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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIC DEPARTAMENTO DE LICENCIATURA EM DESENHO ORIENTADOR(A): Prof.ª Vivian Letícia Busnardo Marques ALUNO: RAFAEL SCHULTZ MYCZKOWSKI EMBAP: INFORMAÇÕES CATALOGRÁFICAS DE UM ACERVO CULTURAL Curitiba, 31 de julho de 2010.

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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC

DEPARTAMENTO DE LICENCIATURA EM DESENHO

ORIENTADOR(A): Prof.ª Vivian Letícia Busnardo Marques

ALUNO: RAFAEL SCHULTZ MYCZKOWSKI

EMBAP: INFORMAÇÕES CATALOGRÁFICAS DE UM ACERVO CULTURAL

Curitiba, 31 de julho de 2010.

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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC

DEPARTAMENTO DE DISCIPLINAS PEDAGÓGICAS

CURSO DE LICENCIATURA EM DESENHO

ORIENTADOR(A): Prof.ª Mestre Vivian Letícia Busnardo Marques

ALUNO: RAFAEL SCHULTZ MYCZKOWSKI

EMBAP: INFORMAÇÕES CATALOGRÁFICAS DE UM ACERVO CULTURAL

Curitiba, 31 de julho de 2010.

Relatório contendo os resultados finais do

projeto de iniciação científica vinculado ao

Programa PIC-Embap

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 4

RESUMO.................................................................................................................................. 5

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6

2. OJETIVOS .................................................................................................................... 7

3.1.1 Histórico do Acervo da Embap ............................................................................... 10

3.2 Diferença entre Preservação, Conservação e Restauração ........................................... 12

3.3 Catalogação de acervos culturais ............................................................................... 13

3.4 A fotografia para exames de análise e documentação de acervos ................................ 16

3.5 Iluminação e Conservação ......................................................................................... 16

3.6 Metodologia Analítica ............................................................................................... 18

3.6.1 Análise de fichas de catalogação e conservação existentes na Embap ...................... 18

3.6.2 Análise das fotos das fichas de catalogação e das fotos soltas das obras de arte da

reserva técnica da Embap ................................................................................................ 20

3.7 Metodologia Prática................................................................................................... 20

3.7.1 Fotografia das Obras Bidimensionais ...................................................................... 20

3.7.2 Segurança ............................................................................................................... 21

3.7.3 Manuseio e transporte ............................................................................................. 21

3.7.4 Iluminação: Photoflood e a Luz Natural .................................................................. 21

3.7.5 Cuidados com a Câmera e formatos de arquivo ....................................................... 23

3.7.6 Controle de cor e balaço de branco.......................................................................... 24

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................ 26

5. CONCLUSÕES .............................................................................................................. 28

6. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 29

7. ANEXOS ............................................................................................................................ 30

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LISTA DE FIGURAS

Fig. 01 Fotografia de uma obra existente no acervo da Embap...............................

Fig. 02 Lâmpada Photoflood Day light………………………………………………

Fig. 03 Barra cromática...............................................................................................

Fig. 04 Color Cheker......................................................................................................

Fig. 05 Antes e Depois de uma imagem editada.........................................................

Fig. 06 menu: autores ou comandos...................................................................................

Fig. 07 menu: seleção de autores por letra.........................................................................

Fig. 08 menu: autores............................................................................................................

Fig. 09 menu: ficha técnica..................................................................................................

Fig. 10 menu: imagem frente...............................................................................................

Fig. 11 menu: imagem verso...............................................................................................

5

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo a atualização técnica do acervo da EMBAP, por meio da

organização das pinturas colaborando em dois pontos principais: (1) atualização da ficha

catalográfica textual e fotográfica e (2) facilitar o acesso do público a informações e

imagens de obras do acervo. Com o intuito de contribuir com o registro de conservação e

organização da reserva, elaboramos um DVD contendo as principais informações sobre as

obras, contendo imagens (frente e verso). O DVD será disponibilizado à comunidade

acadêmica, concretizando assim umas das funções de um acervo, a de preservar e difundir o

patrimônio artístico. Quanto à metodologia de registro fotográfico das obras, foi efetuada

uma pesquisa sobre iluminação, controle de cor, formato de arquivo, edição,

armazenamento de dados e acessibilidade dos mesmos. Muito além do interesse da proposta

em fazer um registro de imagem satisfatório das obras, foi utilizada uma metodologia

dentro dos padrões éticos para a preservação e conservação do acervo.

Palavras-chave: Catalogação, Registro digital, Acervo, Patrimônio.

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1. INTRODUÇÃO

Dentre o acervo da EMBAP encontram-se obras de arte em variados suportes:

papel tela, madeira, gesso, entre outras peças como palheta de artista, avental, instrumentos

musicais etc. Foram selecionadas para esta pesquisa apenas as pinturas, devido ao prazo

existente para o desenvolvimento desta proposta. O foco principal do projeto foi a

atualização técnica do acervo da EMBAP - Escola de Música e Belas Artes do Paraná,

colaborando em dois pontos principais: atualização da ficha catalográfica textual e

fotográfica, e acesso ao público a informações e imagens de obras do acervo. A instituição

de ensino oferece cursos de graduação na área de artes, bacharelados e licenciaturas cujos

conteúdos programáticos contem aulas sobre conservação e restauro, historia da arte,

pintura, gravura, escultura, desenho, entre outras técnicas, as quais tratam de conteúdos e

obras que possivelmente poderiam ser analisadas nos próprios objetos existentes no acervo

da instituição. Embora o enriquecimento do aprendizado possa ser intensificado junto ao

acervo, o uso do mesmo pode trazer riscos à conservação das obras. A pesquisa buscou uma

possível solução no interior do acervo, procedendo à atualização das fichas catalográficas e

o registro digital fotográfico em alta resolução das obras. Com o intuito de ao mesmo tempo

colaborar como registro de conservação e organização da reserva, resultou em um DVD

contendo principais informações sobre as obras de pintura, imagem frente e verso da obra.

O DVD provavelmente será disponibilizado pela EMBAP, concretizando assim umas das

funções de um acervo, preservar e difundir o patrimônio artístico. Para a construção da

metodologia de registro fotográfico das obras, foi efetuada uma pesquisa sobre iluminação,

controle de cor, formato de arquivo, edição, armazenamento de dados e acessibilidade dos

mesmos. Além do interesse da proposta em fazer um registro de imagem das obras deste

acervo, foi aplicada uma metodologia específica para não deteriorar as obras, as quais foram

fotografadas, promovendo assim a preservação e a conservação destas..

7

2. OJETIVOS

O objetivo geral da pesquisa vem do surgimento da necessidade de atualização

textual e fotográfica do acervo da Escola de Música de Belas Artes do Paraná –

EMBAP e da conseqüente possibilidade de difusão deste patrimônio público através da

digitalização deste acervo em DVD..

Especificamente o primeiro objetivo seria a atualização catalográfica textual e

fotográfica a fim da melhoria da catalogação existente. O segundo objetivo é

conseqüência dessa organização e um dos fundamentos da existência de um acervo, que

é a preservação digital e difusão do patrimônio artístico e histórico. Trata-se da elaboração

de um DVD interativo, contendo a fotos da obra em alta resolução (frente e verso), seguida

das informações técnicas referentes a ela. O método completo utilizado para o registro

fotográfico é disponibilizado, igualmente no DVD. Assim, com a disponibilização do DVD,

os alunos e os professores da EMBAP, bem como pesquisadores e público interessado

poderá ter acesso a estas informações digitalmente, sem trazer riscos à integridade das

obras.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Histórico da Embap

Por fatores como falta de espaço físico e comunicação no meio social em

Curitiba, antes da segunda metade do século XIX, eram bastante deficientes as

manifestações artísticas na região. Sabe-se que Antonina, Paranaguá e Morretes tiveram

um desenvolvimento anterior nesse campo devido à facilidade de transporte do litoral.

Vindo dos ofícios religiosos, a música tem teve um desenvolvimento anterior,

chegando, na segunda metade do século XIX, nas casas de família, escolas, igrejas,

clubes sociais, clubes literários e festas populares.

Quanto à difusão pela interpretação da música erudita, sabe-se que isto se deve à

chegada de João Manuel da Cunha, o qual formou um quarteto que executava clássicos

como Beethoven, Haydn, Mozart, e Haendel. Mais tarde, seu filho Brasílio Itiberê

torna-se o compositor de maior destaque do Paraná. Já um grande passo para a difusão

das artes em Curitiba concerne à criação de clubes e sociedades, ainda direcionadas a

atividades lítero-musicais e teatrais.

Enquanto essas formas de expressão encontravam-se em grande movimentação,

as artes plásticas tiveram um desenvolvimento mais tardio. Mesmo que o Paraná já

estivesse em contato com pintores viajantes, como os retratistas Kammerer e Hübenthal,

assim como o pintor Peuckert, entre outros, não ficou nenhum registro dessa passagem

e, por conseguinte, não aconteceu a transmissão de conhecimento. A passagem destes

artistas foi singela, porém, deixou um clima propício a iniciativas, reforçadas pela

chegada dos artistas Mariano de Lima e mais tarde de Alfredo Andersen. Até então, não

se tinha notícias quanto à existência de atividades relacionadas ao ensino de artes

plásticas no Paraná.

Curitiba contava, no início do século XX, com inúmeras escolas particulares de

música e escolas-ateliers de desenho e pintura, além de professores que ministravam

essas aulas em escolas de ensino regular, sem distinção de idade, sexo ou classe.

Com um movimento grande, contando com o apoio da imprensa e da

intelectualidade cultural da época, ainda faltava uma escola pública de arte que

abrigasse todos os níveis de ensino, principalmente, o superior. E foi por esse ideal que

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Andersen e Mariano de Lima lutaram toda sua vida. Ambos passaram por grandes

dificuldades financeiras, mas descobriram e desenvolveram grandes talentos locais e,

mesmo assim, acabaram contestados e caluniados. E, sem dúvida, foram fundamentais

para a base cultural para o desenvolvimento da arte paranaense.

A luta pela criação de uma escola vem de Mariano de Lima, que propôs a

criação do Conselho Superior de Cultura e da Academia de Arte, e, depois, por

Andersen, com seus vários projetos e trabalho insistente junto aos políticos; mais tarde

pela Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, cujos adeptos continuavam os esforços de

Andersen, e pelo apoio das demais instituições artísticas, culturais e de intelectuais da

cidade.

Em 1945, ocorrem grandes mudanças no cenário político mundial e no Brasil

com a queda da ditadura Vargas. O governo Dutra deu grande apoio à consolidação de

universidades e escolas de ensino superior, surgindo assim o “ciclo das universidades”.

Um fator importante para este processo de desenvolvimento da arte no Paraná,

foi o apoio do Centro Paranaense Feminino de Cultura, interessando-se pela criação da

Escola de Belas Artes.

A SCABI - Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê tinha grande interesse

na criação da escola e, por isso, inicia encontros para estudar o caso, com a participação

da Academia Paranaense de Letras, o Centro de Letras do Paraná, o Centro Paranaense

Feminino de Cultura, a Sociedade Amigos de Alfredo Andersen, o Circulo de Estudo

Bandeirantes, o Instituto de Educação do Paraná e o Colégio Estadual do Paraná.

Diversos encontros aconteceram entre a diretoria desses grupos. Dessas reuniões, saiu

um memorial assinado por todos os presidentes, encaminhado diretamente às mãos do

governador do Estado.

O governo do estado e os integrantes elaboradores desse pedido entram em

acordo favorável com a criação da escola. Seria concedido uma sede, mobília e material

didático, e a manutenção como regime de autonomia.

Enfim é fundada a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, instalada desde 17

de Abril de 1948, no edifício nº 50 da Rua Emiliano Perneta, abrigada dentro do ainda

Instituto de Educação. Mais tarde, três anos depois, muda-se para uma sede própria na

Rua Emiliano Perneta, n º 179, onde se encontra a sede oficial.

10

A organização da escola foi liderada pelo professor Fernando Corrêa de

Azevedo, que prontamente após o decreto de criação da escola, partiu ao Rio de Janeiro,

mantendo contato com os mais representativos órgãos de ensino em arte do país.

Voltando a Curitiba, monta o quadro de professores com os mais relevantes artistas do

Paraná. Grande parte desses artistas, no campo das artes plásticas, eram ex-alunos de

Andersen, tirando Guido Viaro, que chega a Curitiba em 1930, já com uma linguagem

mais avançada.

Os cursos ofertados abrangiam desde a iniciação musical até cursos superiores

de instrumento, canto e pintura.

A instituição tinha o apoio da elite intelectual, que visava à difusão da cultura,

capacitação de profissionais de ensino e de instituições culturais; colaborando

diretamente com a evolução social da região.

Nos sessenta anos de fundação da Escola de Música e Belas Artes do Paraná,

formaram-se muitos artistas e educadores, até hoje atuantes no patamar da cultura

paranaense.

3.1.1 Histórico do Acervo da Embap

Durante a direção de Fernando Azevedo, os professores da cadeira de pintura

seriam designados a realizar o retrato de professores falecidos e dos diretores da

instituição. Essa tradição permaneceu somente até a direção de Henriqueta Penedo

Monteiro Duarte.

Traple, Freyesleben e De Bona têm a maior parte da autoria dos retratos,

possivelmente, o primeiro retrato foi da professora Natalia Lisboa Ussiky.

O acervo é composto também de obras de artistas como Waldemar Curt

Freyesleben, Erbo Stenzel, Mário Rubinski, Alfredo Andersen, entre outros, que foram

doadas principalmente por ex-alunos e professores.

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Foram feitas aquisições de obras durante a história da instituição, como por

exemplo, uma marinha feita por Fernando Calderari, adquirida de uma exposição na

própria escola.

Fotografias foram adquiridas do Acervo Histórico de Cid Destefani na década

de 80, por Fernando Calderari, para EMBAP.

Na história do acervo se tem registro de um furto da uma obra de Andersen,

Paisagem, em 1970. A mesma foi retirada dos chassis, juntamente com a moldura, e

levada. Cria-se então uma situação de tensão dentro da instituição. Após a divulgação

do ocorrido, o autor do furto, sem ter como vendê-la ou mesmo pendurar em sua sala,

decide devolver a obra certo dia pelo correio.

Entre as obras de Freyesleben, temos uma obra enviada pelo artista ao 1º Salão

Paranaense de Belas Artes, em 1944, como título original “Um Pensamento Baixou”,

que foi registrado no catálogo da mostra.

De Guido Viaro temos apenas duas obras: um grafite inacabado e uma obra

intitulada “Reino de Persis”. Ainda constam no acervo obras de Arthur Nísio, esculturas

de Erbo Stenzel.

Mais tarde são incorporadas obras de Luiz Carlos Andrade Lima, Jair Mendes,

Fernando Calderari, João Osório Brzezinski, Ivo Fontoura, entre outros.

Em 1987, houve a solicitação das obras para compor o acervo do Museu de

Arte do Paraná. Porém, houve a resistência dos professores da Embap, os quais, através

de uma reunião, decidiram não entregar as obras ao Estado.

Em 1994, o acervo foi exposto no MAC, seguindo uma ordem cronológica.

Tendo também a sala de retratos dos diretores da escola, vice-diretores e professores.

Passado tantos anos de existência do acervo da Escola de Musica e Belas Artes

do Paraná, nota-se a necessidade do aumento de cuidados e espaço com um acervo que

já passou por tantas dificuldades ao longo de sua história.

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3.2 Diferença entre Preservação, Conservação e Restauração

Apesar de áreas ramificadas, as competências abordadas a seguir, necessitam do

conhecimento mútuo e, por isso, podem ser confundias facilmente. Por esse motivo é

necessária a descrição dessas áreas, pois a pesquisa proposta aborda em seu curso, as

determinadas definições a seguir:

- Conservação: trata das competências em estabilização da degradação de uma

obra de arte/objeto do acervo, além da contínua conservação destas obras.

O campo da conservação atua diretamente no controle das ações de degradação,

as quais podem danificar uma obra de arte, cuidados com o ambiente da reserva técnica

ou ambiente expositivo, manuseio, acondicionamento, iluminação, higienização do

ambiente ou da própria obra de arte, transporte, armazenagem e mobiliário. Atualmente

existem variadas técnicas científicas de conservação, as quais devem ser aplicadas por

profissionais especializados nesta área.

É a função do conservador também é de fazer recomendações às equipes que

manipularão a obra para montagem de exposição, assim como orientações de cuidados

com as obras em relação ao público visitante. Esse campo é auxiliado por profissionais

de várias áreas do conhecimento.

-Restauração: trata-se da intervenção direta sobre o suporte (obra de arte) e é

feita quando a integridade física ou química da obra foi alterada, ou seja a obra

apresenta elevado grau de deterioração. O processo de restauro exige grande

experiência, pois se trata de uma intervenção, realizada por especialistas, ou seja,

restauradores que aplicam técnicas científicas aliados à princípios éticos da restauração.

Além da ética, esse profissional deve ter grande conhecimento sobre materiais de

restauro e suas aplicações, princípios de reversibilidade dos materiais que utilizam, além

de habilidade na pesquisa histórica de períodos, estilos e técnicas a fim de preservar a

originalidade das obras. Os restauradores atualmente são especializados em suportes

13

específicos: papel, tela, madeira, porcelana, tapeçaria, entre outros suportes das obras de

arte.

Os restauradores inicialmente preenchem uma ficha técnica do estado de

conservação da obra de arte, bem como realizam a primeira documentação fotográfica

antes da primeira intervenção na obra de arte. São feitos registros iniciais, durante o

tratamento e na finalização do processo de restauração. Assim como, todo o processo é

documentado textualmente com informações das reações desta obra aos processos e

técnicas aplicadas.

- Preservação: trata da política de gerenciamento de uma reserva técnica dentro

de uma instituição. É responsável pela organização de um documento constando as

estratégias de ação na manutenção e cuidados com um acervo. Nesse documento, consta

das responsabilidades respectivas de cada profissional que atua direta e indiretamente

no acervo.

Cabe ao profissional da preservação realizar junto à instituição um plano diretor

de preservação do acervo, a fim de administrar o ambiente onde se encontra a reserva

técnica, planejando a prevenção contra catástrofes, controle de reprodução, formatação

do acervo, segurança, ações educativas, entre outros.

3.3 Catalogação de acervos culturais

A catalogação é o registro de todas as obras existentes dentro de uma reserva

técnica. Uma catalogação ideal é aquela feita com informações imagéticas e textuais

referentes a cada obra de arte. A cada obra de arte adquirida, ou doada para a

instituição, a catalogação deverá ser feita, a fim de manter um acervo atualizado e

disponível à pesquisa aliado ao controle de entrada e saída das obras para exposições,

bem como a segurança.

As fichas catalográficas das obras de arte devem constar o máximo de

informações possíveis feitas por um profissional da área de biblioteconomia, ciência da

informação, conservador-restaurador ou responsável pelo acervo que tenha

conhecimentos suficientes para catalogação de um acervo. Ao receber uma obra de arte,

14

o acervo deve, inicialmente, registrá-la no livro de registros, o qual que vai autenticar a

entrada da obra e conferir a ela um número específico. Através desse número se tem o

controle de obras permanentes ou temporárias que ingressam no acervo. O número de

registro é inserido na obra, seguindo padrões de conservação já estabelecidos para cada

suporte. O livro de registros é um documento que atesta a existência das obras de arte

dentro do acervo de uma instituição.

Após esse processo vem a descrição técnica da obra, para este registro,

normalmente é usada uma ficha técnica contendo: numero de registro da obra, artista,

biografia do artista (opcional) título, data de execução, categoria (pintura, escultura,

desenho, gravura ou outras), técnica, tipo de suporte ( papel, tela, madeira, metal,

plástico, etc.), dimensões, local da assinatura, localização da obra no acervo, data de

aquisição, histórico, valor original (opcional), estado de conservação, informações sobre

restauração (se foi ou não restaurada e por qual restaurador), descrição, demais

observações, referências bibliográficas e de pesquisadores que possuem trabalhos

científicos sobre a obra de arte, créditos de quem fez o registro fotográfico, assinatura

de quem fez a catalogação e um campo para anexar fotos da obra: frente, verso e detalhe

(opcional). O preenchimento com essas informações deve ser o mais exato e completo

possível e realizado com a ajuda de profissionais citados acima ressalvando que para

determinar o estado de conservação deverá ser chamado um profissional conservador-

restaurador.

A análise do estado de conservação define os procedimentos seguintes quanto ao

acondicionamento, à armazenagem, ao manuseio e demais normas de conservação. A

análise é registrada em um campo da ficha catalográfica ou em anexo a esta uma ficha

de conservação com a assinatura de um conservador responsável pela avaliação e data

da mesma. O estado de conservação de uma obra de arte é avaliado pelo conservador-

restaurador através das normatizações: bom, regular, ruim ou ótimo, regular, péssimo,

as quais podem variar de acordo com o que as instituições definirem nas fichas

catalográficas. Outros itens ainda podem ser avaliados especificamente de acordo com o

suporte, pois para cada suporte existe uma ficha catalográfica específica, ou seja com

campos específicos. No caso desta pesquisa, as pinturas em suporte tela devem ainda

receber outras avaliações além das citadas acima:

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-Quanto ao suporte ramificado em dois campos de análise a) material suporte:

tela, papelão, papel, madeira e b) danos: abaulamento, ruptura, empenamento, mossas,

ondulações, fissuras, rasgos, respingos, vincos, furos, infestação microbiológica,

infestação biológica, material aderido, sujidades, perdas de suporte, manchas,

amarelecimento, escurecimento, marcas/inscrições/carimbos).

-Quanto ao chassi (com cunha, sem cunha, cunhas faltando, com chanfro, sem

chanfro, ataque de insetos, quebrado, com rachadura, uniões defeituosas)

-Quanto à camada pictórica: (craqueles, manchas, concheamento, excrementos,

desprendimentos, assinatura, perdas, inscrições/marcas, sujidades, alterações

cromáticas, abrasão, infestações microbiológicas ou biológicas).

- Quanto à camada de proteção (irregular, oxidação, sujidades, repinturas, etc).

- Quanto à identificação de intervenções anteriores: (sim ou não e data da

intervenção, as quais são restaurações realizadas anteriormente).

- Análise da moldura (se possui ou não moldura), se tem infestação

microbiológica, biológica, descascamento, empenamento, perdas, rachaduras, uniões

defeituosas, etiquetas, características de época, entalhe, marcas, inscrições, carimbos e

tipologia de material: metal, madeira, plástico, etc.

-Campo discursivo para observações.

- Registro fotográfico da obra de arte, contendo no mínimo foto frente e verso e

se possível com fotos de detalhes da obra.

É de suma importância a manutenção e atualização dos dados catalográficos,

pois assim, o profissional responsável pelo acervo mantém um controle rígido sobre o

acervo evitando assim qualquer irregularidade quanto à documentação, conservação,

exposições e acesso ao acervo.

16

3.4 A fotografia para exames de análise e documentação de acervos

Existem duas áreas de uso mais corrente da fotografia na manutenção de um

acervo, a primeira é a documentação, onde a fotografia registra e disponibiliza a

identificação visual da obra. O uso dessas fotos pode ser de controle interno do acervo

ou para a divulgação e apreciação da imagem das obras.

A segunda área é a analise do estado de conservação do acervo antes da

restauração. As fotos feitas para esse fim servem para identificação dos pontos

deterioração da obra de arte e identificação de fatores informativos importantes ao

restaurador, como por exemplo, se houve repinturas ou não entre outras informações.

As principais fotografias feitas para os exames são: foto preto e branco, foto

colorida, macrofotografia, fotomicrografia, fotografia com luz reversa, fotografia com

luz rasante, fotografia com luz monocromática, fotografia com fluorescência de ultra

violeta e fotografia com filme sensível a ultra violeta.

3.5 Iluminação e Conservação

Durante muito tempo se discute os fundamentos da iluminação de objetos

expositivos. E é um tema bastante discutido, não só no campo da arte, e sempre retoma

lugar nas pautas sobre visibilidade e vulnerabilidade.

No campo da conservação de obras de arte e outros artefatos museológicos,

existem convenções sobre iluminação de acordo com cada tipo de suporte, porém uma

convenção geral para uma exposição com variados suportes seria o uso de 50 lux,

considerada uma iluminação segura (para não deteriorar), porém o ambiente ficará mais

escuro do que o normal. O fato é que existe uma grande variedade de materiais e

particularidades relacionadas a obras de arte e, em conseqüência disso, fica complicado

assumir uma metodologia tão abrangente quanto a iluminação. É evidente o uso do bom

17

senso para usar da flexibilidade desses parâmetros de conservação dependendo das

necessidades de exposição em maior ou menor tempo. Não se trata de uma ciência fácil

e exata, por isso, a pouco tempo, vem-se discutindo e reelaborando novas decisões

sobre a luz. Nessa evolução quanto à intensidade luminosa necessária a apreciação de

um objeto, existiu marcos que devem ser ressaltados. Observou-se que com apenas 2

lux se tem a transição completa da visão monocromática noturna para a visualização

completa para a distinção de cores. Em 1961, Thomson afirma através de sua pesquisa

que o nível básico para museus seria 50 lux. Afirma Boyce, em 1987, que o

desempenho máximo de percepção das cores acontecia com 10 lux, embora descreva

uma tabela com uma curva suave a quebra em 200 lux, porém deixa claro que 50 lux

seria mais que suficiente. Então é aceita como 50 lux a intensidade de luz suficiente

para a reprodução de cores, mas o mínimo para o conforto do observador. Fica, então,

sob a responsabilidade dos curadores e profissionais da preservação e conservação a

melhor procedência possível para a observação e reprodução dessa obra.

Outra questão ligada à iluminação é a capacidade de mostrar detalhes da obra.

Existe a relação entre tempo de observação e intensidade de luz sobre o objeto

observado para definir um contraste satisfatório. Segundo estudos recentes direcionados

ao assunto, sabe-se que a melhor reprodução de cores e contraste é a luz solar. Apesar

de ideal, essa fonte de luz é extremamente danosa em grande parte das obras de arte,

principalmente obras que contenham pigmentos sensíveis.

Sabemos que a luz é uma fonte de energia radial que se desloca em linha reta. E

como energia, pode sofrer diferentes tipos de transformações, como por exemplo, a luz

solar incidindo sobre um tecido como o veludo negro é quase toda absorvida e

transformada em calor. Por esse motivo, torna-se complicado a exposição de uma

pintura indiscriminadamente à luz solar, ou mesmo a determinados tipos de iluminação

artificial. Um dos principais problemas é a radiação UV, cujo comprimento de onda é

curto (mais nocivo) e causa o que é conhecido como energia de ativação. Em suma,

inicia a uma série de processos fotoquímicos de deterioração, pois mesmo a luz visível

causa grandes danos aos pigmentos, e, por isso, fica claro o cuidado necessário com o

controle de iluminação, tipologia e tempo de exposição.

As convenções sobre iluminação para exames complexos e algumas formas de

catalogação, elaboram um cálculo que não leva a medida de 1.000 lux como intensidade

18

de luz de nível excelente para a observação, identificação e registro de cores, nuances e

contrastes de uma obra. Mas nesses casos se reduz o tempo de exposição drasticamente.

Como exemplo, se uma obra é exposta e controlada em 10% do tempo a 150 lux, a

exposição em 1500 lux não deve ultrapassar 1% do tempo. Um truque para aumentar o

contraste da superfície de um objeto, tanto exposto como para registro, é a iluminação

de 30° a 45° em relação ao plano da obra. Na verdade, criam-se pequenas sombras em

determinadas partes onde existem relevos, dando assim a possibilidade de

reconhecimento de texturas pelo observador.

Concluímos que é necessário o bom senso de todos os profissionais ligados à

conservação de uma obra para determinar a iluminação ideal, a tipologia das lâmpadas,

a inserção de filtros nas lâmpadas para diminuir a incidência de fatores deteriorativos, o

ângulo e o tempo de exposição, fazendo o cálculo do lux a fim de minimizar os

possíveis danos às obras de arte, pois problemas podem acontecer mesmo dentro de

uma reserva técnica com a exposição indiscriminada de uma obra à uma iluminação

artificial ou natural. Mesmo examinadores e fotógrafos devem observar o limite seguro

de exposição da luz visível e mesmo invisível ao olho humano, pois estas podem gerar

reações de deterioração irreversíveis.

3.6 Metodologia Analítica

3.6.1 Análise de fichas de catalogação e conservação existentes na Embap

Inicialmente a pesquisa foi desenvolvida com as fichas catalográficas existentes

na reserva técnica da Embap. Existem para cada obra uma ficha de catalogação de

acervo artístico, e outras duas de conservação, sendo que uma delas é atualmente usada.

Compondo a ficha de catalogação encontram-se as seguintes informações: numeração

de obra, título, data de execução, categoria (pintura, escultura, desenho, gravura ou

outras), técnica, suporte, dimensões, profundidade, local da assinatura, apresentação,

localização da obra, data de aquisição, histórico, valor original, avaliação no

tombamento, restauro, descrição sucinta, biografia do autor, referências bibliográficas,

19

análise, autor e assinatura, e também o direcionamento dos créditos de pesquisa e

fotografia. Há também um campo para anexar uma foto da obra.

Inseridas nas fichas de estado da conservação, observamos os seguintes campos:

autor, obra, técnica, dimensão, data da obra, conservador responsável pela avaliação e

data da mesma. Para avaliação, observa-se campos de marcação objetiva divididos em:

obra (bom, regular, ruim), chassi (com cunha, sem cunha, cunhas faltando, com chanfro,

sem chanfro, ataque de insetos quebrado, com rachadura, uniões defeituosas); suporte

ramificado em dois campos de análise, material (tela, papelão, papel, fotografia, gesso,

madeira, outros) e danos (abaulamento, ruptura, empenamento, mossas, ondulações,

fissuras, rasgos, respingos, vincos, furos, fungos, marcas do chassi, material aderido,

ataque de insetos, perfil do verso, sujidades, umidade, perdas, manchas,

amarelecimento, escurecimento, marcas/inscrições/carimbos). Ainda no item relativo a

avaliação apresenta-se a camada pictórica (craqueles, manchas, concheamento,

excrementos, desprendimentos, assinatura, perdas, inscrições/marcas, sujidades,

alterações cromáticas, abrasão, fungos), camada de proteção (irregular, oxidação,

embasamento, sujidades, aparentemente não tem), e um campo discursivo para

observações.

Encontra-se também o item identificação de intervenções anteriores (sim ou não

e data da intervenção) e especificações do restauro, contendo o nome do

conservador/restaurador. São os campos: obra (reentelamento, reforço de borda,

repinturas, chassi novo, moldura nova), moldura (boa, regular, ruim, rachaduras, ataque

de insetos, perdas, empenamento, uniões defeituosa, entalhe da época,

marcas/inscrições/carimbos, industrial nova), e, por fim, a assinatura do conservador

responsável. No verso da folha consta os campos de preenchimento discursivo de

participação em exposições com nome de exposição, local, data e um campo para

observações.

Compondo a catalogação encontrou-se também três álbuns com pequenas fichas,

que contém uma foto do trabalho, sendo o registro visual. O acervo mantém uma lista

impressa em ordem numérica com a relação das obras que compõem a reserva.

20

3.6.2 Análise das fotos das fichas de catalogação e das fotos soltas das obras de

arte da reserva técnica da Embap

A reserva mantém alguns meios de catalogação, um deles é o fotográfico. As

imagens são armazenadas digitalmente em um CD-ROM e de forma impressa,

organizadas dentro de um álbum, coladas em fichas contendo a identificação da obras.

Analisando as fotos, nota-se a necessidade de fotografar

novamente todo o acervo, pois se encontram problemas

comuns a todas as fotografias. A falta de um padrão, como

o fundo negro, falta de uma tabela cromática para

identificação da fidelidade das cores, tanto para edição

quanto para uma futura comparação de envelhecimento,

iluminação adequada, uso de tripé, resolução fotográfica,

entre outros, são os principais problemas encontrados nos

registros.

Existem outras deficiências particulares encontradas

em determinadas fotos como foco, brilho, cortes e

angulação.

3.7 Metodologia Prática

3.7.1 Fotografia das Obras Bidimensionais

As fotografias destinadas à preservação de uma imagem a qual refere-se a uma

obra de arte de relevância, a qual compõem um acervo específico deve ser bem

preparada e seguir as condições e características destinadas para resultar em uma foto de

registro. Deve existir uma preocupação com a integridade do acervo, para que este se

mantenha intacto, sendo assim deve-se montar um plano de ação antes da realização da

fotografia.

Fig.01 Fotografia de uma obra

existente no acervo da EMBAP

21

Os próximos tópicos abordam os principais pontos da metodologia usada para

a ação de registro fotográfico das obras de arte em suporte madeira e tela, marcando o

início da nova catalogação do acervo em tela e madeira da Embap.

3.7.2 Segurança

As obras foram fotografadas dentro do acervo, sem a necessidade de serem

transportadas de um local a outro. Tal atitude diminuiu os ricos de acidentes, excesso de

manipulação e manteve a segurança contra furtos.

3.7.3 Manuseio e transporte

Um ponto abordado pela conservação é o manuseio e o transporte adequado e é

de grande importância para manter a integridade das obras. Uma manipulação

inadequada poderia causar grandes perdas a curto e longo prazo, rompimentos, rasgos,

ou seja, fatores de deterioração física da obra de arte. Estes danos podem causar

problemas maiores futuramente se o processo não for estabilizado ou se a obra não tiver

como ser restaurada imediatamente.

Dentre os cuidados com o manuseio, deve-se utilizar luvas de algodão para o

manuseio das obras, evitando um contato direto com a camada pictórica, além de tomar

cuidados com a acomodação da obra para ser fotografada no tripé e ainda o transporte e

manuseio da remoção e devolução da obra ao trainel (mobiliário em que a obra está

armazenada), entre outros pontos que variam e são identificados pelo bom senso.

3.7.4 Iluminação: Photoflood e a Luz Natural

Como já foi descrito anteriormente, a luz emitida pelo sol nos permite ver com

grande fidelidade o espectro de cores, reproduz conseqüentemente com maior fidelidade

as cores de uma obra de arte, mas sabe-se que a luz solar traz grandes danos

22

irreversíveis a obras de arte. A fim de realizar a nova catalogação aqui proposta,

respeitando essa restrição da luz natural, optou-se pela iluminação de estúdio.

A fim de conseguir uma reprodução de cor mais fiel possível a original, dentre

várias iluminações existentes para estúdio, foi utilizado a lâmpada Photoflood Day-

light. A escolha por essa lâmpada deve-se a vários fatores, um dos fatores foi o baixo

custo, pois existem no mercado equipamentos com

valores muito elevados. Outro ponto importante na

escolha desta lâmpada é a capacidade de reprodução

de cores, pois a lâmpada Photoflood Day-light se

assemelha a temperatura da luz do dia (6000°), com

uma vantagem, tem baixa emissão de raios UV (ultra

viloeta os quais causam grande deterioração das

obras).

Apesar desta lâmpada atender as

necessidades de uma boa iluminação, ela oferece alguns pontos negativos como vida

útil muito curta, a geração de calor e a mudança da qualidade da luz ao longo de sua

vida útil. Porém como o processo de registro fotográfico é rápido, dois dos fatores

negativos não tem tanta influência no processo, pois as lâmpadas ficam acesas por

pouco tempo, apenas para algumas fotos por obra, e assim elas não emitem tanto calor e

aumentam sua durabilidade. E o terceiro fator de desvantagem é suprido pelo método de

controle de cor, abordado posteriormente.

Grande parte das obras possui uma camada pictórica com vernizes, que geram

muitos reflexos (brilhos), visando diminuir esse problema, foram usados dois refletores

a 45° em relação a obra (variável em alguns casos), contendo cada um uma lâmpada

Photoflood Day-Light de 500 watts e cada refletor com um difusor.

Uma metodologia de iluminação bem aplicada poderá facilitar muito o trabalho

do fotógrafo, pois não precisara de grandes ajustes para obter uma boa iluminação das

obras. A iluminação descrita atende a perfeita iluminação de todas as variações de

dimensão da obras encontradas no acervo da instituição.

Fig.02 Lâmpada Photoflood Day

light

23

3.7.5 Cuidados com a Câmera e formatos de arquivo

Devido à aplicação da fotografia digital, grande parte do processo de

finalização da foto é realizada posteriormente no computador. No caso da metodologia

de registro fotográfico usado com as obras, grande parte do processo de calibração de

cor e outros atributos da fotografia, acontecem posteriormente. Houve uma preocupação

em conseguir imagens mais neutras possíveis, observando alguns cuidados muito úteis

com a câmera e os arquivos escolhidos. De inicio, deve-se zerar as configurações da

câmera fotográfica, principalmente o balanço de brancos e formatar o cartão de

memória sempre que for reutilizado. É imprescindível o bom estado de limpeza da lente

e a cada foto efetuar a limpeza do sensor da maquina. Caso a limpeza do sensor não seja

feita, as fotos correm o risco de sair com problemas visíveis. Algumas obras

apresentaram reflexos de luz, em muitos casos acaba sendo necessário o uso de um

filtro polarizador. Foi utilizado um tripé, o qual deve ser bem estável e com bons ajustes

de angulação.

Quanto ao arquivo foi utilizado o formato RAW, este formato de arquivo se

distingue basicamente do formato JPEG pela razão de que oferece um arquivo aberto e

com o máximo de informações disponíveis na captura da imagem. O formato JPEG de

uma câmera digital, basicamente, é uma imagem pronta, editada pelo próprio software

da câmera digital. Esta edição ocorre no balanceamento de brancos, cores, entre outros

fatores, já uma foto feita no formato RAW, não recebe o tratamento de imagem

automático do software da câmera digital, a foto permanece com todas as informações

registradas pela câmera. Este procedimento é indispensável para o registro de obra de

arte porque um foto em RAW tem muito mais possibilidades de adição em computador

do que a fotografia JPEG. A foto em arquivo RAW permite um controle de cor e

exposição com resultados mais próximos do real.

24

3.7.6 Controle de cor e balaço de branco

Os métodos antigos de registro fotográfico de obras utilizavam barras

cromáticas para que as fotos fossem editadas em laboratório, buscando uma reprodução

próxima das cores reais. Este método era basicamente de acerto e erro.

O método de controle de cor utilizado na digitalização do acervo esta longe de

ser um método de acerto e erro, pois foi utilizado um recente sistema de controle de cor,

conhecido como Color Cheke.

O Color Cheker consiste em um espectro de 24 cores, com baixa incidência de

reflexo, conforme figura abaixo:

As fotos foram efetuadas em formato RAW (descrito anteriormente), para cada

obra foi efetuada uma foto da obra e uma foto do Color Cheker sob a mesma condição

de luz.

Fig. 03 Barra cromática

Fig. 04 Color Cheker

25

Abrindo a imagem em um programa gratuito fornecido pela Adobe com o

nome de DNG Profile Editor, foi feito a

calibração da cor e o balanço de brancos.

O software identifica o espectro de cores fotografado junto à obra e calibra

automaticamente as cores das fotos feitas sob a mesma condição de iluminação. Esse

processo também faz o “balanço” de branco da imagem. Através desse processo técnico,

temos uma imagem com cores mais próximas possíveis da obra retratada.

Fig. 05 Antes e Depois de uma imagem

editada

26

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O projeto atingiu os objetivos propostos inicialmente, resultando no registro

digital completo das obras bidimensionais com suporte em madeira e tela. O acervo

agora conta com imagens frente e verso das obras e a atualização técnica de suas fichas

catalográficas.

As fotos de registro das obras foram compiladas em um DVD que contém os

arquivos digitais originais e um sistema de menu interativo para uso direto em

dispositivos leitores de DVD.

O menu conta com a classificação dos artistas por ordem alfabética, imagem da

obra (frente) e (verso) e suas respectivas informações técnicas. Será disponibilizada

uma cópia da mídia na biblioteca da EMBAP para consulta e cópias. A consulta ao

acervo será em breve disponibilizada digitalmente no portal da instituição. Abaixo

imagens do DVD:

Fig. 06 menu: autores ou comandos

Fig. 07 menu: seleção de autores por letra

27

Fig. 08 menu : autores

Fig. 09 menu: ficha técnica

Fig. 10 menu : imagem frente Fig. 11 menu : imagem verso

28

5. CONCLUSÕES

O acervo da Embap – Escola de Música e Belas Artes do Paraná passou por muitas

dificuldades ao longo dos anos em termos de localização, armazenamento, falta de

mobiliário, entre outras dificuldades, porém atualmente vem sendo trabalhado em

função da maior estabilização das obras, ações de conservação, compra de novos

mobiliários como: mapotecas, trainéis, armários deslizantes e uma melhor catalogação,

sendo que esta pesquisa trouxe a possibilidade de ter parte de seu acervo com as obras

de arte da técnica pintura registradas e digitalmente preservadas neste DVD

possibilitado maior acesso à comunidade acadêmica preservando as obras originais.

Atualmente o acervo possui uma sala específica para a reserva técnica, bem como

profissionais dedicados à conservação, além da direção e dos professores e

colaboradores que lutam pela sua manutenção e preservação.O presente trabalho foi

proposto para auxiliar nesse desenvolvimento através da atualização dos registros de

grande parte de suas obras bidimensionais relacionadas às técnicas de pintura em

suporte tela e madeira. Comum a todas as pesquisas, principalmente às pesquisas de

maior cunho prático as dificuldades foram encontradas e solucionadas. Esta pesquisa

visou trazer benefícios não só para a reserva técnica, mas também para o meio

acadêmico e pesquisadores em geral das artes, com a disponibilização digital das

imagens em DVD a ser disponibilizado na biblioteca da Embap e possivelmente no site

da instituição. Esta pesquisa buscou além da melhoria das imagens e informações

textuais da catalogação do acervo da Embap, visou à formatação deste DVD em prol da

preservação física deste acervo para proporcionar mais uma opção de pesquisa, sendo

que um dos principais papéis do patrimônio cultural é a difusão e o acesso à informação

cultural presentes neste belíssimo acervo.

29

6. BIBLIOGRAFIA

ACADEMIA Brasileira de Letras.Dicionário da Língua Portuguesa.São

Paulo: Companhia ED. Nacional, 2008.

BETHANIA, Reis Veloso.Conservação-restauração de papel.Minas

Gerais: UFMG, 2006. Tese de Mestrado

BUSNARDO, Vivian L.. Orientação sobre a Conservação de Obras de

Arte Bidimensionais do Século XX Depositadas em Suporte

Papel.Curitiba,2000.Monografia de Pós Graduação.

CARVALHO, Rosane M. R. de.As Transformações da Relação Museu

e Público sob a Influência das Tecnologias da Informação. Revista

MUSAS n2. Curitiba, 2004

CHILVERS, Ian.Dicionário Oxford de Arte.São Paulo: Ed. Martins

Fontes.2001

MENDES, Marylka[ET AL]. Conservaçao, conceitos e prática. Rio de

Janeiro: Editora UFRJ, 2001

VILLEGAS, Alex.O Controle da Cor.Santa Catarina: Ed. Photos,2009.

BERNS Roy S..High-Accuracy Digital Imaging of Cultural

Heritage without Visual Editing.New York: RIT Munsell Color Science

Laboratory Rochester,2005.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Normas Para Apresentação de

Trabalhos. 2.ed. Curitiba: Editora da UFPR; 2007

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7. ANEXOS