezes nos causa exaustão,

no entanto deve-se sobrepor a este fator os benefícios que ela pode nos trazer

(FARO, 1986).

3.2.1 Conceito de dança

Segundo Houaiss (2001, p.907) “a dança é o conjunto organizado de

movimentos ritmados do corpo, acompanhados por música; bailado”. A arte da

dança faz parte das culturas humanas e sempre integrou o trabalho, as religiões

e as atividades de lazer.

A dança, tal como todas as manifestações artísticas, é fruto da

necessidade de expressão do homem, de maneira que seu aparecimento se liga

tanto às necessidades mais concretas dos homens quanto àquelas mais

subjetivas (FARO, 1986).

A atividade da dança pode desenvolver no ser humano a compreensão de

sua capacidade de movimento, mediante um maior entendimento de como seu

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corpo funciona. Assim, poderá usá-lo expressivamente com maior inteligência,

autonomia, responsabilidade e sensibilidade (BRASIL, 1996).

3.2.2 Tipos de dança

Quando se fala em dança, pode-se pensar em vários tipos de dança, por

exemplo: dança de salão, samba, forró, pagode, jazz, sapateado, balé clássico,

afros, modernos, contemporâneos, dança folclórica, dança popular, maxixe,

quadrilha, valsa, entre outras. Na dança social, os participantes dançam para o

seu próprio prazer. Todos os tipos de dança envolvem movimento, energia,

ritmo e criação (FREIRE, 1999).

Quando se refere à dança para pessoas cujo corpo apresenta uma

deficiência, a primeira idéia que talvez passe pela nossa cabeça seja a dança

terapêutica, ou a dança expressiva ou livre, usada geralmente para se soltar

(FREIRE, 1999).

3.2.3 Dança de salão

Desde a Antigüidade, a humanidade já tinha na expressão corporal,

através da dança, uma forma de se comunicar. Encontramos influências

culturais dos países onde são dançados e de onde são originários os ritmos.

Cada cultura transporta seu conteúdo às mais diferentes áreas, dentre estas, as

danças absorvem grande parte desta transferência, pois sempre foi de grande

importância nas sociedades através dos tempos, seja como uma forma de

expressão artística, como objeto de culto aos deuses ou como simples

entretenimento. No entanto em tempos mais remotos o sentido da dança tinha

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um caráter místico, pois era muito difundida em ritos religiosos e raramente era

dançada em festas comemorativas (FREITAS, 2008).

O Renascimento cultural dos séculos XV/XVI trouxe diversas mudanças no

campo das artes, cultura, política, dentre outras. Dentro deste contexto, a dança

também sofreu profundas alterações que já vinham se arrastando através dos

anos (FREITAS, 2008).

Desde então a dança social foi se transformando e aos poucos se tornou

acessível às camadas menos privilegiadas da sociedade que já desenvolviam

outro tipo de dança: as danças populares; que, inevitavelmente, com estas

alterações de comportamento foram se unindo às danças sociais, dando origem

assim a uma nova vertente da música, dançada por casais, que mais tarde seria

denominada Danças de Salão (FREITAS, 2008).

A dança de salão está presente no Brasil antes da vinda da família real,

mas foi após a vinda da família real, que ela se intensificou profundamente, pois

trouxe toda a cultura da corte para o Brasil (PERNA, 2002).

Com relação aos benefícios, a dança de salão pode proporcionar um

conhecimento mais profundo dos corpos das pessoas: seus limites, a beleza de

seus movimentos, a alegria da expressão corporal (PERNA, 2002).

Mas, além disto, a dança trabalha a coordenação motora, agilidade, ritmo

e percepção espacial, desenvolve a musculatura corporal de forma integrada e

natural, permite uma melhora na auto-estima e quebra de diversos bloqueios

psicológicos, possibilita convívio e aumento do rol de relações sociais, torna-se

uma opção de lazer e promove inclusive melhora de doenças e outros

problemas (PERNA, 2002).

11

Nesse contexto a dança de salão é muito importante para o

desenvolvimento dos idosos, principalmente em relação às atividades física,

afetivas, entre outras, que serão abordadas no capítulo a seguir.

3.2.4 A dança e o desenvolvimento humano dos idosos

São muitas as modalidades de atividades físicas que podem ser praticadas

pelos idosos. Entretanto, algumas são mais convenientes nesta faixa etária, pois

fazem com que as pessoas se sintam melhor fisicamente. Hermida (2000)

afirma que as atividades físicas mais indicadas aos idosos são: a caminhada, a

natação, a ginástica, o golfe e a dança. O mesmo autor ainda destaca que a

dança é uma ótima atividade física e terapêutica para os idosos que se sentem

solitários, e não só, pois alia o movimento à música, explora a expressão

corporal e a coordenação motora.

Para Papalia e Olds (2000 p.26)

Um dos motivos do desenvolvimento humano ser tão

complexo é que as mudanças ocorrem em muitos

aspectos diferentes do eu. Para simplificar a discussão, os

autores falam separadamente sobre o desenvolvimento

físico, cognitivo e psicossocial em cada período da vida,

mas na verdade esses aspectos estão entrelaçados. Cada

um deles afeta os outros.

3.2.5 A dança e o desenvolvimento físico na terceira idade

Algumas mudanças tipicamente associadas com o envelhecimento são

evidentes até para o observador mais causal (PAPALIA, OLDS, 2000). No

entanto para Todaro e Jacob Filho (2006) nas instituições asilares, pela

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freqüente denominação eufemista de “Casa de Repouso”, o conseqüente

“direito ao descanso” se transforma naturalmente em abstinência de atividades

físicas.

É importante que as atividades oferecidas estejam de acordo com as

expectativas dos participantes, o que confirma que a velhice, por ser um

fenômeno heterogêneo, permite que as escolhas nessa etapa da vida também

o sejam (TODARO e JACOB FILHO, 2006).

As pessoas mais velhas podem fazer a maioria das coisas que os jovens

são capazes, porém mais lentamente (BIRREN, WOODS & WILLIAMS, 1980;

SALTHOUSE, 1985, apud PAPALIA e OLDS, 2000). Elas têm menos força do

que tinham antes e são limitadas em atividades que requerem resistência ou

capacidade de carregar cargas pesadas (BIRREN, WOODS & WILLIAMS,

1980; SALTHOUSE, 1985, apud PAPALIA e OLDS, 2000).

Segundo diferentes autores (RIBEIRO, 1993; NANNI, 1995; MARQUES,

1999; CARLI, 2000), a dança, quando praticada regularmente, possibilita a

aquisição de habilidades e auxilia na melhora de aspectos físicos.

Dançar faz com que as pessoas se sintam bem, pois dá prazer e produz

alegria. Em relação à importância da dança na vida dos idosos, podemos

observar que muitas delas disseram que faz bem aos aspectos físicos e para a

saúde (RIBEIRO, 1993; NANNI, 1995; MARQUES, 1999; CARLI, 2000).

A manutenção da boa forma física e de uma vida social ativa é

fundamental para a saúde e a longevidade do idoso. Na terceira idade, a dança

pode ser considerada uma verdadeira terapia. Ela proporciona movimento

regular e sem grande esforço aliado ao convívio saudável com outras pessoas,

13

em ambiente estimulante, repleto de música e alegria (RIBEIRO, 1993; NANNI,

1995; MARQUES, 1999; CARLI, 2000),

3.2.6 A dança e o desenvolvimento cognitivo na terceira idade

A idade muitas vezes traz mudanças no funcionamento cognitivo, mas

nem todas são prejudiciais.

Uma questão fundamental que divide os psicólogos com

uma visão relativamente otimista do desenvolvimento

cognitivo na terceira idade daqueles com uma visão

menos positiva é a plasticidade, ou modificamento: se o

desempenho cognitivo em adultos mais velhos pode ser

aperfeiçoado com treinamentos e prático (PAPALIA E

OLDS, 2000, p. 513).

Idosos tendem a aperfeiçoar o uso prático da dança como fonte de

informações e conhecimento prático que armazenam com a educação, o

trabalho e a experiência de vida. A dança para a terceira idade tem boa

aceitação por parte dos que a praticam e, também, que a idade não se

constitui em obstáculo para sua prática (PRADO et al, 2000).

3.2.7 A dança e o desenvolvimento psicossocial na terceira

Idade

Desde que a sociedade foi se organizando, é observada uma minoria

comandando uma grande maioria. Assim, a participação do idoso na

sociedade não é um espaço que preexiste como se fosse algo natural

(SCANDIAN,1992).

14

A participação social deve ser entendida como um componente da prática

social vivenciada pelo homem em relação com outros homens para a

determinação de si mesmo e da sociedade (SCANDIAN,1992).

A dança tem forte caráter sociabilizador e motivador; seja em par ou

sozinho, seja velho ou criança, seja homem ou mulher, dançando todos nos

sentimos bem. É uma prática para toda a vida, que desperta sentimentos e

desenvolve capacidades anteriormente inimagináveis (ROBATTO,1994).

Não apenas os aspectos sociais são despertados nos idosos em

relação à dança, mas também os processos de afetividade, os quais dão

melhores condições de um envelhecer saudável (ROBATTO,1994).

3.2.8 Os benefícios da dança como atividade para idosos

A dança como atividade física ajuda a garantir a independência

funcional do indivíduo através da manutenção de sua força muscular,

principalmente de sustentação, equilíbrio, potência aeróbica, movimentos

corporais totais e mudanças do estilo de vida (REZENDE,2003).

É importante que o idoso experimente a existência de suas articulações,

o limite de sua força, o prazer de transformar o seu corpo num instrumento

para extravasar suas emoções, seus sentimentos (PEREIRA,2000).

A prática da dança de salão proporciona inúmeros benefícios aos que a

ela se dedicam. Quando praticada com regularidade é uma espécie de

ginástica aeróbia de baixo impacto, excelente para manter a forma física de

pessoas de todas as idades e condicionamentos físicos diferenciados

(GOMES,2007).

15

Na terceira idade, a dança pode ser considerada uma verdadeira terapia.

Ela proporciona movimento regular e sem grande esforço aliado ao convívio

saudável com outras pessoas, em ambiente estimulante, repleto de música e

alegria (GOMES,2007).

Os bailes voltados para a terceira idade são organizados, geralmente,

em horários propícios (por exemplo, à tarde), de forma que as pessoas

possam manter sua independência, indo e vindo da atividade sem a

necessidade de acompanhantes e não tendo prejudicado seu necessário

horário de sono (GOMES,2007).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal benefício da dança de salão, enquanto atividade física, são a

mobilidade articular e a coordenação motora, o contato com o movimento,

poder pensar o que está fazendo e realizar o movimento desejado. O processo

de aprendizado de dança de salão passa pelo conhecimento articulado, ou

seja, associam conhecimentos e definições, físicos e até mesmo filosóficos,

com experimentação, vivência e percepção. Integra corpo/mente, razão e

emoção no pleno exercício do prazer. Para tanto é importante saber envelhecer

e saber descobrir o encanto de cada idade. Feliz de quem envelhece

crescendo em compreensão para com tudo e para com todos.

Entretanto, no processo do envelhecimento é importante freqüentar

salões de dança que é por si só, uma boa forma de buscar a convivência.

Dançar a dois, na maioria dos casos desperta alegrias muitas vezes

adormecidas como se divertir à noite inteira gastando bem pouco dinheiro (na

maioria dos casos os bailes são atividades de lazer consideradas populares de

16

baixo custo) ocupar-se com problemas cotidianos, sem risco ou conseqüências

muito graves tal como realizar um passo mais complexo e ter a oportunidade

de conhecer e se aproximar de várias pessoas, principalmente do sexo oposto.

A dança como atividade física ajuda a garantir a independência funcional

do indivíduo através da manutenção da sua força muscular, principalmente de

sustentação, equilíbrio, potência aeróbia, movimentos corporais totais e

mudanças do estilo de vida. A dança de salão é um recurso interessante capaz

de contribuir para a autonomia e independência do indivíduo idoso, para que

estes se mantenham ativos e participativos socialmente. Desta forma, é

possível caracterizá-la como uma atividade importante em programas de

atividades voltados para a terceira idade.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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