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) J«_ntfl_í ASSIGNÀTURA ANNUAL Bra*il 5$O00 PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS DIAS 1 B IS DE CADA MEZ II P__niODICO f-VOLUCIOlílSl 1 ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRA ASSIGNÀTURA ÀiíNU-U- Extrangeir© 6$000 PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 D CADA M___ Toda wrrespondeneia deve ser dirigida a ALFREDO PEREIRA Rua da Alfândega n. 342. Aiano XIV l-razil Rio de Janeiro lSf)Q __£o«to I M. S9« EXPEDIENTE Com o fim de evitar enganos e «omf_sOei e porque so tôm elles repetido, levamos* ao conhecimento de todos os interes-ados quo a Federação Spirita Brazileira e o Centro «la União Spirita de Propaganda no Bra.il «fio associações autônomas e independeu- tou entre si. Funcionando embora no mesmo prédio, •o bom que em paviinentos diflerentes, ¦ia. em perfeita cordialidade de relações, wmo oonvem entre irmftos um mesmo crodo, releva ponderar que uma e outra tem existência própria, regem-se por esta- tutos difTerentes e proveem ás suas res- pectivas administrações de um modo in- teiramente independente. Fazemos esta declaração —repetimos— apenas por uma questão de boa ordem, para evitar enganos e contusões que se tOm repetido, e o'fazemos por este meio por nos fallecer tempo para responder no- minalmente a consultas que também nos tOm «ido dirigidas. ¦s No intuito de ampliar a circulação da nossa folba e desenvolver concomitante- mente a propaganda da doutrina de que 6 orgfto, continuamos a proporcionar ás pes- soas, que se dignarem amparar-nos com o _eu eonourso para esse fim, as seguintes. VANTAGENS A quem angariar 10 assignaturas, eu- viando-nos o respectivo producto, offerta- remos, como valioso brinde, um bem tra- balbado retiato de Allan Kardec e um exemplar da brochura O que é o spiritis- mot Quem obtiver 5 assignaturas, nas mes- mas condições, receberá o mesmo rotrato do Mestre, que ô um bello trabalho de um hábil artista e que fizemos reproduzir sobre bom papel. As assignaturas começam em Janeiro e terminam em 31 de Dezembro. As pessoas que assignarem no decurso do anno terfto direito aos números ja pu- içados. Continuam a ser nossos agentes, nos se- guiutes logares: Amazonas—O Sr. Bernardo Rodrigues de Almeida, em Manâos. Pará—O Sr. José Maria da Silva Bastos, em Belém, rua da Gloria n. 42. Rio Grande do Norte—O Sr. Fortu- uato Rufino Aranha, no Natal. Parahyba—O Sr. Emiliano Rodrigues Pereira, na capital. Pernambuco—O Sr. Theodomiro Du- arte, no Recife, rua Primeiro de Março n. 7. Alagoas—O Sr. João Nunes dos Santos, em Maceió. Bahia—O Sr. Francisco Xavier Vieira Gomes, na Cachoeira. O Sr. Manoel Ferreira Villas Boas em S. Salvador, rua de Santa Barbara n. 114. Rio de Janeiro O Sr. Júlio Feydit, em Campos, rua Visconde do Rio Branco n. 36. O Sr. Primo José Roque, em Lage de Muriahé. S. Paulo—O Sr. Antônio Gonçalves da Silva Batuira, na capital, rua da Indepen- dencia n. 6. O Sr. Benedieto Jos<3 de Souza Junior— em Santos, rua Xavier da Silveira n. 128 PakanA—O Sr. Jofto Moaes Pereira Go- mes, em Paranaguá. Matto Grosso—O Sr. Flavio Creootwi- cio da Mattos, em Cuyabá. Presentimentos spiritas Frederico Schlegel, combatendo os erros da metempsycose indica, diz : «Seu lado são e o elemento de ver- dade que ella encerra, è o sentimento innato no coração do homem de que, uma vez atirados para longe de Deus, temos que subir longa, penivel e rude escarpa, e soffrer duras provas, afim de aproximarmo-nos da fonte única de todo o bem. «A isto é preciso ajuntar a convic- ção intima e a firme certeza de que ninguém penetrará no reino puro da soberana perfeição sem estar limpo das impurezas e das máculas terrestres, e que portanto nossa alma, essa subs- tancia immortal, não se reunirá a Deus sem que se purifique e desfarte se eleve a uma perfeição progressiva e su- perior.» O pensamento do profundo philoso- pho transluz n'esta expressão—perfei- ção progressiva e superior. Progressiva, quer dizer sempre crês- cente ; superior, designa um grau de summa elevação. A perfeição humana na vida corpo- rea, embora se eleve progressivamente, porque tudo progride no universo, che- gará para subirmos a escarpa, para penetrarmos no reino puro da soberana perfeição, para limparmo-nos das impu- rezas e das máculas terrestres, para nossa alma reunir-se a Deus ? Schlegel responde : «Cá embaixo, não ha para o homem senão a esperança : a via necessária é longa e penivel, e elle não a vence se- não amasso lento e succesiivo, não po- dendo, embora empregue todo o esfor- *ço, galgal-a de nm salto, ou evital-a.> Se, pois, na vida corporea (cá em- baixo) não ha para o homem senão a esperança ; o que quer dizer—não con- segue elle fazer o progresso preciso para elevar-se á perfeição superior ; é obvio que o philosopho considera esta vida um passo na via longa e penivel que leva aquella perfeição. Duas altas idéas spiritas, hoje revê- ladas ao mundo, e n'aquelle tempo des- cenhecidas do mundo : Primeira, o progresso indefinido do espirito para a perfeição, que é o des- tino humano. Ora, este pensamento, esta idéa de , Sclilegel é um presentimento da verda- de spirita, tanto mais accentuado quan- to em seu tempo dominava toda a ter- ra o ensino da egreja romana que limi- ta a esta vida, única, toda a perfeição possível ao homem, cujo destino é pe- remptoria _ eternamente definido com a morte. Schlegel. pois, dizendo que o homem (a alma) não pode evitar a aseensão para Deus, nem fazel-a de um salto, exprime o opposto do que ensina a egreja romana, e precisamente o que nos é revelado pelo spiritismo : o pro- gresso, sem termo, do espirito para a perfeição. Foi unvverdadeiro presentimento ! Segunda, o progresso indefinido do espirito para a perfeição, por meio de vidas suecessivas. Como entender-se aquella expressão: a via necessária (para chegar-se á per- feição) é longa e penivel, e elle não a vence senão a passo lento e suecessivo, iiao podendo, embora empregue todo o esforço, galgal-a de um salto ? Embora empregue todo o esforço, ninguém se lava de suas impurezas e de suas máculas de ura salto, e sim a pas- so lento e suecessivo. O que quer dizer passo lento e sue- cessivo ? Não ha quem conhecendo a lei das vidas suecessivas, não traduza aquellas palavras pelo modo spirita, mesmo por- que, a não ser por este modo, ellas não tèm sentido, são simplesiflatus cogís, o que é indigno de tão profundo pensa- dor. Schlegel, portanto, arrancou do es- curo lago da velha ignorância, as duas pérolas da nova revelação : perfectibi- lidade sem fim, progresso realizado em vidas suecessivas solidárias. Louvemos a Deus, que rompe as nossas trevas com os raios de sua divi- na luz ! NOTICIAS Gcethe, o celebre sábio allemão cria que, mesmo inconscientemente, podemos receber aviso do mundo invi- sivel para guiar-nos na vida. Lemos em suas Memórias : No anno em que fui viver em Stras- burgo, devia por ahi passar a archi- duqueza da Áustria, Maria Antonieta, indo para Paris, o que deu logar a longas ferias para os estudantes. Nós nos aproveitamos d'isso para ir ver os preparativos das festas com que fa- -iam lembrar-se o povo de haver ainda n'este mundo altos e poderosos perso- nagens. Em uma das ilhas do Rheno, entre as duas pontes, tinham levantado um edifício, no qual a joven princeza devia ser entregue aos embaixadores de seu esposo. Esse edifício se compunha de uma sala bastante grande, duas outras menores e muitas câmaras lateraes. Se fosse mais souidamente construido ,se- ria um encanltador pavilhão de estio em um parque principesco. Eu ia ahi muitas vezes afim de admirar as tapes- sarias que guarneciam as duas salas § as câmaras lateraes. Era a primeira vez que eu via essas celebres tapessa- rias tecidas segundo desenhos de Ea- phael, cuja perfeição então me foi dado ajuizar. Deu-se, porem, o contrario com a sala grande ; lançando os olhos sobre suas esplendidas decorações, eu esque- ci-me da belleza do trabalho, pela in- dignação que em mim despertou a escolha dos assumptos ahi represen- tados. Eram a imitação de alguns qua- dros dos melhores mestres franceaes, mas referindo-se á historia de Jason Medéa e Creusa. A' direita do throno, se via a infeliz noiva entregue a todas as angustias de uma morte cruel; i es- querda, Jason horrorisado á vista de seus filhos degolados, ao passo que a fúria se eleva aos ares em um corvo inflammado. Taes assumptos me pareciam pouco em harmonia com as circumstancias, e eu bradei: Como ! E' no momento em que a joven princeza vai calcar o solo do paiz de seu futuro esposo que se lhe apresenta a imagem das bodas mais atrozes que se pode imaginar! Os ar- chitectos, os decoradores francezes, ig- noram que os quadros têm um sentido, que elles impressionam o espirito e despertam ir alma presentimentos ? Meus camaradas me criticaram, dizen- do que* esses quadros eram simples or- namentos, e que uma phautasia ""'muito bizarra nellespodia verallusões. Quando soubemos dos desastres que se deram em Paris por occasião do casamento de Maria Antonietta, as tapessarias com que lhe haviam deco- radp seu throno em Strasburgo não íi- caram sendo a meus olhos mais que os prognósticos d'essa catastrophe. Em suas Mcmorkis conta elle o se- guinte : Quando meu avô era ainda um dos jovens magistrados de Francfort so- nhou que se achava em sessão e qeu via um dos escrivães se levantar o convidal-o para ir oecupar o seu logar. No dia immediato, ferido de uma apo- plexia fulminante, esse escrivão falle- ceu, e meu avô profundamente con- victo de que seria nomeado, fez todos os preparativos para sua posse, que se verificou logo. Quando falleceu o pre- boste da cidade teve ainda elle uma visão semelhante. Foi tão grande o empenho que mostrava o senado na substituição do finado, que de noite teve o empregado de percorrer a ei- dade toda avisando os membros da junta para comparecerem no dia imme- l'\*. j.*-\:.

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J«_ntfl_í

ASSIGNÀTURA ANNUALBra*il 5$O00

PAGAMENTO ADIANTADO

PUBLICA-SE NOS DIAS 1 B IS DECADA MEZ

IIP__niODICO f-VOLUCIOlílSl 1

ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRA

ASSIGNÀTURA ÀiíNU-U-Extrangeir© 6$000

PAGAMENTO ADIANTADO

PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DCADA M___

Toda wrrespondeneia deve ser dirigida a ALFREDO PEREIRA — Rua da Alfândega n. 342.

Aiano XIV l-razil — Rio de Janeiro — lSf)Q — __£o«to I M. S9«

EXPEDIENTE

Com o fim de evitar enganos e «omf_sOeie porque so tôm elles repetido, levamos* aoconhecimento de todos os interes-ados quoa Federação Spirita Brazileira e o Centro«la União Spirita de Propaganda no Bra.il«fio associações autônomas e independeu-tou entre si.

Funcionando embora no mesmo prédio,•o bom que em paviinentos diflerentes,¦ia. em perfeita cordialidade de relações,wmo oonvem entre irmftos d» um mesmocrodo, releva ponderar que uma e outratem existência própria, regem-se por esta-tutos difTerentes e proveem ás suas res-pectivas administrações de um modo in-teiramente independente.

Fazemos esta declaração —repetimos—apenas por uma questão de boa ordem,para evitar enganos e contusões que setOm repetido, e o'fazemos por este meiopor nos fallecer tempo para responder no-minalmente a consultas que também nostOm «ido dirigidas.

¦s No intuito de ampliar a circulação danossa folba e desenvolver concomitante-mente a propaganda da doutrina de que 6orgfto, continuamos a proporcionar ás pes-soas, que se dignarem amparar-nos com o_eu eonourso para esse fim, as seguintes.

VANTAGENSA quem angariar 10 assignaturas, eu-

viando-nos o respectivo producto, offerta-remos, como valioso brinde, um bem tra-balbado retiato de Allan Kardec e umexemplar da brochura O que é o spiritis-mot

Quem obtiver 5 assignaturas, nas mes-mas condições, receberá o mesmo rotratodo Mestre, que ô um bello trabalho de umhábil artista e que fizemos reproduzir sobrebom papel.

As assignaturas começam em Janeiro eterminam em 31 de Dezembro.

As pessoas que assignarem no decursodo anno terfto direito aos números ja pu-içados.

Continuam a ser nossos agentes, nos se-guiutes logares:

Amazonas—O Sr. Bernardo Rodriguesde Almeida, em Manâos.

Pará—O Sr. José Maria da Silva Bastos,em Belém, rua da Gloria n. 42.

Rio Grande do Norte—O Sr. Fortu-uato Rufino Aranha, no Natal.

Parahyba—O Sr. Emiliano RodriguesPereira, na capital.

Pernambuco—O Sr. Theodomiro Du-arte, no Recife, rua Primeiro de Marçon. 7.

Alagoas—O Sr. João Nunes dos Santos,em Maceió.

Bahia—O Sr. Francisco Xavier VieiraGomes, na Cachoeira.

O Sr. Manoel Ferreira Villas Boas emS. Salvador, rua de Santa Barbara n. 114.

Rio de Janeiro — O Sr. Júlio Feydit,em Campos, rua Visconde do Rio Brancon. 36.

O Sr. Primo José Roque, em Lage deMuriahé.

S. Paulo—O Sr. Antônio Gonçalves daSilva Batuira, na capital, rua da Indepen-dencia n. 6.

O Sr. Benedieto Jos<3 de Souza Junior—em Santos, rua Xavier da Silveira n. 128

PakanA—O Sr. Jofto Moaes Pereira Go-mes, em Paranaguá.

Matto Grosso—O Sr. Flavio Creootwi-cio da Mattos, em Cuyabá.

Presentimentos spiritas

Frederico Schlegel, combatendo oserros da metempsycose indica, diz :

«Seu lado são e o elemento de ver-dade que ella encerra, è o sentimentoinnato no coração do homem de que,uma vez atirados para longe de Deus,temos que subir longa, penivel e rudeescarpa, e soffrer duras provas, afimde aproximarmo-nos da fonte única detodo o bem.

«A isto é preciso ajuntar a convic-ção intima e a firme certeza de queninguém penetrará no reino puro dasoberana perfeição sem estar limpodas impurezas e das máculas terrestres,e que portanto nossa alma, essa subs-tancia immortal, não se reunirá a Deussem que se purifique e desfarte seeleve a uma perfeição progressiva e su-perior.»

O pensamento do profundo philoso-pho transluz n'esta expressão—perfei-ção progressiva e superior.

Progressiva, quer dizer sempre crês-cente ; superior, designa um grau desumma elevação.

A perfeição humana na vida corpo-rea, embora se eleve progressivamente,porque tudo progride no universo, che-gará para subirmos a escarpa, parapenetrarmos no reino puro da soberanaperfeição, para limparmo-nos das impu-rezas e das máculas terrestres, paranossa alma reunir-se a Deus ?

Schlegel responde :«Cá embaixo, não ha para o homem

senão a esperança : a via necessária élonga e penivel, e elle não a vence se-não amasso lento e succesiivo, não po-dendo, embora empregue todo o esfor-

*ço, galgal-a de nm salto, ou evital-a.>Se, pois, na vida corporea (cá em-

baixo) não ha para o homem senão aesperança ; o que quer dizer—não con-segue elle fazer o progresso precisopara elevar-se á perfeição superior ; éobvio que o philosopho considera estavida um passo na via longa e penivelque leva aquella perfeição.

Duas altas idéas spiritas, hoje revê-ladas ao mundo, e n'aquelle tempo des-cenhecidas do mundo :

Primeira, o progresso indefinido doespirito para a perfeição, que é o des-tino humano.

Ora, este pensamento, esta idéa de ,Sclilegel é um presentimento da verda-

de spirita, tanto mais accentuado quan-to em seu tempo dominava toda a ter-ra o ensino da egreja romana que limi-ta a esta vida, única, toda a perfeiçãopossível ao homem, cujo destino é pe-remptoria _ eternamente definido coma morte.

Schlegel. pois, dizendo que o homem(a alma) não pode evitar a aseensãopara Deus, nem fazel-a de um salto,exprime o opposto do que ensina aegreja romana, e precisamente o quenos é revelado pelo spiritismo : o pro-gresso, sem termo, do espirito para aperfeição.

Foi unvverdadeiro presentimento !Segunda, o progresso indefinido do

espirito para a perfeição, por meio devidas suecessivas.

Como entender-se aquella expressão:a via necessária (para chegar-se á per-feição) é longa e penivel, e elle não avence senão a passo lento e suecessivo,iiao podendo, embora empregue todo oesforço, galgal-a de um salto ?

Embora empregue todo o esforço,ninguém se lava de suas impurezas e desuas máculas de ura salto, e sim a pas-so lento e suecessivo.

O que quer dizer passo lento e sue-cessivo ?

Não ha quem conhecendo a lei dasvidas suecessivas, não traduza aquellaspalavras pelo modo spirita, mesmo por-que, a não ser por este modo, ellas nãotèm sentido, são simplesiflatus cogís, oque é indigno de tão profundo pensa-dor.

Schlegel, portanto, arrancou do es-curo lago da velha ignorância, as duaspérolas da nova revelação : perfectibi-lidade sem fim, progresso realizado emvidas suecessivas solidárias.

Louvemos a Deus, que rompe asnossas trevas com os raios de sua divi-na luz !

NOTICIAS

Gcethe, o celebre sábio allemãocria que, mesmo inconscientemente,podemos receber aviso do mundo invi-sivel para guiar-nos na vida. Lemosem suas Memórias :

No anno em que fui viver em Stras-burgo, devia por ahi passar a archi-duqueza da Áustria, Maria Antonieta,indo para Paris, o que deu logar alongas ferias para os estudantes. Nósnos aproveitamos d'isso para ir ver ospreparativos das festas com que fa--iam lembrar-se o povo de haver ainda

n'este mundo altos e poderosos perso-nagens.

Em uma das ilhas do Rheno, entreas duas pontes, tinham levantado umedifício, no qual a joven princeza deviaser entregue aos embaixadores de seuesposo. Esse edifício se compunha deuma sala bastante grande, duas outrasmenores e muitas câmaras lateraes. Sefosse mais souidamente construido ,se-ria um encanltador pavilhão de estioem um parque principesco. Eu ia ahimuitas vezes afim de admirar as tapes-sarias que guarneciam as duas salas §as câmaras lateraes. Era a primeiravez que eu via essas celebres tapessa-rias tecidas segundo desenhos de Ea-phael, cuja perfeição então me foi dadoajuizar.

Deu-se, porem, o contrario com asala grande ; lançando os olhos sobresuas esplendidas decorações, eu esque-ci-me da belleza do trabalho, pela in-dignação que em mim despertou a máescolha dos assumptos ahi represen-tados. Eram a imitação de alguns qua-dros dos melhores mestres franceaes,mas referindo-se á historia de JasonMedéa e Creusa. A' direita do throno,se via a infeliz noiva entregue a todasas angustias de uma morte cruel; i es-querda, Jason horrorisado á vista deseus filhos degolados, ao passo que afúria se eleva aos ares em um corvoinflammado.

Taes assumptos me pareciam poucoem harmonia com as circumstancias, eeu bradei: Como ! E' no momento emque a joven princeza vai calcar o solodo paiz de seu futuro esposo que se lheapresenta a imagem das bodas maisatrozes que se pode imaginar! Os ar-chitectos, os decoradores francezes, ig-noram que os quadros têm um sentido,que elles impressionam o espirito edespertam ir alma presentimentos ?Meus camaradas me criticaram, dizen-do que* esses quadros eram simples or-namentos, e que só uma phautasia""'muito bizarra nellespodia verallusões.

Quando soubemos dos desastres quese deram em Paris por occasião docasamento de Maria Antonietta, astapessarias com que lhe haviam deco-radp seu throno em Strasburgo não íi-caram sendo a meus olhos mais que osprognósticos d'essa catastrophe.

Em suas Mcmorkis conta elle o se-guinte :

Quando meu avô era ainda um dosjovens magistrados de Francfort so-nhou que se achava em sessão e qeuvia um dos escrivães se levantar oconvidal-o para ir oecupar o seu logar.No dia immediato, ferido de uma apo-plexia fulminante, esse escrivão falle-ceu, e meu avô profundamente con-victo de que seria nomeado, fez todosos preparativos para sua posse, que severificou logo. Quando falleceu o pre-boste da cidade teve ainda elle umavisão semelhante. Foi tão grande oempenho que mostrava o senado nasubstituição do finado, que de noiteteve o empregado de percorrer a ei-dade toda avisando os membros dajunta para comparecerem no dia imme-

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diafo. Ao chegar á casa de meu avó, oempregado pediu uma nova torcidapara a sua lanterna que se estava ex-tinguindo. Dai-lhe tudo, disse meuavô, pois elle está trabalhando paramini. No dia seguinte elle era eleitopreboste.

Quando eu podia folhear'seus livrosde notas encontrava muitas vezesentre outras referentes a factos diver-sos as seguintes observações : Estanoite elle yeiíi me ver ; elle me disseetc. Os nomes e as revelações eramescriptos em caracteres inintelligiveispara mim.

O que havia de mais extraordinárioera que pessoas que não possuíam ai-guina faculdade adivinhatoria em qual-quer outra circiiiiisíancia possuiaiii-n"aquando viviam ua atmosphera delle. Noentretanto elle não transmittiu essafaculdade a algum dos seus desceu-dentes.

Ainda de Goethe:Ao saliir da villa de Sesenlieim,

viajando triste por ahi deixar uma jo-ven formosa por quem sentia profundasympathia, Guethe conta ter tido umavisão que elle não ponde explicar: Elleviu, não com os olhos da carne, masna mente, um cavalheiro muito pare-CidÓ com elle mesmo, um outro elletrajando um vestido agaloado e seguiu-do um rumo opposto ao seu. isto é. di-rigindo-se para a villa. Oito annosmais tarde elle, se achou percorrendoa mesma estrada em direcção á villade Sesenlieim. e trajaudo as roupascomo elle havia visto o seu duplo.

Diz elle : pensem o (pie quizerem ;essa visão me paveeeu prophetiòa en'ella eu tive unia animação, a couvic-ção de que tornaria a ver aqueila queeu amava e a coragem para luçtaícom a saudade.

Era suas Viagens á Itália contaelle :

Passou-se o dia de hontem sem po-dermos entrar no golpho de Nápoles.Nosso navio, longe de seguir a direcçãodo cabo Minerva, d'ella se afastavapara aproximar-se da ilha de Capri,o que contrariava a todos os passa-geiroSi O cabo Minerva e as montanhasque a elle se ligam se tinham ador-nado das mais vivas e variadas cores,ao passo que os rochedos da costa me-ridiÓnal já se cobriam de tinturasazuladas.

Uma immensa nuvem de fumo pai-rava acima do Vesuvio e descrevia noar uma longa faixa vapurosa, presagiocerto de violenta erupção. A' nossaesquerda a ilha de Capri e seus ro-chedos a pique, cujas formas bizarrasse desenhavam atravez do transparentevapor azul que os envolvia ; depois, sobo céo sem nuvens, brilhava a super-íicie im movei do mar, pois no ar nãosenotava a mais leve viração.

Lamentando que a arte não tenhacores para representar essa harmonia,e que a mão a mais hábil não possareproduzir a pureza d'essas linhas,Kniep, cedendo ao meu pedido, esboçouum quadro (pie, se mais tarde o colo-rido corresponder ao desenho, provaráque nas artes plásticas o impossível setorna possível.

A passagem da tarde á noite não foimenos attentamente examinada pornós. Apenas a ilha de Capri foi com-pletamente envolvida pelas trevas,acima do Vesuvio a nuvem de fumo esua longa faixa espontaneamente se in-flammaram e espalharam na atmosphe-ra uma claridade deslumbrante, seine-lhante á dos relâmpagos que, sem serseguidos de trovões, rasgam as nuvens,eonvertendo-as em um oceano de fogo.O prazer que sentíamos observandoessas scehas imponentes nos tinha im-pedido de notar que todos a bordo es-tàvarii inquietos e mesmo perturbados.

Bem depressa os passageiros, per-dendo toda a moderação, altamenteaceusaram ao capitão de os haver, porsua inhabilidarte o inexperiência, ex-posto a uni perigo imminente. Eu per-guutei então o (pie se podia temer coraum tempo tão tranqnilló e um mar tãocalmo, e soube (pie era precisamenteessa calma que, se se prolongasse, cáu-saria a nossa perda.

() capitão coramettera a imprudênciade se aproximar das correntes forma-das por um dos rochedos da ilha Capri,que lentamente, mas com uma forçairresistível, attrahem mesmo os maio-res navios contra o rochedo, onde ellesinfallivelmente se despedaçam semdeixar aos náufragos a fraca esperançade-se salvar a nado, porque as praiasda ilha são de tal modo eriçadas de ro-chedos abruptos, que, é impossível ahitomar-se pé. O mais ligeiro vento ter-nos-hia afastado dessas correntes ; acalma chata nos abandonava ao seu do-minio. Eu fiquei horrorizado ouvindoisso, porque o navio, cujo jogo ia sem-pre augmentando, se aproximava cadavez mais do rochedo.

Todos os passageiros entravam notombadilho; as mulheres e as criançasgrifavam e choravam; os homens jura-vsun e propunham os mais bizarrosmeios de salvação; todos carregavamde exprobações apaixonadas o infelizcapitão, (pie guardava um momo silen-cio e parecia pensar nos meios de des-viar a eatastroplie que nos ameaçava.

A anarchia foi sempre a meus olhosum mal maior que a morte; e eu nãopude deixar de dizer aos companheiros:

«Pensai que com essas queixas e re-eliminações fazeis perder a cabeça aoúnico homem que talvez nos possasalvar, se secundarmos seus esforçoscom zelo e submissão. Evós, senhoras,cessai essa gritaria insensata, dirigi-vos á mãe de Deus, pedi que inter-venha junto de seu filho, afim de que ellefaça por nós o que fez outr'ora por seusdiscípulos no lago de Tiberiade. Quan-do as vagas estavam a ponto de fazersossobrar a barca, elle, o Senhor, dor-mia ; mas despertado pelo clamor dosseus, ordenou que a tempestade seacalmasse, como elle pode agora mau-dar que o vento sopre e nos afaste dosrochedos onde a morte nos espera».

No mesmo instante as mulheres seprostraram recitando com febril fervor,piedosas litanias, e os homens se jun-taram á equipagem para executar umamanobra que o capitão acabava de or-denar e da qual esperávamos feliz re-sultado. Uma canoa, presa ao navio porgrosso cabo, tinha sido lançada ao mar,e os marinheiros n'ella embarcados re-mavam com toda força afim de afastar-nos da corrente. Já, com effeito, algu-ma coisa se ia conseguindo quando acorda, semelhante a um chicote vibra-do para ferir um objecto qualquer, des-creveu um semi-circulo, e a canoa foilançada contra o íianco do navio. Per-dida essa ultima esperança, as precese os gritos recomeçaram com uma ener-gia que só o desespero podia inspirar.

Não nos restava mesmo o consolo deduvidar da imminencia do perigo, poisos marinheiros acabavam de lançarmão de longas varas para impedir,quanto possível, o choque do navio con-tra os rochedos.

Os gritos e os soluços redobravam, eo balanço do navio era cada vez maissensível, a ponto de eu não poder con-servar-me de pé no tombadilho. Doini-nado pelo enjôo, desci para o beliche edeitei-me. Eu não sentia desesperonem terror, mas experimentava umasensação agradável, que eu só possoattribuir á lembrança do lago de Tibe-riade, porque a gravura que na Bíbliaillustrada de Merian representa es3emilagre se desenhava muito distineta-mente ante meus olhos fechados.

Não sei quanto tempo estive mergu-lhado nesse meio somno, do qual fuitirado por um grande ruido (pie faziam

no tombadilho e que eu só podia attri-buir a manobras. Alguma coisa medizia que o vento chegara emfim e queabriam as velas. Kniep veiu então di-zer-rae o que ou já sabia. Estávamoslivres das correntes de Capri.

C20.1TKO DA Vli lio

S p i ri í, a d e Pro p n ga n d ano B raz íl•V,\T>.U>0 UJI 3 DE OUTUBRO DE 1881

CONGRESSO 3PJR1TA DOBKAZJL

O CENTRO 1-: TODAS AS AGREMIAÇÕES DT-LIADAS QUE FONCCIONAM -NO BRAZILADQUIRIRAM CAPACIDADE JURÍDICA E

PODEM EXERCER TODOS OS ACTOS EDIREITOS CIVIS.

Aos Spiritas do BrazilC. S. 428. (No 1? copiador folhas

221 e 222). Rio de Janeiro, 1 da Agos-to de 1896.

A Directoria Central, na sessão se-manai n. 48, realizada hoje, tomandoem consideração a deliberação appro-vatla na sessão ordinária n? 812 doCongresso Spirita do Brazil, compostodos representantes de todas as socieda-des, grupos e jornaes spiritas que exis-tem no território do Brazil e estão íi-liados ou representados perante o Ceu-tro, e em cumprimento dos estatutosvem solicitar o valioso concurso de to-dos o? spiritas, afim de consagrar-se aodesempenho da elevada missão de for-tificar os laços de solidariedade frater-nal da Familia Spirita Brazileira paraligal-a á Familia Spirita Universal,empregando os meios compatíveis comfim tão santo, do qual resultará o pro-gresso moral da humanidade, a frater-nidade e a paz universal sob o lemma :Deus—Amor—Liberdade.

Actualmente, nos parece que o meiomais efficaz é propagar-se a philoso-phia spirita, synthese da religião e dasciencia (o spiritismo não é um fim,mas um meio para regenerar os nossosirmãos atrazados).

Sendo o Brazil um paiz atrazadissi-mo sob o ponto de vista moral, nós,os spiritas, que não devemos nos dei-xar dominar pelos partidos pseudo-po-liticos, podemos nos consagrar ao de-senvolvimento do spiritismo, auxilian-do o Congresso Spirita Permanente,inaugurando ura centro spirita em ca-da Estado e um conselho spirita emcada município do Brazil (artigos 1, 8e 10), os quaes estudando e auxiliandotodas as agremiações de suas jurisdiçõessem as tolher em sua autonomia, pode-rão unir todos os spiritas pelo amor esolidariedade moral, ainda que divir-jam na interpretação de algum ponto

'§,

poderão discutir com sinceridade, semnunca censurarera-se (art. 8 § 9 e art.18 § 10).

Na terra não ha espirito incarnadoinfallivel nem quem possua a verdadeabsoluta. Podemos estar no erro ou es-tar de posse da verdade relativa, se-gundo o momento histórico em que nosachamos.

Se estamos no erro e os estatuto»que vos reraettemos não correspondem,na vossa opinião, ao fira que almejamos,em nome de Deus nosso Paterno Pae deAmor e em testemunho de solidaria-dade spirita, dignai-vos enviar-nos osvossos conselhos e indicai-nos quaes asmodificações que devemos fazer nos es-tatutos.

Se, segundo o tosso modo de pensar,os meios que queremos empregar estãode accordo com o fim divino da missão

spirita, dignai-vos enviar-nos os vossosconselhos e responder-nos á seguinteconsulta : (1)

V. Quereis dar-nos a vossa definição:O que é o spiritismo? Desejamos quenão se preoccnpem com a definição queestá impressa na capa dos estatutos ;2? Quereis nos informar quaes as so-ciedades e grupos spiritas que tendesnoticia de que existem e existiram noBrazil e em Portugal, a data da instai-lação e os nomes dos íhndadores e dossócios ; os jornaes e obras spiritas, adata da publicação e os nomes dos auc-tores ? As noticias serão colleccionadasem um livro, edição de dez mil exem-plares ;

3? Podeis desempenhar a missão deconvidar as agremiações spiritas paranomearem cinco representantes paraconstituírem o conselho spirita do mu-nicipio e um centro spirita do Estado,e três representantes (podendo escolherd'entre os spiritas residentes aqui n'es-ta capital) para tomarem parte nas ses-soes ordinárias do Congresso Spirita doBrazil, afim de prepararem os traba-lhos que serão apresentados nas sessõesextraordinárias do congresso que serãoinauguradas solennemente em 28 deAgosto de 1897 ? Para facilitar a vindados directores e representantes espe-ciaes e extranumerarios das agremia-ções de todas as cidades do Brazil,afim de estudarem os assumptos impor-tantes para o spiritismo, pretendemosobter grande reducção nas passagensnos vapores e estradas de ferro para osmembros do congresso, como obtiveramos organizadores dos diversos congres-sos spiritas da Europa ;

4Y. Quereis nos auxiliar na organiza-ção de um catalogo spirita das obras,trabalhos e jornaes de todo o mundo,para irmos fazendo acquisição, afim defigurarem na 2? exposição spirita doBrazil, que será inaugurada em 28 deAgosto de 1897 ? Aqueilas obras, quenão houverem á venda e nos forem em-prestadas restituiremos logo qne se en-cerre a exposição e todas as despezascorrerão por conta da União Spirita ;

5? Podeis nos auxiliar na acquisiçãode um edifício para o spiritismo nacapital do Brazil, e em seguida de umem cada Estado ?

Todos os donativos serão publicadosmenos os nomes doe que ainda nã©quizerem apparecer como spiritas, osquaes poderão adoptar um pseudonymo,communicando-nos eu reserva os seusnomes.

Saudámos, em nome da Familia Spi-rita Universal, aos spiritas do Brazil.

A. Directoria Central

(Art. 18 § 16.)

Directores effectivos :

Antônio Pinheiro Guedes, medico.Augusto Elias da Silva.Angeli Torteroli, professor.Carlos Joaquim de Lima e Cirne.Domingos Monteregalo.Ernesto dos Santos Silva, advogado.João Gurgel do Amaral Valente.José Antônio Vai de Vez.Jusé de Gouvêa Mendonça.José de Maia Barreto, medico.Júlio César Leal.Manoel Joaquim Moreira Maximiuo.Directores honorários.Antônio Luiz de Araújo Barres, ad-

vogado.João Climaco Lobado, magistrado.Manoel Fernandes Figueira.Victor Antônio Vieira.Não estão incluídos os nomes de

deis directores que obtiveram licençae foram dispensados por diversos impe-dimentos.

(1) Toda a correspondência dsve .ser di-rígida fl Directoria Central do CongressoSpirita do Braail, rua da Alfândega n..'i42 (1\ audar).

I£t;FOI*M \»0K--1$»0--- Agosto 1

FACTOSCommunica-nos pessoa respeitável,

que não pertence á grey spirita :«Interroguei a um médium vidente

desde quando possuía aquella faculdade.Respondeu-me : desde a sabida do

XJranus.Pedi-lhe explicação, e elle contou-

me o seguinte :Achava-me ferido na cabeça por uma

bala, mas havendo pouca gente a bordo,fui chamado a fazer quarto no lemecom mais dois companheiros, um denome Manoel Joaquim, outro conhecidopelo apellido de Perigo.

Estava eu no tombadilho, emquantoáquelles dois se achavam ao leme, queeu via de cima.

Terminado o meu quarto, veiu ren-der-me o Fortes, que me perguntouquem estava ao leme.

Respondi-lhe que Manoel Joaquim ePerigo.

Era sobre a madrugada, e Fortes,não vendo senão Perigo, retorquiu-me :ao leme só está Perigo.

Procurando-se saber como eu viadois e elle não via senão um, encon-trou-se Manoel Joaquim espatifado dolado de boreste.'

D'ahi conclui que era seu espiritomaterializado que eu via ao lado do«empanheiro no leme.

Animismo e dynamismo(Dr. Lux)

( Continuação)

IIITeremos que fazer intervirem nova-

mente as theorias thomistas quandotratar-se de discutir as idéas que hojereinam em biologia e que em grande,parte emanam do systema de Leibnitz.Algumas palavras sobre esta doutrinanão serão, portanto, inúteis.

Systema de Leibnitz,—Segundo estecelebre philosopho, o universo é com-pesto^de uma infinidade de monadas,

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lillilii

todas dotadas dos mesmos attributos,mas em graus diversos. Sua unidadeconsiste wà percepção e no pensamento,sua força na tendência e na paixão.Ellas são todas differentes umas dasoutras e todas mais ou menos análogasentre si, não diUerindo as mais pvoxi-mas se não por graus inlinitesimaes(lei de continuidade ), e formando umaimmensa hierarchia desde a monadanua até a alma humana e da almahu-mana até Deus.

A perfeição de uma monada dependedo seu poder perceptivo, da sua percep-ção ou representação da multidão ex-terior, e da sua tendência mais oumenos consciente, do seu esforço parauma perfeição superior. As monadasnão têm relações entre si directamente :a serie dos estados de cada uma é pre-viamente urdida para corresponder aosestados de todas as outras em virtudeda harmonia preestabelevida.

Eis ahi o lado fraco do systema ; por-que a harmonia preestabelecida malcompreheiidida conduz ao determi-nismo, ao fatalismo mesmo, e alemd'isso não explica melhor a acção damonada directora sobre as monadascreadás do que a d'estas entre si.

« A doutrina de Leibnitz, diz Boirac,tem sem duvida um sentido mais pro-fundo. A alma e o corpo, e em geraltodos os seres, só podem communicar-seentre si se forem da mesma natureza,isto é, se são forças capazes de percep-ção e de acção espontânea. E' espon-taneamente que elles harmonizamseusestados respectivos por uma espécie de.adivinhação sympathica que é como aprimeira forma do conhecimento e doamor. A razão que explica n'elles essafaculdade de harmonia não é outrasenão sua unidade original e talvezsubstancial : todos derivam de umamesma intelligencia primordial; ellaas contem e une apezar de distinetas.Se supprimir-se esse principio superior,torna-se absolutamente impossívelcomprehender as relações dos seresentre si e a harmonia do universo. »

Reconhecendo no ser vivo uma mui-tidão de princípios activos, compa-rando-o a uma agremiação de elementosanatômicos dotados de vida, a uma

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POR

Por momentos eu fui interdicto, tal oabalo que me cauaou a vista d'aquelle «.aa-dro de uma de minhas passadas exieten-cias.

Meu angélico gula, reconhecendo mi-uha perturbação, falou-me, per arrancar-me ao horroroso pesadelo.

—Porque te abates, sabendo que já nttoés o que foste, embora ainda ntto sejas oque deves aer ?

—Tens razfto, meu bom amig© ; devo ati e a Daua já ser um homem, em vez deser uma fera, fera principalmente par»mim, que fui a principal victima daa mi-nha» ferocidadea. Mas, já que me permit-tiste ver aquelle horrível quadro, satisfa-ze-me a curiosidade de saber como aahi daprova que me foi commettida.

—A' simples e vans curiosidades nósafio attendemos, porque tudo o que 6 fri-Tolo faa-nos o effeito de um ridículo e groa-aeiro gracejo para o homem serio e grave• de elevada posição social. Tu, porem,nao pedes satisfação de uma curiosidadevan senfto de um Justo desejo de saber oque multo pode concorrer para teu adian-tamento. Vou portanto mostrar-te o qua-dro de tu» existência seguinte aquella, quetanto horrorisou-te. Olha, vd, estuda, o«prende.

Olhei e Yl. Era em Venus e eu eracreança, linda creancinka, no dizer dasgentes d'aquelle planeta, mas a meus olhosleia de causar asco.

Que horrível creança! exelamel; e, on-íretante, vejo-a tao featejadu !

—Por duas razões a featejarn, meu filhe :primeiro, porque 6 filha de um doa senho-res da terra ; segundo, porque entre oa fei-oa, o menos feio 6 bonito. Quanto muisatrasado 6 um povo, tanto maia ae avilta¦ a adoração «os poderosos e aos argenta-rios. lim teu planeta, aliás muito maiaadiantado que Venus, quantos contas, en-tre teus irmãos, que honrem o homem porseus reaes merecimentos, e que, eonse-guintemonte, nao rendam homenagem ámais vil baixeaa, uma vez que asaeute ao-bre um throno ou sobre um monte de ouro?Quando vires uma sociedade collocar nofastigio o saber e a virtude ou, pelo meuoa,evitar oa poderosos indignos e oa ricos semconsciência de si, próximo eatá de viraquella gente o reino do Senhor, que 6 oimpério da justiça e do amor. Tedos oapovos chegaráo u esta superior condição ;mas o engodo das paixões arrasta-os parafora do trilho que leva áquelias alturas esó com o tempo será banido do seio da hu-manidade. Ntto te admires, pois, de te ve-res táo festejado por uma sociedade, dequem teu pae G poderoso chefe ; alem deque lá entre a gente de feia catadura tueras realmente uma linda creancinha.

—Duas eoisas me intrigam disse eu : co-mo sendo todos de eBpecio humana, ser taodifferenteo homem da terra do de Venus,e o desejo ardente que me acicatou de irver aquelle mundo.

—Eu te explico. Na terra, o selvagem,o cafre, tôm a perfeição esculptural do ei-vllisado, de caucaseano ? Qual a causa dadifferença?—A claase ou ordem dos espi-ritos, que incarnam n'uns e n'outros. Osadiantados procuram um melo adiantado,salvo quando precisam castigar-se, e comoadiantados fabricam sua casa com melhorgosto e perfeição. Sabes de que casa eu fa-Io. Os mais atrazados, procuram um meloatrazado e, como atrazado* fabricam suacasa tanto mala feia quanto mais o s&o.li' a lei dos similares, pela qual o bomattrai o bom, o adiantado o adiantado.Ora, se observamos a diflerença entre asdlversaa raças que povoam a terra, deve-mos «omprehender que noa mundos habi-

I tados per aérea humanos mais adiantados

colônia de cellulas vivas, a scienciamoderna não fez mais do que seguir oimpulso dado por Leibnitz. Estas idéasforam partilhadas por um grande nu-mero de naturalistas, entre outros porBuffon, Milne-Edwards, etc, e o sãoainda por muitos contemporâneos. Oanimismo pólyzoista de A. Bartrand,de Fòuillée, de Colsenefc, etc, proceded'ellas. Mas philosoplios e natuiu-listas, segundo as idéas que possuemda natureza da alma, em geral appro-ximam-se quer do dynamismo organi-cista materialista, (píer do dynamismoespiritualista.

Pelo systema de Leibnitz, as maisrudimentares monadas são dotadas deum certo grau do perfeição e de paixão,en'este sentido elle não parece separaro mundo orgânico do inorgânico : se-gundo elle, tudo vive ; e elle dá o nomede alma ás energias primitivas de todamonada, mas reserva, entretanto, estadesignação antes para as monadas dósvegetaes e dos animaes. O fundo doseu pensamento resolve-se n'esta for-mula : « a vida é carecterizada pelapercepção, a alma pela sensaçãor o es-pirito pela razão >.

Eis aqui, portanto, o raciocínio queconduziu á concepção dos seres vivosno sentido acima : todo ser que temvida tem lima alma ; toda monada deum ser vivo tem, pois, uma alma. Ora.vejamos o que se passa na natureza :tomemos um ser unicellular, um proto-zoario. Pode-se consideral-o como umággregado de moléculas vivas, dc, sereselementares, portanto. N'este proto-zoario observa-se já um trabalho dediflerenciação : a concha molecularexterior sob a influencia do meio emque elle está mergulhado transforma-seem uni revestimento protector, amassainterior penetra-se de vacuolas diges-tivas.

Tomemos agora um ser pluricellular.Cada cellula terá uma alma—pelo me-nos uma alma dominadora. Aqui oprocesso de difierenciação já é maiscomplicado ; o ser em questão provemde uma cellula única, ou de uma cellula-mãe que proliferou. As cellulas maisexteriores sob amesma influencia prece-dentemente citada tornam-se protecto-fBaaasssas=M

3

ras adaptam-se, pela connexão e graçasa novas diiferenciações, a funeçõesnovas : a cellula ou as cellulas maisinternas tornar-se-hão digestivas ouadaptar-se-hão a outras funeções neces-sariíis á conservação do indivíduo.Essas diiferenciações, reclamadas peladivisão do trabalho, determinam emcada cellula uma espécie de adormeci-mento das funeções accessorias em pro-veito de sua funeção principal; ô comose essas funeções accessorias, que cer-respondem a outras tantas proprieda-des ou faculdades legadas pela cellula-mãe, se tornassem latentes.

Isto parece tanto mais exacto quantona fragmentação dos seres inferioresvê-se renascerem essas funeções que jánão existiam senão em potência parareconstituir o indivíduo sobre o primi-tivo plano. E' assim também no pontode vista philogenico ou da evoluçãodos seres. Qualquer que seja a comple-xidade d'estes, não será preciso crerque as diiferenciações suecessivas deelementos ou de órgãos, que não fize-ram o que são, partem do simples parao composto.

Expliquemo-nos : na amiba, que éunicellular e ' reduz-se a uma massaprotoplasmica, as funeções são virtual-mente tão numerosas como nos seressuperiores, mas ellas são ahi mais ele-mentares, mais confusas e em appa-rencia confundidas, esperando seu des-envolvimento suecessivo pelos mesmosprogressos da evolução. Tendo cadacellula, e mesmo cada molécula viva,uma funeção essencial a desempenhar,desde o momento em que se assimila afaculdade de agir correspondente auma alma no sentido leibnitzista, ter-se-ha sempre como resultado um aggre-gado de seres ou, como diz-se hoje,uma resultante de elementos anato-micos.

Nos animaes superiores as almassemi-independentes têm necessidade deum centro de reunião, e este chegamesmo, na complexidade crescente dosseres, a ser formado de uma associaçã»considerável de cellulas que constituemos centros nervosos. Qualquer que seja,porem, o numero das almas elemeu-tares, é sempre uma d'ellas que é di-

inwMMmiinwuiii iHimm«ilin.imM»BgtiniMIM

que os do teu globo, o typo da belleza pb.y-sica deve ser muito superior ao nosso ; as-sim como nos mundos mais atrazados deveser muito inferior e tanto mais quanto maisae afastar da turra e seapreximur da origemda espeeie humana. Sobre o teu desejo devisitar o planeta Venus, dir-te-hei : Guutu-ral desejar-v;e ver os logares onde passa-mes uma parte da nossa existência e mui-to maia quando se deixou lá quem já nosenoheu de amor o coruçfto. O heinem naosabe nada d'ist.ó, mas seu espirito saue detudo iato, e 0 elle que anoeia.

—Mas eu ainda tenho em Veiaria entesque me foram caros ?

—Nem todos fazem progresso egiial, e,pois de estares aqui nüo 6 ra/.ao para acre-ditares que devem ter subido eòmtigó to-dos os que te foram caros lü, e ainda esempre te serfto caros.

—Ah I já eomprehendo. Foi o coraçãoque impediu meu espirito a fuaer e^tn via-gem,—Sim; masjáíoiteu espirito que agi-tou teu coruçáo.

—Nao comprehendo teu dizer.—Teu corpo Q de matéria pertencente a

este planeta ; e pois, nfto tem nenhumarelação com o teu passado gem Venus;quem a tem G teu espirito, que G hoje omesmo djiiquelle tempo. Logo só o espiritopodia desejar o que te moveu ; mas, comoo que te moveu foi amor, e amor tem aCdeno coração, foi agitamlo este orgáo, queelle sentiu-ao deaejoso de saciar seu amor.Examina, porem, o quadre que tens A vistae tudo ser-te-ha claro.

Eu voltei ao quadro, e vi o menino fes-tejadojá chegado á adolescência, e n'esHMquadra du vida, bem rnorigerado, da mo-rigeraçáo de um povo verdadeiramentebárbaro, eomo 6 o do planuta Venus, oom-paravel ao hebreu dotumpo de Moysfls.

Tinha inBtinctivo horror ao sangue, epor isso evitava oystematicamente as rixastanto quanto lhe eram repulsivas ns guer-ras.

Oa homens o consideravam poltrao, semque deixassem por isso de cercal-o de falsaadiilaçao, por ser filho de quem era ; maaaa mulheres fechavam os olhos a todoM os

seus defeitos e, talvez mesmo por elles,eram escravas de um simples olhar seu.

Aconteceu que um dia, achando-se ellecom o pae acorrerem suas feitorias, foramambos accominettidos por quatro ladrões,cada um dos quaes suppunha ser homempara esmagal-os juntos.

O moço fez frente aos bandidos com talenergia e força de resistência que, em vezde ser esaingado, poz em debandada aquadrilha, segurando um dos gigantes pe-Io gaanete, e dando aos três, que lograramfugir, liçáo bom proveitosu.

O pae que, por doente, náo entrou nalueta, e que partilhava a opinião geral, deser elle um poltr&ò, foi surprehendidu dovel-o manifestar u bravura de urn leáo, depar oom a câímá de um consummado lu-tador.

—Porque nao queres tu entrar nos jogosde luotas, como fazemos outros moços?perguntou-lhe.—Porque n&o preciso aprender o arte debater-me, contentando-me «oaa a forçaque tenho de defonder-me.

Por eate facto, todos mudaram de opl"niao a respeito do moço, (pie em vez depoltráe ficou tido por leão em força e emcoragem.

Mas aquella explicação, que se tornoupublica, de nao querer aprender a arte debater-se, dou origem á nova opinião a seureHpeito.

K' valente, porem fi maníaco. Tem re-pugnancia a causar damno, mesmo a ummiserável.

E n'um mundo, em que a força brutaera a suprema raiio, tftoincongruente mo-do de pensar causava eseandalo, que «aoexplodia, alada e sempre por ser quemera.

O moeo, porem seguia, impávido, seucaminho, sem se incommodar cem o juizodos outros, só procurando estar bem eomuma voz intima-a consciência, que lhe se-gredava : por ahi, por ahi.

Tinha muitas fraquezas, multo» vícios,obras do meio, porem n'aquelle ponto eraiuquebrantavel,

[Continua)

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, emquanto que sob o ponto dea evolução alguns a consideram.ma resultante.

se que esta theoria não exclue oialismo. Tudo depende do sentido

que »e ligue ás palavras.A eschola peripatetica faz numerosas

objecções a essa concepção do ser vivoe em geral ao dynamismo, qualquer queelle seja. Segundo ella a unidade doprincipio vital impõe-se. D'outro modoo próprio homem reduzir-se-bia a umaggregado fortuito, e o eu humano tor-nar-se-hia ama illusão metaphysica,como o pretende aliás Taiue.

Eis aqui a argumentação : ou cadacellula do ser vivo agirá sobre a suavisinha, e não s« terá mais uma acçãoimmanente mas tuna serie de acçõestransitivas ; ou cada cellula agirá sobresi mesma e não viverá para o conjuneto,e não teremos mais um indivíduo vivo.Mesmo que essas myriades de indi-viduos tendessem para um mesmo flm,não formariam por isso um único animalsenão do mesmo modo que os seis ca-vallos que arrastam uuia carroça nãoformam senão um animal...

Em seguida para explicar os factosde multiplicação por scissiparidade, ospheuomenos de renascimento dos ani-mães inferiores fragmentados e de re-producção de órgãos até nos vertebra-dos (cauda do lagarto, pata da rã,etc), a doutrina peripatetica lança ofamoso adagio de Aristóteles : que oprincipio de vidaé «simples em acto emúltiplo em poder», não sendo mui-tiplo synonymo de divisivel. O ser vivopode, em outros termos, não ter senãouma só forma substancial em acção eao mesmo tempo possuir muitas outrasem estado virtual e latente. E isto éverdadeiro mesmo quanto á cellula.

As cellulas-filhas recebam da cellula-mãe uma vida participada, e pode-se,de accordo com isto, considerar todoser vivo como animado de uma duplavida : uma vida única e simples ema-nada da cellula-mãe, e uma vida po-tencial e latente própria a cada celluladerivada.

E' o que explica que depois da mortecertas cellulas ou certos órgãos podemcontinuar a viver durante alguns mo-mentos de uma vida independente, pelomenos tanto quanto permaneçam emcontacto com o fluido nutriente.

Em resumo : nos seres inferioreshaveria multiplicação completa e ade-qtiada de todas as faculdades da cel-lula-mãe ; nos animaes superiores, mui-tiplicação incompleta e inadequada.Não pode, portanto, ser questão decolônias senão nos seres inferiores eaté certo ponto nas plantas, mas nuncanos seres superiores.

Assim, em todos os pontos de vistaa neoscholastica é irreconciliavel como dynamismo-descendente de Lei-bnitz.

E' preciso, pois, abandonar as idéasd'este grande philosopho ? Não o pen-saraos: é preciso mesmo na nossaopinião que nos congratulemos comLeibnitz por haver retomado, entre osantigos, essa idéa de esforço por muitotempo abandonada, e que vinha vanta-josamente substituir o movimento dosatomistas e de Aristóteles.

A reacção iresse sentido foi tãogrande que, para não falar nos mo-nistas, mesmo os materialistas dosnossos dias já não separam a força damatéria. Demais, introduzindo na* phi-losophia o principio de eontinuiãad*,Leibnitz fez desapparecerem os hiatos,as distancias inaccessiveis que acredi-tava-se existirem entre o reino minerale o vegetal, entre este e o reino ani-mal.

E' propriamente o principio da evo-lução que Leibnitz estabeleceu • e se amonadologia não é mais do que um

jogo de espirito (l), é preciso confessarque o seu auetor teve, sem d'issoaperceber-se, uma intuição de gênioporque essa brincadeira fez-lhe desço-brir o calculo infinitesimal e anteveras maiores verdades «cientificas naordem physiologica, ontogenica e phi-logenica. Assim, elle descreveu a /r/7-tabilidade sem a qualificai;, entreviuuma das leis fundamentaes da embryo-gema moderna (participação eguaidos elementos macho e fêmea ria for-inação do enibryâo), previu a desço-berta de uma classe de seres interme-diários entre o reino vegetal e o ani-mal (Hceckel fez d'elles os seus pro-tis/as), constatou que as espécies deplantas e de animaes são ligadas entresi o não diíferem senão emjgraus insen-siveis, o (pie mais ou menos implica apassagem de uma espécie á outra, viufinalmente o desenvolvimento continuoda móiiáda em sua tendência para aperfeição.

Resulta d'essa mesma lei de conti-unidade (pie a vida futura não poderiaser incorporai ; as almas humanas e to-das as outras almas nunca estão semalgum corpo ; só Deus, sendo um actopuro, está isento d'isso.

Comparativamente cora isso que teina ofterecer-nos a doutrina peripatetica?—A íixidade da espécie, ou uma evo-lução passiva que exige a perpetuaintervenção do Creador (foges, Avida, pag. 221). Quanto á vida fu-tura, ella é incorporai e deve sel-onecessariamente, pois que o exige odogma da resurreição,

No que concerne á questão do agru-pamento das mouadas ou dos elementosatômicos, toda a discussão repousasobre a natureza do laço que os unereciprocamente. Leibnitz, com a suaharmonia preestabelecida não nos dei-xou dir-so-ha, senão um quadro vasio ;isso é apenas uma appareneia.

Em seu tempo, Newton havia jáformulado as leis da gravitação queregulam as relações reciprocar dosastros do systema solar, mas não tiveraa pretenção de desvendar a naturezaintima da força que produz esse equi-librio dynamico. Poder-se-hia exigirde Leibnitz que nos fizesse conhecer aforça e o modo de acção da força queregula as relações reciprocas das mo-nadas no composto humano, por exem-pio ?

Elle chama tendência activa ou es-forço o que os escholasticos chamaramtendência passiva. Que admittamos coma doutrina peripatetica que o principiode vida é simples em acto e múltiploem potência, ou com Leibnitz que aforça é o próprio ser contendo em suaunidade uma multidão infinita de vir-tualidades que tendem a realizar-se.que o esforço faz passar como actos, o'resultado é quasi o mesmo. Ha estadifferença: que Aristóteles collocavaentre o poder e o acto o movimento, eque Leibnitz ahi colloca o esforço ;que não ha mais, como para Aristo-teles, uma differença de natureza entreo poder e o acto, mas que pode-se verahi dois aspectos ou dois momentos darealidade, de resto sem força de movi-mento. Isto nos basta, e faremos abs-tracção de todas as subtilejas soima. aexutencia ou a não existência de umaphase transitiva entre a potência e oacto.

O eminente physico de Colmar, Hirncujo eloquente arrozoado espiritualistanao podemos passar em silencio, com-prehendeti a força muito diversamentede Leibnitz. Para elle o principio dyna-mico é transcendente, sem limites no

(1) Em uma carta a Pfafl; Leibnitz tratacom eífeito do divertimento a mm mona-dalogia ; mas em suas cartas a Amuald e a.BoBsuet elle a toma a serio. Leibnitz foium grande precursor nas scieucias natu-raes ; elle teve previsões getiiaes em stoolo-gia, em botânica, em geologia e em paleou-tologia ; como inatbematico nunca foi ex-eedido.

espaço, espalhado por toda parte nouniverso e manifestando-se sob a formade um agente intermediário e de rela-ção ; elle é a força, a energia, com suasmanifestações múltiplas, calorificas, lu-minosas, electricas, vitaes, etc.

No homem e em geral em todos osseres animados, elle interpõe-se entrea matéria e a alma, como o famoso me-diador plástico de Cudworth.

A alma, segundo Hirn, é tão supe-rior ao principio intermediário quantoeste o é em relação á matéria ; ella éao mesmo tempo pensante e organiza-dora como o principio formal de S.Lhomaz, e em sua qualidade de prin-cipio transcendente subtrai-se ás con-dições fiuitas de espaço e de tempo.

Esse principio animico essencial-mente individualizado nos seres formaoutras tantas unidades : nos seres infe-riores, porem, a alma é múltipla ediffusa. E' contradictorio : porque nãoconceder logo a cada elemento umaparcella d'esse arincipio animico queme faz todo o effeito de ser a alma domundo ?

Mas ha ainda uma outra difficul-dade : a alma, segundo Hirn, não é porsi mesma uma força; ella não podeagir sobre a matéria e sobre o corposenão pelo intermediário das forças queella governa por sua vontade. Tal é ogrande esforço que termina em um ver-dadeiro pantheismo materialista e criaa ficção de uma força separada da sub-stancia, de um principio que não éattributo, nem substancia, nem espi-rito, nem matéria. Ao que se reduzn'esta hypothese a lex insita de Lei-bnitz, a vis insita de Newton ?

A força—é preciso não esquecel-o—não é uma abstracção, uma qualidadeoeculta, mas a causa concreta queproduz o aeto ; é a própria actividadeda substancia que manifesta-se pelasua operação, como diz Farges muitobem.

Eis ahi pelo menos um resultadoclaro que a maior parte dos systemas -pode acceitar e sobre o qual o dyna-mismo de Leibnitz e a doutrina escho-lastica, entre outros, podem se enten-der.

Ha, porem, na natureza mysteriosque nenhum systema humano é capaz deaclarar: devemos por isso rejeital-osem massa ? Não o julgamos ; e nossntarefa foi simplesmente procurar, quald'entre elles está melhor de accordocom a revelação moderna, Se fomoslevado a dar a preferencia ao systemade Leibnitz, foi porque, a nosso ver emau grado seus defeitos e suas lacu-nas, elle ajusta-se precisamente, me-lhor do que outro qualquer, com a sei-encia contemporânea e com esta Revê-lação.

( Continua )

0 SPIRITISMO ANTE A SCIENCIA

POR

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TERCEIRA PARTECAPITULO III

AS OBJECÇÕJS

ContinuaçãoNós que não acreditamos nem em

Satan nem nos demônios, preferimosadmittir que nm espirito manifestou-sepor essa forma para dar em testemu-nho da existência do mundo oceulto.

Nós mesmos fomos testemunhas emParis da obtenção de um communicadoescripto com caracteres árabes por umapessoa que nunca sahiu da França ecuja instrucção não permitte supporuma fraude-

G mesmo facto reproduziu-se de ummodo diiíérente. D'esta vez o dictado

| dos espiritos era feito em patoá italia-

L

no em resposta a uma questão estabele-cidas n'essa lingua ; é útil ajuntar queo médium não conhecia tanto o italianocomo o árabe.

Muitas vezes os phenomenos spiritasnão attingem esse grande poder, masnão deixam por isso de ser authenticos.Acontece algumas vezes que o espiritoque se communica, desejoso de se fazerreconhecer, emprega a mesma escrip-tura pue tinha em vida e assigna comocostumava fazel-o.

Se nem sempre se tem provas tãopalpáveis, o que é muito raro alem detudo, confirma-se muitas vezes nas com-municações dos espiritos um caracterde sabedoria, uma altura de vistas, depensamentos tão sublimes, que não po-deriam emanar do médium que é quasisempre um ser commum nãe se distin-guinde dos seus semelhantes por nenhu-ma qualidade especial. Eis a respeito oque refere M. Sarjeant Cox, juriscou-sulto distineto e escriptor philosophode um grande valor, por conseqüênciabom juiz, diz M. Vallace, em matériade estylo. Este sábio conta que ouviuura caixeiro sem educação sustentar,quando estava em transe, uma conver-sa com alguns philosophos sobre a ra-zão e a presciencia, a vontade e a fa-talidade, e lhes fazer frente. «Propuz-lhe (diz M. Sarjeant) as mais difficeisquestões da psychologia, e recebi res-postas sempre sentatas, sempre cheiasde força, e invariavelmente expressasem linguagem escolhida e elegante.Entretanto um quarto de hora depois,quando elle estava no seu estado natu-ral, era incapaz de responder á maissimples questão sobre um assumpto phi-losophico, e tinha embaraços para en-contrar uma linguagem suficiente paraexprimir as idéas as mais communs.»

As faculdadet mediumnicas menossujeitas á suspeita são sem duvida amediumnidade vidente e auditiva. Como'seu nome indica, a primeira d'eesasfa-culdades consiste no poder de que sãodotades certas pessoas de ver os espi-ritos. N'esse caso nenhuma duvida éadmissível, porque se o médium cescre-ve a figura, o costume, os gestos habi-tuaes de um ser que elle nunca viu, sereconhece-se que essa descripção ó emtudo a de um parente morto em quemnão se pensava, é preciso admittir-seque a visão é real, e que de mais apersonalidade descripta existe de umamaneira positiva perante os olhos domédium.

(Continua)

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