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GRADUAÇÃO 2016.1 ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA E DAS CARREIRAS JURÍDICAS PÚBLICAS AUTOR: CARLOS ROBERTO DE C. JATAHY

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  • GRADUAO 2016.1

    ORGANIZAO DA JUSTIA E DAS CARREIRAS JURDICAS PBLICAS

    AUTOR: CARLOS ROBERTO DE C. JATAHY

  • SumrioOrganizao da Justia e das Carreiras Jurdicas Pblicas

    ORGANIZAO DA JUSTIA E DAS CARREIRAS JURDICAS PBLICAS ................................................................................ 3

    AULAS 1 A 4: O PODER JUDICIRIO BRASILEIRO. A ORGANIZAO JUDICIRIA. A MAGISTRATURA NACIONAL. O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA. ....................................................................................................... 6

    AULAS 5 E 6: O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL .......................................................................................................... 39

    AULAS 7 A 9: O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA E A JUSTIA FEDERAL .......................................................................... 73

    AULAS 10 A 12 A JUSTIA COMUM ESTADUAL ..................................................................................................... 103

    AULA 13 A 15: AS JUSTIAS ESPECIAIS INDIVIDUALIZADAS ....................................................................................... 151

    AULAS 16 A 18: O MINISTRIO PBLICO BRASILEIRO ............................................................................................... 174

    AULAS 19 A 21: A ADVOCACIA PBLICA E A DEFENSORIA PBLICA .............................................................................. 221

    AULAS 22 E 23 A POLCIA FEDERAL E A POLICIA CIVIL .......................................................................................... 236

  • ORgAnizAO DA JUSTiA E DAS CARREiRAS JURDiCAS PBLiCAS

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    ORGANIZAO DA JUSTIA E DAS CARREIRAS JURDICAS PBLICAS

    INTRODUO

    A Constituio da Repblica, visando a evitar o arbtrio e o desrespeito aos direitos fundamentais do homem, previu a existncia dos poderes cons-titudos do Estado, independentes e harmnicos entre si, repartindo entre eles as funes estatais e prevendo prerrogativas e imunidades para que bem pudessem exerc-las. Criou tambm mecanismos de controles recprocos, sempre como garantia da perpetuidade do Estado Democrtico de Direito.

    a clebre Separao de Poderes, esboada pela primeira vez por Arist-teles em Poltica, detalhada, posteriormente, por John Locke, no Segundo Tratado do Governo civil e, finalmente, consagrada por Montesquieu no O Esprito das Leis.

    O estudo de algumas dessas Instituies ser o objeto de nossa disciplina eletiva, com nfase na Organizao Judiciria Brasileira e nos organismos estatais que ocupam lugar de relevo como atores na funo constitucional de distribuio de Justia.

    Assim, analisaremos, tanto no aspecto orgnico como em alguns aspectos de ndole processual, o Sistema da Justia Brasileira, ou seja:

    O Poder Judicirio;O Ministrio Pblico; eas demais Instituies constitucionalmente incumbidas das funes essen-

    ciais Justia, de natureza pblica: a Advocacia Pblica e a Defensoria Pblica.Veremos ainda a Polcia Federal e a Policia Civil, instituies, que vem

    chamando a ateno da sociedade e, por conseguinte, algumas funes priva-tivas de Autoridade Policial.

    Pensamos, ao elaborar a disciplina, nos alunos que pretendem ingressar nas Carreiras Jurdicas Pblicas e que precisam estar preparados para os con-cursos de ingresso em tais Instituies, cada vez mais disputados no meio jurdico contemporneo.

    O Poder Judicirio um dos Trs Poderes clssicos previstos na Cons-tituio (Art. 2), e tem como funo a administrao da Justia e como verdadeiro mister a guarda da Constituio.

    No se consegue conceituar um Estado Democrtico de Direito sem a existncia de um Poder Judicirio, autnomo e independente, para o pleno exerccio de suas funes. Da as garantias que seus membros gozam, assegu-radas pela prpria Constituio, como a vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsdios.

    J o Ministrio Pblico, consagrado com novo perfil em nossa Constitui-o e situado fora da estrutura dos demais poderes da Repblica, instituio

  • ORgAnizAO DA JUSTiA E DAS CARREiRAS JURDiCAS PBLiCAS

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    permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico de Direito e dos interesses sociais e individuais indisponveis (Artigo 127 da CF).

    Para tanto, tambm lhe foi conferida uma estrutura organizacional pr-pria, com autonomia, independncia e garantias.

    A Advocacia Pblica, inserida constitucionalmente no novo texto mag-no, instituio que, diretamente ou por intermdio de rgo vinculado, representa a Unio; os Estados e o Distrito Federal; e os Municpios, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessora-mento jurdico do Poder Executivo.

    A Defensoria Pblica, prevista na Constituio Federal como institui-o essencial funo jurisdicional do Estado, est incumbida da orientao jurdica, da promoo dos direitos humanos e da defesa em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, dos necessitados.

    A Policia Federal e as Polcias Civis, que tambm possuem previso constitucional, so destinadas a apurar as infraes penais e atuar como pol-cia judiciria, na forma preconizada no Artigo 144 da CF, sendo dirigidas por delegados de polcia, privativamente bacharis em direito.

    O curso foi montado com base na constatao de que um bom profissional do direito necessariamente precisa conhecer as instituies estatais que inte-gram o sistema de Justia, a forma como operam, que funes institucionais desempenham e que competncias lhes foram atribudas pelo constituinte e pelo legislador. Pragmaticamente, tambm sero examinados tpicos que sero objeto de questionamento nos concursos de ingressos paras as aludidas carreiras.

    S assim, tendo o domnio desses conceitos tcnicos, o futuro profissional poder maximizar a utilizao do sistema em todas as suas instncias, for-mando opinio e pensamento crtico para o aprimoramento e transformao das estruturas examinadas.

    Procura-se, por meio da utilizao de diferentes metodologias, uma abor-dagem analtica e uma viso crtica como elementos permeadores de todo o curso. O objetivo a interatividade dos alunos com o contedo apresentado e o carter cooperativo que deve propiciar uma aproximao maior entre alunos e professor.

    Como o programa incorpora contedos dos mais variados, como cincia poltica, direito constitucional, direito administrativo, teoria geral do proces-so e organizao judiciria, algumas aulas sero mais expositivas enquanto outras sero mais abertas a discusses. Em todos os momentos, porm, ire-mos adotar uma postura de incentivo ao aluno no estabelecimento de links com assuntos correlatos.

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    Durante todo o curso, casos prticos sero apresentados, como forma de aproximar a teoria estudada com a realidade social em que vivemos, mediante debates, construes ideolgicas e soluo dos mesmos.

    A Cincia do Direito, apesar de estudada de forma estratificada, requer uma viso global para ser potencialmente compreendida. O que se idealiza uma interdisciplinaridade entre todos os ramos do Direito.

    Durante o semestre, os alunos sero avaliados de acordo com os seguintes critrios:

    dois testes aplicados em sala de aula, abordando toda a matria do cur-so, um na metade e o outro ao final do semestre; e

    avaliaes pro bono, que podem acrescentar pontos, tanto na P1 como na P2 aos alunos selecionados ou voluntrios para apresentaes, an-lises de textos e discusses e debates sobre o contedo programtico.

    Encarem com prazer o desafio de conhecer a estrutura do Poder Judicirio e demais Carreiras Jurdicas Pblicas!

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    AULAS 1 A 4: O PODER JUDICIRIO BRASILEIRO. A ORGANIZAO JUDICIRIA. A MAGISTRATURA NACIONAL. O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA.

    1) O PODER JUDICIRIO BRASILEIRO.

    Historicamente, o Poder Judicirio, apesar de estar no mesmo plano dos demais poderes, sempre teve uma menor participao nas decises do Esta-do, em comparao com o Executivo e o Legislativo. Isto porque, em muitos Estados da velha Europa, os juzes eram meros servos da nobreza, atuando como longa manus do soberano. Subordinado, no podia se desenvolver a contento.

    A instaurao do Estado de Direito (Estado Liberal, Constitucional) fez surgir a primeira gerao de direitos (direitos de liberdade, direitos civis e polticos), fazendo nascer tambm a linguagem jurdica. Esta, por conter ter-mos rebuscados e imprecisos (como, por exemplo, boa f e mulher hones-ta), provocou um distanciamento entre o Judicirio e o povo, intermediado pelos advogados, que falavam a linguagem acessvel aos magistrados.

    Acrescente-se ainda que no Estado liberal e absentesta, as questes eram relativas s demandas individuais, em que somente se discutiam interesses particulares. No havia repercusso social nas decises do Judicirio, mas j havia uma maior participao do Judicirio nas questes diuturnas.

    Com a instituio do Estado Social, em que o Ente Pblico passou a ser prestador de obrigaes (direitos sociais), criando direitos que deveriam ser providos, a inrcia do Estado obrigava o indivduo a buscar a soluo de seus conflitos no Judicirio. Decorre da o aumento da demanda judicial e um conflito entre os poderes.

    De fato, vamos assistir a conflitos entre o Executivo e o Judicirio na gran-de depresso americana (quando a Suprema Corte quis interferir nas aes do presidente Roosevelt) e na criao da Justia Constitucional, quando o Judicirio interfere na deciso do Parlamento, considerando uma lei incons-titucional.

    A par disto, vamos ver a sociedade industrial criar um novo tipo de con-flito. O conflito meta-individual ou transindividual, com um nmero mui-to grande de interessados na sua soluo: as denominadas class actions. O Judicirio sai de uma posio secundria e subalterna para uma situao de protagonista, sendo capaz de produzir consequncias profundas nas relaes sociais, poltica e do cotidiano. O juiz, antes inerte, passa a adotar uma pos-tura mais ativa, podendo, por exemplo, paralisar a construo de uma estrada que est afetando o equilbrio ecolgico em uma determinada regio; obrigar o Estado ao fornecimento de medicamentos bsicos aos hipossuficientes; de-

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    terminar a Administrao Pblica a contratar mdicos e professores, visando a plena implementao de polticas sociais.

    No Estado Democrtico de Direito hoje existente, em que o Estado, o di-reito e a sociedade assumem um compromisso com a Constituio, o Judici-rio passa a ter uma importncia maior, diante de seu maior ativismo judicial.

    Consequentemente, surge a necessidade de um maior controle sobre o Gigante adormecido. Afinal, controle faz parte da teoria dos checks and balances.

    A Constituio Brasileira de 1988, seguindo esta tendncia mundial dos pases democrticos, conferiu ao Poder Judicirio lugar de destaque, confian-do-lhe a tutela de direitos subjetivos at mesmo contra o Poder Pblico e a funo de efetivar os direitos e garantias individuais, abstratamente inscritos em seu texto.

    O Poder Judicirio, consoante o artigo 2 da CF, possui a funo precpua de julgar os conflitos de interesse que surgem na sociedade, fazendo aplicar a Lei e o Direito ao caso concreto. Deve, portanto, manter a paz social, impon-do aos cidados o cumprimento das leis do pas, intervindo, quando provo-cado nos litgios existentes e solucionando os conflitos de interesse.

    E como feita essa pacificao? Mediante a atuao da vontade do direito objetivo que rege o caso concreto. Assim, duas pessoas em conflito num pro-cesso judicial tero seus problemas solucionados por meio da aplicao da lei ao caso concreto. o juiz exercendo a jurisdio.

    Ressalve-se que a jurisdio una. Como expresso do poder estatal, ela eminentemente nacional e no comporta divises. Porm, para uma distri-buio racional do trabalho, importante que se criem organismos distintos, para os quais sero destinadas determinadas espcies de causas. So diversos os critrios determinantes na distribuio dos processos: em razo da matria, da qualidade da pessoa etc. o Estado, fazendo a diviso das Justias, com vistas melhor atuao da funo jurisdicional. Trata-se da denominada OR-GANIZAO JUDICIRIA.

    2) A ORGANIZAO JUDICIRIA

    Com efeito, a Organizao Judiciria tem como objetivo estabelecer nor-mas sobre a constituio dos rgos encarregados do exerccio da jurisdio. Para anlise da matria, deve-se partir de trs premissas bsicas:

    (a) A estrutura judiciria brasileira definida basicamente pela Constitui-o, sendo o Captulo III (Arts. 92 a 126) do ttulo IV (Da Organizao dos Poderes) da Carta Maior o texto bsico para a compreenso e estudo do tema;

    (b) O Poder Judicirio brasileiro, em razo da forma de Estado federativo adotado pelo texto constitucional, dual. Com tal modelo, haver um ramo

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    da Justia que administrado e mantido pela Unio e outro ramo adminis-trado pelos Estados-membros da Federao brasileira; e

    (c) A noo de que a ordem judiciria constitucional se estabelece em graus de jurisdio.

    De fato, a primeira premissa denota que para se conhecer a estrutura do Poder Judicirio brasileiro deve-se conhecer a Constituio Federal. Esta constatao conseqncia da garantia do Juiz Natural, tambm conhecida como Princpio da naturalidade do Juzo (HC 73.801-MG, Celso Mello, DJU 27.06.1997), positivada no texto constitucional no Artigo 5, LIII (Ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente). Esta expresso significa que o juiz natural ou a autoridade competente, no Brasil, o rgo jurisdicional cujo poder derive de fontes constitucionais, de competncia devidamente indicada pela Constituio Federal.

    Assim, s legtimo o juzo previsto pela Constituio e reconhecido por ela como natural, invalidando-se, em razo deste princpio, qualquer rgo jurisdi-cional criado margem da Carta Magna, tambm chamado de juzo de exceo (Art. 5, XXXVII, da CF: No haver Juzo ou Tribunal de exceo). Nesta di-menso, o Artigo 92 da Constituio estabelece a estrutura do Poder Judicirio brasileiro, integrado por diversos rgos, repudiando todos aqueles que ali no se encontrem como integrantes do Poder Judicirio, ainda que recebam a deno-minao de juiz ou tribunal. Logo, no integram esta estrutura e, portanto, no so rgos do Poder Judicirio o Tribunal Martimo, os Tribunais de Contas, da Unio e dos Estados ( e dos municpios do Rio de Janeiro e de So Paulo) e o Superior Tribunal de Justia Desportiva.

    A segunda premissa decorre do princpio do dualismo judicirio, por meio do qual convivem, no mesmo sistema, um Poder Judicirio organizado pela Unio e o Poder Judicirio organizado por cada Estado-membro da Fe-derao. H, portanto, em decorrncia de tal premissa, o Poder Judicirio da Unio (tambm chamado por muitos de Federal) e diversos Poderes Ju-dicirios Estaduais, formando o Poder Judicirio Nacional.

    A Unio organiza e mantm as Justias Especializadas (ou, Especiais) do Tra-balho, Eleitoral e Militar da Unio; e a Justia Comum Federal e Comum do Distrito Federal e Territrios. de sua responsabilidade, tambm, o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justia. Por sua vez, cada Estado-mem-bro organiza, de acordo com sua Constituio, o respectivo Poder Judicirio local (Art. 125 da Constituio Federal), composto da Justia Comum Estadual e da Justia Militar Estadual. Cabe ressaltar que as Justias administradas pela Unio possuem sua estrutura definida na Constituio Federal, sendo sua organizao judiciria definida em legislao federal. J as Justias Estaduais tm sua estrutura definida nas Constituies Estaduais, respeitadas as diretrizes fixadas na Consti-tuio Federal (Art. 125, caput). Sua organizao judiciria fixada por meio de legislao estadual, em regra denominada Cdigo de Organizao Judiciria.

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    Finalmente, a terceira premissa, denominada princpio do duplo grau de jurisdio. Por tal princpio, toda causa que ingressa no Sistema Judicirio est sujeita a um duplo exame: o exame inicial, que o julgamento originrio da causa, e um exame posterior, que possui carter revisional do primeiro jul-gamento. Por este princpio, haver a possibilidade de duas decises vlidas e completas num mesmo processo, emanadas por juzes diferentes, prevalecen-do sempre a segunda sobre a primeira. Consoante deciso do STF, a formula-o do duplo grau de jurisdio exige que o exame inicial e o exame posterior, tambm chamado de reexame, sejam promovidos por rgos jurisdicionais diversos. Neste teor: Para corresponder eficcia instrumental que lhe costuma ser atribuda, o duplo grau de jurisdio h de ser concebido, moda clssica, com seus dois caracteres especficos: a possibilidade de um reexame integral da sentena de primeiro grau e que esse reexame seja confiado a rgo diverso do que a proferiu e de hierarquia superior na ordem judiciria.(ROHC n 79.785-7/RJ. Min.: Seplveda Pertence. DJU 22/11/2002).

    Esta terceira premissa, denominada duplo grau de jurisdio, possui os seguintes fundamentos:

    (a) Satisfazer o inconformismo do vencido. H uma relao de auto-ridade entre o juiz, que fala em nome do Estado, e a parte, como cidado, que tem que se curvar s decises da autoridade. Mas o inconformismo do vencido um fator grave de intranqilidade social. A finalidade da jurisdi-o no s atuar a vontade da lei, como tambm pacificar os cidados para que eles voltem, encerrado o litgio, a viver harmoniosamente num instinto de solidariedade. A instituio do recurso visa atender a esse clamor, a essa revolta, a essa insatisfao do vencido, dando uma segunda oportunidade de obter uma deciso favorvel e, portanto, contribuindo para que ao final dessa segunda deciso, mesmo que continue sendo desfavorvel, voltem a viver pacificamente.

    (b) Coibir o arbtrio do juiz. O juiz que sabe que sua deciso pode ser reformada pelo tribunal superior, sente-se vigiado, controlado e cede com menos freqncia tentao do arbtrio. J o juiz que sabe que sua deciso irrecorrvel, possui maior tendncia ao arbtrio, at mesmo em busca de uma justia melhor que a justia da lei. Ele acaba vendo na irrecorribilidade, se no tiver um esprito crtico muito aguado, um poder absoluto, fazendo a melhor justia da sua conscincia, que no necessariamente a justia da lei.

    (c) Melhorar a qualidade das decises. O juiz pode ter examinado mal a prova, ou a matria ser muito complexa, ou ainda pode ter uma opinio jurdica que no a melhor, no aceita pelos tribunais superiores. Uma segunda oportunidade de julgamento d ao tribunal de superior instncia a oportunidade de examinar a causa com base na motivao do juiz de pri-meiro grau e outros fundamentos, alm daqueles expostos pelo juiz na sua

    http://79.785-7/RJhttp://79.785-7/RJ

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    deciso. Dois julgamentos aumentam a probabilidade de acerto da deciso. Neste contexto, percebe-se que temos, portanto, na terminologia brasileira, juzos, que so rgos de primeiro grau, em regra monocrticos, ou seja, o julgamento realizado por um nico juiz, e temos tambm os tribunais, r-gos de segundo grau, cujo julgamento, em regra, se d de forma colegiada. So rgos inferiores e superiores.

    Observe o Organograma a seguir, que representa a Organizao Judiciria brasileira, com fundamento em dispositivos da Constituio Federal:

    12

    ORGANOGRAMA DO PODER JUDICIRIO

    S.T.F. (art. 101 e 102)

    CNJ (art. 103-B)

    S.T.J. (art. 104 e 105 )

    Justia Estadual

    Tribunais de Justia (art.1251 e CEs)

    Turmas Recursais

    TJMilitar

    Justia Federal

    Tribunais Regionais Federais

    (106, I, 107 e 108)

    Turma Recursal

    Justia do Trabalho Justia Eleitoral Justia Militar TST

    (art. 111,I, e A) TSE

    (art. 118, I e 119)

    TRTs (art.111, II e 115)

    TREs (art. 118, II e 120)

    Juzes do Trabalho (art.111,III e 114)

    Juzes e Juntas Eleitorais(118,III) (art. 118, III e IV)

    Juzes Militares (art. 122, II)

    STM (art. 122, I e 123)

    Justia Comum Justia Especial ou Especializada

    Juzes Federais (art. 106, II e 109) Juzes de Direito

    2 Instncia

    1 Instncia

    Tribunais Superiores

    Este organograma acompanhar nosso estudo, quando analisarmos cada um dos ramos da Organizao Judiciria.

    Aps examin-lo, responda?

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    EXISTE ENTRE OS JUZOS E OS TRIBUNAIS UMA HIERARQUIA?

    A resposta no. H que se ressaltar que no existe entre eles qualquer hierarquia jurisdicional. No h poder de mando dos r-gos superiores aos inferiores no que tange aos julgamentos a serem realizados. O que h um poder de reviso, dentro do princpio j examinado do duplo grau de jurisdio, mas cada juiz livre para proferir a sua sentena.

    Diferentemente, no plano administrativo, existe sim uma hierar-quia. Isto porque, os Tribunais de Justia e os Tribunais Regionais so responsveis pela administrao da Justia na sua rea de atuao, ca-bendo-lhes prover cargos, realizar concursos, aplicar penalidades etc.

    Acima de todos os juzos e tribunais esto o Supremo Tribunal Federal e o Conselho Nacional de Justia, com funes jurisdicionais e administrativas, compondo assim o Poder Judicirio nacional.

    3) A MAGISTRATURA NACIONAL

    A Magistratura o conjunto de juzes que integram o Poder Judicirio.Alm das disposies constitucionais acima descritas, que organizam a es-

    trutura da Justia no Brasil, existe ainda a Lei Complementar n 35, de 14 de maro de 1979, mais conhecida como LOMAN, que estrutura a carreira da magistratura nacional, estabelecendo as garantias, prerrogativas, deveres, direitos, vencimentos, vantagens, forma de ingresso, dentre outras coisas. a Lei Orgnica da Magistratura Nacional. Que apesar de ser anterior CF, foi expressamente recepcionada, conforme j decidiu o STF:

    At o advento da lei complementar prevista no art. 93, caput, da Constituio de 1988, o Estatuto da Magistratura ser disciplinado pelo texto da LC 35/1979, que foi recebida pela Constituio. (ADI 1.985, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 3-3-2005, Plenrio, DJ de 13-5-2005.) No mesmo sentido: ADI 2.580, Rel. Min. Carlos Velloso, julgamento em 26-9-2002, Plenrio, DJ de 21-2-2003; AO 185, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 17-6-2002, Plenrio, DJ de 2-8-2002.

    A magistratura organizada em carreira. A investidura se d por meio de concurso pblico, com a obrigatria participao da OAB, exigncia inserida no Artigo 37, II da Constituio, para todos os cargos iniciais da magistratu-ra nacional. Confira-se a deciso do STF:

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    1 Revogou e consolidou a Res n 75/CnJ

    Concurso para a magistratura: exigncia constitucional de participao da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases: consequente plausibi-lidade da arguio de inconstitucionalidade das normas regulamentares do cer-tame que: (a) confiaram exclusi vamente ao presidente do Tribunal de Justia, com recurso para o Plenrio deste, decidir sobre os requerimentos de inscrio; (b) predeterminaram as notas a conferir a cada cate goria de ttulos: usurpao de atribuies da comisso, da qual h de participar a Ordem. (ADI 2.210-MC, Rel. Min. Seplveda Pertence, julgamento em 28-9-2000, Plenrio, DJ de 24-5-2002.) No mesmo sentido: ADI 2.204-MC, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 8-11-2000, Plenrio, DJ de 2-2-2001.

    J para o Supremo Tribunal Federal e Tribunais Superiores, a forma de investidura diversa, como veremos nas prximas aulas.

    Para concorrer ao cargo de magistrado, o candidato dever preencher os seguintes requisitos:

    Nacionalidade brasileira aqui no existe distino entre brasileiros natos ou naturalizados, sendo vedado somente o acesso aos estrangeiros.

    Diploma de bacharel em Direito curso de Direito em faculdade ofi-cial ou reconhecida pelo Ministrio da Educao.

    Trs anos de atividade jurdica inovao trazida pela Emenda Constitu-cional n 45. A matria hoje regulamentada pelo CNJ, atravs da Resoluo 118, que alterou e consolidou a Resoluo n 75, norma reguladora anterior.

    Como a expresso atividade jurdica no muito precisa, logo aps a pu-blicao da Emenda, iniciou-se uma discusso a respeito de sua definio. A matria hoje se encontra regulamentada pela citada Res. 118/2001, na forma que se coloca abaixo.

    Art. 59. Considera-se atividade jurdica, para os efeitos do art. 58, 1, alnea i:

    I aquela exercida com exclusividade por bacharel em Direito;II o efetivo exerccio de advocacia, inclusive voluntria, mediante a

    participao anual mnima em 5 (cinco) atos privativos de advogado (Lei n 8.906, 4 de julho de 1994, art. 1) em causas ou questes distintas;

    III o exerccio de cargos, empregos ou funes, inclusive de magistrio superior, que exija a utilizao preponderante de conhecimento jurdico;

    IV o exerccio da funo de conciliador junto a tribunais judiciais, juizados especiais, varas especiais, anexos de juizados especiais ou de varas judiciais, no mnimo por 16 (dezesseis) horas mensais e durante 1 (um) ano;

    V o exerccio da atividade de mediao ou de arbitragem na com-posio de litgios.

    1. Revogou e consolidou a Res n 75/CnJ

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    FGV DIREITO RIO 13

    2 Resoluo do CnJ n 118/2010. www.cnj.jus.br

    1 vedada, para efeito de comprovao de atividade jurdica, a contagem do estgio acadmico ou qualquer outra atividade anterior obteno do grau de bacharel em Direito.

    2 A comprovao do tempo de atividade jurdica relativamente a cargos, empregos ou funes no privativos de bacharel em Direito ser realizada mediante certido circunstanciada, expedida pelo rgo compe-tente, indicando as respectivas atribuies e a prtica reiterada de atos que exijam a utilizao preponderante de conhecimento jurdico, cabendo Comisso de Concurso, em deciso fundamentada, analisar a validade do documento.

    4 Regularidade no servio militar5 Estar no gozo dos direitos polticos comprovao por meio de

    certido fornecida pela Justia Eleitoral6 Integridade fsica e mental demonstrada por meio de um exame

    psicotcnico, bem como por uma entrevista pessoal com a Banca Examina-dora.

    7 Boa conduta social o candidato deve ter conduta ilibada pe-rante a sociedade, no podendo registrar antecedentes criminais que sejam incompatveis com o exerccio da funo. Mas veja! No se trata de qualquer antecedente. Para ser impeditivo ao cargo de juiz deve ser incompatvel com as funes que um magistrado ir assumir. Assim, por exemplo, uma leso corporal culposa no trnsito, em regra, no ser causa impeditiva ao cargo.

    No que se refere ao concurso de ingresso na carreira da magistratura, o CNJ uniformizou as regras em todos os ramos do Poder Judicirio nacional.2

    A partir da nova Resoluo, o concurso dever ser realizado em cinco eta-pas, ao contrrio da antiga que previa apenas quatro fases.

    Na primeira etapa, o candidato realizar uma prova objetiva seletiva, de carter eliminatrio e classificatrio. Exclusivamente para a execuo desta fase, os Tribunais podero contratar os servios de instituies especializadas.

    Para a segunda etapa, tambm de carter eliminatrio e classificatrio, o candidato dever responder questes discursivas e elaborar uma sentena.

    A terceira etapa constituda de trs fases de carter apenas eliminatrio: sindicncia da vida pregressa e investigao social; exame de sanidade fsica e mental e, por ltimo, exame psicotcnico.

    Vencidas essas trs etapas, o candidato dever ser argido atravs da prova oral (quarta etapa) pela Banca do Concurso. A fim de dar maior transparncia e confiabilidade a esta fase, a Resoluo determinou o registro em gravao de udio ou por qualquer outro meio que possibilite a sua posterior reproduo.

    Por fim, a quinta e ltima etapa, com a apresentao dos ttulos que eventualmente o candidato possua, meramente classificatria, chegando-se ao final do concurso com a classificao final. 2. Resoluo do CnJ n 118/2010.

    www.cnj.jus.br

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    FGV DIREITO RIO 14

    3 Artigo 93, ii, e da Constituio Federal.

    Assim, os juzes iniciam a carreira em cargos inferiores (Juiz substituto Art 93-I da CF), com possibilidade de acesso a cargos mais elevados, segundo critrios de promoo, por antiguidade e merecimento, alternadamente, con-forme dispe o Artigo 93, II da CF.

    Para prosseguir na carreira, haver promoes por antiguidade e por mere-cimento, chegando ao segundo grau de jurisdio, quando passar a integrar o tribunal respectivo.

    A aferio de merecimento se dar com base no desempenho, nos critrios objetivos de produtividade e presteza no exerccio da funo, bem como a freqncia e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfei-oamento.

    Exemplo disso foi a introduo pela EC n 45 (Reforma do Judicirio), de um critrio impeditivo de promoo do magistrado. Trata-se do juiz que injustificadamente retiver autos em seu poder alm do prazo legal3.

    H, tambm, outra forma pela qual um profissional do Direito pode vir a integrar a magistratura. Por meio do instituto jurdico denominado Quin-to constitucional. O quinto constitucional tem previso na Constituio Federal e estabelece a forma de integrao de advogados e membros do Mi-nistrio Pblico aos quadros dos tribunais estaduais (Art. 94 da CF) e federais (art. 107, I; 111-A, I; 115,I; 123, Pargrafo nico, I e II da CF). Em regra, a partir de uma lista trplice encaminhada pelo prprio Tribunal, o governador do estado ou o Presidente da Repblica escolher um de seus integrantes para nomeao, matria que estudaremos mais profundamente no decorrer do curso.

    4) A INDEPENDNCIA DO PODER JUDICIRIO E SUAS GARANTIAS

    Como j estudado, o objetivo inicial da clssica separao das funes do Estado e distribuio entre rgos autnomos e independentes tem como finalidade a proteo da liberdade individual, dos direitos fundamentais e do Estado Democrtico de direito.

    Para tanto, atribuiu-lhes um mecanismo de controles recprocos, denomi-nado freios e contrapesos (checks and balances).

    A estes rgos (Legislativo, Executivo, Judicirio) a Constituio Federal confiou parcela da autoridade soberana do Estado, garantindo-lhes autono-mia e independncia.

    O legislador constituinte, no intuito de preservar este mecanismo recpro-co de controle e a perpetuidade do Estado democrtico, previu, para o bom exerccio das funes estatais, diversas prerrogativas, imunidades e garantias a seus agentes polticos.

    3. Artigo 93, ii, e da Constituio Federal.

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    FGV DIREITO RIO 15

    4 Artigo 93, ii, c da Constituio Federal.

    As garantias conferidas aos membros do Poder Judicirio tm, assim, o condo de conferir instituio a necessria independncia para o exerccio da jurisdio.

    Podemos ento dividir tais garantias, para melhor visualizao e estudo, em garantias institucionais e garantias aos membros.

    Ao Poder Judicirio como instituio, a Constituio assegura a prerroga-tiva do autogoverno funcional. E em que consiste o autogoverno? Consiste na autonomia administrativa e financeira. o exerccio pelo Poder Judici-rio de atividades normativas e administrativas de auto-organizao e auto--regulamentao. Compreende ainda a autonomia financeira, consistente na prerrogativa de elaborao de proposta oramentria e na gesto das dotaes pelos prprios tribunais.

    o prprio Judicirio ainda quem organiza suas secretarias e servios au-xiliares, elege seus rgos diretivos e elabora seus regimentos internos, con-cede licenas, frias e afastamentos a seus membros e aos juzes e servidores, d provimento, por concurso pblico, aos cargos necessrios administrao da Justia etc.

    J as garantias conferidas aos membros do Poder Judicirio dividem-se em garantias de independncia e garantias de imparcialidade.

    As primeiras se destinam a tutelar a independncia do magistrado perante rgos ou entidades estranhas ao Poder Judicirio ou at mesmo pertencentes prpria organizao judiciria.

    So elas: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsdios, to-das elas disciplinadas no Artigo 95 da Constituio.

    A vitaliciedade a impossibilidade de perda do cargo seno por sentena transitada em julgado, dentro de determinadas hipteses previstas em lei.

    No possvel, portanto, aps o vitaliciamento, a exonerao do magistra-do de seu cargo por mero procedimento administrativo.

    Sua aquisio se d aps o chamado estgio probatrio, ou seja, aps dois anos de efetivo exerccio da carreira, mediante aprovao no concurso de provas e ttulos.

    Durante este perodo de prova, o magistrado dever prestar conta de sua atuao por meio de relatrios peridicos, alm das correies a que ser submetido.

    A Emenda Constitucional n 45 acrescentou mais um requisito. Trata-se da necessria participao do magistrado em cursos oficial ou reconhecido por escola nacional de formao e aperfeioamento de magistrados4.

    A EC 45 permitiu, entretanto, que o CNJ possa quebrar a vitaliciedade do magistrado em procedimento prprio. Portanto, a nica hiptese de um magistrado vitalcio perder o cargo sem processo judicial atravs de proce-dimento determinado pelo CNJ.

    4. Artigo 93, ii, c da Constituio Federal.

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    FGV DIREITO RIO 16

    5 O CnJ aprovou a Resoluo 34, de abril de 2007, que regulamenta a atividade de magistrio pelo Magistrado. Basica-mente, veda ao magistrado o exerccio de atividade de magistrio ligada gesto.

    Confira-se deciso do STF:

    Poder Judicirio. CNJ. Competncia. Magistratura. Magistrado vitalcio. Cargo. Perda mediante deciso administrativa. Previso em texto aprovado pela Cmara dos Deputados e constante do Projeto que resultou na EC 45/2004. Supresso pelo Senado Federal. Reapre ciao pela Cmara. Desnecessidade. Sub-sistncia do sentido normativo do texto residual aprovado e promulgado (art. 103-B, 4, III). Expresso que, ademais, ofenderia o disposto no art. 95, I, parte final, da CF. Ofensa ao art. 60, 2, da CF. No ocorrncia. Arguio repelida. Precedentes. No precisa ser reapreciada pela Cmara dos Deputados expresso suprimida pelo Senado Federal em texto de projeto que, na redao remanescente, aprovada de ambas as Casas do Congresso, no perdeu sentido normativo. (ADI 3.367, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 13-4-2005, Plenrio, DJ de 22-9-2006.)

    A inamovibilidade, por sua vez, consiste na impossibilidade de se remo-ver membro da instituio do rgo onde esteja lotado, sem a sua manifesta-o voluntria.

    A inamovibilidade no sofre exceo sequer em caso de promoo, que no pode ocorrer sem a aquiescncia do magistrado. Em caso de interesse pblico, porm, reconhecido pelo voto da maioria absoluta do Tribunal ou do Conselho Nacional de Justia, dispensa-se essa anuncia.

    Por fim, a irredutibilidade de subsdios emerge da necessidade de se garantir ao juiz, para o bom desempenho de suas relevantes funes institu-cionais, imunidade a eventuais retaliaes dos governantes no que concerne diminuio de sua remunerao.

    Ressalte-se, porm, que tal garantia no impeditiva da incidncia de quaisquer tributos sobre os vencimentos dos juzes.

    As garantias de imparcialidade so impedimentos constitucionais dos juzes que consistem em vedaes que visam a dar-lhes melhores condies de imparcialidade, representando, assim, uma garantia para os litigantes.

    O juiz impedido, consoante o Artigo 95, pargrafo nico da CF, de:

    I exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou fun-o, salvo uma de magistrio;5

    II receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participa-o em processo;

    III dedicar-se atividade poltico-partidria.IV receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contri-

    buies de pessoas fsicas, entidades pblicas ou privadas, ressalva-das as excees previstas em lei;

    5. O CnJ aprovou a Resoluo 34, de abril de 2007, que regulamenta a atividade de magistrio pelo Magistra-do. Basicamente, veda ao magistrado o exerccio de atividade de magistrio ligada gesto.

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    FGV DIREITO RIO 17

    6 Artigo 95, pargrafo nico da Consti-tuio Federal.

    7 Artigo 128, 6 da Constituio Fe-deral.

    8 TAVARES, Andr Ramos. Reforma do Judicirio no Brasil Ps-88. Saraiva, 2005, p.86.

    V exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos do afastamento do cargo por aposenta-doria ou exonerao.6

    Este inciso V mais uma inovao trazida pela Reforma do Judicirio EC n 45. Trata-se da quarentena, imposta aos juzes e membros do Minis-trio Pblico7.

    A finalidade da norma preservar a imparcialidade-neutralidade dos juzes e tribunais nos quais o ex-juiz ou ex-promotor tenha atuado. O trabalho, como sabido, cria laos de amizade e companheirismo entre colegas da pro-fisso. Surge da a necessidade de se evitar o trfico de influncia que poderia ocorrer nestes casos.

    Parte dos estudiosos festeja a inovao, sendo um dos reclamos atendidos pelo constituinte derivado, como garantia de uma maior imparcialidade nas decises do Poder Judicirio.

    Outros, porm, criticam a forma como isto restou estipulado:

    A norma no se apresenta apta a inibir o exerccio da advo-cacia nos termos estipulados, vez que juzes e promotores podero utilizar-se de outras pessoas para atuarem em seu nome. Ademais, no ser pelo mero decurso do perodo de trs anos (prazo temporal desacompanhado de qualquer outra exigncia mais firme) que os possveis laos de amizade e influncia de um magistrado desapare-cero. Pelo contrrio, o comum que a mera passagem do tempo os fortalea, se j existiam realmente. Se no existiam, o problema no se pe e a restrio inadmissvel. Assim, a medida no se mostra eficaz na prtica.

    H um pressuposto sinistro, alm disso, de que juzes e promoto-res, que at ento eram responsveis pela prestao da Justia, no dia seguinte passariam a adotar atitudes imorais e desonestas, para atender a interesses pessoais escusos.

    Por fim, impedir pura e simplesmente, o exerccio da advocacia, por juzes ou promotores que se aposentaram ou foram exonerados, significa restringir direitos individuais, o que s tem sentido se for para salvaguardar o interesse pblico, o que no parece ser facil-mente demonstrvel no caso em tela.8

    A OAB dever passar a averiguar e controlar o trinio na atribuio da carteira funcional aos ex-integrantes do Judicirio e Ministrio Pblico.

    Outro impedimento, previsto na LOMAN, veda ao magistrado se ma-nifestar, por qualquer meio de comunicao, opinio sobre processo pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou juzo depreciativo sobre despachos, votos ou

    6. Artigo 95, pargrafo nico da Constituio Federal.

    7. Artigo 128, 6 da Constituio Federal.

    8. TAVARES, Andr Ramos. Reforma do Judicirio no Brasil Ps-88. Saraiva, 2005, p.86.

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    FGV DIREITO RIO 18

    9 Artigo 36, iii da Lei Complementar 35/79.

    sentenas, de rgos judiciais, ressalvada a crtica nos autos e em obras tcnicas ou no exerccio do magistrio.9

    Veja o que decidiu o STF sobre o assunto:

    O magistrado inviolvel pelas opinies que expressar ou pelo con-tedo das decises que proferir, no podendo ser punido nem preju-dicado em razo de tais pronunciamentos. necessrio, contudo, que esse discurso judicirio, manifestado no julgamento da causa, seja com-patvel com o usus fori e que, desprovido de intuito ofensivo, guarde, ainda, com o objeto do litgio, indissocivel nexo de causalidade e de pertinncia. A ratio subjacente norma inscrita no art. 41 da Loman decorre da necessidade de proteger os magistrados no desempenho de sua atividade funcional, assegurando-lhes condies para o exerccio independente da jurisdio. que a independncia judicial constitui exigncia poltica destinada a conferir, ao magistrado, plena liberda-de decisria no julgamento das causas a ele submetidas, em ordem a permitir-lhe o desempenho autnomo do officium judicis, sem o temor de sofrer, por efeito de sua prtica profissional, abusivas instauraes de procedimentos penais ou civis. (Inq 2.699-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 12-3-2009, Plenrio, DJE de 8-5-2009.)

    Acerca das vedaes, destaque-se que o CNJ, atravs da Resoluo n. 10/2005, proibiu o exerccio pelo magistrado de funes nos Tribunais de Justia Desportiva e em Comisses Disciplinares. Visa-se com todas estas vedaes obter a dedicao exclusiva do magistrado s suas funes constitu-cionais. Veja deciso do STF sobre o tema:

    Mandado de segurana. Resoluo 10/2005 do CNJ. Vedao ao exerccio de funes, por parte dos magistrados, em tribunais de justi-a desportiva e suas comisses disciplina res. Estabelecimento de prazo para desligamento. Norma proibitiva de efeitos concretos.

    1166.Inaplicabilidade da Smula 266/STF. Impossibilidade de acu-mulao do cargo de juiz com qualquer outro, exceto o de magistrio. A proibio jurdica sempre uma ordem, que h de ser cumprida sem que qualquer outro provimento administrativo tenha de ser praticado. O efeito proibitivo da conduta acumulao do cargo de integrante do Poder Judicirio com outro, mesmo sendo este o da Justia Desportiva d-se a partir da vigncia da ordem e impede que o ato de acumula-o seja tolerado. A Resoluo 10/2005, do CNJ, consubstancia nor-ma proibitiva, que incide, direta e imediatamente, no patrimnio dos bens juridicamente tutelados dos magistrados que desempenham fun-es na Justia Desportiva e caracteri zada pela autoexecutoriedade, prescindindo da prtica de qualquer outro ato administrativo para que 9. Artigo 36, iii da Lei Complemen-

    tar 35/79.

    http://1166.Inaplicabilidade

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    FGV DIREITO RIO 19

    as suas determinaes operem efeitos imediatos na condio jurdico--funcional dos impetrantes. Inaplicabilidade da Smula 266 do STF. As vedaes formais impostas constitucionalmente aos magistrados ob-jetivam, de um lado, proteger o prprio Poder Judi cirio, de modo que seus integrantes sejam dotados de condies de total independncia e, de outra parte, garantir que os juzes dediquem-se, integralmente, s funes inerentes ao cargo, proibindo que a disperso com outras atividades deixe em menor valia e cuidado o desempenho da atividade jurisdicional, que funo essencial do Estado e direito funda mental do jurisdicionado. O art. 95, pargrafo nico, I, da CR vinculou-se a uma proibio geral de acumulao do cargo de juiz com qualquer outro, de qualquer natureza ou feio, salvo uma de magistrio. (MS 25.938, Rel. Min. Crmen Lcia, julgamento em 24-4-2008, Plen-rio, DJE de 12-9-2008.)

    O quadro abaixo elucidativo:

    Garantias

    Da instituio Autogoverno Autonomia funcional Autonomia administrativa Autonomia financeira

    Dos membros

    Garantias deindependncia

    Vitaliciedade Inamovibilidade Irredutibilidade de subsdios

    Garantias de imparcialidade

    (vedaes)

    exerccio de outro cargo ou funo, salvo uma de magistrio;

    recebimento de custas e participaes em pro-cessos;

    dedicar-se atividade poltico-partidria; receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou

    contribuies de pessoas fsicas, entidades pbli-cas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei;

    exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs anos do afasta-mento do cargo por aposentadoria ou exonerao;

    manifestar-se, por qualquer meio de comunica-o, opinio sobre processo pendente de julga-mento, seu ou de outrem, ou juzo depreciativo sobre despachos, votos ou sentenas, de rgos judiciais, ressalvada a crtica nos autos e em obras tcnicas ou no exerccio do magistrio.

    exercer funes nos Tribunais de Justia Desporti-va e em Comisses Disciplinares

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    FGV DIREITO RIO 20

    Finalmente, cabe ressalvar que os magistrados, face ao regime jurdico es-pecial que possuem, tm ainda prerrogativas e deveres previstos na LOMAN, onde se destacam:

    Prerrogativas do Magistrado

    Art. 33 So prerrogativas do magistrado:I ser ouvido como testemunha em dia, hora e local previamente ajus-

    tados com a autoridade ou Juiz de instncia igual ou inferior;II no ser preso seno por ordem escrita do Tribunal ou do rgo es-

    pecial competente para o julgamento, salvo em flagrante de crime inafian-vel, caso em que a autoridade far imediata comunicao e apresentao do magistrado ao Presidente do Tribunal a que esteja vinculado (vetado);

    III ser recolhido a priso especial, ou a sala especial de Estado-Maior, por ordem e disposio do Tribunal ou do rgo especial competente, quando sujeito priso antes do julgamento final;

    IV no estar sujeito notificao ou intimao para compareci-mento, salvo se expedida por autoridade judicial;

    V portar arma de defesa pessoal.Pargrafo nico Quando, no curso de investigao, houver indcio

    da prtica de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou militar, remeter os respectivos autos ao Tribunal ou rgo especial compe-tente para o julgamento, a fim de que prossiga na investigao.

    Deveres do Magistrado

    Art. 35 So deveres do magistrado:I Cumprir e fazer cumprir, com independncia, serenidade e exati-

    do, as disposies legais e os atos de ofcio;II no exceder injustificadamente os prazos para sentenciar ou des-

    pachar;III determinar as providncias necessrias para que os atos processu-

    ais se realizem nos prazos legais;IV tratar com urbanidade as partes, os membros do Ministrio P-

    blico, os advogados, as testemunhas, os funcionrios e auxiliares da Justia, e atender aos que o procurarem, a qualquer momento, quanto se trate de providncia que reclame e possibilite soluo de urgncia.

    V residir na sede da Comarca salvo autorizao do rgo disciplinar a que estiver subordinado;

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    FGV DIREITO RIO 21

    VI comparecer pontualmente hora de iniciar-se o expediente ou a sesso, e no se ausentar injustificadamente antes de seu trmino;

    VIl exercer assdua fiscalizao sobre os subordinados, especialmente no que se refere cobrana de custas e emolumentos, embora no haja re-clamao das partes;

    VIII manter conduta irrepreensvel na vida pblica e particular.

    Todas estas garantias e deveres, que constituem uma blindagem para o exer-ccio pleno das atividades da magistratura, so imprescindveis democracia, perpetuidade da separao dos poderes e ao respeito aos direitos fundamentais, configurando suas ausncias, supresses ou mesmo redues, obstculos incons-titucionais ao Poder Judicirio, no exerccio do seu mister constitucional.

    Em outubro de 2007, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu afetar ao Plenrio o julgamento do recurso extraordinrio em que se discute se o foro especial por prerrogativa de funo estende-se ou no que-les que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa.

    Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de ForoA Turma, em questo de ordem, decidiu, por maioria, afetar ao Plenrio

    julgamento de recurso extraordinrio em que se discute se o foro especial por prerrogativa de funo estende-se ou no queles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa. Trata-se, na espcie, de agravo de instrumento convertido em recurso extraordinrio criminal interposto, por desembargador aposentado, contra deciso da Corte Especial do STJ que de-clinara de sua competncia, em ao penal contra ele instaurada, ao fun-damento de que, em decorrncia de sua aposentadoria, no teria direito prerrogativa de foro pelo encerramento definitivo da funo. O ora recorrente sustenta a incidncia do art. 95, I, da CF, assegurador da vitaliciedade aos magistrados, sob a alegao de que esta somente poderia ser afastada por sen-tena judicial transitada em julgado, na qual consignada a perda do cargo. Alega, ainda, que a correta leitura do art. 105, I, a, da CF, incluiria tambm os desembargadores aposentados, uma vez que interpretao diversa desse dis-positivo o colocaria em situao inusitada, pois, o submeteria, na qualidade de ex-presidente e ex-corregedor-geral, a juiz que eventualmente tenha recebi-do alguma sano disciplinar. Por fim, pleiteia o reconhecimento da negativa de vigncia aos artigos 5, XXXV, LIV, LV, e 2 e 93, IX, ambos da CF e, alternativamente, requer sejam tidos como transgredidos os artigos 94, I e 105, I, da CF. Vencidos, quanto ao deslocamento, os Ministros Carlos Britto e Crmen Lcia que, tendo em conta a existncia de precedentes da Corte, consideravam que a matria poderia ser decidida pela prpria Turma. RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 23.10.2007. (RE-549560)

    Informativo n 485 do STF de 22 a 26 de outubro de 2007.

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    FGV DIREITO RIO 22

    Quanto aos Juzes de primeiro grau que so convocados pelos Tribunais de Justia para exercer a funo de desembargador, o Superior Tribunal de Jus-tia j decidiu que eles no possuem a prerrogativa de foro prevista no artigo 105 da Constituio Federal. A prerrogativa vinculada ao cargo e no ao eventual exerccio da funo em substituio:

    PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL. JUZA DE 1 GRAU EM SUBSTITUIO NO TRIBUNAL DE JUSTIA. AU-SNCIA DE PRERROGATIVA DE FORO. AGRAVO IMPROVIDO.

    1. Os Juzes de 1 grau em substituio nos Tribunais de Justia no possuem a prerrogativa de foro assegurada pelo art. 105, inciso I, da Cons-tituio da Repblica.

    2. Agravo regimental improvido.(AgRg na Representao n 368 BA (2007/0195172-5), Relator

    Ministro Arnaldo Esteves Lima. Acrdo publicado em 15/05/2008)

    CASO DE SEDIMENTAO 1:

    Magistrado tem que se explicar em CPI?Aps ter estudado bastante para seu concurso pblico, relembrando todo o

    material da graduao da FGV, voc se encontra no exerccio da magistratura federal. Recentemente, atuou em processo rumoroso, que lhe rendeu bastante tra-balho, tendo proferido 20 laudas de deciso para o deferimento de liminar em favor da Empresa X, a qual litigava contra a Caixa Econmica Federal acerca de expressivo numerrio que teria sido irregularmente utilizado por esta estatal com violao a direitos contratuais da Empresa X. Passados dois meses do deferimento da liminar, eis que surge uma correspondncia do Senado Federal em seu gabi-nete, convocando-o a prestar esclarecimentos perante a Comisso Parlamentar de Inqurito dos Bingos, tendo em vista ter voc proferido deciso contra a CEF, em favor da Empresa X, ambas sob investigao da CPI. Est voc obrigado a comparecer?Est obrigado a prestar esclarecimentos acerca de sua deciso? Em caso de respostas negativas, o que voc poderia fazer?

    Leitura obrigatria:

    HC 86581/DF. Rel. Min. Ellen Gracie, 23/2/2006, disponvel no stio eletrnico do Supremo Tribunal Federal

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    FGV DIREITO RIO 23

    10 Disponveis para consulta no link http://www.cnj.jus.br/relatorios

    11 Um exemplo disso a Emenda Cons-titucional n. 50, que se originou da PEC 347/96, e que o CnJ pediu, em seu re-latrio de 2005 a prioridade do Poder Legislativo para a sua aprovao (ver pgina 94 do relatrio).

    5) O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA

    Aps a anlise sobre o Poder Judicirio e a necessidade de sua imparcia-lidade e independncia, convm tratarmos da legitimidade de um controle externo sobre suas atividades.

    A Emenda Constitucional n 45, de 30 de dezembro de 2004, denomi-nada Reforma do Judicirio, estabeleceu, como rgo do Poder Judicirio, o Conselho Nacional de Justia. Trata-se da implementao do controle exter-no da administrao da Justia em nosso ordenamento, como ocorre j de h muito tempo em alguns pases da Europa.

    Diversas motivaes nortearam o Congresso Nacional. Uma delas, de grande apelo popular, dizia respeito moralidade administrativa, sacrificada por atos de nepotismo, falta de concursos pblicos para contratao de asses-sores e abuso de poder encontrveis, em maior ou menor grau, na magistra-tura estadual e federal.

    As questes levantadas so tipicamente de administrao da Justia, en-contrando no mbito do Conselho recm criado um foro adequado para a sua discusso ampla.

    Por isso, a competncia do Conselho para o controle do cumprimento dos deveres funcionais de juzes. Est previsto ainda o controle da atuao admi-nistrativa e financeira, com a conseqente elaborao anual de relatrio10, propondo as providncias necessrias sobre a situao do Poder Judicirio no pas e da prestao do servio jurisdicional, sugerindo, inclusive, alteraes nas legislaes e na prpria Constituio11. Controle de atuao administra-tiva e financeira significam uma avaliao do servio prestado. O sistema de Justia e subsistemas que o integram so considerados atualmente no sim-plesmente como o exerccio de uma potestade pblica, mas como servios pblicos, suscetveis de serem organizados, dirigidos e avaliados da mesma maneira como podem s-lo a sade, a educao, o transporte etc. A transpa-rncia essencial. Esta competncia teve como motivao a necessidade de o Estado brasileiro oferecer s cidads e cidados do pas uma administrao de Justia gil, transparente e eficaz para a proteo dos direitos e reparao das violaes.

    Neste cenrio, foi criado o Conselho Nacional de Justia (CNJ), rgo integrante do Poder Judicirio brasileiro, com atuao em todo o territ-rio nacional, instalado em 14 de junho de 2005, com sede em Braslia, e composto pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e mais 14 membros nomeados pelo presidente da Repblica, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, para um mandato de dois anos, admiti-da uma reconduo. Em sua maioria (nove integrantes), o CNJ composto por membros do prprio Poder Judicirio e pode ser dividido da seguinte forma:

    10. Disponveis para consulta no link http://www.cnj.jus.br/relatorios

    11. Um exemplo disso a Emenda Constitucional n. 50, que se originou da PEC 347/96, e que o CnJ pediu, em seu relatrio de 2005 a prioridade do Poder Legislativo para a sua aprovao (ver pgina 94 do relatrio).

    http://www.cnj.jus.br/relatorioshttp://www.cnj.jus.br/relatorios

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    FGV DIREITO RIO 24

    (a) Membros do Judicirio (9):

    o Presidente do Supremo Tribunal Federal; um ministro do Superior Tribunal de Justia, indicado pelo respec-

    tivo tribunal; um ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo res-

    pectivo tribunal; um desembargador de Tribunal de Justia, indicado pelo Supremo

    Tribunal Federal; um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribu-

    nal de Justia; um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justia; um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal

    Superior do Trabalho; um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho;

    (b) Membros das Funes essenciais Justia (4):

    Ministrio Pblico (2): um membro do Ministrio Pblico da Unio, indicado pelo procu-

    rador-geral da Repblica; um membro do Ministrio Pblico estadual, escolhido pelo pro-

    curador-geral da Repblica dentre os nomes indicados pelo rgo competente de cada instituio estadual;

    Advocacia (2): dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos

    Advogados do Brasil;

    (c) Membros da sociedade escolhidos pelo Legislativo (2):

    dois cidados, de notvel saber jurdico e reputao ilibada, indica-dos um pela Cmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal.

    Cabe destacar que, com a alterao promovida pela Emenda Constitucional n 61/2009, caber ao Presidente do STF presidir o Conselho Nacional de Justia e, nas suas ausncias e impedimentos, caber ao Vice-Presidente do STF.

    Para o Supremo Tribunal Federal, a existncia, no Conselho de membros alheios ao corpo da magistratura, alm de viabilizar a erradicao do corporati-

  • ORgAnizAO DA JUSTiA E DAS CARREiRAS JURDiCAS PBLiCAS

    FGV DIREITO RIO 25

    12 Ministro nelson Jobim, ento Minis-tro do STF, em artigo Judicirio: Cons-truindo um novo modelo; in A reforma do Poder Judicirio no Estado do Rio de Janeiro. Fundao getlio Vargas-Rio de Janeiro, 2005.

    vismo, estende uma ponte entre o Judicirio e a sociedade, permitindo a oxigena-o da estrutura burocrtica do Poder e a resposta a crticas severas (STF Ple-no ADIN n 3.367/DF Rel. Min. Csar Peluso, deciso: 13-4-2005).

    Doutrina e jurisprudncia muito divergiam a respeito da constitucionali-dade da criao deste controle externo. A discusso passava principalmente por dois pontos: a independncia dos poderes (Art. 2 da CF) e a vulnerao das clusulas ptreas (Art. 60, 4 da CF).

    Pense, medite e responda:Viola a criao do CNJ a independncia entre os poderes e as clusulas

    ptreas?At que ponto a criao desse rgo controlador no iria ferir a inde-

    pendncia dos poderes, to preservada em nossa Constituio e que veio inclusive coberta pelo manto da imutabilidade das clusulas ptreas?

    Ocorre que, como cedio, as estruturas do Poder Legislativo, Execu-tivo e Judicirio vm sofrendo um grande desgaste nas ltimas dcadas. Questes relevantes precisam ser discutidas para a reestruturao do Estado e dos poderes pblicos. O Parlamento no mais, necessariamente, reflete a vontade popular, havendo necessidade de uma ampla reforma poltica, prin-cipalmente no tocante ao sistema eleitoral.

    No campo do Poder Executivo, problemas semelhantes se apresentam. A transformao do Estado Liberal para o Estado do Bem-Estar Social mudou completamente a relao Executivo Sociedade. So as privatizaes, as agn-cias reguladoras, a ingerncia cada vez maior do Estado na vida do particular...

    Da mesma forma, inegvel tambm a crise no Judicirio brasileiro. O nosso Judicirio considerado lento, ineficaz e caro. O Judicirio tornou-se protagonista de uma srie de conflitos, mas no vem sendo capaz de dar as to almejadas respostas sociedade.

    QUAIS AS CAUSAS PARA ESTA CRISE DO JUDICIRIO?

    Para o STF, as causas so muitas, mas especialmente: A criao dos Juizados Especiais na Justia Estadual, em 1995,

    e na Justia Federal, em 2002, que elevou significativamente o acesso Justia;

    A intensa judicializao das denominadas leses de massa, como por exemplo, as questes decorrentes dos planos econmicos;

    O aumento da criminalidade organizada; O aumento do controle de constitucionalidade, tanto a nvel

    concentrado quanto a nvel difuso.1212. Ministro nelson Jobim, ento Ministro do STF, em artigo Judicirio: Construindo um novo modelo; in A reforma do Poder Judicirio no Estado do Rio de Janeiro. Fundao getlio Vargas-Rio de Janeiro, 2005.

    http://3.367/DF

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    FGV DIREITO RIO 26

    Uma das solues encontradas para se acabar com a crise no Judicirio foi a sua Reforma, ocorrida em 2004, com a EC n 45, que criou o ento rgo de controle externo, denominado Conselho Nacional de Justia.

    Tal criao j foi objeto de Ao de Declarao de Inconstitucionalidade, ADIN n 3367, julgada em abril de 2005, tendo como relator o ministro Ce-zar Peluso, tendo sido reconhecida a constitucionalidade do Conselho Nacio-nal de Justia.

    Trata-se de um rgo cuja natureza meramente administrativa. rgo interno do Poder Judicirio de controle administrativo, financeiro e disci-plinar da magistratura. No h infringncia nas funes tpicas do Judici-rio. Preserva-se a imparcialidade e a independncia do magistrado, apesar do mesmo passar a se submeter a um controle administrativo externo por parte do CNJ. Esta deciso inova no somente em relao ao CNJ, cuja constitucionalidade foi declarada, mas tambm refora e centraliza na fora do Supremo Tribunal Federal todo o ordenamento jurdico-constitucional brasileiro. Torna o STF no s a cpula jurisdicional do Poder Judicirio brasileiro, como j tradicionalmente estabelecido, como tambm, a partir da EC n 45/04, sua cpula administrativa, financeira e disciplinar, pois todas as decises do CNJ sobre o controle da atuao administrativa e financeira dos tribunais e sobre a atuao funcional dos magistrados sero passveis de controle jurisdicional pelo STF, que fixar o ltimo posicionamento. Leia a seguir o trecho da deciso acerca deste ponto:

    (...) 4. PODER JUDICIRIO. Conselho Nacional de Justia. rgo de natureza exclusivamente administrativa. Atribuies de controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura. Competncia relativa apenas aos rgos e juzes si-tuados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Preeminncia deste, como rgo mximo do Poder Judicirio, sobre o Conselho, cujos atos e decises esto sujeitos a seu controle jurisdi-cional. Inteligncia dos art. 102, caput, inc. I, letra r, e 4, da CF. O Conselho Nacional de Justia no tem nenhuma competncia sobre o Supremo Tribunal Federal e seus ministros, sendo esse o r-go mximo do Poder Judicirio nacional, a que aquele est sujeito. (...)

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    FGV DIREITO RIO 27

    Seria constitucional um Estado da Federao criar um rgo similar ao CNJ no mbito estadual?

    O Supremo Tribunal Federal tambm j teve a oportunidade de solucionar tal questo, na mesma ADIN, nos seguintes termos:

    (...) 3. PODER JUDICIRIO. Carter nacional. Regime or-gnico unitrio. Controle administrativo, financeiro e discipli-nar. rgo interno ou externo. Conselho de Justia. Criao por Estado membro. Inadmissibilidade. Falta de competncia consti-tucional. Os Estados membros carecem de competncia constitu-cional para instituir, como rgo interno ou externo do Judici-rio, conselho destinado ao controle da atividade administrativa, financeira ou disciplinar da respectiva Justia.(...)

    Como j ressaltado acima, a jurisdio una. Como expresso do poder estatal, ela eminentemente nacional e no comporta divi-ses. Desta forma, como bem assinalou o STF, o Poder Judicirio nacional e seu regime orgnico unitrio, no comportando a insti-tuio de novos rgos controladores em mbito estadual.

    Desta forma, trs so os pontos caracterizadores do CNJ que afastam a possibilidade de declarao de sua inconstitucionalidade sob alegao de in-terferncia na separao de Poderes:

    rgo integrante do Poder Judicirio;sua composio apresenta maioria absoluta de membros do Poder

    Judicirio;eexiste possibilidade de controle de seus atos pelo rgo da cpula do Poder

    Judicirio, o Supremo Tribunal Federal.Resta, portanto, agora, saber quais so as to discutidas atribuies do

    CNJ.A Constituio Federal trouxe, em seu Artigo 103-B, 4, um rol exem-

    plificativo das mais importantes atribuies do CNJ. Passam elas pelo con-trole da atuao administrativa e financeira do Poder Judicirio e do cumpri-mento dos deveres funcionais dos juzes.

    Veja uma deciso do STF acerca do tema:

    O CNJ, embora integrando a estrutura constitucional do Poder Judicirio como rgo interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura excludos, no entanto, do alcance de referida competncia, o prprio STF e seus ministros (ADI 3.367/DF) , qualifica-se como instituio de carter eminentemente adminis-

    http://3.367/DF

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    FGV DIREITO RIO 28

    trativo, no dispondo de atribuies funcionais que lhe permitam, quer colegialmente, quer mediante atuao monocrtica de seus conselhei-ros ou, ainda, do corregedor nacional de justia, fiscalizar, reexaminar e suspender os efeitos decorrentes de atos de contedo jurisdicional emanados de magistrados e tribunais em geral, razo pela qual se mos-tra arbitrria e destituda de legitimidade jurdico-constitucional a de-liberao do corregedor nacional de justia que,

    1419 Art. 103-B, 4, II agindo ultra vires, paralise a eficcia de de-ciso que tenha concedido mandado de segurana. (MS 28.611-MC--AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 14-10-2010, Plen-rio, DJE de 1-4-2011.) No mesmo sentido: MS 28.598-MC-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 14-10-2010, Plenrio, DJE de 9-2-2011; MS 27.148-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 11-5-2011, Plenrio, DJE de 25-5-2011.

    Para uma maior aproximao do Conselho Nacional de Justia com a sociedade, garantindo maior efetividade na sua atuao, a EC n 45/2004 previu ainda no Art. 103-B, 7, a criao de Ouvidorias de Justias, com competncia para receber reclamaes e denncias de qualquer interessado contra membros ou rgos do Poder Judicirio, ou contra seus servios auxi-liares, representando diretamente ao CNJ.

    Questo que tem encontrado grande divergncia jurisprudencial e doutrin-ria diz respeito aos limites do poder normativo do CNJ. A Reforma do Judici-rio lhe conferiu a importante atribuio de zelar pela autonomia do Poder Judi-cirio e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no mbito de sua competncia, ou recomendar providncias.

    H que se explicitar qual o real objetivo do constituinte ao conferir tal poder regulamentar ao CNJ. Seria um grande equvoco imaginar que a so-ciedade tivesse conferido ao CNJ o poder de, mediante resolues, substituir a vontade geral do povo, ou seja, substituir o Poder Legislativo. Da mes-ma forma, seria errneo o entendimento de que o CNJ poderia substituir o prprio Poder Judicirio, por meio de concesso de medidas liminares, por exemplo, de carter jurisdicional. No pode o CNJ romper com os princpios da reserva da lei e da reserva de jurisdio. O poder de expedir atos regulamen-tares tem um objetivo especfico, qual seja, o controle administrativo. Alis, essa a ratio essendi da criao do CNJ. Tratando-se de atos de fiscalizao administrativa, apenas podem dizer respeito situaes concretas. Essa a distino. A matria reservada lei, geral e abstrata, diz respeito a previso de comportamentos futuros. J a matria reservada aos atos regulamentares do CNJ diz respeito as diversas situaes que surjam da atividade concreta dos juzes, exercendo o CNJ um controle destas. So dois os limites, portanto:

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    FGV DIREITO RIO 29

    no pode expedir atos regulamentares com carter geral de abstrato, em face da reserva de lei; e

    no pode se ingerir nos direitos e garantias fundamentais dos cidados, face a clusula de proibio de restrio a direitos e garantias fundamentais, que se sustenta na reserva de lei.

    Desta forma, os atos regulamentadores do CNJ esbarram assim na im-possibilidade de inovar e na impossibilidade de restringir direitos e garantias pessoais, funcionais e institucionais. Deve-se restringir, portanto, a emitir atos regulamentares de carrter fiscalizatrio, porm, somente em sede ad-ministrativa.

    Pode o CNJ, por meio de um Procedimento Administrativo, anular concurso pblico para Juiz de Direito substituto? E mais, poderia faz-lo ex officio?

    Sim, tendo em vista a previso contida nos artigos 91 e 93 do novo Regimento Interno do CNJ.

    Art. 91. O controle dos atos administrativos praticados por mem-bros ou rgos do Poder Judicirio ser exercido pelo Plenrio do CNJ, de ofcio ou mediante provocao, sempre que restarem contrariados os princpios estabelecidos no art. 37 da Constituio, especialmente os de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia, sem prejuzo da competncia do Tribunal de Contas da Unio e dos Tribunais de Contas dos Estados.

    Art. 93. A instaurao de ofcio do procedimento de controle admi-nistrativo poder ser determinada pelo Plenrio, mediante proposio de Conselheiro, do Procurador-Geral da Repblica ou do Presidente do Conselho Federal da OAB.

    cargo pblico, tal exigncia depender de expressa previso legal, em razo do princpio da legalidade. Foi com base nestes dois artigos, que o Plenrio do STF, por unanimidade de votos, negou o Mandado de Segurana 26163-DF impetrado contra deciso do CNJ que anulou, de ofcio, o VII Concurso Pblico para a Magistratura do Amap.

    Outra deciso importante do CNJ, a respeito do concurso pblico, foi a proferida no PCA (Procedimento de Controle Administrativo) n 347 com relao ao concurso para ingresso na magistratura no Estado de So Paulo, que limitava a participao no certame somente queles que haviam comple-tado 45 anos de idade no ltimo dia da inscrio.

    O Plenrio do CNJ, por unanimidade, afastou tal dispositivo do edital de abertura do concurso por considerar que a limitao de idade no coaduna

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    FGV DIREITO RIO 30

    com a interpretao sistmica do ordenamento jurdico ptrio, alm de repre-sentar afronta aos princpios da isonomia, da razoabilidade e da legalidade.

    Considerou-se a proibio constitucional de qualquer discriminao em ra-zo da idade, notadamente no que se refere insero dos indivduos no mer-cado de trabalho. Sendo assim, a legislao ordinria ou os editais de concursos pblicos s fixar limites etrios para ingresso no servio pblico quando a na-tureza do cargo o exigir (art. 39, 3, CF). E que, ainda que possvel em de-terminados casos a estipulao de idade mnima ou mxima para ingresso em

    Cumpre-nos ressaltar, porm, que o Supremo Tribunal Federal, apesar da criao do Conselho Nacional de Justia como rgo integrante do Poder Judicirio Brasileiro, continua sendo a Corte mxima deste Poder, sendo o rgo legitimado para o julgamento de questes que envolvam decises to-madas pelo CNJ ou regulamentos por este expedidos.

    DEBATES: ATIVISMO JUDICIAL E JUDICIALIZAO DA POLTICA.

    JURISPRUDNCIA

    Poder Judicirio

    Art. 93, XI, da CF: Tribunal Pleno e rgo Especial 1O Tribunal iniciou julgamento de liminar em mandado de segurana im-

    petrado por desembargadores do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo TJSP contra deciso do Conselho Nacional de Justia CNJ que defe-rira, em parte, medida liminar em procedimento de controle administrativo PCA para anular a expresso a ser submetida apreciao do Tribunal Ple-no, contida no art. 1 e todo o art. 5 da Portaria 7.348/2006 do Presiden-te do TJSP, bem como para cassar todas as deliberaes administrativas ou normativas do Tribunal Pleno que usurparam atribuies do rgo Especial, em violao do Enunciado Administrativo 2 do CNJ e das Constituies Es-tadual e Federal. Entendera o voto condutor da deciso do CNJ que, criado o rgo Especial, passariam automaticamente para a sua competncia todas as atribuies administrativas e jurisdicionais que eram do Pleno, exceto a eletiva. Na espcie, diante da extino dos Tribunais de Alada paulistas (EC 45/2004, art. 4), o Presidente do TJSP convocara o Plenrio para deliberar sobre as competncias a delegar ao seu rgo Especial, haja vista o dispos-to no novo inciso XI do art. 93 da CF, o que resultara no requerimento de instaurao do aludido PCA, ao CNJ, por integrantes do rgo Especial, visando manter a supremacia jurisdicional e administrativa deste (CF, art. 93: XI nos tribunais com nmero superior a vinte e cinco julgadores, pode-

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    FGV DIREITO RIO 31

    r ser constitudo rgo especial, com o mnimo de onze e o mximo de vinte e cinco membros, para o exerccio das atribuies administrativas e jurisdicionais delegadas da competncia do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigidade e a outra metade por eleio pelo tribunal pleno;).

    MS 26411/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 22.3.2007. (MS-26411) Informativo 460

    Art. 93, XI, da CF: Tribunal Pleno e rgo Especial 2Inicialmente, o Tribunal, por maioria, em questo de ordem, admitiu que o

    pedido liminar fosse submetido ao Pleno pelo relator. Vencido, no ponto, o Min. Marco Aurlio que considerava caber ao prprio relator definir a procedncia ou no do pedido de concesso de liminar, tendo em conta o disposto na Lei 1.533/51 e no Regimento Interno do STF, bem como o Enunciado da Smula 622 do STF (No cabe agravo regimental contra deciso do relator que concede ou indefere liminar em mandado de segurana). Em seguida, afirmou-se a legitimidade ati-va dos impetrantes. Salientou-se estar diante de mandado de segurana utilizado como substitutivo do conflito de competncias ou atribuies entre rgos no personalizados de estatura constitucional, e citou-se jurisprudncia da Corte no sentido de ser reconhecida a legitimao do titular de uma funo pblica para requerer segurana contra ato do detentor de outra tendente a obstar ou usurpar o exerccio da integralidade de seus poderes ou competncias (MS 21239/DF, DJU de 23.4.93; MS 20499/DF, DJU de 6.11.87). Asseverou-se ser improce-dente, ademais, objeo acerca da legitimidade em virtude de a ordem ter sido impetrada por uma parcela de integrantes do Plenrio do TJSP, e no por titular individual do direito-funo vindicado. Considerou-se bastar a legitim-los para impetrao que, como desembargadores, participem do Plenrio, cuja competn-cia sustentam, e, nessa condio, se pretendam titulares do direito de voto nas suas deliberaes respectivas, incidindo, no caso, o 2 do art. 1 da Lei 1.533/51 (Quando o direito ameaado ou violado couber a vrias pessoas, qualquer delas poder requerer o mandado de segurana).

    MS 26411/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 22.3.2007. (MS-26411)

    Art. 93, XI, da CF: Tribunal Pleno e rgo Especial 3Quanto questo de mrito, o Min. Seplveda Pertence, relator, deferiu

    a liminar para suspender, at a deciso do mandado de segurana, a eficcia da deciso impugnada. Reputou densa a plausibilidade dos fundamentos do pedido de segurana, haja vista que a deciso do CNJ minimiza a inovao substancial do texto ditado pela EC 45/2004 para o inciso XI do art. 93 da CF. Ressaltou, de incio, ser de importncia decisiva a meno, nele contida, ao exerccio de atribuies delegadas da competncia do Tribunal Pleno, ine-xistente nos textos anteriores concernentes instituio do rgo Especial compulsria na EC 7/77 Carta decada, e facultada no texto original da

    http://www.stf.jus.br/processos/processo.asp?PROCESSO=26411&CLASSE=MS&ORIGEM=AP&RECURSO=0&TIP_JULGAMENTO=M

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    FGV DIREITO RIO 32

    Constituio. Afirmou que a Constituio no delega competncias, mas as confere aos rgos que ela prpria constitui, e que, por isso, a delegao in-troduzida pela EC 45/2004 tem dois pressupostos sucessivos: primeiro, que o seu objeto seja da competncia original do rgo delegante e, segundo, o ato deste que delega a outro o seu exerccio. Assim, a Constituio nem ins-titui, ela prpria, o rgo Especial nos grandes tribunais diferentemente do que determinava a EC 7/77 , nem lhe concede todas as atribuies jurisdicionais e administrativas do Tribunal Pleno, mas apenas faculta a este que, por meio de delegao, transfira o exerccio dessas atribuies ao rgo Especial que resolva instituir. Diante disso, concluiu caber ao Tribunal Pleno constituir ou manter o rgo Especial e delegar-lhe parcial ou total mente suas atribuies com, pelo menos, uma nica exceo, qual seja, o poder normativo de elaborar o regimento interno do tribunal e nele dispor sobre a competncia e o funcionamento dos respectivos rgos jurisdicionais e admi-nistrativos. Considerou, por fim, que, patente a relevncia constitucional dos fundamentos da impetrao, o risco de manter a eficcia do ato impugnado, at a deciso definitiva do mandamus, seria manifesto na eventualidade de ter-se um regimento votado pelo rgo Especial, cuja invalidade seria de declarao provvel, com todas as conseqncias que poderiam advir para o funcionamento o TJSP. Aps, pediu vista o Min. Cezar Peluso.

    MS 26411/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 22.3.2007. (MS-26411) Informativo 460

    ADI e Autonomia Financeira e Administrativa do Poder JudicirioPor considerar caracterizada a ofensa independncia e harmonia dos Po-

    deres e autonomia administrativa e financeira do Poder Judicirio (CF, arti-gos 2, 96 e 99, respectivamente), o Tribunal julgou procedente pedido for-mulado em ao direta ajuizada pela Associao dos Magistrados Brasileiros AMB para declarar a inconstitucionalidade da Lei alagoana 5.913/97, que cria a Central de Pagamentos de Salrios do Estado de Alagoas CPSAL, e inclui entre as responsabilidades desta a de aferir, e endossar, a legalidade funcional, e os proventos, de cada servidor pblico, produzir os documentos e relatrios necessrios ao pagamento dos estipndios do funcionalismo pblico, e prover, com exclusividade, o pagamento de todos os servidores pblicos, abran-gendo os das administraes direta e indireta, fundacional pblica e autrquica, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judicirio, do Ministrio Pblico Estadual e do Tribunal de Contas do Estado v. Informativo 67. Reportou-se, ademais, ao que decidido na ADI 3367/DF (DJU de 22.9.2006), em que declarada a constitucionalidade da criao do Conselho Nacional de Justia CNJ exa-tamente por se tratar de rgo interno de controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura, ou seja, por no constituir rgo externo es-trutura do Poder Judicirio, salientando o fato de se ter posto ali em evidn-

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    FGV DIREITO RIO 33

    cia a vedao constitucional a interferncias externas que possam, de alguma forma, afetar negativamente a independncia da magistratura. Observou-se, ainda, que a circunstncia de a CPSAL ser composta tambm por represen-tante do Poder Judicirio no afastaria o vcio da inconstitucionalidade, e que esse fato, alm de permitir que o Poder Judicirio interferisse indevidamente nos demais Poderes, no garantiria que sua atuao, as suas ponderaes e es-colhas, quanto a seus servidores, prevalecessem. Outros precedentes citados: ADI 1051/SC (DJU de 13.10.95); ADI 135/PB (DJU de 15.8.97); ADI 183/MT (DJU de 31.10.97); ADI 98/MT (DJU de 31.10.97); ADI 137/PA (DJU de 3.10.97); ADI 2831 MC/RJ (DJU de 28.5.2004). ADI 1578/AL, rel. Min. Crmen Lcia, 4.3.2009. (ADI-1578) Informativo 537

    Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro 1O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinrio, afetado ao Pleno

    pela 1 Turma, em que se discute se o foro especial por prerrogativa de fun-o se estende ou no queles que se aposentam em cargos cujos ocupantes ostentam tal prerrogativa. Trata-se, na espcie, de agravo de instrumento con-vertido em recurso extraordinrio criminal interposto, por desembargador aposentado, contra deciso da Corte Especial do STJ que declinara de sua competncia, em ao penal contra ele instaurada, ao fundamento de que, em decorrncia de sua aposentadoria, no teria direito prerrogativa de foro pelo encerramento definitivo da funo. O ora recorrente sustenta a incidn-cia do art. 95, I, da CF, assegurador da vitaliciedade aos magistrados, sob a alegao de que esta somente poderia ser afastada por sentena judicial tran-sitada em julgado, na qual consignada a perda do cargo. Alega, ainda, que a correta leitura do art. 105, I, a, da CF, incluiria tambm os desembargadores aposentados, uma vez que interpretao diversa desse dispositivo o colocaria em situao inusitada, pois, o submeteria, na qualidade de ex-presidente e ex-corregedor-geral, a juiz que eventualmente tenha recebido alguma sano disciplinar. Por fim, pleiteia o reconhecimento da negativa de vigncia aos artigos 5, XXXV, LIV, LV, e 2 e 93, IX, ambos da CF e, alternativamente, requer sejam tidos como transgredidos os artigos 94, I e 105, I, a, da CF v. Informativo 485.

    RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560) Informativo 495

    Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro 2O Min. Ricardo Lewandowski, relator, negou provimento ao recurso por

    entender que a pretenso do recorrente esbarra na orientao jurisprudencial fixada pelo Supremo. Reportou-se ao que decidido no HC 80717/SP (DJU de 5.3.2001), no qual se consignara que, com o cancelamento do Enunciado da Smula 394 do STF, estaria afastada a competncia originria do STJ para

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    FGV DIREITO RIO 34

    proceder ao julgamento de juiz do TRT aposentado, entendimento baseado no julgamento do Inq 687 QO/SP (DJU de 9.11.2001). Citou, tambm, o que estabelecido pela Corte no RE 291485/RJ (DJU de 23.4.2003), no sen-tido de que o foro especial por prerrogativa de funo tem por objetivo o res-guardo da funo pblica; que o magistrado, no exerccio do ofcio judicial, goza da prerrogativa de foro especial, garantia que est voltada no pessoa do juiz, mas aos jurisdicionados; e que, no havendo mais o exerccio da fun-o judicante, no h de perdurar o foro especial, haja vista que o resguardo dos jurisdicionados, nesse caso, no mais necessrio. Ressaltou, ainda, que o provimento vitalcio o ato que garante a permanncia do servidor no cargo, aplicando-se apenas aos que integram as fileiras ativas da carreira pblica. Por fim, aduziu no haver se falar em parcialidade do magistrado de 1 ins-tncia para o julgamento do feito, porquanto a lei processual prev o uso de excees capazes de afastar essa situao. Em seguida, o Min. Marco Aurlio levantou questo acerca da impossibilidade de se discutir a matria, que j se encontraria julgada por esta Corte, em processo objetivo (ADI 2797/DF, DJU de 19.12.2006), sob pena de se atuar como legislador positivo, restabe-lecendo, embora de forma mitigada, o 1 do art. 84 do CPP. No ponto, o relator acompanhou essa manifestao, mantendo seu voto.

    RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560) Informativo 495

    Juiz Aposentado: Vitaliciedade e Prerrogativa de Foro 3Em divergncia, o Min. Menezes Direito deu provimento ao recurso para

    assegurar ao magistrado aposentado plena prerrogativa das garantias que so inerentes magistratura, ao fundamento de que o ato que objeto do proces-so foi praticado no exerccio das funes judicantes. Salientou, inicialmente, estar-se diante de situao exemplar no contemplada em nenhum dos pre-cedentes citados, que deveria ser analisada pela Corte, qual seja, o fato de que um ex-desembargador, aposentado hoje, ter praticado um delito no exerccio da funo judicante. Disse que, se o magistrado vitalcio no exerccio da funo judicante, e se ele, eventualmente, em razo dessa atividade, comete certo ato que pode ser objeto de determinada ao, essa ao no se referiria a nenhuma atividade posterior ao exerccio da atividade judicante, mas con-cretamente ao exerccio da atividade judicante. Assim, quando um magistra-do, sob qualquer circunstncia, em qualquer instncia, exercesse atividade judicante, ele teria de ter, at por princpio de responsabilidade do sistema constitucional, a proteo que a CF lhe assegura (CF, art. 95, I). Mencionou, ademais, dispositivo constante do Estatuto de Roma, que aprovou o Estatuto do Tribunal Penal Internacional, integrado pela adeso brasileira e relativo garantia dos juzes que dele fazem parte (Artigo 48... 2 Os juzes, o procu-rador, os procuradores-adjuntos e o secretrio gozaro, no exerccio das suas fun-

  • ORgAnizAO DA JUSTiA E DAS CARREiRAS JURDiCAS PBLiCAS

    FGV DIREITO RIO 35

    es ou em relao a estas, dos mesmos privilgios e imunidades reconhecidos aos chefes das misses diplomticas, continuando a usufruir de absoluta imunidade judicial relativamente s suas declaraes, orais ou escritas, e aos atos que prati-quem no desempenho de funes oficiais aps o termo do respectivo mandato.). Aps, o julgamento foi suspenso com o pedido de vista do Min. Eros Grau.

    RE 549560/CE, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.2.2008. (RE-549560) Informativo 495

    Conselho Nacional de Justia

    Conselho Nacional de Justia e Atribuies 1O Tribunal iniciou julgamento de questo de ordem suscitada pelo Min.

    Seplveda Pertence em dois mandados de segurana, dos quais relator, impe-trados contra o Conselho Nacional de Justia CNJ, que julgara improce-dente Procedimento de Controle Administrativo PCA, formulado com o objetivo de trancar procedimento disciplinar instaurado, contra o impetran-te, juiz federal, no TRF da 3 Regio, para apurar supostas ilegalidades no processamento e julgamento de habeas corpus. O Min. Seplveda Pertence, relator, resolveu a questo de ordem no sentido de referendar a deciso de indeferimento da liminar e no conhecer da segurana. Salientou, inicial-mente, a necessidade de se proceder a uma reduo teleolgica da alnea r do inciso I do art. 102 da CF, aditada pela EC 45/2004, que conferiu ao Supremo a competncia originria para processar e julgar as aes contra o CNJ, de modo a no converter a Corte, por meio do mandado de seguran-a, em verdadeira instncia ordinria de reviso de toda e qualquer deciso do Conselho. Asseverou, no ponto, ser preciso distinguir as deliberaes do CNJ que implicam interveno na rbita da competncia ordinria confiada, em princpio, aos juzos ou tribunais submetidos ao seu controle das que traduzem a recusa de intervir. Esclareceu, quanto s primeiras, as positivas, no haver dvida de que o CNJ se torna responsvel pela eventual leso ou ameaa de leso a direito conseqentes, submetidas ao controle jurisdicional do Supremo, como, por exemplo, as que avoquem processos disciplinares em curso nos tribunais, apliquem sanes administrativas, desconstituam ou revejam decises deles ou lhes ordene providncias, mas que, diversamente, quanto s segundas, as negativas, o Conselho no substitui por ato seu o ato ou a omisso dos tribunais, objeto da reclamao, que, por conseguinte, re-manescem na esfera de competncia ordinria destes.

    MS 26710 QO/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 2.8.2007. (MS-26710) MS 26749 QO/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 2.8.2007. (MS-26749) Informativo 474

  • ORgAnizAO DA JUSTiA E DAS CARREiRAS JURDiCAS PBLiCAS

    FGV DIREITO RIO 36

    Conselho Nacional de Justia e Atribuies 2O relator considerou que, no caso, o CNJ, ao recusar o pedido do interes-

    sado de ordenar ao TRF que no instaurasse o processo disciplinar cogitado, nada decidira a respeito de sua instaurao ou no, deixando deliberao do rgo judicial reclamado. Ressaltou que nem mesmo a motivao da deciso negativa do CNJ vincularia o tribunal federal, que estaria livre para acolher qualquer das alegaes do interessado, seja mediante deciso administrativa de no instaurar o processo disciplinar, seja, a fortiori, no exerccio do con-trole jurisdicional de deliberao administrativa em sentido contrrio, o qual, mediante mandado de segurana, de sua competncia originria (LOMAN, art. 21, VI). Desse modo, afirmou que a ameaa de abertura do processo dis-ciplinar, contra a qual se insurge o impetrante, continuaria imputvel exclu-sivamente ao tribunal a que est subordinado, e que careceria o Supremo de competncia originria para conhecer do pedido de mandado de segurana. Aps, pediu vista dos autos o Min. Cezar Peluso.

    MS 26710 QO/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 2.8.2007. (MS-26710)MS 26749 QO/DF, rel. Min. Seplveda Pertence, 2.8.2007. (MS-26749)

    Informativo 474

    LEITURA COMPLEMENTAR:

    Constitucionalidade e Legitimidade da criao do Conselho Nacional de Justia. Lus Roberto Barroso. Artigo disponvel na internet: http://www.justicavirtual.com.br artigos clssicos constitucional

    QUESTES ACERCA DA MATRIA:

    01.Assinale a alternativa INCORRETA:

    (a) A Constituio Federal assegura ao Poder Judicirio autonomia admi-nistrativa e financeira

    (b) Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos mem-bros do respectivo rgo especial podero os tribunais declarar a inconstitu-cionalidade de lei ou ato normativo do Poder Pblico

    (c) Os juzes no podem dedicar-se atividade poltico-partidria(d) O Supremo Tribunal Federal competente para alterar o nmero de

    membros dos tribunais inferiores, criar e extinguir cargos e fixar vencimentos de seus membros, dos juzes e, onde houver, dos servios auxiliares e os juzos que lhe forem vinculados.

    (e)Os juzes no podem receber custas ou participao em processo.

    http://www.justicavirtual.com.brhttp://www.justicavirtual.com.brhttp://01.Assinale

  • ORgAnizAO DA JUSTiA E DAS CARREiRAS JURDiCAS PBLiCAS

    FGV DIREITO RIO 37

    02.Analise as afirmaes abaixo: I) O Magistrado s poder exercer uma funo no Magistrio se estiver

    em disponibilidade.II) Desde seu ingresso na carreira, o Magistrado s poder perder seu car-

    go por sentena judicial transitada em julgado.III) Somente podero ingressar no STF os Ministros que exerceram du-

    rante dois anos suas funes no STJ.IV) Os Tribunais podero declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato

    normativo do Poder Pblico, pelo voto da maioria de seus membros ou dos membros do seu rg