os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

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J. Raúl O. Rodrigues Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha J. Raúl O. Rodrigues

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Bioecologia do aranhiço-vermelho Panonychus ulmi (Koch)Bioecologia de ácaros predadores da família PhytoseiidaeEfeitos secundários dos pesticidas sobre ácaros fitoseídeosDistribuição das espécies de fitoseídeos em Portugal continental

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Page 1: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço vermelho em fruteiras e vinha

J. Raúl O. Rodrigues

(Editor científico)

Os ácaros fitoseídeosna limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

J. Raúl O. Rodrigues

Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço vermelho em fruteiras e vinha

J. Raúl O. Rodrigues

(Editor científico)

Os ácaros fitoseídeosna limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

J. Raúl O. Rodrigues

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Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho

em fruteiras e vinha

Editor científico:

J. Raúl Rodrigues

2005

Ilustração da capa:

Page 3: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Fotos: J. Raul Rodrigues Arranjo Gráfico: Gabriela Dias

Título: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Editor Científico: J. Raul Rodrigues

Autores: J. Raul Rodrigues Carlos Silva Miriam Cavaco Anabela nave Carlos Veiga Pedro Duarte J. Guerner-Moreira Jorge Costa João Santos

Paulo A. Fernandes F. Pimenta-Carvalho Paulo S. Gomes Paula Simão Ricardo Miranda Vasco Rodrigues Felisbela Mendes Ana Paula Félix Laura M. Torres

Impressão: Instituto Politécnico de Viana do Castelo

Distribuição: Escola Superior Agrária de Ponte de Lima. 4990-706 Ponte de Lima. Portugal e-mail: [email protected]

ISBN: 972-745-080-6

Depósito Legal nº 221618/05

Tiragem: 2500 exemplares © 2004, Instituto Politécnico de Viana do Castelo/Escola Superior Agrária de Ponte de lima. Proibida a reprodução total ou parcial do texto ou ilustrações, sem autorização por escrito, dos autores e do editor. Esta publicação foi financiada pelo Projecto AGRO 317 – Efeitos secundários dos pesticidas sobre ácaros predadores (Acari: Phytoseiidae) associados às culturas de macieira e vinha nas regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Interior. Viana do Castelo, Janeiro, 2005.

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Índice

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1 1.1. Referências bibliográficas ...................................................................... 7

2. O ARANHIÇO-VERMELHO PANONYCHUS ULMI (KOCH) (ACARI: TETRANYCHIDAE) ........................................................................................ 10 2.1. Introdução ............................................................................................. 10 2.2. Posição sistemática ............................................................................... 11 2.3. Morfologia ............................................................................................ 13 2.4. Bioecologia ........................................................................................... 17

2.4.1. Reprodução e ciclo de vida ................................................................... 18 2.4.2. Padrão espacial e dinâmica populacional ............................................. 23 2.4.3. Plantas hospedeiras e preferências alimentares .................................... 29

2.5. Natureza e importância dos prejuízos. .................................................. 31 2.6. Referências bibliográficas .................................................................... 35

3. OS ÁCAROS FITOSEÍDEOS (ACARI: PHYTOSEIIDAE) .................................... 42 3.1. Introdução ............................................................................................. 42 3.2. Caracterização da família ..................................................................... 43

3.2.1. Posição sistemática ............................................................................... 43 3.2.2. Morfologia ............................................................................................ 45 3.2.3. Anatomia interna .................................................................................. 57

3.3. Bioecologia ........................................................................................... 58 3.3.1. Reprodução e desenvolvimento ............................................................ 58 3.3.2. Interrupção do ciclo biológico: diapausa .............................................. 62 3.3.3. Factores condicionantes da distribuição dos fitoseídeos. ...................... 64

3.4. Acção na limitação natural do aranhiço-vermelho ............................... 71 3.4.1. Inimigos naturais .................................................................................. 72 3.4.2. Luta biológica versus limitação natural ............................................... 74

3.5. Selecção das espécies a utilizar na limitação natural do aranhiço-vermelho ............................................................................................... 80 3.5.1. Características bioecológicas dos fitoseídeos ....................................... 81 3.5.2. Potencial regulador e relações intra e inter-específicas na família dos

fitoseídeos ............................................................................................. 90 3.6. Espécies de fitoseídeos consideradas de maior importância e fruteiras e

vinha ................................................................................................... 101 3.6.1. Euseius stipulatus (Athias-Henriot) .................................................... 101 3.6.2. Typhlodromus pyri Scheuten .............................................................. 102 3.6.3. Typhlodromus phialatus Athias-Henriot ............................................. 103 3.6.4. Amblyseius andersoni (Chant) ............................................................ 104 3.6.5. Neoseiulus californicus (McGregor) .................................................. 105 3.6.6. Kampimodromus aberrans (Oudemans) ............................................. 107

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3.7. Referências bibliográficas .................................................................. 107 4. TOXIDADE DE CAMPO DE DIFERENTES PESTICIDAS SOBRE FITOSEÍDEOS . 118

4.1. Introdução. .......................................................................................... 118 4.2. Procedimentos experimentais ............................................................. 121 4.3. Ecossistema Macieira ......................................................................... 124

4.3.1. Acaricidas ........................................................................................... 124 4.3.2. Insecticidas ......................................................................................... 128 4.3.3. Fungicidas ensaiados, homologados contra o pedrado da macieira .... 136

4.4. Ecossistema Vinha .............................................................................. 140 4.4.1. Insecticidas ensaiados, homologados contra a traça-da-uva. .............. 140 4.4.2. Fungicidas .......................................................................................... 143

4.5. Ecossistema Cerejeira ........................................................................ 152 4.5.1. Insecticidas ensaiados, homologados contra afídeos da cerejeira ....... 152 4.5.2. Fungicidas .......................................................................................... 154

4.6. Considerações finais. .......................................................................... 159 4.7. Referências Bibliográficas .................................................................. 164

5. REPARTIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE FITOSEÍDEOS NALGUMAS REGIÕES PORTUGUESAS ............................................................................. 167 5.1. Introdução ........................................................................................... 167 5.2. Distribuição das espécies de fitoseídeos ............................................. 170

5.2.1. Ecossistema Macieira ......................................................................... 171 5.2.2. Ecossistema Vinha.............................................................................. 175 5.2.3. Ecossistema Cerejeira ......................................................................... 177

5.3. Implicações práticas ........................................................................... 177 5.4. Referências bibliográficas .................................................................. 179

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Introdução 1

1.

Introdução

J. Raul Rodrigues

Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Convento de Refóios, 4990-706 Ponte de Lima.

A descoberta dos pesticidas orgânicos de síntese nos anos quarenta

do sec. XX criou grande optimismo em relação à utilização de métodos

químicos para combater os principais inimigos das culturas,

generalizando-se a ideia de que qualquer praga ou doença poderia ser

combatida eficazmente mediante a utilização do pesticida adequado.

Nesta perspectiva, os inimigos das culturas eram vistos como entidades

meramente económicas e não biológicas (Hill, 1984), pelo que o recurso

exclusivo à luta química apresentava vantagens de índole económica que

per si justificavam a sua utilização (Vezin, 1964).

Porém, não foram necessários muitos anos para se verificar que a

utilização exclusiva de pesticidas de síntese no combate aos inimigos das

culturas, não resolvia todos os problemas. O desenvolvimento de novas

pragas nos pomares, associado ao aparecimento de fenómenos de

resistência e à destruição da fauna auxiliar indígena, conduziram a uma

“espiral de tratamentos” (Baggiolini, 1998; Baggiolini et al., 1979;

Kropczynska & Tuovinen, 1988) com consequências nefastas nos

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Introdução 2

ecossistemas agrários.

Os tratamentos visavam apenas os inimigos das culturas, ignorando-

se os seus efeitos noutros organismos não visados directamente. Tais

efeitos secundários reflectem-se em vários níveis (Baggiolini & Bénassy,

1982):

• acção sobre os inimigos das culturas, levando ao aparecimento

de fenómenos de resistência;

• Acção sobre a fauna e a flora, em especial sobre o predadores

naturais;

• Efeitos nas próprias plantas tratadas, tais como fitotoxidade,

efeitos tróficos, resíduos nos frutos e alterações de gosto;

• Efeitos ao nível do solo, como os resultantes dos resíduos por

tratamento directo, arrastamento e decomposição de plantas

tratadas;

• Efeitos ao nível da água, através da acumulação de resíduos nos

canais, ribeiros, rios e mares.

Como consequência da utilização indiscriminada de insecticidas

organoclorados como o DDT e mais tarde de alguns organofosforados e

carbamatos no combate ao bichado-das-pomóideas (Cydia pomonella L.),

assistiu-se ao desenvolvimento intempestivo de ácaros fitófagos, em

resultado segundo hoje se admite, da falta de selectividade destes

produtos, causando a morte dos auxiliares entomófagos (Milaire, 1964).

No sentido de contribuir para explicar a intensificação do ataque de

ácaros verificada nos pomares, Baillod (1984) apresenta três teorias

possíveis:

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Introdução 3

• Teoria ecológica: desaparecimento dos predadores como

consequência de tratamentos intensivos, excessivos e destituídos de

selectividade;

• Teoria trófica: aumento da longevidade e da fecundidade dos

ácaros, seja por acção directa dos produtos utilizados, seja por

acção indirecta (alteração qualitativa da seiva, que lhe serve de

alimento);

• Teoria das estirpes resistentes: aparecimento de estirpes

resistentes ao pesticida utilizado, e seguidamente a um grupo de

pesticidas.

Os ácaros tetraniquídeos, aranhiço-vermelho, Panonychus ulmi

(Koch) e aranhiço-amarelo, Tetranychus urticae Koch, constituem bom

exemplo das modificações induzidas pelas técnicas de produção intensiva

ao nível da entomofauna nos pomares (Costa-Comelles, 1986; Milaire,

1987). Se por um lado a utilização de insecticidas de largo espectro de

acção visava a erradicação de todos os organismos nocivos aos pomares,

a sua acção sobre os auxiliares manifestava-se quer directamente, através

da sua acção tóxica, quer indirectamente, através do quase

desaparecimento da praga, essencial à sobrevivência desses mesmos

auxiliares.

No final do primeiro quartel do séc. XX, Massee & Steer (1929),

citados por Pinto-Ganhão (1959) referem que a aplicação frequente de

tratamentos de Inverno favorece o aumento da população de ácaros, em

virtude de provocar o extermínio dos seus inimigos naturais. Mais tarde,

no início dos anos quarenta, investigadores canadianos publicaram os

primeiros trabalhos acerca da eliminação da entomofauna útil como

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Introdução 4

consequência da utilização de insecticidas organoclorados (Milaire,

1993). Estes mesmos investigadores, propuseram pela primeira vez uma

combinação de meios de luta química e biológica para uma protecção

eficaz contra as pragas das culturas, chamando a esta combinação “luta

integrada” (Milaire, 1964).

A partir de finais dos anos cinquenta, começaram a focar-se os

inconvenientes da prática exclusiva da luta química, por vezes “cega”. Ao

mesmo tempo, desenvolveram-se linhas de investigação visando a

procura de novos conceitos, melhor adaptados aos imperativos da

biologia e da ecologia das pragas e respectivos predadores naturais. A

partir de então, desenvolveram-se estudos sobre as acções secundárias

dos insecticidas nos predadores naturais do aranhiço-vermelho.

Ainda na década de cinquenta, foi posto em evidência o efeito

nefasto do paratião, de outros ésteres fosfóricos e mesmo de certos

carbamatos, sobre ácaros fitoseídeos.

Durante os anos sessenta, Baggiolini et al. (1979), estudaram os

efeitos secundários de insecticidas, acaricidas e fungicidas sobre os

predadores naturais do aranhiço-vermelho. Como resultado,

preconizaram entre outras medidas:

• a utilização de níveis de tolerância na luta contra a praga;

• o abandono de insecticidas polivalentes, como os ésteres

fosfóricos;

• a escolha de fungicidas com acção retardadora sobre o

desenvolvimento das populações de ácaros.

A partir de então, a noção de erradicação de pragas dos pomares, foi

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Introdução 5

substituída pelo conceito de “Luta Integrada”, que se baseia na associação

da luta biológica com a luta química, cujo objectivo essencial é evitar que

um organismo nocivo ultrapasse um nível de tolerância susceptível de

causar prejuízos, não pondo de parte a luta química, mas em associação

com outras formas compatíveis de prevenção ou de protecção. O conceito

de Luta Integrada passa a ser alargado ao conjunto dos meios de luta

(Baggiolini, 1982).

À medida que se foi desenvolvendo e aprofundando a investigação

sobre o binómio predador/presa, foram-se preenchendo todas as

condições para a promoção de investigação sobre auxiliares entomófagos,

entrando estes na tomada de decisão fitossanitária e considerando-os

agentes de regulação que convém preservar e explorar.

O conceito de Protecção Integrada, actualmente utilizado foi

clarificado pela Organização Internacional de Luta Biológica e Protecção

Integrada/Secção Oeste Paleárctica (OILB/SROP) em 1976 na reunião de

Ovronnaz, sendo definido como: um processo de luta contra os

organismos nocivos utilizando um conjunto de métodos que satisfaçam as

exigências económicas, ecológicas e toxicológicas e dando carácter

prioritário às acções fomentando a limitação natural dos inimigos das

culturas e respeitando os níveis económicos de ataque (OILB/SROP,

1977).

A elevada importância económica atribuída ao aranhiço-vermelho,

levou à criação em Portugal, durante a década de setenta, do “Grupo de

Trabalho de Ácaros” cuja primeira prioridade foi a “linha de combate aos

ácaros de interesse agrícola”. Mais tarde, desenvolveram-se linhas de

investigação sobre a bioecologia do aranhiço-vermelho com especial

ênfase na cultura da macieira.

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Introdução 6

Durante a década de noventa, e numa perspectiva de racionalização

da utilização de pesticidas, foi desenvolvida na Universidade de Trás-os-

Montes e Alto Douro (UTAD), uma linha de trabalho sobre “Protecção

integrada da cultura da macieira contra aranhiço-vermelho no Norte

Interior de Portugal” no âmbito do projecto (PBIC/AGR/2279/95)

financiado pela então Junta Nacional de Investigação Científica e

Tecnológica.

Dando continuidade ao referido projecto, o estudo da toxidade de

campo dos pesticidas sobre ácaros predadores da família Phytoseiidae,

constitui actualmente uma área prioritária de investigação e

experimentação na Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, onde, em

2003 se reuniu pela primeira vez em Portugal o Grupo de Trabalho

Pesticidas e auxiliares da OILB/SROP que contou com a presença de

cerca de uma centena de investigadores provenientes de 13 países.

A aprovação do Projecto Agro nº 317 “Efeitos secundários dos

pesticidas sobre ácaros predadores (Acari: Phytoseiidae) associados às

culturas da macieira e vinha nas regiões de Entre Douro e Minho e da

Beira Interior”, permitiu alargar o campo de acção, através do estudo da

toxidade de campo de diversos pesticidas utilizados no combate aos

principais inimigos da macieira, vinha e cerejeira, nestas regiões, e da

identificação das espécies associadas às referidas culturas nas regiões

abrangidas pelo estudo.

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Introdução 7

1.1. Referências bibliográficas

BAGGIOLINI, M. & BÉNASSY (1982) – Efeitos secundários dos pesticidas. In: Amaro & Baggiolini (Ed.) – Introdução à protecção integrada. 1. FAO/DGPPA, Lisboa: 152-164.

BAGGIOLINI, M. (1982) – Os princípios da protecção integrada. In: Amaro & Baggiolini (Ed.) – Introdução à protecção integrada.1. FAO/DGPPA, Lisboa: 7-17.

BAGGIOLINI, M. (1998) – Historique: 50 ans de souvenirs. In: Boller et al., (Ed.) Integrated production in Europe, 20 years after the declaration of Ovronnaz. IOBC/WRPS Bulletin, 21 (1): 5-11.

BAGGIOLINI, M.; GUIGNARD, E. & I, Ph. (1979). Nouvelle orientation dans la lutte contre les araignées rouges résistantes dans les vergers. Révue Suisse Vitic. Arboric. Hortic., 11(1) : 39-44.

BAILLOD, M. (1984) – Lutte biologique contre les acariens phytophages. Revue Suisse Vitic. Arboric. Hortic., Vol. 16 (3): 137-142.

COSTA-COMELLES, J. (1986) – Causas de la proliferación de ácaros Panonychus por plaguicidas - Posibilidad de su control biológico en manzano. Tesis doctoral. Escuela Técnica Superior de Ingenieros Agrónomos / Universidad Politécnica de Valencia, 410p.

HILL, S. B. (1984) – Lutte ecologique contre les ravageurs: s’attaquer aux causes. In: Vincent, C & Bostanian, (Ed.) - La phytoprotection des vergzers de pommiers au Québec. EAP Publication nº 19. Disponível site: Ecological Agriculture Projects. (Última actualização: s/d), URL: http://eap.mcgill/publications/eap3f.htm, acedido em 19/12/99.

KROPCZYNSKA, D. & TUOVINEN, T. (1988) – Occurrence of phytoseiid mites (Acari: Phytoseiidae) on apple trees in Finland. Annales Agriculturae Fenniae, 27: 305-314.

MILAIRE, H-G. (1964) – Méthodes de lutte contre les ravageurs des cultures: lutte chimique, lutte biologique et lutte intégrée. Phytoma Défense des Cultures, 157: 15-21.

MILAIRE, H-G. (1987) – La protection phytosanitaire des vergers de pommiers et de poiriers para la lute intégrée. Phytoma Défense des Cultures, 392: 38-49.

MILAIRE, H-G. (1993) – Les moyens de lutte biologique contre les insectes et les acariens.. Phytoma - La Défense des cultures, Mai, 51-56.

OILB/SROP (1977) – La protection intégrée, une technique d’appoint, conduisant à la production integrée. IOBC/WRPS Bulletin, (4): 117-130.

PINTO-GANHÃO, J. F. (1959) – Principais ácaros das fruteiras: - actuais meios de luta. Lab. Patologia Vegetal Veríssimo de Almeida, Tapada da Ajuda – Lisboa. 13: 24p.

VEZIN, M. C. (1964) – Les pesticides et la pollution des eaux. Phytoma Défense des Cultures, 156: 13-14.

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Introdução 8

Page 14: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Introdução 9

Page 15: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 10

2.

O aranhiço-vermelho Panonychus ulmi

(Koch) (Acari: Tetranychidae)

J. Raul Rodrigues

Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Convento de Refóios, 4990-706 Ponte de Lima.

2.1. Introdução

De entre os ácaros fitófagos susceptíveis de causar prejuízos em

vinhas e pomares de macieira, o aranhiço-vermelho Panonychus ulmi

(Koch) ocupa um lugar de destaque nas regiões Norte e Centro do País,

sendo mesmo considerada a espécie mais importante.

Originária da Europa, esta espécie encontra-se amplamente

distribuída por todos os continentes (Jeppson et al., 1975; Van de Vrie,

1985), sendo designada vulgarmente por european red mite nos Estados

Unidos (Garcia-Marí et al., 1991) e na Nova Zelândia (Wearing et al.,

1994), arañuela roja europeia nos países latino-americanos de expressão

espanhola (Monetti, 1995) e ácaro vermelho europeu no Brasil

(Lorenzano et al., 1986).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 11

O curto ciclo de vida do aranhiço-vermelho associado a um elevado

potencial reprodutivo (Baillod et al., 1982) bem como a grande

disponibilidade de alimento proporcionada pela monocultura intensiva e

práticas culturais e fitossanitárias que lhe estão associadas, são factores

que têm contribuído para a grande dispersão do ácaro em pomares de

macieira (Sobreiro, 1993). Daí que este ácaro tenha sido considerado uma

praga dos pomares bem tratados (Commeau & Sola, 1964) e também

uma praga feita pelo Homem, devido ao desequilíbrio ecológico causado

pela utilização excessiva e irracional de pesticidas (Amaro, 1980).

O aranhiço-vermelho já era conhecido como praga em pomares do

Sul da Inglaterra em fins dos anos trinta do séc. XX (Chant, 1959), mas

só em finais dos anos cinquenta, a sua existência foi referenciada em

Portugal (Pinto-Ganhão, 1959). No entanto, e tal como em Espanha

(Costa-Comelles, 1986; Garcia-Marí et al., 1991), a sua consolidação

como praga no País ocorreu ao longo dos anos sessenta (Amaro, 1980).

Não se sabe ao certo quando o fitófago foi introduzido nos pomares

espanhóis. Porém, dada a sua origem europeia, é muito possível que este

ácaro tenha estado presente desde o início do cultivo das fruteiras (Costa-

Comelles, 1986).

2.2. Posição sistemática

Panonychus ulmi pertence ao subphyllum Chelicerata que é

constituído por artrópodos sem antenas nem mandíbulas mas com

quelíceras, sendo as peças bucais formadas por palpos e pedipalpos.

Caracterizam-se também, pela presença de um prossoma e pela não

separação da cabeça e do tórax (Carmona & Silva-Dias, 1996). Dentro

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 12

deste subphyllum, inclui-se na classe Arachnida e sub-classe Acari, que,

segundo Krantz (1986) se divide em duas super-ordens: Acariformes

(Actinotrichida) e Parasitiformes (Anactinotrichida) (Quadro 2.1). É na

super-ordem dos Acariformes que se encontram entre outros, os ácaros

fitófagos que, por sua vez pertencem à ordem Actinedida (Prostigmata).

Os actinedídeos constituem um grupo de ácaros extraordinariamente

heterogéneo, que inclui famílias de anatomia e biologia muito distintas

(Garcia-Marí et al., 1994).

Quadro 2.1 – Classificação sistemática de Panonychus ulmi (Koch) (Adaptado de Krantz, 1986).

Phylum – Arthropoda Von Siebold, 1854

Sub-phylum – Chelicerata Heymons, 1901

Classe – Arachnida Krantz, 1978

Sub-classe – Acari Krantz, 1978

Ordem – Acariformes Zachvatkin, 1922

Sub-ordem – Actinedida Hammen, 1968 (=Prostigmata)

Super-família – Tetranychoidea

Família – Tetranychidae Donnadieu

Sub-família – Tetranychinae Reck

Género – Panonychus Yokohama

Pertence a esta ordem a super-família Tetranychoidea, que é

constituída por cinco famílias abrangendo mais de 450 espécies de ácaros

fitófagos (Krantz, 1986). Desta, a Tetranychidae, a que pertence o

aranhiço-vermelho é a que apresenta mais ampla distribuição e maior

número de hospedeiros em todo o mundo (Mesa & Lenis, 1993).

A família Tetranychidae divide-se em duas sub-famílias: Bryobinae e

Tetranychinae, na última das quais se insere o aranhiço-vermelho

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 13

(Jeppson et al., 1975; Krantz, 1986). Dentro do género Panonychus,

existem duas espécies com interesse agronómico, pelos prejuízos

elevados que podem causar. Trata-se de P. ulmi em fruteiras e vinha e de

Panonychus citri (McGregor) em citrinos (Jeppson et al., 1975).

2.3. Morfologia

Ao longo do seu ciclo de vida, o aranhiço-vermelho passa por cinco

fases: ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulto.

Os ovos do aranhiço-vermelho são de dois tipos: ovos de Inverno

(Fig. 2.1) a partir dos quais eclodem as primeiras gerações anuais e ovos

de Verão (Fig. 2.2) a partir dos quais surgem as restantes gerações que se

verificam ao longo do ciclo vegetativo da planta hospedeira.

Fig. 2.1 – Ovos de Inverno de aranhiço-vermelho.

Ambos os tipos de ovos apresentam formato esférico e estriado no

sentido dos meridianos e são achatados no pólo inferior, o que lhes

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 14

faculta uma boa superfície de apoio no substrato. Possuem no pólo

superior uma arista, cujo prolongamento resulta da rápida secagem ao ar

do líquido que os lubrifica durante a postura. Apresentam frequentemente

alguns filamentos, tecidos pela fêmea logo após a postura e que ligam a

base da arista à superfície da folha ou do lenho onde foram postos (Saitô,

1985).

Fig. 2.2 - Ovos de Verão de aranhiço-vermelho.

Os ovos do aranhiço-vermelho são revestidos por uma camada

protectora dupla, o cório (Viñuela & Jacas, 1998).

Os ovos de Verão apresentam coloração alaranjada (Jeppson et al.,

1975; Pfeiffer et al., 1995) enquanto os de Inverno apresentam coloração

vermelha mais intensa (Viñuela & Jacas, 1998).

Ambos os tipos de ovos do aranhiço-vermelho não apresentam

dimorfismo, possuindo igual número de camadas, sendo a exterior, uma

camada de cera com função protectora (Jeppson et al., 1975; Garcia-Marí

et al., 1991). A única diferença reside no facto dos ovos de Inverno serem

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 15

retidos pela fêmea até um estado de desenvolvimento embrionário mais

avançado e serem postos com o revestimento ceroso, enquanto que nos

ovos de Verão a secreção cerosa começa a formar-se após a postura

(Jeppson et al., 1975). Estes aspectos conferem diferente adaptabilidade

às condições ambientais das diferentes estações do ano.

As larvas neonatas do aranhiço-vermelho apresentam coloração

inicialmente laranja-pálido, tornando-se verde-pálido à medida que se

alimentam (Pfeiffer et al., 1995). São hexápodas e mal eclodem, dirigem-

se por instinto para os ramos, à procura de folhas tenras onde se

alimentam durante um período de tempo variável, consoante as condições

climáticas e nutricionais (Sobreiro, 1981). De seguida, imobilizam-se

num estado denominado protocrisálida e sofrem a primeira muda,

passando ao primeiro estado ninfal, a protoninfa.

As protoninfas são octópodas, de coloração predominantemente

verde-escura, podendo apresentar manchas pálidas na base das sedas

(Pfeiffer et al., 1995). Apesar da similitude entre este estado e o anterior,

os indivíduos apresentam maiores dimensões (Garcia-Marí et al., 1991),

sendo já possível a distinção entre sexos (ACTA, 1982).

Após novo período de alimentação, as protoninfas sofrem nova

imobilização (deutocrisálida), que conduz a nova muda, após o que o

ácaro passa ao segundo estado ninfal, deutoninfa, de coloração verde-

escura, com manchas pálidas bem distintas na base das sedas.

De seguida, imobiliza-se pela última vez (teliocrisálida), dando

origem ao adulto. Durante este último período de inactividade, os ácaros

fixam-se no substrato, sofrem uma muda e a nova cutícula é formada

após a libertação da exúvia (Crooker, 1985).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 16

Os machos amadurecem primeiro e permanecem junto das fêmeas

teliocrisálidas até à emergência destas (Fig. 2.3), ocorrendo o

acasalamento quase imediatamente após a emergência da fêmea.

Fig. 2.3 – Casal de Aranhiços-vermelhos. Macho à esquerda e fêmea à direita.

As fêmeas adultas apresentam corpo oval, de coloração variando

entre o vermelho e o vermelho pardo (Fig. 2.4) e medem cerca de 0,7 cm

de comprimento, sendo caracterizadas por possuírem no dorso, sete séries

transversais de pêlos inseridos sobre protuberâncias esbranquiçadas

(Bovey, 1980), enquanto os machos são ligeiramente mais pequenos e

possuem corpo mais estreito que as fêmeas (Giraud et al., 1996). No

estado adulto os machos têm maior mobilidade que as fêmeas.

O corpo dos machos apresenta maior desproporção entre os

diâmetros longitudinal e transversal, pelo que as patas parecem muito

maiores, embora sejam de tamanho idêntico ao das fêmeas (Maltez,

1989).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 17

Fig. 2.4 – Fêmea adulta de aranhiço-vermelho e respectivos ovos de Verão.

2.4. Bioecologia

A família Tetranychidae, quer pela ampla distribuição que apresenta

à escala mundial quer pela importância económica que assume em

diversas culturas agrícolas, tem sido objecto de múltiplos estudos,

visando tanto a sua identificação, como o melhor conhecimento da sua

biologia e ecologia (Jeppson et al., 1975; Helle & Sabelis, 1985; Costa-

Comelles, 1986; Krantz, 1986; Garcia-Marí et al., 1994; Cramona &

Silva-Dias, 1996).

Os membros da família Tetranychidae caracterizam-se por possuírem

a base das quelíceras fundidas, formando o estilóforo. Esta estrutura

retráctil encerra, no seu interior, as quelíceras que, quando se projectam

para o exterior, justapõem-se formando um tubo oco com o qual o ácaro

perfura os tecidos vegetais do hospedeiro e absorve o conteúdo celular

(Garcia-Marí et al., 1994).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 18

Os estudos sobre bioecologia aranhiço-vermelho foram

desenvolvidos essencialmente nos últimos 30 anos, sobretudo em

pomares de macieira e pereira, dado ser nestes hospedeiros que os

impactos de índole económica têm sido mais marcantes. Normalmente,

na ausência de medidas de protecção, o crescimento populacional deste

ácaro fitófago atinge níveis susceptíveis de provocar prejuízos nos

pomares (Costa-Comelles et al., 1991).

Muitos trabalhos têm possibilitado um melhor conhecimento sobre a

dinâmica populacional desta espécie, quer durante a fase de diapausa

(repouso vegetativo das espécies hospedeiras) (Baillod, 1979; Barros,

1987; Maltez, 1989; Broufas & Koveos, 2000; Rodrigues, 2000), quer

durante o período reprodutivo (fase vegetativa das fruteiras) (Baillod et

al., 1980; 1982; 1985; Saitô, 1985; Barros, 1987; Maltez, 1989; Pinto et

al., 1999), contribuindo desta forma para o desenvolvimento de

estratégias de protecção contra este ácaro nas mais diversas regiões do

Globo.

Recentemente e dada a crescente importância que tem vindo a

assumir a luta biológica no seio da protecção das culturas, os trabalhos

têm sido orientados para o estudo do binómio predador/presa (Baillod,

1984; Costa-Comelles, 1986; Costa-Comelles et al., 1994) e para a

modelação das respectivas dinâmicas populacionais (Duso & Camporese,

1991; Hardman et al., 1998; Hayes, 1989; Johnson & Wellington, 1984;

Monetti, 1995), incidindo também na sua distribuição espacial (Baillod et

al., 1992; Maltez, 1994; Slone, 1998).

2.4.1. Reprodução e ciclo de vida

A maioria das espécies de ácaros são ovíparas e entre a fase de ovo e

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 19

o estado adulto, passam por vários estádios imaturos, cujo número e

características variam ligeiramente de umas ordens para outras (Garcia-

Marí et al., 1994; Krantz, 1986). O ciclo de vida do aranhiço-vermelho,

tal como já foi referido anteriormente, compreende cinco fases: ovo,

larva, protoninfa, deutoninfa e adulto. Entre as fases larvar e adulta, este

ácaro passa por diferentes formas, umas móveis (ninfas), outras

quiescentes (crisálidas) (Crooker, 1985; Garcia-Marí et al., 1991; Kreiter

et al., 1988). O aranhiço-vermelho passa de uma forma a outra através de

uma muda. Antes de cada muda e após um período de actividade durante

o qual se desloca e se alimenta, este ácaro imobiliza-se, preparando-se

para entrar em nova fase do ciclo (Garcia-Marí et al., 1991; 1994).

O processo mais comum de reprodução entre os ácaros é por

partenogénese, que pode ser do tipo arrenótoca ou telitoca. Nos ácaros de

importância agrícola, a partenogénese arrenótoca é o processo de

reprodução mais frequente. No entanto, a partenogénese telitoca está

confinada a alguns grupos, como os tetraniquídeos briobiinos e algumas

espécies de fitoseídeos, entre os ácaros de importância agrícola (Garcia-

Marí et al., 1994; Helle & Pijnacker, 1985).

A reprodução do aranhiço-vermelho é feita por via sexuada e por

partenogénese arrenótoca (Helle & Pijnacker, 1985; Pfeiffer et al.,

1995). Esta forma de reprodução implica a existência de machos e fêmeas

que são respectivamente haplóides e diplóides. Assim sendo, as fêmeas

podem pôr ovos fertilizados com esperma guardado na espermateca,

dando origem a uma geração de fêmeas diplóides e ovos não fertilizados

originando apenas machos que são haplóides.

O aranhiço-vermelho hiberna sob a forma de ovo, preferencialmente

na madeira de dois e mais anos (Lopez et al., 1992) (Fig. 3.11) junto da

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 20

inserção de gomos florais, esporões, fendas, zonas de transição de

crescimento e de outros ramos (Jeppson et al., 1975), procurando os

locais virados a Norte (Baillod, 1979). Estes “obstáculos” são

considerados lugar primário de postura em situações de fraca infestação

(Baillod et al., 1992).

As posturas de Inverno decorrem a partir de meados de Agosto e

prolongam-se até Outubro ou Novembro, de acordo com o clima da

região (Jeppson et al., 1975). Estas posturas não são repartidas ao acaso,

apresentando-se mais ou menos concentradas em certos órgãos lenhosos,

em função da sua posição e da sua orientação (Baillod, 1979),

localizando-se predominantemente nas rugosidades dos ramos e

sobretudo nas duas mais próximas das extremidades dos mesmos (Pinto

et al., 1999).

Antes do início da eclosão, que tem lugar na Primavera, os ovos de

Inverno do aranhiço-vermelho necessitam de passar por um período de

frio para quebrar a diapausa (Garcia-Marí et al., 1991). A importância da

diapausa reside não só no facto de garantir a sobrevivência dos ácaros em

condições adversas, mas também assegura a regulação das fenologias

sazonais através da sincronização do ciclo de vida e da determinação dos

padrões de voltinismo (Veerman, 1985). O número de horas de frio

necessárias para quebrar a diapausa varia consoante a região, estando o

aranhiço-vermelho adaptado a maiores necessidades de frio em zonas

mais frias do que em zonas mais quentes (Garcia-Marí et al., 1991).

Apesar da diapausa terminar entre o início e o fim de Fevereiro, a

eclosão dos ovos de Inverno não ocorre de imediato. O desenvolvimento

pós-diapausa é retardado devido à acção das baixas temperaturas

verificadas no campo até Março, quando as temperaturas começam a

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 21

subir, sincronizando provavelmente a eclosão dos ovos (Broufas &

Koveos, 2000a).

A eclosão dos ovos de Inverno tem início no princípio da Primavera

nas zonas Centro e Sul de Portugal e até Abril nos pomares mais a Norte,

podendo prolongar-se em ambas as regiões até princípios de Junho

(Sobreiro, 1993). Em Espanha, ocorre em Abril, prolongando-se durante

cerca de vinte dias (Garcia-Marí et al., 1991). Na Suíça ocorre também

em Abril, podendo este durar entre três a cinco semanas, consoante a

região (Baillod et al., 1982) e em França, ocorre também durante Abril

(Kreiter et al., 1988). Esta variação geográfica do período da ecolsão é

provavelmente, o resultado de diferentes populações que se adaptaram a

diferentes condições climatéricas (Broufas & Koveos, 2000a).

Assim e relativamente à macieira, a eclosão dos ovos de Inverno

apresenta-se de certa forma sincronizada com a fenologia das plantas

hospedeiras, ocorrendo normalmente entre o aparecimento dos botões

florais e o final da floração (Baillod et al., 1982; Pfeiffer et al., 1995).

As larvas provenientes dos ovos de Inverno dão origem aos

primeiros adultos que, através das posturas originam a primeira geração

anual (Sobreiro, 1993). Após a eclosão, as larvas movem-se

imediatamente para a folhagem jovem, começando a alimentar-se

activamente. De seguida entram numa curta quiescência, prosseguindo

então o seu desenvolvimento até à fase de teliocrisálida, de onde vai

emergir o adulto. Logo após a emergência, a fêmea adulta liberta uma

feromona para atracção do macho, dando-se início de imediato ao

acasalamento (Pfeiffer et al., 1995).

A postura de Verão é feita nos locais onde os ácaros se alimentam,

Page 27: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 22

isto é as folhas. Esta tem lugar preferencialmente na página inferior

(Chant, 1959; Jeppson et al., 1975) geralmente em toda a sua extensão,

podendo ocorrer de forma mais concentrada ao longo da nervura central

(Chant, 1959). Em caso de fortes infestações, as posturas também podem

ocorrer na página superior das folhas (Jeppson et al., 1975). Estas

ocorrem desde Maio a Setembro/Outubro, dependendo do clima da

região.

O aranhiço-vermelho é uma espécie que apresenta fertilidade baixa

quando comparada com a maioria dos artrópodos (Maltez, 1994). No que

respeita ao número médio de ovos postos por fêmea, os valores variam de

autor para autor, oscilando entre 30 (Maltez, 1989) e 50 (Garcia-Marí et

al., 1991), o que sugere a existência de níveis de fertilidade diferentes

consoante a região.

Contrariando esta baixa fertilidade, este ácaro apresenta elevado

potencial reprodutivo, pelo que as gerações sucedem-se rapidamente no

tempo (Baillod et al., 1982), havendo frequentemente sobreposição de

gerações, quando as condições ambientais são mais propícias ao seu

desenvolvimento (Maltez, 1994). Tal potencial reprodutivo deve-se ao

facto deste fitófago possuir uma elevada Taxa Intrínseca de Aumento

Natural (rm). Este parâmetro Exprime o número de descendentes de uma

fêmea, em cada dia da sua vida, como adulto (Carmona & Silva-Dias,

1996). O aranhiço-vermelho apresenta um valor de rm de

aproximadamente 0,18 à temperatura de 25 ºC (Sabelis, 1985a). Este

valor comparado com o apresentado por um dos seus predadores naturais

o fitoseídeo Typhlodromus pyri Scheuten que é de 0,076, dá bem ideia do

potencial reprodutivo do fitófago (Sabelis, 1985b).

O aranhiço-vermelho tem um ciclo de vida curto, compreendendo

Page 28: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 23

várias gerações anuais. Admite-se que para Portugal, o número de

gerações seja de seis para a região Norte e de dez para a região Sul

(Sobreiro, 1993). Esta variação é explicada pelas diferenças de condições

climáticas existentes nas várias regiões (Pinto-Ganhão, 1959).

A duração do ciclo de vida do fitófago está intimamente ligada com

as condições de temperatura. O período de incubação dos ovos não

sujeitos a diapausa é de cinco dias a 23 ºC, aumentando para 20 dias a 13

ºC (Jeppson et al., 1975).

A duração do desenvolvimento pós-embrionário, também varia

inversamente com o valor da temperatura, sendo maior durante a

Primavera (18-20 dias) e o Outono (20-25 dias) e menor durante o Verão

(7-8 dias) (Garcia-Marí et al., 1991). Para completar o ciclo evolutivo,

são necessários em média 18 dias a durante a Primavera e apenas quatro

dias a durante a época estival (Bovey, 1980).

A duração do desenvolvimento embrionário e pós-embrionário é

similar, sendo que ambos os períodos somados são aproximadamente

iguais à longevidade das fêmeas adultas ou seja, ovos, formas imaturas e

fêmea adulta ocupam respectivamente 25%, 25% e 50% do ciclo de vida

do ácaro (Garcia-Marí et al., 1991). Ainda segundo os mesmos autores,

os machos podem viver cerca de metade do tempo das fêmeas, sendo a

duração do desenvolvimento pós-embrionário inferior ao das fêmeas.

2.4.2. Padrão espacial e dinâmica populacional

A distribuição do aranhiço-vermelho nas culturas não é feita ao

acaso. Apresenta um padrão de distribuição espacial variável ao longo do

ano, sendo que em pomares de macieira encontra-se mais agregado

Page 29: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 24

(formando nichos) na Primavera e mais uniformemente distribuído no

período do Verão. Isto deve-se essencialmente à sua maior dispersão pela

árvore (Chant, 1959). Trabalhos recentes, demonstraram que a agregação

do aranhiço-vermelho apresenta os valores mais elevados na fase de ovo

e decresce ao longo do ciclo de vida, devido à sua dispersão pelas folhas

que aumentam ao longo do período vegetativo e também como forma de

se protegerem dos ataques de predadores naturais (Slone, 1998).

A relação entre as populações estivais do aranhiço-vermelho e o

número de posturas invernais e entre estas e as populações iniciais na

Primavera seguinte, também têm sido objecto de estudo.

A densidade populacional do aranhiço-vermelho durante o Verão

pode influenciar a quantidade de posturas de ovos de Inverno. Em

Espanha, trabalhos realizados em pomares de macieira não sujeitos a

tratamentos acaricidas, evidenciaram a existência de correlações positivas

entre a densidade populacional do aranhiço-vermelho no final da

Primavera e a densidade de ovos de Inverno durante o repouso vegetativo

(Costa-Comelles et al., 1992). Em Portugal e utilizando-se a mesma

metodologia, mas em pomares sujeitos a tratamentos acaricidas, estas

correlações não foram encontradas (Pinto et al., 1999). Para justificar as

discrepâncias observadas, os autores deste estudo referem entre outras

causas, uma grande influência de tais tratamentos.

Estudos realizados em macieira, revelaram que a situações de

elevadas densidades de aranhiço-vermelho durante o Verão,

correspondem frequentemente baixas quantidades de ovos em diapausa

no Outono e Inverno seguintes, devido ao facto de se verificar uma

drástica redução populacional influenciada pela fraca qualidade

alimentar. Reciprocamente, situações de baixas densidades populacionais

Page 30: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 25

do ácaro durante o mês de Agosto (em árvores sem sintomatologia de

ataques), podem originar grande quantidade de ovos de Inverno por

fêmea (Van de Vrie, 1985).

A baixa densidade de ovos de Inverno verificada em situações em

que se registaram fortes ataques em meados de Verão, pode estar

relacionada não só com a fraca qualidade nutricional proporcionada pelo

hospedeiro, mas também com a abundância de predadores naturais

(Jeppson et al., 1975). Estas situações podem ajudar a explicar as

oscilações inter-anuais, de abundância do fitófago em macieira.

A taxa de viabilidade dos ovos de Inverno do aranhiço-vermelho é

relativamente baixa (Fig. 2.5). Trabalhos realizados no País em macieira,

referem valores médios de viabilidade de 26,0% para a região da Cova da

Beira (Barros, 1987) e de 24,2 % para a região do Minho (Rodrigues,

2000).

Fig. 2.5 – Ovos de Inverno de aranhiço-vermelho, onde são visíveis os ovos viáveis (vermelhos) e os ovos inviáveis (de coloração esbranquiçada).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 26

Os ovos em diapausa têm sido objecto de estudo, no sentido de se

tentar encontrar uma relação entre a sua densidade e os prejuízos

causados pelo ácaro no ciclo vegetativo seguinte. Baillod (1979) refere a

existência de uma correlação entre o número de ovos de Inverno e a

severidade do ataque no início do ciclo vegetativo seguinte, o que

permitiu o desenvolvimento de uma metodologia para a determinação do

risco potencial.

No entanto, tem-se verificado não ser possível estabelecer uma

relação entre a importância das posturas de Inverno e as populações

estivais que se seguem, mas sim entre as posturas de Inverno e a

infestação no início da vegetação (Fauvel et al., 1978). Esta situação

deve-se à influência dos factores de limitação natural nas populações de

aranhiço-vermelho, tais como variedade, condições climáticas, fungicidas

com acção repressiva (Baillod, 1979) e predadores naturais (Jeppson et

al., 1975).

Os trabalhos desenvolvidos sobre o aranhiço-vermelho, para além de

terem permitido desenvolver técnicas de amostragem cada vez mais

simplificadas para estimar o risco resultante da praga, têm contribuído

acima de tudo, para um melhor conhecimento da sua dinâmica

populacional.

Um dado bastante importante, reside no facto da generalidade dos

trabalhos em causa fornecerem fortes evidências, sobre a existência de

um comportamento diferenciado da dinâmica populacional do aranhiço-

vermelho em condições naturais de cultivo e que se acentua à medida que

aumenta a pressão dos tratamentos fitossanitários.

O aranhiço-vermelho apresenta uma dinâmica populacional bastante

Page 32: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 27

complexa (Fauvel, 1988). Esta depende da temperatura, humidade,

espécie e variedade da planta hospedeira, condições fisiológicas da

mesma, práticas culturais associadas, aplicação de insecticidas e da

existência ou não de inimigos naturais (Jeppson et al., 1975).

A temperatura e humidade são factores abióticos que exercem

importante influência no desenvolvimento do fitófago (Crooker, 1985;

Jeppson et al., 1975). A temperatura é o factor que mais influência a sua

biologia, sendo mesmo considerada um factor de limitação das

populações deste ácaro fitófago (Baillod, 1979). Temperaturas

anormalmente baixas no início da Primavera seguidas de tempo quente,

provocam elevada mortalidade do ácaro (Jeppson, et al., 1975).

As condições óptimas de desenvolvimento do aranhiço-vermelho são

tempo quente e seco, com uma temperatura situada entre 25ºC e 30 ºC

(Crooker, 1985). Assim sendo, o período crítico para as culturas fruteiras,

corresponde a finais da Primavera (para as regiões mais meridionais) e

aos meses de Verão (para as regiões mais setentrionais), sendo

precisamente nesta altura que as plantas adquirem maior

desenvolvimento vegetativo e têm maior necessidade de nutrientes.

Temperaturas superiores a 28 ºC - 30 °C são nefastas para o

aranhiço-vermelho, provocando a morte de larvas e também de adultos

(Sobreiro, 1993). Por outro lado, temperaturas baixas e chuvadas fortes,

têm um efeito repressivo no seu desenvolvimento (Jeppson et al., 1975),

o mesmo sucedendo com fortes nevões no final do Inverno, que podem

diminuir sensivelmente as possibilidades de sobrevivência dos ovos de

Inverno (Baillod et al., 1989), uma vez que estes ovos apesar de

possuírem capacidade de sobreviver abaixo do ponto de congelação, são

mortos pelo gelo (Veerman, 1985).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 28

A humidade relativa do ar actuando isoladamente ou em conjunto

com a temperatura e outros agentes atmosféricos, também desempenha

um papel muito importante no desenvolvimento do aranhiço-vermelho.

A humidade relativa do ar pode interferir tanto ao nível do

desenvolvimento embrionário, como ao nível do desenvolvimento pós-

embrionário. Valores de humidade relativa superiores a 80% reduzem

fortemente a percentagem de eclosão dos ovos de Inverno (Jeppson et al.,

1975) e inibem o desenvolvimento das formas imaturas do ácaro

(Crooker, 1985). Segundo este último autor, valores de humidade relativa

do ar superiores a 43% e temperaturas situadas entre 15ºC e 32ºC, são

mais favoráveis para o desenvolvimento embrionário do aranhiço-

vermelho, enquanto que para a eclosão, estes valores são de

respectivamente 65% a 100% e 15 ºC a 32 ºC. O mesmo autor refere

ainda que as variações do teor em água na atmosfera são muito

importantes devido à elevada razão superfície/volume do corpo do ácaro

e que quando os teores humidade atmosférica são baixos, a absorção de

nutrientes é elevada para compensar as perdas de água, pelo que as taxas

de desenvolvimento e de reprodução se tornam elevadas.

Além da temperatura e da humidade relativa, outros factores

abióticos agindo isoladamente ou em conjunto desempenham papel

preponderante na dinâmica populacional do aranhiço-vermelho.

O início das posturas dos ovos de Inverno, verifica-se quando se

começam a registar alterações das condições ambientais, diminuição da

temperatura, elevação da humidade do ar, escassez de alimento e

fotoperíodo inferior a 14 horas luz/dia (Sobreiro, 1993). Este valor é

referido como sendo o fotoperíodo crítico para a entrada em diapausa

tanto do aranhiço-vermelho como do aranhiço-amarelo (Veerman, 1985).

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 29

Assim sendo, dias curtos induzem a entrada em diapausa, enquanto que

dias longos resultam num desenvolvimento sem diapausa.

A acção do vento também favorece a dispersão do ácaro,

contribuindo para a infestação de pomares próximos. Além do vento, a

dispersão do aranhiço-vermelho faz-se também através do contacto entre

plantas, insectos ou aves e também pelo Homem, através de transacções

comerciais e de técnicas culturais como a enxertia (Carmona, 1976).

Segundo este autor, a dispersão deste e de outros tetraniquídeos através

do vento é facilitada pela existência de pêlos alongados que revestem o

seu corpo e, no caso das fêmeas, por um fio de seda que por vezes tecem

e no qual se penduram até serem arrastadas.

2.4.3. Plantas hospedeiras e preferências alimentares

O aranhiço-vermelho é um ácaro que prefere espécies fruteiras de

folha caduca (Costa-Comelles et al., 1994). Encontra-se sobretudo em

macieira (Malus domestica Borkh), pereira (Pyrus communis L.),

pessegueiro (Prunus persicae (L.) Batsch) (Ferreira & Carmona, 1997),

amendoeira (Prunus amygdalus Batsch) (Hoy, 1985), videira (Vitis

vinifera L.) e figueira (Ficus carica L.) (Carmona & Silva-Dias, 1996;

Escudero & Ferragut, 1998). Também pode ser encontrado quer

associado à flora infestante dos pomares (Costa-Comelles et al., 1994) e

vinhas (Baillod, 1984) quer associado a plantas hortícolas como o

feijoeiro (Phaseoulus vulgaris L.) (Ferreira & Carmona, 1994), o

tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) (Ferreira & Carmona, 1995) e

o pepino (Cucurbita pepo L.) (Carmona & Silva-Dias, 1996). Também

pode ser encontrado associado a espécies ornamentais como o gladíolo

(Gladiolus sp.) (Carmona & Silva-Dias, 1996).

Page 35: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 30

Apesar de possuir grande diversidade de hospedeiros, o aranhiço-

vermelho tem preferências nutricionais que fazem com que esteja mais

fortemente associado a algumas espécies do que a outras (Escudero &

Ferragut, 1998).

Tal como já foi referido anteriormente, este ácaro tem preferência

por espécies fruteiras de folha caduca, sendo a sua incidência mais

importante em pomares de macieira. Dentro desta espécie, prefere

variedades do grupo das vermelhas delicious (Costa-Comelles, 1986;

Sobreiro et al., 1988). A preferência por este grupo de variedades pode

ser justificada não só por razões de índole alimentar mas também por

razões de índole reprodutiva. A própria anatomia da folha apresenta

padrões diferentes de vilosidade, sendo umas variedades mais

pubescentes que outras.

O aranhiço-vermelho reproduz-se mais abundantemente em folhas

onde a pubescência é maior. Este último aspecto, pode em parte, ajudar a

esclarecer as preferências deste fitófago pela casta Loureiro (casta com

muita vilosidade) em detrimento da casta Trajadura (casta com muito

pouca vilosidade) na Região Demarcada dos Vinhos Verdes.

Os adultos têm preferência pelas folhas desenvolvidas para se

alimentarem (Monetti, 1995) e para efectuarem as posturas de Verão

(Chant, 1959). No entanto, para a realização das posturas de Inverno, já

preferem a madeira, especialmente os obstáculos (gomos, esporões ou

inserções de ramos) de dois ou mais anos e voltados a Norte, como forma

de protecção contra as adversidades do Inverno (Baillod, 1979; Sobreiro,

1981).

Diferenças no desenvolvimento, reprodução, longevidade e dinâmica

Page 36: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 31

populacional dos ácaros em diferentes hospedeiros são comuns. Estas

diferenças podem estar associadas a impedimentos alimentares tais como

textura da planta, revestimento, valor nutritivo, fisiologia do hospedeiro

ou condições favoráveis do micro-ambiente (Crooker, 1985). De acordo

com este autor, também a constituição química da planta hospedeira pode

influenciar a fecundidade, mortalidade e desenvolvimento dos estados

imaturos do aranhiço-vermelho.

Jeppson et al., (1975) verificaram em aranhiço-vermelho, que a taxa

de mortalidade de protoninfas e de deutoninfas foi maior em nogueira

(Juglans regia L.) do que em ameixeira (Prunus sp.), e que o ciclo de

vida foi mais curto na nogueira mas, a fecundidade foi menor. Por sua

vez, a longevidade dos adultos foi menor em nogueira do que em pereira

e ameixeira.

A distribuição dos ovos de Inverno do aranhiço-vermelho em pereira,

é nitidamente diferente da apresentada em macieira, estando as bolsas da

pereira mais guarnecidas de ovos que a própria madeira de dois anos, daí

que a pereira possua outros órgãos lenhosos particulares especialmente

favoráveis à postura em função do comportamento deste fitófago (Baillod

et al., 1992). Também a videira possui órgãos especialmente favoráveis à

postura de ovos de Inverno, como sejam as zonas rugosas das varas,

ritidoma e escamas dos gomos (Baillod et al., 1989).

2.5. Natureza e importância dos prejuízos.

As modificações introduzidas pelo Homem nos ecossistemas

agrários, através da intensificação cultural e das práticas agronómicas que

lhe estão associadas podem criar condições particularmente

Page 37: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 32

favorecedoras do desenvolvimento e proliferação do aranhiço-vermelho.

Em geral, o problema dos ácaros é mais agudo nas culturas que se

mantêm em crescimento até tarde, razão pela qual todas as opções

culturais que favoreçam este crescimento tais como a escolha do porta-

enxerto, as adubações azotadas e mesmo as podas muito intensas,

interferem positivamente no desenvolvimento populacional do aranhiço-

vermelho (Baillod et al., 1982).

O aranhiço-vermelho é uma praga que se encontra limitada em

condições naturais por predadores e as suas populações só atingem níveis

susceptíveis de causar prejuízos em pomares mais cuidados, onde os

tratamentos químicos tenham eliminado os seus antagonistas e

competidores (Costa-Comelles, 1986; Costa-Comelles et al., 1991).

Está dotado de uma armadura bucal do tipo picadora-sugadora que,

ao alimentar-se do conteúdo celular da epiderme das folhas (Fig. 2.6),

provoca o esvaziamento das células e a entrada de ar através do orifício

de perfuração (Maltez, 1989; Sobreiro, 1993).

A partir de finais da Primavera e princípios do Verão, as populações

deste ácaro tendem a aumentar rapidamente, atingindo frequentemente

níveis populacionais susceptíveis de provocar prejuízos elevados nos

pomares de macieira (Chant, 1959; Monetti, 1995).

Quando os ataques são intensos, as folhas adquirem um tom

prateado, que, com a morte das células, se transforma em bronzeado (Fig.

2.7)

Page 38: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 33

Fig. 2.6 – Representação esquemática da forma de alimentação dos Tetranychidae (Adaptado de Mesa & Lenis, 1993).

Fig. 2.7 – Folhas de macieira. Esquerda: aspecto de folha normal. Direita: aspecto bronzeado de folha atacada por Panonychus ulmi (Koch).

Page 39: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 34

Os prejuízos causados pelo aranhiço-vermelho podem ser

considerados de dois tipos: directos e indirectos:

• Prejuízos directos: surgem em resultado da alimentação, mediante

o uso das quelíceras estiliformes que permitem ao ácaro romper a

epiderme e as paredes celulares das folhas (Pfeiffer et al., 1995).

Como consequência, estas são afectadas a nível respiratório e

fotossintético (Sobreiro, 1993), o que se traduz num aumento da

respiração e na destruição da clorofila (Jeppson et al., 1975;

Pfeiffer et al., 1995).

• Prejuízos indirectos: estes podem originar-se a curto ou a médio

prazo. Os prejuízos a curto prazo devem-se ao enfraquecimento da

planta após um ataque do ácaro, com consequências ao nível da

produção do próprio ano, tais como a diminuição do calibre dos

frutos, coloração deficiente e tendência para uma queda prematura

dos frutos (Viñuela & Jacas, 1998). A médio prazo, e como

consequência do esgotamento da planta, o ácaro compromete o

armazenamento produtivo, com consequências nos anos

subsequentes (Sobreiro, 1993). Uma das possíveis explicações para

este último aspecto, deve-se ao facto de ser precisamente no final

da Primavera que ocorre a indução floral na macieira (Natividade,

1948), estando o número de gomos vegetativos que evoluem para

frutíferos dependente entre outros factores, das condições

vegetativas da própria árvore (Vellarde, 1989).

Page 40: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 35

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O aranhiço-vermelho: Caracterização da espécie e importância económica 41

Page 47: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 42

3.

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae)

J. Raul Rodrigues1 & Laura M. Torres2

1Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Convento de Refóios, 4990-706 Ponte de Lima. 2Departamento de Protecção de Plantas, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Quinta de Prados, 5000-911 Vila Real.

3.1. Introdução

O interesse suscitado nas últimas décadas pelo estudo dos ácaros

fitoseídeos fez desta família uma das mais importantes, em termos de

potencialidades de utilização na limitação natural de ácaros fitófagos (Chant

& McMurtry, 1994), bem como de pequenos insectos como tripes

(Thysanoptera: Thripidae) (Castineras et al., 1997; McMurtry & Croft,

1997). Algumas espécies têm sido utilizadas com sucesso em luta biológica

em pomares, vinhas e também em culturas olericolas e ornamentais. Outras

espécies que apesar das suas limitações biológicas, a sua utilização não deixa

de ter interesse em programas de protecção integrada das culturas.

Numerosas publicações relatam o enorme interesse pelo estudo de

várias espécies da família Phytoseiidae. Da bibliografia consultada, verifica-

se que em 1951, o número de espécies conhecidas era de apenas 20 (Garcia-

Marí et al., 1990) para passarem para cerca 170 em 1959 (Chant, 1959).

Actualmente estão identificadas cerca de 2250 espécies (De Moraes et al.,

Page 48: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 43

2004), das quais apenas uma pequeníssima parte, se reveste de interesse

agrícola.

A implementação de programas de luta biológica bem sucedidos, requer

um conhecimento profundo dos organismos a utilizar, designadamente no

que respeita à sua eficácia sobre a praga, aspectos relacionados com a sua

biologia, ecologia, relações predador/presa e hospedeiros alternativos. Isto

implica que se torne fundamental, proceder a uma adequada identificação de

determinada praga, dos respectivos inimigos naturais e de espécies similares.

Desta forma, a sistemática ocupa um lugar de base nos programas de luta

biológica.

Actualmente restam poucas dúvidas sobre o papel chave que os

fitoseídeos desempenham na limitação natural do aranhiço-vermelho em

fruticultura e viticultura. Também é amplamente aceite o conceito de que a

diversidade de um ecossistema agrário está associada com a estabilidade das

populações de inimigos naturais presentes e que estes estão sempre

disponíveis para travarem o crescimento populacional de espécies

consideradas inimigas das culturas ou pragas.

3.2. Caracterização da família

3.2.1. Posição sistemática

A família Phytoseiidae Berlese, 1914, está inserida na super-família

Phytoseioidea da ordem Parasitiformes, sub-classe Acari (Quadro 3.1).

Dentro desta sub-classe, existem várias famílias pertencentes a duas sub-

ordens (Gamasida e Actinedida), que incluem as espécies que se alimentam

de ácaros fitófagos.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 44

Na maioria das culturas, as espécies predadoras mais abundantes

pertencem à família Phytoseiidae (Gamasida). No entanto, também dentro da

sub-ordem Actinedida, encontram-se para além dos ácaros fitófagos, outros

ácaros predadores de interesse agrícola, pertencentes às famílias

Tarsonemidae, Tydeidae e Stigmaeidae (Braudy et al., 1999).

Quadro 3.1 – Posição sistemática da família Phytoseiidae Berlese (Adaptado de Krantz, 1986).

Phylum – Arthropoda Von Siebold, 1854

Sub-phylum – Chelicerata Heymons, 1901

Classe – Arachnida Krantz, 1978

Sub-classe – Acari Krantz, 1978

Ordem – Parasitiformes Zachvatkin, 1952

Sub-ordem – Gamasida Leach 1815 (=Mesostigmata)

Super-família – Phytoseioidea

Família – Phytoseiidae Berlese, 1914

A família Phytoseiidae divide-se em três sub-famílias: Amblyseiinae

Muma, Phytoseiinae Berlese e Typhlodrominae Scheuten (Chant &

McMurtry, 1994; De Moraes et al., 1986).

Na ausência de uma concepção genérica oficial, a designação utilizada

no presente trabalho para os géneros de fitoseídeos são as decorrentes das

revisões feitas por De Moraes et al., (1986) para a sub-família Amblyseiinae

e por Chant & McMurtry (1994), para as sub-famílias Typhlodrominae e

Phytoseiinae.

Contrariamente a muitos gamasídeos que são parasitas, os fitoseídeos

são ácaros livres terrestres e, em países de clima temperado, podem ser

encontrados sobre a folhagem das plantas anuais ou perenes durante o

Page 50: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 45

período vegetativo e ao nível do solo ou nas anfractuosidades das cascas das

árvores durante o período de Inverno (Kreiter et al., 1991).

Os fitoseídeos são predadores bastante móveis e desprovidos de olhos,

detectando as presas através de substâncias químicas (cairomonas) ou

estímulos tácteis (Koehler, 1999). A sua alimentação varia consoante as

espécies, podendo ser predadores de outros ácaros, micetófagos,

nematófagos, polênfagos ou fitosuccíveros, e mesmo por vezes, ainda que

raramente fitófagos (Carmona & Silva-Dias, 1996). Também podem

apresentar hábitos alimentares polífagos (predadores generalistas ou de

protecção) ou monófagos (predadores especializados ou de limpeza)

(McMurtry & Croft, 1997).

O conceito de fitoseídeos generalistas é definido por McMurtry (1992)

como sendo: as espécies que consomem larga variedade de alimentos,

incluindo os de origem vegetal, tais como pólen. Nestas espécies, a sua

densidade populacional não está relacionada com a presença de ácaros

tetraniquídeos.

3.2.2. Morfologia

Os ovos dos fitoseídeos são de forma oval e incolores, com brilho

característico (Fig. 3.1), excepto nalgumas espécies como as pertencentes ao

género Phytoseius em que são aproximadamente esféricos e de coloração

âmbar ou alaranjada (Garcia-Marí et al., 1990). Apresentam-se revestidos

por uma camada protectora, o corio, que possui uma substância pegajosa

permitindo a adesão do ovo ao substrato onde é depositado (Sabelis, 1985a).

Quando recentemente postos são translúcidos e brilhantes, tornando-se

opacos à medida que se dá o desenvolvimento embrionário (García-Marí et

al., 1990).

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 46

Fig. 3.1 – Ovo de fitoseídeo em folha de macieira.

Tal como no caso do aranhiço-vermelho, as formas imaturas dos

fitoseídeos compreendem as fases de larva, protoninfa e deutoninfa,

excepção feita para Neoseiulus fallacis (Garman) que não passa pela fase de

deutoninfa (Sabelis, 1985a).

As larvas possuem três pares de patas e não apresentam diferenças

morfológicas que permitam a identificação sexual.

Na fase ninfal, os fitoseídeos têm aparência brilhante e são quase

transparentes (Garcia-Marí et al., 1994). As protoninfas possuem já quatro

pares de patas e apresentam dimorfismo sexual (Jeppson et al., 1975; Krantz,

1986). A nível da quetotaxia dos segmentos palpais, o trocânter e o tarso

possuem mais uma seda do que na fase larvar (Krantz, 1986).

As deutoninfas, distinguem-se das protoninfas, quer pela coloração do

tegumento (sendo as deutoninfas geralmente mais coradas que as

protoninfas) (Kreiter et al., 1991), quer pela quetotaxia dos segmentos

palpais, onde já apresentam um número definitivo de sedas, à semelhança

dos adultos (Krantz, 1986).

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 47

Os adultos apresentam coloração esbranquiçada (Fig. 3.2), que pode

passar a avermelhada quando se alimentam de ácaros vermelhos (Fig. 3.3),

ou amarelada quando se alimentam de pólen (Fig. 3.4).

Fig. 3.2 – Fitoseídeo adulto, apresentando a coloração característica correspondente ao estado de jejum.

Fig. 3.3 – Fitoseídeo adulto, apresentando a coloração avermelhada correspondente à ingestão de aranhiço-vermelho.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 48

Fig. 3.4 – Fitoseídeo adulto, apresentando a coloração amarelada correspondente à ingestão de pólen.

Com o aumento da idade, o corpo das fêmeas desenvolve-se muito mais

do que o dos machos e adquire um formato piriforme, o que as torna

observáveis a olho nu, quando se deslocam.

Os adultos apresentam dimorfismo sexual pronunciado, sendo que a

principal diferença entre os sexos reside no maior tamanho das fêmeas,

especialmente quando estão grávidas e/ou bem alimentadas (Schulten,

1985a).

Os machos atingem o desenvolvimento máximo (e de consumo de

presas) logo após a muda para deutoninfa (Sabelis, 1985a).

As principais diferenças morfológicas entre sexos são (Schulten,

1985a):

• a placa dorsal da fêmea é cerca de 20% mais larga do que a do

macho;

• na fêmea, observam-se na face ventral, as placas esternogenital e

ventrianal bem distintas uma da outra, enquanto que nos machos estas

Page 54: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 49

se encontram fundidas;

• a abertura genital da fêmea está localizada anteriormente nas placas

genital ou esternogenital (Fig. 3.5). Existe um poro de indução de

esperma entre as coxas III e IV num dos lados que conduz à

espermateca;

• no dígito móvel da quelícera do macho, está presente o

espermatodáctilo.

Fig. 3.5 – Aspecto das placas: esternal (PE) e genital (PG) e da abertura genital (AG) de fêmea de Neoseiulus californicus.

3.2.2.1. Características morfológicas de interesse taxonómico

Tal como nos restantes ácaros, o corpo dos fitoseídeos pode considerar-

se dividido em duas regiões (Fig. 3.6): o gnatossoma e o idiossoma (Kreiter

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 50

et al., 1991).

A identificação destes ácaros ao nível específico assenta

fundamentalmente na observação de determinados caracteres morfológicos

do gnatossoma (as quelíceras), do idiossoma (a quetotaxia dorsal e a

quetotaxia ventral) e de um caracter anatómico, que é a espermateca nas

fêmeas (Kreiter & Bourdonnaye, 1993).

Fig. 3.6 – Aspecto dorsal de um fitoseídeo adulto, incluindo a nomenclatura das sedas (adaptado de Chant, (1985a)).

3.2.2.2. Gnatossoma

O gnatossoma ou parte anterior do corpo possui os apêndices peribucais

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 51

ou quelíceras (Fig. 3.7) e os palpos (Carmona & Silva-Dias, 1996). Nos

machos há um espermatodáctilo com funções de transferência do esperma

para a espermateca das fêmeas.

O gnatossoma é composto por um par de palpos, um par de quelíceras, e

um par de estiletes (Chant, 1985a; Garcia-Marí et al., 1994) e tem dupla

função: a de órgão sensorial, graças aos palpos que permitem a detecção do

alimento e do parceiro sexual e a de aparelho de captura e de ingestão das

presas (graças às quelíceras que permitem prendê-las e ao estilóforo que

permite perfurar os tegumentos) (Chant, 1985a; Kreiter et al., 1991; Garcia-

Marí et al., 1994).

Fig. 3.7 – Quelíceras de fêmeas de fitoseídeos. Typhlodromus phialatus Athias-

Henriot à esquerda e Typhlodromus pyri Scheuten à direita.

As quelíceras dos machos servem também para transferir o esperma, sob

a forma de um espermatóforo ou cápsula espermática para a genitália da

fêmea, funcionando então como gonópodos (Carmona & Silva-Dias, 1996).

Os estiletes têm por função penetrar as presas, retirando do seu corpo os

fluidos que servem de alimento aos fitoseídeos (Chant, 1985a).

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 52

3.2.2.3. Idiossoma

O idiossoma compreende a parte posterior ao gnatossoma. Nele estão

inseridos os quatro pares de patas, enumeradas de I a IV. A pata I está

dirigida para a frente, apresentando um comprimento superior às restantes e

tem um papel sensorial (Kreiter & Bourdonnaye, 1993) semelhante aos

palpos, o que representa uma evolução operada nos fitoseídeos (Carmona &

Silva-Dias, 1996). Em posição anterior, próximo do gnatossoma, situa-se um

órgão bífido designado tritosterno, que desempenha papel importante na

ingestão de fluidos (Chant, 1985a).

As patas são constituídas por sete segmentos: coxa, trocânter, fémur,

genu, tíbia, basitarso e tarso. Para além do mais, o pré-tarso é provido de

duas garras e um pulvilo (Chant, 1985a) (Fig. 3.8).

Fig. 3.8 – Representação esquemática da pata IV dos fitoseídeos (adaptado de Chant, 1985a).

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 53

Na pata IV podem surgir pêlos de tamanho superior aos demais,

designados macropêlos. Apesar de ser constante para cada espécie, o número

de pêlos das patas aumenta à medida que os fitoseídeos se vão

desenvolvendo, atingindo o valor característico de cada espécie, a partir da

fase de deutoninfa (Quadro 3.2).

Quadro 3.2 – Evolução do número de pêlos dos segmentos palpais nos diferentes instares em Gamasida (Krantz, 1986).

A região dorsal do corpo dos fitoseídeos encontra-se coberta por uma

placa quitinizada designada de placa dorsal a qual se encontra revestida de

pêlos e/ou poros (pêlos falíveis), com características e posições bem

definidas (Carmona & Silva-Dias, 1996). A placa dorsal nunca possui mais

que 20 pares de pêlos (exceptuando os pares de pêlos sub-laterais,

normalmente um ou dois e raramente três pares) (Chant, 1965; 1985a. Esta

placa pode apresentar-se desde lisa a mais ou menos estriada (Fig. 3.9),

consoante as espécies (Chant, 1985a).

A região dorsal do corpo dos fitoseídeos possui três séries de pêlos (Jj,

Zz e Ss) para além de mais uma série nas margens laterais do idiossoma (Rr)

(Fig. 3.6). Para efeitos taxonómicos, os pêlos são numerados

consecutivamente, pela ordem da sua posição típica, em cuja enumeração se

consideram também os pêlos falíveis. As séries de pêlos são numeradas da

região anterior para a região posterior, designando-se por letras maiúsculas

os pêlos do opistossoma e por letras minúsculas os do podossoma. Se por

Fase de vida Número de pêlos

Trocânter Fémur Genu Tibia Tarso

Larva 0 4 5 12 11

Protoninfa 1 4 5 12 15

Deutoninfa e adulto 2 5 6 14 15

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 54

exemplo, numa dada espécie, ao nível do podossoma existirem cinco pêlos e

o z2 não existir, estes são numerados da seguinte forma: z1, z3, z4 e z5

(Chant, 1985a; Krantz, 1986).

Fig. 3.9 - Placa dorsal estriada de uma fêmea de Typhlodromus phialatus Athias-Henriot.

A região ventral do idiossoma apresenta-se normalmente revestida por

duas ou três placas quitinizadas, consoante de trate respectivamente de

machos (Fig. 3.12) ou fêmeas (Fig. 3.10) (Chant, 1965; Jeppson et al., 1975;

Krantz, 1986; Carmona & Silva-Dias, 1996). Nas fêmeas existem três placas

ventrais: em posição anterior surge a placa esternal (que pode ser

fragmentada ou inteira), em posição intermédia a placa genital (Fig. 3.5) e

em posição posterior, a placa ventrianal ( Fig. 3.11 e Fig. 3.13).

Nos machos existem apenas duas placas na superfície ventral do

idiossoma (Fig. 3.12). A placa esternal encontra-se fundida com a placa

genital, tomando a designação de placa esternogenital. Em posição posterior,

tal como nas fêmeas, encontra-se a placa ventrianal (Fig. 3.11 e Fig. 3.13).

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 55

Fig. 3.10 – Representação esquemática típica da região ventral do corpo de uma fêmea adulta de fitoseídeo (adaptado de Chant, 1985a).

Fig. 3.11 – Placas ventrianais de Typhlodromus pyri Scheuten. Fêmea à esquerda e macho à direita.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 56

Fig. 3.12 – Representação esquemática típica da região ventral do corpo de um macho adulto de fitoseídeo (adaptado de Chant, 1985a).

Fig. 3.13 – Placas ventrianais de Neoseiulus californicus (McGregor). Fêmea à esquerda e macho à direita.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 57

3.2.3. Anatomia interna

A anatomia interna dos fitoseídeos encontra-se ainda mal estudada.

Chant (1985b) refere-se ao estudo dos dois sistemas internos mais

importantes sobre os quais existem conhecimentos: o sistema digestivo e o

sistema reprodutivo.

O sistema digestivo comporta glândulas salivares muito desenvolvidas,

com a finalidade de injectar as presas com uma substância rica em enzimas,

de modo a facilitar a sua pré-ingestão e a absorção do respectivo conteúdo

corporal (Chant, 1985b; Viñuela & Jacas, 1998).

No sistema reprodutivo, destacam-se as espermatecas nas fêmeas,

características de cada espécie (Fig. 3.14) e os espermatodáctilos e

espermatóforos nos machos. A espermateca é sem dúvida o órgão mais

estudado, dada a importância de que se reveste ao nível da identificação das

espécies (Chant, 1985b; Garcia-Marí et al., 1990; Kreiter & Bourdonnaye,

1993; Garcia-Marí et al., 1994).

Fig. 3.14 – Espermatecas de fitoseídeos: Amblyseius andersoni (Chant) à esquerda e Neoseiulus californicus (McGregor) à direita.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 58

3.3. Bioecologia

3.3.1. Reprodução e desenvolvimento

Para a maioria das espécies de fitoseídeos, o acasalamento é necessário

para que haja postura e, consequentemente, reprodução.

Algumas espécies, como Typhlodromus pyri Scheuten, necessitam de

várias cópulas para maximizarem a produção de ovos, enquanto que para

outras como Amblyseius andersoni (Chant), apenas uma cópula é suficiente.

A duração da cópula varia com a temperatura. No caso de T. pyri, varia entre

4 a 6 horas à temperatura de 21 ºC e 14 a 38 horas a 16 ºC (Schulten, 1985a).

A fecundação nos fitoseídeos, é do tipo indirecto – o macho deposita o

esperma na espermateca da fêmea (Fig. 3.15) – o que constitui uma das

características mais primitivas no sistema de fecundação dos fitoseídeos

(Baillod, 1984).

Fig. 3.15 – Acasalamento de fitoseídeos, situando-se a fêmea em posição superior e o macho em posição inferior.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 59

A reprodução para a maioria dos fitoseídeos é do tipo pseudo-

arrenótoca, na qual um par de cromossomas é eliminado durante as fases

iniciais do desenvolvimento embrionário. Apesar dos machos se

desenvolverem a partir de ovos fecundados, a eliminação dos n

cromossomas paternos ocorre após uma breve associação com os

cromossomas maternos, levando à formação de machos haplóides (Schulten,

1985b).

A maioria das espécies é bissexual, havendo no entanto, algumas onde

não se conhecem machos, sendo a reprodução designada do tipo telitoca. As

espécies de fitoseídeos com interesse agronómico são todas bissexuais,

apresentam uma reprodução do tipo pseudo-arrenótoca e têm uma

constituição cromossómica 2n=8 (Hoy, 1985).

A taxa de postura ou fecundidade (número de ovos postos por dia e por

fêmea adulta) varia entre 0,7 para T. pyri e 4,9 para Phytoseiulus persimilis

Athias-Henriot e Phytoseiulus macropilis (Banks), sendo os valores mais

comuns da ordem dos 1,1 a 3,0 ovos/dia. A fertilidade dos machos diminui

com a idade (Schulten, 1985a).

No que se refere à razão sexual dentro das espécies pseudo-arrenótocas,

a percentagem de fêmeas é superior à dos machos. Ao longo do ano, o nível

populacional dos machos é sempre muito parecido ao dos estados imaturos,

representando cerca de 10% do total de indivíduos, pelo menos nas espécies

A. andersoni, Euseius stipulatus (Athia-Henriot) e Neoseiulus californicus

(McGregor) (Costa-Comelles, 1986). Normalmente, em situações de campo,

a razão sexual tende a ser superior à verificada em laboratório. A

percentagem de fêmeas que ocorre na natureza ronda os 80%, sendo de 66%

para T. pyri e de 97,5% para Galendromus longipilus (Nesbit) (Sabelis,

1985c).

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 60

Tal como nos ácaros tetraniquídeos e como já foi referido em 2.3, o

desenvolvimento dos fitoseídeos compreende cinco fases: ovo, larva,

protoninfa, deutoninfa e adulto (Fig. 3.16) (Jeppson et al., 1975; Sabelis,

1985a; Krantz, 1986; Croft & Croft, 1993). Após a eclosão, surgem as larvas

hexapodas. Nesta fase, nem todas espécies requerem alimentação para

passarem ao estado de protoninfa (Amano & Chant, 1986; Dicke et al.,

1990; Croft et al., 1993; Schausberger & Croft, 1999a; Chittenden & Saitô,

2001).

Fig. 3.16 – Estados de desenvolvimento dos ácaros fitoseídeos: A – ovo, B – larva, C- protoninfa, D - deutoninfa, E - adulto. Da esquerda para a direita. Em cima vista dorsal, em baixo vista ventral (Fonte: Viñuela & Jacas, 1998).

De acordo com a capacidade de se transformarem em protoninfas com

ou sem alimento, distinguem-se três tipos de larvas dentro da família

Phytoseiidae: espécies com alimentação obrigatória, espécies com

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 61

alimentação facultativa e espécies sem alimentação (Zang & Croft, 1994)

(Quadro 3.3).

Quadro 3.3 - Exigências alimentares das larvas de diferentes espécies de fitoseídeos (Adaptado de Schausberger & Croft, 1999a).

Alimentação obrigatória Alimentação facultativa Sem alimentação

Euseius hibisci

Euseius finlandicus

Neoseiulus californicus

Neoseiulus fallacis

Amblyseius andersoni

Kampimodromus aberrans

Neoseiulus cucumeris

Neoseiulus barkeri

Typhlodromus pyri

As larvas e ninfas passam ao estado seguinte através de uma muda,

durante a qual o exoesqueleto é rompido transversalmente na região dorsal

do corpo. Nas fases pós-larvares, os fitoseídeos tornam-se mais móveis,

devido ao facto de possuírem um par adicional de patas posteriores. Este

aspecto pode ajudar na procura de alimento, sendo um pré-requisito para a

continuação do desenvolvimento dos fitoseídeos (Sabelis, 1985a).

Na família Phytoseiidae é comum os machos permanecerem junto das

deutoninfas fêmeas na altura da ocorrência da muda que as conduz ao estado

de fêmeas adultas (Schulten, 1985a). Este comportamento pode ser devido à

produção de feromonas de atracção sexual por parte das deutoninfas, fêmeas

adultas virgens e fêmeas grávidas, que atraem os machos para junto delas.

Logo após a última muda, as fêmeas entram num período de

quiescência, que pode ir de alguns minutos a várias horas após o qual estão

aptas a acasalar (Sabelis, 1985a).

A longevidade de uma fêmea “adulta” varia com as condições

ambientais e pode considerar-se dividida em três períodos (Sabelis, 1985b):

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 62

pré-postura, com uma duração de poucos dias; postura, com uma duração

média de 15 a 30 dias e pós-postura, de duração variável. O último período

tende a ser mais curto nas espécies que apresentam elevada Taxa Intrínseca

de Aumento Natural (rm) e mais prolongado nas espécies cuja rm apresenta

valores mais baixos. Os machos apresentam normalmente uma

sobrevivência inferior à da fêmea em cerca de 25% (Sabelis, 1985b).

O desenvolvimento dos fitoseídeos está directamente relacionado com

as condições ambientais, com a espécie e com o tipo e disponibilidade de

alimento (Duso & Camporese, 1991). Em condições particularmente

favoráveis, o desenvolvimento dura pouco mais que três dias, podendo ir

além de quatro semanas em condições nitidamente desfavoráveis (Kreiter et

al., 1991).

A duração do ciclo evolutivo reparte-se no tempo de forma

sensivelmente igual entre o estado de ovo e o conjunto dos estados imaturos,

variando em função da temperatura, higrometria e do tipo de alimento.

Humidades relativas da ordem dos 80% são favoráveis ao desenvolvimento

dos ovos e dos estados imaturos, enquanto humidades relativas próximas da

saturação, mesmo que verificadas durante poucas horas, são geralmente

fatais para os ovos (Kreiter, 1991; Kreiter et al., 1991).

3.3.2. Interrupção do ciclo biológico: diapausa

Tal como o aranhiço-vermelho e outros ácaros que habitam zonas de

clima temperado, os fitoseídeos interrompem o seu ciclo biológico devido à

entrada em diapausa, fenómeno através do qual estes organismos,

modificando o seu estatuto fisiológico, conseguem resistir melhor a um

período em que as condições externas são desfavoráveis seja à actividade em

geral, seja à alimentação ou às capacidades reprodutivas (Carmona & Silva-

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 63

Dias, 1996).

Os fitoseídeos passam o Inverno sob a forma de fêmeas adultas

fecundadas (Overmeer,1985a), em locais como as anfractuosidades dos

troncos, folhas mortas no solo, podendo ocorrer mesmo em zonas menos

protegidas entre ramos e gomos (Kreiter et al., 1991). Os locais preferidos

para hibernação, diferem consoante as espécies. N. californicus passa o

Inverno tanto em ramos como em ervas do solo; Euseius finlandicus

(Oudemans) também pode ser encontrada nos ramos durante o Inverno e E.

stipulatus não passa o Inverno na árvore, nem tão pouco foi encontrada nas

ervas do solo, ignorando-se qual o seu local de hibernação (Costa-Comelles,

1986).

A entrada em diapausa é induzida por fotoperíodos curtos associados a

baixas temperaturas e eventualmente a um certo tipo de alimentação e ocorre

na mesma época dos tetraniquídeos. Durante esta fase, os fitoseídeos,

permanecem imóveis no estado de diapausa facultativa e reprodutiva e não

se alimentam (Kreiter et al., 1991).

Para A. andersoni, N. californicus e E. stipulatus, a interrupção da

actividade reprodutiva ocorre ao longo de Outubro e Novembro sendo que

durante este último mês, as populações de fitoseídeos existentes sobre as

folhas são constituídas na sua totalidade por fêmeas grávidas, que são as

formas destinadas a hibernar (Costa-Comelles, 1986).

Em condições de campo, o momento a partir do qual as fêmeas saem do

estado de diapausa ainda não está bem esclarecido, mas sabe-se que estas

fêmeas abandonam os seus locais de hibernação no início da Primavera,

começando as posturas algumas semanas mais tarde (Overmeer, 1985a;

Nyrop, 1999). Isto ocorre quando o fotoperíodo e a temperatura começam a

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 64

aumentar.

Overmeer (1985a), sugere que os fitoseídeos não necessitam de passar

por um período de frio para terminarem a diapausa e que, além do papel

desempenhado pela temperatura, o do fotoperíodo é aparentemente ainda

mais importante. Durante este período, a taxa de mortalidade é elevada,

podendo nalgumas espécies atingir valores da ordem dos 80% a 90%.

Apesar da entrada em diapausa ocorrer praticamente em simultâneo com os

tetraniquídeos, a saída deste estado é mais precoce nos fitoseídeos (Kreiter et

al., 1991). Nestas circunstâncias, os fitoseídeos recorrem a fontes de

alimento alternativas, tais como ácaros tideídeos e eriofídeos, pólen, etc.

3.3.3. Factores condicionantes da distribuição dos fitoseídeos.

A maioria dos ácaros fitófagos ocorre na natureza em nichos discretos,

os quais são procurados pelos predadores para aí se alimentarem e

realizarem as suas posturas. Os locais preferidos pelas fêmeas de fitoseídeos

para realizarem as posturas constam de nichos onde existem presas que lhes

servem de alimento, bem como à sua descendência (Perrot-Minnot, 1995).

De entre os factores que determinam a presença e distribuição dos

fitoseídeos nas culturas agrícolas, destacam-se três: o hospedeiro, o clima e

o alimento (Garcia-Marí et al., 1994).

Relação com o hospedeiro

Os fitoseídeos mostram certa associação, tanto com as presas, como

com as plantas que lhes servem de hospedeiro. Apesar de não serem

específicos relativamente à espécie vegetal (uma vez que não se alimentam

dela), mostram preferência por determinados tipos de plantas (Garcia-Marí

Page 70: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 65

et al., 1994).

As características morfológicas da planta hospedeira, como a

pubescência das folhas, a presença de domácias e de tricomas, influenciam

as dinâmicas entre predadores e respectivas presas (Duso, 1992; Duso &

Pasqualetto, 1993; Roda et al., 2001; Duso & Pasini, 2003) e pode ajudar a

explicar a sobrevivência de fitoseídeos na ausência de ácaros fitófagos.

As domácias são estruturas morfológicas produzidas pelas plantas, com

a forma de tufos, pêlos ou cavidades de diferentes tipos, localizadas nas

junções entre a nervura principal e as secundárias, na página inferior das

folhas.

A presença de acarodomácias ao nível das folhas tem merecido

crescente atenção nos últimos anos. Estas estruturas alojam frequentemente

elevadas densidades de ácaros não fitófagos (Walter, 1996) o que pode

representar um mutualismo difuso entre os ácaros predadores (sugerido por

Lundstroem há mais de 100 anos) e as plantas hospedeiras (Matos et al.,

2004) em que estes auxiliares atingem densidades mais elevadas em plantas

ricas nestas estruturas, do que em plantas onde elas não existem (Roda et al.,

2001).

A manutenção de domácias pela planta ao longo do processo evolutivo,

reforça a hipótese da existência de uma relação mutualista entre plantas e

ácaros predadores. Se, por um lado, estes auxiliares beneficiam do alimento

e abrigo proporcionados por essas estruturas, as plantas acabam também por

beneficiar da defesa indirecta, levada a cabo pelos auxiliares que consomem

os fitófagos (Roda et al., 2001).

As características morfológicas das plantas, que contribuem para a

maior atracção dos auxiliares das culturas são consideradas como defesa

Page 71: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 66

biótica e podem influenciar directamente a sobrevivência, a fecundidade e o

sucesso alimentar desses organismos (Cortesero et al., 2000).

A pubescência das folhas parece ser factor importante para explicar a

presença e abundância de fitoseídeos em culturas perenes. Prospecções

levadas a cabo em França, revelaram que T. pyri foi a espécie mais

abundante em nove das quinze regiões vitícolas (Kreiter et al., 1991). No

Norte de Itália, Kampimodromus aberrans (Oudemans), T. pyri (Duso, 1992)

e Phytoseius plumifer (Can. & Fanz.) mostraram preferência por castas com

folhas pubescentes, enquanto que A. andersoni mostrou preferência por

castas com folhas menos pubescentes (Duso & Vettorazzo, 1999). Por sua

vez, Schausberger & Croft (1999a) reforçam a ideia acerca da preferência de

K. aberrans por plantas com folhas pubescentes.

As folhas glabras, acabam por expor mais os fitoseídeos a condições

abióticas desfavoráveis bem como à acção de predadores, enquanto que as

folhas pubescentes os protegem destes perigos (Roda et al., 2000).

Nas espécies fruteiras, mais concretamente na macieira, a densidade de

formas móveis de fitoseídeos por folha está directamente correlacionada com

o padrão de vilosidade das folhas (Roda et al., 2001; Duso & Pasini, 2003).

Por sua vez, E. stipulatus mostra preferência por espécies fruteiras com

folhas grandes e glabras, sendo a espécie mais abundante no Sul de Espanha

em pomares de citrinos (Ferragut & Escudero, 1997), e nas regiões Centro e

Sul de Portugal em pomares de pessegueiros (Ferreira & Carmona, 1997).

Os ovos dos fitoseídeos encontram-se frequentemente nas vilosidades

das folhas (Fig. 3.17 e Fig. 3.18), ou presos às sedas da teia dos

tetraniquídeos (Sabelis, 1985a).

Page 72: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 67

Fig. 3.17 – Ovos de fitoseídeos junto à nervura central, nas vilosidades da folha em macieira.

Fig. 3.18 – Localização dos ovos fitoseídeos, junto às nervuras da folha de videira da casta Trajadura.

A distribuição das posturas e dos adultos de fitoseídeos na página

inferior das folhas apresenta padrões que variam com a espécie ou grupos de

espécies.

A associação de algumas espécies a certas castas é independente da

disponibilidade de presas. Esta preferência parece estar ligada a um

Page 73: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 68

microclima favorável, protecção melhorada contra lavagem das folhas,

protecção contra macropredadores, disponibilidade elevada de locais de

postura e refúgio e capacidade acrescida de retenção de pólen transportado

pelo vento (Duso, 1992) proporcionando maior disponibilidade de alimento

alternativo.

Relação com o clima

Enquanto o aranhiço-vermelho apresenta elevada capacidade de se

desenvolver nas mais diversas zonas frutícolas e vitícolas de clima

temperado, as diferentes espécies de fitoseídeos associadas a estes

ecossistemas agrários, demonstram estar melhor adaptadas a determinados

microclimas, pelo que as características do meio condicionam em parte a sua

distribuição.

Os fitoseídeos são mais abundantes em zonas mais húmidas e

apresentam uma relação estreita com os tipos de culturas geograficamente

estabelecidas nos diferentes climas, pelo que aparecem de forma mais ou

menos estável em determinadas culturas numa mesma região (Monetti,

1995).

Várias espécies de fitoseídeos são consideradas como tendo a sua

origem na região do Mediterrâneo, encontrando-se associadas a grande

número de culturas, espécies estas representadas por Euseius stipulatus

(Athias-Henriot), Euseius finlandicus (Oudemans) Euseius scutalis (Athias-

Henriot) (Ferragut & Escudero, 1997)), T. phialatus Athias-Henriot e N.

californicus (Kreiter & Bourdonnaye, 1993).

Algumas espécies, como T. pyri encontram-se amplamente distribuídas

por todos os continentes. Este fitoseídeo de origem europeia (tal como o

Page 74: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 69

aranhiço-vermelho), tem “emigrado” para as mais diversas regiões do globo,

como que acompanhando o fitófago. Dando mostras da sua boa capacidade

de adaptação a diversas latitudes do globo, T. pyri tem-se estabelecido em

novos ecossistemas agrários de forma permanente, merecendo o epíteto da

espécie mais ubiquísta.

Outras espécies como E. stipulatus, que apesar da sua origem

mediterrânica, foi introduzida no continente americano, estabelecendo-se de

forma permanente em pomares de citrinos (McMurtry, 1992; Ferragut &

Escudero, 1997).

Um trabalho realizado nos Estados Unidos, em que foram utilizadas

espécies de fitoseídeos de diferentes proveniências, revelou o

estabelecimento de A. andersoni nas regiões costeiras em habitats húmidos e

de M. occidentalis nos vales interiores de zonas secas, sendo T. pyri a

espécie dominante nas zonas húmidas (Croft et al., 1993).

Em Portugal, na região Norte, E. stipulatus surge como a espécie mais

abundante e mais frequente em macieira na parte Noroeste, seguida de T.

pyri (Rodrigues & Torres, 2003). No entanto, no Nordeste transmontano,

Typhlodromus rhenanoides Athias-Henriot surge como a espécie mais

abundante nas zonas mais secas, enquanto que nas zonas mais húmidas

domina T. pyri (Quadro 5.1) (Espinha et al., 1998a; 1998b).

Em Espanha na região de Lérida, A. andersoni é a espécie dominante,

tanto em pomares de macieira tanto nas árvores (Vilajeliu et al., 1994) como

no correspondente substrato herbáceo (Costa-Comelles et al., 1994)

enquanto que nas regiões de Girona (Vilajeliu et al., 1994) e Rioja (Pérez-

Moreno, 1998) domina N. californicus. Por sua vez, K. aberrans, surge

como a espécie mais abundante nas Astúrias (Miñarro et al., 2002).

Page 75: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 70

A preferência de T. pyri por regiões mais húmidas está bem patente nas

vinhas da Região do Douro, sendo a espécie dominante na margem Sul do

Rio Douro (mais húmida) enquanto que na margem Norte (mais seca)

domina K. aberrans (Pereira et al., 2003).

A par de T. pyri, merece especial realce T. phialatus. Trata-se de uma

espécie que prefere regiões de clima tipicamente mediterrânico (Kreiter et

al., 2000), sendo particularmente abundante na Andaluzia Ocidental e

Extremadura espanhola (Garcia-Marí et al., 1994). Esta espécie encontra-se

amplamente distribuída em Portugal continental, associada principalmente à

vinha. No entanto, é mais abundante na região do Alentejo (Ferreira, 1995),

sendo mesmo a espécie dominante na localidade de Reguengos de Monsaraz

(Teixeira 1994; 1995), o que demonstra boa tolerância às temperaturas

elevadas e baixas humidades relativas.

Relação com o alimento

As espécies de hábitos generalistas são dominantes na fauna acarológica

da família Phytoseiidae em culturas perenes (McMurtry, 1992). São

representativas destas espécies, T. pyri, T. phialatus, K. aberrans e A.

andersoni, entre outras. Uma característica destas espécies consiste no facto

de durante o ciclo vegetativo, se encontrarem permanentemente nas árvores,

mesmo na ausência de ácaros fitófagos. Nestas circunstâncias, não têm

necessidade de abandonar o hospedeiro, uma vez que recorrem a fontes

alternativas de alimento, como pólen, meladas, exsudados, outros ácaros, e

pequenos insectos. São espécies que limitam as populações de tetraniquídeos

a baixas densidades populacionais.

Os hábitos generalistas de espécies como T. pyri contribuem

provavelmente, para a sua persistência em árvores individuais, podendo a

Page 76: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 71

esta escala, eliminar as populações de aranhiço-vermelho. No entanto, à

escala do pomar tanto o aranhiço-vermelho, como T. pyri podem persistir

durante vários anos (Walde et al., 1992).

Por sua vez, as espécies de fitoseídeos de hábitos especializados, tais

como P. persimilis e N. californicus, estão geralmente associadas a espécies

herbáceas que servem de alimento a ácaros tetraniquídeos. Esta última

espécie, durante a primeira fase da Primavera, encontra-se essencialmente ao

nível do coberto herbáceo, onde se alimenta de ácaros fitófagos. No final da

Primavera, migra juntamente com o aranhiço-amarelo para o substrato

arbóreo, onde permanece até final do ciclo vegetativo.

A abundância de P. persimilis e de P. macropilis está dependente das

presas que lhes servem de alimento, pelo que são predadores efectivos a

elevadas densidades populacionais de ácaros fitófagos, estando associados a

espécies produtoras de teia densa, como o aranhiço-amarelo. Na ausência de

alimento, as espécies de hábitos especializados têm tendência a abandonar o

hospedeiro, dispersando em busca de novas presas (McMurtry & Croft,

1997).

Por sua vez, N. californicus, apesar de depender de ácaros fitófagos que

lhe servem de alimento, pode, na ausência do seu alimento preferencial,

permanecer no mesmo hospedeiro, uma vez que apresenta já alguma

polifagia, recorrendo para tal, a alimentos alternativos como as espécies dos

tipos generalistas.

3.4. Acção na limitação natural do aranhiço-vermelho

Todas as espécies animais possuem no seu habitat de origem, inimigos

Page 77: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 72

que lhes estão associados de forma característica, constituindo o seu

complexo de inimigos naturais (Cloutier & Cloutier, 1992).

3.4.1. Inimigos naturais

O aranhiço-vermelho encontra em diversas culturas perenes que lhe

servem de hospedeiro, uma diversidade de inimigos naturais, desde fungos e

vírus que podem provocar mortalidades consideráveis do fitófago (Jeppson

et al., 1975; Van der Geest, 1985; Costa-Comelles, 1986) a ácaros e insectos

predadores (Jeppson et al., 1975; Chazeau, 1985; Costa-Comelles, 1986;

Garcia-Marí et al., 1991).

Uma das principais características dos predadores naturais, consiste no

facto de agirem de forma simples e directa: a presa é capturada e geralmente,

eliminada de imediato, podendo um predador eliminar muitas presas ao

longo da sua vida, sendo a sua voracidade um índice útil do seu potencial de

repressão (Jeppson et al., 1975; Leclant, 1996). Um predador pode ser

apenas entomófago e/ou polífago, sendo que o predador polífago alimenta-se

de diversas espécies de presas e a importância de cada uma varia de acordo

com a sua disponibilidade relativa (Cloutier & Cloutier, 1992).

Os ácaros fitoseídeos são os auxiliares entomófagos que têm suscitado

maior interesse na limitação natural do aranhiço-vermelho. Estes têm sido

objecto de numerosos estudos e ensaios como predadores de tetraniquídeos

em diversas culturas perenes, especialmente onde o aranhiço-vermelho

assume maior importância (Chant & McMurtry, 1994; Costa-Comelles et al.,

1994; McMurtry & Croft, 1997; Espinha et al., 1998a; Espinha et al., 1998b;

Schausberger & Croft, 1999a; Schausberger & Croft, 1999b).

Entre os ácaros predadores mais importantes a seguir aos fitoseídeos

Page 78: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 73

destacam-se entre outros, os estigmaeídeos, com especial realce para

Zetzellia mali (Ewing). Trata-se de uma espécie que se encontra disseminada

em pomares europeus e americanos e pode sobreviver durante longos

períodos sem presas, tornando-se nestas alturas fitófaga e polênfaga. Esta

espécie é considerada potencialmente utilizável em luta biológica em

pomares. Algumas características dos estigmaeídeos, tais como a sua maior

persistência na cultura, a sua fraca dispersão, as reduzidas necessidades

alimentares e a sua grande capacidade de sobrevivência, fazem desta família

mais especializada do que os fitoseídeos, desempenhando um papel

complementar do ponto de vista de actividade reguladora das populações de

tetraniquídeos (Kreiter & Bourdonnaye, 1993).

No entanto, também alguns insectos desempenham um papel não

negligenciável na limitação natural do aranhiço-vermelho. Sob este ponto de

vista, o coccinelídeo Stethorus punctillum Weise é de entre as diversas

espécies do género Stethorus, aquela que apresenta maior interesse na

Europa (Costa-Comelles, 1986; Pasqualini et al., 1987; Strappazzon &

Rensi, 1989; Espinha, 1994). Além de S. punctillum, encontram-se outros

insectos cuja actividade não é tão específica como a do anterior. É o caso de

Anthocoris nemoralis F. e Orius sp. na família dos antocorídeos e de

Chrysoperla carnea (Steph.) na família dos crisopídeos. Apesar de não

serem predadores específicos do aranhiço-vermelho, estes auxiliares

desempenham papel complementar ao dos fitoseídeos e ao de S. punctillum.

A sua acção limitante exerce-se com eficácia durante a Primavera, quando o

efectivo médio de predadores apresenta uma relação de um para 20 ácaros.

No entanto, durante o Verão, esta proporção não é suficiente para reduzir as

populações de tetraniquídeos (Milaire, 1983a).

Page 79: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 74

3.4.2. Luta biológica versus limitação natural

Nos últimos anos, tem-se assistido a uma revolução nos meios de

protecção contra os inimigos das culturas. A luta biológica contra o

aranhiço-vermelho através da utilização de fitoseídeos, tem ganho cada vez

mais adeptos entre investigadores, técnicos e produtores, pois, onde os

métodos clássicos falharam, a luta biológica tem-se assumido como uma

alternativa credível e viável.

O conceito de luta biológica de acordo com a definição dada em 1971

pela OILB/SROP (Organização Internacional de Luta Biológica/Secção

Oeste Paleárctica) consiste na utilização de organismos vivos ou de seus

derivados, com o objectivo preciso de reduzir as populações dos inimigos

das culturas para níveis economicamente toleráveis (Cloutier & Cloutier,

1992; Alston, 1996; Milaire, 1983a).

Esta utilização deliberada de organismos vivos pelo Homem, é realizada

através da acção de certas espécies de artrópodos ou de patogénios, a fim de

reduzir as populações dos inimigos das culturas, para níveis

economicamente toleráveis (Alston, 1996; Bénassy, 1982).

Por outro lado, a luta biológica exerce-se também sem a intervenção

humana ocorrendo naturalmente, de forma que os predadores endémicos

surgem como a primeira força reguladora das populações de pragas. Esta

modalidade de luta biológica é designada por limitação natural.

Alston (1996) refere-se à limitação natural, como sendo a “balança da

natureza”, na qual estão incluídos não só a acção dos inimigos naturais das

pragas (predadores, parasitóides e patogénios), mas também outros factores

bióticos como a disponibilidade de alimento e a competição alimentar e os

factores abióticos, como o clima e o solo. Esta “balança da natureza”

Page 80: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 75

representa uma oscilação das populações e não um equilíbrio estático

(Carvalho, 1986).

A limitação natural constitui uma medida de luta indirecta contra os

inimigos das culturas (Amaro, 2003), podendo ser aplicada a qualquer tipo

de organismo, praga ou não, sem considerar se o agente auxiliar ocorre

naturalmente, se é introduzido pelo Homem ou manipulado de qualquer

forma.

A luta biológica tem sido utilizada com um propósito bem definido: a

restituição do equilíbrio da “balança da natureza” alterado pelo Homem

(Carvalho, 1986).

Os programas de luta biológica com recurso a artrópodos auxiliares, são

implementados de acordo com diferentes estratégias, segundo a praga visada

e o tipo de cultura que esta afecta. Para tal utilizam-se várias modalidades:

luta biológica clássica, tratamento biológico, limitação natural (Milaire,

1983b; Alston, 1996; Metcalf, 1996) e luta biológica neoclássica (Ehler,

2000) sendo esta última modalidade muito pouco referenciada.

• Luta biológica clássica. Consiste na introdução de inimigos naturais

exóticos e no seu estabelecimento a longo prazo num novo ambiente,

tendo em vista a limitação de uma praga também ela exótica. O

entomófago a introduzir, tem que ter uma eficácia reconhecida na área

geográfica de onde é originária a praga em causa.

• Luta biológica neo-clássica. Consiste na introdução de inimigos

naturais exóticos e no seu estabelecimento a longo prazo no ambiente,

tendo em vista a limitação de uma praga endémica.

• Tratamento biológico. Esta modalidade de luta biológica consiste na

introdução de inimigos naturais e tem como objectivo, aumentar os

Page 81: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 76

efectivos populacionais de entomófagos nas épocas e locais onde a sua

acção é desejada, através da realização de largadas periódicas. Com

esta prática, pretende-se enriquecer quantitativamente os ecossistemas

agrários, com auxiliares entomófagos criados em massa

especificamente para esse fim. Estas largadas podem ser inoculativas

ou inundativas recorrendo-se quer a entomófagos exóticos como

endémicos (Milaire, 1983b; Henn et al., 1995). As largadas

inoculativas têm por finalidade proceder à introdução de pequeno

número de indivíduos, que, uma vez na cultura vão-se reproduzir e

sendo a limitação da praga assegurada pelas gerações seguintes

(Milaire, 1983b). Por sua vez, nas largadas inundativas, os

auxiliares são introduzidos em grandes quantidades, sendo utilizados

como "tratamento biológico". Estas largadas são utilizadas em

períodos críticos, para supressão a curto prazo das pragas.

• Limitação natural. A conservação da fauna auxiliar endémica é

muitas das vezes, o factor mais importante no sucesso da limitação

natural das pragas. Para tal, torna-se necessária a limitação de

determinados tratamentos fitossanitários e ao mesmo tempo a

manipulação do habitat, através da criação de condições ecológicas

favoráveis à sobrevivência e à multiplicação dos referidos auxiliares

(Milaire, 1983b). Henn et al. (1995) referem as seguintes condições

para levar a cabo a luta biológica através da limitação natural:

• Identificação dos inimigos naturais;

• minimização da aplicação de insecticidas, devido ao facto da maioria

dos inimigos naturais serem mais susceptíveis a estes produtos que as

pragas alvo;

• utilização de insecticidas selectivos ou de técnicas de aplicação

Page 82: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 77

localizada;

• manutenção da superfície do solo revestida e criação de sebes vivas,

ou seja, adopção de práticas culturais que favoreçam o

desenvolvimento dos predadores naturais endémicos. Tais práticas

podem incluir a diversificação do habitat através da manutenção do

solo revestido e de sebes vivas nas bordaduras, que funcionam em

ambos os casos como fonte de alimento alternativo para a fauna

auxiliar e, ao mesmo tempo, como locais de refúgio;

• disponibilização, em permanência, de fontes alternativas de néctar e

pólen ou de alimentação suplementar para a fauna auxiliar, de forma a

satisfazer as necessidades alimentares das espécies que apresentam

diferentes hábitos alimentares de acordo com a fase do ciclo de vida.

A utilização de fitoseídeos em luta biológica contra os ácaros fitófagos,

é feita normalmente com o recurso a largadas, que podem ser introduções de

espécies exóticas ou re-introduções de espécies, nos casos em que estas

tenham desaparecido devido à acção dos pesticidas ou devido ao facto de

não encontrarem condições climáticas favoráveis ao seu desenvolvimento.

Para os fitoseídeos associados às fruteiras e à vinha, recorre-se

principalmente a largadas inoculativas, que podem ser feitas com espécies

criadas em laboratório especificamente para esse fim ou através da

transferência de fitoseídeos a partir de pomares e vinhas onde estes sejam

abundantes.

Vários são os processos utilizados para a transferência e/ou introdução

de T. pyri, a partir de pomares e vinhas onde esta espécie abunda, para

parcelas ou locais onde a sua acção é desejável, possibilitando desta maneira

o seu estabelecimento, de forma permanente e estável. É o caso das

Page 83: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 78

transferências em lenha de poda (Nyrop, 1999), em cintas de flanela

(Brazier et al., 1993; Silva & Gonçalves, 1997; Broufas & Koveos, 2000),

em corimbos durante a floração (Nyrop, 1999) em folhas durante o ciclo

vegetativo (Nyrop, 1999; Marshal & Lester, 2001):

• lenha de poda: este processo permite a transferência de fêmeas

hibernantes a partir da lenha de poda, dado tratar-se de um dos locais

procurados pelas fêmeas de T. pyri e de outras espécies para

hibernarem. A transferência é feita logo no início do ciclo vegetativo,

altura em que os fitoseídeos terminam a diapausa, ou seja, na altura

em que os fitoseídeos abandonam os locais de hibernação, dirigindo-

se para a copa das árvores, onde irão permanecer durante o ciclo

vegetativo das plantas;

• cintas de flanela: trata-se de um processo frequentemente utilizado

na introdução de T. pyri em diversos países e que tem permitido bons

resultados. No final do Verão, as cintas são colocadas em volta dos

troncos das árvores e vão ser usadas pelos fitoseídeos, como local de

refúgio para passarem o Inverno. No início do ciclo vegetativo

seguinte, as cintas são colocadas de igual forma nos locais onde se

deseja a presença de fitoseídeos. Esta operação dever ser feita após a

realização dos tratamentos contra formas hibernantes de ácaros e

insectos;

• corimbos em floração: a transferência de corimbos com fitoseídeos

realiza-se no início da floração. Nesta época, as folhas são pequenas e

pouco abundantes, pelo que os fitoseídeos abundam essencialmente

nas flores, provavelmente devido ao pólen que lhes serve de alimento.

No caso de T. pyri, podem ser encontradas cerca de duas a três formas

móveis por corimbo e folhas circunvizinhas. Para que a introdução

Page 84: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 79

tenha sucesso, são necessários 20 corimbos (com a respectiva madeira

e folhas) por cada árvore acolhedora;

• folhas das árvores: este processo permite a transferência de T. pyri

durante quase todo o ciclo vegetativo do hospedeiro, a partir de folhas

bem colonizadas. As folhas com fitoseídeos são fixadas nas árvores

receptoras através de grampos. O número de folhas a colocar depende

da densidade de fitoseídeos. Como valor de referência, devem ser

colocados pelo menos 50 fitoseídeos em cada árvore.

Qualquer que seja o processo utilizado, os fitoseídeos introduzidos vão

estabelecer-se nas culturas, e são as gerações seguintes que asseguram a

limitação natural do aranhiço-vermelho. No entanto, há situações em que os

resultados não ocorrem logo no primeiro ano, podendo demorar entre dois a

três anos para que T. pyri se estabeleça de forma estável e permanente na

nova parcela (Nyrop, 1999) e assegure uma regulação estável das populações

de aranhiço-vermelho. Por outro lado, para que a colonização ocorra mais

rápida e homogeneamente, deve-se ter em consideração a selectividade dos

pesticidas utilizados nas culturas.

Actualmente, a introdução de auxiliares exóticos é prática comum em

diversas culturas, no entanto, apesar de todas as vantagens que apresenta e

do sucesso alcançado em várias zonas do globo, pode, nalguns casos,

conduzir a resultados indesejados :

• A ausência de sincronismo entre os ciclos biológicos da praga e do

auxiliar introduzido bem como de condições ambientais desfavoráveis

ao seu desenvolvimento, podem conduzir a explosões demográficas

catastróficas por parte da praga (Riba, 1991).

• O desconhecimento de novas relações (imprevisíveis) que se possam

Page 85: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 80

estabelecer entre o auxiliar introduzido e as espécies existentes, pode

conduzir a uma perda potencial de funções ecológicas por parte de

espécies nativas (Ehler, 2000)

A avaliação do impacto dos inimigos naturais introduzidos num dado

ecossistema, não dever ser restringida apenas ao inimigo alvo, devendo ser

extensível ao conjunto das espécies que compõem o ecossistema agrário.

3.5. Selecção das espécies a utilizar na limitação natural do

aranhiço-vermelho

A protecção contra o aranhiço-vermelho em vinhas e pomares

intensivos tornou-se cada vez mais difícil devido à facilidade e rapidez com

que este ácaro foi desenvolvendo resistências aos pesticidas. Isto contrasta

com as numerosas ocasiões em que a luta biológica com recurso a ácaros

fitoseídeos foi bem sucedida (Costa-Comelles, 1986).

Em finais dos anos oitenta, assistiu-se no continente europeu, a uma

vulgarização da luta biológica contra os ácaros fitófagos. Costa-Comelles

(1986) demonstrou as possibilidades deste meio da luta em macieira através

da utilização de fitoseídeos. Baillod et al. (1989) referem mesmo Contre

l’acarien rouge, l’efficacité de la lutte biologique n’est plus à démontrer.

Com o aparecimento de estirpes de fitoseídeos resistentes a diversos

pesticidas, abriram-se novas perspectivas no seio da protecção das culturas,

permitindo alargar a gama de produtos utilizáveis em programas de

protecção integrada e, ao mesmo tempo, desenvolver mais facilmente

programas de luta biológica contra os ácaros fitófagos (Baillod, 1984).

O interesse da utilização dos fitoseídeos na limitação natural do

Page 86: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 81

aranhiço-vermelho, reside em parte, nas suas características biológicas, que

os tornam mais eficazes relativamente a outros grupos de auxiliares.

Das cerca de 2250 espécies destes auxiliares conhecidas actualmente,

apenas um número muito restrito é considerado importante na limitação

natural das populações de ácaros fitófagos.

Vários são os trabalhos de campo, que demonstram que desde que T.

pyri se instale nos pomares, as populações de aranhiço-vermelho

dificilmente atingem o nível económico de ataque, dado tratar-se de um

predador que limita o crescimento dessas populações desde o seu

aparecimento (Baillod et al., 1985).

T. pyri é referenciada como sendo a espécie mais comum em pomares

da maioria dos países da Europa Ocidental (Costa-Comelles, 1986) e na

maioria das regiões vitícolas francesas (Kreiter et al., 2000). Esta espécie é

considerada uma das mais importantes na limitação natural do aranhiço-

vermelho, sendo mesmo considerada a mais efectiva (Chant, 1959; Silauri &

Baillod, 1990).

3.5.1. Características bioecológicas dos fitoseídeos

Para além da identificação das espécies de fitoseídeos presentes num

dado ecossistema agrário, torna-se também necessário, conhecer a sua

biologia, bem como o seu potencial predador, uma vez que variam de

espécie para espécie.

Os fitoseídeos possuem uma série de características biológicas que lhe

conferem vantagens relativamente à presa principal, o aranhiço-vermelho

(Baillod, 1984):

• maior velocidade de deslocação;

Page 87: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 82

• maior duração do ciclo evolutivo relativamente ao fitófago;

• maior longevidade;

• grande voracidade das larvas e dos adultos.

À medida que o conhecimento sobre as características biológicas e

ecológicas da família Phytoseiidae foi evoluindo, surgiram diversos

trabalhos relatando particularidades associadas a cada espécie, grupos de

espécies e mesmos géneros diferentes, que determinam as diferentes

especificidades dos fitoseídeos como agentes reguladores das populações de

ácaros fitófagos.

Os fitoseídeos possuem uma série de características gerais, que

determinam a sua eficácia como predadores de ácaros fitófagos. Os hábitos

alimentares diferem entre muitas das espécies conhecidas, o que contribui

para a existência de comportamentos distintos de predação dentro desta

família.

Costa-Comelles (1986) refere um conjunto de quatro características para

os fitoseídeos de hábitos generalistas:

• elevada resposta numérica e funcional que lhes permite reagir

rapidamente a aumentos de densidade da presa adquirindo um bom

sincronismo com esta;

• possibilidade destas espécies sobreviverem utilizando fontes

alternativas de alimento (outros ácaros, insectos, fungos e pólen) na

ausência da praga, permitindo o seu desenvolvimento e a sua

permanência nas culturas de forma mais estável;

• baixas necessidades nutricionais por indivíduo, que lhes permitem

Page 88: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 83

regular as populações dos fitófagos a níveis muito baixos;

• possibilidade de adquirirem resistência a alguns pesticidas,

tornando-os adequados para utilização em programas de protecção

integrada.

Para os fitoseídeos de hábitos especializados, as características

específicas que determinam a eficácia sobre os ácaros fitófagos são (Mesa &

Lenis, 1993):

• elevado poder de dispersão. Algumas espécies de fitoseídeos

dispersam-se nas culturas através de correntes de ar, outras

apresentam elevada mobilidade em culturas protegidas. No entanto,

este factor está intimamente relacionado com algumas condições

climáticas, como a temperatura.

• distribuição em relação à presa. Este aspecto deve ser observado

com cuidado, pois a distribuição do predador pode mudar com a hora

do dia ou com as condições climáticas. Algumas espécies são atraídas

pelas teias que alguns tetraniquídeos formam.

• elevado potencial reprodutivo. Espécies como P. persimilis

apresentam um potencial reprodutivo superior ao de outras espécies de

fitoseídeos, por causa principalmente, da sua alta fecundidade curta

duração do ciclo evolutivo, comparativamente com o da sua presa

preferida, o aranhiço-amarelo. Assim, durante uma geração da presa,

podem produzir-se várias gerações do predador. Este predador

especializado de Tetranychus sp. requer grande quantidade de presa

para sobreviver e reproduzir-se (McMurtry, 1992).

• voracidade. Os fitoseídeos de hábitos especializados apresentam alta

capacidade de predação.

Page 89: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 84

• elevado grau de especificidade em relação à presa. Esta

característica indica boa adaptação biofisiológica ao hospedeiro, bem

como uma dependência directa das alterações de densidade

populacional da presa.

• características morfológicas e agrupamentos taxonómicos.

Segundo McMurtry & Croft (1997), o tamanho e a posição de

determinados pêlos ao longo da região dorsal do idiossoma dos

fitoseídeos, representam características comuns entre fitoseídeos do

mesmo tipo. A posição destes pêlos indica provavelmente

convergência e sugere que a predação especializada de ácaros

tetraniquídeos evoluiu independentemente em vários grupos da

família Phytoseiidae.

Para além dos hábitos alimentares, outras particularidades permitem em

conjunto, uma melhor compreensão do papel desempenhado pelos

fitoseídeos na limitação natural de ácaros fitófagos. McMurtry & Croft

(1997) propuseram uma classificação das diferentes espécies desta família,

baseada não só nos seus hábitos alimentares, mas também nas suas relações

biológicas e particularidades morfológicas associadas. Nesta perspectiva, os

fitoseídeos são agrupados em quatro tipos diferentes, tal como a seguir se

refere:

Tipo I . Predadores especializados em espécies de Tetranychus sp.

Representado exclusivamente por espécies do género Phytoseiulus

associadas a tetraniquídeos do género Tetranychus sp. São exemplos de

fitoseídeos deste tipo, as espécies: P. persimilis e P. macropilis.

• Características biológicas: espécies de fitoseídeos associadas a

ácaros com teia muito densa, complexa e irregular, na qual se

Page 90: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 85

encontram acumulados dejectos fecais, ovos e exúvias larvares. A

reprodução das espécies do género Phytoseiulus depende da existência

de ácaros tetraniquídeos como presa e normalmente acontece a uma

taxa mais alta de presas do género Tetranychus, do que em espécies de

outros géneros. As espécies do género Phytoseiulus apresentam um

elevado potencial de crescimento populacional, provavelmente o

maior na família Phytoseiidae.

• Características morfológicas: Os predadores especializados de

Tetranychus sp., possuem caracteristicamente pêlos longos na posição

mediana da placa dorsal, normalmente j4-j6 e J2, e também alguns

pêlos em posição lateral nesta placa, i. e. as séries r-R e

ocasionalmente Z1, que os ajudam a movimentar ao longo das sedas

da teia das suas presas.

• Papel desempenhado em luta biológica: a rápida resposta numérica

dos fitoseídeos do género Phytoseiulus, ao aumento das populações de

ácaros fitófagos, fazem destes predadores, candidatos lógicos para a

sua utilização em estratégias aumentativas de luta biológica. Porém,

esta eficiência poderá ter a desvantagem de uma possível sobre-

exploração da presa, levando à extinção desta e acabando o predador

por desaparecer também, devido ao facto de não se poder desenvolver

à custa de alimentos alternativos. Normalmente, os predadores do

Tipo I são utilizados em largadas inundativas, em culturas herbáceas,

tanto em estufa como ao ar livre.

Tipo II. Predadores selectivos de ácaros tetraniquídeos.

Neste grupo incluem-se fitoseídeos que se encontram frequentemente

associados a espécies de ácaros produtoras de teias densas e são

Page 91: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 86

representadas por espécies do género Galendromus, algumas espécies do

género Neoseiulus e poucas do género Typhlodromus. São exemplos de

fitoseídeos deste tipo: G. occidentalis, Neoseiulus californicus (McGregor),

N. fallacis e Neoseiulus longispinosus (Evans) .

• Características biológicas: espécies de fitoseídeos normalmente

associadas ácaros do género Tetranychus (que produzem teias

complexas), ou espécies de outros géneros que produzem teias em

forma de ninho, variando de um abrigo frouxamente definido na

depressão das folhas ou ao lado das nervuras principais das mesmas,

até uma estrutura de teia muito densa, impenetrável a alguns

fitoseídeos. Estudos realizados, sugerem que os predadores do Tipo II

podem atacar prontamente, tetraniquídeos de "teia pequena" como o

aranhiço-vermelho, mas é menos provável terem uma associação forte

com eles. Embora a resposta dos predadores do tipo II à densidade da

presa possa ser menor que a dos do tipo I, algumas espécies do tipo II

mostram forte resposta de agregação nas folhas infestadas com T.

urticae. A capacidade reprodutiva e a taxa intrínseca de aumento

natural podem ser classificadas de médias (em Galendromus sp.) a

altas (na maioria das espécies de Neoseiulus sp.). Em comparação com

as espécies do tipo I, estas possuem uma gama mais ampla de presas

dentro da família Tetranychidae.

• Características morfológicas: as espécies do tipo II também possuem

pêlos longos nas superfícies medianas e laterais da placa dorsal. Esta

característica ocorre nos três géneros mencionados, mas as espécies

dos géneros Neoseiulus e Typhlodromus que são consideradas

generalistas (tipo III) possuem pêlos mais curtos nestas localizações.

• Papel desempenhado em luta biológica: as espécies do tipo II são

Page 92: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 87

utilizadas frequentemente em largadas inoculativas, para além de

terem utilização crescente em largadas inundativas. As baixas

exigências alimentares destas espécies, associadas a baixas taxas de

canibalismo e a uma ampla gama de presas, bem como a grande

actividade de algumas espécies, como N. californicus, podem

contribuir para a estabilização das populações de ácaros a baixas

densidades.

Tipo III. Predadores generalistas

Alimentam-se de vários tipos de ácaros como eriofídeos, tarsonemídeos

e tetraniquídeos, além de pólen, meladas e exsudados de plantas. São

representados por algumas espécies do género Neoseiulus e mais

frequentemente por espécies dos géneros Typhlodromus e Amblyseius, para

além de espécies de outros géneros. São exemplos de fitoseídeos deste tipo,

as espécies: Neoseiulus cucumeris (Oudemans), Neoseiulus barkeri Hughes,

T. pyri, A. andersoni e K. aberrans.

• Características biológicas: os fitoseídeos deste tipo ocorrem em

todos os géneros, com excepção de Galendromus sp. e Phytoseiulus

sp., estando normalmente associados a ácaros produtores de pequenas

teias como o aranhiço-vermelho. Apresentam alimentação variada,

abrangendo várias famílias de ácaros: eriofídeos, tarsonemídeos,

tideídeos e tenuipalpídeos; vários insectos como tripes e aleirodídeos e

também meladas, exsudados de plantas e pólen. O potencial de

desenvolvimento varia com a espécie e com o tipo de alimento. Por

exemplo, K. aberrans, A. andersoni e T. pyri, podem apresentar um

potencial de desenvolvimento maior na presença de eriofídeos do que

na presença de tetraniquídeos. No entanto, estas duas últimas espécies

Page 93: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 88

manifestam preferência pelo aranhiço-vermelho. Apresentam

distribuição espacial diferente da dos Tipos I e II. Não agregam tanto

em colónias de ácaros tetraniquídeos como os do Tipo I, sendo a sua

agregação inversamente proporcional à densidade da presa. Algumas

espécies deste tipo são afectadas de modo adverso pela teia densa de

algumas espécies de ácaros fitófagos. O comportamento dos

fitoseídeos do Tipo III pode ser influenciado fortemente pela anatomia

da folha.

• Características morfológicas: as espécies de fitoseídeos que se

mantêm em plantas com folhas pubescentes, são geralmente de

pequeno tamanho e de corpo estreito (ex: K. aberrans e T. pyri).

Apresentam a placa dorsal lisa, com um pêlo médio-dorsal curto

(séries j-J), o que impede a sua penetração no interior teias densas.

• Papel desempenhado em luta biológica: há evidência crescente de

que, as espécies generalistas pertencentes a vários géneros podem

manter as populações de ácaros fitófagos a baixas densidades. A.

andersoni está associada principalmente a ácaros do género

Panonychus em fruteiras de folha caduca e em vinha. T. pyri é

provavelmente a espécie mais estudada e mais amplamente distribuída

em várias partes do mundo. Esta espécie é bastante efectiva a baixas

densidades populacionais de aranhiço-vermelho mas não o é para altas

densidades da praga. As espécies do Tipo III são utilizadas

normalmente em programas conservativos de luta biológica. A sua

utilização em largadas inoculativas tem sido feita com sucesso ao

nível das espécies do género Typhlodromus. O caso mais evidente é a

utilização de T. pyri em estratégias aumentativas a partir de largadas

efectuadas com exemplares provenientes de pomares reservatório.

Page 94: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 89

Tipo IV. Polênfagos especializados/predadores generalistas.

Os fitoseídeos deste grupo são representados por espécies do género

Euseius. São espécies polífagas, mas algumas apresentam elevado potencial

reprodutivo quando o principal alimento é constituído por pólen. Como

exemplo representativo deste tipo, encontra-se várias espécies do referido

Género: E. finlandicus, E. stipulatus e Euseius hibisci (Chant).

• Características biológicas: este grupo compreende presentemente

apenas o género Euseius. Tal como as do Tipo III, são espécies

polífagas. Apresentam potencial reprodutivo médio, que nalgumas

espécies, é mais elevado na presença de pólen. Exercem actividade

predadora em ambas as páginas das folhas, preferencialmente nas

páginas mais escuras ou ensombradas.

• Características morfológicas: a maioria das espécies do género

Euseius é caracterizada pela presença de uma placa dorsal lisa,

apresentando um pêlo curto na zona mediana bem como nas zonas

laterais desta placa. Fazem excepção as espécies E. tutsi e E. scutalis.

• Papel desempenhado em luta biológica: as espécies do género

Euseius são as mais comuns em pomares de citrinos na maioria das

regiões. São predadores por excelência de P. citri, sendo

especialmente efectivas a baixas densidades da presa. E. finlandicus é

bastante frequente em fruteiras de folha caduca e uma das poucas

espécies do género Euseius a par de E. stipulatus que ocorre em

climas temperados e pode desempenhar um papel importante na

protecção contra o aranhiço-vermelho.

A utilização dos ácaros fitoseídeos em luta biológica, requer um

profundo conhecimento da sua bioecologia bem como da das pragas a

Page 95: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 90

combater. O conhecimento das características baseadas nos estilos de vida e

hábitos alimentares, permite comparar diversas espécies e avaliar as suas

preferências nutricionais. Para tal, torna-se necessário conhecer a capacidade

de desenvolvimento, a fecundidade, a capacidade de busca de alimento e as

preferências nutricionais das diferentes espécies de fitoseídeos (Baillod,

1984).

3.5.2. Potencial regulador e relações intra e inter-específicas na família

dos fitoseídeos

O conhecimento das populações como sistemas biológicos, dinâmicos e

funcionais, constitui um dado fundamental no estudo dos princípios em que

se deve basear a aplicação dos meios de luta contra as pragas (Carvalho,

1986).

Uma das formas de caracterizar uma espécie quanto à sua capacidade de

predação, consiste em quantificar a Taxa Intrínseca de Aumento Natural (rm)

(Carmona & Silva-Dias, 1996). De acordo com estes autores, a rm pode ser

utilizada para caracterizar tanto ácaros predadores como ácaros fitófagos,

bem como para fazer comparações entre eles, a fim de averiguar das

respectivas progressões demográficas e determinar as densidades

respectivas, a razão predador/presa e portanto a probabilidade de

coincidência das populações.

Sabelis (1985e) apresenta uma revisão sobre os valores de rm para

diferentes espécies de fitoseídeos, à temperatura de 25 ºC. Entre as espécies

consideradas, verifica-se que os fitoseídeos apresentam uma rm alta,

normalmente superior à do aranhiço-vermelho (0,18) (Sabelis, 1985d),

excepto no caso de T. pyri que apresenta os valores mais baixos (0,076).

Page 96: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 91

A rm varia com as condições de temperatura, bem como com a

disponibilidade e tipo de alimento (Kreiter et al., 1991). As espécies dos

tipos generalistas apresentam usualmente valores de rm mais baixos do que

as dos tipos especialistas (Sabelis, 1985e).

3.5.2.1. Preferências alimentares

O sucesso reprodutivo de um predador está em parte dependente do tipo

de presas consumidas. As variações de preferências por determinadas presas

podem por isso, indicar diferenças significativas na contribuição que cada

predador dá para a sua progénie (Dicke et al., 1990).

O facto dos fitoseídeos dos tipos generalistas apresentarem polifagia,

não implica que se alimentem indiscriminadamente das suas diferentes

presas. Vários trabalhos de laboratório mostraram a existência de

preferências de alguns fitoseídeos por determinadas espécies de ácaros

fitófagos. Assim T. pyri preferiu P. ulmi a A. schlechtendali (Dicke & De

Jong, 1988), o mesmo tendo sucedido com A. andersoni. Pelo contrário, E.

finlandicus preferiu o eriofídeo ao tetraniquídeo (Dicke et al., 1990).

Os tipos de alimentação, desenvolvimento, actividade e outros

comportamentos de larvas dos tipos especialistas e generalistas, foram

objecto de estudo num passado recente.

O tipo de alimentação durante a fase larvar, não está associado com o

grau de especialização dos adultos, sendo que por exemplo, no grupo de

larvas que não necessitam de alimentação para passarem ao estado seguinte,

podem encontrar-se fitoseídeos especialistas como P. persimilis e P.

macropilis e fitoseídeos generalistas como T. pyri e K. aberrans

(Schausberger & Croft, 1999a) (Quadro 3.4).

Page 97: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 92

Quadro 3.4 – Comparação das exigências alimentares das larvas de diferentes espécies de fitoseídeos com o grau de especialização dos adultos (Adaptado de Schausberger & Croft, Schausberger & Croft, 1999b).

Grau de especialização a)

Alimentação obrigatória

Alimentação facultativa

Sem alimentação

Tipo I P. persimilis P. macropilis

Tipo II G. occidentalis N. californicus N. fallacis

N. longispinosus

Tipo III A. andersoni K. aberrans N. cucumeris N. barkeri T. pyri

Tipo IV E. hibisci E. finlandicus

a) – classificação das espécies de acordo com os seus estilos de vida (McMurtry & Croft, 1997).

Croft et al. (1993) sugerem que o facto das larvas de T. pyri não

necessitarem de alimento conduz a que no estádio seguinte se tornem

protoninfas vorazes, enquanto que fitoseídeos de outras espécies, estão

dependentes da alimentação das larvas para obterem água e energia.

3.5.2.2. Canibalismo e predação inter-específica

Na ausência do alimento preferido, os fitoseídeos de hábitos

generalistas, podem recorrer a alimentos alternativos para satisfazerem as

suas necessidades sem terem que abandonar o hospedeiro. Nestas

circunstâncias, entram em competição, que se pode traduzir na existência de

predação inter-específica e/ou canibalismo.

Schausberger & Croft (1999b), mostraram que as fêmeas adultas de N.

californicus, A. andersoni, N. fallacis e N. cucumeris, quando submetidas em

conjunto a uma dieta alimentar constituída exclusivamente pelos próprios

ovos, foram as que mostraram menor tendência para o canibalismo.

Verificaram também que as fêmeas de P. persimilis, E. longispinosus e E.

finlandicus, evidenciaram maior tendência para o canibalismo em detrimento

Page 98: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 93

da predação inter-específica e que K. aberrans, E. hibisci, T. pyri e N.

barkeri, apesar de evidenciarem algum canibalismo, também demonstraram

alguma apetência pela predação inter-específica.

Durante os estados ninfais, as situações de canibalismo persistem e as

espécies dos tipos generalistas evidenciam preferência pela predação inter-

específica em detrimento do canibalismo. Esta situação pode contribuir para

a persistência das populações em épocas de escassez de alimento (Croft &

Croft, 1993).

As situações de canibalismo em T. pyri resultam de elevadas densidades

populacionais da presa, podendo-se tornar prejudicial para uma regulação

eficaz do aranhiço-vermelho. Por outro lado, não afectam a persistência

relativa de ambas as espécies (Walde et al., 1992). Estes mesmos autores,

verificaram em laboratório, que T. pyri pode alimentar-se das próprias larvas

e protoninfas mas não dos próprios ovos e se ataca outros estádios de

desenvolvimento, fá-lo raramente.

Estes trabalhos, para além de demonstrarem que na ausência do

alimento principal, os fitoseídeos podem adoptar diferentes estratégias de

sobrevivência, põem em evidência a existência de diferentes

comportamentos que as várias espécies podem ter ao longo das diversas

fases do ciclo biológico.

As diferentes exigências alimentares de cada espécie bem como as suas

tendências para situações de canibalismo e/ou de predação inter-específica

durante as diferentes fases do seu desenvolvimento, deverão ser tidas em

consideração na elaboração de estratégias de luta biológica contra os ácaros

fitófagos, quer quando se trate da utilização em simultâneo de diferentes

espécies de fitoseídeos, quer quando se trate da utilização de uma só espécie.

Page 99: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 94

Estudos de campo realizados em macieira no estado de Oregon (Estados

Unidos), indicaram que uma população elevada de A. andersoni pode

alimentar-se de adultos de G. occidentalis e de T. pyri, quando T. urticae se

torna escasso. Contudo, nas mesmas circunstâncias, G. occidentalis e T. pyri

raramente se alimentaram de fitoseídeos adultos. Nestas situações, A.

andersoni pode estar mais apto para ser utilizado em programas de luta

biológica do que G. occidentalis e T. pyri. Alternativamente, T. pyri pode

estar favorecido em relação a A. andersoni, devido ao facto das larvas de T.

pyri não requererem alimentação e também devido à sua maior tolerância a

baixas humidades relativas (Croft et al., 1993).

3.5.2.3. Influência do tipo de alimentação no desenvolvimento dos

fitoseídeos

Diversos trabalhos laboratoriais têm permitido estudar características da

família Phytoseiidae, que em situações de campo seria impossível. Destas

características destaca-se, destaca-se a análise da influência do tipo de

alimentação no desenvolvimento de diversas espécies de fitoseídeos.

Duso & Camporese (1991) verificaram que, o aumento de

disponibilidade de T. urticae, além de promover um curto período de pré-

postura, causou também uma taxa postura elevada nos fitoseídeos.

Os resultados obtidos por Dicke et al. (1990) também demonstraram

que a duração da incubação foi superior para T. pyri e E. finlandicus quando

alimentados com A. schlechtendali, do que com P. ulmi. No entanto, A.

andersoni demonstrou um comportamento inverso. Por sua vez, a

fecundidade foi ligeiramente superior tanto para A. andersoni como para T.

pyri quando alimentados com o eriofídeo, verificando-se o inverso

relativamente a E. finlandicus.

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 95

Estas diferenças de comportamentos por parte de E. finlandicus podem

ser justificadas pela sua preferência pelo eriofídeo A. schlechtendali em

detrimento do aranhiço-vermelho (Dicke & De Jong, 1988).

Por sua vez, Duso & Camporese (1991) mostraram que o

desenvolvimento de T. pyri foi mais rápido quando alimentado com

Eotetranychus carpini e Colomerus vitis (Pgst.) do que quando alimentado

com pólen de Mesembryanthemum criniflorum, enquanto que valores

intermédios foram observados quando alimentado com aranhiço-vermelho.

O aumento da disponibilidade de ácaros fitófagos como alimento, teve como

resposta, um curto período de pré-postura e uma elevada taxa de postura por

parte do fitoseídeo. Os mesmos autores verificaram que no caso de A.

andersoni, a duração do desenvolvimento foi mais curta quando o fitoseídeo

foi alimentado com pólen do que com tetraniquídeos, enquanto que foram

encontrados valores intermédios quando se alimentou com C. vitis. A

fecundidade decresceu quando o fitoseídeo foi alimentado com aranhiço-

vermelho, mas atingiu valores intermédios na presença de E. carpini e de

pólen. Também nesta situação, o aumento da densidade populacional de

tetraniquídeos, provocou uma diminuição do período de pré-postura e uma

taxa elevada de postura.

Hardman & Rogers (1991), também verificaram que a duração

desenvolvimento dos estados ninfais de T. pyri diminuiu de forma

inversamente proporcional com a quantidade de alimento fornecido, neste

caso P. ulmi.

Não só a quantidade de alimento parece influenciar a taxa de postura,

mas também a sua qualidade. A taxa de postura apresenta valores mais

baixos nas espécies que demonstram maior tendência para o canibalismo

como P. macropilis, N. longispinosus e. finlandicus, do que nas que têm

Page 101: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 96

maior tendência para a predação inter-específica, como N. californicus, A.

andersoni e N. cucumeris (Schausberger & Croft, 1999b).

Broufas & Koveos (2000) verificaram que E. finlandicus, quando

alimentado com pólen de cerejeira, apresentou uma fecundidade de 56,5

ovos/fêmea, enquanto que com pólen de pereira e de macieira a fecundidade

foi de respectivamente 7,3 e 2,5 ovos/fêmea. Por sua vez, os valores da rm

foram de 0,145 quando o fitoseídeo foi alimentado com pólen de cerejeira,

de 0,082 com pólen de pereira e de 0,012 com pólen de macieira. Estes

resultados sugerem que os diferentes tipos de pólen apresentam valor

nutricional diferenciado para E. finlandicus, sendo o da cerejeira considerado

superior ao da pereira e macieira, o que é um aspecto a ter em linha de contra

em programas de protecção integrada.

3.5.2.4. Padrão espacial e dinâmica populacional

A par das preferências alimentares reveladas pelas várias espécies,

também o conhecimento da forma e do poder de dispersão, bem como da

capacidade que as espécies têm de permanecer nas culturas, são importantes

para a elaboração de estratégias de luta biológica.

Os atributos biológicos geralmente mais evidentes nos fitoseídeos dos

tipos generalistas em contraste com os fitoseídeos dos tipos especialistas,

incluem, como já foi referido, um baixo potencial reprodutivo quando se

alimentam de outros ácaros. Além disso, apresentam uma relação estreita

com certas espécies de plantas, a sua população aumenta na presença de

ácaros fitófagos e a sua distribuição dentro da planta, não tem relação com a

dos ácaros fitófagos (McMurtry, 1992).

Por sua vez, os fitoseídeos de hábitos especializados estão associados a

Page 102: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 97

ácaros fitófagos produtores de teias densas como Eotetranychus sp. e T.

urticae (McMurtry & Croft, 1997) e manifestam tendência para permanecer

agregados junto destas colónias, uma vez que estes fitófagos não se movem

muito entre as folhas, formando colónias compactas e densas (Slone, 1998).

Comportamento diferente apresentam as espécies de fitoseídeos

associados ao aranhiço-vermelho. Uma vez que este fitófago não forma

colónias (Saitô, 1985), não tem tendência para formar agregados tão densos

como T. urticae e Eotetranychus sp., possivelmente porque o aranhiço-

vermelho move-se mais entre as folhas, tanto durante as fases imaturas como

na fase adulta (Slone, 1998). No entanto e de acordo com este último autor, o

aranhiço-vermelho encontra-se mais agregado do que os seus predadores

naturais, uma vez que possui elevada capacidade reprodutiva e, ao mesmo

tempo, não tem necessidade como os predadores, de se mover em busca de

alimento.

Os fitoseídeos associados ao aranhiço-vermelho, são essencialmente dos

tipos generalistas (Tipos III e IV) e exibem fraca agregação, embora haja

algumas espécies de hábitos selectivos (tipo II), como é o caso de N.

californicus e G. occidentalis que exibem uma agregação superior à das

espécies do tipo III (McMurtry & Croft, 1997). T. pyri apresenta-se menos

agregado do que G. occidentalis, sendo efectivo a baixas densidades

populacionais do aranhiço-vermelho (Lawson & Walde, 1993).

À medida que a densidade populacional do aranhiço-vermelho decresce,

T. pyri torna-se ainda menos agregado. Tal situação é devida à elevada

capacidade de procura de alimento alternativo por parte do fitoseídeo,

quando o aranhiço-vermelho se torna escasso e ao facto desta capacidade de

procura ser maior a densidades populacionais de aranhiço-vermelho muito

baixas, diminuindo com a disponibilidade e distribuição de alimento

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 98

alternativo (Slone, 1998).

A distribuição espacial dos fitoseídeos pode ser alterada pela existência

de várias espécies predadoras em simultâneo, devido ao efeito de

competição. Segundo Slone (1998), G. occidentalis, mostrou profunda

alteração do seu tipo de distribuição espacial na presença de outros

predadores, enquanto que no caso de A. andersoni essa alteração foi

insignificante. Tanto T. pyri como A. andersoni, podem afectar a distribuição

espacial do estigmaeídeo Z. mali, uma vez que T. pyri alimenta-se tanto de

adultos como de formas imaturas deste estigmaeídeo e, por sua vez, A.

andersoni alimenta-se apenas de formas imaturas.

3.5.2.5. Especificidade face à presa

A maior notoriedade de que gozam as espécies da família Phytoseiidae

como agentes de limitação natural de ácaros fitófagos relativamente a outros

artrópodos como os insectos, reside no facto de algumas destas serem

predadoras especializadas de ácaros tetraniquídeos, como é o caso de P.

persimilis e de G. occidentalis (McMurtry, 1992). A especificidade mostrada

por P. persimilis, associada à sua elevada capacidade de respostas numérica

e funcional à presença de T. urticae, pode conduzir a uma acção rápida na

limitação do fitófago e, ao mesmo tempo conduzir este à extinção, o que

implica ter de abandonar o hospedeiro, uma vez que não recorre a fontes

alternativas de alimento. Este facto leva a que normalmente, as espécies de

hábitos especializados sejam utilizadas em culturas hortícolas protegidas

e/ou ao ar livre (Overmeer, 1985b; McMurtry & Croft, 1997).

Por outro lado, as espécies dos tipos generalistas apresentam dois

atributos que constituem uma enorme vantagem como agentes de limitação

natural de fitófagos, relativamente às espécies de hábitos especializados:

Page 104: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 99

• a capacidade de manterem as populações dos ácaros fitófagos a baixas

densidades e

• a capacidade de recorrerem a alimentos alternativos na ausência da

presa preferida.

Estes dois atributos tornam estas espécies mais indicadas para a sua

utilização em luta biológica em fruticultura e viticultura, uma vez que lhes

permite permanecer nas culturas durante mais tempo e estabelecerem-se nela

de forma permanente (McMurtry, 1992).

Apesar da influência que o clima exerce sobre a dinâmica populacional

dos fitoseídeos, também os factores bióticos podem influenciar a introdução

e o estabelecimento de espécies exóticas destes predadores. McMurtry

(1992) enumera estes factores como sendo:

• disponibilidade de presas nas diferentes épocas do ano. Este

aspecto pode ser importante na competição entre as espécies de

hábitos especializados introduzidas e as espécies generalistas

indígenas. Num ambiente onde certa espécie de presa apenas esteja

presente durante parte do ano, os fitoseídeos de hábitos generalistas

apresentam provavelmente vantagens em relação aos especialistas. Por

outro lado, quando os generalistas aumentam numericamente

nalgumas fontes de alimento alternativo como o pólen, os especialistas

são incapazes de utilizar tais recursos, o que pode constituir uma

desvantagem competitiva para estes fitoseídeos;

• Disponibilidade de alimento alternativo ou suplementar. Este

aspecto pode ser importante na competição entre espécies introduzidas

e espécies indígenas dos tipos generalistas. Uma espécie pode

conseguir desenvolver-se recorrendo a determinado alimento que

Page 105: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 100

outra não utiliza, como é o caso de T. pyri que é capaz de se

reproduzir utilizando como alimento o tideídeo Tydeus caudatus

(Dugés), enquanto que A. andersoni não tem essa possibilidade. T.

pyri é capaz de persistir nos pomares de macieira na ausência de

ácaros tetraniquídeos e eriofídeos, sendo considerado o principal

predador de aranhiço-vermelho;

• Associações com a planta hospedeira. O hospedeiro pode favorecer

uma espécie de fitoseídeo em detrimento de outra. Isso verifica-se por

exemplo no caso de Euseius stipulatus, espécie mediterrânica

recentemente introduzida na América do Norte. Esta espécie apresenta

aparentemente maior competitividade que Euseius hibisci em citrinos,

mas não se consegue estabelecer em abacateiros, mesmo que estes

sejam adjacentes a pomares de citrinos. McMurtry (1992) avança uma

possível justificação para este facto: E. stipulatus pode, na sua região

de origem, estar associado aos citrinos desde há longo tempo, o que

lhe terá permitido estabelecer uma relação estreita com estas fruteiras,

ao contrário de E. hibisci que é uma espécie nativa da América, onde

os citrinos têm uma história ainda curta. Situação inversa pode ser

aplicada relativamente ao abacateiro uma espécie nativa da América,

na qual E. stipulatus não pode competir com E. hibisci.

A luta biológica com recurso a fitoseídeos dos tipos generalistas pode

ser conseguida apenas com uma largada, enquanto que com espécies do tipo

especialista, requer necessariamente várias. No entanto, se as pragas

estiverem mais agregadas, um predador de hábitos especializados pode ser

mais efectivo.

Page 106: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 101

3.6. Espécies de fitoseídeos consideradas de maior importância

e fruteiras e vinha

Entre as espécies de fitoseídeos associadas à vinha e às fruteiras,

apresenta-se de seguida, um resumo das principais características

bioecológicas de seis espécies consideradas importantes na limitação natural

de ácaros fitófagos em fruteiras e vinha: E. stipulatus, T. pyri, T. phialatus,

A. andersoni, N. californicus e K. aberrans.

3.6.1. Euseius stipulatus (Athias-Henriot)

A distribuição geográfica de E. stipulatus compreende toda a bacia

mediterrânica. (Ferragut & Escudero, 1997; Kreiter et al., 2000). Encontra-

se amplamente distribuída ao longo das costas espanhola (Garcia-Marí et al.,

1994) e francesa (Kreiter et al., 2000). Em Portugal mostra uma forte

associação à macieira, principalmente junto ao litoral, sendo a espécie mais

frequente e abundante na região do Minho (Rodrigues, 2000; Rodrigues &

Torres, 2003), ocorrendo também na região do Ribatejo e Oeste (Abela &

Jousseaume (1999). Trata-se de uma espécie que prefere climas super-

húmidos e húmidos, sendo encontrada nas proximidades de grandes massas

de água.

E. stipulatus prefere espécies com folhas grandes e glabras, sendo

considerado um importante predador do aranhiço-vermelho dos citrinos

Panonychus citri McGregor. É uma espécie frequente e abundante em

pomares de citrinos no Sul de Espanha, onde as suas populações chegam a

constituir mais de 90% das espécies presentes nesta cultura (Ferragut &

Escudero, 1997).

Esta espécie atinge densidades populacionais muito elevadas no início

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 102

da Primavera, diminuindo bruscamente em Julho e Agosto, voltando a

recuperar a partir de Setembro. Trata-se de uma espécie muito sensível às

temperaturas elevadas e Verão (32-35 ºC) e principalmente às baixas

humidades relativas (Garcia-Marí et al., 1994).

Além das fruteiras, encontra-se tanto em plantas espontâneas como

cultivadas, predominando em citrinos, e nalgumas culturas hortícolas, como

o pimento. No seu habitat natural alimenta-se de ácaros fitófagos,

principalmente P. citri e tarsonemídeos, pequenos insectos, meladas e

diversos tipos de pólen (Garcia-Marí et al., 1994).

3.6.2. Typhlodromus pyri Scheuten

Trata-se sem margem para dúvida, da espécie mais estudada e mais

difundida à escala mundial. Em França, encontra-se nas regiões de climas

mais setentrionais em detrimento de regiões de clima marcadamente

mediterrânico (Kreiter et al., 2000). No Norte de Itália, a par de A. andersoni

e K. aberrans, é considerada uma espécie muito importante na limitação do

aranhiço-vermelho em vinha (Duso & Pasqualetto, 1993; Duso &

Vettorazzo, 1999).

Prefere zonas com climas húmidos, o que pode explicar em parte a sua

presença na cultura da macieira região Norte do país (Minho e Douro e

Távora) bem como na região da Beira Interior Norte (Nave, 1999) e na

cultura da vinha na região do Minho (Rodrigues, 2000; Rodrigues & Torres,

2003).

Da sua dieta alimentar fazem parte: i) Ácaros – tetraniquídeos,

eriofídeos, tenuipalpídeos, tarsonemídeos tideídeos; ii) Insectos – thrips,

cochonilhas, moscas brancas, afídeos e suas meladas e iii) Outros alimentos

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 103

– pólen, néctar, exsudados e fungos (McMurtry & Croft, 1997). Esta

polifagia confere-lhe uma grande capacidade de sobrevivência o que

compensa a sua baixa taxa de multiplicação relativamente a outras espécies

de fitoseídeos, bem como em relação ao aranhiço-vermelho, sendo capaz de

se estabelecer em vinhas e pomares de forma durável (Braudy et al., 1999).

O estabelecimento das populações de T. pyri em macieira é mais lento

nas variedades pouco pubescentes (ex: Golden delicious), pelo que no

primeiro dano de largadas, ainda poderá ser necessário o recurso a acaricidas

(Braudy et al., 1999).

3.6.3. Typhlodromus phialatus Athias-Henriot

Espécie de distribuição mediterrânica, embora mais escassa que a

anterior. Em Espanha, tem sido referenciada a sua presença na costa

mediterrânica, Andaluzia ocidental e Extremadura (Garcia-Marí et al.,

1994).

É frequente em plantas espontâneas, tanto herbáceas como lenhosas, e

em diferentes culturas entre as quais se destaca a vinha, os citrinos e algumas

fruteiras Garcia-Marí et al., 1994). Em Portugal, esta espécie está presente

na vinha de Norte a Sul do país. No entanto, ela é mais abundante nos

vinhedos alentejanos (Ferreira, 1995; Teixeira, 1995), bem como em

pomares de macieira na Beira Interior Sul.

T. phialatus Alimenta-se de tetraniquídeos, pequenos insectos e diversos

tipos de pólen. Pode ser encontrado frequentemente em eríneos produzidos

por ácaros eriofídeos, que poderiam também fazer parte da sua dieta (Garcia-

Marí et al., 1994).

A sua importância agrícola está por estabelecer, embora possa

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 104

desempenhar um papel importante na vinha principalmente em regiões de

clima de maior aridez, dado tratar-se de uma espécie bastante tolerante às

temperaturas elevadas e humidades relativas baixas durante o Verão.

3.6.4. Amblyseius andersoni (Chant)

Espécie relativamente expandida por toda a Europa, principalmente nas

regiões meridionais, excepto naquelas sujeitas a um clima mediterrâneo seco

(Braudy et al., 1999). Apresenta uma distribuição bastante ampla em

pomares de macieira no continente europeu, desde a Lituânia (Raudonis et

al., 2004), Norte de Itália (Duso & Pasini, 2003; Gambaro, 1990), Norte de

Espanha em Lérida (Vilajeliu et al., 1994) e Astúrias (Miñarro et al., 2002),

na Rússia e na Turquia (Braudy et al., 1999).

A. andersoni está presente na região Noroeste de Portugal, associada à

macieira e à vinha, ocorrendo em casos pontuais, mas com elevados níveis

de abundância. No entanto, trata-se de uma espécie muito pouco frequente

ao nível destas culturas nesta região.

A dinâmica populacional de A. andersoni tem sido estudada com

detalhe em macieira na província espanhola de Lérida. Esta espécie

encontra-se na macieira desde Maio a Outubro, experimentando notáveis

crescimentos populacionais nos meses de Verão, principalmente em Julho e

Agosto, enquanto que no resto do período vegetativo predominam outras

espécies de fitoseídeos (Garcia-Marí et al., 1994).

Trata-se de um predador do tipo generalista, que se desenvolve sobre

populações de tetraniquídeos, especialmente aranhiço-vermelho, eriofídeos e

sobre vários tipos de pólen. Como tal, é bastante eficaz sobre o aranhiço-

vermelho, actuando a baixos níveis populacionais sempre que se utilizem

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 105

pesticidas pouco tóxicos para este fitoseídeo, reduzindo-se ou eliminando-se

nalguns casos a aplicação de acaricidas (Garcia-Marí et al., 1994).

A par de T. pyri, é considerada como uma das espécies mais capazes de

assegurar em diversas regiões europeias, uma limitação natural eficaz de

ácaros fitófagos (Braudy et al., 1999).

3.6.5. Neoseiulus californicus (McGregor)

Esta espécie encontra-se representada em várias culturas a nível

mundial. Considerada como oriunda da América, mais concretamente das

regiões da Florida e Califórnia (Hart et al., 2002), encontra-se amplamente

distribuída pelo continente americano: nos Estados Unidos associada às

culturas do morangueiro e do milho; em Cuba, associada à cultura da cana

do açúcar (Braudy et al., 1999), bem como no Brasil, Chile e Argentina,

associada à cultura da macieira (Collier et al., 2001; Curkovic et al., 1998).

N. californicus ocorre com frequência, nas regiões de clima

mediterrânico da Europa e da América.

No Sul da Europa, encontra-se em diversas bacias do Sul de França, em

fruticultura, milho, culturas hortícolas e menos frequente em vinha,

encontrando nos pomares de macieira o seu alimento preferido (Braudy et

al., 1999).

Em Espanha encontra-se bastante repartida pela costa mediterrânica e

Andaluzia, onde é provavelmente a espécie mais abundante em todo o tipo

de culturas herbáceas. A sua distribuição está condicionada pelo seu

alimento principal, os ácaros do género Tetranychus (Garcia-Marí et al.,

1994). Ocorre também em fruteiras, designadamente em macieira no

Nordeste espanhol, sendo bastante comum na região de Girona (Costa-

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 106

Comelles et al., 1997; Villaronga et al., 1991).

Em Portugal, apesar de se tratar de uma espécie pouco frequente em

fruticultura e viticultura, a sua presença tem sido referenciada na sub-região

do Baixo Minho, ao longo do vale do Cávado, associada à macieira na zona

de Braga (Rodrigues, 2000) e à vinha na zona de Barcelos (Pérez-Otero et

al., 1999).

N. californicus está bastante difundida em regiões de clima tipicamente

mediterrânico. As suas características biológicas como, a elevada taxa de

crescimento e a boa tolerância a altas temperaturas, fazem de N. californicus

um excelente candidato à limitação natural do aranhiço-vermelho (Garcia-

Marí et al., 1994). Tal como os restantes fitoseídeos, a temperatura e

humidade são factores determinantes para o desenvolvimento desta espécie.

N. californicus ocorre com mais frequência em climas menos húmidos

(Iraola-Calvo et al., 1999), apresentando ao mesmo tempo uma boa

tolerância a temperaturas elevadas (Braudy et al., 1999). Estas características

podem em parte, explicar o facto desta espécie ser a mais importante na

limitação natural de populações de tetraniquídeos em pomares de pereira na

região espanhola de Navarra (Iraola-Calvo et al., 1999) e de macieira em

Girona na Catalunha (Villaronga et al., 1991).

N. californicus é de um predador selectivo de ácaros do género

Tetranychus sp., estando associado a espécies produtoras de teia densa como

o aranhiço-amarelo Tetranychus urticae Koch (McMurtry & Croft, 1997).

Esta espécie é considerada como predador se limpeza ou de alta densidade,

desenvolve-se após a instalação do fitófago, pelo que por vezes actua

tardiamente (Croft et al., 1993). No entanto, quando presente em associação

com outras espécies generalistas, acaba por desempenhar um papel

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Os ácaros fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) 107

complementar na limitação natural de ácaros fitófagos.

3.6.6. Kampimodromus aberrans (Oudemans)

Espécie bastante difundida na região Paleárctica e frequente em vinhas

do Sul da Europa, sendo considerada uma espécie importante em vinhas do

Sul de França mais concretamente nas regiões Languedoc-Roussillon

(Kreiter et al., 2000; Tixier et al., 1997) e de Provence-Côte d’Azur (Kreiter

et al., 2000), na região espanhola da Catalunha (Villaronga et al., 1991),

ocorrendo também em Portugal (Ferreira, 1998) mais concretamente no

Minho (Rodrigues & Torres, 2003) e em Trás-os-Montes, onde é

referenciada como sendo a espécie dominante na margem Norte do rio

Douro tanto em vinhas abandonadas como em vinhas tratadas (Pereira et al.,

2003).

Esta espécie encontra-se também associada ao ecossistema macieira,

ocorrendo frequentemente Pomares no Norte de Itália (Duso, 1992) e em

plantas selvagens nas imediações de campos cultivados (Tixier et al., 1997).

É referenciada como sendo a mais abundante na região espanhola Astúrias

(Miñarro et al., 2002). Tal como no caso da vinha, esta espécie está presente

em pomares de macieira no Norte de Portugal, tanto no Minho (Rodrigues,

& Torres, 2003), como em Trás-os-Montes, sendo muito abundante em

macieiras na margem Norte do Douro (Espinha et al., 1998).

3.7. Referências bibliográficas

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Page 123: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 118

4.

Toxidade de campo de diferentes

pesticidas sobre fitoseídeos

J. Raul Rodrigues1, Carlos Silva2, Miriam Cavaco3, Felisbela Mendes3, Ana P. Félix3, Anabela Nave4, Carlos Veiga4, João Santos4, Paula Simão4, Paulo S. Gomes4

Paulo A. Fernandes5, Pedro Duarte6, J. Guerner-Moreira7, Jorge Costa7 e F. Pimenta-Carvalho8.

1Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Convento de Refóios, 4990-706 Ponte de Lima. 2Escola Superior Agrária de Castelo Branco, Quinta Senhora de Mércules, 6001-909 Castelo Branco. 3Direcção Geral de Protecção das Culturas, Divisão de Sanidade Vegetal, Edifício 1, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa. 4Associação de Agricultores para a Produção Integrada de Frutos de Montanha, Rua Monsenhor Mendes do Carmo, 23-r/c – 6300-580 Guarda. 5Associação de Agricultores do Alto Minho, Urbanização dos Padrões, Bloco 11-3º, 4950 Monção. 6Cooperativa Agrícola do Alto Cavado, Campo das Carvalheiras, 1 – 4700-019 Braga. 7Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho, Divisão de Protecção das Culturas, Rua da Restauração, 336 – 5050-501 Porto. 8Associação de Produtores de Uva de Vinho Verde, Quinta da Aveleda, 4560-730 Penafiel.

4.1. Introdução.

O conhecimento da acção secundária dos pesticidas sobre a fauna

auxiliar constitui uma etapa fundamental para a implementação de

programas de protecção integrada (Staübli & Baillod, 1988; Reboulet,

1993), sendo ao mesmo tempo, absolutamente necessário numa

perspectiva de utilização de fitoseídeos em luta biológica (Kreiter et al.,

1991).

Entende-se por acção secundária de um pesticida toda e qualquer

Page 124: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 119

acção bem definida, diferente daquela para a qual o referido pesticida

foi utilizado, seja ela benéfica ou não, imediata ou não e que resulta de

utilizações autorizadas pelos serviços oficiais (Benson et al., 1978).

Os estudos sobre os efeitos secundários dos pesticidas começaram

por ser realizados ao nível de populações de aranhiço-vermelho tidas

como resistentes a algumas substâncias activas. As causas destas

resistências são referidas por Silauri & Baillod (1990) como sendo de

origem biológica, genética e também devidas ao modo particular de

reprodução deste ácaro. Estes trabalhos tiveram origem na Suíça durante

a década de sessenta Baillod & Guignard, 1984). Com base nos seus

efeitos secundários, os pesticidas foram então classificados em quatro

categorias: produtos favorecedores, produtos considerados mais ou

menos neutros, produtos para os quais os dados são insuficientes ou

contraditórios e produtos com efeito repressivo sobre a multiplicação do

aranhiço-vermelho.

Os efeitos não intencionais dos pesticidas sobre a fauna auxiliar, têm

sido amplamente estudados num passado recente (Staübli & Baillod,

1988; Casas, 1995; Kreiter et al., 1996; Costa-Comelles et al., 1997;

Rodrigues, 2000; Candolfi et al., 2001; Torres et al., 2002; Brazier &

Breniaux, 1997).

Um dos efeitos que tem motivado muitos investigadores nos últimos

anos, prende-se com a criação de uma pressão de selecção favorecedora

do desenvolvimento de populações resistentes aos pesticidas (OEPP,

1994). Esta acção favorecedora, tem-se verificado mais notoriamente ao

nível das pragas (Baggiolini & Guignard, 1979; Baillod et al., 1982) e,

em menor escala, ao nível de alguns auxiliares, como no caso dos

fitoseídeos, permitindo o surgimento de estirpes resistentes aos pesticidas

Page 125: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 120

(Silauri & Baillod, 1990).

O primeiro caso conhecido de resistências a pesticidas por parte dos

fitoseídeos, foi referenciado em 1953 pelos investigadores americanos

Huffaker & Kennett, que demonstraram a tolerância no campo de uma

estirpe de G. occidentalis (Fournier et al., 1985). A partir de então, outros

casos de resistência foram registados tanto no continente americano como

no europeu, relativamente a estirpes da já referida espécie G. occidentalis

e também de T. pyri e N. fallacis, todas elas resistentes, pelo menos, ao

azinfos-metilo. Na Europa, o primeiro caso de resistência foi registado

em Itália em 1975, com a espécie A. andersoni, evidenciando resistência

à mesma substância activa (Gambaro, 1990). No entanto, mais casos de

resistência a outros pesticidas têm sido referenciados num passado

recente (Baillod & Guignard, 1984; Caccia et al., 1985; Silauri & Baillod,

1990; Kreiter et al., 1996).

Desta forma, os pesticidas “converteram-se” numa espécie de

instrumento experimental muito útil para demonstrar o valor dos inimigos

naturais, abrindo caminho à realização de investigações sobre a sua

toxidade. O aparecimento de fitoseídeos resistentes a certos ésteres

fosfóricos e a outros pesticidas, permitiu alargar a gama de produtos

utilizáveis em programas de protecção integrada (Costa-Comelles, 1986)

e, ao mesmo tempo, desenvolver mais facilmente programas de luta

biológica contra os ácaros fitófagos (Baillod, 1984).

No entanto, há que referir a importância primordial de que se reveste

a experimentação ao nível local, o que permite definir o efeito real dos

pesticidas numa determinada zona, uma vez que existem diferenças de

comportamento entre populações de um mesmo organismo útil, em

função do historial de tratamentos dos pomares (Costa-Comelles et al.,

Page 126: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 121

1995).

4.2. Procedimentos experimentais

Tendo em vista a uniformização dos ensaios para determinação da

toxidade dos pesticidas sobre os principais grupos de auxiliares das

culturas, o Grupo de Trabalho Pesticidas e auxiliares da OILB/SROP,

elaborou as respectivas normas standard (Candolfi et al., 2000), entre as

quais se destaca a referente à realização de ensaios de campo para

avaliação da toxidade real dos pesticidas sobre ácaros predadores da

família Phytoseiidae em vinhas e pomares (Blümel et al., 2000).

Os ensaios realizados no âmbito do Projecto Agro nº 317, cujos

resultados são apresentados no presente capítulo, foram conduzidos de

acordo com as referidas normas standard e em conformidade com o

protocolo experimental nº PP1/152 da Organização Europeia e

Mediterrânica para a Protecção de Plantas (OEPP, 1994).

As concentrações e doses utilizadas para cada pesticida ensaiado,

foram as recomendadas pelos fabricantes.

A mortalidade (%) foi avaliada através da Fórmula de Henderson-

Tilton,

1001(%)12

21 ×⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛××

−=PKPK

em que K1 e K2 representam respectivamente, o número total de

fitoseídeos antes e após a pulverização na modalidade testemunha e P1 e

P2 representam respectivamente, o número de fitoseídeos antes e após as

Page 127: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 122

pulverizações em cada modalidade tratada (Sterk et al., 1994; Candolfi et

al., 2000).

Com base nos resultados obtidos, os produtos ensaiados

classificaram-se em relação à sua toxidade para os fitoseídeos, em quatro

classes: Classe 1: inócuo <25%; Classe 2: ligeiramente tóxico 25 a 50%;

Classe 3: moderadamente tóxico 51 a 75% e Classe 4: muito tóxico >

75% (Assan, 1994; Blümel et al., 2000).

No presente capítulo, os resultados são apresentados com base nas

quatro classes definidas. No entanto, os pesticidas classificados como

inócuos ou medianamente tóxicos (classes 1 e 2 respectivamente), são

considerados como selectivos para os fitoseídeos, ou seja, apresentam um

perfil de toxidade favorável à sua utilização em programas de protecção

integrada, pelo que nos quadros de resultados são representados pelo

símbolo verde. Para os pesticidas classificados como moderadamente

tóxicos (classe 3), a sua utilização em protecção integrada pode estar

sujeita a restrições quanto à época e ao número de aplicações, pelo que

são representados pelo símbolo amarelo. Os pesticidas classificados

como muito tóxicos (classe 4), são aqueles que demonstraram falta de

selectividade sobre os fitoseídeos, pelo que são representados pelo

símbolo vermelho.

O facto de um determinado pesticida ser considerado como muito

tóxico para os fitoseídeos, não significa a sua exclusão imediata das listas

de protecção integrada, principalmente em situações em que não existem

alternativas menos tóxicas. Nestas circunstâncias e de acordo com o seu

modo de acção combinado com o momento cuidadosamente escolhido

para a sua aplicação e tendo linha de conta entre outros aspectos, o

período de actividade dos auxiliares, podem levar a que produtos

Page 128: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 123

classificados como muito tóxicos sejam permitidos em protecção

integrada, obedecendo a certas restrições.

Durante o período em que decorreu o Projecto Agro nº 317 (2001 a

2004), foram realizados 29 ensaios, tendo-se ensaiado 54 produtos

comerciais, correspondentes a 44 substâncias activas (20 em macieira, 21

em vinha e 13 em cerejeira). Algumas substâncias activas como por

exemplo o mancozebe, cuja informação existente é bastante controversa

foi testado tanto em macieira, como em vinha e cerejeira. Os ensaios

foram levados a cabo nas regiões de Entre-Douro e Minho (macieira e

vinha), Beira Interior Norte (macieira e vinha) e Beira Interior Sul

(macieira, vinha e cerejeira)

Foram realizados dois tipos de ensaios: ensaios em aplicação

simples (insecticidas, acaricidas e fungicidas anti-botrytis) e ensaios em

aplicações múltiplas (fungicidas anti-pedrado, anti-míldio, anti-oídio, e

demais doenças que requerem aplicações sucessivas de fungicidas).

Nos ensaios em aplicação simples fez-se apenas uma aplicação dos

pesticidas.

• A toxidade foi avaliada ao fim de 4, 7, 14, 21 e 35 dias.

• Os resultados apresentados referem-se à toxidade média calculada

para o período durante o qual decorreram as observações.

Nos ensaios de aplicações múltiplas, realizaram-se 3 aplicações

com 12 dias de intervalo.

• A toxidade foi avaliada quatro dias após cada aplicação.

• Os resultados apresentados referem-se à toxidade dos produtos

após a primeira e a terceira aplicação.

Page 129: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 124

4.3. Ecossistema Macieira

4.3.1. Acaricidas

Realizaram-se quatro ensaios em aplicação simples, distribuídos

pelas regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Interior, nas localidades

de: Ponte de Lima (Alto Minho), Braga (Baixo Minho), Guarda (Beira

Interior Norte) e Castelo Branco (Beira Interior Sul (Quadro 4.1.)

No Quadro 4.2 apresentam-se os resultados obtidos nos quatro, bem

como as espécies de fitoseídeos dominantes.

Quadro 4.1 – Acaricidas ensaiados, concentrações e doses utilizadas (Projecto Agro 317, 2002).

Substância activa

Formulação

Produto comercial

Marca Concentração (dose)

abamectina Concentrado para emulsão

(18 g/l de abamectina)

Vertimec® 75 ml/hl (0,75 l/ha)

acrinatrina Emulsão óleo em água (75 g/l de acrinatrina)

Rufast® 80 ml/hl (0,8 l/ha)

fenazaquina Suspensão aquosa (200 g/l de fenazaquina)

Magister flow® 75 ml/hl (0,75 l/ha)

fenepiroximato Suspensão concentrada (53 g/l de fenepiroximato)

Dinamite® 100 ml/hl (1 l/ha)

espirodiclofena* Suspensão concentrada (240 g/l de espirodiclofena)

Envidor® 50 ml/hl (0,5 l/ha)

* - Substância activa não homologada em Portugal.

Page 130: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 125

Quadro 4.2 – Toxidade de campo de diversos acaricidas sobre fitoseídeos, em aplicação simples em macieira (Projecto Agro 317, 2002).

Produto Comercial Localidade Toxidade Espécies fitoseídeos

Vertimec® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (94%)

Rufast® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (94%)

Magister flow® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (94%)

Dinamite® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (94%)

Envidor® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (94%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Page 131: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 126

Vertimec® (abamectina)

Família química: avermectinas. Insecticida e acaricida que actua por

contacto e ingestão.

Este acaricida mostrou toxidade diferenciada para os fitoseídeos

dentro das duas regiões em estudo. No Alto Minho (Ponte de Lima) e na

Beira Interior Norte (Guarda) foi classificado como muito tóxico,

enquanto que no Baixo Minho (Braga) e na Beira Interior Sul (Castelo

Branco) revelou boa selectividade para estes auxiliares.

Tanto na Beira Interior Norte (Guarda) onde Typhlodromus pyri

Scheuten ocorreu em exclusivo, como no Alto Minho (Ponte de Lima),

onde esta espécie foi a segunda mais abundante (23%), este acaricida

apresentou valores de toxidade classe 4. Os resultados mostraram fraca

selectividade deste acaricida para T. pyri.

Rufast® (acrinatrina)

Família química: piretróides. Insecticida e acaricida que actua por

contacto e ingestão.

Este acaricida confirmou a elevada toxidade para os fitoseídeos,

característica da família a que pertence. Os valores obtidos variaram entre

moderadamente tóxico no Baixo Minho (Braga) e na Beira Interior Norte

(Guarda) a muito tóxico no Alto Minho (Ponte de Lima) e na Beira

Interio Sul (Guarda).

Magister flow® (fenazaquina)

Família química: quinazolinas. Acaricida específico que actua por

contacto. Este acaricida pertence ao grupo dos METI (mitocondrial

electron transport inibition).

Page 132: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 127

Os acaricidas deste grupo são caracterizados pelo seu elevado poder

de choque sobre o aranhiço-vermelho e elevada toxidade sobre

fitoseídeos (Costa-Comelles et al., 1997; Rodrigues, 2000). Esta falta de

selectividade esteve patente nos ensaios no Minho (Ponte de Lima,

Braga) e Beira Interior Norte (Guarda). Contudo, na Beira Interior Sul

(Castelo Branco), este acaricida evidenciou boa selectividade. Nesta

última localidade, Typhlodromus phialatus Athias-Henriot foi largamente

dominante (94%), enquanto que nos restantes ensaios, esta espécie não

foi referenciada.

Dinamite® (fenepiroximato)

Família química: fenoxipirazóis. Acaricida específico que actua por

contacto. Tal como no caso anterior, este acaricida pertence também ao

grupo dos METI.

No entanto, dentro deste grupo é caracterizado como sendo o menos

tóxico (Costa-Comelles et al., 1997; Rodrigues, 2000; Silva &

Gonçalves, 1997). Nos ensaios realizados, este revelou boa selectividade

sobre os fitoseídeos nos ensaios realizados no Baixo Minho (Braga) e na

Beira Interior (Guarda e Castelo Branco). No entanto, excepção feita para

o ensaio realizado n Alto Minho (Ponte de Lima) onde demonstrou fraca

selectividade para os fitoseídeos.

Envidor® (espirodiclofena)

Este acaricida pertence a uma nova família de substâncias activas,

estando actualmente em fase de ensaios, pelo que ainda não se encontra

homologado em Portugal.

Apesar de ter sido ensaiado em simultâneo e pela primeira vez nas

Page 133: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 128

quatro localidades, apresentou valores de toxidade diferenciados. Na

região do Minho, tanto em Ponte de Lima como em Braga, onde em

ambos os casos a espécie dominante foi Euseius stipulatus (Athias-

Henriot), a toxidade foi de classe 3 (moderadamente tóxico). Na Guarda,

na presença em exclusivo de T. pyri, revelou-se bastante selectivo. Por

sua vez em Castelo Branco, onde a espécie dominante foi T. phialatus

(94%) este acaricida mostrou fraca selectividade, sendo classificado de

muito tóxico (classe 4).

4.3.2. Insecticidas

4.3.2.1. Insecticidas ensaiados, homologados contra afídeos da

macieira

Realizaram-se quatro ensaios em aplicação simples, distribuídos

pelas regiões de Entre-Douro e Minho e da Beira Interior, nas localidades

de: Ponte de Lima , Braga, Sabugal e Fundão (Quadro 4.3).

Quadro 4.3 – Insecticidas ensaiados, homologados contra os afídeos da macieira, concentração e dose utilizadas. (Projecto Agro 317, 2002).

Substância activa

Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

imidaclopride Solução concentrada (200 g/l de imidaclopride)

Confidor® 50 ml/hl (0,5 l/ha)

pirimicarbe Aglomerado dispersível em água (50% de pirimicarbe)

Pirimor G® 50 g/hl (0,5 kg/ ha)

vamidotião solução aquosa (400 g/l de vamidotião)

Kilval® 125 ml/hl (1,25 l/ha)

endossulfão Concentrado para emulsão (352 g/l de endossulfão)

Thionex® 325 ml/hl (3,5 l/ha)

dimetoato Concentrado para emulsão (400 g/l de dimetoato)

Perfekthion® 75 ml/hl (0,75 l/ha)

Page 134: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 129

No Quadro 4.4 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios

realizados nas referidas localidades, bem como as espécies de fitoseídeos

dominantes.

Confidor® (imidaclopride)

Família química: cloronicotinilos. Insecticida sistémico que actua

por contacto e ingestão.

Este insecticida mostrou boa selectividade sobre os fitoseídeos em

todos os ensaios realizados.

Pirimor® (pirimicarbe)

Família química: carbamatos. Insecticida específico (aficida)

sistémico que actua por contacto, ingestão e fumigação.

Tal como no caso anterior, pirimicarbe, revelou um perfil favorável

aos fitoseídeos em todos os ensaios realizados. Estes resultados

corroboram a boa selectividade deste insecticida, referenciada em

diversos trabalhos realizados tanto em Portugal (Rodrigues et al., 2002)

como no estrangeiro (Sterk et al., 1994).

Kilval® (vamidotião)

Família química: organofosforados. Insecticida sistémico que actua

por ingestão.

Este insecticida evidenciou uma toxidade diferenciada dentro das

duas regiões onde foram efectuados os ensaios. No Alto Minho (Ponte de

Lima) revelou-se muito tóxico para os fitoseídeos, corroborando

resultados obtidos anteriormente no mesmo pomar onde o ensaio foi

realizado (Rodrigues et al., 2002). Esta falta de selectividade para os

Page 135: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 130

fitoseídeos verificou-se também na Beira Interior Sul (Fundão) onde este

produto foi classificado de muito tóxico para os fitoseídeos.

Nas restantes localidades, os resultados foram diferentes. No Baixo

Minho (Braga) e na Beira Interior Norte (Sabugal), o perfil toxicológico

deste insecticida foi mais favorável, demonstrando uma boa selectividade

para os fitoseídeos.

Os resultados evidenciaram que este insecticida mostrou-se mais

selectivo para T. pyri e menos selectivo para T. phialatus.

Thionex® (endossulfão)

Família química: ciclodienos organoclorados. Insecticida que actua

por contacto e ingestão. Este insecticida evidenciou boa selectividade

para os fitoseídeos em três dos quatro ensaios realizados. Enquanto que

em Ponte de Lima este produto apresentou uma toxidade moderada

(classe 3), confirmando os resultados obtidos por Rodrigues et al.,

(2002), nas restantes localidades, mostrou já um perfil bastante favorável.

Perfekthion® (dimetoato)

Família química: organofosforados. Insecticida sistémico que actua

por contacto e ingestão. Este insecticida, que não está autorizado em

protecção integrada da macieira em Portugal, confirmou a sua elevada

toxidade sobre os fitoseídeos em todas as localidades, excepto em Braga

onde foi classificado como moderadamente tóxico (classe 3). A sua

elevada toxidade sobre fitoseídeos já havia sido comprovada em trabalhos

anteriores (Rodrigues et al., 2002).

Page 136: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 131

Quadro 4.4 - Toxidade de campo de cinco insecticidas sobre fitoseídeos, em aplicação simples em macieira (Projecto Agro 317, 2002).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes

Confidor® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Sabugal

Typhlodromus pyri (98%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (97%)

Pirimor® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Sabugal

Typhlodromus pyri (97%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (94%)

Kilval® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Sabugal

Typhlodromus pyri (98%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (97%)

Thionex® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Sabugal

Typhlodromus pyri (98%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (97%)

Perfekthion® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (39%) Typhlodromus pyri (23%)

Braga

Euseius stipulatus (54%) Amblyseius andersoni (27%)

Sabugal

Typhlodromus pyri (98%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (97%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Page 137: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 132

4.3.2.2. Insecticidas ensaiados, homologados contra o bichado da

macieira

Realizaram-se quatro ensaios em aplicação simples, distribuídos

pelas regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Interior, nas localidades

de: Ponte de Lima (Alto Minho), Braga (Baixo Minho), Guarda (Beira

Interior Norte) e Fundão (Beira Interior Sul) (Quadro 4.5).

No Quadro 4.6 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios

realizados nas diversas localidades, bem como as espécies de fitoseídeos

dominantes.

Quadro 4.5 – Insecticidas ensaiados, homologiados contra o bichado da macieira, concentração e dose utilizadas. (Projecto Agro 317, 2004).

Substância activa

Formulação

Produto comercial

Marca Concentração (dose)

tiaclopride Suspensão concentrada (480 g/l de tiaclopride)

Calypso® 20 ml/hl (0,2 l/ha)

fosmete Pó molhável (50% de fosmete)

Fosdan® 100 g (1 kg/ha)

fosalona Pó molhável (30% de fosalona)

Zolone® 200 g (2 kg/ha)

triflumurão Pó molhável (25% triflumurão)

Alsystin® 40 g (400 g/ha)

clorpirifos Concentrado para emulsão (com 480 g/l de clorpirifos)

Pirinex® 48 EC 150 ml/hl (1,5 l/ha)

Page 138: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 133

Quadro 4.6 - Toxidade de campo de cinco insecticidas sobre fitoseídeos, em aplicação simples em macieira (Projecto Agro 317, 2004).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes

Calypso® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (79%) Typhlodromus pyri (18%)

Braga

Amblyseius andersoni (60%) Euseius stipulatus (37%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (98%)

Fosdan® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (79%) Typhlodromus pyri (18%)

Braga

Amblyseius andersoni (60%) Euseius stipulatus (37%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (98%)

Zolone® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (79%) Typhlodromus pyri (18%)

Braga

Amblyseius andersoni (60%) Euseius stipulatus (37%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (98%)

Alsystin® Ponte de Lima

Euseius stipulatus (79%) Typhlodromus pyri (18%)

Braga

Amblyseius andersoni (60%) Euseius stipulatus (37%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (98%)

Pirinex® 48 EC Ponte de Lima

Euseius stipulatus (79%) Typhlodromus pyri (18%)

Braga

Amblyseius andersoni (60%) Euseius stipulatus (37%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (98%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Page 139: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 134

Calypso® (tiaclopride)

Família química: cloronicotinilos. Insecticida sistémico que actua

por contacto e ingestão. Trata-se de um insecticida introduzido

recentemente no mercado nacional e pertencente à mesma família

química de imidaclopride.

Tal como imidaclopride, tiaclopride este insecticida mostrou boa

selectividade para os fitoseídeos nos quatro ensaios realizados.

Fosdan® (fosmete)

Família química: Organofosforados. Insecticida que actua por

contacto.

Este insecticida demonstrou boa selectividade para os fitoseídeos nos

ensaios realizados na região do Minho e na Beira Interior Norte. No

entanto, na Beira Interior Sul (Castelo Branco), revelou-se

moderadamente tóxico sobre T. phialatus.

Zolone® (fosalona)

Família química: Organofosforados. Insecticida que actua por

contacto e ingestão. Tal como o anterior, trata-se de outro insecticida

organofosforado com acção larvicida sobre o bichado.

A fosalona revelou-se muito tóxica para os fitoseídeos em ambos os

ensaios realizados no Minho (Ponte de Lima e Braga) e moderadamente

tóxica T. phialatus na Beira Interior Sul (Fundão). Por sua vez, na Beira

Interior Norte (Guarda), este insecticida mostrou-se boa selectividade

para T. pyri.

Ensaios realizados em macieira no Norte do país, referem este

insecticida como muito tóxico para os fitoseídeos na região do Minho

Page 140: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 135

(Rodrigues et al., 2002) e moderadamente tóxico em Trás-os-Montes

(Torres et al., 2002). Resultados idênticos aos obtidos na guarda são

referenciados por Sterk et al., (1994).

Alsystin® (triflumurão)

Família química: benzoilureias. Insecticida do grupo dos reguladores

de crescimento de insectos que actua por ingestão e contacto.

Este insecticida do grupo dos reguladores do crescimento dos

insectos, é considerado como tendo uma boa selectividade para os

fitoseídeos em geral.

Nos ensaios realizados, este insecticida confirmou a baixa toxidade

para os fitoseídeos na região do Minho (tanto em Ponte de Lima como em

Braga) e na Beira Interior Norte (Guarda). Estes resultados vão ao

encontro dos obtidos por Torres et al., (2002) em Trás-os-Montes. No

entanto na Beira Interior Sul (Fundão) este insecticida revelou-se

moderadamente tóxico.

Estes resultados evidenciaram uma baixa toxidade nos ensaios em

que as espécies T. pyri, E. stipulatus e A. Andersoni foram as mais

abundantes. No entanto, na presença de T. phialatus triflumurão revelou-

se moderadamente tóxico.

Pirinex® (clorpirifos)

Família química: organofosforados. Insecticida que actua por

contacto, ingestão e fumigação.

Este organofosforado apresentou resultados diferenciados consoante

as regiões. Revelou-se com um perfil de toxidade favorável aos

fitoseídeos na Beira Interior Norte (Guarda). Nos ensaios realizados no

Page 141: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 136

Minho foi considerado moderadamente tóxico enquanto que na Beira

Interior Sul (Fundão) foi classificado como muito tóxico para T.

phialatus.

4.3.3. Fungicidas ensaiados, homologados contra o pedrado da

macieira

Realizaram-se quatro ensaios em aplicações múltiplas, distribuídos

pelas regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Interior, nas localidades

de: Ponte de Lima (Alto Minho), Braga (Baixo Minho), Guarda (Beira

Interior Norte) e Fundão (Beira Interior Sul) (Quadro 4.7).

No Quadro 4.8 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios

realizados nas diversas localidades, bem como as espécies de fitoseídeos

dominantes.

Quadro 4.7 – Fungicidas ensaiados, homologados contra o pedrado da macieira, concentração e dose utilizadas. (Projecto Agro 317, 2003).

Substância

activa

Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

mancozebe Pó molhável (80% de mancozebe)

Mancozan® 200 g/hl (2 kg/ha)

cresoxime-metilo

Aglomerado dispersível em água (50% (p/p) de cresoxime-metilo)

Stroby® 100 g/hl (1 kg/ha)

dodina Pó molhável (65% (p/p) de dodina)

Dodim® 135 g/hl (1,35 kg/ha)

tiofanato-metilo Grânulos dispersíveis em água (70% de tiofanato-metilo)

Tocsin® WG 100 g/hl (1 l/ha)

fluquinconazol + pirimetanil

Suspensão concentrada (50 g/l de fluquinconazol + 200 g/l de pirimetanil)

Vision® 75 ml/hl (0,75 l/ha)

Page 142: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 137

Mancozan® (mancozebe)

Família química: ditiocarbamatos. Fungicida de acção preventiva.

Este fungicida apresentou toxidade diferenciada em cada região. No

Minho, revelou falta de selectividade para os fitoseídeos em ambos os

ensaios logo após a primeira aplicação, sendo moderadamente tóxico em

no Alto Minho (Ponte de Lima) e muito tóxico no Baixo Minho (Braga).

Um perfil de maior selectividade para estes auxiliares foi

evidenciado nos dois ensaios realizados na Beira Interior, após a

primeira aplicação. No entanto, após a terceira aplicação, verificou-se a

em ambos os casos, existência de toxidade cumulativa, aumentando para

níveis de classe 3 (moderadamente tóxico) .

Stroby® (cresoxime-metilo)

Família química: estrobilurinas análogas. Fungicida sistémico, com

mobilidade translaminar e acção de vapor e actuação predominantemente

preventiva mas também curativa.

Este fungicida mostrou-se bastante selectivo para os fitoseídeos em

ambas as regiões, mesmo ao fim de três aplicações consecutivas. No

entanto, em Ponte de Lima apresentou toxidade moderada ao fim do

terceiro tratamento.

Dodim® (dodina)

Família química: guanidinas. Actua como preventivo e curativo.

Em todos os ensaios realizados mostrou boa selecctividade para os

fitoseídeos, tanto ao fim de uma como de três aplicações.

Page 143: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 138

Quadro 4.8 - Toxidade de campo de cinco fungicidas sobre fitoseídeos, em aplicações múltiplas em macieira (Projecto Agro 317, 2003).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes 1 aplicação 3 Aplicações

Mancozan® Ponte de Lima

Typhlodromus pyri (50%) Euseius stipulatus (26%)

Braga

Euseius stipulatus (58%) Amblyseius andersoni (42%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (94%)

Stroby® Ponte de Lima

Typhlodromus pyri (50%) Euseius stipulatus (26%)

Braga

Euseius stipulatus (58%) Amblyseius andersoni (42%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (94%)

Dodim® Ponte de Lima

Typhlodromus pyri (50%) Euseius stipulatus (26%)

Braga

Euseius stipulatus (58%) Amblyseius andersoni (42%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (94%)

Tocsin® WG Ponte de Lima

Typhlodromus pyri (50%) Euseius stipulatus (26%)

Braga

Euseius stipulatus (58%) Amblyseius andersoni (42%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (94%)

Vision® Ponte de Lima

Typhlodromus pyri (50%) Euseius stipulatus (26%)

Braga

Euseius stipulatus (58%) Amblyseius andersoni (42%)

Guarda

Typhlodromus pyri (100%)

Fundão

Typhlodromus phialatus (94%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Page 144: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 139

Tocsin® WG (tiofanato-metilo)

Família química: precursores de benzimidazóis. Produto sistémico,

com acção preventiva e curativa.

Relativamente aos fungicidas desta família química, tem havido

alguma controvérsia no que respeita à sua utilização em programas de

protecção integrada, dada a elevada toxidade sobre os fitoseídeos que lhe

é atribuída.

Em todos os ensaios realizados, tiofanato-metilo mostrou-se bastante

selectivo para os fitoseídeos após a primeira aplicação, mantendo-se este

nível de selectividade após a terceira aplicação, nos ensaios realizados no

Baixo Minho (Braga) e na Beira Interior Norte (Guarda). No entanto, nos

ensaios realizados no Alto Minho (Ponte de Lima) e na Beira Interior Sul

(Fundão) a toxidade aumentou para níveis de classe 3 (moderadamente

tóxico).

Vision® (fluquinconazol + pirimetanil)

Família química: triazóis + anilinopirimidinas. Fungicida misto

com acção sistémica, actua como preventivo e curativo, inibidor da

biossíntese dos esteróis.

Em todos os ensaios realizados, revelou um perfil de toxidade

favorável aos fitoseídeos mesmo ao fim de três aplicações, apesar de no

ensaio de Braga ter evidenciado toxidade moderada após a primeira

aplicação, recuperando logo de seguida.

Page 145: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 140

4.4. Ecossistema Vinha

Na cultura da vinha, foram ensaiados cinco insecticidas utilizados no

combate à traça-da-uva, cinco fungicidas utilizados no combate ao

míldio-da-videira, cinco fungicidas utilizados no combate à podridão-

dos-cachos e cinco fungicidas utilizados no combate ao oídio-da-videira.

4.4.1. Insecticidas ensaiados, homologados contra a traça-da-uva.

Realizaram-se dois ensaios em aplicação simples, distribuídos pelas

regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Interior, nas localidades de:

Ponte de Lima (Alto Minho), Castelo Branco (Beira Interior Sul) (Quadro

4.9).

No Quadro 4.10 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios

realizados nas diversas localidades, bem como as espécies de fitoseídeos

dominantes.

Quadro 4.9 – Insecticidas ensaiados, homologados contra a traça-da-uva, concentração e dose utilizadas (Projecto Agro 317, 2002).

Substância activa Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

Bacillus thuringiensis Pó molhável (32% (p/p) de B. thuringiensis,

subespécie Kurstaki)

Dipel® 100 g (1kg/ha)

tebufenozida Suspensão concentrada (240 g/l de tebufenozida)

Mimic® 30 ml/hl (0,3 l/ha)

deltametrina Concentrado para emulsão (25 g/l de deltametrina)

Decis® 30 ml/hl (0,3 l/ha)

fosalona Pó molhável (30% de fosalona)

Zolone® 200 g (2 kg/ha)

flufenoxurão Concentrado para emulsão (100 g/l de flufenoxurão)

Cascade® 50 ml/hl (0,5 l/ha)

Nos ensaios realizados, todos os produtos revelaram idêntico

Page 146: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 141

comportamento em ambas as regiões.

Quadro 4.10 - Toxidade de campo de cinco insecticidas sobre fitoseídeos, em aplicação simples em vinha (Projecto Agro 317, 2002).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes

Dipel® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (92%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (96%)

Mimic® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (92%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (96%)

Decis® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (92%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (96%)

Zolone® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (92%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (96%)

Cascade® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (92%)

Castelo Branco

Typhlodromus phialatus (96%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Dipel® (Bacillus thuringiensis)

Família química: bactérias. Insecticida que actua por ingestão.

Bacillus thuringiensis é um produto de origem biológica, que

confirmou a baixa toxidade sobre os fitoseídeos em ambos os ensaios.

Mimic® (tebufenozida)

Família química: diacilhidrazidas. Insecticida do grupo dos

reguladores de crescimento de insectos que actua essencialmente por

ingestão; também tem acção de contacto.

Page 147: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 142

Este insecticida mostrou ser bastante selectivo para os fitoseídeos em

ambos os ensaios realizados.

Decis® (deltametrina)

Família química: piretróides. Insecticida que actua por contacto e

ingestão.

Uma das características dos piretróides é a sua elevada toxidade

sobre os organismos auxiliares, principalmente sobre ácaros fitoseídeos.

Esta enorme falta de selectividade esteve bem patente em ambos os

ensaios realizados, apresentando uma toxidade de classe 4 (muito tóxico).

Zolone® (fosalona)

Família química: organofosforados. Insecticida que actua por

contacto e ingestão.

Tal como no caso anterior, este produto mostrou-se muito tóxico

para os fitoseídeos (classe 4) em ambos os ensaios. Esta elevada toxidade

da fosalona sobre os fitoseídeos, verifica-se também no caso da macieira

principalmente na região Norte do país (Rodrigues et al., 2002; Torres et

al., 2002). Esta elevada toxidade sobre fitoseídeos, foi também

comprovada recentemente em vinha na região de Viseu em que T. pyri

era a espécie largamente dominante (Cláudia Pereira, com. pessoal).

Cascade® (flufenoxurão)

Família química: acilureias. Insecticida e acaricida do grupo dos

reguladores de crescimento de insectos que actua por ingestão e contacto.

Flufenoxurão é um insecticida e acaricida, utilizado no combate à

traça-da-uva e à cigarrinha-verde. Dos ensaios realizados, verificou-se

Page 148: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 143

que este insecticida apresentou valores baixos de toxidade sobre os

fitoseídeos, evidenciando portanto, boa selectividade.

4.4.2. Fungicidas

4.4.2.1. Fungicidas ensaiados, homologados contra o míldio da

videira

Realizaram-se quatro ensaios em aplicações múltiplas, distribuídos

pelas regiões de Entre-Douro e Minho e Beira Interior, nas localidades

de: Ponte de Lima e Monção (Alto Minho), Penafiel (Vale do Sousa) e

Belmonte (Beira Interior Norte) (Quadro 4.11). No Quadro 4.12

apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios realizados nas diversas

localidades, bem como as espécies de fitoseídeos dominantes.

Quadro 4.11 – Fungicidas ensaiados, homologados contra o míldio da videira, concentração e dose utilizadas (Projecto Agro 317, 2003).

Substância activa

Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

mancozebe Pó molhável (80% de mancozebe)

Mancozan® 200 g/ha (2 kg/ha)

folpete Pó molhável (50% de folpete)

Folpec® 50 Azul 200 g/ha (2 kg/ha)

oxicloreto de cobre

Pó molhável (50% cobre sob a forma de oxicloreto de

cobre)

Cozi® 50 300 g/ha (3 kg/ha)

propinebe Pó molhável (70% de propinebe)

Antracol® 250 g/ha (2,5 kg/ha)

cimoxanil + famoxadona

Grânulos dispersíveis em água (30% (p/p) de cimoxanil + 22,5% (p/p) de

famoxadona)

Equathion Pro® 40 g/ha (0,4 kg/ha)

Page 149: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 144

Quadro 4.12 - Toxidade de campo de cinco fungicidas sobre fitoseídeos, em aplicações múltiplas em vinha (Projecto Agro 317, 2003).

Produto comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes 1

aplicação 3

aplicações

Mancozan® Ponte de Lima* Phytoseius plumifer (98%)(a)

Monção

Typhlodromus phialatus (77%) Kampimodromus aberrans (15%)

Penafiel Typhlodromus pyri (100%)

Belmonte Typhlodromus phialatus (98%)

Folpec® 50 Azul Ponte de Lima* Phytoseius plumifer (98%)(a)

Monção

Typhlodromus phialatus (77%) Kampimodromus aberrans (15%)

Penafiel Typhlodromus pyri (100%)

Belmonte Typhlodromus phialatus (98%)

Cozi® 50 Ponte de Lima* Phytoseius plumifer (98%)(a)

Monção

Typhlodromus phialatus (77%) Kampimodromus aberrans (15%)

Penafiel Typhlodromus pyri (100%)

Belmonte Typhlodromus phialatus (98%)

Antracol®WP Ponte de Lima* Phytoseius plumifer (98%)(a)

Monção

Typhlodromus phialatus (77%) Kampimodromus aberrans (15%)

Penafiel Typhlodromus pyri (100%)

Belmonte Typhlodromus phialatus (98%)

Equation-Pro® Ponte de Lima* Phytoseius plumifer (98%)(a)

Monção

Typhlodromus phialatus (77%) Kampimodromus aberrans (15%)

Penafiel Typhlodromus pyri (100%)

Belmonte Typhlodromus phialatus (98%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

* – Tese de mestrado de Bacelar- Ferreira (2004), realizada no âmbito do Projecto Agro nº 317 (

Page 150: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 145

Mancozan® (mancozebe)

Família química: ditiocarbamatos. Fungicida de contacto, actua

como preventivo.

Trata-se de um fungicida “clássico” utilizado no combate ao míldio

da videira. Após a primeira aplicação revelou toxidade moderada em três

dos quatro ensaios. No entanto, após a terceira aplicação, revelou-se

bastante tóxico em todas as localidades, o que confirma a falta de

selectividade para os fitoseídeos deste fungicida na cultura da vinha,

também já evidenciada em macieira.

Folpec® 50 azul (folpete)

Família química: ftalimidas. Fungicida de contacto, actua como

preventivo.

Nos quatro ensaios realizados verificou-se um comportamento

ligeiramente diferenciado em ambas as regiões, evidenciando menor

toxidade na região do Minho. No Alto Minho (Monção e Ponte de Lima)

e no Vale do Sousa (Penafiel) mostrou boa selectividade para os

fitoseídeos após uma e três aplicações. No entanto, na Beira Interior

Norte (Belmonte), apresentou desde a primeira aplicação uma toxidade

moderada (classe 3), que se manteve até final.

Cozi® 50 (oxicloreto de cobre)

Família química: inorgânicos. Fungicida de contacto, com acção

preventiva.

Nos quatro ensaios realizados, o oxicloreto de cobre apresentou

baixa toxidade para os fitoseídeos, demonstrando boa selectividade para

estes auxiliares.

Page 151: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 146

Antracol® WP (propinebe)

Família química: ditiocarbamatos. Fungicida de contacto, com acção

preventiva.

O comportamento deste fungicida foi um pouco parecido com o

evidenciado pelo outro ditiocarbamato, o mancozebe revelando também

falta de selectividade para os fitoseídeos.

Na região do Minho, o propinebe, mostrou-se moderadamente tóxico

para os fitoseídeos (classe 3) logo após a primeira aplicação nos três

ensaios realizados. Após a terceira aplicação este fungicida apresentou

nos três ensaios, uma toxidade de classe 4 (muito tóxico).

Na Beira Interior Norte (Belmonte), este produto mostrou-se

selectivo para os fitoseídeos após a primeira aplicação, tornando-se

moderadamente tóxico após a terceira aplicação.

Equation-Pro® (cimoxanil + famoxadona)

Família química: acetamidas + oxazolidinadionas. Fungicida

penetrante com acção predominantemente preventiva e também curativa.

Os resultados referentes a este fungicida foram idênticos aos obtidos

para o folpete. Na região do Minho revelou boa selectividade para os

fitoseídeos quer após a primeira, quer após a terceira aplicação. Na região

da Beira Interior (Belmonte), a toxidade foi moderada ao longo de todo o

ensaio.

Page 152: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 147

4.4.2.2. Fungicidas ensaiados, homologados contra a podridão dos

cachos

Foram realizados três ensaios em aplicação simples, na região de

Entre-Douro e Minho nas localidades de: Ponte de Lima e Monção (Alto

Minho) e Penafiel (Vale do Sousa) (Quadro 4.13). No Quadro 4.14,

apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios realizados nas referidas

localidades, bem como as espécies de fitoseídeos dominantes.

Quadro 4.13 – Fungicidas ensaiados, homologados no combate à podridão-dos-cachos, concentração e dose utilizadas (Projecto Agro 317, 2004).

Substância activa

Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

carbendazime Pó molhável (60% de carbendazime)

Derosal® 80 g/hl (0,8 kg/ha)

tolifluanida Grânulos dispersíveis em água (50% de tolifluanida)

Euparene Multi® 200 g/hl (2 kg/ha)

mepanipirime Pó molhável (50% de mepanipirime)

Frupica® 100 g/hl (1 kg/ha)

ciprodinil + fludioxonil

Pó molhável (37,5% (p/p) de ciprodinil + 25% (p/p) de

fludioxonil)

Switch® 80 g/hl (0,8 kg/ha)

fenehexamida Grânulos dispersíveis em água (50% de fenehexamida)

Teldor® 150 g/hl (1,5 kg/ha)

Derosal® (carbendazime)

Família química: benzimidazóis

Este fungicida mostrou boa selectividade sobre os fitoseídeos nos

ensaios realizados em Ponte de Lima e Penafiel, enquanto que no ensaio

de Monção apresentou-se como moderadamente tóxico (classe 3).

Page 153: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 148

Quadro 4.14 - Toxidade de campo de cinco fungicidas, sobre fitoseídeos, em aplicação simples em vinha (Projecto Agro 317, 2004).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes

Derosal® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (94%)

Monção

Typhlodromus pyri (86%) Typhlodromus phialatus (14%)

Penafiel

Amblyseius andersoni (79%) Typhlodromus phialatus (17%)

Euparene Multi® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (94%)

Monção

Typhlodromus pyri (86%) Typhlodromus phialatus (14%)

Penafiel

Amblyseius andersoni (79%) Typhlodromus phialatus (17%)

Frupica® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (94%)

Monção

Typhlodromus pyri (86%) Typhlodromus phialatus (14%)

Penafiel

Amblyseius andersoni (79%) Typhlodromus phialatus (17%)

Switch® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (94%)

Monção

Typhlodromus pyri (86%) Typhlodromus phialatus (14%)

Penafiel

Amblyseius andersoni (79%) Typhlodromus phialatus (17%)

Teldor ® Ponte de Lima

Phytoseius plumifer (94%)

Monção

Typhlodromus pyri (86%) Typhlodromus phialatus (14%)

Penafiel

Amblyseius andersoni (79%) Typhlodromus phialatus (17%)

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Euparene Multi® (tolifluanida)

Família química: sulfamidas. Sulfamida. Actua como preventivo. Para o conjunto dos três ensaios realizados na região do Minho,

Page 154: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 149

tolifluanida mostrou-se bastante selectiva para os fitoseídeos.

Frupica® (mepanipirime)

Família química: anilinopirimidinas. Fungicida sistémico, com acção

preventiva.

Trata-se de um fungicida recentemente homologado em Portugal. Tal

como no caso anterior, revelou boa selectividade sobre os fitoseídeos em

todos os ensaios .

Switch® (ciprodinil + fludioxonil)

Família química: Anilinopirimidinas + cianopirróis. Fungicida

sistémico e com acção de superfície.

Este fungicida apresentou um resultado idêntico ao obtido com

carbendazime. Mostrou boa selectividade para os fitoseídeos nos ensaios

realizados em Ponte de Lima e em Penafiel, enquanto que em Monção

revelou-se moderadamente tóxico (classe 3).

Teldor® (fenehexamida)

Família química: carboxamidas. Fungicida com actividade

translaminar e acção preventiva.

A fenehexamida apresentou baixa toxidade para os fitoseídeos em

todos os ensaios realizados, pelo que foi considerada bastante selectiva

para estes auxiliares .

4.4.2.3. Fungicidas ensaiados, homologados cotnra o oídio da

videira

Realizou-se um ensaio em aplicações múltiplas, na Região da Beira

Page 155: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 150

Interior, na localidade de: Belmonte (Beira Interior Norte) (Quadro 4.15).

Quadro 4.15 – Fungicidas ensaiados, homologados contra o oídio-da-videira, concentração e dose utilizadas (Projecto Agro 317, 2004).

Substância activa

Formulação

Produto comercial

marca concentração e dose usadas

enxofre Grânulos dispersíveis em água (80% de enxofre)

Thiovit® Jet 800 g/hl (8 kg/ha)

quinoxifena Suspensão concentrada (250 g/l de quinoxifena)

Arius® 25 ml/hl (0,25 l/ha)

trifloxistrobina Grânulos dispersíveis em água (50% de trifloxistrobina)

Flint® 12,5 ml/hl (0,125 l/ha)

espiroxamina Concentrado para emulsão (500 g/l de espiroxamina)

Prosper® 60 ml/hl (0,6 l/ha)

dinocape Pó molhável (18,25% (p/p) de dinocape)

Dinogil® 100 g/hl (1 kg/ha)

No Quadro 4.14 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios

realizados nas diversas localidades, bem como as espécies de fitoseídeos

dominantes.

Quadro 4.16 - Toxidade de campo de cinco fungicidas sobre fitoseídeos, em aplicações múltiplas em vinha (Projecto Agro 317, 2004).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes 1 aplicação 3 aplicações

Thiovit® Jet

Arius®

Flint® Belmonte

Typhlodromus phialatus (99%)

Prosper®

Dinogil®

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Page 156: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 151

Thiovit® Jet (enxofre)

Família química: inorgânicos. Fungicida que actua essencialmente

por contacto, complementado com uma acção fumigante, devido à

emissão de vapores que é originada depois da aplicação do produto.

Este fungicida revelou-se moderadamente tóxico após a primeira

aplicação. No entanto, após a terceira aplicação, a toxidade baixou,

revelando este produto (e na concentração utilizada) boa selectividade

para os fitoseídeos.

Arius® (quinoxifena)

Família química: fenoxiquinolina. Fungicida preventivo, com acção

de vapor.

A toxidade deste fungicida sobre os fitoseídeos não sofreu alteração

durante todo o ensaio, tendo revelado boa selectividade para estes

auxiliares.

Flint® (trifloxistrobina)

Família química: estrobilurinas análogas (oxiiminoacetato).

Fungicida sistémico, com mobilidade translaminar e lateral com acção

predominantemente preventiva, mas também curativa.

Tal como no caso do enxofre, a trifloxistrobina revelou-se

moderadamente tóxica para os fitoseídeos após a primeira aplicação. No

entanto, após a terceira aplicação, a toxidade baixou para níveis de boa

selectividade.

Prosper® (espiroxamina)

Família química: espirocetalamidas. Fungicida sistémico que actua

Page 157: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 152

como preventivo.

Este produto foi introduzido recentemente no mercado nacional.

Apresentou um comportamento idêntico ao da quinoxifena, evidenciando

boa selectividade para os ácaros fitoseídeos.

Dinogil® (dinocape)

Família química: derivados dinitrofenólicos. Fungicida de contacto

com acção preventiva e curativa.

Este fungicida apresentou um comportamento semelhante ao de

trifloxistrobina e do enxofre. Após a primeira aplicação a toxidade foi

moderada, tendo recuperado para níveis de boa selectividade ao fim da

terceira aplicação.

4.5. Ecossistema Cerejeira

4.5.1. Insecticidas ensaiados, homologados contra afídeos da

cerejeira

Foi efectuado um ensaio em aplicação simples, Na região da Beira

Interior, na localidade de Fundão (Beira Interior Sul) (Quadro 4.17).

No Quadro 4.18 apresentam-se os resultados obtidos nos ensaios

realizados nas referidas localidades, bem como as espécies de fitoseídeos

dominantes

Page 158: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 153

Quadro 4.17 – Insecticidas ensaiados, homologados contra os afídeos da cerejeira, concentração e dose utilizadas. (Projecto Agro 317, 2002).

Substância activa

Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

dimetoato Concentrado para emulsão (400 g/l de dimetoato)

Digor® 50 ml/hl (0,5 l/ha)

imidaclopride Solução concentrada (200 g/l de imidaclopride)

Confidor® 50 ml/hl (0,5 l/ha)

deltametrina Concentrado para emulsão (25 g/l de deltametrina)

Decis® 30 ml/hl (0,3 l/ha)

malatião Concentrado para emulsão (500 g/l de malatião)

Malathane® 50 ml/hl (0,5 l/ha)

Digor® (dimetoato)

Família química: organofosforados. Insecticida sistémico que actua

por contacto e ingestão.

Tal como na cultura da macieira, este insecticida revelou-se muito

tóxico (classe 4) sobre os fitoseídeos, confirmando assim a sua falta de

selectividade para estes auxiliares.

Quadro 4.18 - Toxidade de campo de cinco insecticidas sobre fitoseídeos, em aplicação simples em cerejeira (Projecto Agro 317, 2002).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes

Digor®

Confidor® Fundão (Lamaçais)

Typhlodromus pyri (92%)

Decis®

Malathane®

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Confidor® (imidaclopride)

Família química: cloronicotinilos. Insecticida sistémico que actua

Page 159: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 154

por contacto e ingestão.

Os resultados obtidos com este insecticida, são concordantes com os

obtidos em macieira na Beira Interior, confirmando a boa selectividade

para os fitoseídeos.

Decis® (deltametrina)

Família química: piretróides. Insecticida que actua por contacto e

ingestão.

Tal como no caso da vinha, este insecticida confirmou o seu perfil

muito tóxico (classe 4) para os fitoseídeos.

Malathane® (malatião)

Família química: organofosforados. Insecticida que actua por

contacto, ingestão e fumigação.

Este insecticida apresentou uma toxidade moderada (classe 3) sobre

os fitoseídeos, demonstrando fraca selectividade para estes auxiliares.

4.5.2. Fungicidas

Os resultados que se apresentam de seguida, referem-se a dois

ensaios realizados com fungicidas utilizados no combate às doenças da

cerejeira.

4.5.2.1. Fungicidas ensaiados, homologados contra a antracnose e

moniliose da cerejeira.

Realizou-se um ensaio em aplicações múltiplas, na região da Beira

Interior, na Localidade de Fundão (Beira Interior Sul) (Quadro 4.19).

Page 160: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 155

Neste ensaio, utilizaram-se produtos homologados para o combate à

antracnose (dodina) e moniliose (bitertanol, enxofre, mancozebe e

zirame).

No Quadro 4.20 apresentam-se os resultados obtidos na referida

localidade, bem como as espécies de fitoseídeos dominantes.

Quadro 4.19 – Fungicidas ensaiados, homologados contra doenças da cerejeira, concentração e dose utilizadas (Projecto Agro 317, 2003).

Substância activa

Formulação Produto comercial

Marca Concentração (dose)

bitertanol Suspensão concentrada (500 g/l de bitertanol)

Baycor S® 60 ml/hl

enxofre Pó molhável (80% (p/p) de enxofre)

Stulln® 200 g

dodina Pó molhável (65% (p/p) de dodina)

Dodim® 80 g

mancozebe Pó molhável (80% (p/p) de mancozebe)

Mancozan® 200 g

zirame Pó molhável (90% (p/p) de zirame)

Fuclasin ultra® 200 g

Quadro 4.20 - Toxidade de campo de cinco fungicidas sobre fitoseídeos, em aplicações múltiplas em cerejeira (Projecto Agro 317, 2003).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes 1 aplicação 3 aplicações

Baycor S®

Stulln®

Typhlodromus pyri (73%)

Dodim® Fundão

Typhlodromus phialatus (26%)

Mancozan®

Fuclasin ultra®

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Page 161: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 156

Baycor S® (bitertanol)

Família química: triazóis. Fungicida com acção preventiva e

curativa, inibe a biossíntese dos esteróis.

O bitertanol apresentou valores baixos de toxidade durante todo o

ensaio, evidenciando boa selectividade para os fitoseídeos..

Stulln® (enxofre)

Família química: inorgânicos. Fungicida que actua essencialmente

por contacto, complementado com uma acção fumigante, devido à

emissão de vapores que é originada depois da aplicação do produto.

No caso do enxofre, verificou-se um aumento da toxidade em função

do número de aplicações. Após a primeira aplicação, mostrou ser

selectivo para os fitoseídeos, aumentando para níveis de toxidade

moderada (classe 3) após o terceiro tratamento.

Dodim® (dodina)

Família química: Guanidinas. Fungicida com acção preventiva e

curativa.

Este fungicida já havia sido testado também em macieira, tendo

revelado um perfil de boa selectividade face aos fitoseídeos, mesmo após

três aplicações consecutivas.

No caso da cerejeira, demonstrou essa selectividade ao fim da

primeira aplicação, mas ao fim da terceira os valores de toxidade

aumentaram para níveis de toxidade moderada (classe 3).

Mancozan® (mancozebe)

Família química: ditiocarbamatos. Fungicida de contacto com acção

Page 162: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 157

preventiva.

O mancozebe apresentou um perfil toxicológico idêntico ao revelado

na cultura da macieira, embora mais pronunciado após a terceira

aplicação. Este fungicida revelou-se selectivo para os fitoseídeos apenas

após o primeiro tratamento. No entanto, a toxidade cumulativa é bem

evidente após o terceiro tratamento em que foi classificado de muito

tóxico (classe 4).

Fuclasin Ultra® (zirame)

Família química: ditiocarbamato. Fungicida de contacto e com acção

preventiva.

Este fungicida revelou boa selectividade face aos fitoseídeos após o

primeiro tratamento. No entanto, após a terceira aplicação, a toxidade

atingiu valores moderados (classe 3).

4.5.2.2. Fungicidas ensaiados, homologados contra o cancro

bacteriano, crivado e lepra da cerejeira.

Realizou-se um ensaio em aplicações múltiplas, na Beira Interior

(Sul), na Localidade de Fundão (Quadro 4.21).

No Quadro 4.22 apresentam-se os resultados obtidos na referida

localidade, bem como as espécies de fitoseídeos dominantes. Neste

ensaio, utilizaram-se produtos homologados para o combate ao cancro

bacteriano (produtos cúpricos), crivado (produtos cúpricos e tirame) e

lepra (bitertanol, produtos cúpricos e tirame).

Page 163: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 158

Quadro 4.21 – Fungicidas ensaiados, homologados contra doenças da cerejeira, concentração e dose utilizadas (Projecto Agro 317, 2004).

Substância activa

formulação

Produto comercial

Marca Concentração (dose)

sulfato de cobre

Cristais (25% (p/p) de cobre, sob a forma de sulfato de

cobre previamente neutralizado com cal)

Sulfato cobre criystal®

1 kg (10 kg/ha)

oxicloreto de cobre

Suspensão concentrada (700 g/l ou 36% (p/p) de cobre a forma de

oxicloreto)

Cuprocol® 500 ml/hl (5 kg/ha)

hidróxido de cobre

Grânulos dispersíveis em água (40% (p/p) de cobre sob a forma de hidróxido

de cobre)

Kocide® DF 350 g (3,5 kg/ha)

tirame Pó molhável (80% de tirame)

Fernide® 200 g (2 kg/ha)

Quadro 4.22 - Toxidade de campo de quatro fungicidas sobre fitoseídeos, em aplicações múltiplas em cerejeira (Projecto Agro 317, 2004).

Produto Comercial

Localidade Toxidade Espécies dominantes 1

aplicação 3

aplicações

Sulfato Cobre Cristal®

Cuprocol® Fundão

Typhlodromus phialatus (71%)

Kocide® DF

Typhlodromus pyri (23%)

Fernide®

neutro a medianamente tóxico moderadamente tóxico tóxico

Sulfato de Cobre Crystal® (sulfato de cobre)

Família química: inorgânicos. Fungicida de contacto e com acção

preventiva.

O sulfato de cobre revelou uma selectividade precária sobre os

fitoseídeos, revelando-se moderadamente tóxico (classe 3) após a

primeira aplicação, evoluindo para níveis muito tóxicos (classe 4) após a

terceira aplicação.

Page 164: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 159

Cuprocol® (oxicloreto de cobre)

Família química: inorgânicos. Fungicida de contacto e com acção

preventiva.

Relativamente a este produto, a toxidade foi baixa em todas as

aplicações, o que demonstra a sua boa selectividade face aos fitoseídeos.

Kocide® DF (hidróxido de cobre)

Família química: inorgânicos. Fungicida de contacto e com acção

preventiva.

Tal como no caso anterior, o hidróxido de cobre revelou-se pouco

tóxico para os fitoseídeos ao longo de todo o ensaio, o que demonstra a

sua boa selectividade face aos fitoseídeos.

Fernide® (tirame)

Família química: ditiocarbamatos. Fungicida de contacto e com

acção preventiva.

Este fungicida apresentou resultados idênticos aos dois anteriores,

revelando boa selectividade para os fitoseídeos desde a primeira à última

aplicação.

4.6. Considerações finais.

O Projecto Agro nº 317 permitiu estudar a toxidade de campo de

múltiplos pesticidas utilizados no combate aos principais inimigos das

culturas da macieira, cerejeira e vinha, em diversas localidades das

Regiões de Entre-Douro e Minho e da Beira Interior.

Page 165: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 160

Acaricidas:

Dentro do as acaricidas METI o Magister confirmou a sua elevada

toxidade sobre os fitoseídeos, enquanto que o Dinamite revelou uma

maior selectividade para estes auxiliares, sendo comparável à do novo

acaricida Envidor. Por outro lado, o Rufast confirmou também a elevada

toxidade (característica dos piretróides), enquanto que o Vertimec

apresentou resultados diferentes e contraditórios dentro de cada região.

Actualmente existem preocupações com a aelgada quebra de eficácia

dos acaricidas (METI) sobre o aranhiço-vermelho, associada também a

fenómenos de resistência. A especialidade Envidor (espirodiclofena)

apresenta-se como uma possível alternativa aos METI. Aquando da

realização dos ensaios com estes acaricidas, avaliou-se também a

eficácia sobre o aranhiço-vermelho (cujos resultados não são aqui

apresentados. De entre os que maior eficácia demonstraram, destacam-se

ambos os METI e o Envidor. Enquanto que tanto o Magister como o

Dinamite confirmaram o elevado poder de choque que caracteriza este

grupo, a acção do Envidor foi mais lenta, demorando cerca de uma

semana a reduzir as populações do aranhiço-vermelho para níveis

próximos do zero. No entanto, não se verificaram casos de ressurgimento

de aranhiço-vermelho pelo menos durante os 35 dias que demoraram os

ensaios. Este novo acaricida apresentou um perfil de toxidade idêntico ao

do Dinamite.

Insecticidas

Dentro dos insecticidas, Alsystin (triflumurão), Mimic

(tebufenozida), Cascade (flufenoxurão), Fosdan (fosmete), Confidor

(imidaclopride) e Calypso (tiaclopride), revelaram um perfil de toxidade

Page 166: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 161

favorável à sua inclusão em programas de protecção integrada.

Perfekthion e Digor (ambos à base de dimetoato) confirmaram a sua falta

de selectividade para os fitoseídeos tanto em macieira como em cerejeira.

Idêntico comportamento foi confirmado pelo piretróides Decis

(deltametrina), tanto na vinha como na cerejeira. Por sua vez, Zolone

(fosalona) confirmou a sua enorme falta de selectividade em vinha e em

macieira tanto no Minho como na Beira Interior Sul. No entanto, este

insecticida mostrou-se mais selectivo na sub-região da Beira Interior

Norte, na cultura da macieira onde T. pyri dominou quase em exclusivo.

É de salientar que outros insecticidas organofosforados (vamidotião e

clorpirifos) demonstraram comportamento idêntico nesta sub-região e na

presença da mesma espécie.

Na Beira Interior Norte, onde T. pyri foi o fitoseídeo largamente

dominante, verificou-se uma tendência para maior tolerância aos

organofosforados por parte desta espécie, com excepção para o

dimetoato. Esta maior tolerância pode ser explicada pelo facto de se tratar

de uma zona de forte tradição fruteira onde, ao longo dos anos, a

aplicação continuada de insecticidas de largo espectro de acção tenha

exercido uma pressão de selecção sobre os fitoseídeos, permitindo que T.

pyri. Perante esta situação, uma questão fica no ar: tal como ser tem

verificado em várias regiões fruteiras da Europa, estaremos perante uma

situação de tolerância ou de resistência aos organofosforados?

Fungicidas

A selecção dos fungicidas para os programas de protecção integrada

tem sido algo controversa em diversos países comunitários, à qual

Portugal não constitui excepção. De entre os fungicidas objecto de

Page 167: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 162

maiores restrições e controvérsias, os ditiocarbamatos e os benzimidazóis

ocupam lugar de destaque.

Relativamente aos ditiocarbamatos, Fuclasin Ultra (zirame) e Fernide

(tirame), mostraram-se um perfil bastante favorável para serem

integrados nas listas de protecção integrada na cultura da cerejeira. Por

sua vez, Mancozan (mancozebe) revelou-se muito pouco selectivo para

os fitoseídeos, principalmente ao fim de três aplicações, em todas as

culturas estudadas. Tal como no caso anterior, Antracol (propinebe)

revelou uma enorme falta de selectividade para as diferentes espécies de

fitoseídeos tanto em vinha como em macieira, apresentando um perfil

desfavorável à sua utilização em programas de protecção integrada da

vinha.

Outros produtos anti-míldio, Equation-Pro (cimoxanil +

famoxadona) e Folpec 50 Azul (folpete), revelaram comportamento

idêntico em todas as localidades ensaiado, revelando boa selectividade

para os fitoseídeos nos ensaios de Ponte de Lima, Monção e Penafiel.

Porém, no ensaio de Belmonte, a toxidade foi moderada ao longo de todo

o ensaio.

Para os produtos cúpricos, verificou-se entre estes uma toxidade

diferenciada. Na cultura da cerejeira, O Sulfato de Cobre Crystal (sulfato

de cobre), revelou-se pouco selectivo logo após a primeira aplicação,

tornando-se muito tóxico após a terceira aplicação. No entanto, os

produtos à base de oxicloreto de cobre (Cozi 50 e Cuprocol)

demonstraram boa selectividade para os fitoseídeos nos ensaios de vinha

e de macieira, tanto ao fim de uma como de três aplicações.

Comportamento idêntico verificou-se com o Kocide (hidróxido de cobre

(hidróxido de cobre) na cultura da vinha.

Page 168: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 163

Os produtos anti-pedrado: Stroby (cresoxime-metilo), Dodim

(dodina), Tocsin (tiofanato-metilo) e Vision (fluquinconazol +

pirimetanil) , revelaram na sua generalidade um perfil favorável para a

sua utilização em programas de protecção integrada, sendo que tanto

Stroby como Dodim, revelarão elevada selectividade, em todas as

localidades mesmo após a terceira aplicação.

Relativamente aos produtos anti-botrytis, Euparene Multi

(tolifluanida), Frupica (mepanipirime) e Teldor (fenehexamida),

revelaram um perfil toxicológico favorável à sua utilização em programas

de protecção integrada, bem como Derosal (carbendazime) e Switch

(ciprodinil + fludioxonil), que apesar de evidenciarem um

comportamento idêntico aos anteriores, verificou-se que ambos foram

moderadamente tóxicos (classe 3) na localidade de Monção.

No ensaio com aplicações múltiplas de fungicidas anti-oídio, os

produtos Arius (quinoxifena) e Prosper (espiroxamina) revelaram baixa

toxidade para os fitoseídeos, tanto ao fim de uma como ao fim de três

aplicações. Por sua vez, os fungicidas Thiovit Jet (enxofre) Flint

(trifloxistrobina) e Dinogil (dinocape), apesar de terem mostrado uma

toxidade moderada após a primeira aplicação, conseguiram recuperar no

final do ensaio.

Por, fim e para os fungicidas utilizados no combate às doenças da

cerejeira, além dos produtos cúpricos referenciados anteriormente, o

Baycor S (bitertanol), e o Fernide (tirame), revelaram-se muito pouco

tóxicos para os fitoseídeos, mesmo após a terceira aplicação. Por sua vez,

o Stulln (enxofre), o Dodim (dodina) e o Fuclasin Ultra (zirame), apesar

de terem mostrado uma boa selectividade para os fitoseídeos após a

primeira aplicação, esta viu-se diminuída (moderadamente tóxicos) após

Page 169: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Toxidade de campo de diferentes pesticidas sobre fitoseídeos 164

a terceira aplicação.

4.7. Referências Bibliográficas

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Page 170: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

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Page 172: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 167

5.

Repartição geográfica das espécies de

fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas

J. Raul Rodrigues1, Carlos Silva2, Miriam Cavaco3, Carlos Veiga4, Paulo A. Fernandes5, Pedro Duarte6, J. Guerner-Moreira7, F. Pimenta-Carvalho8, Ricardo Miranda1 e Vasco Rodrigues1.

1Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, Convento de Refóios, 4990-706 Ponte de Lima. 2Escola Superior Agrária de Castelo Branco, Quinta Senhora de Mércules, 6001-909 Castelo Branco. 3Direcção Geral de Protecção das Culturas, Divisão de Sanidade Vegetal, Edifício 1, Tapada da Ajuda, 1349-018 Lisboa. 4Associação de Agricultores para a Produção Integrada de Frutos de Montanha, Rua Monsenhor Mendes do Carmo, 23-r/c – 6300-580 Guarda. 5Associação de Agricultores do Alto Minho, Urbanização dos Padrões, Bloco 11-3º, 4950 Monção. 6Cooperativa Agrícola do Alto Cavado, Campo das Carvalheiras, 1 – 4700-019 Braga. 7Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho, Divisão de Protecção das Culturas, Rua da Restauração, 336 – 5050-501 Porto. 8Associação de Produtores de Uva de Vinho Verde, Quinta da Aveleda, 4560-730 Penafiel.

5.1. Introdução O conhecimento da distribuição dos fitoseídeos pelas diversas

culturas no País, tem vindo a aumentar nos últimos anos. Actualmente

conhecem-se 45 espécies, associadas a 106 plantas hospedeiras

(frutícolas, hortícolas, ornamentais, espontâneas e infestantes) (Ferreira,

2000).

Vários trabalhos referem a ocorrência de diversas espécies de

fitoseídeos associadas às mesmas culturas em diferentes regiões o que

permite fazer uma ideia da frequência dessas espécies pelo País.

Page 173: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 168

Numa perspectiva de valorização da acção dos fitoseídeos autóctones

na limitação natural de ácaros fitófagos, não basta apenas conhecer a

frequência das espécies, mas também a sua abundância relativa por

cultura e região, uma vez que nos ecossistemas agrários em equilíbrio,

existem normalmente várias espécies de fitoseídeos em simultâneo: há

uma espécie claramente dominante (a mais abundante) e outras que

ocorrem em menor escala (Baillod & Venturi, 1980). Enquanto que a

frequência se refere apenas à ocorrência de uma dada espécie (no espaço

e/ou no tempo), a abundância relativa traduz a importância ou o peso que

essa espécie tem numa dada cultura e/ou região. O facto de uma espécie

ser muito frequente, ela pode ocorrer a níveis de abundância muito

baixos, o que pode constituir um uma limitação da sua acção sobre os

ácaros fitófagos.

O ambiente onde está inserida uma dada cultura, provê uma

variedade de habitats para os diversos organismos vivos. Os fitoseídeos

respondem facilmente a estes micro habitats. Por exemplo, num pomar,

as espécies encontradas ao nível do estrato herbáceo, podem diferir das

espécies encontradas no coberto arbóreo. Além disso, as espécies que se

encontram nas árvores podem apresentar uma distribuição diferente

dentro das mesmas. Estas complexidades biológicas são uma parte

importante dos componentes bióticos das culturas, que se assemelham a

ecossistemas naturais (Amano & Takafuji, 2001).

Ao nível do ecossistema agrário, a distribuição das espécies da

família Phytoseiidae, apresenta diferenças entre regiões e, por vezes,

dentro de uma mesma região. Para além das práticas fitossanitárias, os

factores abióticos como a temperatura e a humidade relativa, jogam um

papel importante na distribuição das espécies pelas diferentes regiões

Page 174: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 169

(Duso & Vettorazzo, 1999).

Para uma melhor compreensão da influência do clima na distribuição

geográfica das espécies de fitoseídeos, apresenta-se no Quadro 5.1 a

caracterização climática para diversas regiões vitícolas de Portugal

continental (Magalhães et al., 1995).

Quadro 5.1 - Caracterização climática de diversas regiões portuguesas segundo Thornthwite (Adaptado de Magalhães et al., 1995).

Caracterização Descrição

AB’2 ra’ Super-húmido, mesotérmico, com nula ou pequena deficiência de água e nula ou pequena concentração de eficiência térmica na estação quente. Minho: Braga.

B4B’2 ra’ Húmido, mesotérmico, com nula ou pequena deficiência de água e nula ou pequena concentração de eficiência térmica na estação quente Minho: Viana do Castelo.

B3B’2 sa’ Húmido, mesotérmico, com moderada deficiência de água no Verão e nula ou pequena concentração de eficiência térmica na estação quente. Minho: Monção, Trás-os-Montes: Vila Real e Dão: Nelas.

B2B’2 s2b’4’ Húmido, mesotérmico, com grande deficiência de água no Verão e moderada concentração de eficiência térmica na estação quente. Cova da Beira: Fundão.

B1B’2 s2a’ Húmido, mesotérmico, com grande deficiência de água no Verão e nula ou pequena concentração de eficiência térmica na estação quente. Trás-os-Montes: Régua, Ribatejo e Oeste: Óbidos. Alto Alentejo: Portalegre.

B1B’2 sa’ Húmido, mesotérmico, com moderada deficiência de água no Verão e nula ou pequena concentração de eficiência térmica na estação quente. Ribatejo e Oeste: Alcobaça.

C2B’2 sa’ Sub-húmido, chuvoso mesotérmico, com moderada deficiência de água no Verão e nula ou pequena concentração de eficiência térmica na estação quente. Trás-os-Montes: Chaves, Ribatejo e Oeste: Torres Vedras

C2B’2 s2b’4 Sub-húmido, chuvoso, mesotérmico, com grande deficiência de água no Verão e moderada concentração de eficiência térmica na estação quente. Cova da Beira: Castelo Branco.

C1B’2 sb’4 Sub-húmido, seco, mesotérmico, com moderado excesso de água no Inverno e moderada concentração de eficiência térmica na estação quente. Trás-os-Montes: Pinhão e Valpaços.

C1B’2 sa’ Sub-húmido, seco, mesotérmico, com moderado excesso de água no Inverno e nula ou pequena concentração de eficiência térmica no Verão. Alentejo: Redondo, Palmela e Reguengos de Monsaraz.

DB’3 sa’ Semi-árido, mesotérmico, com moderado excesso de água no Inverno e nula ou pequena concentração de eficiência térmica no Verão. Trás-os-Montes: Pocinho, Algarve: Tavira

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 170

De acordo com estes autores, o clima de Portugal continental é do

tipo Mediterrânico, apresentando dois períodos bem definidos: o estival,

quente e seco e o invernal, frio e chuvoso. De uma forma geral, pode-se

dizer que o clima se torna mais húmido e ameno no litoral do País quando

comparado com o interior, sendo o Sul mais quente e seco quando

comparado com o Norte, com excepção do Douro e algumas regiões

anexas: Planalto Mirandês, Valpaços, Figueira de Castelo Rodrigo e

Pinhel.

5.2. Distribuição das espécies de fitoseídeos

Durante o período em que decorreu o Projecto Agro nº 317, foram

identificadas 11 espécies de fitoseídeos (Fig. 5.1, Fig. 5.3 e Fig. 5.4)

pertencentes a seis géneros:

Sub-família Amblyseiinae Muma, 1961;

• Género Amblyseius: Amblyseius andersoni (Chant).

• Género Euseius: Euseius finlandicus (Oudemans) e Euseius

stipulatus (Athias-Henriot).

• Género Kampimodromus: Kampimodromus aberrans (Oudemans).

• Género Neoseiulus: Neoseiulus californicus (McGregor) e

Amblyseius aurescens Athias-Henriot (=Neoseiulus alpinus

(Schweizer)).

Sub-família Phytoseiinae Berlese, 1961

• Género Phytoseius: Phytoseius bakeri (Chant) e Phytoseius

plumifer (Canestrini & Fanzago).

Sub-família Typhlodrominae Scheuten, 1857

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 171

• Género Typhlodromus: Typhlodromus pyri Scheuten,

Typhlodromus phialatus Athias-Henriot e Typhlodromus

rhenanoides Athias-Henriot

A maioria das espécies de fitoseídeos associadas às culturas da

macieira, cerejeira e vinha, são em termos de hábitos alimentares,

maioritariamente polífagas, cujas características principais residem no

facto de permanecerem nas culturas durante todo o período vegetativo.

Na ausência de ácaros fitófagos, recorrem a alimentos alternativos tais

como pólen, meladas, pequenos insectos, exsudados, etc., pelo que não

têm necessidade de abandonar o hospedeiro. O papel que estas espécies

desempenham em luta biológica, reside no facto de controlarem os ácaros

fitófagos a baixas densidades populacionais.

De acordo com McMurtry & Croft (1997), estas espécies podem

classificar-se em: Predadores selectivos de Tetranychus sp. (Tipo II),

representados por N. californicus; Predadores generalistas (Tipo III),

representados por K. aberrans, T. pyri, A. Andersoni, T. phialatus, P.

plumifer e T. rhenanoides e Predadores generalistas polênfagos

especializados (Tipo IV), representados por E. stipulatus e E.

finlandicus.

5.2.1. Ecossistema Macieira

Ao nível do ecossistema macieira, E. stipulatus foi a espécie mais

frequente e maioritariamente abundante na região do Minho, o que

demonstra a sua preferência por climas bastante húmidos e proximidades

de grandes massas de água (Fig. 5.1). Esta espécie dominou tanto no vale

do Lima da sub-região do Alto Minho (com abundâncias compreendidas

entre 39% e 79%), como no vale do Cávado da sub-região do Baixo

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 172

Minho (com abundâncias compreendidas entre 35% e 58%). Excepção

feita para os casos de Amares e Braga, onde A. Andersoni tem vindo a

tornar-se uma espécie cada vez mais frequente e abundante.

À medida que se caminha para o interior, verifica-se que na região de

Trás-os-Montes (Fig. 5.2), E. stipulatus decresce em termos de

abundância, tornando-se mesmo muito pouco frequente, enquanto que K.

aberrans surge como a espécie nitidamente dominante nas sub-regiões de

Alto Trás-os-Montes e Nordeste, enquanto que T. pyri domina na sub-

região de Douro e Távora.

Fig. 5.1 – Distribuição das espécies de fitoseídeos associadas ao ecossistema macieira na região de Entre-Douro e Minho (Fonte: Proj. Agro, nº 317).

Apesar de T. pyri ser uma espécie muito frequente junto ao litoral

minhoto, é nas sub-regiões mais húmidas de Trás-os-Montes e da Beira

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 173

Interior, que assume se torna mais frequente e abundante.

Fig. 5.2 – Distribuição das espécies de fitoseídeos associadas às culturas de macieira e vinha, na região de Trás-os-Montes ((Fonte: a) - Espinha et al., 1998).

Na região da Beira Interior (Fig. 5.3), surgem duas realidades

distintas. Na Beira Interior Norte (clima húmido) T. pyri apresenta-se

como a espécie nitidamente dominante, aparecendo quase em exclusivo

em todas as amostragens realizadas. Por sua vez, na Beira Interior (clima

sub-húmido) T. phialatus surge como sendo a espécie mais frequente e

mais abundante nesta sub-região. Trata-se de uma espécie mais tolerante

às temperaturas elevadas e humidades relativas baixas do que T. pyri, o

que ajuda a compreender a sua elevada abundância nesta sub-região, bem

como a sua presença quase em exclusivo em vinhas alentejanas (Ferreira,

1995; Teixeira, 1995).

Page 179: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 174

Fig. 5.3 – Distribuição das espécies de fitoseídeos associadas às culturas de macieira, cerejeira e vinha na região da Beira Interior (Fonte: Proj. Agro, nº 317).

Outras espécies importantes, como N. californicus e A. andersoni,

parecem estar acantonadas à região do Minho. No caso de N. californicus

(predador selectivo de ácaros tetraniquídeos) é uma espécie frequente

mas pouco abundante em Braga (Fig. 5.1). Actua tardiamente sobre o

aranhiço-vermelho (Costa-Comelles et al., 1997), pelo que desempenha

um importante papel de complementaridade ao das espécies generalistas

na limitação natural do aranhiço-vermelho. Por outro lado, A. andersoni

parece assumir particular importância no Baixo-Minho, tanto em Amares

(41%) como em Braga (cujas abundâncias têm vindo a aumentar desde o

ano de 2001). Nesta última localidade, em seis amostragens realizadas no

mesmo pomar durante o Verão de 1997, A. andersoni nunca havia sido

referenciada, sendo o complexo de espécies identificadas constituído

principalmente por E. stipulatus (61%), T. pyri (34%) e N. californicus

Page 180: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 175

(3%) (Rodrigues, 2000). Nos últimos quatro anos tem-se assistido a uma

substituição gradual de T. pyri por A. andersoni, espécie esta com

características biológicas idênticas às de T. pyri.

5.2.2. Ecossistema Vinha

Nas diversas regiões de produção, a cultura da vinha ao contrário da

macieira, está localizada normalmente em terrenos mais secos, em que o

recurso à rega não tem a mesma importância que no caso da macieira. O

microclima ao nível das plantações de vinha, tende a ser menos húmido

do que no caso da macieira.

Na região do Minho, duas situações distintas encontram-se no Alto

Minho (Fig. 5.4). No vale do Minho (clima húmido mas com moderada

deficiência de água no Verão), T. phialatus e K. aberrans, seguidas de T.

pyri, foram as espécies dominantes.

Trabalhos realizados anteriormente (Perez-Otero et al., 1999),

referem a presença em exclusivo de T. pyri em Melgaço e de T. phialatus

em Monção, enquanto que em V. N. Cerveira, as espécies identificadas

foram E. finlandicus, E. stipulatus, K. aberrans e T. phialatus.

No Vale do Lima (clima mais húmido que no caso anterior) T. pyri

surgiu como a espécie quase em exclusivo tanto nos Arcos de Valdevez,

como a jusante de Ponte de Lima (Correlhã), enquanto que a montante

(Refóios do Lima), P. plumifer surge como a espécie dominante,

mostrando uma relação estreita com esta cultura (Fig. 5.4).

No Baixo Minho, junto ao litoral, o complexo constituído por, N.

californicus, T. phialatus e N. barkeri foi referenciado em Barcelos e E.

stipulatus e K. aberrans em Santo Tirso (Perez-Otero et al., 1999).

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 176

Em Braga, na margem esquerda do rio Cávado, T. phialatus foi a

espécie nitidamente dominante (86%), seguida de T. pyri com 14%. T.

pyri ocorreu em exclusivo em Amares, na margem direita mesmo rio.

Contudo, caminanhdo em direcção ao interior e para zonas mais altas,

verificou-se que T. phialatus ocorreu em exclusivo na Póvoa de Lanhoso.

Fig. 5.4 – Distribuição das espécies de fitoseídeos associadas ao ecossistema vinha na região de Entre-Douro e Minho (Fonte: Proj. Agro, nº 317).

Na sub-região do Sousa e Ribadouro (Fig. 5.4), T. pyri foi a única

espécie identificada em Lousada e Marco de Canavezes, enquanto que no

concelho de Paredes, T. pyri e T. phialatus apresentaram uma abundância

de respectivamente 46% e 54%. Em Penafiel, ocorreu um complexo de

espécies algo diferente deste anterior, constituído por A. Andersoni

(79%), T. phialatus (17%) e K. aberrans (4%). Tal como na cultura da

macieira em Braga, A. Andersoni surge no lugar de T. pyri. No entanto,

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 177

Perez-Otero et al. (1999), referem as espécies E. stipulatus e K. aberrans

como sendo as mais abundantes em Penafiel.

Para região de Trás-os-Montes Pereira et al.,(2003) referem K.

aberrans como a espécie dominante na margem Norte do Douro (46,7%),

enquanto na margem Sul (mais húmida) dominou T. pyri (47,2%).

Por sua vez, na Beira Interior Sul, tal como na cultura da macieira, T.

phialatus foi a espécie largamente dominante. Em Belmonte, esta espécie

apresentou uma abundância da ordem dos 98% (o que confirma a sua

tolerância a situações de maior aridez), seguida de T. pyri com cerca de

2%. Mais a Sul, em Castelo Branco, a abundância de T. phialatus foi

também da ordem dos 97%, seguida de K. aberrans com cerca de 3%.

5.2.3. Ecossistema Cerejeira

As amostragens relativas à cerejeira decorreram apenas numa

localidade durante os anos em que decorreu o projecto.

As espécie associadas à cultura da cerejeira foram essencialmente T.

pyri, T. phialatus e K. aberrans. Em 2002, no Fundão, T. pyri (92%) e K.

aberrans (8%) foram as espécies identificadas, enquanto que em 2003, T.

pyri (73%) seguida de T. phialatus (26%), foram as espécies mais

abundantes. No entanto, em 2004, T. phialatus voltou a dominar (71%),

seguida de T. pyri (23%).

5.3. Implicações práticas

No que respeita à repartição geográfica das espécies de fitoseídeos

pelas culturas nas distintas regiões do país, são três os aspectos que

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 178

merecem realce:

• De um modo geral, não se pode falar em concreto de uma espécie

mais importante numa dada região ou cultura, mas sim de um

complexo de espécies, com particularidades bioecológicas

diferentes e por vezes complementares, cujas abundâncias variam

consideravelmente do litoral para o interior, podendo nalguns casos

ocorrer apenas uma espécie.

• Nalgumas zonas, tanto na cultura da vinha como na macieira,

verificou-se a presença em exclusivo de T. pyri. Uma explicação

para este facto pode residir no facto de se tratar de duas regiões

com forte tradição fruteira (Douro e Távora e Beira Interior Norte)

e Vitícola (Entre-Douro e Minho) e que, ao longo dos anos, foram

“fustigadas” com pesticidas de largo espectro de acção, pelo que

não se pode pôr de parte a hipótese de ter havido uma pressão de

selecção sobre as espécies de fitoseídeos, fazendo com que T. pyri

se tornasse mais tolerante. Outra situação prende-se com a

ocorrência em exclusivo de T. phialatus, mais concretamente na

Beira Interior Sul. Neste caso é mais plausível justificar a sua

ocorrência devido ao facto desta espécie ser mais tolerante à secura

e às elevadas temperaturas de Verão do que as restantes espécies, o

que justifica a sua ocorrência nas regiões de clima tipicamente

mediterrânico, em oposição a T. pyri.

• A composição das espécies de fitoseídeos, pode variar ao longo do

tempo. Relativamente à mudança verificada em Braga ao nível do

complexo de espécies da macieira, em que A. Andersoni parece ter

desalojado T. pyri, vários aspectos podem ter contribuído para tal

ocorrência:

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Repartição geográfica das espécies de fitoseídeos nalgumas regiões portuguesas 179

i) a adopção de um programa de protecção integrada, com o

consequente abandono em definitivo de insecticidas

piretróides e de alguns organosfosforados muito tóxicos

para os fitoseídeos;

ii) o facto da composição das espécies num dado pomar ter

um carácter dinâmico e que da competição inter-

específica e da mudança de estratégias de protecção,

algumas espécies podem sair beneficiadas em detrimento

de outras (Croft et al., 1993).

iii) T. pyri, apesar de ter capacidade de adquirir resistências a

diversos insecticidas, é muito pouco competitivo

relativamente a outras espécies quando em situações de

maior equilíbrio ecológico (Fritzgerald et al., 2003);

5.4. Referências bibliográficas

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MCMURTRY, J. A. & CROFT, B. A. (1997) – Life-styles of phytoseiidae mites and their roles in biological control. Annu. Rev. Entomol., 42: 291-321.

PEREIRA, J. A.; TORRES, L.; ESPINHA, I. & FERRAGUT, F. (2003) – Contribution to the knowledge of phytoseiid mites associated with vineyards in the “Região Demarcada do Douro” (Port wine region). Acarologia, XLIII, I: 7-13.

PÉREZ-OTERO, R.; MANSILLA, P. & XAVIER (1999) – Ácaros fitoseidos en los viñedos de la zona fronteriza Pontevedra (D. O. Rías Baixas) – Norte de Portugal. Bol. San. Veg. Plagas, 25: 41-48.

RODRIGUES, J. R. (2000): Avaliação da eficácia de vários acaricidas sobre Panonychus ulmi (Koch) e dos seus efeitos secundários sobre ácaros predadores da família Phytoseiidae. Tese de Mestrado em Horticultura Fruticultura e Viticultura, Utad, 164p.

RODRIGUES, J. R. & TORRES, L. M. (2003) - Contribuição para o conhecimento das espécies de fitoseídeos (Acari: Phytoseiidae) nas culturas de macieira e vinha no Norte de Portugal. VI Envontro Nacional de Protecção Integrada. Escola Superior Agrária de Castelo Branco. Castelo Branco, 14 a 16 de Maio de 2003. Livro de resumos, 42. (em publicação)

TEIXEIRA. L. (1995) – O papel da limitação natural no combate aos ácaros fitófagos. Actas do III Simpósio de Vitivinicultura do Alentejo, 187-199.

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Participantes no Projecto Agro nº 317

Escola Superior Agrária de Ponte de Lima

Convento de Refóios, Refóios do Lima

4990-709 Ponte de Lima

Tel: 258 909 740

Fax: 258 909 779

URL: http://www.esapl.pt

e-mail: [email protected]

Chefe do Projecto :

J. Raúl Rodrigues

e-mail: [email protected]

Participantes:

Luisa Moura

José Ribeiro

Page 187: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Escola Superior Agrária de Castelo Branco

Quinta Senhora de Mércules

Apartado 119

6001-909 Castelo Branco

Tel: 272 339 900

Fax: 272 339 901

URL: http://www.esa.ipcb.pt

Responsável pela Pariticipação:

Carlos Silva

e-mail: [email protected]

Page 188: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Direcção Geral de Protecção das Culturas

Divisão de Sanidade Vegetal

Edifício 1 – Tapada da Ajuda

1349-018 Lisboa

Tel : 213 613 244

Fax : 213 613 277

Direcção Geral

Quinta do Marquês 2780 - 155 Oeiras

Tel: 214464051

Fax: 214420616 /214464099

URL: http://www.dgpc.min-agricultura.pt/

Responsável pela Pariticipação:

Miriam Cavaco

e-mail: [email protected]

Participantes:

Felisbela Mendes

Ana Paula Félix

Page 189: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

AAPIM - Associação de Agricultores para a Produção

Integrada de Frutos de Montanha

Av. Monsenhor Mendes do Carmo, 23 r/c esq.

6300-486 Guarda

Tel: 271 200 070

Fax: 271 200 075

e-mail: [email protected]

URL: http://www.aapim.com

Responsável pela Pariticipação:

Carlos Veiga

e-mail: [email protected]

Participantes:

Paula Simão

Paulo S. Gomes

Page 190: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

Direcção Regional de Agricultura de Entre Douro e Minho –

(Divisão de Protecção das Culturas)

Rua da Restauração, 336 – 4050-501 Porto

Tel: 226 062 448

Fax: 226 063 759

e-mail: dpc@ draedm.min-agricultura.pt

Responsável pela Pariticipação:

Joaquim Guerner Moreira

e-mail: dpc@ draedm.min-agricultura.pt

Participantes:

Jorge Costa

Maria Amália Xavier

AGRESTA – Associação de Agricultores do Alto Minho

Urbanização dos padrões, Bloco 11 – 3º

4950 Monção

Tel: 251 651 917

Fax: 251 651 917

e-mail: [email protected]

Responsável pela Pariticipação:

Paulo Mendes

e-mail: [email protected]

Page 191: Os ácaros fitoseídeos na limitação natural do aranhiço-vermelho em fruteiras e vinha

APUVE – Associação de Produtores de Uva de Vinho Verde

Quinta da Aveleda

4560-730 Penafiel

Tel: 255 718 282

Fax: 255 711 139

e-mail: [email protected]

Responsável pela Pariticipação:

Fernando Pimenta de Carvalho

e-mail: [email protected]

CAVAGRI – Cooperativa Agrícola do Alto Cávado, CRL

Secção Hortofrutícola

Entre-Pontes, Lago – 4730 Amares

Tel : 253 311 737

Fax : 253 312 680

Sede : Campo das Carvalheiras, 1

4700-419 Braga

Tel: 253 609 230

Fax: 253 612 041

e-mail: [email protected]

Responsável pela Pariticipação:

José Pedro Duarte

e-mail: [email protected]