orixÁs 3º episódio - zaratempo iroko!

8/3/2019 ORIXS 3 Episdio - Zaratempo Iroko!

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3 Episdio ZARATEMPO IROKO!P r o j e t o d e d i s o n B r a g a R o t e i r o d e R a u l L o n g o

Novos Personagens:

Nadinho: Homem menta lmente in fant i l apesar da matur idadef s ica.

Danie l : Negro for te , grande. Sereno, sr io e respei toso.Pescador, correto e sem malc ia.

Mestre Joo: Homem ve lho de o lhos verdes. Sarar de pe lec lara, mas crestada de so l , barbudo. Magro, mas for te . T iposbio e estoico.

Cena 1 Penumbra de inter ior i luminado por nesgas de luz

incidentes de fora. Tomada atravs de frestas de venezianaAdentrando o aposento, Girce envolv ida em uma toalha, comoutra sobre a cabea. Senta-se sobre uma cama e desata atoa lha dos cabelos, press ionando-a aos cachos se derramandopelos ombros. Um rudo contra a venez iana a faz sent i r -seobservada e vo l ta-se com sorr iso mal ic ioso.

Cena 2 Externa sob a mangueiraMeio desaje i tado e ev idenc iando a lgum desv io menta l , Nadinhosal ta da garupa de b ic ic le ta ass im que av is ta o grupo doepisd io anter ior sentado sombra da rvore. Traz uma

escultura entalhada em madeira nas mos. Enquanto Danielapoia a b ic ic le ta mais ad iante, aprox ima-se ao grupo.

Nadinho Pai Tempo! Pai Tempo.. . Danie l quem fez!

AndrewUou! Very beauti fu l !

TenenteQue Pai Tempo esse, Nadinho?

NadinhoPai Tempo.. . Pa i de Me Edi te . Pa i de Danie l . Fo i promar. . .

B ib iPai Tempo era o pai de Me Edite?

Danie l (achegando-se mesa)

No. Era o homem de Me Edite. Tambm no fo i meu pai,no. Era meu mestre . Um grande mestre .


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TenenteVoc Danie l?

Danie lEsse mesmo!

AndrewQuanto custa esso?

Danie lNo custa nada no, moo. No t a venda.

TenenteSente a Danie l ! . . . Prec isamos conversar. Ns estamoscom um prob lema sr io .

Bib iPe srio nisso! um problemo! Envolve relaesinternacionais, pode desencadear um bloqueioin ternac ional Bahia e a t in terveno armada norte-amer icana! Uma guerra !

AndrewEu pga em dlar.

Danie lMas esse no va i dar no, moo. S se for outro . Esse euf iz pra Me Edi te . presente.

TenenteVoc esteve no afox de Exu ontem, Danie l? Esteve l napra ia?

Danie lAcompanhei um pouco, mas no f ique i na pra ia , no.Vol te i logo pra casa, pra terminar a esta l tua a .

AndrewEu quero esso! Eu vai comprar esso!

TenenteAconteceu o seguinte, Daniel . . .

Cena 3 Mesmo interior da Cena 1, ainda entrevisto pelasfrestas de persiana. Gi rce aprox ima-se da jane la , entreabr indo e prendendonovamente a toa lha, permi t indo por rp ido momento a v iso de

seus se ios. Ao abr i r repent inamente a pers iana bate em a lgo e


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Girce f inge espanto. Dod Excelnc ia leva a mo caraat ing ida e geme de dor.

GirceSeu Dod! Lhe magoei? Me perdoe! meu pa i Oxal !

Deixa eu ver ! Vou esquentar uma gua pra por com sa l ,antes que isso v ire um calombo!

DodNo nada, no. Deixe! V im aqui ped i r . . .

Gi rce Ians, minha Santa Brbara! Eu achando que fosse Zu!

DodQuem esse? Seu namorado?

GirceImagine Seu Dod! S mui to cr iana pra isso de namoro,no v? S uma menina a inda! Esse Zu tambm moleque, mas mui to do safado. V ive me esp ionando noescondido, num sabe? Achei que fosse ele! No iaimaginar que fosse o senhor. Um homem na sua idade,num ia se d a esse desrespeito, no mesmo?

Dod( j se a fastando)

. . . que chegaram, num v? Ento v im pedi r umacerve ja , se t iver . E uns copos. Devem estar com sede.

GirceTem s im. F ique descansado, que j levo a l i . No d i ,mesmo?

DodNo, no. s levar a cerveja que sara.

Com sorr iso maroto Girce torna a fechar a jane la .Cena 4 Externa sob mangueiraDod chegando mesa sob a rvore, em meio conversa.

Bib i (para Andrew)Ixe! Mas que chateao! E le j d isse que no quer vender.Nem tudo dlar no, seu moo. Mas se gostou desse,e le faz outro , no Danie l?

Danie l gest icu la assent indo.


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Bib i(coch ichando para Danie l )

Depois voc me passa o preo que eu acerto com ogr ingo. Ponho 10% em c ima, que tem a a comisso demarchand.

TenentePronto Dod! Resolv ido! Mestre Danie l aqu i d isse quepodemos f icar t ranqui los . Ass im que encontrar a nossaIemanj, va i despachar e la d i re to pro hote l . s o Mis terTower aguardar que ho je mesmo e le tem a sere ia de vo l ta .

DodQue conversa essa? Vamos buscar a moa agoramesmo. Chame sua t ropa e vamos a com o Danie l baterde barraco em barraco.

TenentePega leve Dod! No assim. O Daniel aqui umal iderana da comunidade. E le no tem ide ia de com quema lo i ra pode estar , mas j va i sa i r fa lando com um por um,expl icando quem a moa. Claro que no vo quererarrumar encrenca pra comunidade e eles mesmos volevar a moa pra casa. O nico r isco ela ter gostado dacoisa preta e querer levar pros Is te i tes .

O Tenente r i , o lhando em vo l ta e pedindo coro, mas Bib i t i ral inha com Danie l que, a lhe io , no se d conta. Andrew cont inuaadmirando os deta lhes da imagem enta lhada. S Nadinho quem comenta soturno:

NadinhoO d iabo qu is me cegar l nos Is te i tes . O que d iabo nosabe que passo o d ia o lhando pro so l .

DodEu t d izendo! Fo i s acabar a d i tadura e esses po l c ia da

Bahia f icar tudo f roxo! sa invadindo barraco e resgata mul agora!

TenenteCalma Dod! No ass im! Mesmo na d i tadura acomunidade aqui sempre fo i respei tada. So todospescadores, gente que l ida mui to bem com peixe i ra etodos bons de capoeira . Arrum guerra com e les no va iprestar . A lm do mais , voc mesmo testemunhou que amoa fo i por gosto . Se fosse uma bras i le i ra , tudo bem.Mas gr inga e famosa. Vai que reso lve por a boca no

mundo e processa a gente pelos seus dire i tos c iv is! Sabe


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como essa gente de l tem dessas manias, so tudo cheiodos dire i tos c iv is. At os negros.

Danie l( levantando-se)

Pois ento vocs reso lvam. Se prefer i r i r pe la paz, comoeu d isse: fa lo com a rapaz iada e, se prec iso, ns mesmoslevamos a moa em casa. s deixar o endereo. Mas se pra i r pras cabea, t sa indo pra av isar meus camaradasporque meu lugar do lado de minha gente.

Girce(surgindo com copos e garrafas de cerveja em bandeja)

Vai onde Danie l? Espera hom! Dod fo i a t a l i s pra mepedir a cerve ja que t pagando pra vocs, e tu j se qu is imbora? V no, f ique. Hoje a inda vem Mar l i .

Danie lMar l i? Pois agora que vou sa indo mesmo.

A ameaa da sada de Daniel provoca gest iculares de Bibi e doTenente para Dod, pedindo ca lma. Andrew tenta re ter a peaque Danie l quer re t i rar de suas mos. Girce serve os copos,comeando por Daniel :

Gi rceOx! At parece que voc no derrubado de dengo porMar l i . F ique! Tome sua cerve ja sossegado. Se e la v ier s mais tarde. C conhece Mar l i ! D iz que vem, mas nuncase sabe.

AndrewVoc no vai mesmo querer vender for me?

Danie lEssa no posso no.

Bib iMas pode deixar que ele faz outro igualz inho pra voc.No mesmo Danie l? Olhe Dod, que l indeza.

Girce apanha a pea e se debrua para mostr- la a Dod frente de seu decote.

GirceNo mesmo uma beleza, painho?

Andrew

Um Iemanj, voc pode fazer?


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Danie l a imagem que mais gosto de faz.. .

B ib iIemanj mais d i f c i l . mais caro.

AndrewVoc pode fazer um Iemanj de um pessoa?

Danie lComo ? No entendi .

AndrewEste voc diz que um pessoa, o homem de Edite.. .

Dod

Esse no o Joo da Jangada?

Danie lEsse mesmo! Meu mestre Joo.

Bib iVoc conheceu Dod?

TenenteE no que mesmo? Agora que d isse que repare i . Joo da Jangada todinho!

DodE quem no conheceu Joo, o l t imo jangadeiro da Bahia !Ento e le era o homem da Me de Santo? Isso eu nosabia .

Bib iOxente! E Bahia teve jangada tumm, ?

Andrew

Este! Este que eu quero! Um Iemanj que parea a estepessoa que voc vai procur. Este mulher ator: Nel ly .

Danie l. . . A l i Tempo, o or ix do Mestre Joo. Ento eu f izcomo se fosse Mestre Joo, que parec ia mesmo o senhordo tempo. D pra fazer, mas prec isa ver se a moa separece com Iemanj.

Bib iTodinha! E la Iemanj, tod inha. Mas a mais caro, v isse

Mis ter ! Porque isso de fazer re t ra to , sabe como , sempre mais compl icado.


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AndrewNo tem prob lema. Esto quem va i pagar Dodou!

DodEu? Oxente! E por que eu?

AndrewPorque va i ser seu presente pra Mis ter Tower: um Iemanjcom cara de Nel ly que ele perdeu por seu causa.

DodPois eu quero que se lasque.

Andrew muda-se de lugar para sentar prximo a Dod queobserva Girce conversando com Daniel e Bibi , abraada aNadinho.

Cena 5 Andrew, Dodo e Tenente em primeiro plano, com orestante do grupo frente e ao fundo

AndrewYou don t know the movie actr iz of Hol lywood. V ive deescandoulos for the md ia . Em North Amr ica va i d izer quefoi abandounada em Brazi l por Mister Tower and yourbraz i l ian partner .

TenenteGrande ideia Dod! Assim voc amansa os gr ingos!(dando-se conta, para Andrew): . . . Desculpa a , s umje i to de fa lar .

Girce(re tornando para Dod)

Por fa lar n isso, va i querer um camaroz inho pra t i ra-gosto, meu re i?

Dod

(cochichando s para Girce) :De voc eu quero tudo!

GirceEnto t ! Duas pores bem serv idas de camaro, e um,dois , t rs , c inco ca ldo de lambreta que t uma de l a. Va iuma cachac inha que tem a , da Chapada, mutcho boa? Emais cerve ja? Quantas? Duas pra agora e duas pradepois , num t? Depois , se qu iz mais s pedi r , masvamo pr a mais uns acara j e uns abar que do gostode Daniel . Fechando at aqui d 270 que pode pagar a

pro Nadinho. (sa indo): Nadinho! Receba o d inhe i ro de Seu


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Dod e leve pra Me Edi te . Venha logo que pra t raz ocamaro. (para Dod) Obr igada, v isse pa inho.

Girce vo l ta para a casa. Dod quest iona o Tenente:

Dod4 cerve jas e uma poro de camaro, 270 pratas?

TenenteSo duas pores, e la fa lou.

Bib i. . . E tem a cachaa, o acara j , abar. E teve o l icor , MeEdite deslocou o pessoal todo pra ajudar a gente.

Tenente

T cer to Dod! Importante que reso lvemos o prob lema.Se no fosse o Mestre Danie l aqu i , a gente nunca que iaachar nossa Iemanj, no Mestre? (para Danie l , a indaem p) Mas pra l ! Ento voc fo i d isc pu lo de MestreJoo, o l t imo jangadeiro da Bahia ! Senta a e conta essahis tr ia .

Danie lA gente a juda no que pode. Mas agora tenho de i r . . . Noquero encontrar essazinha que vem a.

B ib iIxe homem! Qu medo de mul esse? A menina j d isseque no vem agora. Se que vem!

TenenteIsso mesmo. F ique e conte d i re i to isso de ser d isc pu lo deMestre Joo, o l t imo jangadeiro da Bahia .

Meio contrafei to, mas cedendo, Daniel acaba sentando.

DanielMestre Joo fo i dos maiores pescadores que a Bahia j. . .

A fa la de Danie l f ica de fundo

Cena 6 - Nadinho de mo estendida, cobrando DodDod puxa a lgumas notas da car te i ra e entrega a Nadinho queconfere e vo l ta a estender a mo, sempre impos i t ivo :

NadinhoFalt os 10% e a gorjeta.


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Dod10% ou gor je ta?

Nadinho10% de Girce, gorjeta de Nadinho.

Dod entrega mais notas e moedas. Enquanto Nadinho confereem s i lnc io , ouve-se a voz de Danie l .

Danie l (em of f )Fui o nico a se despedir do velho Joo, meu Mestre.. .

Nadinho guarda o d inhe i ro e va i sa i r , mas vo l ta e t i rabruscamente a imagem das mos de Dod, fa lando como senuma advertnc ia de quem ex ige respei to :

NadinhoPai Tempo.

Cena 7 Externa. Dia Cu nublado com nuvens escuras no hor izonte de um maragitado. Na praia um homem tomado pelas costas. Loiros e delongos cabelos revo l tos pe lo vento, embarca apetrechos depesca sobre os t roncos de uma jangada.

Voz de Danie l (o f f )Qu que h Mestre Joo?

Mestre Joo se vo l ta com sua barba branca. Olhos c laros eesgazeados, tez enrugada. Apruma-se, mas no responde,l imi tando-se no preescrutar o vento.

Camisa far fa lhando, mais jovem do que nas cenas anter iores,aprox ima-se Danie l caminhando sobre a are ia que lhe foge dospassos, levada pelo vento.

Danie lMestre ! Nenhum barco sa i ho je .

Mestre Joo no responde. Cont inua a reco lher as t ra lhas depesca espalhadas sobre a are ia , co locando-as sobre os t roncosda jangada. Num momento se vo l ta , apruma-se novamente, masj com o lhar sereno, o lhando ad iante de Danie l .

Cena 8 Fuso de close em Daniel

Danie l como o povo d iz ia : Mestre Joo num fa lava cum aboca. . . Fa lava cum os z ios

.


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Cena 9 Praia com jangada em primeiro plano. Ao fundo eno alto, ranchos de pescaMestre Joo de costas e a lm do jundu grupo de homensolhando. Mulheres nos afazeres, c r ianas br incando. Todo od i logo que segue entrecortado por longos s i lnc ios do

Mestre Joo, realados no constante zunido do vento.

Mestre Joo o que to dizendo aqueles uns, num ?

Danie l (em of f )V ia sem o lhar e escutava sem ouv i r . . . Como d iz iam: a lmade Holanda e espr i to de fr ica o f izeram meio bruxo, meiolouco. Sabia de tudo, e mais :

Mestre JooPois num carece de mandar unc pra me d izer o que se i .

Danie lQuem d isse que num sabe? Pois se num fo i o s inh quemme ens in e ens in a maior ia de n is a ler o cu? Foimesmo o inh que ensinou os segredos de Iroko.

Mestre JooApois .

Danie lMas o Sinh inda num me ens in tudo, Mestre. Inda numposso s um pescad cumu o Sinh. Fique Mestre! Nopaga pena se matar pru causo duma besteira dessa.

Mestre JooPior a vergonha de ver ansim, du je i to que t.

Danie lMas Mestre , a regata cont inua sendo dos pescad.

Mestre JooSim.. . Agora. Mas num mui to . Di logo va i s s de les.

Danie lS i a gente num dexasse e les entr , a Prefe i tura tambmnum ia dex a gente cont inu a regata. O Sinh bem sabedisso tudo!


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Cena 10 Fuso de Daniel relatando aos demais, em voltada mesa sob a rvore

Danie lMestre Joo era mesmo aqui lo : uma mis tura de te imosias

de Holanda e orgu lhos de fr ica:

Cena 11 Joo e Daniel em close, contra fundo de cu emformao de tempestade

Mestre JooSei no! Sei nada d isso, no! Sei que a Prefe i tura sno ia d prmio. Pru causo dessa bosta de prmio queocs vo faz a regata na praia dos baro, pros baropart ic ip. Nem percebe que eles s to usando ocs deisca, pra faz f igura. Adespois , e les vo botando ocs pra

fora e o br inquedo f ica s deles mesmo.

Danie lA a gente vo l ta a faz nossa regata no Rio Vermelho.

Mestre JooA que no! T achando que eles vo dex ocsconcorr?

Danie lNo menos a gente ganha o prmio. Eles num entende desaveiro cumo a gente.

Mestre JooOi qui rapaz: se tu t querendo se engan, qui s i inganesuzinho! T achando qui num sei que vo concorr develeiro e escuna?

Danie lMas outra cat igor ia , Mestre ! Na cat igor ia save i ro oprmio nosso. Mas sem o inh, suz inho, num cons igo

ganh.Mestre Joo

I pra que serve esse prmio?

Danie lVai d pra nis pr motor no saveiro.

In terrompendo o que faz , Mestre Joo o lha duro e r sp ido paraDanie l . Depois re torna s prov idnc ias, cusp indo as pa lavras.


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Mestre JooSei como ! D pra pr motor no save i ro e compr essasredes de na i lo . A s vend pras indstr ias e prosmercados. . . Se i como : o tempo mud. . . Agora n ingummais qu vend seu pe ixe, tudo qu s empregado.

tudo pescador pescado.

Cena 12 Close em p de Daniel r iscando semicrculo naareiaAbre enquadrando um Danie l envergonhado, observando a ondasorver sua meia lua inconsc iente. Aprox ima-se novamenteinventar iando os ob je tos da jangada. Em meio s t ra lhas depesca, entremeada rede, uma fo to de Edi te e a Menina do 2Episd io , a inda cr iana. Danie l desperta voz do Mestre :

Mestre Joo

O tempo mud. . .

Danie l segue o o lhar do Mestre para ad iante do jundu. Entre aspessoas se reconhece uma Edite jovem, acompanhada de umacr iana na qual se reconhece a menina do 2 Episd io . Outrascr ianas, a lhe ias, g i ram capoeira , jogam bola e empinam p ipasque, ensandec idas, desenham incontro lve is esp i ra is ao vento.

Danie lE Dona Edi te , Mestre? E a menina? Vo f ic a suz inhas,no mundo? Pense um pouco Mestre!

Mestre JooSo gente desse tempo. Quem vive no seu tempo nunca tsuz inho. Suz inho t eu que t mais ve lho que n ingum!Ningum da mais ve lho que eu. Ed i te nova, se faz . Amenina t se pondo moa e j num guenta minha rezinga.T mui to ve lho e fora de meu tempo. Meu tempo j pass.J s estrovo e t em minha hora de !

Danie l

Maluqueira ! Essa sua mis tura de Holanda e fr ica deu n isso! Se no for a mis tura, a vee i ra ! C t maluco v io?Num t vendo a tempestade a? Num t vendo que va imorr?

Mestre Joo vo l ta-se lento para Danie l . Olham-se nos o lhos.Agora os do ve lho que so ca lmos, desconcertando aexaltao do rapaz.

Mestre JooPode d i s. . . . Pode! Acuntece que v iv i mui to tempo no

outro tempo. Agora o tempo mud. T tudo mui to


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apressado, demais de corr ido. Se i no. . . Eu acho mesmoque mud fo i nada, s mud a cabea do povo.

Danie lMas tambm num carece de se mat pru causo d isso! O

Sinh t v io , se respei ta . O Sinh pesca seu peixe evende a , cumu sempre fo i .

Mestre JooOxente! E v pesc suzinho?

Cena 13 Seqncia de imagens de arquivo sobre at ividadepesqueiraPesca e comrc io de pescados em d i ferentes pocas.

Mestre Joo (em of f )V t raz arrasto suz inho? I se pego na l inhada, no anzol ,onde vend o peixe? O povo agora s qu compr demercado.

Danie l (o f f )Apois meu Mestre ! Cuma que se va i vend o pe ixe, s i opovo num compra na nossa mo?

Mestre Joo (o f f )Num compra pruque num s i vende! Antes de todo mundo

vir empregado, o povo sabia que pra compr peixe t inhade s na nossa mo. Agora t se habi tuando a compr emmercado. Num d ianta eu quer vend, se todo mundo tpescando pra mercado.

Danie l (o f f )Mestre, o s inh percisa entend qui a gente t ganhandomais dinheiro , t t rabaiando menos. Num se arr isca tanto .

Mestre Joo (o f f )Se i . . . Mas se assunte bem do que vou d iz agora, pruque

tu a inda h de v o mercado faz o preo de les, e a tunum vai pod reclam. Ningum vai pod reclam!

Danie l (o f f )Ento a gente vol ta a vend o peixe aqui na praia.

Mestre Joo (o f f )Volta no. Pruque o povo num vai sab mais aondecompr da gente. Da s vo compr dos mercado.

Danie l (o f f )

Mas s i a gente num vend pru mercado, o mercado numvai t pe ixe e vo t de pag o jus to pe lo nosso pe ixe.


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Mestre Joo (o f f )Bestra! S i ocs num vend, e les t ra is de outra c idade, deoutras pra ias . Tra is in t do estrangero. Pra pod vend opeixe, ocs vo t de se content com o que os mercadoquiz pag. Nem mais ocs que vo faz o preo. Vo s

os atravessad. Esses vo pag uma n inhar ia pra quempesc e cobr um d inhero de quem compr.

Cena 14 - Mestre Joo, cabelos fust igados ao vento.Berrando para ser escutado por Danie l por sobre o crescenteuivo do vento

Mestre JooE cs tudo vo t de pesc mui to ! E longe! E com vento oucom chuva. Vo t de se arr isc em tempestade pior doque essa a.

Mestre Joo se vol ta para a popa e empurra a jangada quedes l iza ro lando sobre t roncos, a t o embicar da proa. O Mestrereco lhe uma po i ta e a co loca sobre a popa, para abaix- la .Busca o t ronco ro l io que f icou para t rs , sa indo de sob a popa,e o arrasta a t f rente . Encaixando o t ronco sob a proa, maisao meio possve l . Retorna proa, re t i ra a po i ta , empurra erepete toda a operao sem parar de fa lar , ressa l tando ares is tnc ia para sua idade.

Mestre JooNum v compr motor . Tambm num v em regata debaro nem v s empregado de ningum. Sou s pescad.Pesquei e vendi o meu peixe e t v ivo e for te . O mar meens in a t amor v ida, mas o mar tambm me ens in quesem amanh essa v ida num presta no. O hoje muitobom, a gente tem de v iv o ho je como s i fosse o sempre.Mas s v ive o ho je como deve ser v iv ido qu em acred i ta noainda melhor do amanh. Mesmo que o hoje seja o pior detudo que j se v iveu, s se consegue v iver esse hoje sepuder acred i tar no amanh melhor. E pra isso que serve

o ontem. Pra se acred i tar no amanh. Quem esquece oseu ontem, no tem como acred i t no amanh, e va i v ivum hoje de merda.

In terrompe por um momento o seu va i e vem e o lha em d i reoao a l to da pra ia .

Cena 12 Tomada de grupo de homens, mulheres e crianasalm do jundu, no alto da praia.As mulheres conversam e observam. Uma est jane la dorancho. Seus cabelos esvoaam ao vento. Os homens

conversam, aparentando-se a lhe ios, mas eventua lmenteobservam a pra ia . Dis t ingue-se Edi te est t ica, segurando a mo


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da Menina. Edite se vol ta saindo para adiante da praia, puxandoa Menina pela mo sem olhar atrs.

Mestre Joo (o f f )Se i de jangada e se i de save i ro . J ens ine i a mui ta gente

os segredos e os mis tr ios dos ventos e do mar. At asmagias ens ine i . Quas i tudo a fo i meu a luno. In t tu , tonovo. . . Te ens ine i o que ens ine i pra toda essa gente: ossegredos e capr ichos das deusas do mar: Iemanj, Oxum eNan. Ens ine i de I roko, o or ix Tempo. Sei tudo. . . At dosdeuses eu se i , mas desse negc io de motor num se i nada.Sei de jangada e sei de saveiro. Mas num sei de motor.

Cena 13 Mestre Joo empurrando a jangadaCom um l t imo empurro a proa bo ia sobre a gua. Vem maisuma onda e o ve lho tem de f i rmar para a embarcao noadernar. Olha para a nuvem ameaadora, avanando.

Mestre JooMar e terra , pra mim sempre fo i a mesma co isa. . . Coisasdos homens. Sempre andei em terra com o mesmo passocom que ando nas gua. Mas j no ass im.. . A terraagora t ra ioe i ra , ar isca. O tempo mud. . .

Sustentando a jangada por uma amarra enroscada ao pu lso,re t i ra a po i ta de c ima da popa. Com o peso nos braos f i rma os

olhos c laros nos de Daniel .Mestre Joo

No sei se minha maluqueira de Holanda ou at de antesde fr ica. S de que se i que tem um je i to de morrer queeu num gosto: o de fundear bem cravada a po i ta eesquecer a tempestade da v ida. Esquecer o ontem, seesconder do ho je e ment i r o amanh. Gosto no! Pref i romorrer bem v ivo!

Larga a po i ta que se crava na are ia entre suas pernas e as de

Danie l . Olham-se ca lados. Abaixa-se para so l tar o lao daamarra que prende a jangada poita. As veias de seus punhosmagros ressa l tam-se sobre o desfazer do lao. Retm a cordacom uma nica mo pela qual a entrega a Daniel que toma umtranco do repuxo e tem de segurar com as duas mos, f i rmando -se nas pernas e ps afundados na areia. Retesando outra cordae subindo a bordo da jangada, soergue a ve la que se in f lamarpido, impondo o desenho esguio . Danie l no pode suster orepuxo da ve la e so l ta a corda quando Mestre Joo, rp ido,reco lhe um varo com o qual fora o fundo dando rumo embarcao. Ao estab i l izar pe la ve la mant ida no contro le do

cordame seguro no en lao entre mo e brao, Mestre Joo


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ressa l ta-se f rente do fundo branco da ve la sob o negror dapesada nuvem no cu.

Mestre JooTambm intendo de canoa.. . Mas di motor num sei nada,

no. Di qua lquer je i to , ia mesmo morr d i f ome.

A jangada segue para dentro do mar, corcoveando no quebrardas ondas, ass is t ida por Danie l impotente. Repent inamente,com as mos na boca, Danie l gr i ta a lgo in in te l ig ve l e MestreJoo no demonstra ter ouv ido. Danie l ins is te , mas o sent idoperde-se no ru do do vento.

Cena 12 Jangada afastando-se com Mestre Joo.

Sob o efei to de luz e sombra da i luminao prenunciando

tempestade eminente, a pose de Mestre Joo congela aoassumir a mesma do enta lhe das cenas anter iores, ao qual sefunde.

Fim do episdio 3


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