ortiz, renato. estudos culturais

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    Estudos culturais

    Renato Ortiz

    A primeira vez que tomei conscincia de que seria um praticante dos Estu-

    dos Culturais foi em Berlim, numa conferncia organizada por Hermann

    Herlinghaus, em 1995. No ano seguinte, num seminrio realizado emStirling (Esccia), do qual Stuart H all era um dos participantes, essa sensa-

    o se reforou, pois, ao lado de meus amigos Nestor Garcia Canclini eJesus Martin Barbero, l me encontrava como representante de algo quenunca me tinha ocorrido. O questionrio proposto pela Universidade de

    Stanford cita-me como um dos mais sobresalientes latino-americanistasdedicados aos Estudos Culturais, o que me d grande satisfao. Entretanto,

    apesar dessa evidncia, a imagem que tenho entre meus colegas brasileiros

    no se ajusta a ela. Para eles sou simplesmente socilogo ou antroplogo,embora meus escritos, lidos e apreciados em reas distintas, como crticaliterria, arquitetura, geografia, comunicao, se encaixem mal nas frontei-

    ras disciplinares existentes. Pessoalmente no tenho nenhuma angstiaidentitria, mesmo em tempos de globalizao, quando muitos esto as-sombrados pelo af insensato de decifrar o seu eu maior. Sinceramente

    creio que no deveramos ter nenhuma carteira de identidade, ela diz pou-co sobre nossa individualidade, mas uma carteira de diferenas, rica,

    complexa, indefinida, reveladora da diversidade de nossos itinerrios aolongo da vida, fechando-se somente com a nossa prpria morte. Mas, se asrepresentaes sobre meu trabalho so distintas fora e dentro do Brasil,

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    Estudos culturais

    provvel que os lugares nos quais elas so lapidadas digam alguma coisa

    sobre a atividade intelectual que desenvolvemos e pressupomos como da-das, objetivamente imutveis. Sou incapaz de responder por completo s

    perguntas elaboradas pela Universidade de Stanford. Muitas das questesabordadas so para mim relativamente distantes, talvez por ser brasileiro,latino-americano, o que de certa maneira me afasta da lgica do campouniversitrio norte-americano. Considerarei portanto os pontos que me

    parecem os mais relevantes, e talvez, com o olhar um tanto estrangeiro,

    venha a contribuir com o debate em andamento.Os Estudos Culturais no existem no Brasil como rea disciplinar. Claro,

    o interesse pelo que produzido, seja na Inglaterra, via Escola de

    Birmingham, seja nos Estados Unidos, como estudos literrios, ps-mo-dernidade, globalizao, est presente entre ns. Mas os termos da discus-

    so so outros. No sei se eles constituiro no futuro uma especializao

    acadmica nem saberia dizer se isso seria realmente desejvel. A verdade que a institucionalizao do conhecimento na esfera das humanidades se

    encontra mais ou menos definida, constituda por disciplinas e algumas ati-vidades especficas, tais como comunicao e artes. Mesmo nos institutos edepartamentos de Letras, as tradicionais divises de ensino e pesquisa

    parecem vigorar sem maiores constrangimentos. Isso estabelece de imedi-ato um dentro e um fora, pois as perguntas sobre a possvel relaoentre estudos culturais e estudos literrios, o destino dos estudos cul-

    turais, sua politizao ou no, nada tm de universal. Eles seguem o ritmodas mudanas ocorridas nas universidades norte-americanas, mas dificil-mente exprimem a realidade brasileira e, eu acrescentaria, latino-america-

    na. Na introduo de meu livro O prximo e o distante: Japo e modernidade-mundo (Brasiliense, 2000), digo que a noo de estudos japoneses,

    conhecida como japonologia, somente tem sentido quando apreciada doexterior. Os japonlogos so pesquisadores, preferencialmente oriundosda Europa e dos Estados Unidos, cuja inteno compreender a realida-de desse pas determinado. Passa-se o mesmo com os brasilianistas e lati-

    no-americanistas. So pessoas que se encontram fora do Brasil e da Am-rica Latina, trabalhando geralmente em instituies norte-americanas ou

    europias. Mas nenhum brasileiro ou latino-americano se identificaria como

    um brasilianista ou um latino-americanista. Isso somente ocorre quando

    eles migram para uma instituio estrangeira, inserindo-se em outro merca-do acadmico. A, nesse momento, sua identidade profissional ir se alte-

    rar. Por isso no h japonlogos no Japo e latino-americanistas na Am-

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    como algo idntico ao fim das fronteiras. Ou cairemos na obviedade do

    senso comum que tem insistentemente alardeado, j no ocaso do sculoXX, o fim das ideologias, do espao, do trabalho, da histria. Seria, nesse

    caso, substituir uma insuficincia real por um falso problema. As fronteirasso necessrias para a existncia de um saber autnomo, independente-mente das injunes externas (religio, poltica, provincianismo local, sen-so comum). A multidisciplinaridade no pois um valor em si, mas um

    valor relacional (isto , estabelece-se em relao s verdades disciplina-

    res), e preciso portanto vincul-la a uma questo anterior: em que medidaela favorece ou no uma realizao mais adequada do prprio pensamento.

    Se os Estudos Culturais propem uma soluo multidisciplinar, no menos

    certo que outras alternativas podem tambm ser exploradas, por exemplo atransdisciplinaridade. Nesse caso, os horizontes disciplinares surgem no

    como um entrave a ser abolido, mas como ponto de partida para uma via-

    gem entre saberes compartimentados.O tema das fronteiras pode ser ainda explorado por outro vis. A com-

    parao com os Estados Unidos sugestiva. Desde a dcada de 1920, coma Escola de Chicago, a sociologia conhece nos Estados Unidos um inten-so movimento de institucionalizao.Introduction to the science of sociology,

    de Park e Burguess, considerado a pequena bblia dos socilogos daquelacidade, foi publicado em 1921. A expanso do ensino universitrio, com acriao de departamentos e institutos de pesquisa, ir multiplicar os ni-

    chos institucionais incentivando o florescimento das diferentes reas aca-dmicas. J nos anos de 1940 diversas escolas de pensamento, como funcio-nalismo e culturalismo, apresentam-se como referncias tericas importantes

    no campo intelectual norte-americano. No Brasil, para utilizar um termocaro intelectualidade latino-americana, a institucionalizao das cincias

    sociais tardia. A escola paulista de sociologia, personificada na figurade Florestan Fernandes, data dos anos de 1950. Nesse momento, outrasdisciplinas, como a antropologia, certamente existiam, mas apenas de for-ma incipiente, desenvolvendo-se em pontos distantes e desconectados do

    pas e praticadas por um nmero bastante reduzido de pessoas (a cinciapoltica no existia ainda como especializao). No se pode esquecer

    que o desenvolvimento de uma rede universitria de ensino, at a refor-

    ma de 1968, era tambm limitado. Na verdade, a institucionalizao das

    cincias sociais se consolida nos anos de 1970 e 1980 com a emergncia deum sistema nacional de ps-graduao (mestrado e doutorado) apoiado

    pelas agncias financiadoras federais (Capes, CNPq) e estaduais (Fapesp),

    Questionamento sobre a

    Multidisciplinaridade.

    Sociologia nos EUA.

    Morse faz o mesmo estudo no

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    Renato Ortiz

    panorama que torna o Brasil hoje um pas relativamente privilegiado

    comparado a seus vizinhos, pois em nenhum deles houve um desenvolvi-mento to intenso das redes universitrias de pesquisa. Contrariamente s

    ditaduras chilena, argentina, uruguaia, os militares brasileiros foram mo-dernizadores, isto , impulsionaram o crescimento econmico nos mar-cos de uma poltica autoritria, o que teve conseqncias importantes nareestruturao da universidade. Quero dizer com isso que, num contexto

    de institucionalizao restringido, as fronteiras disciplinares nunca conse-

    guiram se impor com a mesma fora e rigidez que nos Estados Unidos.No houve tempo nem condies materiais para que isso acontecesse.

    Sem dvida elas existem nas universidades e nos centros de pesquisa, mas

    so mais porosas, fluidas, permitindo uma interao maior entre os prati-cantes das cincias sociais. As passagens da filosofia sociologia, da cincia

    poltica histria, da antropologia comunicao, da sociologia literatura,

    no so casos de excepcionalidade, mas constituem quase que uma regra docampo universitrio. Talvez por isso o ensaio, como forma de apreenso da

    realidade, sobretudo na tradio latino-americana hispnica, tenha sobrevi-vido ao processo de formalizao disciplinar. Pois de sua natureza desres-peitar a formalidade dos limites estabelecidos.

    A anlise da cultura constituiria um novo paradigma sistmico? Pes-soalmente no estou convencido de que as cincias sociais operem comparadigmas, no sentido que Kuhn atribui ao termo. Mesmo tomando o

    conceito de uma maneira mais alusiva e abrangente, como sinnimo dereferncia terica, minhas dvidas persistem. Lembro que alguns anosatrs um debate semelhante ocorreu em relao rea de comunicao.

    Existiria uma teoria da informao distinta das outras esferas de conhe-cimento? Seriam as escolas de comunicao o lugar privilegiado desse

    sistema epistemolgico? O resultado dessa polmica, hoje apagada pelotempo, no foi encorajador. Gostaria, porm, de retomar a questo, se eu acompreendi bem, dando-lhe outra formulao: atualmente, a problemticada cultura encerra algo de qualitativamente diferente em relao s pers-

    pectivas trabalhadas antes? Creio que sim. A tradio das cincias sociais,nos seus diversos ramos disciplinares, confinava a esfera da cultura a certos

    gneros especficos: na literatura, a discusso esttica; na antropologia, a

    compreenso das sociedades indgenas, do folclore e da cultura popular;

    na histria, a reflexo sobre as civilizaes (hoje revigorada com a emer-gncia da globalizao). Tanto na Europa como nos Estados Unidos, a

    sociologia, quando se ocupava do tema, praticamente o restringia esfera

    Idia do autor sobre o

    regime militar comparadoaos outros sistemassulamericanos (Pode gerarpolmica se lido de formaerrada!!!)

    Uma das hipteses do autor

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    Estudos culturais

    da Kultur. A literatura e a arte desfrutavam assim de um estatuto privilegia-

    do. O debate sobre o surgimento da cultura de massa nos Estados Unidos(anos de 1940 e 1950) tomava o universo da arte como referncia obriga-

    tria, seja para critic-la como elitista (os autores liberais vinculados idia de democracia de massa e ao mercado), seja para valoriz-la, comoos frankfurtianos, como o derradeiro refgio da liberdade espiritual. Pode-se ainda dizer que a anlise dos fenmenos culturais desfrutavam de um

    prestgio menor no campo intelectual. Outros temas, como partidos

    polticos, Estado, modernizao, industrializao, urbanizao, eram vistoscomo mais importantes do que os estudos referentes cultura popular,

    s religies etc. Certo, a esfera da alta cultura permanecia ilesa, pois era

    considerada algo parte, o que garantia assim sua aura solitria. Mesmo naAmrica Latina, guardadas as devidas propores, esse movimento se re-

    produz. Contrariamente Europa e aos Estados Unidos, a temtica cultural,

    associada ao dilema da identidade nacional, foi uma preocupao perma-nente da intelectualidade. Nesse sentido, as anlises empreendidas trans-

    bordaram os limites estabelecidos pelas cincias sociais europia e norte-americana. A constituio da nao implicava uma reflexo diferenciada.No entanto, na virada dos anos de 1960-1970, com o processo de

    institucionalizao das disciplinas, temas como desenvolvimento, moder-nizao, transio democrtica, dependncia tero um apelo muito maiorentre os cientistas sociais, e um pblico mais amplo. possvel dizer que

    a tradio marxista, talvez de forma inconsciente, tenha nisso desempe-nhado certo papel, pois a superestrutura, como reflexo ou no da infra-estrutura, designava s manifestaes culturais uma posio secundria.

    De qualquer maneira, com exceo da antropologia culturalista norte-ame-ricana (confinada aos estudos das sociedades indgenas, camponesa, e

    aculturao) e a discusso da cultura nacional na Amrica Latina, a esferada cultura era vista no em sua totalidade, mas recortada segundo temas edisciplinas. Os estudos literrios pouco tinham a ver com as anlises socio-lgicas, a antropologia dificilmente dialogava com a dimenso moderna

    da chamada cultura de massa, e assim por diante. Atualmente, emcontraposio a essa tendncia de compartimentalizao do conhecimen-

    to, o universo da cultura passou a ser percebido como uma encruzilhada

    de intenes diversas, como se constitusse um espao de convergncia de

    movimentos e ritmos diferenciados: economia, relaes sociais, tecnologiaetc. No creio que venha a existir, como se pensou no passado, uma Te-

    oria da Cultura (inteno um tanto ingnua dos antroplogos culturalistas),

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    mas estou convencido de que dificilmente esse espao de convergncia

    pode ser circunscrito s fronteiras cannicas das disciplinas existentes.Outro aspecto diz respeito problemtica do poder. Tradicionalmente

    as cincias sociais tenderam a identific-lo com a poltica. H evidentemen-te excees que confirmam a regra, por exemplo a sociologia da religio deMax Weber. No obstante, o movimento dominante no pensamento socio-lgico (no sentido amplo do termo) foi consider-lo algo preferencial-

    mente vinculado ao universo da poltica. Por isso temas como Estado, go-

    verno, partidos, sindicatos e movimentos sociais tornaram-se hegemnicosentre os cientistas sociais. A cultura ficava um tanto margem disso tudo.

    Novamente, diante desse quadro, a Amrica Latina pode ser vista de forma

    distinta, mas importante dimensionar as coisas para no cairmos em mal-entendidos. O dilema da identidade nacional levou a intelectualidade latino-

    americana a compreender o universo cultural (cultura nacional, cultura po-

    pular, imperialismo e colonialismo cultural) como algo intrinsecamentevinculado s questes polticas. Discutir cultura de uma certa forma era

    discutir poltica. O tema da identidade encerrava os dilemas e as esperanasrelativos construo nacional. Entretanto, isso posto, importante qualifi-car o contexto no qual o debate era travado e apontar para as mudanas

    advindas desde ento. Primeiro, a emergncia de uma indstria cultural,particularmente num pas como o Brasil, redefiniu a noo de cultura po-pular despolitizando a discusso anterior (tratei de maneira exaustiva esse

    aspecto em meu livroA moderna tradio brasileira[Brasiliense, 1988]). Se-gundo, o Estado-nao era o pressuposto bsico da argumentao desen-volvida. Terceiro, o movimento de institucionalizao das cincias sociais,

    mesmo restringido com a especializao das disciplinas, incentivou a sepa-rao entre compreenso da realidade e atuao poltica. As transformaes

    recentes deslocam ainda a centralidade do Estado-nao, redefinindo a si-tuao na qual so produzidas as cincias sociais. Muito do que se definepor crise poltica associa-se s restries impostas sua atuao. Com oprocesso de globalizao ele torna-se debilitado, cindindo o elo postulado

    anteriormente entre identidade nacional e luta poltica. O deslocamentodo debate, da identidade nacional para as identidades particulares (tnicas,

    de gnero, regionais), reflete essa nova tendncia. Mesmo no quadro dos

    antigos pases centrais, pode-se dizer que tambm as instncias tradicio-

    nais da poltica perdem legitimidade ao se definirem quase que exclusiva-mente em termos das fronteiras nacionais (a discusso sobre uma possvel

    sociedade civil mundial um sintoma disso). Outra mudana, a meu ver

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    Estudos culturais

    profunda, diz respeito a como a esfera da cultura passa a ser percebida. Na

    Amrica Latina, como apontei antes, ela era vista como um espao de aopoltica, mas no necessariamente, como entendemos hoje, um lugar de

    poder. Ou seja, as contradies existentes no seio das manifestaes cultu-rais eram imediatamente traduzidas em anlises e propostas encampadaspelas instituies tradicionalmente consagradas ao fazer poltica: gover-no, partidos, sindicatos, movimentos sociais. Creio que se torna cada vez

    mais clara a distino entre poder e poltica, pois o poder, como algo

    imanente s sociedades, s relaes sociais, nem sempre se atualiza comopoltica. Entre as manifestaes culturais e as instncias propriamente polti-

    cas existem portanto mediaes. Sem elas corre-se o risco de indevidamente

    politizar a compreenso analtica, deixando-se de lado aspectos importan-tes, s vezes definitivos, da constituio de alguns fenmenos sociais (esttica,

    religio etc.). De qualquer maneira, conceber a esfera da cultura como um

    lugar de poder significa dizer que a produo e a reproduo da sociedadepassam necessariamente por sua compreenso (o que distinto da idia de

    conscientizao, muito em voga na Amrica Latina nos anos de 1950 e1960). Dimenso que se acentua no contexto da globalizao.

    R e su m o

    O texto foi escrito em resposta a um conjunto de perguntas elaboradas por pesqui-

    sadores da Universidade de Stanford. O questionrio foi enviado a vrios pesquisa-

    dores e intelectuais latino-americanos, entre os quais o autor. Procura-se problematizar

    a existncia dos Estudos Culturais, tomada como uma realidade inconteste por aque-

    les que elaboraram o questionrio, situando as cincias sociais no contexto da histria

    dos pases onde elas se desenvolvem. Nesse sentido, os Estudos Culturais nada tm de

    universal, mas so fruto de uma conjuntura especfica, sobretudo norte-americana,e dificilmente poderiam reproduzir-se no Brasil e na Amrica Latina da mesma ma-

    neira.

    Palavras-chave: Cultura; Mundializao; Cincias sociais; Lngua inglesa; Multidiscipli-

    naridade.

    A b s t r a c t

    Text written in response to a cluster of questions elaborated by researchers belong-

    ing to Stanford University. The questionnaire was sent to several Latin-American

    researchers and intellectuals, including the author himself. The author tries to argue

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    Renato Ortiz

    Renato Ortiz profes-sor titular do Depar-tamento de Sociologiada Unicamp e autor,entre outros, de Cultura

    e modernidade (Brasi-liense, 1991),Mundia-liz ao e cultura (Brasi-liense, 1994),Um outroterritrio: ensaios sobre a

    mundializ ao (Olhodgua, 1996), O pr-ximo e o distante: Japo

    e modernidade-mundo

    (Brasiliense, 2000) eCincias Sociais e traba-

    lho intelectual (Olhodgua, 2002).

    the existence of Cultural Studies, taken for granted from those who made the ques-

    tionnaire, placing the social sciences in the historical context of the countries in

    which they have been developing. Cultural Studies are not at all something univer-

    sal, being the outcome of very specific circumstances, mainly North American, andhardly could be reproduced as such either in Brazil or in Latin America.

    Keywords: Culture; Globalization; Social sciences; English language; Multidisciplinarity