orgânicos & cia nº 2
DESCRIPTION
Nesta Edição: Claudio Langone e Copa Sustentável / Saiba o que são Sistemas Participativos de Garantia / Orgânicos mais 20 - Ming Liu / Rotulagem garante preferência do consumidor - Ricardo Sousa / Seminário internacional promove agricultura familiar do Brasil / Alimentos germinados: Bombas de saúde / Varejo: em questão, o consumidor / Orgânicos com charme / Culinária com produtos de sementes crioulasTRANSCRIPT
Edição 2
c
A revista dos mercados orgânicos e sustentável
«O Governo Brasileiro já tomou a decisão de que uma das principais marcas da Copa do Mundo FIFA 2014 será a sustentabilidade ambiental.»Claudio Langone
Confira a entrevistade Claudio Langone, Coordenadorda Câmara Temática Nacional deMeio Ambiente e Sustentabilidadeda Copa 2014
Maio 2011Número 2Distribuição Gratuita
Orgânicoscom charme
Opinião Sistemas Participativos de Garantia
AlimentosGerminados
Varejo eConsumidor
Nesta edição também:
Orgânicos & Cia / 3
Índice
Entrevista
Meio Ambiente
Opinião
Orgânicos mais 20 - Ming Liu 10Rotulagem garante preferência do
consumidor - Ricardo Sousa 12Notas Orgânicas
Internacional
Saúde & Orgânicos
Varejo Orgânico
Turismo & Gastronomia
Receitas
10
9
4
14
16
17
18
20
22
Seminário internacional promoveagricultura familiar do Brasil 16
Saiba o que são SistemasParticipativos de Garantia 6
Alimentos germinados: Bombas de saúde 17
Varejo: em questão, o consumidor 18
Orgânicos com charme 20
Culinária com produtos de sementes crioulas 22
Claudio Langone e Copa Sustentável 4
Sistemas Participativos6
ExpedienteRealização: Planeta Orgânico (Programação Visual 2A2 Ltda.) Contato: (21) 2239-2395
Redação: [email protected] Tiragem: 2,500 exemplares Gráfica: Teatral
Revista Quadrimestral
4 /Orgânicos & Cia
Claudio Roberto Bertoldo Langone nasceu no dia
8 de agosto de 1965, em Tupanciretã, no Rio Grande
do Sul. Ingressou na Faculdade de Engenharia
Química da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), foi presidente da UNE, Secretário Estadual
de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Secretário
Executivo do Ministério do Meio Ambiente na gestão
da Ministra Marina Silva e seu desafio no momento é
coordenar a Câmara Temática Nacional de Meio
Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014
(CTMAS), vinculada ao Ministério do Esporte.
Orgânicos & Cia entrevistou Claudio Langone que
abordou desde os benefícios econômicos esperados
até a Copa Orgânica e Sustentável, um tema já
incorporado a Câmara Temática Nacional de Meio
Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014.
Planeta Orgânico, IP Desenvolvimento Empresarial
e Institucional e IPD-Organics Brasil formam o
consórcio que vem participando desde 2010 das
reuniões de entendimento sobre o projeto entre os
diferentes “stakeholders”, promovidas por Claudio
Langone, Coordenador da Câmara temática Nacional
de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014.
A partir de abril de 2011 integram formalmente o
Núcleo Temático de projeto instalado no âmbito da
CTMAS com a missão de detalhar e coordenar o
projeto, sob a liderança do Ministério de
Desenvolvimento Agrário.
O Governo Brasileiro já tomou a decisão de
que uma das principais marcas da copa do Mundo
FIFA 2014 será a sustentabilidade ambiental. O Brasil,
que sediará em 2012 a cúpula das Nações Unidas
para o Meio Ambiente, em 2014 a Copa do Mundo e
em 2016 os Jogos Olímpicos, quer consolidar sua
O&Cia- O que o Brasil quer mostrar na Copa 2014?
Langone:
.
Claudio Langone, o homem que preparao Brasil para uma Copa Sustentável
Entrevista
liderança global nessa área, e usar a agenda de meio
ambiente e sustentabilidade para mobilizar a
sociedade em torno da Copa do Mundo.
Este é um evento que irá mobilizar o país, promover
o país no mundo e estaremos nos empenhando para
deixar um legado que seja percebido pelo visitante em
diversos momentos. Queremos priorizar o enfoque
educativo, deixando sinais concretos de que esta é
uma Copa que tem um compromisso efetivo com a
sustentabilidade, com a inclusão social, com o
respeito ao meio ambiente.
Os estudos preliminares contratados pelo
Ministério do Esporte estimam cerca de R$ 47 bilhões
de impacto direto, distribuídos aproximadamente da
seguinte forma: Infraestrutura: Civil: R$ 23 bilhões
Serviços: R$10 bilhões Turismo: 600 mil turistas
internac. (R$ 3,9 bi) 3 milhões nacionais (R$ 5,5 bi)
Geração de empregos: Permanentes: 332 mil (2009-
2014) Temporários: 381 mil (2014) Consumo :
Incremento no consumo: R$ 5,0 bi (2009-2014)
Tributos: Tributos totais: R$ 16,8 bi / Tributos federais:
R$ 10,6 bi.
O&Cia - Quais os benefícios econômicos esperados
com a Copa 2014?
Langone:
Orgânicos & Cia / 5
dos empreendimentos.
Para cada uma dessas linhas já se constituiu Núcleos
temáticos de Projeto, compostas por instituições
governamentais e não governamentais, responsáveis
pelo detalhamento, orçamento e definição da
estratégia de implementação nas Cidades Sede.
Esta será uma oportunidade ímpar para
agregar valor sobretudo à pequena propriedade, bem
como aos produtos da rica biodiversidade brasileira,
que terá como legado a disponibilização de produtos
certificados em maior quantidade com preços
menores ao consumidor brasileiro. Em recente
reunião com a FIFA, realizada no Ministério do Esporte
em Brasília, mencionei a possibilidade de oferecer
produtos orgânicos no catering das delegações e
outras atividades e houve boa receptividade a esta
sugestão. Esta é uma idéia que está crescendo...
O Ministério do Esporte, através da
assessoria Especial do Futebol, vem conduzindo esse
trabalho há cerca de um ano, e o fórum que orienta
esse processo é a Câmara Temática Nacional de Meio
Ambiente da Copa 2014 (CTMAS), composto pelo
governo federal, estados e municípios, bem como
outras instituições convidadas.
Cada estado sede deverá ter a sua câmara temática
instalada até junho de 2011
O&Cia - Como você vê o capítulo Copa Orgânica e
Sustentável?
Langone:
O&Cia - Até quando deverão ser instaladas as
Câmaras Temáticas nos estados?
Langone:
O&Cia - Quais os diferenciais do Brasil na Copa
2014?
Langone
O&Cia - Quais os exemplos de diretrizes da Copa
2014 no Brasil ?
Langone:
O&Cia - Que trabalhos estão em andamento?
Langone:
:- A Copa será realizada em 12 cidades sede,
representativas do conjunto dos biomas brasileiros,
que receberão significativos investimentos em
infraestrutura, em especial, em saneamento e
melhoria da mobilidade e circulação.
O Brasil hospedará uma série de mega eventos
começando com os Jogos Olímpicos Militares em julho
de 2011, em 2012 o Rio+20, em 2013 a Copa das
Confederações, em 2014 a Copa e em 2016 os Jogos
Olímpicos no Rio. Todas oportunidades excepcionais
para promover nossa megadiversidade ambiental e
social , além da boa capacidade instalada na questão
ambiental e boa oportunidade de divulgação global de
“produtos” brasileiros (exemplo biocombustíveis,
produtos orgânicos e/ou sustentáveis, produtos dos
povos tradicionais, etc…)
Sempre registro e destaco a necessidade de conjugar
sustentabilidade ambiental com inclusão social.
As diretrizes validadas pela CTMAS são:
Copa que compensa suas emissões e coopera com o
combate ao aquecimento global, Copa que promove
sustentabilidade ambiental com inclusão social, Copa
que incentiva e alavanca negócios verdes, Copa com
eficiência energética, Copa que valoriza e ajuda a
promover e proteger a biodiversidade brasileira, Copa
que constrói estádios com sustentabilidade, Copa que
incentiva a reciclagem e a minimização da geração de
resíduos, Copa que utiliza a água de maneira racional,
Copa que incentiva a mobilidade e circulação
sustentáveis, Copa que incentiva o consumo de
produtos orgânicos e/ou sustentáveis e Copa que
promove o ecoturismo nos biomas brasileiros.
Certificação ambiental dos
estádios, Copa Orgânica e Sustentável, Parques da
Copa, Coleta Seletiva com Inclusão Social,
Processo de monitoramento do licenciamento
Poderia citar as seguintes ações que já
estão em andamento:
.
6 /Orgânicos & Cia
Saiba o que são Sistemas Participativos de Garantia
Sistemas Participativos
O MAPA publicou uma cartilha explicando o que são
Sistemas Participativos de Garantia, um dos meca-
nismos de garantia que integram o Sistema Brasileiro
de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG/
MAPA), previsto no Decreto nº 6.323, de 27 de
Dezembro de 2007, que regulamenta a Lei nº 10.831
sobre a agricultura orgânica.
O objetivo desta iniciativa é ajudar os produtores
orgânicos a melhor compreenderem a importância e o
funcionamento dos Sistemas Participativos de
Garantia.
A legislação brasileira prevê três diferentes maneiras
de garantir a qualidade orgânica dos seus produtos: a
Certificação, os Sistemas Participativos de Garantia e o
Controle Social para a Venda Direta sem Certificação.
Os chamados Sistemas Participativos de Garantia,
junto com a Certificação, compõem o Sistema Brasi-
leiro de Avaliação da Conformidade Orgânica - SisOrg.
O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade
Orgânica - SisOrg é gerido pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa e é
integrado por órgãos e entidades da administração
pública federal e pelos Organismos de Avaliação da
Conformidade, entendidos por Certificação por
Auditoria e Sistemas Participativos de Garantia,
credenciados pelo Mapa. Os Estados e o Distrito
Federal poderão integrar o SisOrg mediante convênios
específicos firmados com o Mapa.
Orgânicos & Cia / 7
Para o seu bom funcionamento, os Sistemas
Participativos de Garantia caracterizam-se pelo
Controle Social e a Responsabilidade Solidária, o que
possibilita a geração da credibilidade adequada a
diferentes realidades sociais, culturais, políticas,
institucionais, organizacionais e econômicas.
Para se formar um SPG, devem ser reunidos
produtores e outras pessoas interessadas para assim
organizar a sua estrutura básica, que é composta pelos
Membros do Sistema e pelo Organismo Participativo de
Avaliação da Conformidade - OPAC.
Os OPACs correspondem às certificadoras no
Sistema de Certificação por Auditoria.
São eles que avaliam, verificam e atestam que
produtos ou estabelecimentos produtores ou
comerciais atendem as exigências do regulamento da
produção orgânica.
Para os OPACs atuarem legalmente, eles precisam
estar credenciados no Mapa – Ministério da Agricultu-
ra, Pecuária e Abastecimento. É esse credenciamento
que autoriza a atuação dos OPACs no Sistema Brasi-
leiro de Avaliação da Conformidade Orgânica - SisOrg.
Na verdade, a OPAC é a pessoa jurídica que assume a
responsabilidade formal pelo conjunto de atividades
desenvolvidas num SPG, com diversas atribuições.
Entre elas, assumir a responsabilidade legal pela
avaliação se a produção está seguindo os regulamen-
tos e normas técnicas na produção orgânica.
A partir do momento em que está credenciado, o
OPAC pode autorizar os fornecedores por ele
controlados a utilizar o Selo do Sistema Brasileiro de
Avaliação da Conformidade Orgânica.
O objetivo desse selo é facilitar ao consumidor
identificar os produtos orgânicos que estão em
conformidade com os regulamentos e normas técnicas
da produção orgânica.
Após o credenciamento, o OPAC passa a ser
responsável por lançar e manter atualizados todos os
dados das unidades de produção que controla. Ele terá
que fazer essas atualizações no Cadastro Nacional de
Produtores Orgânicos e no Cadastro Nacional de
Atividades Produtivas, pois essas informações devem
estar disponíveis para toda a sociedade.
Mais informações sobre Sistemas Participativos de
Garantia em:
http://www.prefiraorganicos.com.br/media/33369/
cartilha_sistemas_participativos_de_garantia.pdf
Selo que deve constar na embalagem
SISTEMAPARTICIPATIVO
CERTIFICAÇÃOPOR AUDITORIA
Orgânicos & Cia / 9
Meio Ambiente
origem, que se distinguem dos similares
disponíveis no mercado. Apresentam
qualidade única em função das
condições geográficas naturais como
solo, vegetação, clima e modo de
produção.
No Brasil, já são oito produtos com
registro de IG, como a cachaça de Paraty,
o vinho do Vale dos Vinhedos e o arroz do
Litoral Norte Gaúcho. A Coordenação de
Incentivo à Indicação Geográfica de
Produtos Agropecuários do Ministério
apoia agricultores no cumprimento dos
requisitos para o registro da IG, con-
cedido pelo Instituto Nacional de
Propriedade Industrial (INPI).
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) investiu mais de R$ 1,5 milhão, nos últimos cinco anos, em convênios com associações de produtores.
Pão de Açúcar incentiva o uso das
sacolas retornáveis
A rede oferece desde 2005 sacolas
retornáveis em suas lojas, com o objetivo
de incentivar o seu uso e diminuir a
circulação de sacolas plásticas. O
material leva mais de 100 anos para se
decompor.
O Pão de Açúcar continua com uma
campanha para a utilização de sacolas
retornáveis, criando em algumas das
lojas do litoral paulista o chamado “Cir-
cuito Sustentável”. Cada loja é represen-
tada por um carrinho de F1 que indica
quem está na frente do ranking,
liderando as vendas. No mês de feverei-
ro de 2011, quem teve destaque foi o
Pão de Açúcar de São Vicente, que
vendeu 1.135 sacolas retornáveis, o que
gerou a redução de 14 mil unidades de
plástico. Adriana Santos, gerente da loja
vencedora, conta que grande parte
deste sucesso se deve ao fato das
operadoras de caixa recomendarem
sempre aos clientes a importância da
utilização de sacolas retornáveis.
Indicação Geográfica valoriza produtos
agropecuários
O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) investiu mais de
R$ 1,5 milhão, nos últimos cinco anos,
em convênios com associações de
produtores, empresas de pesquisa e
cooperativas para tornar viável a
elaboração dos documentos neces-
sários ao registro de Indicação Geográ-
fica (IG) de produtos agropecuários. O
registro de IG é conferido a produtos ou
serviços característicos do seu local de
.
Sacolas retornáveisPão de Açúcar
Opinião
que este segmento vem tomando no
país.
Estamos no momento em um marco
histórico para o setor onde temos obser-
vado que a “carroça vinha andando na
frente dos bois”, e nesta metáfora, não
há nenhuma crítica a nenhuma das
partes e nem a analogia de quem seja a
carroça ou os bois, mas mostrar como o
mercado, no caso os bois, pode ser o
direcionador para a instalação de um
segmento, sua política pública e o seu
desenvolvimento. Mercados estes
formados pelas suas feiras locais, lojis-
tas e armazéns pioneiros em sua região
e cidade, que acreditaram que os
produtos orgânicos não eram uns sim-
ples negócios de momento ou pas-
sageiros. Comunidades e grupos de
produtores que criaram redes de comer-
cialização, e também as pequenas,
médias e grandes redes de supermer-
cado que acreditaram em entender o
que o consumidor de hoje busca na sua
essência consumista. E, por fim, o
mercado externo que há muito antes já
havia descoberto no Brasil suas riquezas
para mais uma vez trazer de volta as
lembrança de quando do período do
Brasil - Colônia, com suas viagens e
embarcações levando açúcar, café,
borracha e tantos outros produtos para
serem vendidos como especiarias no
mercado europeu.
Neste processo algumas instituições
governamentais e não governamentais
nas três esferas municipais, estaduais e
Presencio há pouco mais de seis anos
o desenvolvimento do mercado e seg-
mento dos produtos orgânicos no Brasil
e no mundo. Desde então venho vendo
a luta de empresas, instituições e pes-
soas que há mais de 15, 20 anos vêm
defendendo a bandeira do segmento de
forma que me ensinou a entender o que
deve ser mais do que um negócio, mas
uma filosofia de vida. Estas escolhas
foram por alguns como uma paixão ao
tema, outros por necessidade e cons-
ciência de buscar formas alternativas de
produtos, alguns por recomendação
médica, algumas por estratégias de polí-
ticas públicas de desenvolvimento
econômico e social, e até por pessoas
que por descrédito do que um dia
imag inava estar fazendo a lgo
construtivo e produtivo acabou vendo no
segmento uma forma de sair da insignifi-
cância humana e se redimir a um ser
produtivo e orgânico na sua essência.
Pessoas das mais diversas origens,
nobres e humildes, intelectuais e apren-
dizes, de todas as raças, agricultores
familiares, pessoas do campo, micro-
empresários e empreendedores locais,
comerciantes regionais, empresários,
artistas, banqueiros e ex-bancários,
engenheiros, estudantes, administra-
dores, médicos, políticos, membros de
igrejas enfim, tantos outros que não
foram citados, mas que constituem o
que representa a nossa sociedade como
um todo mostrando a sua diversidade,
tamanho e abrangência do interesse
.
Estamos em um marco
histórico para o setor onde temos
observado que
“A carroça vinha
andando na frente dos
bois”.
Orgânicos mais 20
Orgânicos & Cia / 10
Ming Liu - Coordenador do projeto de exportação Organics Brasil
Ming Liu
Orgânicos & Cia / 11
federais, cada uma dentro de sua
limitação e na sua abrangência de
atuação, também engajaram em
esforços que em conjunto contribuiu
para o que hoje conhecemos deste
segmento.
O processo da regulamentação
nacional (Lei 10.831) que desde janeiro
está em vigência foi este resultado de
esforços que finalmente permitirão que
o consumidor final e o público em geral
possa identificar os produtos de forma
oficial (selo do MAPA) e garantir a
credibilidade que o setor na sua prática
já o faz, mas que ainda carecia de uma
formalização por parte de uma
legislação formal nacional.
Como vivemos em uma sociedade
democrática, este processo algumas
vezes resulta em um tempo maior na
medida em que todos temos vozes e
todos são ouvidos antes de sua
efetivação. Mérito para quem esperou e
glórias para quem se empenhou. Por
outra perspectiva, a demora se
justificará na medida em que a
regulamentação poderá fomentar um
crescimento maior ainda, uma vez que
deve permitir agora fortalecer a
instalação de políticas públicas mais
claras e eficazes. Este marco deverá
proporcionar ao setor no segmento
privado, seguindo o que ocorreu na
Europa, Estados Unidos e Japão quando
de seu processo de regulamentação, o
crescimento de investimentos do setor
pr ivado de forma crescente e
exponencial.
No atual mercado global que nos
inserimos, com as perspectivas da
situação privilegiada financeira e
econômica que o Brasil está sendo
.
apontado, com o crescimento e
mudança do perfil demográfico que o
IBGE demonstra e que estaremos
experimentando nos próximos trinta
anos um perfil onde as faixas etárias de
idades da população economicamente
ativa estará no seu ápice, e com a
preocupação cada vez maior em buscar
fontes sustentáveis de energia,
alimentos e insumos para nossas vidas,
tenho a convicção de que o segmento irá
experimentar um desenvolvimento forte
e que pode não chegar a números de
mercado mainstream, mas será tratado
como. Atualmente o mercado global está
estimado em cerca de US$56 Bilhões de
dólares anuais segundo a Organic
Monitor, com os Estados Unidos e a
Europa representando praticamente
90% desse total. Estatísticas nacionais
de área e faturamento teremos em breve
com o cadastramento nacional em
execução pelo MAPA da cadeia
produtiva, porem números levantados
pelo IPD Organics Brasil apontaram
áreas certificadas para o mercado
internacional na ordem de pouco mais
de 7 milhões de hectares levando-o a
condição de quarto maior país em área
certificada segundo a IFOAM.
A persistência e as iniciativas de
pessoas e instituições que conheci
durante este período em suas mais
diversas esferas, público, privadas e do
terceiro setor e dentro de suas
limitações também ensinou que há
ainda muito que se fazer e que o Brasil
tem o potencial de não ser o maior, mas
ser referencia no que pode colocar em
prática o que nos outros países só
conseguiram ou conseguirão na teoria.
Brasil, orgânico por natureza.
Este marco deverá proporcionar ao setor no segmento privado, seguindo o que ocorreu na Europa, Estados Unidos e Japão quando de seu processo de regulamentação, o crescimento de investimentos do setor privado de forma crescente e exponencial.
12 /Orgânicos & Cia
Ricardo Sousa - Diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange)
(nome do produto) transgênico",
exigências que vêm sendo ignoradas
pelo grosso das empresas.
É importante registrar que o Ministério
Público, em ações judiciais, começa a
enquadrar empresas, como ocorreu
recentemente com fabricantes de óleo
de soja, que foram obrigados a estampar
o símbolo de identificação de transgê-
nico e sua descrição por escrito.
É nesse contexto que a nova lei apro-
vada pela Assembléia paulista concorre
para assegurar o direito de exercer sua
escolha, no momento da compra. A
promulgação da nova lei pelo, como se
disse, mais rico e populoso estado brasi-
leiro, não apenas tem o mérito de servir
de exemplo para outros estados como,
igualmente importante, colocou a
questão da rotulagem na ordem do dia.
O tema, de fato, ganhou grande
repercussão na mídia, que passou a
cobrar a postura de fabricantes de ali-
mentos, especialmente os de grande
porte, sobre sua condução diante do fato
novo. Ao ganhar as páginas de jornais,
programas de televisão e veículos digi-
tais, a rotulagem, assim, começa a ser
mais bem compreendida pelo cidadão
comum – o consumidor.
Esse esforço de divulgação conta com
o apoio e a participação da Associação
Brasileira dos Produtores de Grãos Não-
Geneticamente Modificados (Abrange),
que espera ver em nosso país o nível de
.
No final do ano passado, mais precisa-
mente no dia 16 de dezembro, a Assem-
bléia do Estado de São Paulo aprovou a
Lei 14.274, que regulamenta a rotula-
gem de alimentos transgênicos em todo
o estado.
A aprovação dessa lei, que regula-
menta a venda de alimentos transgê-
nicos no estado mais rico e populoso do
País, reveste-se da maior importância
por representar um passo a mais no
sentido de garantir que o consumidor
possa, de fato, exercer o seu direito de
escolha. Explica-se: embora a identifi-
cação dos alimentos que contenham
transgênicos seja obrigatória desde
2003, quando foi publicado o Decreto
4.680, o fato é que a esmagadora
maioria das empresas produtoras de
alimentos não vem obedecendo à
legislação.
As poucas empresas que, obrigadas
pela Justiça, começaram a rotular seus
produtos feitos a partir de matéria prima
transgênica não o fazem corretamente.
A principal irregularidade é a redução do
tamanho do símbolo de identificação
do produto transgênico: a letra 'T'
impressa em negrito dentro de um
triângulo amarelo.
Além disso, deveriam constar, depen-
dendo o caso, os dizeres: "(nome do pro-
duto) transgênico", "contém (nome do
ingrediente ou ingredientes) transgê-
nico(s)" ou "produto produzido a partir de
É importante registrar que o Ministério Público, em
ações judiciais,
começa a enquadrar empresas,
como ocorreu recentemente
com fabricantes de
óleo de soja
Rotulagem garante preferência do consumidor
Orgânicos & Cia / 12
Ricardo SousaRicardo Sousa
mobilização verificado nos países euro-
peus e asiáticos. Para garantir o acesso
ao suprimento de alimentos que consi-
deram mais saudáveis e seguros, os
consumidores europeus e asiáticos
pagam prêmios a seus fornecedores.
Vale lembrar que o Brasil é o maior
produtor e exportador de grãos não-
transgênicos do mundo, a frente dos
Estados Unidos e Argentina, nossos ma-
iores concorrentes no mercado de soja.
Trata-se de uma vantagem compa-
rativa única, principalmente se for
considerado o segmento de produtos de
maior valor agregado, como óleo e farelo
de soja.
Ocorre que a comercialização de produ-
tos não-transgênicos no próprio mer-
.
cado brasileiro ainda é incipiente. É
preciso, neste aspecto, ressaltar que
não temos nada contra os produtos
transgênicos, do ponto de vista
ideológico. Simplesmente, defendemos
o sagrado direito de livre escolha.
Para tanto, a legislação da rotulagem
precisa ser rigorosamente cumprida. E
seu cumprimento passa também pela
atitude dos consumidores, que podem
fazer valer seus direitos pressionando
autoridades e – mais estratégico – as
próprias empresas.
A mobilização da sociedade é o cami-
nho mais curto para a aplicação da
rotulagem e, consequentemente, para
garantir o direito de livre escolha dos
produtores e consumidores.
A mobilização da sociedade é o caminho mais curto para a aplicação da rotulagem e, consequentemente, para garantir o direito de livre escolha dos produtores e consumidores.
Orgânicos & Cia / 13
14 /Orgânicos & Cia
Sergipe tornou-se o
primeiro Estado do
Brasil, a cumprir a Lei Federal, que
determina que no mínimo
30% dos recursos
repassados pelo (FNDE)
destinados a compra de
alimentação para os alunos
das escolas públicas,
sejam para a aquisição de
gêneros alimentícios oriundos da Agricultura
Familiar.
Notas Orgânicas
Sergipe é o 1º Estado do Brasil a alcançar a meta do Governo para Alimentação Escolar
Sergipe tornou-se o primeiro Estado
do Brasil, a cumprir a Lei Federal, que
determina que no mínimo 30% dos
recursos repassados pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) destinados a compra
de alimentação para os alunos das
escolas públicas, sejam para a
aquisição de gêneros alimentícios
oriundos da Agricultura Familiar. Para
que isto se tornasse realidade, a
Secretaria de Educação do Estado
(SEED), com a colaboração do Projeto
Nutre-Nordeste, lançou em 2010, três
Chamadas Públicas, somando um valor
de mais de 9 milhões de reais dos quase
13,4 milhões recebidos pelo Estado.
Deste valor, mais de 4 milhões de reais,
já foram comercial izados pela
Agricultura Familiar de Sergipe. Para
que essa meta fosse alcançada a SEED
e as Organizações Produtivas de Povos e
Comunidades Tradicionais e da
Agricultura Familiar (Associações,
Cooperativas, Pescadores Artesanais e
Aquicultura Associativa) contaram com
o apoio do Nutre Nordeste, que é uma
i n i c i a t i va p i o n e i r a n o B r a s i l ,
desenvolvida através de uma parceria
da ONG AGENDHA (que atua a partir de
Paulo Afonso/BA) com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) e o
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
b e n e f i c i a n d o 1 , 5 m i l h õ e s d e
estudantes das escolas municipais e
estaduais onde o Projeto atua.
Alimentação Escolar
Algumas Prefeituras do interior de
Sergipe já estão cumprindo a lei, dentre
muitas outras, a de Itabaiana, Tobias
Barreto e Santa Luzia do Itanhy. Em se
tratando de Aracaju, a Prefeitura vem
empreendendo esforços, juntamente
com os articuladores do Projeto Nutre
Nordeste para aquisição de produtos
para Alimentação Escolar ainda este
ano, e já submeteu o Edital à
Procuradoria Geral do Município, que
está apenas aguardando parecer para
sua publicação.
Em Aracaju, a Secretaria Municipal de
Educação pretende adquirir os gêneros
alimentícios em duas etapas, sendo a
primeira com valor estimado de R$ 420
mil, para o primeiro semestre letivo de
2011 e valor semelhante para o
segundo. Nesse caso, os 30% exigidos
pela le i , que correspondem a
aproximadamente R$ 510 mil, serão
praticamente alcançados no primeiro
edital.
O Nutre Nordeste vem apoiando as
Organizações Produtivas a tornarem-se
aptas a atenderem as Chamadas
Públicas e comercializarem dentre
outros produtos, os da Sociobiodiver-
sidade (umbu, mangaba, macaxeira,
maxixe), nas 9 capitais do Nordeste e
n o s 6 g r a n d e s m u n i c í p i o s
metropolitanos (Camaçari e Lauro de
Freitas/BA; Jaboatão dos Guararapes e
O l i n d a / P E ; B a y e u x / P B e
Parnamirim/RN). Simultaneamente, o
Projeto incentiva os Gestores da
Alimentação Escolar a publicarem as
Chamadas Públicas de acordo com as
o fe r t a s d e s s a s O r g a n i z a ç õ e s
Produtivas.
Mardo David – Comunicador da
AGENDHA/Projeto Nutre Nordeste
Programa “Globo Repórter” transmite
especial sobre produtos orgânicos
O programa Globo Repórter, tradicio-
nal e de grande audiência na Rede Globo,
realizou uma matéria exclusivamente
sobre produtos orgânicos. A matéria foi
ao ar na 6a feira, dia 25 de março e
apresentou diversas qualidades do setor,
como benefícios para a saúde, meio-
ambiente e bem-estar animal.
A matéria visitou o Circuito Carioca de
Feiras, no Rio de Janeiro, e a propriedade
Yamaguishi, em Jaguariúna, São Paulo,
conhecida principalmente pela avicul-
tura ecológica.
Agronegócio como ferramenta para
inclusão social
"Agronegócio Orgânico e Sustentável
como Ferramenta para Inclusão Social",
é um programa de nove seminários
promovido pelo Planeta Orgânico e pelo
IPD com patrocínio do Ministério da
Ciência e Tecnologia.
Os seminários acontecerão em
cidades brasileiras estratégicas,
mapeando oportunidades e desafios
para a promoção da inclusão social.
Com a nova Lei dos Orgânicos, a
exemplo do que ocorreu em outros
países quando o setor orgânico foi
regulamentado, haverá um cenário mais
positivo e seguro para novos projetos,
desenvolvimento de produtos, entrada
de multinacionais, aportes econômicos,
financiamentos, enfim, uma evolução do
setor, com melhoria de consumo interno
e da exportação.
O Planeta Orgânico estará divulgando
os eventos e o primeiro seminário do
projeto foi realizado dia 22 de novembro
de 2010, na cidade de Maringá, Paraná.
As parcerias para a realização dos
Um em cada dez produtores rurais é orgânico na Suíça
Orgânicos & Cia / 15
demais seminários também são
estratégicas. Em Foz do Iguaçu, a Itaipu
Binacional, responsável por um
programa de agroecologia pioneiro no
país, “Cultivando Água Boa”, confirmou
sua presença e apoio com os promotores
do projeto.
Em Campinas, a parceria com o ITAL
(Instituto Tecnológico de Alimentos) traz
no mês de maio o Seminário Campinas
Sustentável, destacando oportunidades
para a agricultura familiar no varejo, em
cozinhas industriais e em merendas
escolares.
Um em cada dez produtores rurais é
orgânico na Suíça
Informações da Bionetz (Suíça),
indicam que um em cada dez
agricultores possui cer tif icação
orgânica, representando cerca de 11%
da produção nacional.
Foram 5.521 fazendas pertencentes à
associação Bio Suisse no ano passado, e
392 certificados para as normas oficiais
orgânicas do país. O aumento das
vendas representou 6,1% em um ano,
cerca de 1,6 bilhões de francos suíços
(1,3 bilhões de euros).
”O Seminário “Agricultura Familiar e Copa 2014
promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário
e organizado pelo Planeta Orgânico, realizado dia 15 de
fevereiro de 2011 no Hotel Holiday Inn em Nuremberg
foi um sucesso, superando as expectativas dos
organizadores. Foram necessárias cadeiras extras para
acomodar as mais de 60 pessoas que compareceram
ao Seminário. Claudio Langone, Coordenador da
Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e
Sustentabilidade da Copa 2014, vinculada ao
Ministério do Esporte, abriu a sequencia de
apresentações falando sobre a presença de produtos
da agricultura familiar na Copa 2014, como inserção
social, geração de emprego e renda. Langone disse que
entre os temas já contemplados pelo Ministério do
Esporte para a Copa 2014 está “Copa Orgânica e
Sustentável.”
Arnoldo Campos, Diretor de Geração de Renda e
Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura
Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário
apresentou o projeto Talentos Brasil Rural, que,
formará um banco de dados de oferta e demanda de
produtos da agricultura familiar para hotéis, pousadas
e restaurantes nas 12 cidades sede da Copa 2014,
promovendo o eco-turismo.
O Diretor do Programa de Florestas da GIZ, Helmut
Eger, apresentou a importância das parcerias publico
privadas para a sustentabilidade, destacando que GIZ
(novo nome da GTZ depois da fusão entre DEG e GTZ)
já promoveu negócios de mais de 1.400.000 Euros
entre 2009/2010.
Maria Beatriz Martins Costa, diretora do Planeta
Orgânico falou sobre Valor Agregado da Agricultura
Familiar, lembrando que a agricultura familiar do Brasil
atende a demanda global por iniciativas comprome-
tidas com rastreabilidade e sustentabilidade.
Leonardo Cleaver de Athayde, Promoção comercial
da Embaixada do Brasil em Berlim, representou o
Embaixador do Brasil na Alemanha, Everton Vargas,
neste Seminário.
Empresas Brasileiras Fecham Negócios em Feiras no
Exterior
O Projeto Organics Brasil, parceria entre o Instituto de
Promoção do Desenvolvimento (IPD) e a Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil), participou da feira BioFach
Nuremberg, na Alemanha, com resultado final de US$
16 milhões em exportações para os próximos 12
meses.
Também em Nuremberg foi realizado um seminário
da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO)
em parceira com a WWF Brasi l sobre o
desenvolvimento da pecuária orgânica no país.
Atualmente estima-se um plantel de cerca de 80.000
cabeças certificadas. O encontro foi organizado pelo
Instituto Rastro Verde.
Seminário Internacional PromoveAgricultura Familiar do Brasil
Claudio Langone, Arnoldo Campos, Maria Beatriz Martins
Costa e Leonardo Cleaver de Athayde
16 /Orgânicos & Cia
Internacional
Orgânicos & Cia / 17
Alimentos germinados: Bombas de saúdeSaúde & Orgânicos
Na busca pela alimentação cada vez mais saudável,
o consumidor consciente tem prazer em descobrir ou
se informar sobre tendências e opções, quando o
assunto é qualidade de vida.
Os chamados alimentos germinados, longe de serem
um modismo, favorecem, de maneira considerável, a
saúde humana. O processo de germinação contribui
para que grãos e sementes potencializem seus
nutrientes, e se transformem em alimentos de maior
qualidade nutricional, oferecendo também maior
biodisponibilidade (habilidade efetiva do corpo em
digerir e absorver nutrientes).
A germinação provoca reações bioquímicas no
interior dos grãos e sementes que ajudam na redução
dos antinutrientes (como o ácido fítico) e disponibiliza
nutrientes essenciais que estão latentes. Isso significa
melhor digestão, maior concentração e maior possibili-
dade de absorção de substâncias, em comparação aos
grãos e sementes não germinados. Dentre os
nutrientes importantes estão os antioxidantes, os
ácidos graxos essenciais, as proteínas, as fibras, as
vitaminas e os minerais.
São muitas as vantagens do consumo de alimentos
germinados: elimina compostos inibidores de enzimas;
aumenta o número de enzimas digestivas e de ligna-
nas (compostos fitoquímicos similares ao estrogênio,
que tem propriedades anticancerígenas, principal-
mente em relação ao câncer de mama e cólon);
melhora a qualidade do sono e a pressão arterial, entre
outras propriedades.
No mercado, há alguns produtos do gênero à venda,
como os do Sítio do Moinho (ver matéria nessa edição),
mas você pode também arregaçar as mangas e fazer o
seu próprio alimento germinado.
1. Coloque de uma a três colheres de sopa de grãos em
um vidro e cubra com água pura, sem cloro.
2. Deixe de molho por uma noite (o girassol sem casca
só precisa de quatro horas).
3. Cubra o vidro com um pedaço de filó e prenda com
um elástico. Despeje a água e enxágue bem sob a
torneira.
4. Coloque o vidro inclinado num escorredor com a
boca para baixo e cubra com um pano (o pano é
opcional).
5. Enxágue duas vezes ao dia: de manhã cedo e à noite.
6. Os grãos germinados estarão prontos para ser
comidos ou plantados após um período variável:
Agrião: após seis a oito dias.
Alfafa: após três a quatro dias.
Arroz: após quatro a cinco dias.
Feijão azuki: após quatro a cinco dias.
Gergelim: após dois a três dias.
Girassol sem casca: logo que amolecer com a água.
Lentilha: após três a quatro dias.
Trigo: após dois a quatro dias.
Fonte: Você sabe se alimentar? Dr. Soleil, São Paulo,
Ed. Paulus, 1997.
Como produzir grãos germinados
Nova linha de grãos germinados à disposição no mercado
Vir
na
Sa
nto
lia
18 /Orgânicos & Cia
Varejo Orgânico
Pensar em consumir orgânicos 20 anos atrás era
uma verdadeira aventura. O mercado não estava
organizado e se limitava a uma atividade de produtores
alternativos. Hoje, este cenário mudou e prossegue em
constante crescimento.
Por outro lado, a deficiência no fornecimento de
produtos, a questão da confiabilidade do consumidor e
a carência de lojas que trabalhem somente com
orgânicos são alguns dos obstáculos que o setor
enfrenta.
“O consumidor espera que o produto seja integro e
confiável, pois quer estar certo de que fez uma boa
escolha. Nesse sentido, é importante que o ponto de
venda, seja ele qual for, saiba falar sobre o produto,
tirar dúvidas, infundir confiança ao cliente em sua
escolha. O varejo precisa estar preparado para isso” –
atesta Ângela Thompson, proprietária do Sítio do
Moinho, em Itaipava, na região serrana do Rio de
Janeiro.
É com propriedade que ela discorre sobre o assunto.
Não é à toa que o casal Ângela e Dick Thompson deixou
sua marca de pioneirismo na introdução dos orgânicos
no Brasil, a partir do final dos anos 80. Hoje, os sócios
atuam na expansão do setor, e abriram há dois anos
uma loja do Sítio no bairro do Leblon, na Zona Sul do
Rio.
Na opinião da empresária, o consumidor precisa ser
orientado, até mesmo em relação às categorias de
itens nas prateleiras. “A mistura de produtos orgânicos
com naturais, diet e light pode, em alguns casos,
confundir o cliente”. Diante dessas diferenças,
começam a surgir alternativas que poderão ir ao
encontro dos consumidores mais exigentes.
É o caso do Quintal dos Orgânicos, em São Paulo, que
há seis meses abriu sua loja 100% orgânica no bairro
da Vila Madalena. Na opinião do administrador Nardi
Davidsohn, esta crescente demanda por parte do
consumidor é o que motivou a abertura do
.
Varejo: em questão, o consumidorLuís Alexandre Louzada
Produtos comercializados pelo Quintal dos Orgânicos, na Vila Madalena, em São Paulo Div
ulg
açã
o
Loja do Sítio do Moinho no Leblon
Orgânicos & Cia / 19
estabelecimento. “O mercado é muito procurado, mas
não há muita oferta”- explica.
A loja oferece um mix de mil itens certificados, desde
alimentos e produtos para casa (objetos, mobiliário) a
artigos de moda (masculina, feminina e infantil) e
beleza (cosméticos e artigos para cuidados pessoais).
Além disso, mantém um restaurante que abre
diariamente para café da manhã, almoço, lanche e
degustações, com menu variado.
Para Davidsohn, o consumidor deve ser conquistado
pela confiança, e isso vale tanto em relação ao retorno
à loja como a garantia de estar levando para casa
produtos certificados.
Entre os itens orgânicos mais procurados estão frutas,
legumes e verduras. Engrossam a lista óleos vegetais,
grãos e carnes.
No entanto, como pode ser observada, nos dias de
hoje, a questão do custo desses produtos para o
consumidor? Nardi Davidsohn, do Quintal dos
Orgânicos, informa que, anos atrás, o preço era 60%
superior ao dos convencionais, e que hoje em dia esse
índice caiu pela metade. “Por serem produtos com
maior valor agregado, existe um cuidado redobrado na
produção, em benefício da saúde.”
Apesar disso, o varejo mostra, aos poucos, seu
potencial. A loja do Sítio do Moinho, no Leblon, recebe,
em média, 45 clientes por dia, um bom número em
razão do pequeno, porém, aconchegante espaço. Em
matéria de produtos, trabalha somente com itens
certificados. Há desde massas, pães, conservas,
molhos, grãos, cereais, cafés, sucos, verduras e
legumes frescos (originários do sítio em Itaipava), até
produtos sem lactose. Oferece ainda café da manhã
aos sábados, e deliciosos lanches, além de bolos e
empadinhas puramente orgânicos.
O aspecto inovador também ganha destaque no
Sítio. Além de lançar produtos diferenciados, como o
xarope de agave, adoçante feito a partir de um tipo de
cacto proveniente do México, a empresa aposta em
Preferência
Loja
.
Pa
tríc
ia T
ho
mp
son
mais uma novidade: grãos e farinhas germinados. Para
isso, criaram a marca Bio Sprout, que apresenta uma
linha composta por arroz integral cateto, mix de
lentilhas e farinhas de linhaça dourada (simples, com
berries e com semente de brócolis).
“A germinação disponibiliza um volume muito maior de
nutrientes. Daí a importância dessa linha, que alia a
condição orgânica a um grande valor nutricional” -
explica Ângela, que começa a investir no mercado
paulista e anuncia a abertura, no Rio, até o final do ano,
de uma loja do Sítio do Moinho na Barra da Tijuca.
Serviço
Loja Sítio do Moinho - Leblon (RJ) 21 3795-9150
www.sitiodomoinho. com.br Hotel Rosa dos Ventos - Teresópolis (RJ)
21 2644-9900 www.hotelrosadosventos.com.br Restaurante Vegan
Vegan - Botafogo (RJ) 21 2286-7078 Vale do Brejal Orgânicos -
Petrópolis (RJ) 24 8828-5087 [email protected]
Nirvana - Gávea - RJ 21 21870100 www.enirvana. com.br
Restaurante O Navegador - RJ 21 2262-6037 www. onavegador.com.br
Quintal dos Orgânicos - Vila Madalena (SP) 11 2386-1881
www.quintaldosorganicos.com.br Sabor Natural - Santana (SP)
11 2977-4304 www.deliveryorganicos.com.br Apotheca - Brooklin (SP)
11 5096-3371 [email protected] Tátini Restaurante - Jardim
Paulista (SP) 11 3885-7601 www.tatini.com.br Emporium Oriental -
São Paulo (SP) 11 50737745 www.emporiumoriental. com.br
Zym Café - SP - 11 3021-6746 www.zym. com.br
Fazenda Malunga - Brasília (DF) - 61 3202-6003 www.malunga.com.br
Organics Brasil - Curitiba (PR) www.organics brasil.org
Pão de Açúcar - www.grupopaode acucar.com.br
O hotel Rosa dos Ventos abriga a sede da Associação de Hotéis Roteiros de Charme
Div
ulg
aç
ão
/Ro
teir
os
de
Ch
arm
e
20 /Orgânicos & Cia
todos que dele dependem”.
O trabalho desenvolvido por Waddington continua a
dar muitos frutos. Aliás, todos orgânicos, diga-se de
passagem. A partir de uma diretriz sustentável, que
surgiu com a utilização de resíduos orgânicos na
produção de adubo e humus - como forma de evitar
seu descarte inadequado - a associação iniciou, de
maneira natural, a produção de alimentos sem
agrotóxicos e substâncias químicas.
Vários estabelecimentos associados que hoje
totalizam 50 unidades em 13 estados brasileiros,
reunindo mais de 40 destinos - possuem espaço
adequado para a produção de hortaliças, legumes e
verduras em suas hortas, de forma orgânica. Tais
produtos são, na maioria, usados para consumo interno
nos hotéis, através da culinária oferecida a seus
hóspedes nos restaurantes. E a receptividade do público
é bastante positiva, diante da crescente demanda pelo
consumo saudável e pela qualidade de vida.
No início dos anos 90, quando a palavra
sustentabilidade ainda não era comum no cotidiano
dos ambientalistas e das pessoas preocupadas com o
futuro do planeta e da raça humana, algumas mentes
pensantes já anteviam o que viria a ser uma opção de
conduta para a sociedade atual.
Uma dessas cabeças se chama Helenio
Waddington, fundador e presidente, há quase 20
anos, da Associação de Hotéis Roteiros de Charme, e
proprietário, ao lado de Ildiko Waddington, do Hotel
Rosa dos Ventos, em Teresópolis (RJ). Criada em
1992, a organização já registrava em seu estatuto o
objetivo de “reunir hotéis, pousadas e refúgios
ecológicos que, além de uma localização privilegiada,
charme, qualidade de serviços e de instalações
compatíveis com sua proposta, assumam, ao
ingressar na Associação, o compromisso de
preservar os destinos turísticos onde estão
localizados e de promover a educação ambiental de
Turismo & Gastronomia
Orgânicos com charmeLuís Alexandre Louzada
Orgânicos & Cia / 21
Mas o trabalho não acaba por aí. Há todo um
movimento de conscientização. Diversos hotéis
possuem informativos sobre suas práticas ambientais
que incluem a valorização dos orgânicos. O Hotel Rosa
dos Ventos, em Teresópolis - onde funciona a sede da
associação - vem oferecendo, nos últimos cinco anos,
um curso voltado para a importância da horticultura
orgânica, direcionado a jovens estudantes do curso
técnico e básico de hotelaria e às comunidades carentes
da região. O programa é organizado pela Comunidade
Emanuel, sediada em Venda Nova (RJ-130).
Além do compromisso de estabelecer uma atividade
turística de qualidade, adequada ao meio ambiente e
socialmente responsável - os hotéis Roteiros de
Charme têm desenvolvido diversas ações no caminho
da sustentabilidade. Em 2009, a associação lançou,
junto aos hóspedes, uma campanha de plantio de
espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, por
ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de
junho), que se estendeu em 2010, e que também será
realizada este ano.
“Muitos hóspedes telefonam perguntando 'Como vai
a minha árvore?' ” - lembra Helenio Waddington.
Segundo ele, a finalidade de ações como essa é
“conscientizar os hóspedes sobre a importância da
neutralização das emissões de carbono, através de
uma atitude singela, porém, muito significativa”.
No momento, Waddington se debruça sobre o seu
próximo desafio: a aplicação de indicadores de
sustentabilidade, desenvolvidos como ferramenta
para assistir na aferição quantitativa da adoção de
práticas ambientais.
O aumento da demanda tu r í s t i ca nos
estabelecimentos, e até mesmo o recente
reconhecimento da ONU, podem ser atribuídos, de
acordo com o empresário, a um simples fator: “a busca
por nichos e produtos diferenciados que proporcionem
ao público uma experiência, e não somente uma
hospedagem, incluindo o melhor custo–benefício”.
Ações
Perfil - Hotéis Roteiros de Charme
Serviço
ŸEstabelecimentos selecionados segundo critérios
definidos quanto ao conforto, qualidade de serviços
e responsabilidade ambiental e social.
ŸCada unidade oferece entre 10 e 60 apartamentos.
Total de quartos da associação: 1042.
ŸAs unidades atendem às exigências da legislação
em vigor, inclusive ambiental.
ŸProprietários dos estabelecimentos se envolvem
com ações comunitárias e se comprometem com a
preservação ambiental dos destinos turísticos onde
os hotéis se localizam.
ŸTodos os 50 hotéis associados cumprem as
diretrizes contidas no Código de Ética e Conduta
Ambiental, desenvolvido pela Associação em 1999
em parceria com a UNEP (United Nations
Environment Programme - Paris).
Preço médio das diárias nos hotéis: por casal, em
apartamento duplo, tipo Standard - R$ 350 (com
café da manhã) e R$ 500 (com pensão completa).
Consulte também os pacotes.
Reservas: 0800 025 15 92
Mais informações: www.roteirosdecharme.com.br
Div
ulg
açã
o/R
ote
iro
s d
e C
ha
rme
Pic Nic no Mirante - visão privilegiadana região serrana de Teresópolis
22 /Orgânicos & Cia
Receitas
Baião de dois
Casca louca de Banana
ingredientes:
1 e 1/2 colher de sopa de manteiga de garrafa, ½
colher de café de asafétida (opcional), 2 folhas de
louro, 1 maço de cebolinha bem picada, 2 dentes de
alho picado, 1 xícara de arroz pilado cozido (ou outro
tipo), 1e ½ xícara de feijão cozido e temperado com
ricota defumada, ½ xícara de casca louca temperada *
250 gramas de queijo coalho em quadradinhos, Sal
marinho a gosto, Pimenta do reino moída na hora a
gosto e ¼ de maço de coentro fresco.
Preparo:
Em uma panela coloque a manteiga de garrafa junte os
temperos, assafétida, folhas de louro para despertar e
ganhar mais sabor. Acrescente a cebolinha e o alho,
deixe dar uma “tostadinha” até ficar perfumado, junte
o feijão com um pouco do caldo do cozimento, a casca
louca, o arroz pilado cozido e vá mexendo aos poucos.
Por fim, acrescente o queijo qualho cortado em
quadradinhos. Ajuste o sal e a pimenta, desligue o fogo
e finalize com o coentro fresco. Pode ser acompanhado
de farofa, rodelas de banana frita e pimenta biquinho.
Ingredientes:
500g de casca de banana verde cozida
2 colheres de azeite de oliva
1 unidade de cebola em rodelas finas
1 colher de sopa de gengibre ralado
5 tomates pelados sem semente
sal e pimenta a gosto
Preparo:
Com a ajuda de um garfo, desfiar a casca da banana.
Em uma panela refogar o gengibre, dourar a cebola e
adicionar as cascas desfiadas. Juntar os tomates
picados. Temperar com sal e pimenta.
Ingredientes:
2 colheres de azeite, 1 cebola picada, 1 cenoura
ralada, 1 xícara de feijão de grão pequeno germinado
escolhido, 1 xícara de farinha de mandioca
½ maço de salsa picada, sal marinho a gosto
Preparo:
Em uma panela frite no azeite a cebola, junte a cenoura
mexendo por alguns instantes. Coloque os grãos de
feijões, mexendo para que incorpore com os demais
ingredientes, desligue fogo. Junte a farinha e tempere
com a salsa o sal e a pimenta.
Ingredientes:
4 bananas da terra cozidas com casca
2 colheres de sopa de manteiga de garrafa
Preparo:
Tire as cascas das bananas e corte em rodelas finas.
Em uma assadeira, pincele a manteiga e disponha as
rodelas de banana. Asse em forno moderado até
dourar. Mais Informações: www.zymcafe.com.br/ e
www.slowfoodbrasil.com
Farofa de germinado de pequeno feijão
Banana da terra no forno
Culinária com produtos de sementes crioulas
Claudia Mattos (ZYM Café) e Cenia Salles (Slow Food São Paulo)
Baião de dois, farofa de feijão germinados e banana da terra no forno
agenda
entrevistas
fale conosco
gastronomia
mercado
notícias
quem certifica
quem produz
quem vende
saúde&orgânicos
trabalhos
ENGLISH VERSIONbuscarsaiba maisserviçoscadastroso que é?
p l a n e t a o r g â n i c oo e n d e r e ç o d o s o r g â n i c o s n a i n t e r n e t
Vitrine dos Orgânicos