orgânicos & cia nº 2

24
Edição 2 c A revista dos mercados orgânicos e sustentável «O Governo Brasileiro já tomou a decisão de que uma das principais marcas da Copa do Mundo FIFA 2014 será a sustentabilidade ambiental.» Claudio Langone Confira a entrevista de Claudio Langone, Coordenador da Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014 Maio 2011 Número 2 Distribuição Gratuita Orgânicos com charme Opinião Sistemas Participativos de Garantia Alimentos Germinados Varejo e Consumidor Nesta edição também:

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Nesta Edição: Claudio Langone e Copa Sustentável / Saiba o que são Sistemas Participativos de Garantia / Orgânicos mais 20 - Ming Liu / Rotulagem garante preferência do consumidor - Ricardo Sousa / Seminário internacional promove agricultura familiar do Brasil / Alimentos germinados: Bombas de saúde / Varejo: em questão, o consumidor / Orgânicos com charme / Culinária com produtos de sementes crioulas

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Page 1: Orgânicos & Cia Nº 2

Edição 2

c

A revista dos mercados orgânicos e sustentável

«O Governo Brasileiro já tomou a decisão de que uma das principais marcas da Copa do Mundo FIFA 2014 será a sustentabilidade ambiental.»Claudio Langone

Confira a entrevistade Claudio Langone, Coordenadorda Câmara Temática Nacional deMeio Ambiente e Sustentabilidadeda Copa 2014

Maio 2011Número 2Distribuição Gratuita

Orgânicoscom charme

Opinião Sistemas Participativos de Garantia

AlimentosGerminados

Varejo eConsumidor

Nesta edição também:

Page 2: Orgânicos & Cia Nº 2
Page 3: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 3

Índice

Entrevista

Meio Ambiente

Opinião

Orgânicos mais 20 - Ming Liu 10Rotulagem garante preferência do

consumidor - Ricardo Sousa 12Notas Orgânicas

Internacional

Saúde & Orgânicos

Varejo Orgânico

Turismo & Gastronomia

Receitas

10

9

4

14

16

17

18

20

22

Seminário internacional promoveagricultura familiar do Brasil 16

Saiba o que são SistemasParticipativos de Garantia 6

Alimentos germinados: Bombas de saúde 17

Varejo: em questão, o consumidor 18

Orgânicos com charme 20

Culinária com produtos de sementes crioulas 22

Claudio Langone e Copa Sustentável 4

Sistemas Participativos6

ExpedienteRealização: Planeta Orgânico (Programação Visual 2A2 Ltda.) Contato: (21) 2239-2395

Redação: [email protected] Tiragem: 2,500 exemplares Gráfica: Teatral

Revista Quadrimestral

Page 4: Orgânicos & Cia Nº 2

4 /Orgânicos & Cia

Claudio Roberto Bertoldo Langone nasceu no dia

8 de agosto de 1965, em Tupanciretã, no Rio Grande

do Sul. Ingressou na Faculdade de Engenharia

Química da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM), foi presidente da UNE, Secretário Estadual

de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, Secretário

Executivo do Ministério do Meio Ambiente na gestão

da Ministra Marina Silva e seu desafio no momento é

coordenar a Câmara Temática Nacional de Meio

Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014

(CTMAS), vinculada ao Ministério do Esporte.

Orgânicos & Cia entrevistou Claudio Langone que

abordou desde os benefícios econômicos esperados

até a Copa Orgânica e Sustentável, um tema já

incorporado a Câmara Temática Nacional de Meio

Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014.

Planeta Orgânico, IP Desenvolvimento Empresarial

e Institucional e IPD-Organics Brasil formam o

consórcio que vem participando desde 2010 das

reuniões de entendimento sobre o projeto entre os

diferentes “stakeholders”, promovidas por Claudio

Langone, Coordenador da Câmara temática Nacional

de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Copa 2014.

A partir de abril de 2011 integram formalmente o

Núcleo Temático de projeto instalado no âmbito da

CTMAS com a missão de detalhar e coordenar o

projeto, sob a liderança do Ministério de

Desenvolvimento Agrário.

O Governo Brasileiro já tomou a decisão de

que uma das principais marcas da copa do Mundo

FIFA 2014 será a sustentabilidade ambiental. O Brasil,

que sediará em 2012 a cúpula das Nações Unidas

para o Meio Ambiente, em 2014 a Copa do Mundo e

em 2016 os Jogos Olímpicos, quer consolidar sua

O&Cia- O que o Brasil quer mostrar na Copa 2014?

Langone:

.

Claudio Langone, o homem que preparao Brasil para uma Copa Sustentável

Entrevista

liderança global nessa área, e usar a agenda de meio

ambiente e sustentabilidade para mobilizar a

sociedade em torno da Copa do Mundo.

Este é um evento que irá mobilizar o país, promover

o país no mundo e estaremos nos empenhando para

deixar um legado que seja percebido pelo visitante em

diversos momentos. Queremos priorizar o enfoque

educativo, deixando sinais concretos de que esta é

uma Copa que tem um compromisso efetivo com a

sustentabilidade, com a inclusão social, com o

respeito ao meio ambiente.

Os estudos preliminares contratados pelo

Ministério do Esporte estimam cerca de R$ 47 bilhões

de impacto direto, distribuídos aproximadamente da

seguinte forma: Infraestrutura: Civil: R$ 23 bilhões

Serviços: R$10 bilhões Turismo: 600 mil turistas

internac. (R$ 3,9 bi) 3 milhões nacionais (R$ 5,5 bi)

Geração de empregos: Permanentes: 332 mil (2009-

2014) Temporários: 381 mil (2014) Consumo :

Incremento no consumo: R$ 5,0 bi (2009-2014)

Tributos: Tributos totais: R$ 16,8 bi / Tributos federais:

R$ 10,6 bi.

O&Cia - Quais os benefícios econômicos esperados

com a Copa 2014?

Langone:

Page 5: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 5

dos empreendimentos.

Para cada uma dessas linhas já se constituiu Núcleos

temáticos de Projeto, compostas por instituições

governamentais e não governamentais, responsáveis

pelo detalhamento, orçamento e definição da

estratégia de implementação nas Cidades Sede.

Esta será uma oportunidade ímpar para

agregar valor sobretudo à pequena propriedade, bem

como aos produtos da rica biodiversidade brasileira,

que terá como legado a disponibilização de produtos

certificados em maior quantidade com preços

menores ao consumidor brasileiro. Em recente

reunião com a FIFA, realizada no Ministério do Esporte

em Brasília, mencionei a possibilidade de oferecer

produtos orgânicos no catering das delegações e

outras atividades e houve boa receptividade a esta

sugestão. Esta é uma idéia que está crescendo...

O Ministério do Esporte, através da

assessoria Especial do Futebol, vem conduzindo esse

trabalho há cerca de um ano, e o fórum que orienta

esse processo é a Câmara Temática Nacional de Meio

Ambiente da Copa 2014 (CTMAS), composto pelo

governo federal, estados e municípios, bem como

outras instituições convidadas.

Cada estado sede deverá ter a sua câmara temática

instalada até junho de 2011

O&Cia - Como você vê o capítulo Copa Orgânica e

Sustentável?

Langone:

O&Cia - Até quando deverão ser instaladas as

Câmaras Temáticas nos estados?

Langone:

O&Cia - Quais os diferenciais do Brasil na Copa

2014?

Langone

O&Cia - Quais os exemplos de diretrizes da Copa

2014 no Brasil ?

Langone:

O&Cia - Que trabalhos estão em andamento?

Langone:

:- A Copa será realizada em 12 cidades sede,

representativas do conjunto dos biomas brasileiros,

que receberão significativos investimentos em

infraestrutura, em especial, em saneamento e

melhoria da mobilidade e circulação.

O Brasil hospedará uma série de mega eventos

começando com os Jogos Olímpicos Militares em julho

de 2011, em 2012 o Rio+20, em 2013 a Copa das

Confederações, em 2014 a Copa e em 2016 os Jogos

Olímpicos no Rio. Todas oportunidades excepcionais

para promover nossa megadiversidade ambiental e

social , além da boa capacidade instalada na questão

ambiental e boa oportunidade de divulgação global de

“produtos” brasileiros (exemplo biocombustíveis,

produtos orgânicos e/ou sustentáveis, produtos dos

povos tradicionais, etc…)

Sempre registro e destaco a necessidade de conjugar

sustentabilidade ambiental com inclusão social.

As diretrizes validadas pela CTMAS são:

Copa que compensa suas emissões e coopera com o

combate ao aquecimento global, Copa que promove

sustentabilidade ambiental com inclusão social, Copa

que incentiva e alavanca negócios verdes, Copa com

eficiência energética, Copa que valoriza e ajuda a

promover e proteger a biodiversidade brasileira, Copa

que constrói estádios com sustentabilidade, Copa que

incentiva a reciclagem e a minimização da geração de

resíduos, Copa que utiliza a água de maneira racional,

Copa que incentiva a mobilidade e circulação

sustentáveis, Copa que incentiva o consumo de

produtos orgânicos e/ou sustentáveis e Copa que

promove o ecoturismo nos biomas brasileiros.

Certificação ambiental dos

estádios, Copa Orgânica e Sustentável, Parques da

Copa, Coleta Seletiva com Inclusão Social,

Processo de monitoramento do licenciamento

Poderia citar as seguintes ações que já

estão em andamento:

.

Page 6: Orgânicos & Cia Nº 2

6 /Orgânicos & Cia

Saiba o que são Sistemas Participativos de Garantia

Sistemas Participativos

O MAPA publicou uma cartilha explicando o que são

Sistemas Participativos de Garantia, um dos meca-

nismos de garantia que integram o Sistema Brasileiro

de Avaliação da Conformidade Orgânica (SISORG/

MAPA), previsto no Decreto nº 6.323, de 27 de

Dezembro de 2007, que regulamenta a Lei nº 10.831

sobre a agricultura orgânica.

O objetivo desta iniciativa é ajudar os produtores

orgânicos a melhor compreenderem a importância e o

funcionamento dos Sistemas Participativos de

Garantia.

A legislação brasileira prevê três diferentes maneiras

de garantir a qualidade orgânica dos seus produtos: a

Certificação, os Sistemas Participativos de Garantia e o

Controle Social para a Venda Direta sem Certificação.

Os chamados Sistemas Participativos de Garantia,

junto com a Certificação, compõem o Sistema Brasi-

leiro de Avaliação da Conformidade Orgânica - SisOrg.

O Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade

Orgânica - SisOrg é gerido pelo Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa e é

integrado por órgãos e entidades da administração

pública federal e pelos Organismos de Avaliação da

Conformidade, entendidos por Certificação por

Auditoria e Sistemas Participativos de Garantia,

credenciados pelo Mapa. Os Estados e o Distrito

Federal poderão integrar o SisOrg mediante convênios

específicos firmados com o Mapa.

Page 7: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 7

Para o seu bom funcionamento, os Sistemas

Participativos de Garantia caracterizam-se pelo

Controle Social e a Responsabilidade Solidária, o que

possibilita a geração da credibilidade adequada a

diferentes realidades sociais, culturais, políticas,

institucionais, organizacionais e econômicas.

Para se formar um SPG, devem ser reunidos

produtores e outras pessoas interessadas para assim

organizar a sua estrutura básica, que é composta pelos

Membros do Sistema e pelo Organismo Participativo de

Avaliação da Conformidade - OPAC.

Os OPACs correspondem às certificadoras no

Sistema de Certificação por Auditoria.

São eles que avaliam, verificam e atestam que

produtos ou estabelecimentos produtores ou

comerciais atendem as exigências do regulamento da

produção orgânica.

Para os OPACs atuarem legalmente, eles precisam

estar credenciados no Mapa – Ministério da Agricultu-

ra, Pecuária e Abastecimento. É esse credenciamento

que autoriza a atuação dos OPACs no Sistema Brasi-

leiro de Avaliação da Conformidade Orgânica - SisOrg.

Na verdade, a OPAC é a pessoa jurídica que assume a

responsabilidade formal pelo conjunto de atividades

desenvolvidas num SPG, com diversas atribuições.

Entre elas, assumir a responsabilidade legal pela

avaliação se a produção está seguindo os regulamen-

tos e normas técnicas na produção orgânica.

A partir do momento em que está credenciado, o

OPAC pode autorizar os fornecedores por ele

controlados a utilizar o Selo do Sistema Brasileiro de

Avaliação da Conformidade Orgânica.

O objetivo desse selo é facilitar ao consumidor

identificar os produtos orgânicos que estão em

conformidade com os regulamentos e normas técnicas

da produção orgânica.

Após o credenciamento, o OPAC passa a ser

responsável por lançar e manter atualizados todos os

dados das unidades de produção que controla. Ele terá

que fazer essas atualizações no Cadastro Nacional de

Produtores Orgânicos e no Cadastro Nacional de

Atividades Produtivas, pois essas informações devem

estar disponíveis para toda a sociedade.

Mais informações sobre Sistemas Participativos de

Garantia em:

http://www.prefiraorganicos.com.br/media/33369/

cartilha_sistemas_participativos_de_garantia.pdf

Selo que deve constar na embalagem

SISTEMAPARTICIPATIVO

CERTIFICAÇÃOPOR AUDITORIA

Page 8: Orgânicos & Cia Nº 2
Page 9: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 9

Meio Ambiente

origem, que se distinguem dos similares

disponíveis no mercado. Apresentam

qualidade única em função das

condições geográficas naturais como

solo, vegetação, clima e modo de

produção.

No Brasil, já são oito produtos com

registro de IG, como a cachaça de Paraty,

o vinho do Vale dos Vinhedos e o arroz do

Litoral Norte Gaúcho. A Coordenação de

Incentivo à Indicação Geográfica de

Produtos Agropecuários do Ministério

apoia agricultores no cumprimento dos

requisitos para o registro da IG, con-

cedido pelo Instituto Nacional de

Propriedade Industrial (INPI).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) investiu mais de R$ 1,5 milhão, nos últimos cinco anos, em convênios com associações de produtores.

Pão de Açúcar incentiva o uso das

sacolas retornáveis

A rede oferece desde 2005 sacolas

retornáveis em suas lojas, com o objetivo

de incentivar o seu uso e diminuir a

circulação de sacolas plásticas. O

material leva mais de 100 anos para se

decompor.

O Pão de Açúcar continua com uma

campanha para a utilização de sacolas

retornáveis, criando em algumas das

lojas do litoral paulista o chamado “Cir-

cuito Sustentável”. Cada loja é represen-

tada por um carrinho de F1 que indica

quem está na frente do ranking,

liderando as vendas. No mês de feverei-

ro de 2011, quem teve destaque foi o

Pão de Açúcar de São Vicente, que

vendeu 1.135 sacolas retornáveis, o que

gerou a redução de 14 mil unidades de

plástico. Adriana Santos, gerente da loja

vencedora, conta que grande parte

deste sucesso se deve ao fato das

operadoras de caixa recomendarem

sempre aos clientes a importância da

utilização de sacolas retornáveis.

Indicação Geográfica valoriza produtos

agropecuários

O Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) investiu mais de

R$ 1,5 milhão, nos últimos cinco anos,

em convênios com associações de

produtores, empresas de pesquisa e

cooperativas para tornar viável a

elaboração dos documentos neces-

sários ao registro de Indicação Geográ-

fica (IG) de produtos agropecuários. O

registro de IG é conferido a produtos ou

serviços característicos do seu local de

.

Sacolas retornáveisPão de Açúcar

Page 10: Orgânicos & Cia Nº 2

Opinião

que este segmento vem tomando no

país.

Estamos no momento em um marco

histórico para o setor onde temos obser-

vado que a “carroça vinha andando na

frente dos bois”, e nesta metáfora, não

há nenhuma crítica a nenhuma das

partes e nem a analogia de quem seja a

carroça ou os bois, mas mostrar como o

mercado, no caso os bois, pode ser o

direcionador para a instalação de um

segmento, sua política pública e o seu

desenvolvimento. Mercados estes

formados pelas suas feiras locais, lojis-

tas e armazéns pioneiros em sua região

e cidade, que acreditaram que os

produtos orgânicos não eram uns sim-

ples negócios de momento ou pas-

sageiros. Comunidades e grupos de

produtores que criaram redes de comer-

cialização, e também as pequenas,

médias e grandes redes de supermer-

cado que acreditaram em entender o

que o consumidor de hoje busca na sua

essência consumista. E, por fim, o

mercado externo que há muito antes já

havia descoberto no Brasil suas riquezas

para mais uma vez trazer de volta as

lembrança de quando do período do

Brasil - Colônia, com suas viagens e

embarcações levando açúcar, café,

borracha e tantos outros produtos para

serem vendidos como especiarias no

mercado europeu.

Neste processo algumas instituições

governamentais e não governamentais

nas três esferas municipais, estaduais e

Presencio há pouco mais de seis anos

o desenvolvimento do mercado e seg-

mento dos produtos orgânicos no Brasil

e no mundo. Desde então venho vendo

a luta de empresas, instituições e pes-

soas que há mais de 15, 20 anos vêm

defendendo a bandeira do segmento de

forma que me ensinou a entender o que

deve ser mais do que um negócio, mas

uma filosofia de vida. Estas escolhas

foram por alguns como uma paixão ao

tema, outros por necessidade e cons-

ciência de buscar formas alternativas de

produtos, alguns por recomendação

médica, algumas por estratégias de polí-

ticas públicas de desenvolvimento

econômico e social, e até por pessoas

que por descrédito do que um dia

imag inava estar fazendo a lgo

construtivo e produtivo acabou vendo no

segmento uma forma de sair da insignifi-

cância humana e se redimir a um ser

produtivo e orgânico na sua essência.

Pessoas das mais diversas origens,

nobres e humildes, intelectuais e apren-

dizes, de todas as raças, agricultores

familiares, pessoas do campo, micro-

empresários e empreendedores locais,

comerciantes regionais, empresários,

artistas, banqueiros e ex-bancários,

engenheiros, estudantes, administra-

dores, médicos, políticos, membros de

igrejas enfim, tantos outros que não

foram citados, mas que constituem o

que representa a nossa sociedade como

um todo mostrando a sua diversidade,

tamanho e abrangência do interesse

.

Estamos em um marco

histórico para o setor onde temos

observado que

“A carroça vinha

andando na frente dos

bois”.

Orgânicos mais 20

Orgânicos & Cia / 10

Ming Liu - Coordenador do projeto de exportação Organics Brasil

Ming Liu

Page 11: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 11

federais, cada uma dentro de sua

limitação e na sua abrangência de

atuação, também engajaram em

esforços que em conjunto contribuiu

para o que hoje conhecemos deste

segmento.

O processo da regulamentação

nacional (Lei 10.831) que desde janeiro

está em vigência foi este resultado de

esforços que finalmente permitirão que

o consumidor final e o público em geral

possa identificar os produtos de forma

oficial (selo do MAPA) e garantir a

credibilidade que o setor na sua prática

já o faz, mas que ainda carecia de uma

formalização por parte de uma

legislação formal nacional.

Como vivemos em uma sociedade

democrática, este processo algumas

vezes resulta em um tempo maior na

medida em que todos temos vozes e

todos são ouvidos antes de sua

efetivação. Mérito para quem esperou e

glórias para quem se empenhou. Por

outra perspectiva, a demora se

justificará na medida em que a

regulamentação poderá fomentar um

crescimento maior ainda, uma vez que

deve permitir agora fortalecer a

instalação de políticas públicas mais

claras e eficazes. Este marco deverá

proporcionar ao setor no segmento

privado, seguindo o que ocorreu na

Europa, Estados Unidos e Japão quando

de seu processo de regulamentação, o

crescimento de investimentos do setor

pr ivado de forma crescente e

exponencial.

No atual mercado global que nos

inserimos, com as perspectivas da

situação privilegiada financeira e

econômica que o Brasil está sendo

.

apontado, com o crescimento e

mudança do perfil demográfico que o

IBGE demonstra e que estaremos

experimentando nos próximos trinta

anos um perfil onde as faixas etárias de

idades da população economicamente

ativa estará no seu ápice, e com a

preocupação cada vez maior em buscar

fontes sustentáveis de energia,

alimentos e insumos para nossas vidas,

tenho a convicção de que o segmento irá

experimentar um desenvolvimento forte

e que pode não chegar a números de

mercado mainstream, mas será tratado

como. Atualmente o mercado global está

estimado em cerca de US$56 Bilhões de

dólares anuais segundo a Organic

Monitor, com os Estados Unidos e a

Europa representando praticamente

90% desse total. Estatísticas nacionais

de área e faturamento teremos em breve

com o cadastramento nacional em

execução pelo MAPA da cadeia

produtiva, porem números levantados

pelo IPD Organics Brasil apontaram

áreas certificadas para o mercado

internacional na ordem de pouco mais

de 7 milhões de hectares levando-o a

condição de quarto maior país em área

certificada segundo a IFOAM.

A persistência e as iniciativas de

pessoas e instituições que conheci

durante este período em suas mais

diversas esferas, público, privadas e do

terceiro setor e dentro de suas

limitações também ensinou que há

ainda muito que se fazer e que o Brasil

tem o potencial de não ser o maior, mas

ser referencia no que pode colocar em

prática o que nos outros países só

conseguiram ou conseguirão na teoria.

Brasil, orgânico por natureza.

Este marco deverá proporcionar ao setor no segmento privado, seguindo o que ocorreu na Europa, Estados Unidos e Japão quando de seu processo de regulamentação, o crescimento de investimentos do setor privado de forma crescente e exponencial.

Page 12: Orgânicos & Cia Nº 2

12 /Orgânicos & Cia

Ricardo Sousa - Diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Grãos Não-Geneticamente Modificados (Abrange)

(nome do produto) transgênico",

exigências que vêm sendo ignoradas

pelo grosso das empresas.

É importante registrar que o Ministério

Público, em ações judiciais, começa a

enquadrar empresas, como ocorreu

recentemente com fabricantes de óleo

de soja, que foram obrigados a estampar

o símbolo de identificação de transgê-

nico e sua descrição por escrito.

É nesse contexto que a nova lei apro-

vada pela Assembléia paulista concorre

para assegurar o direito de exercer sua

escolha, no momento da compra. A

promulgação da nova lei pelo, como se

disse, mais rico e populoso estado brasi-

leiro, não apenas tem o mérito de servir

de exemplo para outros estados como,

igualmente importante, colocou a

questão da rotulagem na ordem do dia.

O tema, de fato, ganhou grande

repercussão na mídia, que passou a

cobrar a postura de fabricantes de ali-

mentos, especialmente os de grande

porte, sobre sua condução diante do fato

novo. Ao ganhar as páginas de jornais,

programas de televisão e veículos digi-

tais, a rotulagem, assim, começa a ser

mais bem compreendida pelo cidadão

comum – o consumidor.

Esse esforço de divulgação conta com

o apoio e a participação da Associação

Brasileira dos Produtores de Grãos Não-

Geneticamente Modificados (Abrange),

que espera ver em nosso país o nível de

.

No final do ano passado, mais precisa-

mente no dia 16 de dezembro, a Assem-

bléia do Estado de São Paulo aprovou a

Lei 14.274, que regulamenta a rotula-

gem de alimentos transgênicos em todo

o estado.

A aprovação dessa lei, que regula-

menta a venda de alimentos transgê-

nicos no estado mais rico e populoso do

País, reveste-se da maior importância

por representar um passo a mais no

sentido de garantir que o consumidor

possa, de fato, exercer o seu direito de

escolha. Explica-se: embora a identifi-

cação dos alimentos que contenham

transgênicos seja obrigatória desde

2003, quando foi publicado o Decreto

4.680, o fato é que a esmagadora

maioria das empresas produtoras de

alimentos não vem obedecendo à

legislação.

As poucas empresas que, obrigadas

pela Justiça, começaram a rotular seus

produtos feitos a partir de matéria prima

transgênica não o fazem corretamente.

A principal irregularidade é a redução do

tamanho do símbolo de identificação

do produto transgênico: a letra 'T'

impressa em negrito dentro de um

triângulo amarelo.

Além disso, deveriam constar, depen-

dendo o caso, os dizeres: "(nome do pro-

duto) transgênico", "contém (nome do

ingrediente ou ingredientes) transgê-

nico(s)" ou "produto produzido a partir de

É importante registrar que o Ministério Público, em

ações judiciais,

começa a enquadrar empresas,

como ocorreu recentemente

com fabricantes de

óleo de soja

Rotulagem garante preferência do consumidor

Orgânicos & Cia / 12

Ricardo SousaRicardo Sousa

Page 13: Orgânicos & Cia Nº 2

mobilização verificado nos países euro-

peus e asiáticos. Para garantir o acesso

ao suprimento de alimentos que consi-

deram mais saudáveis e seguros, os

consumidores europeus e asiáticos

pagam prêmios a seus fornecedores.

Vale lembrar que o Brasil é o maior

produtor e exportador de grãos não-

transgênicos do mundo, a frente dos

Estados Unidos e Argentina, nossos ma-

iores concorrentes no mercado de soja.

Trata-se de uma vantagem compa-

rativa única, principalmente se for

considerado o segmento de produtos de

maior valor agregado, como óleo e farelo

de soja.

Ocorre que a comercialização de produ-

tos não-transgênicos no próprio mer-

.

cado brasileiro ainda é incipiente. É

preciso, neste aspecto, ressaltar que

não temos nada contra os produtos

transgênicos, do ponto de vista

ideológico. Simplesmente, defendemos

o sagrado direito de livre escolha.

Para tanto, a legislação da rotulagem

precisa ser rigorosamente cumprida. E

seu cumprimento passa também pela

atitude dos consumidores, que podem

fazer valer seus direitos pressionando

autoridades e – mais estratégico – as

próprias empresas.

A mobilização da sociedade é o cami-

nho mais curto para a aplicação da

rotulagem e, consequentemente, para

garantir o direito de livre escolha dos

produtores e consumidores.

A mobilização da sociedade é o caminho mais curto para a aplicação da rotulagem e, consequentemente, para garantir o direito de livre escolha dos produtores e consumidores.

Orgânicos & Cia / 13

Page 14: Orgânicos & Cia Nº 2

14 /Orgânicos & Cia

Sergipe tornou-se o

primeiro Estado do

Brasil, a cumprir a Lei Federal, que

determina que no mínimo

30% dos recursos

repassados pelo (FNDE)

destinados a compra de

alimentação para os alunos

das escolas públicas,

sejam para a aquisição de

gêneros alimentícios oriundos da Agricultura

Familiar.

Notas Orgânicas

Sergipe é o 1º Estado do Brasil a alcançar a meta do Governo para Alimentação Escolar

Sergipe tornou-se o primeiro Estado

do Brasil, a cumprir a Lei Federal, que

determina que no mínimo 30% dos

recursos repassados pelo Fundo

Nacional de Desenvolvimento da

Educação (FNDE) destinados a compra

de alimentação para os alunos das

escolas públicas, sejam para a

aquisição de gêneros alimentícios

oriundos da Agricultura Familiar. Para

que isto se tornasse realidade, a

Secretaria de Educação do Estado

(SEED), com a colaboração do Projeto

Nutre-Nordeste, lançou em 2010, três

Chamadas Públicas, somando um valor

de mais de 9 milhões de reais dos quase

13,4 milhões recebidos pelo Estado.

Deste valor, mais de 4 milhões de reais,

já foram comercial izados pela

Agricultura Familiar de Sergipe. Para

que essa meta fosse alcançada a SEED

e as Organizações Produtivas de Povos e

Comunidades Tradicionais e da

Agricultura Familiar (Associações,

Cooperativas, Pescadores Artesanais e

Aquicultura Associativa) contaram com

o apoio do Nutre Nordeste, que é uma

i n i c i a t i va p i o n e i r a n o B r a s i l ,

desenvolvida através de uma parceria

da ONG AGENDHA (que atua a partir de

Paulo Afonso/BA) com o Ministério do

Desenvolvimento Agrário (MDA) e o

Ministério do Meio Ambiente (MMA)

b e n e f i c i a n d o 1 , 5 m i l h õ e s d e

estudantes das escolas municipais e

estaduais onde o Projeto atua.

Alimentação Escolar

Algumas Prefeituras do interior de

Sergipe já estão cumprindo a lei, dentre

muitas outras, a de Itabaiana, Tobias

Barreto e Santa Luzia do Itanhy. Em se

tratando de Aracaju, a Prefeitura vem

empreendendo esforços, juntamente

com os articuladores do Projeto Nutre

Nordeste para aquisição de produtos

para Alimentação Escolar ainda este

ano, e já submeteu o Edital à

Procuradoria Geral do Município, que

está apenas aguardando parecer para

sua publicação.

Em Aracaju, a Secretaria Municipal de

Educação pretende adquirir os gêneros

alimentícios em duas etapas, sendo a

primeira com valor estimado de R$ 420

mil, para o primeiro semestre letivo de

2011 e valor semelhante para o

segundo. Nesse caso, os 30% exigidos

pela le i , que correspondem a

aproximadamente R$ 510 mil, serão

praticamente alcançados no primeiro

edital.

O Nutre Nordeste vem apoiando as

Organizações Produtivas a tornarem-se

aptas a atenderem as Chamadas

Públicas e comercializarem dentre

outros produtos, os da Sociobiodiver-

sidade (umbu, mangaba, macaxeira,

maxixe), nas 9 capitais do Nordeste e

n o s 6 g r a n d e s m u n i c í p i o s

metropolitanos (Camaçari e Lauro de

Freitas/BA; Jaboatão dos Guararapes e

O l i n d a / P E ; B a y e u x / P B e

Parnamirim/RN). Simultaneamente, o

Projeto incentiva os Gestores da

Alimentação Escolar a publicarem as

Chamadas Públicas de acordo com as

o fe r t a s d e s s a s O r g a n i z a ç õ e s

Produtivas.

Mardo David – Comunicador da

AGENDHA/Projeto Nutre Nordeste

Page 15: Orgânicos & Cia Nº 2

Programa “Globo Repórter” transmite

especial sobre produtos orgânicos

O programa Globo Repórter, tradicio-

nal e de grande audiência na Rede Globo,

realizou uma matéria exclusivamente

sobre produtos orgânicos. A matéria foi

ao ar na 6a feira, dia 25 de março e

apresentou diversas qualidades do setor,

como benefícios para a saúde, meio-

ambiente e bem-estar animal.

A matéria visitou o Circuito Carioca de

Feiras, no Rio de Janeiro, e a propriedade

Yamaguishi, em Jaguariúna, São Paulo,

conhecida principalmente pela avicul-

tura ecológica.

Agronegócio como ferramenta para

inclusão social

"Agronegócio Orgânico e Sustentável

como Ferramenta para Inclusão Social",

é um programa de nove seminários

promovido pelo Planeta Orgânico e pelo

IPD com patrocínio do Ministério da

Ciência e Tecnologia.

Os seminários acontecerão em

cidades brasileiras estratégicas,

mapeando oportunidades e desafios

para a promoção da inclusão social.

Com a nova Lei dos Orgânicos, a

exemplo do que ocorreu em outros

países quando o setor orgânico foi

regulamentado, haverá um cenário mais

positivo e seguro para novos projetos,

desenvolvimento de produtos, entrada

de multinacionais, aportes econômicos,

financiamentos, enfim, uma evolução do

setor, com melhoria de consumo interno

e da exportação.

O Planeta Orgânico estará divulgando

os eventos e o primeiro seminário do

projeto foi realizado dia 22 de novembro

de 2010, na cidade de Maringá, Paraná.

As parcerias para a realização dos

Um em cada dez produtores rurais é orgânico na Suíça

Orgânicos & Cia / 15

demais seminários também são

estratégicas. Em Foz do Iguaçu, a Itaipu

Binacional, responsável por um

programa de agroecologia pioneiro no

país, “Cultivando Água Boa”, confirmou

sua presença e apoio com os promotores

do projeto.

Em Campinas, a parceria com o ITAL

(Instituto Tecnológico de Alimentos) traz

no mês de maio o Seminário Campinas

Sustentável, destacando oportunidades

para a agricultura familiar no varejo, em

cozinhas industriais e em merendas

escolares.

Um em cada dez produtores rurais é

orgânico na Suíça

Informações da Bionetz (Suíça),

indicam que um em cada dez

agricultores possui cer tif icação

orgânica, representando cerca de 11%

da produção nacional.

Foram 5.521 fazendas pertencentes à

associação Bio Suisse no ano passado, e

392 certificados para as normas oficiais

orgânicas do país. O aumento das

vendas representou 6,1% em um ano,

cerca de 1,6 bilhões de francos suíços

(1,3 bilhões de euros).

Page 16: Orgânicos & Cia Nº 2

”O Seminário “Agricultura Familiar e Copa 2014

promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário

e organizado pelo Planeta Orgânico, realizado dia 15 de

fevereiro de 2011 no Hotel Holiday Inn em Nuremberg

foi um sucesso, superando as expectativas dos

organizadores. Foram necessárias cadeiras extras para

acomodar as mais de 60 pessoas que compareceram

ao Seminário. Claudio Langone, Coordenador da

Câmara Temática Nacional de Meio Ambiente e

Sustentabilidade da Copa 2014, vinculada ao

Ministério do Esporte, abriu a sequencia de

apresentações falando sobre a presença de produtos

da agricultura familiar na Copa 2014, como inserção

social, geração de emprego e renda. Langone disse que

entre os temas já contemplados pelo Ministério do

Esporte para a Copa 2014 está “Copa Orgânica e

Sustentável.”

Arnoldo Campos, Diretor de Geração de Renda e

Agregação de Valor da Secretaria de Agricultura

Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário

apresentou o projeto Talentos Brasil Rural, que,

formará um banco de dados de oferta e demanda de

produtos da agricultura familiar para hotéis, pousadas

e restaurantes nas 12 cidades sede da Copa 2014,

promovendo o eco-turismo.

O Diretor do Programa de Florestas da GIZ, Helmut

Eger, apresentou a importância das parcerias publico

privadas para a sustentabilidade, destacando que GIZ

(novo nome da GTZ depois da fusão entre DEG e GTZ)

já promoveu negócios de mais de 1.400.000 Euros

entre 2009/2010.

Maria Beatriz Martins Costa, diretora do Planeta

Orgânico falou sobre Valor Agregado da Agricultura

Familiar, lembrando que a agricultura familiar do Brasil

atende a demanda global por iniciativas comprome-

tidas com rastreabilidade e sustentabilidade.

Leonardo Cleaver de Athayde, Promoção comercial

da Embaixada do Brasil em Berlim, representou o

Embaixador do Brasil na Alemanha, Everton Vargas,

neste Seminário.

Empresas Brasileiras Fecham Negócios em Feiras no

Exterior

O Projeto Organics Brasil, parceria entre o Instituto de

Promoção do Desenvolvimento (IPD) e a Agência

Brasileira de Promoção de Exportações e

Investimentos (Apex-Brasil), participou da feira BioFach

Nuremberg, na Alemanha, com resultado final de US$

16 milhões em exportações para os próximos 12

meses.

Também em Nuremberg foi realizado um seminário

da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO)

em parceira com a WWF Brasi l sobre o

desenvolvimento da pecuária orgânica no país.

Atualmente estima-se um plantel de cerca de 80.000

cabeças certificadas. O encontro foi organizado pelo

Instituto Rastro Verde.

Seminário Internacional PromoveAgricultura Familiar do Brasil

Claudio Langone, Arnoldo Campos, Maria Beatriz Martins

Costa e Leonardo Cleaver de Athayde

16 /Orgânicos & Cia

Internacional

Page 17: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 17

Alimentos germinados: Bombas de saúdeSaúde & Orgânicos

Na busca pela alimentação cada vez mais saudável,

o consumidor consciente tem prazer em descobrir ou

se informar sobre tendências e opções, quando o

assunto é qualidade de vida.

Os chamados alimentos germinados, longe de serem

um modismo, favorecem, de maneira considerável, a

saúde humana. O processo de germinação contribui

para que grãos e sementes potencializem seus

nutrientes, e se transformem em alimentos de maior

qualidade nutricional, oferecendo também maior

biodisponibilidade (habilidade efetiva do corpo em

digerir e absorver nutrientes).

A germinação provoca reações bioquímicas no

interior dos grãos e sementes que ajudam na redução

dos antinutrientes (como o ácido fítico) e disponibiliza

nutrientes essenciais que estão latentes. Isso significa

melhor digestão, maior concentração e maior possibili-

dade de absorção de substâncias, em comparação aos

grãos e sementes não germinados. Dentre os

nutrientes importantes estão os antioxidantes, os

ácidos graxos essenciais, as proteínas, as fibras, as

vitaminas e os minerais.

São muitas as vantagens do consumo de alimentos

germinados: elimina compostos inibidores de enzimas;

aumenta o número de enzimas digestivas e de ligna-

nas (compostos fitoquímicos similares ao estrogênio,

que tem propriedades anticancerígenas, principal-

mente em relação ao câncer de mama e cólon);

melhora a qualidade do sono e a pressão arterial, entre

outras propriedades.

No mercado, há alguns produtos do gênero à venda,

como os do Sítio do Moinho (ver matéria nessa edição),

mas você pode também arregaçar as mangas e fazer o

seu próprio alimento germinado.

1. Coloque de uma a três colheres de sopa de grãos em

um vidro e cubra com água pura, sem cloro.

2. Deixe de molho por uma noite (o girassol sem casca

só precisa de quatro horas).

3. Cubra o vidro com um pedaço de filó e prenda com

um elástico. Despeje a água e enxágue bem sob a

torneira.

4. Coloque o vidro inclinado num escorredor com a

boca para baixo e cubra com um pano (o pano é

opcional).

5. Enxágue duas vezes ao dia: de manhã cedo e à noite.

6. Os grãos germinados estarão prontos para ser

comidos ou plantados após um período variável:

Agrião: após seis a oito dias.

Alfafa: após três a quatro dias.

Arroz: após quatro a cinco dias.

Feijão azuki: após quatro a cinco dias.

Gergelim: após dois a três dias.

Girassol sem casca: logo que amolecer com a água.

Lentilha: após três a quatro dias.

Trigo: após dois a quatro dias.

Fonte: Você sabe se alimentar? Dr. Soleil, São Paulo,

Ed. Paulus, 1997.

Como produzir grãos germinados

Nova linha de grãos germinados à disposição no mercado

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Page 18: Orgânicos & Cia Nº 2

18 /Orgânicos & Cia

Varejo Orgânico

Pensar em consumir orgânicos 20 anos atrás era

uma verdadeira aventura. O mercado não estava

organizado e se limitava a uma atividade de produtores

alternativos. Hoje, este cenário mudou e prossegue em

constante crescimento.

Por outro lado, a deficiência no fornecimento de

produtos, a questão da confiabilidade do consumidor e

a carência de lojas que trabalhem somente com

orgânicos são alguns dos obstáculos que o setor

enfrenta.

“O consumidor espera que o produto seja integro e

confiável, pois quer estar certo de que fez uma boa

escolha. Nesse sentido, é importante que o ponto de

venda, seja ele qual for, saiba falar sobre o produto,

tirar dúvidas, infundir confiança ao cliente em sua

escolha. O varejo precisa estar preparado para isso” –

atesta Ângela Thompson, proprietária do Sítio do

Moinho, em Itaipava, na região serrana do Rio de

Janeiro.

É com propriedade que ela discorre sobre o assunto.

Não é à toa que o casal Ângela e Dick Thompson deixou

sua marca de pioneirismo na introdução dos orgânicos

no Brasil, a partir do final dos anos 80. Hoje, os sócios

atuam na expansão do setor, e abriram há dois anos

uma loja do Sítio no bairro do Leblon, na Zona Sul do

Rio.

Na opinião da empresária, o consumidor precisa ser

orientado, até mesmo em relação às categorias de

itens nas prateleiras. “A mistura de produtos orgânicos

com naturais, diet e light pode, em alguns casos,

confundir o cliente”. Diante dessas diferenças,

começam a surgir alternativas que poderão ir ao

encontro dos consumidores mais exigentes.

É o caso do Quintal dos Orgânicos, em São Paulo, que

há seis meses abriu sua loja 100% orgânica no bairro

da Vila Madalena. Na opinião do administrador Nardi

Davidsohn, esta crescente demanda por parte do

consumidor é o que motivou a abertura do

.

Varejo: em questão, o consumidorLuís Alexandre Louzada

Produtos comercializados pelo Quintal dos Orgânicos, na Vila Madalena, em São Paulo Div

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Page 19: Orgânicos & Cia Nº 2

Loja do Sítio do Moinho no Leblon

Orgânicos & Cia / 19

estabelecimento. “O mercado é muito procurado, mas

não há muita oferta”- explica.

A loja oferece um mix de mil itens certificados, desde

alimentos e produtos para casa (objetos, mobiliário) a

artigos de moda (masculina, feminina e infantil) e

beleza (cosméticos e artigos para cuidados pessoais).

Além disso, mantém um restaurante que abre

diariamente para café da manhã, almoço, lanche e

degustações, com menu variado.

Para Davidsohn, o consumidor deve ser conquistado

pela confiança, e isso vale tanto em relação ao retorno

à loja como a garantia de estar levando para casa

produtos certificados.

Entre os itens orgânicos mais procurados estão frutas,

legumes e verduras. Engrossam a lista óleos vegetais,

grãos e carnes.

No entanto, como pode ser observada, nos dias de

hoje, a questão do custo desses produtos para o

consumidor? Nardi Davidsohn, do Quintal dos

Orgânicos, informa que, anos atrás, o preço era 60%

superior ao dos convencionais, e que hoje em dia esse

índice caiu pela metade. “Por serem produtos com

maior valor agregado, existe um cuidado redobrado na

produção, em benefício da saúde.”

Apesar disso, o varejo mostra, aos poucos, seu

potencial. A loja do Sítio do Moinho, no Leblon, recebe,

em média, 45 clientes por dia, um bom número em

razão do pequeno, porém, aconchegante espaço. Em

matéria de produtos, trabalha somente com itens

certificados. Há desde massas, pães, conservas,

molhos, grãos, cereais, cafés, sucos, verduras e

legumes frescos (originários do sítio em Itaipava), até

produtos sem lactose. Oferece ainda café da manhã

aos sábados, e deliciosos lanches, além de bolos e

empadinhas puramente orgânicos.

O aspecto inovador também ganha destaque no

Sítio. Além de lançar produtos diferenciados, como o

xarope de agave, adoçante feito a partir de um tipo de

cacto proveniente do México, a empresa aposta em

Preferência

Loja

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son

mais uma novidade: grãos e farinhas germinados. Para

isso, criaram a marca Bio Sprout, que apresenta uma

linha composta por arroz integral cateto, mix de

lentilhas e farinhas de linhaça dourada (simples, com

berries e com semente de brócolis).

“A germinação disponibiliza um volume muito maior de

nutrientes. Daí a importância dessa linha, que alia a

condição orgânica a um grande valor nutricional” -

explica Ângela, que começa a investir no mercado

paulista e anuncia a abertura, no Rio, até o final do ano,

de uma loja do Sítio do Moinho na Barra da Tijuca.

Serviço

Loja Sítio do Moinho - Leblon (RJ) 21 3795-9150

www.sitiodomoinho. com.br Hotel Rosa dos Ventos - Teresópolis (RJ)

21 2644-9900 www.hotelrosadosventos.com.br Restaurante Vegan

Vegan - Botafogo (RJ) 21 2286-7078 Vale do Brejal Orgânicos -

Petrópolis (RJ) 24 8828-5087 [email protected]

Nirvana - Gávea - RJ 21 21870100 www.enirvana. com.br

Restaurante O Navegador - RJ 21 2262-6037 www. onavegador.com.br

Quintal dos Orgânicos - Vila Madalena (SP) 11 2386-1881

www.quintaldosorganicos.com.br Sabor Natural - Santana (SP)

11 2977-4304 www.deliveryorganicos.com.br Apotheca - Brooklin (SP)

11 5096-3371 [email protected] Tátini Restaurante - Jardim

Paulista (SP) 11 3885-7601 www.tatini.com.br Emporium Oriental -

São Paulo (SP) 11 50737745 www.emporiumoriental. com.br

Zym Café - SP - 11 3021-6746 www.zym. com.br

Fazenda Malunga - Brasília (DF) - 61 3202-6003 www.malunga.com.br

Organics Brasil - Curitiba (PR) www.organics brasil.org

Pão de Açúcar - www.grupopaode acucar.com.br

Page 20: Orgânicos & Cia Nº 2

O hotel Rosa dos Ventos abriga a sede da Associação de Hotéis Roteiros de Charme

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de

Ch

arm

e

20 /Orgânicos & Cia

todos que dele dependem”.

O trabalho desenvolvido por Waddington continua a

dar muitos frutos. Aliás, todos orgânicos, diga-se de

passagem. A partir de uma diretriz sustentável, que

surgiu com a utilização de resíduos orgânicos na

produção de adubo e humus - como forma de evitar

seu descarte inadequado - a associação iniciou, de

maneira natural, a produção de alimentos sem

agrotóxicos e substâncias químicas.

Vários estabelecimentos associados que hoje

totalizam 50 unidades em 13 estados brasileiros,

reunindo mais de 40 destinos - possuem espaço

adequado para a produção de hortaliças, legumes e

verduras em suas hortas, de forma orgânica. Tais

produtos são, na maioria, usados para consumo interno

nos hotéis, através da culinária oferecida a seus

hóspedes nos restaurantes. E a receptividade do público

é bastante positiva, diante da crescente demanda pelo

consumo saudável e pela qualidade de vida.

No início dos anos 90, quando a palavra

sustentabilidade ainda não era comum no cotidiano

dos ambientalistas e das pessoas preocupadas com o

futuro do planeta e da raça humana, algumas mentes

pensantes já anteviam o que viria a ser uma opção de

conduta para a sociedade atual.

Uma dessas cabeças se chama Helenio

Waddington, fundador e presidente, há quase 20

anos, da Associação de Hotéis Roteiros de Charme, e

proprietário, ao lado de Ildiko Waddington, do Hotel

Rosa dos Ventos, em Teresópolis (RJ). Criada em

1992, a organização já registrava em seu estatuto o

objetivo de “reunir hotéis, pousadas e refúgios

ecológicos que, além de uma localização privilegiada,

charme, qualidade de serviços e de instalações

compatíveis com sua proposta, assumam, ao

ingressar na Associação, o compromisso de

preservar os destinos turísticos onde estão

localizados e de promover a educação ambiental de

Turismo & Gastronomia

Orgânicos com charmeLuís Alexandre Louzada

Page 21: Orgânicos & Cia Nº 2

Orgânicos & Cia / 21

Mas o trabalho não acaba por aí. Há todo um

movimento de conscientização. Diversos hotéis

possuem informativos sobre suas práticas ambientais

que incluem a valorização dos orgânicos. O Hotel Rosa

dos Ventos, em Teresópolis - onde funciona a sede da

associação - vem oferecendo, nos últimos cinco anos,

um curso voltado para a importância da horticultura

orgânica, direcionado a jovens estudantes do curso

técnico e básico de hotelaria e às comunidades carentes

da região. O programa é organizado pela Comunidade

Emanuel, sediada em Venda Nova (RJ-130).

Além do compromisso de estabelecer uma atividade

turística de qualidade, adequada ao meio ambiente e

socialmente responsável - os hotéis Roteiros de

Charme têm desenvolvido diversas ações no caminho

da sustentabilidade. Em 2009, a associação lançou,

junto aos hóspedes, uma campanha de plantio de

espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, por

ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de

junho), que se estendeu em 2010, e que também será

realizada este ano.

“Muitos hóspedes telefonam perguntando 'Como vai

a minha árvore?' ” - lembra Helenio Waddington.

Segundo ele, a finalidade de ações como essa é

“conscientizar os hóspedes sobre a importância da

neutralização das emissões de carbono, através de

uma atitude singela, porém, muito significativa”.

No momento, Waddington se debruça sobre o seu

próximo desafio: a aplicação de indicadores de

sustentabilidade, desenvolvidos como ferramenta

para assistir na aferição quantitativa da adoção de

práticas ambientais.

O aumento da demanda tu r í s t i ca nos

estabelecimentos, e até mesmo o recente

reconhecimento da ONU, podem ser atribuídos, de

acordo com o empresário, a um simples fator: “a busca

por nichos e produtos diferenciados que proporcionem

ao público uma experiência, e não somente uma

hospedagem, incluindo o melhor custo–benefício”.

Ações

Perfil - Hotéis Roteiros de Charme

Serviço

ŸEstabelecimentos selecionados segundo critérios

definidos quanto ao conforto, qualidade de serviços

e responsabilidade ambiental e social.

ŸCada unidade oferece entre 10 e 60 apartamentos.

Total de quartos da associação: 1042.

ŸAs unidades atendem às exigências da legislação

em vigor, inclusive ambiental.

ŸProprietários dos estabelecimentos se envolvem

com ações comunitárias e se comprometem com a

preservação ambiental dos destinos turísticos onde

os hotéis se localizam.

ŸTodos os 50 hotéis associados cumprem as

diretrizes contidas no Código de Ética e Conduta

Ambiental, desenvolvido pela Associação em 1999

em parceria com a UNEP (United Nations

Environment Programme - Paris).

Preço médio das diárias nos hotéis: por casal, em

apartamento duplo, tipo Standard - R$ 350 (com

café da manhã) e R$ 500 (com pensão completa).

Consulte também os pacotes.

Reservas: 0800 025 15 92

Mais informações: www.roteirosdecharme.com.br

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Pic Nic no Mirante - visão privilegiadana região serrana de Teresópolis

Page 22: Orgânicos & Cia Nº 2

22 /Orgânicos & Cia

Receitas

Baião de dois

Casca louca de Banana

ingredientes:

1 e 1/2 colher de sopa de manteiga de garrafa, ½

colher de café de asafétida (opcional), 2 folhas de

louro, 1 maço de cebolinha bem picada, 2 dentes de

alho picado, 1 xícara de arroz pilado cozido (ou outro

tipo), 1e ½ xícara de feijão cozido e temperado com

ricota defumada, ½ xícara de casca louca temperada *

250 gramas de queijo coalho em quadradinhos, Sal

marinho a gosto, Pimenta do reino moída na hora a

gosto e ¼ de maço de coentro fresco.

Preparo:

Em uma panela coloque a manteiga de garrafa junte os

temperos, assafétida, folhas de louro para despertar e

ganhar mais sabor. Acrescente a cebolinha e o alho,

deixe dar uma “tostadinha” até ficar perfumado, junte

o feijão com um pouco do caldo do cozimento, a casca

louca, o arroz pilado cozido e vá mexendo aos poucos.

Por fim, acrescente o queijo qualho cortado em

quadradinhos. Ajuste o sal e a pimenta, desligue o fogo

e finalize com o coentro fresco. Pode ser acompanhado

de farofa, rodelas de banana frita e pimenta biquinho.

Ingredientes:

500g de casca de banana verde cozida

2 colheres de azeite de oliva

1 unidade de cebola em rodelas finas

1 colher de sopa de gengibre ralado

5 tomates pelados sem semente

sal e pimenta a gosto

Preparo:

Com a ajuda de um garfo, desfiar a casca da banana.

Em uma panela refogar o gengibre, dourar a cebola e

adicionar as cascas desfiadas. Juntar os tomates

picados. Temperar com sal e pimenta.

Ingredientes:

2 colheres de azeite, 1 cebola picada, 1 cenoura

ralada, 1 xícara de feijão de grão pequeno germinado

escolhido, 1 xícara de farinha de mandioca

½ maço de salsa picada, sal marinho a gosto

Preparo:

Em uma panela frite no azeite a cebola, junte a cenoura

mexendo por alguns instantes. Coloque os grãos de

feijões, mexendo para que incorpore com os demais

ingredientes, desligue fogo. Junte a farinha e tempere

com a salsa o sal e a pimenta.

Ingredientes:

4 bananas da terra cozidas com casca

2 colheres de sopa de manteiga de garrafa

Preparo:

Tire as cascas das bananas e corte em rodelas finas.

Em uma assadeira, pincele a manteiga e disponha as

rodelas de banana. Asse em forno moderado até

dourar. Mais Informações: www.zymcafe.com.br/ e

www.slowfoodbrasil.com

Farofa de germinado de pequeno feijão

Banana da terra no forno

Culinária com produtos de sementes crioulas

Claudia Mattos (ZYM Café) e Cenia Salles (Slow Food São Paulo)

Baião de dois, farofa de feijão germinados e banana da terra no forno

Page 23: Orgânicos & Cia Nº 2
Page 24: Orgânicos & Cia Nº 2

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